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Luis (21/06)
Eu já havia lido alguns relatos deste local em livros de navegadores de ...
Luis (21/06)
Fala Rodrigo! Voltaram ao paraíso? Estou de volta acompanhando a viagem....
Higia (21/06)
Muito bom o relato Rodrigo. Quanta generosidade, compartilhar as informa...
Dona Helen (20/06)
A Chiquita Bacana da Martinica o fez esquecer o dia 20? Bela viagem a de ...
Oscar | MauOscar (18/06)
Glorioso Delaware :P O Newseum é mesmo um barato né?! Eu passarria fac...
A contínua batalha entre as deusas dos vulcões e do mar, em pintura no museu do Volcanoes National Park, em Volcano, na Big Island, no Havaí
O arquipélago do Havaí nada mais é do que o resultado de um confronto milenar entre dois dos elementos da natureza: o fogo e a água. E hoje nós fomos conhecer o mais recente campo de batalha dessa guerra titânica: as imediações do Kilauea, o vulcão mais ativo do mundo.
Chegando ao parque dos vulcões, em Volcano, na Big Island, no Havaí
Normalmente, é apenas nas escalas de tempo geológicas que podemos acompanhar um embate dessa natureza. Mas, aqui no Havaí, ele é tão intenso que, mesmo no minúsculo tempo em que vive um ser humano, pode-se acompanhar o desenvolvimento desse confronto. É isso que torna o Havaí tão especial.
Fumarolas sainda de dentro da terra são um sinal claro de que a lava está perto! (em Volcano, na Big Island, no Havaí)
Os cientistas já decifraram o enredo principal dessa guerra. Uma enorme fonte de lavas e erupções, o chamado “hotspot”, se encontra em profundidades abissais, a mais de 6 mil metros sob o Oceano Pacífico. Entrando em erupção quase que continuamente, a lava vai se empilhando sobre si mesma, literalmente construindo uma montanha. Aos poucos, os seis mil metros são superados e a montanha submarina rompe a superfície do mar, criando uma nova ilha. A partir daí, não é apenas a montanha que cresce, mas a ilha também, transformando em terra aquilo que já foi mar. A cada nova erupção, uma nova área é “roubada” do Oceano, numa aparente vitória do fogo sobre a água.
A gigantesca cratera do Kilauea, em Volcano, na Big Island, no Havaí
Mas a vitória é transitória. O Oceano não vai dá-la de barato. Continuamente, vinte e quatro horas por dia, 365 dias por ano, ao longo de milhares de décadas, as ondas do mar vão bater e erodir a nova costa, criando baías que se tornarão golfos e que, eventualmente, se ligarão à outros golfos do lado de lá, canais de água que dividirão a nova ilha em ilhotas menores. Depois, uma à uma, essas ilhotas serão novamente divididas e, por fim, consumidas pelo mar. O que era terra, voltará a ser água. Esse processos de “reconquista” só acontece quando a ilha se afasta do hotspot, a fonte de força do fogo.
Visita à cratera do kilauea, o vulcão mais ativo do mundo, perto de Volcano, na Big Island, no Havaí
Desenho explica as erupções do Kilauea, no Vulcanoes National Park, em Volcano, na Big Island, no Havaí
Mas também essa aparente vitória do mar é ilusória. Enquanto ele desmancha uma ilha que se afastou do hotspot, uma outra está sendo criada um pouco atrás, ebm acima da fonte de fogo. Isso é o Havaí: uma sequencia de montanhas submarinas, algumas que já foram ilhas e hoje descansam abaixo da superfície marinha, outras que ainda são ilhas, mas se desmancham aos poucos e, por fim, ilhas que ainda estão crescendo, vigorosas. Sem esquecer das novas montanhas que estão se erguendo das profundezas do Oceano e que, em alguns milhares de anos, verão a luz do sol pela primeira vez.
Antigos havaianos observam uma erupção vulcânica, em belo quadro no museu do parque dos vulcões, em Volcano, na Big Island, no Havaí
Atualmente, são quatro ilhas principais no arquipélago. Três delas em pleno processo de “desmanche” e a quarta, ainda crescendo, a terra avançando sobre um mar violento. Estou falando da Big Island, a maior ilha do Havaí. Ela é formada pela junção de cinco grandes montanhas submarinas, entre elas as gigantes Mauna Kea e Mauna Loa, as maiores montanhas do planeta. Mas as duas já perderam seu vigor, e estão sendo lentamente erodidas pelo ar e pela água. A batalha atual é travada pelo seu irmão mais novo, mais ao sul, o vulcão Kilauea.
Trilha de acesso ao campo de lavas onde estão as antigas pictografias havaianas, perto de Volcano, na Big Island, no Havaí
Em erupção praticamente constante há séculos, com períodos de maior e menor atividade, as lavas do vulcão estão constantemente adicionando novas área à ilha. E hoje, nós fomos visitar essa região, tanto o vulcão em si como aquilo que, até pouco tempo atrás era mar e hoje é um enorme campo de lava escura e endurecida.
Fazendo filmagem das antigas pictografias havaianas em campo de lavas endurecidas, perto de Volcano, na Big Island, no Havaí
Toda a área é protegida por um parque nacional, o Volcanoes National Park, bem ao lado de uma pequena cidade, apropriadamente chamada de Volcano. Foi aí que nos hospedamos, em um Bed & Breakfast de uma família japonesa. Simples, mas extremamente limpo. Desses que nossos sapatos ficam do lado de fora. Chegamos ontem de noite e, depois de instalados, passei algumas horas me deliciando com a coleção de revistas da National Geographic que els tinham por ali. Revistas da década de 50 e 60! Tanto as reportagens como as propagandas são interessantíssimas de se ver. A primeira reportagem sobre um “arriscadíssimo” mergulho noturno, hoje praticado por dezenas de milhares de estudantes, foi engraçadíssima. Assim como os anúncios daquelas enormes “banheiras”, os carros americanos da década de 60. Enfim, estou mudando de assunto...
Antigas pictografias havaianas em pleno campo de lavas endurecidas, ao longo da Chain of Craters Road, em Volcano, na Big Island, no Havaí
De volta aos vulcões, logo cedo fomos ao parque nacional, ali do lado. Como sempre, tem um ótimo centro de visitantes, cheio de informações. Após a leitura de muitos painéis, ficamos meia hora assistindo a um filme com as imagens de uma grande erupção na década de 60. As imagens são mesmo impressionantes! Fontes de lava que jorravam a mais de 600 metros de altura! Lagos, rios e cachoeiras de fogo, avançando sobre tudo, nada sendo capaz de impedir o seu deslocamento. Deu pena ver uma plantação de papaias sendo lentamente consumida. Sem pernas para correr, esperavam inertes o seu momento de serem engolidas pelo rio que avançava lentamente, destruidor. O encontro da lava com o mar é sempre violento. A água fria e salgada causa pequenas explosões, mas nem mesmo ela pode impedir o avanço daquele rio amarelo e viscoso. O mais interessante é que todo esse processo pode ser observado de perto, pois a lava dos vulcões do Havaí se movem lentamente e as erupções não são explosivas. Turistas e pesquisadores podem se aproximar, pelo menos até onde o calor irradiado permitir. Do mesmo mirante que eu e a Ana visitaríamos um pouco mais tarde, turistas se maravilhavam com a gigantesca fonte de lava jorrando, a poucos quilômetros de distância. Que inveja desses afortunados nós sentimos!
O fim da estrada, no Volcanoes National Park, em Volcano, na Big Island, no Havaí
Depois do centro de visitantes, fomos de carro para o tal mirante, bem na boca do Kilauea. A gigantesca cratera, com muitos quilômetros de diâmetro, é fruto de um evento de proporções titânicas, testemunhado apenas pelos antigos havaianos. A montanha ainda crescia e cuspia fogo naquela época, mas tanta lava jorrou de seu cume que um enorme espaço vazio se criou em seu interior. Por fim, a montanha desabou sobre si mesma e, de montanha, virou um buraco. Por centenas de anos, essa enorme caldeira era preenchida por um lago de lava de proporções gigantescas. Aos poucos, a lava foi se resfriando e endurecendo e hoje é uma enorme planície acinzentada, de terreno altamente instável e de onde, aqui e ali, ainda se vê fumarolas saindo do solo. Nós só podemos observar lá de cima, mas cientistas descem ali para fazer seus estudos.
O turista parece achar que a placa não era necessária... (Chain of Craters Road, em Volcano, na Big Island, no Havaí)
Dentro dessa enorme caldeira uma nova cratera se formou. É chamada de Halema’Uma’U e é ela a fonte de quase todas as erupções dos últimos séculos. Dali jorrava a fonte de lava de 600 metros de altura e, ainda hoje, ela é preenchida por uma lago de lava fervente. De longe, podemos ver uma enorme coluna de fumaça e vapor se erguendo sobre ela. De noite, é possível ver a luz amarelada que vem de seu interior (pelo menos, foi o que nos disseram!). As erupções atuais, ou partem dali ou, através de conexões subterrâneas, afloram já muito mais abaixo, perto do Oceano. É de onde a lava escorre lentamente para reclamar mais áreas do Oceano e ontinuar a aumentar a Big Island.
A Chain of Craters Road foi completamente interrompida pela lava de uma erupção vulcânica, perto de Volcano, na Big Island, no Havaí
Foi para aí que nos dirigimos, após nos maravilharmos com a gigantesca caldeira do Kilauea. Um estrada chamada Chain of Craters Road liga a caldeira com a costa sudeste da ilha, num percurso de 30 milhas. A estrada passa por várias antigas crateras, fruto de erupções laterais do Kilauea. Daí, o nome da rodovia. Por fim, ela desce em direção ao mar. Ainda lá encima, podemos ver com os próprios olhos a enorme área que foi agregada à ilha recentemente (há poucos séculos). Um enorme campo de lava negra e endurecida onde antes nadavam peixes. A grandeza da vista é de tirar o fôlego!
