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Glee (28/04)
Admirando a surpreendente Cascata do Rio Celeste, no Parque Nacional Tenorio, no norte da Costa Rica
Choveu boa parte da noite e o dia amanheceu com mais água ainda. Bem cedo descemos para o nosso café, com o intuito de chegar no parque quando ele abrisse, às 08:00. A Ana chegou a ficar na dúvida se iria, enfrentar mais uma trilha barrenta, a chuva e, ao final, só encontrar um rio cor de barro. Mas resolveu tentar, pelo menos ir até a entrada do parque e perguntar como ficava a cor do rio num dia desses...
Driblando o barro em trilha no Parque Nacional Tenorio, no norte da Costa Rica
No café, lá estavam o caal de suiços e o alemão. O Marcel e a Liz prontos para o parque e o alemão Lutz pronto para ir embora, decepcionado com o tempo. Queria sol. Não adiantou a moça do hotel dizer que aquela chuva não era o bastante para mudar a cor do rio. Ele queria era sol mesmo. Partiu para o litoral.
A primeira visão da Cascata do Rio Celeste, no Parque Nacional Tenorio, no norte da Costa Rica
Os outros, nós e os suiços, fomos para o parque. Eu e a Ana ainda passamos um tempo na portaria, aproveitando do wifi deles para poder postar algo. A simpática Liz, sabendo das dificuldades da Ana com o joelho, deixou com ela seu par de sticks de caminhada. Um anjo em nosso caminho, disse a Ana.
Visitando a maravilhosa Cascata do Rio Celeste, no Parque Nacional Tenorio, no norte da Costa Rica
Enfim, fomos enfrentar a chuva fina e o barro. A trilha é boa parte plana, sempre entre a floresta exuberante. As subidas, dá para tirar de letra. Pouco mais de um quilômetro até a primeira grande atração: a fantástica cachoeira do Rio Celeste. A primeira vez que a vemos é incrível, aquele poço azul no meio do verde da vegetação. Aos poucos, os olhos vão se acostumando com aquela visão de conto de fadas. A gente chega até a borda para se maravilhar com a paisagem. O tempo chuvoso e falta do calor do sol não estimulam muito o banho. Aliás, o banho ali está proibido, infelizmente. E não dá nem para tentar se fazer de bobo. Havia quase uma dezena de operários ali construindo um novo mirante para observação. Tiramos nossas fotos e seguimos...
Uma das lagoas formadas pelo Rio Celeste no Parque Nacional Tenorio, no norte da Costa Rica
A próxima parada é num mirante para o vulcão. Hoje, apenas neblina. Seguimos a trilha, sempre ao lado do rio azul. Passamos por um ponto onde a água parece ferver com tantas borbulhas. Sinal que o vulcão ali perto ainda vive e expele seus gases e químicos. Aliás, é isso que dá a cor ao rio!
Área de borbulhas e fortes odores no Rio Celeste, no Parque Nacional Tenorio, no norte da Costa Rica
Percebemos isso um pouco mais adiante quando chegamo ao encontro de dois rios que formam o Rio Celeste. Um deles vem carregado de cobre e o outro de ácido sulfúrico. O encontro gera uma reação química que precipita o sulfato de cobre, que é o que dá cor ao Rio Celeste. É incrível ver o "azul" aparecer ali, na nossa frente!
O ponto em que, por uma reação química, o rio se torna "celeste" no Parque Nacional Tenorio, no norte da Costa Rica
Mas a trilha ainda não acabou. Seguimos mais um pouco, agora para outro lado, e chegamos aos poços termais. Piscinas de água quente ao lado do rio de águas frias e azuis ali do lado. Fantástico! Parte da água do rio entra nas piscinas naturais também. A água fria e a quente demoram a se misturar e nadar nelas é uma confusão tátil. "Manchas" de água fria e quente atravessam nosso corpo. Os braços em água quente, as pernas em água gelada. E vice-versa! Muito legal!!! Fora a paisagem que nos rodeia, a mata punjante de vida da Costa Rica.
Banho em águas termais ao lado do rio gelado no Parque Nacional Tenorio, no norte da Costa Rica
Depois do banho, acelerados de volta para a entrada do parque. A Ana sempre comos bastões de caminhada, cuidando para não forçar os joelhos. Na entrada, encontramos novamente o Marcel e a Liz e muito lhes agradecemos a ajuda. Eles seguiriam suas explorações do país enquanto eu e a Ana tínhamos um outro destino: a Nicarágua!
1000dias na Cascata do Rio Celeste, no Parque Nacional Tenorio, no norte da Costa Rica
Com o Jorge na fazenda em Ribeirão Preto - SP
Dia de continuar nossa trajetória rumo à Curitiba, onde temos tantas coisas para resolver antes se iniciarmos de vez nossa etapa internacional da viagem. Mas a etapa planejada para hoje foi bem tranquila: seguir para a vizinha São Carlos, para um pit-stop na casa da minha irmã e família.
Despedida da Rita e da Ivone, na casa em Ribeirão Preto - SP
No caminho, bastante tempo para ficar na sempre deliciosa fazenda da família, onde já passamos uma vez nessa viagem. Assim, despedimo-nos da Rita e da Ivone, na casa de Ribeirão e, vinte minutos mais tarde, já éramos recepcionados pelo Jorge, Néia e os filhos Maria Júlia e Lucca na fazenda, onde nos ofereceram um almoço.
A fazenda em Ribeirão Preto - SP
Depois, caminhamos um pouco por ali, aproveitando a bela tarde para uma sessão de fotos. De volta à casa do jorge, pudemos acompanhar a família se preparando para a festa junina da escola das crianças. Vestuário bem apropriado para uma fazenda, hehehe!
Na fazenda em Ribeirão Preto - SP
Por fim, foi a nossa vez de recepcionarmos a prima Cláudia, que chegava com o marido Betinho e uma numerosa turma de amigos, todos motociclistas que vieram passar o fim de semana na fazenda e já fazer um pequeno ensaio para a viagem que querem fazer para o Atacama, em Setembro.
Caminhando no terreiro de café em Ribeirão Preto - SP
Nova sessão de fotos e de tietagem recíproca, eles impressionados com nossa viagem, nós impressionados com as máquinas que pilotavam.
Prontos para festa junina, na fazenda em Ribeirão Preto - SP
Às seis horas partimos, bem em tempo de chegar às sete em São Carlos para cumprir o compromisso de estarmos na frente do computador para uma conversa pelo Skype com os pais e a irmã, em terras inglesas. Viva a tecnologia, lá estávamos uma boa parte da família reunídos, não em carne e osso, mas em som e imagem, para matarmos um pouco da saudade.
Lucca, pronto para a festa junina, em Ribeirão Preto - SP
Terminada a seção de Skype, a conversa continuou até depois da meia noite, agora apenas com a Lalau e o cunhadão Gêra, acompanhados de bom vinho e de um casal de amigos que chegou mais tarde. Isso tudo sem falar da convivência sempre gostosa dos sobrinhos e campeões de tenis, João e Antônio.
Com a turma de motoqueiros amigos da Cláudia e Betinho, na fazenda em Ribeirão Preto - SP
Enfim, um dia bem gostoso em meio à família para tentar botar um pouco das conversas em dia mas, mais do que isso, manter sempre forte os vínculos que nos unem em sangue e espírito, não importa o quanto o tempo e o espaço teimem em nos separar.
Com a Cláudia e Betinho na fazenda em Ribeirão Preto - SP
O Mercado Municipal de Aracaju - SE
Há muito queria conhecer Aracaju. Primeiro por ser ela uma das capitais, junto com João Pessoa e Teresina, menos visitadas do Nordeste. Isso para mim é ponto positivo. Afinal, é menos afetada pelo turismo e deve ser mais autêntica. Estive em João Pessoa (há dez anos) e adorei. Sempre achei que sentiria o mesmo com a capital sergipana. Segundo porque todas as pessoas que conheço que estiveram aqui gostaram e recomendaram. Então, finalmente, chegou o dia.
Catedral de Aracaju - SE
Aracaju, e na verdade todo o estado de Sergipe, não é conhecida pelas suas praias. Também, é difícil competir neste quesito com Alagoas ao norte e Bahia ao sul. Aqui na capital a cor do mar é muito influenciada pelo rio Sergipe, então é algo entre o cinza e o marrom. Em compensação, a orla da cidade é super organizada e urbanizada. Toda cheia de praças, restaurantes, praças de esportes, casas de show, áreas de lazer e até lagoas. Nesta região, distante uns 8 km do centro, estão a maioria dos hotéis e baladas da cidade. Como Aracaju ainda é pequena, comparada com outras capitais, o trânsito não é pesado e é fácil e rápido transitar por suas avenidas.
A enorme ponte que cruza o rio Sergipe, em Aracaju - SE
Nós optamos por ficar no centro mesmo. Assim, pudemos passear à pé pela região central e usar a Fiona para ir até a Orla. Numa manhã de domingo, ressaca de natal, o centro estava completamente vazio. Passamos pelos prédios dos poderes executivo e legislativo, pela catedral e chegamos à Ponte do Imperador, um pier que se projeta sobre o rio Sergipe. De lá, uma bela vista para a ponte que liga o continente à Barra dos Coqueiros. Uma obra e tanto!
