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Karina (27/09)
Olá, também estou buscando o contato do barqueiro Tatu para uma viagem ...
ozcarfranco (30/08)
hola estimado, muy lindas fotos de sus recuerdos de viaje. yo como muchos...
Flávia (14/07)
Você conseguiu entrar na Guiana? Onde continua essa história?...
Martha Aulete (27/06)
Precisamos disso: belezas! Cultura genuína é de que se precisa. Não d...
Caio Monticelli (11/06)
Ótimo texto! Nos permite uma visão um pouco mais panorâmica a respeito...
Antigos Moais em Rano Raraku, a fábrica de Moais, parcialmente cobertos pelo tempo. Ainda estavam a venda quando a civilização se perdeu (em Rapa Nui (ou Ilha de Páscoa), território chileno no meio do Oceano Pacífico)
Na nossa estratégia de otimizar ao máximo nossa estadia aqui em Rapa Nui (a Ilha de Páscoa), resolvemos hoje fazer um day-tour. Com isso, ficamos com uma boa ideia do que há na ilha, aprendemos sua história e, nos outros dias, já sabemos aonde ir e aonde não ir!
A magnífica paisagem que se vê do alto da cratera de Rano Raraku, em Rapa Nui (ou Ilha de Páscoa), território chileno no meio do Oceano Pacífico
A simpática Joana, dona da nossa pousada, falou muito bem do tour do Patricio, que foge um pouco dos padrões normais. Primeiro, ele só pega grupos pequenos (no nosso caso, só eu, a Ana e mais uma pessoa). Segundo porque ele é ótimo historiador e faz muito mais do que simplesmente nos levar aos lugares. E terceiro porque ele não tenta ver toda a ilha num só dia. Escolhe apenas os lugares mais significativos e onde a companhia de um guia é mais importante, por causa das explicações. Enfim, tudo o que queríamos!
Com o Luis, nosso guia no day tour que fizemos em Rapa Nui (ou Ilha de Páscoa), território chileno no meio do Oceano Pacífico
Então, logo cedo já estávamos na estrada, Fizemos o looping de cerca de 50 km ao redor da ilha, percorrendo primeiro toda a costa sul com os seus sítios arqueológicos mais importantes e depois, um pedaço da costa norte até a única praia de Rapa Nui. Daí, finalmente, regressarmos pelo interior da ilha.
O Patricio já foi logo explicando aonde não íamos hoje. Não que não fossem lugares importantes, mas são lugares que poderíamos ir depois, por conta própria. Um deles é o vulcão Rano Kau, ao lado da cidade de Ranga Roa. É aí que se realizava a famosa cerimônia do homem-pássaro. A área fica dentro de uma das sedes do parque e está cheia de placas informativas. É uma visita imperdível para que vem a Rapa Nui, local mais significativo do período histórico entre a destruição dos Moais (já vou falar disso!) e a cristianização dos ilhéus por missionários europeus, já no final do séc. XIX. Certamente vamos visitá-lo nos próximos dias. O outro é a “fábrica dos chapéus” dos Moais, chamados de “pukao”. Fica no interior da ilha, numa pequena caldeira de um antigo vulcão. Cada pukao pesa algumas toneladas e tem a cor avermelhada. Outra visita certa para os próximos dias. Por fim, não iríamos a um dos mais famosos conjuntos de Moais, o Ahu Akivi, os únicos que miram o oceano ao invés de fitar o interior da ilha e também único conjunto que está longe da costa. Outra parada obrigatória para nós antes de irmos embora.
Ruínas das antigas civilizações de Rapa Nui (ou Ilha de Páscoa), território chileno no meio do Oceano Pacífico
Moais derrubados em Akahanga, sítio arqueológico em Rapa Nui (ou Ilha de Páscoa), território chileno no meio do Oceano Pacífico
O Patricio é chileno do continente e outra explicação que ele nos deu logo no início do tour foi sobre a demografia de Rapa Nui. No seu auge, no início do século XVIII, a população da ilha seria de 15 mil pessoas (hoje, são menos de 7 mil!). As guerras internas que acabaram com a cultura dos Moais já devem ter diminuído bastante esse número. Em seguida, veio o contato com os europeus e, com as novas doenças, esse número caiu ainda mais. Mas a maior tragédia foi uma expedição vinda do Perú, em 1862, que simplesmente capturou a maioria dos adultos jovens da ilha para levá-los como escravos para trabalhar na extração de guano no continente. Uma forte pressão da Igreja Católica fez com que eles fossem “devolvidos”, mas a esta hora, pelas duras condições de trabalho e doenças, cerca de 90% deles já havia morrido! Enfim, uma população de 15 mil pessoas foi reduzida, menos de dois séculos depois, a pouco mais de uma centena de pessoas. Pior, todos eles se conheciam, eram parentes. Para evitar a consanguinidade, desde então o casamento com pessoas de outras raças é estimulado. Quem casa com um Rapa Nui (como o Patricio) nunca será considerado um verdadeiro Rapa Nui, mas seus filhos sim, serão legítimos e autênticos Rapa Nui. Esses casamentos são mais comuns com pessoas de outras ilhas polinésias, como o Taiti (a Joana, por exemplo, é filha de um taitiano), mas há também os que se casam com chilenos continentais ou mais de longe mesmo, como europeus ou americanos. A consequência disso é que hoje, dificilmente existirá um Rapa Nui “puro-sangue”.