Explorando um gigantesco campo de lava endurecida, no Volcanoes National Park, em Volcano, na Big Island, no Havaí
Lá embaixo, uma trilha nos leva através da lava até um local onde antigos havaianos imprimiram pictografias sobre a lava endurecida. Incrível imaginar que era ali que viviam, numa área que nos parece, pelo menos à primeira vista, completamente inóspita. Mas não é, como mostram os sinais do passado. Assim que a lava esfria, plantas vem colonizar o novo terreno. Atrás delas, os pequenos animais. E atrás deles, o homem. Um processo de colonização lento e gradual, mas que, dando tempo ao tempo, transforma aquela terra negra e estéril e florestas verdejantes cheias de vida. Vamos ver isso com os próprios olhos quando visitarmos as ilhas mais antigas do arquipélago.
Explorando um gigantesco campo de lava endurecida, no Volcanoes National Park, em Volcano, na Big Island, no Havaí
Continuamos pela estrada até chegar à costa. Ali, é possível admirar o encontro da lava com o mar. Uma camada negra de terra, muitos metros de altura, avança sobre o Oceano que, em resposta, assola incessantemente com suas ondas o novo terreno, criando formações rochosas peculiares. Água mole, pedra dura... De centímetro em centímetro, o mar vai destruindo a rocha, pelo menos até a próxima erupção.
Caminhando por um incrível campo de lava, em Volcano, na Big Island, no Havaí
Alguns quilômetros adiante e chegamos ao fim da estrada. Até há poucas décadas, ela não acabava ali. Ao contrário, dava toda a volta no litoral, conectando-se com as praias do norte. Mas, da mesma maneira que a lava avança sobre o mar, ela também não respeita estradas. Ver um rio de lava preta escorrido sobre o asfalto da rodovia é um lembrete claro do quão recente é a erupção e de tão rápido que a paisagem está mudando.
As primeiras plantas a colonizarem o campo de lava (Volcanoes National Park, em Volcano, na Big Island, no Havaí)
E até engraçado ver a placa “End o the road” fincada no meio da lava. Os carros não podem passar dali, mas nós podemos. Por mais de um quilômetro, pulamos de pedra em pedra para entrar naquele mundo estranho, sem vida, novo, completamente sem cor. Parece outro planeta. Uma paisagem completamente diferente de tudo o que vimos até aqui. Mas depois, com cuidado, é possível ver o um pouco de verde, as primeiras plantas a conseguirem de fixar nesse terreno. Parece até um milagre!
O fim da trilha, no Volcanoes National Park, em Volcano, na Big Island, no Havaí
Nós seguimos em frente, de olho no relógio. Seria preciso caminhar cerca de 7 milhas naquele terreno estranho para chegar até onde a lava está escorrendo atualmente. É um programa de dia inteiro, tempo que não tínhamos, infelizmente. Mas ter estado ali, no meio daquele lugar tão estranho e, ao mesmo tempo, tão intenso, valeu muito a pena! Mas tínhamos de voltar, pois o dia se acabava e ainda queríamos ver outras coisas.
Entrando no túnel de lava, no Volcanoes National Park, em Volcano, na Big Island, no Havaí
No caminho de volta pela mesma estrada, paramos agora nos “lava tubes”, túneis criados pela lava Há poucas décadas ou séculos. Por baixo da terra ela escorria, deixando para trás esses impressionantes tuneis qu hoje podem ser percorridos a pé. Naquela hora do final do dia, era apenas eu e a Ana por ali. Felizmente, luzes ainda iluminavam o caminho, pois estávamos com lanternas com pilhas bem fracas. Imaginar um rio de lava incandescente correndo por aquele mesmo lugar sombrio foi muito legal!
Um túnel de lava, no Volcanoes National Park, em Volcano, na Big Island, no Havaí
Saímos do túnel já totalmente no escuro, a hora certa para voltar ao mirante e observar o reflexo do lago de lava na coluna de fumaça. Pois é, seria, se o tempo estivesse aberto. Mas não era o caso. Uma forte nebulosidade tinha tomado conta do céu, para a nossa tristeza e de todos os outros turistas que tinham ido até o mirante naquele horário. No caso deles, era ainda pior do que para a gente, pois haviam pago suas excursões de van e não tinham uma segunda chance. Nós tínhamos, com carro próprio e hospedados ali do lado. Então, voltamos para nosso hotel ainda esperançosos. Enquanto o sol não raiasse, ainda teríamos uma chance! Fiz minhas preces para a belíssima deusa havaiana dos vulcões, cruzei os dedos e voltei à coleção de National Geographics, um olho na leitura e o outro no céu...
Uma bela representação da deusa havaiana dos vulcões, em Volcano, na Big Island, no Havaí
Chegando de caiaque no encontro do rio com o mar, na praia de Tabatinga, em Jacumã, distrito de Conde - PB
Depois da seção de "esportes radicais" pela manhã, resolvemos fazer algo mais light na nossa tarde. A nossa pousada disponibiliza caiaques para seus hóspedes. Como estamos ao lado do rio, fica bem prático!
De caiaque pelo rio de Tabatinga, em Jacumã, distrito de Conde - PB
Lá fomos nós, rio abaixo, em direção ao mar. "Rio abaixo" é modo de falar já que a maré subia e, na prática, estávamos indo rio acima em direção ao mar. E com todo o cuidado para não molhar a máquina fotográfica. Não é uma distância longa e logo estávamos lá, visual lindo do encontro do rio com o mar, uma língua de areia separando os dois corpos d'água e várias crianças brincando por ali. Duas delas até se animaram e vieram andar com a gente.
Levando crianças para passear de caiaque no rio de Tabatinga, em Jacumã, distrito de Conde - PB
Encontro do rio com o mar na praia de Tabatinga, em Jacumã, distrito de Conde - PB
Depois, seguimos para o interior, explorando o mangue à nossa volta, até chegar numa ponte. O sol se pondo compos um belo fim de tarde aquático e esportivo! Explora daqui, explora dali, ilhas, pontes, pequenos lagos, temperatura agradabilíssima, tanto fora como dentro d'água e era tempo de voltar.
Atravessando sob a ponte do rio em Tabatinga, em Jacumã, distrito de Conde - PB
Dia tranquilo, saudável e "natural". Amanhã ainda teremos tempo para uma caminhada na praia até Coqueirinhos e depois, pé na estrada até à vizinha "John People", como carinhosamente chamamos a capital paraibana. Já temos uma longa lista de coisas para acertar por lá...
Fim de tarde no rio de Tabatinga em Jacumã, distrito de Conde - PB
Cardume de tubarões em mergulho em Darwin, em Galápagos (foto de Hnning Abheiden)
Certamente, o mar de Galápagos não é um lugar com visibilidade excepcional como o Mar Vermelho ou Fernando de Noronha e nem com tantas cores como a Barreira de Corais australiana. Além disso, a água é fria (em alguns pontos, gelada!!!), muito menos confortável que o Mar do Caribe.
Estrela-do-mar em mergulho em Santiago, em Galápagos (foto de Hnning Abheiden)
Baiacu em mergulho em Wolf, em Galápagos (foto de Hnning Abheiden)
O que realmente atrai tantos mergulhadores à esse arquipélago distante é a quantidade de vida. Principalmete, a de criaturas grandes. Galápagos fica na confluência de várias correntes marítimas ricas em nutrientes. É a base alimentar de uma extensa cadeia que começa com peixes pequenos, passando por tartarugas e leões-marinhos e chegando à golfinhos, tubarões e baleias, incluindo aí o maior peixe dos nossos oceanos, o Tubarão-Baleia.
Moréia em mergulho em Wolf, em Galápagos (foto de Hnning Abheiden)
Peixe camuflado em mergulho em Wolf, em Galápagos (foto de Hnning Abheiden)
É só a gente cair na água e olhar para os lados e eles começam a aparecer. Tartarugas e leões-marinhos estão em quase todos os pontos de mergulhos. Muitas vezes, podemos ver vários deles ao mesmo tempo, interagindo entre si. Ou estão acostumados conosco, e portanto não tem medo, ou são curiosos com a nossa presença, chegando bem perto para nos estudar melhor. No nosso primeiro mergulho, por exemplo, ainda em San Cristóbal, perto do porto, a visibilidade estava muito ruim e o mergulho ía se desenrolando monotamente. Eu já pensava com meus botões: "tudo bem, esse é apenas um mergulho de adaptação, a festa mesmo começa amanhã" quando dois leões-marinho apareceram, os primeiros que via em minha vida durante um mergulho. Tudo mudou! Aquele mergulho chato de repente se transformou num dos mais interessantes desses 1000dias!
Dois leões marinhos curiosos com a nossa presença em Cousin Rock, na Isla Santiago - Galápagos
Tartaruga marinha em mergulho na Isla Wolf, em Galápagos
Aos poucos, fomos nos acostumando com esses velozes mamíferos e também com as dezenas de tartarugas e moréias que víamos. Queríamos mais! Foi quando chegamos à Wolf. Aí, os mergulhos mudaram! A gente simplesmente ficava parado, acomodado em alguma pedra, vendo dezenas e dezenas de tubarões passando à nossa frente. O primeiro tubarão-martelo a gente nunca esquece! Depois, vem o segundo, o terceiro, o centésimo e começamos a nos acostumar também com eles...