Passeando no Mercado Municipal de Aracaju - SE
Mas, o mais interessante deste passeio à pé foi a visita ao Mercado Municipal. Arquitetura interessante e um dos mais bem conservados do país, reminiscente das primeiras décadas do século passado. Foi o único lugar que encontramos movimento nesta manhã de domingo. Como já disse em um outro post, Mercados Municipais são sempre um dos melhores lugares a serem visitados. Aracaju não fugiu à regra.
Propaganda da organizada e desenvolvida orla de Aracaju - SE
No fim de tarde, voltando do passeio à cidade de São Cristóvão, fomos conhecer uma das praias da cidade, atravessando a ponte para a Barra dos Coqueiros. Praia enorme, sem muitos atrativos. Aí fomos conhecer a Orla, na região do Atalaia. Ficamos impressionados com a urbanização. De noite, voltamos lá para jantar. Fomos ao Cariri, um dos points mais conhecidos. Banda de forró, muita comida e clima praiano. Muito gostoso.
Bar-restaurante Cariri, na orla de Aracaju - SE
Enfim, um dia bem tranquilo para desacelerar um pouco nosso ritmo. Era o que estávamos precisando! Uma capital a mais na minha "lista", uma lacuna a menos no meu "currículo". Valeu Aracaju!
Admirando o rio Segipe, na Ponte do Imperador, em Aracaju - SE
O lago Titicaca, visto de Copacabana, na Bolívia
Poucos caminhos e fronteiras são tão bem conhecidos dos viajantes da América do Sul como o trecho entre Puno, no Peru, e Copacabana, na Bolívia. São dezenas de milhares de viajantes todos os anos, na rota La Paz- Cusco, ou vice-versa, quase sempre na orla do lago Titicaca, cruzando o altiplano andino a quase 4 mil metros de altitude. As fotos no arco de pedra que marca a passagem entre os dois países já se tornou uma tradição entre viajantes de todo o mundo.
Viajando do Peru para a Bolívia, de Puno (A) para Copacabana (B), já bem próxima da Isla del Sol
Foi assim comigo em 1990 e com a Ana em 2006. E hoje, seria a vez da Fiona! Para tanto, saímos pela manhã de Puno e logo estávamos margeando o Titicaca para o sul. Agora sim, dirigindo mais de cem quilômetros nesse sentido é que temos uma noção do tamanho desse imenso lago. Tamanho e beleza! Dos pontos mais altos, espécies de mirantes naturais, podemos sempre observar as montanhas nevadas dos andes bolivianos, lá do outro lado do lago e sua principal fonte de água.
Viagem entre Puno, no Peru, e Copacabana, na Bolívia, sempre ao lado do lago Titicaca
Viagem entre Puno, no Peru, e Copacabana, na Bolívia, sempre ao lado do lago Titicaca
Nem tão longe assim, aliás, bem pertinho, patos e flamingos se alimentam na parte rasa do lago. São o prenúncio que estamos perto da fronteira, de Copacabana e da parte mais estreita do lago, por onde passaremos com a Fiona para o lado de lá do lago após deixarmos Copacabana em alguns dias, rumo à La Paz.
Flamingos e patos se alimentam no lago Titicaca, na estrada entre Puno, no Peru, e Copacabana, na Bolívia
Chegando à movimentada fronteira Peru-Bolívia, já bem perto de Copacabana
Na famosa fronteira, tiramos as fotos tradicionais e tivemos um rápido processo. Pelo menos, do lado peruano. Já no lado da Bolívia, tivemos que esperar que a Aduana abrisse depois do almoço para, finalmente, continuarmos nossa viagem. Seriam apenas mais uns 15 quilômetros até Copacabana. Estávamos, definitivamente, de volta à Bolívia!
Fronteira Peru-Bolívia, região de Copacabana. Mais uma para a lista da Fiona
Atravessando a fronteira Peru-Bolívia na região de Copacabana
Para mim, Copacabana foi uma surpresa. Está muito maior que a pequena cidade que eu conheci há duas décadas e muito mais movimentada também. Principalmente nessa época do ano, festa da padroeira local e de toda a Bolívia, Nossa Senhora de Copacabana. São muitos peregrinos e festividades e, entre elas, destaca-se a “benção” de carros, uma cerimônia em que um sacerdote faz votos para que o carro fique protegido de acidentes e roubos. Enquanto o carro é abençoado, ele é todo coberto por flores e assim fica por algumas semanas. Lá em Puno, vimos dezenas desses carros abençoados. Os peruanos que vivem na região do Titicaca são muito devotos da Virgem de Copacabana e acorrem em massa para cá, nesses primeiros dias de Agosto. O resultado é uma fronteira movimentada e vagarosa. Felizmente para nós, o maior da festa já tinha passado. Mesmo assim, ainda vimos vários carros sendo abençoados por aqui.
Em busca da imigração boliviana na fronteira Peru-Bolívia, para carimbarmos nossos passaportes
A orla de Copacabana, na Bolívia, na orla do lago Titicaca
Esfomeados, a primeira coisa que fizemos ao chegar na cidade foi achar um bom restaurante. Não é uma tarefa difícil, pois Copacabana vem se tornando uma cidade cada vez mais internacional, muitos gringos vindo morar à beira do Titicaca. Com exceção dessas duas semanas de festa, a cidade continua muito tranquila. Encontramos um italiano, de uma boliviana descendente de italianos casada com um brasileiro de Curitiba. Uma delícia, com direito à uma sobremesa de salame de chocolate, para alegria da Ana
Nosso primeiro e delicioso restaurante em Copacabana, na Bolívia
Salame de chocolate, sobremesa especial em restaurante de Copacabana, na Bolívia
Depois, aí sim, fomos encontrar um hotel com vista para o lago, de onde assistimos um belo entardecer, assim como a lua, estrelas e planetas que vinham atrás do sol. Aproveitamos também para conseguir informações e decidir sobre nosso programa de amanhã. Vamos para a famosa e sagrada Isla del Sol, a maior do Titicaca. Também por ela eu passei batido da outra vez que aqui estive. Mas não a Ana, que fez um belo trekking pela ilha e, pelas suas descrições, já me deixou bastante ansioso para conhecer. Passaremos o dia por lá e voltamos à simpática Copacabana para dormir. No dia seguinte, seguimos viagem, rumo à Tiahuanaco e La Paz.
Carros "batizados" em Copacabana, na Bolívia
Um belo fim de tarde na orla do Titicaca, em Copacabana, na Bolívia
Portón de Campo, principal porta de acesso nas muralhas da antiga Colonia del Sacramento, no sul do Uruguai
Depois de quase três dias explorando a capital uruguaia, estávamos prontos a sair de carro pelas estradas do país, em busca de suas famosas cidades praianas, a leste, mas também do tesouro colonial de Colonia del Sacramento, a oeste. A pequena cidade às margens do Rio da Prata, quase em frente a Buenos Aires, do outro lado do rio, é um dos polos turísticos do Uruguai, perdendo em número de visitantes apenas para a capital e para o resort de Punta del Este. Uma mistura de Ouro Preto e Tiradentes (todas essas cidades prosperaram na mesma época!), Colonia, por sua história e charme, é ponto de visita obrigatório para quem deseja conhecer minimamente o Uruguai e entender um pouco a alma do país.
Com os pais em Colonia del Sacramento, no sul do Uruguai, afmirando o Rio da Prata
Restaurante tradicional em Colonia del Sacramento, no sul do Uruguai
Eu e a Ana já tínhamos passado pela cidade poucos dias atrás, antes de encontrarmos meus pais em Montevideo. Foi uma passagem rápida, uma tarde apenas, com o intuito de já encontrar e reservar um hotel para este fim de semana. Viajando agora com os pais, não queremos ficar nos arriscando a ter de dormir no carro! Colonia del Sacramento é sempre uma cidade muito concorrida, principalmente nos finais de semana. A maioria dos visitantes vem para um day-tour e retornam para a capital, mas há também aqueles que preferem ficar mais tempo e aproveitar a tranquilidade, o charme e boa gastronomia da cidade. Enfim, nós já estávamos garantidos com nosso hotel e foi só chegarmos diretamente até ele no final da manhã, depois das duas horas ou 200 km desde a capital até aqui. Viemos por duas noites e, devidamente instalados bem próximos do centro histórico, logo saímos para caminhar pelas antigas ruas de pedra e mergulharmos na história da cidade onde começou o Uruguai.
Caminhando em Colonia del Sacramento, no sul do Uruguai
Em ladrilhos portugueses, o mapa da antiga Colonia del Sacramento, no sul do Uruguai
Como todos aprendemos em nossas aulas de história no colégio, o mundo foi dividido entre Espanha e Portugal, através do Tratado de Tordesilhas e com a bênção do papa, no final do séc. XV. Os monarcas dos outros países não deram muita bola para esse tratado e o rei da França até declarou: “Mostrem-me o testamento de Adão!”, mas o fato é que, naquela época, Portugal e Espanha eram as grandes potências marítimas da Europa e, ao menos durante o próximo século, realmente dividiram o mundo entre eles. A costa africana, brasileira e indiana para Portugal e a maior parte do Novo Mundo, além do arquipélago das Filipinas, para a Espanha.