Uma caverna (ou "Ana") que servia de moradia para os antigos habitantes de Rapa Nui (ou Ilha de Páscoa), território chileno no meio do Oceano Pacífico
Uma caverna (ou "Ana") que servia de moradia para os antigos habitantes de Rapa Nui (ou Ilha de Páscoa), território chileno no meio do Oceano Pacífico
Aliás, a história de como o Patricio veio parar aqui na ilha, onde ele já está há 40 anos, também é muito interessante. Desde jovem, por alguma razão desconhecida, ele queria vir para cá. Mas naquela época o turismo não era regulamentado e a ilha era controlada pelos militares, que só permitiam o acesso à pesquisadores ou a alguma indústria que explorasse comercialmente a ilha. Ele até tentou vir como “pesquisador”, mas sua história não colou e sua viagem não foi permitida. Quando já tinha desistido, eis que ele conhece uma Rapa Nui no continente, se apaixona e se casa. Agora, não tinha como não conseguir permissão! Foi um dos primeiros chilenos continentais que pode se estabelecer por aqui!
O litoral recortado de Rapa Nui (ou Ilha de Páscoa), território chileno no meio do Oceano Pacífico
Enfim, todas essas histórias e informações foram passadas até que chegássemos ao nosso primeiro ponto de parada, chamado de Akahanga. Era uma antiga vila onde hoje podemos ver como moravam os antigos habitantes. Ou em pequenas cavernas naturais, ou em residências feitas de pedra em formato de barco, ou canoa. Para um povo que veio do mar, faz muito sentido! Hoje, só podemos ver as fundações das antigas casas, o bastante para perceber o formato de canoa e o quão apertado era a casa. Quase uma pequena caverna artificial usada apenas para se proteger dos elementos, como o vento e a chuva. Ao redor da casa, um fogão feito de pedra e um pequeno pátio, onde os peixes eram secados. Peixes, aliás, eram a principal fonte de alimento desse antigo povo.
Moais derrubados em Akahanga, sítio arqueológico em Rapa Nui (ou Ilha de Páscoa), território chileno no meio do Oceano Pacífico
Moai que se partiu durante o transporte, em Rapa Nui (ou Ilha de Páscoa), território chileno no meio do Oceano Pacífico
De Akahanga, seguimos para o local que, por séculos, foi o ponto mais importante de Rapa Nui, o Ranu Haraku, ou a “fábrica de Moais”. Nas encostas de um antigo vulcão, aproveitando-se do tipo de rocha, instalou-se o centro produtor dessas enormes estátuas de pedra com feições humanas, os Moais. Com tamanho médio de 4-5 metros, mas que podem chegar a mais de 10 e algumas dezenas de toneladas, essas estátuas eram cortadas e lapidadas diretamente da rocha para, depois, serem transportadas para toda ilha. A estátua só ganhava seu caráter sagrado depois de instalada em seu ahu (o altar de pedra), onde teria seus olhos finalmente esculpidos e onde seria colocado seu chapéu, o pukao, que era a representação do cabelo. Antes disso, era apenas mais um pedaço de pedra, esculpida, mas sem significado.
Chegando a Rano Raraku, a antiga fábrica de Moais em Rapa Nui (ou Ilha de Páscoa), território chileno no meio do Oceano Pacífico
Visitando Rano Raraku, onde eram produzidos os Moais que se espalham por Rapa Nui (ou Ilha de Páscoa), território chileno no meio do Oceano Pacífico
Os Moais representavam os antepassados e seriam guardiões espirituais daquele território, clã ou família. Tinham as costas para o mar (exceto o conjunto do Ahu Akivi!) e olhavam para o território da família ou clã que deveriam proteger. Quando um grande líder de um clã morria, um novo Moai deveria ser providenciado para representar seu espírito.
Antigos Moais em Rano Raraku, a fábrica de Moais, parcialmente cobertos pelo tempo. Ainda estavam a venda quando a civilização se perdeu (em Rapa Nui (ou Ilha de Páscoa), território chileno no meio do Oceano Pacífico)
Passeando pela incrível "fábrica" de Moais, em rano raraku, em Rapa Nui (ou Ilha de Páscoa), território chileno no meio do Oceano Pacífico
O grande mistério sobre a Ilha de Pascoa não está na produção dos Moais. Isso, podemos ver com os nossos olhos. Existe dezenas deles ainda em produção, como se estivessem colados ou presos à montanha. É uma visão surreal. Era mesmo uma fábrica, com linha de produção e tudo, Moais de todos os tamanhos para todos os bolsos. Há também aqueles que já foram produzidos e retirados da rocha. Estão ali em frente, expostos, calados, ainda esperando um comprador para levá-los ao seu lugar final, para que possam ser “santificados”.
