0
Arquitetura Bichos cachoeira Caverna cidade Estrada história Lago Mergulho Montanha Parque Patagônia Praia trilha vulcão
Alaska Anguila Antártida Antígua E Barbuda Argentina Aruba Bahamas Barbados Belize Bermuda Bolívia Bonaire Brasil Canadá Chile Colômbia Costa Rica Cuba Curaçao Dominica El Salvador Equador Estados Unidos Falkland Galápagos Geórgia Do Sul Granada Groelândia Guadalupe Guatemala Guiana Guiana Francesa Haiti Hawaii Honduras Ilha De Pascoa Ilhas Caiman Ilhas Virgens Americanas Ilhas Virgens Britânicas Islândia Jamaica Martinica México Montserrat Nicarágua Panamá Paraguai Peru Porto Rico República Dominicana Saba Saint Barth Saint Kitts E Neves Saint Martin San Eustatius Santa Lúcia São Vicente E Granadinas Sint Maarten Suriname Trinidad e Tobago Turks e Caicos Uruguai Venezuela
Karina (27/09)
Olá, também estou buscando o contato do barqueiro Tatu para uma viagem ...
ozcarfranco (30/08)
hola estimado, muy lindas fotos de sus recuerdos de viaje. yo como muchos...
Flávia (14/07)
Você conseguiu entrar na Guiana? Onde continua essa história?...
Martha Aulete (27/06)
Precisamos disso: belezas! Cultura genuína é de que se precisa. Não d...
Caio Monticelli (11/06)
Ótimo texto! Nos permite uma visão um pouco mais panorâmica a respeito...
Com o David e a Eliane, do nosso B&B em Kona, na Big Island, no Havaí
Dia de viajar ainda pela manhã para Maui, nossa segunda ilha no Havaí. Mas antes disso, ainda tínhamos uma programação intensa na Big Island. Começamos, literalmente, de madrugada. Afinal, queríamos estar na baía dos golfinhos assim que o sol nascesse, para poder nadar junto com esses simpáticos mamíferos marinhos. A baía de Kealakekua fica cerca de 25 quilômetros ao sul de Kona, na pequena cidade de Captain Cook.
As belas e tranquilas águas da baía dos golfinhos, ao sul de Kona, na Big Island, no Havaí
O nome da cidade homenageia o famoso explorador inglês do séc XVIII que, entre outros feitos, descobriu o Havaí para o mundo ocidental em 1778. Apenas uma das façanhas do mais famoso e eficiente navegador do seu tempo. Foi o capitão James Cook que explorou toda a costa noroeste da América do Norte, provando de vez que a almejada “passagem noroeste”, um caminho mais curto entre o Atlântico e o Pacífico, era só um sonho. Foi ele também que descobriu várias ilhas do Pacífico, inclusive a Nova Zelândia. Explorou a costa leste da Austrália, encalhou na grande barreira de corais, quase chegou a avistar a Antártida e fez mapas detalhadíssimos de suas rotas (era excelente cartógrafo). Aliás, seus mapas continuaram sendo referência até o início do século XX! Enfim, era uma lenda viva na segunda metade do século XVIII.
As belas e tranquilas águas da baía dos golfinhos, ao sul de Kona, na Big Island, no Havaí
Pois bem, em uma daquelas coincidências que só acontecem na História, Cook chegou ao Havaí bem na época de um festival em homenagem a um deus navegador. Ao aportar na ilha de Kauai, foi confundido com o tal deus e tratado a pão de ló. Afinal, não é todo dia que um deus aparece, em carne e osso. Cook e sua tripulação curtiram as regalias oferecidas, mas seguiram sua viagem de explorações. Depois de um ano rodando o Pacífico, resolveram passar por aquelas ilhas novamente. Durante esse ano, a notícia da chegada do deus já havia corrido o arquipélago e, justamente doze meses depois, agora na costa da Big island, quando ele apareceu novamente, foi recebido com ainda mais festividades e mimos. Por quase um mês, não faltaram festas, presentes e orgias para aquela comitiva divina.