Angigo mapa do estuário do rio da Prata, em Colonia del Sacramento, no sul do Uruguai
Caminhando em Colonia del Sacramento, no sul do Uruguai
O problema é que o Tratado de Tordesilhas era muito vago e dava margem a diversas interpretações. Além disso, com a união ibérica entre 1580 e 1640, período em que Portugal e Espanha tinham o mesmo monarca, essa divisão do mundo perdeu o sentido, já que todas as terras pertenciam ao mesmo rei. Quando a união foi desfeita, portugueses haviam avançado, e muito, os antigos limites. O antigo tratado voltou a valer, mas as cláusulas vagas eram usadas pelos dois lados. Por exemplo, ele estabelecia que o limite estaria a 370 léguas a oeste de Cabo Verde, mas Cabo Verde é um arquipélago com várias ilhas. A qual ilha ele se referia? Além disso, o próprio conceito e extensão de “légua” podia ser discutido. Em suma, tinha interpretação para todos os gostos e, ao final, a prática acabou atropelando a teoria e, em muitos casos (o Brasil é a prova disso!), o famoso Tratado de Tordesilhas acabou virando letra morta.
Basílica do santíssimo Sacramento, em Colonia del Sacramento, no sul do Uruguai
Antiga construção portuguesa em Colonia del Sacramento, no sul do Uruguai
Pois bem, voltemos então para a nossa Colonia del Sacramento, localizada no Rio da Prata. Na interpretação mais conservadora do tratado, era território estritamente espanhol. Mas, com a separação das duas nações ibéricas em 1640 e o valor estratégico dessa região, não faltavam teóricos portugueses a defender que a área era, de direito, portuguesa. Soma-se a isso a grande oportunidade econômica que surgira ao final do séc. XVII para estabelecer aí um centro de contrabando e os portugueses não mais titubearam. Em 1680, vindos do Rio de Janeiro, fundaram o povoado de Nova Colonia do Santíssimo Sacramento, às margens do Rio da Prata e bem em frente à já centenária cidade de Buenos Aires, do outro lado do rio, a 50 km de distância.
Placa de rua em Colonia del Sacramento, no sul do Uruguai
Rancho Portugues, uma das mais antigas construções em Colonia del Sacramento, no sul do Uruguai
A “oportunidade econômica” a que me referi foi criada pela própria estupidez das leis espanholas para sua colônias na América do Sul. Com o objetivo de ter um maior controle sobre os fluxos comerciais entre suas colônias americanas e a Europa e assim poder taxá-los, a Espanha decretou que todas as exportações e importações deveriam ser feitas através do porto de Lima, no Peru. Em termos práticos, isso praticamente inviabilizava qualquer empreendimento na área de Buenos Aires. Mesmo estando às margens do Rio da Prata, excelente para a navegação e muito mais perto da Europa do que o Peru, no Pacífico, todo e qualquer produto da região deveria seguir o longo, custoso e demorado caminho por terra até Lima. Para trazer produtos europeus, a mesma coisa. Não poderia haver melhor estímulo para que se tentasse enganar a coroa espanhola e apelar para o contrabando diretamente pelo Oceano Atlântico. É justamente aí que entram os portugueses e sua nova cidade na margem oriental do estuário do Prata. Isentos das leis espanholas, já que eram portugueses, poderiam trazer seus produtos até Colonia. Aí, um rápido contrabando através do Rio da Prata e pronto. Como já havia dito quando passamos em Buenos Aires, a capital argentina só prosperou devido ao contrabando, e a outra ponta desse comércio ilegal era justamente a pequena cidade portuguesa do outro lado do rio.
Entrada de antiga construção em Colonia del Sacramento, no sul do Uruguai
Entrada de casa em Colonia del Sacramento, no sul do Uruguai
Obviamente, as autoridades em Buenos Aires, ao menos as mais “corretas”, não gostaram muito dessa história. Assim, menos de um ano após a fundação da nova colônia portuguesa, uma expedição vinda de Buenos Aires conquistou a nova cidade. Mas as razões econômicas para a sua criação continuavam ali e, conversa daqui, pressão dali, um tratado devolveu a cidade à administração portuguesa. Os dois lados do rio estavam felizes e lucrando com essa situação. Um quarto de século mais tarde, uma guerra de sucessão na Espanha deu a chance para que os legalistas invadissem e conquistassem novamente a cidade portuguesa. Mas com o fim da guerra e nova pressão daqueles que ganhavam dinheiro com a situação, um novo tratado devolveu, mais uma vez, a cidade aos portugueses. Foi a época áurea de Colonia del Sacramento, meio século prosperando com as receitas advindas do contrabando.
Bicicletas, ótima maneira de se locomover em Colonia del Sacramento, no sul do Uruguai
Entrada do Museu Histórico Português, em Colonia del Sacramento, no sul do Uruguai
Finalmente, já na metade do séc. XVIII, a Espanha se convenceu da ineficiência econômica de centralizar todo o comércio de suas colônias americanas em Lima. Foi criado o Vice-reinado do Prata, com sede em Buenos Aires, e a cidade ganhou carta branca para comercializar diretamente com a Europa. Colonia, que já havia perdido sua força política daquele lado do rio, superada por Montevideo, agora perdia sua principal força econômica. Os espanhóis não tardaram a reocupara a cidade, em 1762. Mas o Tratado de Paris, no ano seguinte, resultado da Guerra dos Sete Anos, em que Espanha e França foram derrotadas por Inglaterra, devolveu ainda mais uma vez a cidade a Portugal. Dessa vez, o domínio não durou tanto tempo e os espanhóis voltaram novamente, em 1777.
As antigas muralhas de Colonia del Sacramento, no sul do Uruguai
O principal portão de acesso nas muralas da antiga Colonia del Sacramento, no sul do Uruguai
Em 1811 veio a guerra de independência do Uruguai e Artigas expulsou para sempre os espanhóis, da cidade e do país. Mas o herói uruguaio ganhou, mas não levou. Aproveitando o conflito entre unitaristas e federalistas nas forças argentinas, os portugueses voltaram à carga e reconquistaram o Uruguai e sua antiga Colonia do Sacramento. O ano era 1817 e, cinco anos mais tarde, ao serem expulsos do Brasil independente por Dom Pedro I, nosso país acabou herdando as terras uruguaias, agora com o nome de Província Cisplatina. Mas o país, definitivamente, não queria falar português. Em 1825 estourou uma rebelião e, três anos amis tarde, as forças brasileiras eram expulsas do país e admitiam a derrota. Colonia del Sacramento, agora uma cidade sem grande importância, nunca mais seria invadida. Pelo menos, por forças militares.
Museu dos Azulejos, fechado para almoço. Em Colonia del Sacramento, no sul do Uruguai
Momento de descanso durante passeio por Colonia del Sacramento, no sul do Uruguai
A vida continuou tranquila por lá pelo próximo século, a cidade crescendo e ficando bem maior do que a pequena península onde havia prosperado. Aliás, sua parte histórica foi relegada pelo poder público e ocupada pelo submundo do crime e prostituição, construções centenárias de desfazendo no tempo. Foi apenas na década de 60 que um visionário teve a brilhante ideia de reabilitar a área. Muitas das c0nstruções históricas foram restauradas ou reconstruídas, preferencialmente no mesmo estilo original e com o mesmo material de construção. O investimento deu certo e Colonia foi declarada Patrimônio Cultural Mundial pela Unesco na década de 90. Um estímulo a mais para a nova invasão: de turistas e de infraestrutura pera melhor recebe-los, como hotéis e restaurantes.
Praça no centro histórico de Colonia del Sacramento, no sul do Uruguai
Convidativas mesas de restaurante no centro histórico de Colonia del Sacramento, no sul do Uruguai
Durante este final de semana, nós fomos apenas mais quatro “soldados” dessa nova invasão. Eu a Ana pudemos logo notar o movimento bem maior nas ruas do que aquele que havíamos visto dias antes. Fizemos muito bem em deixar o hotel reservado! Localizado a um quarteirão da antiga muralha da cidade, pudemos fazer todos os nossos passeios a pé. A parte colonial da cidade não é grande, algo com uns dez quarteirões, e bastam poucas horas de caminhada para se percorrer, em ritmo lento, todas as suas charmosas ruas de pedras e praças jardinadas.
Calçada sombreada em Colonia del Sacramento, no sul do Uruguai
Farol de 1857 construído sobre as ruínas ainda mais antigas do convento de São Francisco xavier, em Colonia del Sacramento, no sul do Uruguai
São vários pequenos museus, como o Museu Português, o Museu Espanhol e o Museu do Azulejo. É possível comprar um ingresso que dá direito a entrar em todos eles, visitas curtas e interessantes. Outros pontos de interesse são o farol, com 150 anos de idade e construído sobre as ruínas de um convento da época colonial, as antigas muralhas da cidade e o portão de acesso através dessa antiga muralha e as antigas igrejas da cidade. Mas, sem dúvida nenhuma, o mais interessante é mesmo apenas caminhar nas ruas de pedra, muito tranquilas e bem cuidadas, e sentir a atmosfera de dois ou três séculos atrás.
Visitando antiga construção portuguesa em Colonia del Sacramento, no sul do Uruguai
Museu dos Azulejos, em Colonia del Sacramento, no sul do Uruguai
A vista para o Rio da Prata, principalmente nos finais de tarde, é gloriosa. Melhor ainda se estivermos muito bem instalados em algum dos muitos restaurantes espalhados pelo centro histórico. Alguns mais caros, outros nem tanto, alguns mais chiques e charmosos, outros uma espécie de armadilha para turistas. A questão é saber escolher entre eles, pois há boas opções. Depois de 1000dias de viagem, e ainda mais acompanhados dos meus experientes pais, somos bons nessa arte e não temos do que reclamar. Comemos e bebemos muito bem nesses dois dias na cidade.