Duas arraias-chita em mergulho na Isla Darwin, em Galápagos
Leão-marinho brinca conosco em mergulho em Isabel, em Galápagos (foto de Hnning Abheiden)
Aí, o interessante passa a ser a interação entre diferentes animais. Tartarugas em meio a grandes cardumes de peixes, um leão-marinho nadando ao redor de um tubarão-martelo, duas arraias chitas num perfeito balé sub-aquático, enormes cardumes de tubarão-martelo e tubarão de Galápagos misturados, pinguins "voando" dentro d'água enquando enormes arraias manta literalmente batem suas asas ao nosso lado.
O fantástico peixe-lua em mergulho na Isla Isabel, em Galápagos
Polvo em mergulho em Darwin, em Galápagos (foto de Hnning Abheiden)
Inesquecível também é ver um polvo (que animal mais estranho!) nadando, com seus oito braços, ou cavalos-marinho sempre agarrados a algum suporte, ou o peixe-lua, um enorme "círculo" que nada vagarosamente ao largo da Isla isabel, peixe diferente de tudo o que eu já tinha visto anteriormente.
Cavalo-marinho em mergulho na Isla Isabel, em Galápagos
Lindo cardume de pequenas barracudas em mergulho na Isla Isabel, em Galápagos
Outra experiência marcante foram os grandes cardumes de peixes. Milhares de pequenas barracudas nos envolviam, curiosas, em alguns lugares. Mas, o maior e mais impressionante de todos certamente foi o cardume de salemas. Milhões delas! Ao entrar no cardume, parecia que estávamos numa caverna. Ficava tudo bem escuro, apenas eu e aquela quantidade infinita de peixes em todos os lados, a 1-2 metros de distância. Nadando vagarosamente entre eles (vão abrindo caminho), uma vazio aparece à frente: é a Ana, em sua própria caverna, maravilhada também com aquela explosão de vida. Deixo a caverna da Ana para trás e, de repente, um buraco se abre rapidamete à minha frente: é um leão-marinho se divertindo, nadando ele também em meio àquele cardume infinito. Essa cena incrível tive a sorte de filmar. Vou tentar postar em breve esse vídeo...
A inconfundível silhueta de um tubarão-martelo em mergulho na Isla Wolf, em Galápagos
Dois tubarões-martelo em mergulho na Isla Darwin, em Galápagos
Por fim, não posso deixar de mencionar os golfinhos que vinham cercar as nossas pangas quando voltávamos ao barco. Que animais incríveis e inteligentes! Basta olhar nos seus olhos para sabermos que, atrás deles, algo realmente nos observa e tenta interagir conosco. Mais tarde, quem nos cercava, agora no Galápagos Sky, eram os tubarões, dezenas deles, atraídos pela luz e pela esperança de alguma comida fácil. Nossa, é muita vida num mesmo espaço!
Golfinhos acompanham nosso bote após mergulho em Darwin, em Galápagos (fotos retiradas de vídeos de Maria Edwards)
Tubarões de Galápagos (quase inofensivos!) cercam nosso barco durante a noite na Ilha de Darwin, em Galápagos
E a maior delas, o nosso objetivo maior, aquele que fazia a nossa alegria chegar ao limite, desses falo no post seguinte...
Tubarão-baleia em mergulho em Darwin, em Galápagos (foto de Hnning Abheiden)
Visitando as fontes termais de Hverir, região de Myvatn, no nordeste da Islândia
Acordamos meio preguiçosos na pequena Breiðdalsvík, na costa leste da Islândia, entre montanhas e um fiorde de cor azul profunda. O ar, como sempre, é gelado, mas a luz do sol ajuda a esquentar, assim como o café da manhã. O dia está mais ensolarado do que nunca e não podemos nos dar ao luxo de ceder à nossa preguiça. Ainda temos meio país pela frente e poucos dias até nosso voo de volta aos Estados Unidos. Então, de volta ao carro e à estrada!
Nosso hotel em Breidalsvík, no leste da Islândia
Optamos pela estrada da costa, ao invés da ring road que segue pelo interior, cortando caminho. Queríamos estar, pelo menos durante mais alguns tempo, perto dos fiordes que caracterizam todo esse lado do país. Principalmente num dia lindo como hoje.
Percorrendo os fiordes no leste da Islândia
Percorrendo os fiordes no leste da Islândia
Assim, pela próxima hora, fomos dirigindo ao lado do mar, passando por cidades pitorescas e tirando nossas fotos. Passamos até por um monumento homenageando um dos primeiros missionários no país, em um local bem fotogênico. O país tem uma história muito interessante, mas vou deixar para contar sobre os primeiros séculos de ocupação humana da Islândia quando voltarmos a Reykjavik, em cujo entorno estão os principais pontos históricos da ilha, como o primeiro parlamento do mundo.
Breidalsvík, no leste da Islândia
Dia ensolarado nos fiordes do leste da Islândia
Bom, deixo a história antiga para depois, mas adianto a história moderna, fazendo uma inversão cronológica. Dirigir por esses enormes espaços e paisagens sempre nos faz pensar e refletir, e temos lido muito sobre esse país nos últimos dias. A Islândia foi ocupada pelos vikings e nasceu independente. Foi só no seu terceiro século de existência que ela se associou à Noruega, já no séc. XIII. Duzentos anos mais tarde, foi a vez da Noruega se associar à Dinamarca e a Islândia foi de brinde. Essa união de Noruega e Dinamarca durou até 1814, quando o fim das guerras napoleônicas redesenhou as fronteiras da Europa pelos próximos 100 anos. A Noruega ganhou sua independência, mas a Islândia permaneceu ligada à Dinamarca, pelo menos até o fim da 1ª Guerra Mundial, em 1918.
Dia ensolarado nos fiordes do leste da Islândia
Deve estar agradecendo a incrível beleza dos fiordes no leste da Islândia
Foi quando foi assinado um acordo entre os dois povos. A partir desse ano, e pelos próximos 25 anos, seriam dois países independentes, mas com o rei da Dinamarca reinando sobre ambos e cuidando da política externa dos dois países. Ou seja, a Islândia cuidaria dos assuntos na própria ilha, mas não teria embaixadas espalhadas pelo mundo. Pelo menos até 1944, quando o acordo deveria ser renovado.
Início das highlands islandesas, no nordeste do país
Pois é, mas antes disso, já na 2ª Guerra, em 1940, Hitler invadiu e conquistou a Dinamarca em apenas um dia, em 9 de Abril de 1940. A Islândia, mais do que rapidamente, não só declarou que era ligada apenas ao Rei Dinamarquês e a ninguém mais do que ele, como se disse neutra naquela guerra. Mas a neutralidade não durou muito. Um mês mais tarde, temendo que os alemães chegassem à ilha, os ingleses se anteciparam e invadiram a Islândia, conquistando-a sem maiores problemas. Afinal, a última vez que o país tinha tido um exército foi quinhentos anos antes! Os ingleses permaneceram por lá apenas até Junho de 41, quando repassaram a ilha à tutela dos Estados Unidos. Isso antes desse país ser atacado pelos japoneses e entrar na guerra. Eram os americanos que estavam no comando quando chegou o ano de 1944, data para rever aquele antigo tratado que ainda ligava a ilha à Dinamarca. Como esse país ainda estava sob ocupação nazista, dá até para imaginar o resultado da consulta popular que foi feita, não é? Mais de 90% da população votou pela instalação da república e pela independência total da Dinamarca.
Início das highlands islandesas, no nordeste do país
Início das highlands islandesas, no nordeste do país
E assim continua até hoje. Os americanos se foram logo depois da 2ª Guerra, mas voltaram alguns anos mais tarde, já no contexto da Guerra Fria. Dessa vez, apenas para ocupar algumas bases militares, já que a Islândia era (e é!) membro da OTAN. Ficaram até 2006 e hoje o país vive muito bem sem forças estrangeiras ou exército próprio em seu território. Um exemplo de paz a ser seguido.
E a paz realmente reina por aqui, principalmente desse lado do país onde quase não vive ninguém. Depois de reencontrarmos a Ring Road e seguirmos para o interior, passamos por pequenas estradas que dão acesso às highlands, como é chamado o vasto interior do país, região quase que completamente desabitada. Infelizmente, para nós, é território proibido. Isso porque as companhias de carro não permitem que exploremos essa área, pelo estado das estradas e dificuldade de se conseguir ajuda. Para lá, só com carros tracionados e no verão. Uma pena, pois parece que a paisagem é ainda mais fantástica lá encima. A gente chegou a se aventurar alguns quilômetros em uma estrada de terra, mas só até um mirante. Ali, uma outra placa nos advertia que não deveríamos continuar. Então, de volta ao asfalto...
Fontes termais de Hverir, região de Myvatn, no nordeste da Islândia
Fontes termais de Hverir, região de Myvatn, no nordeste da Islândia
Já bem perto do nosso destino final no dia de hoje, a região de Myvatn, fizemos uma última parada. Dessa vez, em uma região de fontes termais, diversas pequenas lagoas de água tão quente que chegava a borbulhar. Ou então, montes de areia de onde jorravam nuvens espessas de vapor. Uma paisagem realmente pitoresca, no meio do nada, indicativo forte da intensa atividade geológica que ocorre embaixo dessa ilha. Esse é outro assunto que vou tratar quando voltarmos a Reykjavik, mas não podemos nos esquecer que a Islândia se localiza justamente sobre o ponto de encontro entre as placas tectônicas da América e da Europa, que estão se separando. Por isso, tantos vulcões, geisers e lagos de água fervente.