A belíssima vista do B&B em Kona, na Big Island, no Havaí
Chegou, então, a hora de partir. Mas uma tempestade em alto mar danificou o mastro do navio e Cook resolveu voltar à Big Island para repará-lo. A nova chegada do deus surpreendeu e irritou seus outrora afáveis anfitriões. Já tinha gasto muito com aqueles estranhos e não podiam se dar ao luxo de sustentar aquele deus por mais tempo. Enfim, o clima pesou! Desentendimentos não tardaram a aparecer e, entre outros desaforos, um dos barcos de Cook foi roubado. Ao tentar reavê-lo, o lendário capitão foi morto a punhaladas numa batalha na praia. Aí sim, o clima azedou de vez. Os ingleses exigiam o corpo de seu capitão de volta, mas a essa altura, seguindo o costume havaiano, o corpo de Cook já havia sido desmembrado e repartido pela ilha. Ao final, assim que conseguiram o barco e alguns pedaços de seu capitão de volta, os ingleses partiram. Um fim meio inglório para o grande capitão...
Na varanda do nosso B&B em Kona, na Big Island, no Havaí
Não pude deixar de prestar minhas homenagens ao grande Cook enquanto, já ao lado do mar, esperávamos pelos golfinhos aparecerem. Mas eles não deram o ar de sua graça, talvez meio atrasados de sua noite de caça em mar aberto. A gente, com uma programação tão apertada, tomamos a difícil escolha de voltar para o B&B. Afinal, um maravilhoso café da manhã nos esperava por lá. Era um pouco depois das oito da manhã quando lá chegamos, e não só o café nos esperava, mas também outro casal de hóspedes. O David e a Eliane, nossos anfitriões, já haviam contado para eles sobre nossas aventuras e eles estavam ansiosos em nos conhecer. O café da manhã foi ainda mais animado que o de ontem e igualmente maravilhoso. Normalmente, eles servem coisas distintas todos os dias, mas eu tinha gostado tanto do suco de jabuticaba (com banana, maracujá, papaia e outra berry) que, pelo menos o suco, o David repetiu. Suco não, um smoothie. Que delícia! E que ótimo foi ter estado lá esses dias em Kona. Dessa vez, tiramos as fotos que faltaram ontem, do café e da vista. A única dificuldade foi que descobrimos que o pagamento da temporada não tinha sido feito pela internet e eu precisava tirar dinheiro no banco para efetuá-lo. No aperto de tempo em que já estávamos, ficou ainda mais complicado.
O maravilhoso café da manhã no B&B em Kona, na Big Island, no Havaí
Despedidas feitas, bagagem já no nosso jipão, voamos de volta para a baía dos golfinhos, para mais uma tentativa. Lá chegando, nadadeiras e máscara, entramos no mar dispostos a nadar até onde eles estivessem. Doce ilusão, hoje estavam do outro lado da baía. Precisaríamos de uma hora só para chegar lá. Não tínhamos esse tempo, de maneira nenhuma. Infelizmente, nosso contato com os golfinhos ficou para a próxima. Que excelente motivo para voltarmos! Ficamos sem os golfinhos, mas ganhamos uma boa manhã de exercícios saldáveis...
Representação de guerreiro havaiano no parque histórico de Pu'uhonua, ao sul de Kona, na Big Island, no Havaí
Ainda resolvemos fazer uma visita rápida a um parque histórico ali do lado. Visita relâmpago mesmo, tipo cinco minutos. Tirar algumas fotos e pronto. Era o jeito de homenagearmos outra importante figura da história havaiana, o grande Kamehameha, considerado o “Napoleão do Pacífico”. Foi ele o responsável pela unificação das ilhas do arquipélago em uma só nação. E o parque que visitamos foi estabelecido bem no local da mais importante batalha para que sua supremacia fosse estabelecida na Big island.
Divindade havaiana no parque histórico de Pu'uhonua, ao sul de Kona, na Big Island, no Havaí
Kamehameha era o sobrinho de um dos chefes tribais da Big island quando o capitão Cook esteve por aqui, justamente daquele que o recebeu na ilha. Foi um dos havaianos que visitou o barco do explorador inglês, tendo mais contato com os ocidentais. Quando seu tio morreu, alguns anos depois do triste incidente que resultou na morte do inglês, Kamehameha herdou o poder em parte do litoral da ilha. Isso causou a inveja de um dos filhos do antigo rei. Nesse local, se deu a batalha entre os dois exércitos, com a vitória de Kamehameha. Apenas a primeira de uma série que se seguiu, até que o jovem guerreiro unificasse toda a ilha. Numa delas, contou até com a ajuda do Kilauea, que numa erupção surpresa, matou por envenenamento, com gases tóxicos, metade do exército de um rival local.