Carros antigos, parte do cenário de Colonia del Sacramento, no sul do Uruguai
Uma das igrejas históricas de Colonia del Sacramento, no sul do Uruguai
Com bastante tempo que tínhamos, também tivemos a oportunidade de conhecer a cidade fora dos muros. Aí também há atrações, como as praias e até uma Plaza de Toros. Mas isso é assunto para o próximo post! Isso e um encontro muito especial que tivemos na cidade. Uma dupla de brasileiros apenas começando uma longa viagem pelas Américas, de carro. Pois é, nós terminando, e eles começando. E o encontro foi aqui, em Colonia del Sacramento. Mais um motivo para consideramos essa pequena e charmosa cidade muito especial nesses 1000dias!
Passeando na parte histórica de Colonia del Sacramento, no sul do Uruguai
Aos 5.300 metros de altitude, quase no topo do monte Chacaltaya, onde existia a mais alta pista de esqui do mundo, perto de La Paz, na Bolívia (viagem de Julho de 1990)
Para quem acompanha nossas andanças por esse continente, sabe que quando nós passamos por La Paz, a capital da Bolívia, nós tentamos subir o Chacaltaya. Essa montanha ganhou fama internacional há algumas décadas porque nela se localizava a pista de esqui mais alta do mundo. Há um refúgio construído a 5.300 metros de altitude, quase no topo da montanha, e aí ficavam hospedados os esquiadores que vinham do mundo inteiro. Infelizmente, nos últimos anos, a montanha ganhou fama por outro motivo: um exemplo claro de como as mudanças climáticas estão afetando paisagens que antes eram cartões postais. O gelo e a neve simplesmente sumiram do Chacaltaya e a antiga e famosa pista de esqui é hoje apenas uma lembrança, um fantasma do passado a nos mostrar o que estamos fazendo com o nosso planeta.
A estrada que leva ao monte Chacaltaya, perto de La Paz, na Bolívia (viagem de Julho de 1990)
Início da caminhada até o refúgio no alto do monte Chacaltaya, perto de La Paz, na Bolívia (viagem de Julho de 1990)
Tanto eu como a Ana já havíamos estado no Chacaltaya em anos anteriores. Eu, em Julho de 1990, e ela, no inicio do milênio. Estávamos os dois ansiosos para voltar lá e ver com nossos próprios olhos as mudanças na montanha. Como eu disse no início do post, nós voltamos, mas não conseguimos subir novamente o Chacaltaya. Por um motivo meio estranho, devo admitir. Chegamos ao pé da montanha com a Fiona, mas na hora de fazer a caminhada, pegamos a trilha errada e subimos a montanha ao lado. O posts desta história inusitada estão aqui (1a parte) e aqui (2a parte), em duas partes. A experiência foi ótima, como está relatada nos posts, e pudemos ver muito bem como o gelo e neve sumiram lá de cima. Triste sensação. Mas ficou faltando também aquele gostinho de ter voltado ao cume do Chacaltaya. Como não estivemos lá, resolvi contar a história de quando estive lá, a montanha absolutamente cheia de neve e com esquiadores ao nosso lado. Foi durante meu primeiro mochilão pela América Latina, juntamente com o primo Haroldo e o amigo Marcelo.
O Marcelo descansa na caminhada até o topo do monte Chacaltaya, perto de La Paz, na Bolívia (viagem de Julho de 1990)
Muita neve na região do monte Chacaltaya, perto de La Paz, na Bolívia (viagem de Julho de 1990)
Depois da nossa viagem desde Bauru até a Bolívia e pegando o famigerado Trem da Morte (veja essa história aqui), nós chegamos à La Paz no início da tarde do dia 6 de Julho. Da rodoviária, seguimos a pé para o centro, em busca de um hotel. Mas antes disso, já paramos no Club Andino para inquirir sobre o Chacaltaya. Pela nossa programação apertada, tínhamos apenas 3 noites na cidade e ir ao Chacaltaya era uma prioridade para nós, loucos para ultrapassar a barreira dos 5 mil metros. Até a véspera, estávamos a menos de 1.000 metros de altura, ou seja, não estávamos aclimatados de maneira alguma. Nossa primeira experiência com alta altitude havia sido justamente nesse dia, quando chegamos aos 4 mil metros da periferia de La Paz. Mas ali no centro, já estávamos a 3.600 m. O corpo demora alguns dias para se adaptar a estas alturas e nosso plano era seguir para o Chacaltaya em nosso último dia na capital boliviana. Até lá, já estaríamos muito melhores.
Caminhando na neve para chegar ao topo do monte Chacaltaya, perto de La Paz, na Bolívia (viagem de Julho de 1990)
Muita neve na região do monte Chacaltaya, perto de La Paz, na Bolívia (viagem de Julho de 1990)
Mas planos são planos, realidade é realidade. No Club Andino fomos informados que havia nevado muito no Chacaltaya e que quase ninguém estava indo lá. Não havia excursões programadas para os próximos dias, exceto por uma, de esquiadores suíços. Eles já estavam em La Paz há quase uma semana e loucos para aproveitar essa neve toda na montanha. Partiriam no dia seguinte, bem cedo. Seria nossa única chance. Uma tática quase suicida, ir para cima dos 5 mil metros sem praticamente nenhum tempo de aclimatação, mas não tínhamos escolha. Para piorar, a estrada até o refúgio no topo da montanha estava interrompida pela neve e só se podia chegar de carro até a base do Chacaltaya, a 5 mil metros. Os últimos trezentos teriam de ser feitos caminhando mesmo. Era a oferta que tínhamos, pegar ou largar. Pegamos!
Muita neve na região do monte Chacaltaya, perto de La Paz, na Bolívia (viagem de Julho de 1990)
Lá no alto, o refúgio do monte Chacaltaya, a mais alta pista de esqui do mundo, perto de La Paz, na Bolívia (viagem de Julho de 1990)
No dia seguinte, cedinho, a van do Club Andino passava no nosso hotel para nos buscar. Conosco, iriam três suíços e uma suíça, todos esquiadores. Estavam indo para ficar duas noites lá em cima. Ficaram muito (mau) impressionados quando souberam que nós só tínhamos chegado a La Paz na tarde anterior. A impressão piorou ainda mais quando falamos para eles que nem óculos escuros levávamos. “Indo para o meio da neve a mais de 5 mil metros de altitude, sem aclimatação e sem óculos, assim são os latino-americanos” – devem ter pensado. E o pior é que eles tinham razão...
Naquela época, ainda existia muita neve e gelo no topo do monte Chacaltaya, perto de La Paz, na Bolívia (viagem de Julho de 1990)
O refúgio de apoio da antiga mais alta pista de esqui do mundo, quase no topo do monte Chacaltaya, aos 5.300 metros de altitude, perto de La Paz, na Bolívia (viagem de Julho de 1990)
Uma hora e meia de solavancos mais tarde na rústica estrada e chegamos ao pé da montanha, até um ponto onde o carro realmente não conseguia mais avançar. A neve fresca havia tampado tudo. Para nós, completamente desacostumados com neve, aquilo parecia o paraíso. Mas não podíamos nos excitar muito, pois isso acelera nossa respiração e o ar estava em falta por lá, já um pouco acima dos 5 mil metros. Nós carregávamos apenas um pequeno lanche e máquina fotográfica, enquanto os quatro suíços levavam nas costas grandes mochilas com o equipamento de esqui e suprimentos para os próximos dois dias. Dali para frente, tínhamos mesmo de caminhar. Inicialmente, pela estrada, ou o que aparecia dela por fora da neve. Depois, quando não havia mais vestígios dela, por meio da neve fofa mesmo, que em alguns pontos chegava na altura da nossa cintura. Para quem nunca tinha caminhado na neve, estávamos começando bem...
Com o Haroldo e o Marcelo, em frente ao refúgio da pista de esqui mais alta do mundo, aos 5.300 m de altitude, no monte Chacaltaya, perto de La Paz, na Bolívia (viagem de Julho de 1990)
Naquela época, ainda existia muita neve e gelo no topo do monte Chacaltaya, perto de La Paz, na Bolívia (viagem de Julho de 1990)
A dor de cabeça não demorou a chegar e foi logo combatida com um coquetel de aspirinas e pílulas para o “sorocho” (o mal da altitude). Isso pode ter ajudado contra a dor, momentaneamente, mas nada fez para recuperar o nosso fôlego, que insistíamos em perder depois de apenas alguns passos. Eu saí caminhando na frente, mas antes da metade do caminho, o Haroldo já me ultrapassava com folga. O Marcelo ficou bem para trás, sentindo bastante a altitude, e a simpática suíça com sua enorme mochila resolveu acompanhá-lo. O cansaço foi me pegando cada vez mais forte e, cinco minutos antes de chegar ao refúgio, dois dos suíços também me ultrapassaram. Naquela altura e condições, a minha máquina fotográfica parecia pesar do triplo das enormes mochilas que eles carregavam. Foi um esforço enorme para dar os últimos passos e a dor de cabeça já tinha voltado com força.