Esquentando a mão no vapor quente que sai de fonte termal em Hverir, região de Myvatn, no nordeste da Islândia
Muito vapor e água borbulhante nas fontes termais de Hverir, região de Myvatn, no nordeste da Islândia
Falando nisso, encontramos um enorme lago de águas azuis e esfumaçantes um pouco mais adiante. O dia estava bem frio e a tentação de um mergulho era grande. Mas uma placa não deixava dúvidas: a não ser que quiséssemos ser cozinhados, nada de banho naquele lugar. Acho que nunca tinha visto um lago tão grande como esse só de água quente. É.... estamos mesmo na Islândia!
Encoberta pelo vapor gerado nas fontes termais de Hverir, região de Myvatn, no nordeste da Islândia
Encoberta pelo vapor gerado nas fontes termais de Hverir, região de Myvatn, no nordeste da Islândia
De tão quente, está proibido nadar nesse lago em Myvatn, no nordeste da Islândia
Por fim, chegamos a Myvatn. Achamos logo um hotelzinho e fomos procurar um lugar para comer. Acabamos encontrando uma fazenda que tinha seu próprio e delicioso restaurante. Aí, nos esbaldamos em carneiro defumado cru, saladas e tortas deliciosas de sobremesa. Tudo isso com vista para o lago que dá nome à região. Espetacular! E quem diz isso não sou apenas eu, mas o meu estômago, hehehe!
Fazenda e restaurante em Myvatn, no nordeste da Islândia
O lago termal de Myvatn, no nordeste da Islândia
Acariciando baleia Cinzenta na Baía Magdalena, região de Puerto López Mateos, na Baja California - México
O dia hoje nasceu radiante, céu azul e sol forte. A vista que tínhamos do terraço do nosso hotel, onde tomamos o café da manhã, estava linda. Ficamos imaginando como seria um passeio na Espíritu Santo hoje, com o tempo aberto. Puxa vida... erramos por um dia!
Dia de céu azul em La Paz, na Baja California, no México
Saindo de La Paz Baja California, no México. Tijuana ainda está longe!
Mas hoje era o dia de seguirmos em frente. Empacotamos a Fiona e em pouco tempo já tínhamos deixado La Paz para trás e entrado no deserto, cactos para todo lado, quase sem carros na estrada. Depois de meia hora atravessando uma longa planície, a estrada subiu para um platô de onde pudemos admirar uma paisagem fantástica para trás, de onde tínhamos vindo: a enorme planície desértica e o Mar de Cortez ao fundo, bem azul. A diferença de cores era gritante, assim como a “definição das fronteiras” entre terra, água e céu. Muito lindo! Para completar, lá estava ela, a ilha Espíritu Santo, onde estivemos ontem. Será que hoje as baleias estariam por lá?
Paisagem desértica com o Mar de Cortez ao fundo, na saída de La Paz, no sul da Baja California, no México
Bom, na verdade, hoje torcíamos que elas estivessem do lado de cá da península, no Oceano Pacífico! Afinal, era para lá que estávamos indo, a uma baía famosa pela presença desses grandes cetáceos, chamada Baía Magdalena. Nós escolhemos seguir diretamente para uma cidade que fica no seu lado norte, Puerto López Mateos. Muitos locais nos disseram que esse era o lugar com a maior chance de ver baleias, principalmente as “ballenas gris”, ou baleias cinzentas.
Barco leva turistas para ver baleias em Puerto López Mateos, na Baja California - México
Isso porque, bem em frente a cidade está um canal que liga a baía ao oceano aberto. Este esse canal, quando a maré está enchendo ou vazando, vira uma verdadeira estrada de baleias, as mães levando suas crias para um passeio pelas águas rasas e seguras da baía, longe dos predadores. Se fosse no início da temporada, há alguns meses, aí veríamos baleias grávidas, ou então, baleias “namorando”.
Turistas observam baleia em Puerto López Mateos, na Baja California - México
Chegamos à López Mateos no meio da tarde e fomos diretamente para o porto. Aí, descobrimos duas coisas. Primeiro, os passeios são rápidos, entre uma e duas horas. Paga-se uma lancha, preço que é dividido entre os clientes e navega-se uns 15 minutos até o ponto de observação. Segundo, a chance de ver baleias hoje era de 110%. Garantido! Vivaaaaa!
Enorme baleia cinzenta passa perto do nosso barco em Puerto López Mateos, na Baja California - México
Logo apareceu uma simpática família para dividir o barco e o custo com a gente. Assim, eu e a Ana pagamos 600 pesos para um passeio de duas horas até a boca do canal, onde as baleias se concentram, para lá poder ficar mais tempo, observando esses magníficos animais.
Enorme baleia cinzenta passa perto do nosso barco em Puerto López Mateos, na Baja California - México
No caminho, nosso guia foi explicando que apenas as baleias cinzentas entram no canal. Os outros tipos ficam em mar aberto, perto da costa. Na alta temporada, é possível ver baleias azuis, cachalotes, jubartes e orcas por aqui. Mas ele nos garantiu que as mais interessantes são mesmo as cinzentas, pois elas são mais interativas que as outras. Nossa... fiquei imaginando a emoção de ver uma baleia azul, com seus 40 metros de comprimento, o maior animal que já viveu na face da terra (e do mar!), desde sempre! Pois é, maior que qualquer dinossauro também! Algum dia, algum dia...
Mamãe baleia leva filhote para passear na Baía Magdalena, em Puerto López Mateos, na Baja California - México
Mas não hoje. Hoje era o dia das cinzentas mesmo. Não demorou muito para o pessimismo em encontrá-las ser substituído pela realidade! Lá estavam, para onde quer que se olhasse. Alguns adultos nadando sós e muitas mães acompanhados dos filhotes. Que coisa mais linda! De longe se podia ver, ou pela respiração barulhenta e o esguicho que fazem nas costas ou pelas pequenas exibições que fazem na superfície.
Filmando baleia cinzenta em Puerto López Mateos, na Baja California - México
Mas o melhor ainda estava para acontecer! Para minha surpresa, os barcos se aproximam das baleias, e elas dos barcos. São muito curiosas e adoram interagir. O guia nos orientou a fazer barulho na água com as mãos para atraí-las. Pois é, os filhotes adoram e logo se aproximam, vindo respirar ao nosso lado. Só o filhote já é do tamanho do barco, imagina a mãe! Que animal extraordinário!
Tocando baleia cinzenta durante passeio em canal da Baía Magdalena, em Puerto López Mateos, na Baja California - México
O guia nos disse que elas adoram ser acariciadas e assim o fizemos. A pele é macia e quentinha! Que experiência é tocar numa baleia! Ainda mais quando ela nos olha nos olhos. A gente vê inteligência e curiosidade por trás deles. É emocionante!
Enorme baleia ao lado do nosso barco na Baía Magdalena, em Puerto López Mateos, na Baja California - México
A gente ficou dividido entre tentar filmar, fotografar e tocar esses animais. A vontade era pular na água e observá-los lá de baixo. Mas não se pode fazer isso. O máximo de interação foi mesmo a respirada que a Ana levou nos rosto, de um filhote. Quase chorou de emoção, hehehe!
Feliz após encontrar mais uma baleia em Puerto López Mateos, na Baja California - México
E pensar que, no meio do século passado, os baleeiros entravam dentro do canal e faziam a festa com baleias grávidas, mães acompanhadas de filhotes e o que vissem pela frente... Quase levaram a espécie a extinção. Como pode? ? ? Felizmente, a caça foi proibida por aqui e a espécie se recuperou. E os tais baleeiros estão pagando uns bons anos no purgatório, espero! Ou então, reencarnaram como kril e hoje são comida de baleias!
Nosso guia e companheiros no passeio para ver as baleias cinzentas em Puerto López Mateos, na Baja California - México
No finalzinho da tarde estávamos voltando para o porto, ainda extasiados com o encontro com as baleias e admirando a paisagem ao nosso redor, o canal cercado por grandes dunas de areia. Parecia até que estávamos no delta do Parnaíba, lá no Piauí.
Dunas cercam o "canal das baleias", ligando o Oceano Pacífico à Baía Magdalena, em Puerto López Mateos, na Baja California - México
Despedimo-nos dos novos amigos, companheiros de barco. Moram aqui perto e o pai disse que todo ano vem fazer o passeio, ao menos uma vez por temporada. Tenho certeza que faríamos o mesmo! Uma tarde com as baleias faz muito bem para a alma!
Fotografia do reflexo do reflexo do belo entardecer, na estrada entre Puerto López Mateos e Loreto, na Baja California - México
Não conseguíamos tirar o sorriso do rosto durante a próxima hora, já na estrada a caminho de Loreto, curtindo o sol se pondo atrás de nós. Atravessamos a península mais uma vez para chegar em Loreto, outra vez na costa do Mar de Cortez. Já era oito da noite quando achamos nosso hotel. Fomos matar a fome e comemorar esse dia fantástico comendo um super burro. Um “burro” é um burrito grande. Dá para imaginar, então, como é um “super burro”, não dá? Estava uma delícia, num restaurante bem roots. Enfim, era hora de dormir. Os sonhos se dividiriam entre baleias e burros. Merecidamente!
Portas, janelas e túneis no interior da Catedral de Mármore, no lago General Carrera, região de Puerto Rio Tranquilo, na Carretera Austral, sul do Chile
Confesso que quando saímos de Curitiba, no início dos nossos 1000dias, eu nunca tinha ouvido falar das “Capillas de Marmol”, uma das mais belas e inusitadas atrações ao longo da Carretera Austral, no sul do Chile. Mas durante a nossa viagem continente afora, fomos conhecendo e conversando com muitos outros viajantes, vários deles já conhecedores do Chile. E na usual de informações entre expedicionários, vários deles citaram esse verdadeiro tesouro natural encravado nas águas do lago General Carrera, na patagônia chilena. Vimos as fotos do lugar e instantaneamente ele passou a fazer parte do nosso roteiro. Um dia, chegaríamos lá. E esse dia, finalmente, chegou!