Visita ao parque histórico de Pu'uhonua, ao sul de Kona, na Big Island, no Havaí
Kamehameha não se satisfez com a soberania na ilha. Queria todo o arquipélago! Para isso contava com a ajuda da tecnologia das armas de fogo, que ele negociava com comerciantes americanos e europeus que agora frequentavam o Havaí, depois que a descoberta de Cook correu o mundo. Muito bem armado e com uma “frota” de quase 1.000 canoas havaianas e 10 mil homens, cruzou o mar em direção à Maui e pequenas ilhas vizinhas. Rapidamente a conquistou, mas o chefe local, que bateu em retirada para Oahu, prometeu resistir bem mais nessa outra ilha. De fato, também ele começou a se armar com armas de fogo e o próximo embate foi muito mais violento. Numa batalha épica, os guerreiros de Kamehameha cercaram o exército rival na beirada de um precipício e centenas de homens foram atirados lá de cima, na mais sangrenta batalha ocorrida em território havaiano.
Antiga canoa havaiana no parque histórico de Pu'uhonua, ao sul de Kona, na Big Island, no Havaí
Conquistado Oahu, faltava Kauai. Por duas vezes Kamehameha tentou, mas foi derrotado por uma grande tempestade na primeira tentativa e por um surto de doenças na segunda. Quando se preparava para a terceira tentativa, o rei de Kauai achou por bem se render e tornar-se seu vassalo. O Havaí estava unificado, sob as mãos firmes de Kamehameha. Era o início do século XIX e foi essa união que trouxe paz ao arquipélago que, por quase mil anos, esteve sempre dividido entre diversos chefes que guerreavam entre si. Mais importante ainda, foi o que possibilitou que o arquipélago não caísse em mãos estrangeiras, o que ocorreu com todas as outras ilhas do Pacífico. Kamehameha não é só o fundador da dinastia que reinou no Havaí por quase cem anos, até que o país fosse anexado pelos EUA, mas o mais importante nome da história havaiana.
Moradia no estilo antigo havaiano no parque histórico de Pu'uhonua, ao sul de Kona, na Big Island, no Havaí
Nós fizemos nossa visita relâmpago e começamos nossa corrida para não perder o avião. Passamos num banco e retiramos o dinheiro que deixamos no B&B em rápido pit-stop. Fizemos ainda uma parada para encher o tanque do carro e outra para deixar os equipamentos alugados na loja de mergulho. Por fim, aceleramos para o aeroporto. A Ana ficou no check-in e eu corri para devolver o carro. Foi encima da hora, encima mesmo, mas deu tempo! Qual não foi nossa surpresa ao descobrir que, entre os oito passageiros do pequeno avião, havia outros dois ainda mais atrasados do que nós. Imagina se não eram brasileiros, hehehe! E imagina se não eram cariocas... Enfim, entre mortos e feridos, salvaram-se todos e voamos juntos para Maui. Ao voar sobre o estreito que divide as duas ilhas, que nem é tão estreito assim, impossível não imaginar, olhando o mar azul lá embaixo, mil canoas cruzando o oceano, um orgulhoso e resoluto monarca à frente e dez mil guerreiros acompanhando-o. Deve ter sido uma visão e tanto!
Voo entre as ilhas de Big Island(direita) e Maui (esquerda), no Havaí
Tinha lido um pouco mais a respeito da história do Capitão Cook esses dias.. Eu fico só imaginando como era um cara sair pelo mundo e acabando descobrindo lugares como o Hawaii e a NZ
Resposta:
Oi Oscar
Pois é, eu também fico imaginando. esse Cook foi impresionante. Cada lugarzinho mais feio que ele foi descobrir...Vida intensa e final meio inglório, esquartejado. São os ossos do ofício...
Um grande abraço
2012. Todos os direitos reservados. Layout por Binworks. Desenvolvimento e manutenção do site por Race Internet