Com nossos conhecidos suiços, tentando recuperar as forças dentro do refúgio no alto do monte Chacaltaya, perto de La Paz, na Bolívia. Eles iriam esquiar por lá nos próximos dias (viagem de Julho de 1990)
Entrei no aconchegante refúgio e desabei no sofá. Dali ninguém me tiraria. O Haroldo estava muito melhor e eu ouvi de longe, no meio do meu torpor, os suíços o aconselhando e descer o quanto antes comigo e com o Marcelo, que só chegava agora e reclamava de dores e náuseas. Enquanto isso, a suíça já providenciava um chá de coca para todos nós, especialmente para os latino-americanos. Não sei se foi o chá ou os 10 minutos estatelados no sofá, mas eu comecei a melhorar. Se não me movimentasse muito rápido, até a dor de cabeça melhorava. Foi quando pude sair do refúgio a admirar aquela beleza impressionante ao nosso redor. Víamos La Paz ao longe, lagos congelados no pé da montanha, a pequena trilha que seguia para o topo logo ali e neve, muita neve, para todos os lados.
Com nossos conhecidos suiços, tentando recuperar as forças dentro do refúgio no alto do monte Chacaltaya, perto de La Paz, na Bolívia. Eles iriam esquiar por lá nos próximos dias (viagem de Julho de 1990)
Com o Haroldo e o Marcelo, em frente ao refúgio da pista de esqui mais alta do mundo, aos 5.300 m de altitude, no monte Chacaltaya, perto de La Paz, na Bolívia (viagem de Julho de 1990)
Comparando com o que vi dessa vez, com a Ana, 23 anos depois, parecem lugares ou mundos diferentes. Nesses 1000dias, passamos por muitos lugares onde os efeitos do aquecimento global são visíveis, especialmente nas regiões polares. Mas nunca tínhamos tido um ponto de comparação que nós mesmos tivéssemos registrado. Sempre há fotos antigas desses lugares, mas é completamente diferente quando foram nossos próprios olhos que registraram a mudança. Foi realmente muito triste ver o estado do Chacaltaya que encontramos em 2013...
Naquela época, ainda existia muita neve e gelo no topo do monte Chacaltaya, perto de La Paz, na Bolívia (viagem de Julho de 1990)
Bom, para terminar a nossa história de 1990, o Marcelo também melhorou (só um pouquinho!) a ponto de sair em algumas fotos. Depois, sem escolha, tínhamos de descer rapidamente. Para baixo, todo santo ajuda. Mas ele continuou a vomitar durante a viagem de volta a La Paz. Não havia sido fácil, mas ninguém de nós estava arrependido. Aproveitamos a única chance que tínhamos de chegar ao topo dessa montanha e da mais alta pista de esqui do mundo. Naquela época, isso era apenas uma leve desconfiança, mas agora sabemos com certeza que aquela pista estava fadada a desaparecer. Outro bom motivo para termos estado lá, mesmo nessas duras condições, e ter testemunhado a pista ainda funcionando. Que bela pista de esqui o mundo perdeu...
Aos 5.300 metros de altitude, quase no topo do monte Chacaltaya, onde existia a mais alta pista de esqui do mundo, perto de La Paz, na Bolívia (viagem de Julho de 1990)
P.S Para quem se interessar, os relatos dessa viagem de 1990 que estão no site dos 1000dias são:
1 - A viagem no Trem da Morte
2 - A subida do Chacaltaya, em La Paz (este post!)
3 - A Trilha Inca até Machu Picchu
4 - Viajando pelo rio Amazonas do Peru ao Brasil
Represa no Valle del Elqui, no Chile
Obviamente que o triste episódio do roubo da Fiona mudou nossos planos. Já não mais viajamos nesse sábado, já que tivemos de esperar pelo conserto dos vidros do carro, que só ficaram prontos no meio da tarde. Nesse meio tempo, acabamos descobrindo que nosso amigo Maxi estava aqui na cidade. Maxi é um argentino que viajou com sua esposa pela América de carro, num lindo projeto chamado America Sonrie. Nós os encontramos no México, lá em Playa del Carmen (veja o post aqui). Desde então mantemos algum contato por internet e ontem sua esposa Marianela nos disse que ele estava aqui. Eles moram em San Juan, aqui perto, mas do outro lado doas Andes. Assim como os argentinos do lado oriental do país costumam passar suas férias de verão nas praias brasileiras de Santa Catarina, os argentinos do lado de cá vem ao Chile, já que estão muito mais próximos do Oceano Pacífico que do Atlântico. Na época da economia forte argentina, várias famílias hermanas compraram casas de veraneio em La Serena e a família do Maxi foi uma delas. Justo nesses dias ele veio resolver algumas questões da casa da família por aqui enquanto sua simpática esposa, grávida de sete meses, ficou em casa esperando. E ontem, no meio da tarde, ao descobrir que estávamos em La Serena, tratou de nos botar em contato. Resultado: visitamos o Maxi ontem de noite e tratamos de mudar nossos planos novamente. Pelo menos, dessa vez foi por um bom motivo, hehehe! Combinamos de explorar juntos o Valle del Elqui durante o dia de hoje, domingo, e só viajarmos para o sul no final do dia, depois de deixa-lo novamente em La Serena.
Com o Maxi, vistando a represa no Valle del Elqui, no Chile
Com o Maxi, vistando a represa no Valle del Elqui, no Chile
Todo o norte do Chile é basicamente um grande deserto, espremido entre o mar e os Andes. Aqui e ali, rios que descem dos Andes em direção ao Oceano Pacífico criam vales que atravessam esse deserto, verdadeiros oásis em meio à paisagem árida. Os chilenos aproveitam ao máximo essas áreas verdes, fazendo uso da água e cultivando a terra, principalmente com frutas. São desses vales que saem boa parte das exportações frutíferas chilenas, uvas, pêssegos, melão, maçãs, etc. Um dos mais famosos desses vales verdes é o Valle del Elqui, bem na região de La Serena, um famoso polo turístico nacional. Apesar do pouco tempo, tínhamos de ir lá conhecer, pelo menos para sentir um gostinho. O Maxi sempre passa por lá, pois é esse vale que dá acesso ao Paso Aguas Negras, o caminho mais curto entre La Serena e San Juan, na Argentina e mais uma das belíssimas paisagens sobre os Andes. Mas na sua pressa de chegar à praia, ele e sua família nunca param por lá, então hoje também seria uma boa oportunidade para ele.
Mapa mostrando o Valle del Elqui, próximo a La Serena (norte do Chile), e o Paso Agua Negra, rumo à Argentina
Vista do Valle del Elqui, um oásis verde em meio a paisagem árida do norte do Chile
O Valle del Elqui é uma espécie de “Alto Paraíso” do Chile, atraindo místicos e ufólogos de todo o país. As visões de UFOs são frequentes, assim como a presença das mais variadas seitas e de seguidores da Era de Aquário. Aparentemente, uma estranha energia pulsa por ali. Mas para quem tem os pés no chão, e os olhos no céu, a região também tem seus atrativos. E como! Por ter as condições ideias, atmosfera seca e limpa, o Valle del Elqui possui vários observatórios astronômicos, que atraem renomados pesquisadores internacionais e também turistas, que podem visitá-los nas noites claras para observar Marte, Saturno e estrelas distantes. Infelizmente para nós a semana era de lua cheia, o que não favorece muito esse tipo de observação. Os UFOs também, parece, preferem a lua nova...
Gabriela Mistral, grande dama da literatura mundial, prêmio Nobel em 1945
Para quem prefere o campo das artes ao da magia e dos céus, o Valle del Elqui também tem seus encantos. Afinal, aí nasceu e cresceu Lucila Gogoy Alcayaga, mais conhecida pelo seu pseudônimo Gabriela Mistral. Essa valente senhora foi a primeira pessoa da América Latina a ganhar um prêmio Nobel de Literatura, em 1945. Até hoje, ainda é a única mulher latino-americana a ter sido agraciada com esse prêmio. Foi, inclusive, professora de Pablo Neruda, o outro chileno a ganhar o Nobel (além deles dois, ganharam o Nobel de literatura o colombiano Gabriel Garcia Marques, o peruano Mario Vargas Llosa e um guatemalteco. Brasileiro, chegamos perto com Drummond e olhe lá...). Como tantos outros grandes escritores da região, ela também trabalhou no serviço diplomático, viveu em vários países europeus e teve até uma temporada na nossa Petrópolis. Enfim, para os amantes da boa literatura, são vários os museus homenageando Gabriela espalhados pelas cidades da região.
Visitando a destilaria capel, no Valle del Elqui, no Chile
Destilaria Capel, grande produtora de Pisco, no Valle del Elqui, no Chile
Falando nas cidades, a principal delas é Vicuña e foi para lá que seguimos. No caminho, passamos por uma grande represa, lugar ideal para a prática de windsurfe e kitesurf, um dos programas prediletos da vasta comunidade de mochileiros internacionais que visitam a região. Além desses esportes, também são oferecidos passeios de bicicleta, a cavalo e trekkings que exploram cachoeiras, rios e outras belezas naturais do vale. Nós, que tínhamos apenas o dia de hoje para ver o Elqui, pois estamos com tempo contado até nosso voo para a Ilha de Páscoa, deixamos toda essa programação de lado e seguimos diretamente para Vicuña. Não por causa de sua simpática arquitetura, mas por uma pisqueria instalada nos seus arredores.