Puerto Rio Tranquilo e o lago General Carrera, na Carretera Austral, sul do Chile
O lago General Carrera, região de Puerto Rio Tranquilo, na Carretera Austral, sul do Chile
Do alto da encosta e já na sombra, a Catedral e a Capela de Mármore parecem pequenas na imensidão do lago General Carrera, região de Puerto Rio Tranquilo, na Carretera Austral, sul do Chile
As Capillas de Marmol são o fruto de milênios e milênios de erosão de uma rocha rica em carbonato de cálcio. Essa é uma substância muito comum em seres vivos, como em formação de corais ou cascas de ovos, e em minerais presentes em cavernas, como aragonita, calcita e travertinos. Por fim, o carbonato de cálcio é o principal constituinte da popular pedra de mármore, representando praticamente 90% do seu conteúdo. Com toda a paciência do mundo, as águas do lago General Carrera vêm erodindo as encostas rochosas ao redor do lago na região de Puerto Rio Tranquilo formando uma intricada rede de tuneis, cavernas, janelas e portas através das rochas de mármore. Duas dessas formações, que acabaram por se destacar da encosta e se transformaram em ilhas isoladas, são chamadas de Capillas de Marmol, por sua semelhança com templos cristãos. A maior dessas ilhas é a Catedral de Mármore e a menor, a Capela de Mármore.
A caminho das "Capillas de Marmol", no lago General Carrera, região de Puerto Rio Tranquilo, na Carretera Austral, sul do Chile
Visitando as "Capillas de Marmol", no lago General Carrera, região de Puerto Rio Tranquilo, na Carretera Austral, sul do Chile
Chegando á Catedral de Mármore, no lago General Carrera, região de Puerto Rio Tranquilo, na Carretera Austral, sul do Chile
A visita a essas formações era o ponto alto da nossa programação de hoje. Nossa preocupação era apenas chegar a Puerto Rio Tranquilo em um horário em que ainda houvesse passeios de barco até as Capillas. Nessa época do ano, a luz do dia vai longe por aqui, mas não tínhamos certeza do horário das embarcações. Assim, quando o horário começou a chegar perto das 18:00 e a gente ainda na estrada, nossa apreensão foi aumentando. Finalmente, apequena cidade apareceu no nosso radar e a gente acelerando com a Fiona e cruzando os dedos. Agora, já até víamos a cidade lá embaixo, na orla do lago, mas o nosso GPS ainda estimava mais 20 minutos até lá. Foi quando uma placa apontava para uma pequena estrada lateral e propagandeava passeios até as Capillas de Marmol. Um pouco incrédulos, mas esperançosos, fomos ler com mais calma e a placa também avisava que atalho era apenas para carros grandes e tracionados. Opa! É nóis! E ali nos metemos com a Fiona, ladeira abaixo, até uma pequena fazenda na orla do lago.
Turistas observam a Capela de Mármore, no lago General Carrera, região de Puerto Rio Tranquilo, na Carretera Austral, sul do Chile
A Catedral de Mármore, no lago General Carrera, região de Puerto Rio Tranquilo, na Carretera Austral, sul do Chile
Turistas observam a Catedral de Mármore, no lago General Carrera, região de Puerto Rio Tranquilo, na Carretera Austral, sul do Chile
O proprietário estava fechando as portas, mas nos recebeu feliz, quem sabe uma última corrida no dia? Aquele local está muito mais perto das Capillas de Marmol do que a própria Puerto Rio Tranquilo, mais barato para ir e menos tempo para chegar lá. Como somos os últimos, ele faz um preço bem camarada, algo que só cobraria normalmente se o barco estivesse cheio, com cinco turistas. Mas éramos apenas nós e rapidamente já estávamos com nossos coletes a caminho da maravilha natural.
A formação rochosa conhecida como Capela de Mármore, no lago General Carrera, região de Puerto Rio Tranquilo, na Carretera Austral, sul do Chile
A Catedral de Mármore, no lago General Carrera, região de Puerto Rio Tranquilo, na Carretera Austral, sul do Chile
Iluminada pelo sol de fim de tarde, a Catedral de Mármore, no lago General Carrera, região de Puerto Rio Tranquilo, na Carretera Austral, sul do Chile
De longe já percebemos bem os dois blocos de rocha, as pequenas ilhas, as famosas Capillas de Marmol. Suas próprias encostas são bem claras, rocha pura, enquanto o topo é tomado por vegetação. Um barco de turistas que passeia por ali nos dá a noção de seu real tamanho. A Catedral é mesmo bem maior do que a Capela.
O labirinto de túneis sob a Catedral de Mármore, no lago General Carrera, região de Puerto Rio Tranquilo, na Carretera Austral, sul do Chile
Um dos pilares da Catedral de Mármore, no lago General Carrera, região de Puerto Rio Tranquilo, na Carretera Austral, sul do Chile
Quase flutuando sobre a água, a Capela de Mármore, no lago General Carrera, região de Puerto Rio Tranquilo, na Carretera Austral, sul do Chile
É só quando nos aproximamos mais que percebemos que a base dessas ilhas, aquela que está em contato com a água e as pequenas ondas do lago, está completamente erodida, uma rede de túneis e cavernas lá embaixo. Com a base comida e desgastada, as ilhas tem a forma de grandes cogumelos sobre as águas azuis do General Carrera.
A Capela de Mármore, nolago General Carrera, região de Puerto Rio Tranquilo, na Carretera Austral, sul do Chile
Interior da Catedral de Mármore, no lago General Carrera, região de Puerto Rio Tranquilo, na Carretera Austral, sul do Chile
Interior da Catedral de Mármore, no lago General Carrera, região de Puerto Rio Tranquilo, na Carretera Austral, sul do Chile
Esses túneis sob as ilhas são grandes o suficiente para que pequenos barcos passem por eles. Como disse, um outro barco, esse repleto de turistas, já explorava a área. Ele veio de Puerto Rio Tranquilo, da direção oposta a que viemos. Nosso simpático guia deixa que eles escolham uma das capillas para explorar para, então, nos levar a outra.
Filmando o interior da Capela de Mármore, no lago General Carrera, região de Puerto Rio Tranquilo, na Carretera Austral, sul do Chile
Visita á Capela de Mármore, no lago General Carrera, região de Puerto Rio Tranquilo, na Carretera Austral, sul do Chile
Visita á Capela de Mármore, no lago General Carrera, região de Puerto Rio Tranquilo, na Carretera Austral, sul do Chile
É assim que começamos pela Capela de Mármore, a menor delas. Aí não há túneis, mas apenas portas e janelas naturais escavadas no mármore branco. Nosso barco entra cuidadosamente sob o cogumelo e aí sem temos a noção exata das cores envolvida na paisagem de outro mundo. O mármore branco e as manchas causadas por impurezas na rocha ficam quase azuis devido ao reflexo da água do lago. Essa é mesmo de uma cor azul bem forte, quase igual a cor do céu. Mas apenas aonde a luz do sol ainda bate com força. Nas partes em sombra, onde o fundo branco do mármore está raso, a cor da água fica esverdeada.
Visão do interior da Capela de Mármore, no lago General Carrera, região de Puerto Rio Tranquilo, na Carretera Austral, sul do Chile
Visão do interior da Capela de Mármore, no lago General Carrera, região de Puerto Rio Tranquilo, na Carretera Austral, sul do Chile
O mais estreito pilar da Catedral de Mármore, no lago General Carrera, região de Puerto Rio Tranquilo, na Carretera Austral, sul do Chile
Extasiados com o que vemos, ficamos ali tirando fotos, nosso barqueiro tentando estabilizar o melhor possível nosso barco naquela pequena caverna. Ao mesmo tempo, através das janelas naturais, ele observa o outro barco com turistas. Quando eles terminam sua observação da Catedral e vem para a capela, é a nossa vez de seguir para a maior das formações.
Observando o interior da Catedral de Mármore, no lago General Carrera, região de Puerto Rio Tranquilo, na Carretera Austral, sul do Chile
Nosso guia manobra o barco no interior da Catedral de Mármore, no lago General Carrera, região de Puerto Rio Tranquilo, na Carretera Austral, sul do Chile
Portas, janelas e túneis no interior da Catedral de Mármore, no lago General Carrera, região de Puerto Rio Tranquilo, na Carretera Austral, sul do Chile
A Catedral sim é cheia de túneis, quase um labirinto de passagens, portas e janelas, tudo isso no mais puro mármore e sobre a mais azul das águas. Parece que estamos em um sonho. Não é fácil captar toda essa beleza com as fotos. É uma luz difícil, de um lado muito claro e de outro, muito escuro. Ana tenta, se esforça, mas este não é o melhor horário. Dizem que de manhã é melhor, a luz entrando nos túneis de forma mais enviesada.
A Ana fotografa as formações de mármore sob a Catedral de Mármore, no lago General Carrera, região de Puerto Rio Tranquilo, na Carretera Austral, sul do Chile
Portas, janelas e túneis no interior da Catedral de Mármore, no lago General Carrera, região de Puerto Rio Tranquilo, na Carretera Austral, sul do Chile
Portas, janelas e túneis no interior da Catedral de Mármore, no lago General Carrera, região de Puerto Rio Tranquilo, na Carretera Austral, sul do Chile
Enfim, a máquina pode não captar, mas nossos olhos e sentidos sim. Não é apenas a visão, mas também a audição que nos ajuda a dar o real sentido de onde estamos. O barulho da água batendo escorrendo sobre o mármore polido e o seu eco ressoando em cada uma das cavidades complementam nossa visão desse mundo azulado de túneis escavados na rocha branca.