Moais ainda em processo de "produção", nas pedreiras de Rano Raraku, em Rapa Nui (ou Ilha de Páscoa), território chileno no meio do Oceano Pacífico
Moais ainda em processo de "produção", nas pedreiras de Rano Raraku, em Rapa Nui (ou Ilha de Páscoa), território chileno no meio do Oceano Pacífico
O grande mistério está em como essas estátuas gigantescas eram transportadas, algumas vezes por mais de 20 km, até seu sítio final. Sem tratores, guindastes, caminhões e mesmo animais de tração, como efetuar tal tarefa? As mais variadas teorias já foram apresentadas e esse mistério é um prato cheio para aqueles que acreditam na “ajuda” de discos voadores e extraterrestres. Muito provavelmente, não é preciso ir tão longe para explicar isso. Basta ver que toda a floresta original da ilha desapareceu depois que os polinésios aí chegaram e começaram a produzir e transportar seus Moais. Árvores e mais árvores foram consumidas para servirem de “rodas” para estas estátuas gigantes, num processo semelhante ao de pescadores que puxam seus barcos para o alto das praias. Só que nem sempre dava certo. Vários Moais se quebravam durante o transporte e eram simplesmente abandonados ali, já que deixavam de ter valor. Estão lá até hoje, testemunhos de algo que não deu certo. Mais fácil explicar esse acidentes por troncos que se partiam do que por discos voadores sem gasolina
Antigos Moais em Rano Raraku, a fábrica de Moais, parcialmente cobertos pelo tempo. Ainda estavam a venda quando a civilização se perdeu (em Rapa Nui (ou Ilha de Páscoa), território chileno no meio do Oceano Pacífico)
Enfim, era mais ou menos assim. A ilha estava dividida entre vários clãs, ou tribos. Cada uma se especializava em alguma atividade, como pesca, criação de galinhas, produção de Moais ou de pukaos. Mas todos precisavam de todos esses produtos. A moeda corrente era a troca: algumas centenas de quilos de peixe por outras centenas de quilos de frango. Alguns pukaos por um Moai de tamanho médio. Um Moai gigante por algumas dezenas de troncos de madeira e assim por diante. A fábrica de Moais com sua linha de produção e sua “sala de exposição” é o melhor exemplo desse antigo mercado.
Visitando Rano Raraku, onde eram produzidos os Moais que se espalham por Rapa Nui (ou Ilha de Páscoa), território chileno no meio do Oceano Pacífico
O outro mistério é: como tudo isso parou? A visita à fábrica de Moais mostra que não foi algo lento. Não, Moais estavam sendo produzidos, em diversos estágios de produção e, de repente, tudo parece ter parado. Algo trágico que, de um dia para o outro, mudou a vida na Ilha de Pascoa. Vou deixar esse interessante mistério para o próximo post, pois ainda quero falar de outras coisas que vimos por aí.
Hoje, as árvores voltam a crescer em Rapa Nui (ou Ilha de Páscoa), como essa no topo do vulcão Rano Raraku
Logo depois de visitarmos a fábrica de Moais, subimos a encosta do pequeno vulcão onde ela está localizada. Lá em cima, na antiga cratera, há um lago, um dos dois que existe na ilha. A paisagem é linda e bucólica. Ainda mais com tantos cavalos do outro lado do lago. Cavalos? Pois é, existe uma super população de cavalos vivendo livres na ilha. Bom para eles, péssimo para a vegetação e ruínas, constantemente pisoteadas. É claro que as mais famosas são protegidas, mas a grande maioria não é. Os cavalos foram trazidos para Rapa Nui já no séc. XX. Alguns fugiram e encontraram o paraíso. São lindos de se ver, mas algum dia, as autoridades terão de lidar com isso...
O lago na cretera de Rano raraku, um dos vulcões de Rapa Nui (ou Ilha de Páscoa), território chileno no meio do Oceano Pacífico
Cavalos selvagens na beira do lago na cratera de Rano Raraku, em Rapa Nui (ou Ilha de Páscoa), território chileno no meio do Oceano Pacífico
Outra coisa que vemos perfeitamente lá de cima é o principal cartão postal da Ilha de Páscoa, o conjunto de Moais conhecido como Ahu Tongariki. Os quinze Moais restaurados pelo governo japonês na década de 90 seriam a próxima parada em nosso tour ao redor da ilha.
Os famosos Moais de tongariki, vistos de Rano Raraku, em Rapa Nui (ou Ilha de Páscoa), território chileno no meio do Oceano Pacífico
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