Destilaria Capel, grande produtora de Pisco, no Valle del Elqui, no Chile
Destilaria Capel, grande produtora de Pisco, no Valle del Elqui, no Chile
Pois é, essa é mais uma das inúmeras atrações dessa região: o Valle del Elqui é a principal região produtora de pisco, a bebida nacional do Chile. Essa forte bebida, fruto da destilação de vinho, tem teores alcoólicos regulados por lei entre 40% e 50%. Nós fomos à destilaria da Capel, uma cooperativa de pequenos produtores independentes que luta para concorrer com o império econômico da Mistral, a principal exportadora de pisco do mundo. Internamente, as duas disputam o mercado palmo a palmo, o menor fôlego financeiro da Capel sendo recompensado pela maior simpatia que uma cooperativa autônoma e tradicional gera entre as pessoas. A Mistral, pertencente a uma das famílias mais ricas do país que fez seu dinheiro no setor de mineração, até tentou comprar a Capel há uma década, quando a cooperativa estava quase quebrada. Mas uma boa campanha publicitária fez com que o governo intervisse e emprestasse dinheiro aos pequenos produtores e hoje, as duas vizinhas concorrem é pé de igualdade. Isso mesmo, são vizinhas, pois a Mistral também tem suas principais destilarias aqui no Valle del Elqui.
Visitando a destilaria capel, no Valle del Elqui, no Chile
Venda de Pisco na destilaria Capel, no Valle del Elqui, no Chile
Nossa visita à destilaria foi muito legal. Não só para aprender como se faz o pisco (primeiro se faz vinho de uma uva branca bem adocicada, a Moscatel, e depois, se destila esse vinho) e depois saborear algumas de suas melhores marcas, mas também para aprender um pouco de sua história. Como sabem muito bem todos os amantes dessa bebida, existe uma disputa internacional entre Peru e Chile sobre onde e como foi inventada o pisco e a quem, legitimamente, pertence essa marca. O pisco é a bebida nacional dos dois países e no Peru tem até uma cidade importante, portuária, que se chama Pisco. Aliás, estudiosos concordam que o nome da bebida deriva do nome do porto, pois era daí que era exportada, já há vários séculos, essa bebida. Ao chegar aos portos europeus com a marcação do seu porto de origem, a bebida acabou ganhando o mesmo nome. Essa bebida exportada era produzida nesses vales verdes que cortam o deserto, então território peruano. Como a parte sul desse país foi conquistada pelos chilenos na Guerra do Pacífico (1879-1883) e hoje é chilena, acabou sendo gerada a confusão: o pisco é chileno ou peruano? É, para mim, não resta dúvida: a origem é peruana. O que não quer dizer que hoje o Chile não produza excelentes piscos! A discussão se estende também ao cocktail mais famoso derivado do pisco, o Pisco Sour. Os peruanos juram que ele foi inventado por um bartender americano radicado em Lima, em 1921. Já os chilenos, dizem que o criador foi um inglês, na cidade de Iquique, em 1872. Hoje, a cidade é chilena, mas naquela época era peruana. Enfim, deixem eles discutindo enquanto a gente se esbalda em Pisco Sour, seja em Lima, seja em Santiago, hehehe.
Um dos muitos parreirais no Valle del Elqui, no Chile
Chegando à restaurante com cozinhas solares, no Valle del Elqui, no Chile
Bom, a degustação de pisco nos deixou com fome! Dirigimos através de vastos parreirais para chegarmos a outra das atrações do Valle del Elqui: seus famosos restaurantes com fogões solares! Em uma região onde faz sol quase todos os dias do ano, nada mais inteligente que aproveitar a força do sol para tudo, inclusive cozinhar alimentos. Chapas de metal reflexivas e convexas concentram todo o calor do sol em apenas um ponto e aí se colocam as panelas ou qualquer coisa que se queira cozinhar. Funciona que é uma beleza! Batatas, ovos, carne, nada resiste ao calor do astro-rei e rapidamente deixam de ser crus a passam a ser apetitosos!
Uso do sol para cozinhae, no Valle del Elqui, no Chile
Uso do sol para cozinhae, no Valle del Elqui, no Chile
Os restaurantes são abertos e com vista para o vale e suas plantações abaixo. É lindo. Uma sombra e a brisa nos mantem frescos enquanto a comida é cozinhada ao sol. Nós resolvemos testar a especialidade da casa: empanadas de chivito (cabrito) e cordeiro. Como dizem por aqui: muy rico!
Com o Maxi, almoçando em restaurante de cozinha solar no Valle del Elqui, no Chile
Empanada de chivo (bode) em restaurante no Valle del Elqui, no Chile
Agora sim, de barriga cheia, felizes e com um bom gostinho do Valle del Elqui, regressamos para La Serena, deixamos nosso amigo Maxi em casa e seguimos para o sul. A despedida foi só um “até breve”, pois ele nos convenceu a passar em San Juan na volta. A viagem para o sul foi longa, mas em uma estrada muito boa. No caminho, muito deserto e um trecho com uma quantidade interminável de moinhos de vento. Já que não se pode cultivar no deserto, os chilenos trataram de aproveitar o vento, que quase nunca para por ali!
Despedida do Maxi em La Serena, no Chile
Produção de energia eólica na estrada entre La Serena e Valparaiso, no Chile
Chegamos ao nosso destino, Valparaíso, já bem de noite. Deu um certo trabalho encontrar hotel, mas no final, conseguimos. Depois do episódio de Totoralillo, uma garagem para a Fiona passou a ser fundamental e foi isso que nos dificultou. Conto no próximo post...
De volta ao Caribe na ilha de San Andrés, na Colômbia
Chegou a hora de voltarmos à América do Sul. Com a Fiona devidamente “empacotada” no porto de Colón, faltava a gente fazer o caminho de volta ao nosso querido continente natal. E há muitos caminhos possíveis entre o norte e o sul.
De volta ao caribe, na ilha colombiana de San Andrés
Para quem está dirigindo por toda a América, o caminho “natural” seria dirigir entre Panamá e Colômbia. Seria... se houvesse estradas. Mas não há, o único trecho da rodovia pan-americana que nunca foi construído. Sorte do Darién, o nome dado ao trecho pantanoso e cheio de florestas que está entre os dois países, um dos terrenos mais virgens e inacessíveis do nosso continente. Já escrevi bastante sobre isso quando passamos por aqui na subida e quem quiser ver os detalhes, o link do post está aqui.
San Andrés, ilha colombiana no Caribe
Enfim, já que não podemos atravessar com o carro, quais os outros caminhos? O mais comum entre os viajantes do continente é seguir de veleiro entre os dois países, passando pelo arquipélago paradisíaco de San Blás. Foi nossa escolha na vinda e não queríamos repetir a mesma rota. Para quem quiser ver os detalhes dessa bela viagem, o link do post está aqui.
Alegria de voltar ao caribe, na ilha de San Andrés, na Colômbia
Outra rota é a mais sem graça de todas: simplesmente, um voo entre Cidade do Panamá e Cartagena. A gente vê tudo lá de cima durante uma hora e pronto. Essa era nossa última opção, aquela que fomos obrigados a comprar no aeroporto de Santo Domingo e que tínhamos como um Az na manga.
Visual totalmente caribenho na ilha de San Andrés, na Colômbia
A nossa rota preferida era outra. É possível voar num pequeno avião até a fronteira dos dois países, uma região conhecida como Zapzurro. Ali, atravessamos essa mitológica fronteira entre dois países e dois continentes a pé, ao lado do Mar do Caribe e, em seguida, com uma combinação de lanchas e ônibus, seguimos até Cartagena. Realmente, era meu sonho de consumo: tirar uma foto com um pé na América do Sul e outro na América do Norte, passar pela tal ponte natural formada há 3 milhões de anos, por onde passaram os animais que tentavam colonizar o continente vizinho, assunto de que tratei no post anterior.
Tranquilidade em San Andrés, ilha colombiana no Caribe
Mas, infelizmente, já não conseguimos passagens nesse voo. Ele é feito com um avião pequeno, apenas três vezes por semana. As passagens se esgotam rapidamente. E não pudemos comprar antecipadamente porque ainda não tínhamos certeza que o embarque da Fiona daria certo. Como, aliás, não deu! Atrasou em uma semana. Com isso, teríamos perdido nossas passagens, como perderam os suíços que dividiram o contêiner conosco. Eles também iriam para Zapzurro e compraram as passagens com antecipação. Perderam o voo por causa do atraso no embarque do carro e agora, procuram um plano B. Irão por San Blás.
Vendedora de goiabada em San Andrés, ilha colombiana no Caribe
Nós até nos informamos sobre como chegar à Zapzurro sem o avião. Depois de três horas num 4x4, seriam sete horas numa lancha pequena, sem agenda fixa e que enfrenta mares revoltos. A descrição dos rigores dessa viagem na internet nos fez desistir de cruzar essa fronteira secreta. Mais um item para a lista de tudo o que NÃO fizemos e gostaríamos de ter feito nesses 1000dias...
Deliciosa refeição de rua em San Andrés, ilha colombiana no Caribe: Peixe, arroz de coco e patacones
Mas nós também tínhamos um Plano B bem atraente! Era voar para Cartagena, mas não diretamente. Faríamos uma escala de alguns dias nas ilhas de San Andrés e Providencia, em pleno Caribe! Pois é, logo após nos despedirmos do Caribe na República Dominicana e tentarmos imaginar quanto tempo passaria até voltarmos à região, eis que o destino nos “prega uma peça” e antecipa todas as nossas previsões mais otimistas!