Atravessando um túnel na Catedral de Mármore, no lago General Carrera, região de Puerto Rio Tranquilo, na Carretera Austral, sul do Chile
Os muitos túneis da Catedral de Mármore, no lago General Carrera, região de Puerto Rio Tranquilo, na Carretera Austral, sul do Chile
Turistas atravessam um túnel na Catedral de Mármore, no lago General Carrera, região de Puerto Rio Tranquilo, na Carretera Austral, sul do Chile
É até estranho quando deixamos os recintos limitados dos túneis sob o cogumelo e voltamos às águas abertas do lago, limitadas apenas pelo céu e pelo horizonte. Era o que acontecia quando transitávamos novamente entre a Capela e a Catedral, entre a Catedral e a Capela. E assim foram dois ou três ciclos de explorações e de fotos, um barco para lá e outro para cá, a gente bem feliz de estarmos sós no nosso enquanto os outros estavam repletos de gente.
Uma piscina interior na Catedral de Mármore, no lago General Carrera, região de Puerto Rio Tranquilo, na Carretera Austral, sul do Chile
Interior da Catedral de Mármore, no lago General Carrera, região de Puerto Rio Tranquilo, na Carretera Austral, sul do Chile
Interior da Catedral de Mármore, no lago General Carrera, região de Puerto Rio Tranquilo, na Carretera Austral, sul do Chile
Outra vantagem de termos vindo da fazenda mais próxima é que, como leva menos tempo para chegarmos aqui, sobra muito mais tempo para explorarmos e desfrutarmos das Capillas. Para os que vêm da cidade, eles dão uma volta e logo retornam. Enquanto ficamos por aqui transitando entre a Capela e a Catedral, vários barcos de lá chegaram e se foram.
Turistas observam a Catedral de Mármore, no lago General Carrera, região de Puerto Rio Tranquilo, na Carretera Austral, sul do Chile
Nosso guia nos leva de volta após a visita às "Capillas de Marmol", no lago General Carrera, região de Puerto Rio Tranquilo, na Carretera Austral, sul do Chile
Mas chegou também a nossa vez e partimos. Felizes por ter conhecido mais essa joia do nosso continente, mas já pensando em nosso próximo desafio: encontrar um lugar para dormirmos no Valle Exploradores, a oeste de Puerto Rio Tranquilo, entre geleiras gigantes, a meio caminho da famosa laguna San Rafael e bem longe da Carretera Austral.
Uma tentativa de foto subaquática sob a Catedral de Mármore, no lago General Carrera, região de Puerto Rio Tranquilo, na Carretera Austral, sul do Chile
Fim de tarde sobre o rio Madre de Dios, em Puerto Maldonado, na amazônia peruana
Para quem já viajou na Europa de carro, sabe como é fácil passar de um país para o outro. Não estou falando das questões burocráticas, passaportes e documentos. Nesse quesito, então, nem se fala. Estou falando da infraestrutura, das estradas que nos levam a um país vizinho. Na Europa, as estradas simplesmente “continuam do lado de lá”, como se estivéssemos cruzando de Minas para São Paulo ou da Paraíba para Pernambuco. É como deveria ser em qualquer lugar do mundo, na minha humilde opinião.
Estrada de Rio Branco (A), no Acre, até a fronteira em Assis Brasil (B) e, de lá, para Puert0 Maldonado (C), na Amazônia peruana
Já aqui na nossa América do Sul, as coisas não são assim tão simples. Mas tem melhorado, quando comparamos com a situação de poucas décadas atrás, até onde vão minhas lembranças. Falo principalmente do Brasil. A situação é melhor nas nossas fronteiras do sul, com Argentina e Uruguai, onde a integração é mais antiga. Mas com os países do norte, a situação ainda é, no mínimo, precária. Com a Venezuela e Guiana, há ligação rodoviária desde Roraima. O problema é que, de Roraima, só se chega até Manaus. Daí para o sul do país, só rios (a não ser para quem se aventure pela péssima estrada de Manaus à Porto Velho, como nós fizemos). Então, a rigor, para quem mora nos estados do sul, não dá para ir “só de carro” para esses países. Vai precisar da ajuda de um barco. O mesmo vale para a Guiana Francesa, só que agora é via Amapá. Uma ponte liga esse estado ao país vizinho, mas está fechada por problemas burocráticos. De qualquer maneira, para se chegar ao Amapá, só de barco. Com o Suriname, então, nem se fala. Apesar de nossa longa fronteira comum, chegar até lá, nem de carro e nem de barco. É como se fossem países em continentes diferentes. A mesma coisa vale para a Colômbia. Pelo menos, aí se chega de barco, mas de carro, só em sonho (ou dando a volta por países vizinhos).
O rio Madre de Dios, em Puerto Maldonado, na amazônia peruana
Senhoras se admiram com a bela paisagem de Puerto Maldonado, na amazônia peruana
A grande novidade nesse assunto foi a construção da Estrada do Pacífico, ou Interoceânica, que nos liga a um outro vizinho, o Peru. Antes dela, mais uma vez, só de barco. Mas em meados da década passada, essa situação mudou, com a construção da ponte que liga Assis Brasil, no Acre, com Iñapari, no Peru. Além disso, claro, construiu-se e asfaltou-se uma estrada de Rio Branco até a fronteira, e de Iñapari até o litoral do Peru, vencendo a majestosa cordilheira dos Andes. Lembro-me da felicidade ao ver esse acordo celebrado, no início da década passada e, meio incrédulo, mas contente, de perceber que as obras estavam saindo mesmo do papel. Depois, ao ler notícias de viajantes que passavam por essa nova rota, jurei que chegaria a minha vez. Desde o início dos 1000dias, sempre planejamos viajar ao Peru, de carro, diretamente do Brasil. Tanto que, quando passamos da outra vez pelo país, ficamos apenas ali pertinho do litoral, deixando a região de Cusco e do Titicaca para uma segunda etapa, vindos do Acre pela Rodovia Transoceânica. Esse dia finalmente chegou!
A bela ponte que atravessa o rio Madre de Dios, em Puerto Maldonado, na amazônia peruana
Parte da Carretera Transoceanica, a ponte Billinghurst, sobre o rio Madre de Dios, em Puerto Maldonado, na amazônia peruana
E assim foi! No dia 16, orgulhosos e curiosos, atravessamos a ponte em Assis Brasil e entramos no Peru. Basicamente, saímos da Amazônia e entramos na Amazônia. Pois é, a fronteira é só imaginaria, pois a natureza continua a mesma! Nos primeiros quinhentos quilômetros em território peruano, ainda estamos no meio de florestas tropicais, rios caudalosos e altitudes de no máximo 350 metros. Aquela imagem romântica e idealizada das montanhas e altiplano andino, isso fica mais para frente. Para quem quer ver algo diferente, tem de se contentar com a mudança da língua. E só. Pelo menos, nessa primeira parte.
Admirando o pôr-do-sol do alto da ponte sobre o rio Madre de Dios, em Puerto Maldonado, na amazônia peruana
Fim de tarde sobre o rio Madre de Dios, em Puerto Maldonado, na amazônia peruana
A primeira (e única!) cidade grande nessa parte amazônica do Peru é a simpática Puerto Maldonado. Aqui, a Rodovia Transoceânica teve de vencer um de seus maiores obstáculos: o rio Madre de Dios. É, de longe, a maior ponte qu ultrapassamos desde Rio Branco e não há nada parecido até Cusco. Formosa, é uma das grandes atrações turísticas da cidade e assistir o fim de tarde sobre ela, as cores vermelhas do céu refletidas no rio abaixo, é simplesmente um espetáculo! Foi o que fizemos na nossa primeira tarde por ali, já que resolvemos passar uma noite na cidade antes de seguirmos viagem até a subida da Cordilheira dos Andes.
O simpático bicho-preguiça que vive nos jardins do nosso lodge em Puerto Maldonado, na amazônia peruana
Na verdade, chegamos dispostos a passar mais de um dia, já que daqui saem lindos passeios a um Parque Nacional nas redondezas, área de floresta e de animais como onças, araras e ariranhas. Como nós acabamos de chegar de uma temporada amazônica no Brasil, isso não soava tão interessante, até meio repetitivo, mas queríamos sim dar uma olhada. Rápida, pois o interesse mesmo eram os Andes, isso sim muito mais exótico para nós.
O simpático bicho-preguiça que vive nos jardins do nosso lodge em Puerto Maldonado, na amazônia peruana
Chegamos a checar passeios e decidimos que iríamos passar um dia inteiro por aqui, para seguir viagem no dia 18. Mas, essa não era a ideia que tinha o destino, senhor de todos nós. Eis que a Ana adoeceu e ficou ruim de verdade. Vomitando muito, nada parando no seu estômago. Ou saia por aqui, ou saia por ali. Ficou fraca e com febre. Nossa farmácia que viaja conosco não deu conta e não houve remédio que não fosse levá-la ao hospital. Dali, não a deixaram sair. Entrou no soro e antibióticos, para combater a infecção misteriosa.
O ativo bicho-preguiça que vive no nosso lodge em Puerto Maldonado, na amazônia peruana
Socializando com um simpático bicho-preguiça no nosso lodge em Puerto Maldonado, na amazônia peruana
Hospital público, atendimento gratuito, exceto pelos medicamentos e outros materiais, que era eu que deveria providenciar. Alguns, conseguia comprar ali no hospital mesmo. Outros, fazia uma peregrinação pelas farmácias (ou “boticas”) da cidade. Acabei conhecendo boa parte delas. Enquanto isso, a Ana descansava em um leito simples do hospital. Passou pelas mãos de três médicos, nos seus respectivos horários de plantão. Finalmente, quase 24 horas depois de dar entrada, consegui liberação para tirá-la de lá, diretamente para o conforto do nosso quarto num delicioso lodge na beira do rio Madre de Dios, quase ao lado da ponte que o atravessa.
O hospital que atendeu a Ana em Puerto Maldonado, na amazônia peruana
Uma das muitas farmácias visitadas pelo Rodrigo em Puerto Maldonado, na amazônia peruana
Foram vários dias de descanso ali mesmo, até ganhar forças paras seguirmos viagem. A única diversão para ela, além de ficar tomando o soro isotônico que eu lhe trazia, era observar e fotografar uma simpática bicho-preguiça branca que vive lá no lodge. Uma das mais ativas que já conhecemos. Subia e descia árvores e telhados com agilidade surpreendente (para padrões de bicho-preguiça, claro!).
A Ana descansa em leito de hospital em Puerto Maldonado, no Peru
Um dos muitos exames feitos pela Ana durante sua estadia no hospital de Puerto Maldonado, no Peru
Por fim, ganhou força e coragem (e liberação da mãe-médica, via Skype) para seguirmos viagem. Nós temos um encontro marcado com um amigo curitibano que está voando para Cusco, para passar dez dias conosco. Nossa primeira ideia era já conhecermos a área do Titicaca para depois, voltarmos à Cusco para encontrá-lo. Mas com esse “descanso” em Maldonado, deixamos o Titicaca para depois, mesmo. Vamos ver como a Ana reage à altitude em Cusco e ter mais uns dias de descanso até o Gustavo chegar, porque depois, vai ser pauleira, programação intensa pelas montanhas e ruínas incas da região. Então, com alguns dias de atraso, adeus Amazônia, Andes, aí vamos nós!
Admirando o pôr-do-sol do alto da ponte sobre o rio Madre de Dios, em Puerto Maldonado, na amazônia peruana
Gracias, um pedaço de Minas Gerais no coração de Honduras
O ano era 1543 e a América Central já era território do Rei de Espanha. Milhares de colonizadores se dirigiam ao novo continente, em busca de novas oportunidades de enriquecimento rápido. Era preciso colocar uma ordem nesse processo de colonização que se iniciava de maneira caótica. O primeiro passo: escolher uma capital para esse novo território de além-mar.
A região rural e montanhosa de Gracias, em Honduras
A escolha recaiu sobre a pequena cidade de Gracias. Localizada em meio às montanhas da região central de Honduras, o simpático nome vem da expressão usada pelos primeiros colonizadores que lá chegaram. Depois de intermináveis dias caminhando sobre montanhas, sobe e desce sem parar, ao finalmente chegarem ao vale onde se encontra Gracias, exclamaram: “Gracias a Dios!”. O agradecimento virou nome e pegou!
O prédio da prefeitura de Gracias, em Honduras
Mas a primazia de Gracias como capital centro-americana não durou muito. Regiões que naquela época já eram muito mais populosas reclamaram por ter de prestar contas a uma pequena vila perdida no meio das montanhas hondurenhas. Em 1549, o governo espanhol cedeu às pressões e a capital foi transferida para Antigua, na Guatemala, principal polo colonizador na América Central do século XVI. Muitos argumentam hoje que esse foi um dos fatores que contribuiu para que a América Central nunca fosse unida como um só país. Com sua capital localizada no extremo norte do território, as outras regiões nunca se sentiram realmente ligadas a ela. A pequena Gracias, realmente, era muito mais central.
Igreja matriz de Gracias, em Honduras
Bom, isso fez com que Gracias permanecesse pacata ao longo de todos esses séculos, depois do inicio promissor. Perdeu o posto de capital continental, nunca se firmou como capital nacional, mas ao menos se manteve como capital regional, da província chamada Lempira. Esse também é o nome da moeda de Honduras, homenagem ao líder indígena que resistiu bravamente aos espanhóis, quase expulsando-os do país e só sendo morto através da mais vil das traições.
Praça central da pacata Gracias, em Honduras
Honduras era ocupada, na época da chegada dos europeus, por centenas de tribos indígenas. Os mayas só haviam estado no norte do país, mas nessa época já quase não tinham importância. Entre as tribos mais conhecidas estava a do povo Lenca. Seu líder era Lempira e, ao conseguir unir várias outras tribos contra o inimigo comum, chegou a juntar 30 mil guerreiros. Após várias derrotas militares, os espanhóis levantaram a bandeira branca e pediram negociações. Quando Lempira se apresentou, foi prontamente esfaqueado pelas costas por um soldado espanhol. Sem seu carismático líder, rapidamente a rebelião foi desbaratada e a região se abriu para os colonizadores, pouco antes da fundação de Gracias.
Nosso caminho entre Copán e Gracias, já no interior de Honduras
Ontem de tarde, depois da visita ao Museu das Esculturas em Copán, cruzamos as mesmas montanhas que tanto cansavam os primeiros colonizadores e chegamos à Gracias. Para minha surpresa, descobri um pedacinho de Minas Gerias encravado em pleno coração de Honduras. Uma pequena cidade com ruas de pedra e casas com aspecto colonial, pessoas nas portas de suas casas olhando a vida passar, uma simpática praça central onde está a igreja matriz. A sensação é de um ritmo diferente, bem distante do frenesi das cidades grandes. Até os relógios parecem andar mais devagar, principalmente nos dias mais quentes, como nessa época do ano.
Uma típica rua de Gracias, em Honduras, a antiga capital da América Central
Nós ficamos hospedados em um hotel no alto de uma colina e , da nossa varanda, podíamos observar toda a cidade, seus telhados vermelhos, a torre da igreja ao longe, as montanhas verdejantes ao redor. Nostálgico mineiro que sou, a sensação era de estar de volta à terra amada. Foi joia! Nossa tarde foi passada ali, sossego total, só curtindo aquela vista. Pela manhã, enfrentando o calor, até fui caminhar pelas ruas tranquilas em busca de um barbeiro. Fazer a barba por aqui foi uma espécie de homenagem á minha terra natal e sua representante aqui na América Central. De cara limpa e coração batendo mais forte, estava pronto para seguir viagem. Próxima parada, o lago de Yojoa...
Gracias, um pedaço de Minas Gerais no coração de Honduras
O atual continente americano
Apesar de estarmos sempre falando em América do Norte, do Sul e Central, ou América Latina e Anglo-saxônica, o fato é que todas elas formam um só continente, a famosa América, aquela que estamos explorando por esses mil e tantos dias. Mas não foi sempre assim. Na verdade, até bem recentemente, pelo menos em termos geológicos, América do Sul e América do Norte eram, sim, continentes distintos, separados por um oceano.
Por bilhões de anos, continentes e oceanos tem sido criados, separados, destruídos e juntados novamente, num verdadeiro balé de dimensões planetárias. Se um de nós voltasse no tempo, apenas alguns bilhões de anos, e olhasse para o nosso planeta do alto, não o reconheceria, uma configuração geográfica completamente diversa da que temos hoje. Através de “marcadores” como o alinhamento magnético de rochas antigas, ou pela similaridade de fósseis pré-históricos, cientistas foram capazes de decifrar parte dessa história e de antigos supercontinentes. Épocas em que partes do Brasil encostavam com a Índia ou Austrália, ou que o nordeste dos Estados unidos tocava a África do Sul.
O possível aspecto do supercontinente de Rodinia, há um bilhão de anos
Obviamente, quanto mais antigos esses supercontinentes, menos se sabe sobre eles. Ur, Columbia, Rodinia, Pannotia são apenas alguns deles, cada um existindo por algumas centenas de milhões de anos e depois, separando-se outra vez. Finalmente, as ilhas e continentes se juntaram uma última vez, há cerca de 300 milhões de anos, num supercontinente chamado Pangeia, este sim, um pouco mais conhecido por todos nós. A união durou pouco e “apenas” 100 milhões de anos mais tarde, Pangeia se dividiu em duas, Laurasia ao norte e Gondwana ao sul. O que conhecemos hoje como América do Norte, junto com Eurásia (sem a Índia!), formava o continente do norte, enquanto a nossa América do Sul, junto com África, Austrália, Índia e Antártica, formava o gigantesco continente do sul.
O supercontinente de Pangeia, há 300 milhões de anos
Não demorou muito para que também esses continentes se “quebrassem” em pedaços menores. A América do Sul separou-se, tornando-se uma enorme ilha-continente. Algumas dezenas de milhões de anos mais tarde, foi a vez da América do Norte separar-se da Eurásia, embora gigantescas pontes de gelo continuassem a uni-las a cada nova era glacial. Em cada um desses novos continentes separados, fauna e flora se desenvolveram e evoluíram separadamente, criando formas distintas de vida a partir de antepassados comuns, aqueles que habitavam a antiga Pangeia.
Pangeia se divide em dois supercontinentes: Laurasia, ao norte, e Gondwana, ao sul
Bem recentemente, um piscar de olhos em termos geológicos, América do Sul e do Norte se aproximaram uma da outra, fechando aos poucos a ligação entre os Oceanos Pacífico e Atlântico. Agora, apenas pouco mais de mil quilômetros separavam as Américas. Só estava faltando aquele pedaço de terra que hoje chamamos de América Central. Foi quando, há 3 milhões de anos, grandes erupções vulcânicas levantaram o Panamá e criaram a estreita ponte que une o sul ao norte. Nascia, enfim, a América!