Viajando do Panamá (A) para San Andrés (B), que apesar de estar no Caribe e em frente à Nicarágua, pertence à Colômbia (C) e, portanto, é América do Sul!
Essas ilhas são uma espécie de “aberração geográfica” no mapa político do continente. Elas estão ao lado da Nicarágua, que é um país da América central, têm uma aparência totalmente caribenha, mas pertencem à Colômbia, um país da América do Sul. Para complicar ainda mais, sua colonização foi inglesa, como foi o de boa parte da costa caribenha da América Central.
O dia nasce no cais de San Andrés, ilha colombiana no Caribe
A princípio, ela era usada como base por piratas para atacarem os galeões espanhóis que voltavam para a Europa com as riquezas do Novo Mundo. Depois, vieram os colonizadores de fato, ingleses também. Os espanhóis não gostaram da história e invadiram a ilha para despejar seus habitantes. Mas eles sempre retornavam, assim que os espanhóis se retiravam das ilhas. Por várias vezes isso aconteceu até que, em um tratado no final do séc. XVIII, os ingleses reconheceram a soberania espanhola, em troca do direito dos insistentes moradores de continuarem por lá.
Sala de embarque em San Andrés para quem viaja para Providencia, ilhas colombianas no Caribe
Algumas décadas mais tarde e as guerras de independência alteraram o mapa político da região. Colômbia e Panamá formavam um só país e as ilhas, não tão longe dali, se uniram à nova nação. Já no final do séc. XIX, quando a Colômbia rejeitou a pressão americana para a construção do Canal no istmo, os americanos “ajudaram” os panamenhos a ganharem sua própria independência (e ceder a área do Canal para eles, claro!). Mas as ilhas de San Andrés e Providencia, ainda sem grande valor econômico e estratégico, essas permaneceram com a Colômbia.
Sala de embarque em San Andrés para quem viaja para Providencia, ilhas colombianas no Caribe
Isso explica a situação atual, essas ilhas tão distantes, mas pertencentes à nação sulamericana. Mas agora que razões econômicas começam a aparecer, sua posse está sendo contestada. Um grande veio de petróleo foi descoberto em suas imediações e a Nicarágua quer fazer valer o direito da proximidade. Além disso, como o sonho de construir um canal ligando os dois oceanos através desse país continua existindo, as águas territoriais na costa caribenha passam a ser de grande importância. A Nicarágua levou sua demanda aos tribunais internacionais e, no ano passado, veio o resultado, um tanto quanto esdrúxulo: a posse das ilhas e cayos que as circundam é colombiana, mas o mar é da Nicarágua. Com isso, os moradores de alguns dos cayos mais distantes nem mais podem sair para pescar... Os dois países reclamam da decisão e o processo promete se arrastar por mais algum tempo...
Cayo Cangrejo, pequena ilha ao lado de Providencia, no caribe colombiano
Alheios a tudo isso, voamos para San Andrés, a mais desenvolvida das ilhas. A ilha já está praticamente toda urbanizada, mas as praias continuam lindas, aquela cor que hipnotiza nossos olhos. Mas queríamos mesmo era ir para Providencia, a ilha aonde o desenvolvimento ainda não chegou e vive-se como se vivia há cinquenta anos. Um barco liga as duas ilhas, cobrindo os 90 quilômetros que as separam em cerca de 3 horas na ida e duas na volta. Isso porque, para ir para Providencia, navegamos contra as ondas e a viagem é um terror para aqueles que enjoam no mar. Na volta, a gente vem surfando, mamão com açúcar.
O quarto do nosso hotel em Providencia, ilha colombiana no Caribe
Em Providencia, ficamos na pousada do Betito, um figuraça que anda o tempo todo com uma sunga que já deve ter uns 30 anos. Muito simpático, nos deu um quarto com uma vista maravilhosa para o Cayo Cangrejo, um dos pontos onde o mar é mais bonito, dezenas de tons de azul até onde a vista alcança. Amanhã, é dia de exploramos esse paraíso! No outro dia, de tarde, voltamos para San Andrés, para poder ver também aquela ilha com mais calma. É, pensando bem, essa semana de atraso da Fiona não vai ser tão ruim assim...
Praia de Moreré na maré baixa, na Ilha de Boipeba - BA
Muita gente associa civilização, entre outras coisas, ao nível de conhecimento. Isso pode ser verdade para algumas coisas, mas para outras é exatamente o contrário. Quando vivíamos em volta de fogueiras, vivendo da pesca e da caça, sabíamos muito mais coisas do céu e do mar que sabemos hoje. Estou falando do cidadão médio, que vive numa grande cidade e não dos cientistas e do conhecimento acumulado nas enciclopédias, claro!
Barcos visitam as pscinas de maré baixa na praia de Moreré, na Ilha de Boipeba - BA
Quem sempre viveu na cidade nunca viu um céu estrelado, não tem a menor idéia como reconhecer as constelações e jamais saberia se orientar no tempo e no espaço (a não ser que tenha um GPS!), se precisasse. Sabe vagamente que existe algo chamado "maré", mas não tem noção de como e porque ela ocorre, e se isso faz alguma diferença para a vida. Foram conhecimentos báscos que fomos deixando para trás, já que são bem menos importantes para nós do que saber dirigir um carro ou mudar o canal da televsão.
Maré baixa em Moreré, na Ilha de Boipeba - BA
Na nossa viagem dos 1000dias, gostamos de passar nos lugares pequenos, onde as pessoas ainda vivem muito mais próximas do ciclo natural das coisas do que nós, habitantes das grandes e iluminadas cidades. Olham para o céu com sabedoria, sabendo a época do ano em que estamos, e para onde ficam norte e sul, se é época de plantar ou de colher. Olham para o mar com sabedoria também, sabendo se é época de maré grande ou pequena, de sardinha ou de caranguejo, de mar bravo ou calmo.
Maré baixa, próximo aos recifes de Moreré, na Ilha de Boipeba - BA
Hoje de noite passei mais de uma hora conversando com um pescador. Eu perguntando, na minha eterna e faminta curiosidade, e ele respondendo. Deu-me uma verdadeira aula sobre a natureza local, mangues e marés, caranguejos e trilhas, mudanças no tempo e na paisagem. Algo que dificilmente eu aprenderia de forma tão clara em algum livro. Conhecimentos adquiridos de forma prática transmitidos por um sábio naquilo e daquilo que vive. Enfim, um espetáculo de aula, de conversa, de simplicidade e de praticidade.
Caminhando de Moreré para a praia de Cueira, na maré baixa, na Ilha de Boipeba - BA
Aqui no Moreré as marés falam mais alto. A cara da vila e redondezas mudam completamente da maré alta para a baixa. O mar recua uns quinhentos metros, deixando esposta uma longa planície de areia. Os pescadores aproveitam para a pesca de polvos e lagostas, presos entre os recifes expostos. Esse ciclo é acentuado nas grandes marés, de lua cheia e lua nova. Assim, todo mês há duas grandes marés e eles fazem a festa. Ao longo do ano, essas grandes marés também se alteram. No verão, são ainda maiores. Aí, é a época de se refestelar nos caranguejos e parentes próximos do mangue. Esses pequenos seres ficam encantados pela lua, saem perdidos por aí, se expondo para garças e pescadores.
Trilha em coqueiral entre a Cueira e Moreré, na Ilha de Boipeba - BA
As grandes marés se dão quando Sol, Terra e Lua estão alinhados. As gravidades da Lua e do Sol se unem para "ovalar" a Terra, ou a parte líquida dela (o mar). A face voltada para os astros e também a face oposta ficam mais gordas, com mais água, enquanto as outras duas faces "perdem" água. Como a Terra gira, a face voltada para os astros também vai mudando. Com isso, as marés vão "andando" pelo planeta afora, carregando consigo trilhões de litros d'água. Isso fica bem claro para nós na entrada de baías onde o estreitamento do canal de entrada vira um rio caudaloso, correndo para dentro ou para fora conforme a maré. Ao longo do ano, conforme o eixo da Terra se inclina para lá ou para cá, mudando as estações, isso também afeta as marés, ficando maiores ou menores.
Cruzando o rio para a praia de Cueira, na Ilha de Boipeba - BA
Isso tudo o pescador sabe na prática. Pois é esse ciclo que comanda a sua vida. E comanda também, pelo menos temporariamente, a vida minha e da Ana. Dependemos dele para saber a hora de ir e voltar pelas praias. Na maré alta, o rio fica maior e não podemos cruzá-lo. Na maré baixa, podemos caminha pela areia da praia, e não pela trilha que contorna a montanha. Na maré baixa, pode-se jogar futebol. Na maré alta, talvez o polo aquático...
Campo de futebol na maré baixa, em Moreré, na Ilha de Boipeba - BA
Campo de futebol na maré cheia, em Moreré, na Ilha de Boipeba - BA
Com os sobrinhos Antonio e Bebel no Beach Park, em Fortaleza, capital do Ceará
Há três anos, em janeiro de 2011, nós viajávamos pelo Ceará, já dentro do projeto 1000dias. Aliás, naquela época, estávamos impressionados com o quão longe a Fiona já tinha nos levado, hehehe. Hoje, para nós, o Ceará é quase como se fosse a esquina de casa! Enfim, passamos mais de duas semanas de explorações nesse estado maravilhoso, da capital ao interior, do litoral ao sertão, do calor das praias ao frescor das serras.