A migração de espécies entre as duas Américas. Em verde, animais originários da América do Sul e, em azul, animais originários da América do Norte
Prontamente, a fauna dos dois continentes começaram a migrar pela nova ponte natural, tentando ocupar novos nichos. Predadores e presas, herbívoros e carnívoros, répteis, aves e mamíferos, todos queriam “explorar” novos espaços. Essa verdadeira mistura de espécies, o maior evento biológico desde a extinção dos dinossauros, aconteceu bem aqui, no nosso continente. De forma geral, a fauna do norte levou a melhor, enquanto que a fauna do sul, que havia estado isolada por mais tempo, tornando-se mais especializada, não resistiu às novas condições de competição. Com raras exceções, como por exemplo, as preguiças-gigantes, foi a fauna do norte que se impôs. Os grandes predadores do sul, como crocodilos gigantes e os “pássaros do terror”, tiveram seus ovos comidos pelos pequenos mamíferos do norte enquanto os grandes herbívoros do norte, já acostumados com seus próprios predadores. desalojaram os herbívoros do sul. A fauna marsupial, que havia se originado na América do Sul para depois migrar para a Oceania, ainda nos tempos da Gondwana, teve se se refugiar em pequenos nichos em sua terra natal.
Após essa mistura vitoriosa para o norte e catastrófica para o sul, a vida nas Américas se estabilizou, passando a conviver com as eras glaciais que iam e vinham a cada 20 ou 30 mil anos, alterando as condições de clima e vegetação do continente, nada com que as espécies não pudessem lidar, como mostra a história dos fósseis. Uma extinção aqui, outra ali, mas nada de chamar a atenção. Até que, ao final da última glaciação, há cerca de 12 mil anos, uma onda de extinções tomou conta de todo o continente, acabando com quase toda a megafauna que habitava as Américas há mais de um milhão de anos. O que teria sido diferente dessa vez?
Fóssil de uma antiga preguiça gigante, animal originário da América do Sul e que migrou para a Améica Central
Infelizmente, tudo parece indicar, foi a presença de um novo “fator”, ou ator, no continente. Bem nessa época chegavam por aqui os paleoíndios, vindos da Ásia e, possivelmente, do Pacífico. Os antepassados longínquos dos índios encontrados por Cristóvão Colombo e Pedro Álvares Cabral não eram assim, tão “ecológicos” como gostamos de imaginar. Caçando à exaustão espécies que já vivam sob o stress das mudanças climáticas da época, animais que já viviam por aqui há centenas de milhares de anos não puderam resistir e foram extintos. Animais como os famosos mamutes, mas também camelos, preguiças-gigantes, enormes tartarugas e tatus, entre tantos outros. Uma notável exceção foram as manadas de bisões na América do Norte. Talvez por isso e com esse duro aprendizado, acabaram se tornando animais quase sagrados para as populações locais, que agora sim, os respeitavam. Foi preciso a chegada do homem branco para que, também eles, quase fossem extintos.
A causa humana dessa catastrófica extinção em massa ainda não foi completamente provada. Mas, a coincidência de eventos semelhantes na Austrália, Nova Zelândia, Japão e outras ilhas menores, onde grandes extinções coincidiram com a chegada da nossa espécie, parecem ser um bom indicativo. É interessante notar também que, nas áreas do globo onde a presença humana é mais antiga e a própria fauna local evoluiu conjuntamente com a nossa espécie, como na África e no sul da Ásia, essas extinções não ocorreram. Lá, os grandes animais aprenderam, de alguma forma, a conviver com a mais perigosa das espécies. Em terras como a América ou a Austrália, onde os humanos apareceram de uma só vez, as espécies de animais não tiveram tempo de se adaptar ao novo predador e o seu destino foi implacável: extinção.
Paleoíndios caçam um antigo tatu gigante
Enfim, 200 milhões de anos depois da Pangeia se separar, 3 milhões de anos depois que os animais começaram a cruzar a novíssima ponte natural entre América do Norte e do Sul, 12 mil anos depois que humanos caminhassem de um continente ao outro, chegou a vez de nós, o 1000dias, passássemos do Panamá para a Colômbia, da parte norte para a parte sul desse continente chamado América. Assunto para o próximo post...
Caminhando na Gruta das Rãs, em Aurora do Tocantins - TO
Bem cedinho hoje fomos encontrar o Anselmo, grande conhecedor das grutas de Aurora do Tocantins. Ele foi uma ótima indicação do Osmane, lá de Azuis e, ainda na noite de ontem, já tinha me encontrado com o Anselmo, para combinar o passeio de hoje.
Com o Anselmo na Gruta do Sabiá, em Aurora do Tocantins - TO
Além de espeleólogo e artista plástico, o sergipano Anselmo é secretário do meio ambiente da cidade e também está envolvido em diversos conselhos e associações do município. Mesmo assim, ele ainda conseguiu arrumar um tempo para nos levar em duas das mais belas grutas da região, que já tem catalogada mais de 220 grutas! Como o próprio Anselmo nos disse, Aurora do Tocantins é um verdadeiro queijo suiço. Localizada na bela Serra Geral, a cidade também tem rios e cachoeiras como atrações. Um pólo turístico que o Brasil ainda não conhece...
Passando por quebra-corpo na Gruta do Sabiá, em Aurora do Tocantins - TO
Fomos primeiro na Gruta do Sabiá, bem ao lado da cidade, dentro de uma propriedade do próprio Anselmo. Ali ele está montando um centro de estudos de espeleologia, além de um alojamento para estudantes, pesquisadores e amantes das cavernas em geral.
Explorando a Gruta do Sabiá, em Aurora do Tocantins - TO
A gruta tem mais de uma dezena de salões, alguns deles só atingidos depois de se enfrentar longas passagens estreitas, onde é preciso rastejar e se espremer. Caverna de calcário, há uma enorme quantidade de espeleotemas espalhados pelos seus tetos, paredes e solo. A caverna acompanha as estações do ano e tem seus períodos secos e molhados. Com o fim das chuvas por aqui, ela agora está no seu período seco. Faz muito calor lá dentro, principalmente quando nos afastamos da entrada.
Rã na Gruta do Sabiá, em Aurora do Tocantins - TO
Outra coisa que nos chamou a atenção foi a fauna da caverna. Os morcegos são frequentadores, mas não estavam lá hoje. Quem estava eram as rãs que, pelo visto, não tem medo do escuro.
Teto repleto de estalactites, na Gruta das Rãs, em Aurora do Tocantins - TO
Por falar em pequenos anfíbios, foram eles que deram o nome para a segunda gruta do dia, a Gruta das Rãs. Esta é um pouco mais afastada da cidade e é necessário caminhar uns dois quilômetros pelos pastos de uma fazenda para se chegar em sua boca. Aliás, quando se chega em sua boca, a primeira impressão é que deve ser só um buraquinho...
Gruta das Rãs, em Aurora do Tocantins - TO
Que nada! Por dentro, ela é majestosa. Muito menos visitada que a Gruta do Sabiá, a impressão é de se estar entrando em território virgem. Aqui, a quantidade de espelotemas é ainda maior, o calcário parece ainda mais branco e o número de estalagtites no teto é impressionante.
Morcego hematófago na Gruta das Rãs, em Aurora do Tocantins - TO
Além das rãs, também vimos morcegos hematófagos e até peixes, no pequeno rio que corta a caverna. O calor também é intenso, mas praticamente esquecemos dele quando paramos para admirar e fotografar os diversos salões da caverna.
Explorando a Gruta das Rãs, em Aurora do Tocantins - TO
Depois desse calor todo, nada melhor do que um banho de rio para relaxar. Nós ainda tínhamos muita estrada pela frente, mas sempre se arruma um "tempinho" para um banho, certo? Passamos rapidamente na casa do Anselmo para descarregar as fotos tiradas hoje no computador dele e, de lá, seguimos para o Balneário Douradas, a 12 quilômetros da cidade. Construído numa curva em "U" do Rio Palmas, de águas bem verdinhas, o banho em suas corredeiras foi o coroamento de um dia de explorações. Uma delícia!
Saindo da Gruta das Rãs, em Aurora do Tocantins - TO
Depois do banho, adeus Tocantins, até breve, Região Norte. Da próxima vez, vamos entrar pela Venezuela, vindos da América do Norte. Nossa... tem tanta coisa para acontecer antes! Melhor pensar na próxima semana, e não no próximo ano.
Trilha em fazenda onde está a Gruta das Rãs, em Aurora do Tocantins - TO
Pois bem, a próxima semana será no estado de Goiás! Muita coisa para fazer por aqui! Já estivemos no estado em Julho/Agosto do ano passado, mas somente em Caldas Novas e Goiânia. Agora, vamos iniciar nossas explorações por Terra Ronca. Depois virão a Chapada dos Veadeiros, Goiás Velho e Pirenópolis. Só lugar feio, hehehehe
Hora do mergulho no Rio Palmas, no Balneário Douradas, em Aurora do Tocantins - TO
Hoje, conseguimos chegar até São Domingos, porta de entrada do Parque Estadual da Terra Ronca. Já chegamos no escuro, mas amanhã bem cedinho partimos para o parque e suas famosas cavernas gigantes. Esse é um lugar que está na minha lista de prioridades há 20 anos! Antes tarde do que nunca...
Formação de cortina na Gruta do Sabiá, em Aurora do Tocantins - TO
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