Sem o GPS da Fiona, foi o mapa do ipad que nos ajudou a dirigir de Fortim, no litoral leste cearense, até o Beach park, na capital Fortaleza
Com a bebel e o Antonio, chegando ao Beach Park, em Fortaleza, capital do Ceará
Entre tantos lugares visitados, um deles foi o Beach Park, na região metropolitana de Fortaleza. Foram horas e horas descendo e se divertindo em seus escorregadores (veja o post aqui) num dia nublado e sem muita concorrência no parque. Um dia para voltar a ser criança e realizar um sonho de muito tempo, desde quando essas parques aquáticos nem existiam no Brasil.
O sempre movimentado Beach Park, em Fortaleza, capital do Ceará
O sempre movimentado Beach Park, em Fortaleza, capital do Ceará
O Beach Park é hoje o maior desses parques aquáticos em toda a América Latina. Além das piscinas e tobogãs, também tem hotéis, restaurantes, lojas e uma grande área de praia. Apenas em seus tobogãs, são quase 1 milhão de visitantes por ano, capacidade de receber 8 mil turistas em um único dia. Mas ele começou bem menorzinho! Em 1985, era apenas um restaurante na beira da praia. O primeiro brinquedo aquático foi criado em 1988 e o parque aquático, inaugurado com três toboáguas no ano seguinte. E aí, de atração em atração, de hotel em hotel, ele acabou se transformando nessa máquina de fazer dinheiro que conhecemos hoje.
Com os sobrinhos Antonio e Bebel no Beach Park, em Fortaleza, capital do Ceará
A Bebel em brinquedo do Beach Park, em Fortaleza, capital do Ceará
Pois bem, estamos passando essa semana em Fortim, litoral leste do estado, numa grande reunião familiar. Meus sobrinhos mais jovens, a Bebel e o Antonio, ambos com 14 anos, queriam muito conhecer o famoso parque aquático. Desde que a família decidiu que o encontro seria no Ceará, eles vem fazendo planos para se divertir nos tobogãs gigantes. Só faltava alguém para levá-los até lá. Eu e a Ana, os tios relapsos que passaram os últimos quatro anos longe da família, nos candidatamos para a tarefa. Assim, enquanto “tomássemos conta” deles, também teríamos nossa chance de voltar a ter 14 anos! Estávamos de volta à máquina do tempo!
O Antonio desce acelerado um dos grandes escorregadores do Beach Park, em Fortaleza, capital do Ceará
Essa nuvem de água é a chegada do Antonio depois de descer um dos escorregadores do Beach Park, em Fortaleza, capital do Ceará
Assim, a bordo de um dos carros alugados pela família para ir de Fortaleza até o hotel em Fortim, tomamos o sentido inverso, agora em direção à capital. Resolvemos sentir ao menos o gostinho desses viajantes que saem por aí dirigindo seus carros até outros países em companhia de seus filhos. No nosso caso, sobrinhos! Já entrando no clima e voltando a ser adolescente, passei quase toda a viagem de carro atazanando eles, fazendo terrorismo de que o parque estaria fechado por causa da chuva. Realmente, São Pedro tinha mandado nuvens bem carregadas o perigo de chuva era real, o que colaborava com minhas ameaças.
São e salvo depois de mais uma descida nos escorregadores do Beach Park, em Fortaleza, capital do Ceará
Chegando perto do parque, não vimos nenhum movimento em seus brinquedos. Os dois realmente começaram a temer pelo programa. Mas a explicação para a falta de movimento não era a ameaça de chuva, mas o horário. Chegamos ali justamente na hora de abertura do parque, ao meio-dia. Bastaram alguns minutos para todos as atrações ganharem vida. Na verdade, a ameaça de chuva foi até positiva para nós. Exatamente como há três anos, o tempo nublado nos proporcionou um parque um pouco mais vazio e com menos filas, dando mais tempo para que a gente curtisse as atrações.
A Bebel desce acelerada um dos grandes escorregadores do Beach Park, em Fortaleza, capital do Ceará
Sã e salva depois de mais uma descida nos escorregadores do Beach Park, em Fortaleza, capital do Ceará
Já que o terrorismo da chuva e do parque fechado tinha perdido a sua credibilidade, passei a investir na ideia de que eles não teriam coragem de descer o “Insano”, o mais alto e famoso tobogã do Beach Park. Com 41 metros de altura, o equivalente a um prédio de 14 andares, esse brinquedo não é mesmo para qualquer um. Ao menos o coração deve estar em ordem! A gente literalmente despenca lá de cima, atinge velocidades acima dos 100 km/h, percorre os 41 metros de altura em apenas 5 segundos e se esbolacha na piscina lá embaixo.
Preparando-se para descer de boia com o Antonio mais um dos escorregadores do Beach Park, em Fortaleza, capital do Ceará
Preparando-se para descer de boia com o Antonio mais um dos escorregadores do Beach Park, em Fortaleza, capital do Ceará
É claro que eles não deixariam de ir no Insano. Sentia um certo nervosismo e tensão nos tons de voz, mas o medo não os impediria. Ao contrário, seria um estimulante a mais! De qualquer maneira, a gente resolveu “esquentar” nos tobogãs menores e outras atrações do parque. Aliás, houve uma renovação desde que estivemos aqui em 2011 e a nova atração do parque é um brinquedo chamado Arrepius. Nós subimos em uma torre com quase 30 metros de altura e lá entramos em uma espécie de cápsula com portas de vidro, para que possam nos ver do lado de fora. Aí começa uma tensa contagem regressiva, como se um foguete fosse ser lançado. Mas quando ela chega no zero e as sirenes disparam, ao invés de nós decolarmos, o chão simplesmente se abre sob nossos pés e nós caímos em queda livre. O coração vem na boca quando não sentimos mais nossos pés e nossos rostos não escondem o enorme susto, para delírio de quem nos assiste. Depois de uns poucos metros de queda, chegamos a um tobogã e por ele seguimos até a piscina lá embaixo. Muito legal!!!
O mar visto do alto de um dos escorregadores do Beach Park, em Fortaleza, capital do Ceará
Com os sobrinhos Antônio e Bebel, no alto de um dos escorregadores do Beach Park, em Fortaleza, capital do Ceará
Além desse, a gente também se divertiu muito no Ramubrinká, um tobogã em curvas e túneis em que descemos em boias duplas e quádruplas. Não é muito veloz, mas tem a graça de estarmos juntos e podermos fazer bagunça ao mesmo tempo. Quando queríamos competição, descíamos em um escorregador mais largo, onde várias pessoas descem ao mesmo tempo e apostam corrida para ver quem chega em primeiro lugar.
O temido Insano, o mais alto escorregador do Beach Park, em Fortaleza, capital do Ceará
O Antonio "despenca" pelo Insano, o maior escorregador do Beach Park, em Fortaleza, capital do Ceará
Mas a maior atração continua mesmo sendo o Insano. Depois de algumas escorregadas nas outras atrações, não teve mais como segurar e fomos todos à torre do Insano. Subir até o alto já dá tanto trabalho que, depois de um esforço desses, não descer pelo tobogã deixa de ser uma alternativa. Quando muito, podemos passar um tempo lá em cima aproveitando a bela vista da região, enquanto recuperamos o ar nos pulmões e ganhamos coragem. Quando chega a vez delas na fila, muita gente resolve deixar as pessoas que vem atrás passarem na frente. Alguns ficam lá por meia hora, só se concentrando. É uma questão de vida ou morte para eles, pois se não descerem, vão aguentar gozações dos amigos pelo resto da vida. Esse não foi o nosso caso, claro, por mais que eu tentasse instigar o medo neles. Que nada! Chegou a vez de cada um, muito sérios e compenetrados foram para o ponto de lançamento e se jogaram no abismo, deixando o tiozão muito orgulhoso dos sobrinhos!
A bebel enfrenta sem medo o Insano, o mais alto escorregador do Beach Park, em Fortaleza, capital do Ceará
Ainda vivos, depois de passar pelo Insano, o mais alto escorregador do Beach Park, em Fortaleza, capital do Ceará
Depois da primeira vez, o medo quase sumiu e muitas outras descidas se seguiram. O rosto tenso no momento da partida agora era um sorriso de orelha à orelha. O tio mesmo só foi duas vezes. A experiência de três anos atrás me ensinou que, mais tarde, as dores nas costas cobram o seu preço. Então, melhor não abusar!
Com os sobrinhos Bebel e Antonio, depois de mais uma escorregada no famoso Insano, no Beach Park, em Fortaleza, capital do Ceará
E assim foi nosso retorno ao Beach Park. Em 2011, teve o charme da primeira vez. Mas agora, teve a companhia e a graça dos sobrinhos, alegria compartilhada entre quatro pessoas e não mais apenas duas. Teve o orgulho de tio e teve o deleite do brinquedo novo, aquele do piso que se abre sob nossos pés. E teve também o prazer de compartilhar um pedacinho dos 1000dias com essas duas figuras, Bebel e Antonio. Nem preciso ser mais explícito, então, para dizer qual das duas vezes gostei mais. Ou preciso?
Com os sobrinhos Antônio e Bebel, no alto de um dos escorregadores do Beach Park, em Fortaleza, capital do Ceará
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