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Finalmente, Morretes, Marumbi e o Barreado

Brasil, Paraná, Morretes

Fim de tarde na charmosa Morretes, próximo ao litoral do Paraná

Fim de tarde na charmosa Morretes, próximo ao litoral do Paraná


Morretes era para ter sido o primeiro destino da expedição 1000dias, lá no dia 27 de Março de 2010, há mais de quatro anos! Era, mas não foi! A história está bem explicada nos primeiros dois posts publicados no site, aqui e<[a href="http://www.1000dias.com/rodrigo/o-primeiro-destino/">aqui. Viríamos de trem e até já tínhamos comprado as passagens com bastante antecedência para garantir nossos lugares nessa viagem sempre tão concorrida. Mas não conseguimos fazer tudo o que devíamos para deixar Curitiba e acabamos por perder as passagens e adiar o início da viagem por um dia. E Morretes, teve de esperar 4 anos para que, enfim, os 1000dias pudessem passar por aqui…

Passeio em Morretes, cidade histórica próxima ao litoral do Paraná

Passeio em Morretes, cidade histórica próxima ao litoral do Paraná


Rua no centro histórico de Morretes, próximo ao litoral do Paraná

Rua no centro histórico de Morretes, próximo ao litoral do Paraná


A cidade histórica ocupa um lugar estratégico a meio caminho entre o oceano e a Serra do Mar. A região já era ocupada há centenas de anos pelos índios da etnia carijó quando os bandeirantes portugueses começaram a chegar em busca de ouro, em meados do século XVII. Rapidamente, tanto os índios como o metal precioso encontrado foram extintos, ao mesmo tempo que era fundado o povoamento que daria origem a Morretes.

Caminhando nas ruas centrtais de Morretes, próximo ao litoral do Paraná

Caminhando nas ruas centrtais de Morretes, próximo ao litoral do Paraná


Vendo a vida e o rio passarem em Morretes, próximo ao litoral do Paraná

Vendo a vida e o rio passarem em Morretes, próximo ao litoral do Paraná


Sem ouro, a economia passou a se desenvolver baseada no cultivo da erva-mate. A riqueza gerada fez a cidade chegar a rivalizar com o importante porto de Paranaguá. Tanto que, quando foi projetada e construída a estrada de ferro que liga o planalto paranaense ao mar, ela teve de passar por aqui também, antes de seguir até Paranaguá. Essa belíssima ferrovia foi uma das poucas que resistiu ao desmonte da malha ferroviária brasileira e, ainda hoje, é o caminho mais charmoso para quem quer viajar de Curitiba para Morretes.

Mapa da linha de trem entre Curitiba, Morretes e Paranaguá, mostrando também a localização da estação Marumbi(no Paraná - mapa da internet)

Mapa da linha de trem entre Curitiba, Morretes e Paranaguá, mostrando também a localização da estação Marumbi(no Paraná - mapa da internet)


Linha de trem centenária entre Curitiba, Morretes e Paranaguá, cortando a Serra do Mar paranaense (foto da internet)

Linha de trem centenária entre Curitiba, Morretes e Paranaguá, cortando a Serra do Mar paranaense (foto da internet)


Linha de trem centenária entre Curitiba, Morretes e Paranaguá, cortando a Serra do Mar paranaense (foto da internet)

Linha de trem centenária entre Curitiba, Morretes e Paranaguá, cortando a Serra do Mar paranaense (foto da internet)


Era por aí que queríamos ter vindo quatro anos atrás. Mas não diretamente! O trem faz uma parada na chamada “estação Marumbi”. Ali não há vila nem cidade, apenas a entrada do parque que protege uma região da Serra do Mar conhecida como Conjunto Marumbi. É a montanha mais famosa do estado, embora não seja a mais alta. Essa honra cabe ao Pico Paraná, na mesma Serra do Mar, mas um pouco mais ao norte. Nós estivemos lá durante os 1000dias numa memorável caminhada sob a chuva e o post dessa verdadeira aventura está aqui. Voltando ao Marumbi, é uma montanha com diversos picos. O mais alto e famoso deles tem o pomposo nome de Monte Olimpo. É uma homenagem dupla: à montanha grega moradia dos deuses e ao primeiro montanhista a chegar ao seu cume e que tinha, como sobrenome, a palavra Olimpo. Em plena efervescência da construção da ferrovia, em 21 de Agosto de 1879, Joaquim Olimpo de Miranda chegou pela primeira vez ao cume dessa montanha que virou o ícone do montanhismo paranaense.

Chegando à estação de trem Marumbi, entre Curitiba e Morretes, na Serra do Mar paranaense (foto da internet)

Chegando à estação de trem Marumbi, entre Curitiba e Morretes, na Serra do Mar paranaense (foto da internet)


O Marumbi e seu conjunto de picos, visto de Morretes em dia de céu azul, no Paraná (foto da internet)

O Marumbi e seu conjunto de picos, visto de Morretes em dia de céu azul, no Paraná (foto da internet)


As diversas rotas para se percorrer o conjunto Marumbi, na Serra do Mar paranaenses (mapa da internet)

As diversas rotas para se percorrer o conjunto Marumbi, na Serra do Mar paranaenses (mapa da internet)


Desde então, esse virou um programa preferido dos aventureiros do estado. Descer de trem até a estação Marumbi e subir ao cume do Olimpo. Eu já fiz isso outras vezes e é mesmo uma passeio incrível, embora bastante cansativo. Infelizmente, não conseguimos realizar essa aventura durante os 1000dias. A ideia era subir o Olimpo e depois caminhar até Morretes, alguns quilômetros à frente da estação Marumbi, numa bela trilha cortando a Mata Atlântica e passando por diversos riachos. Aliás, toda essa área, incluindo o conjunto Marumbi, fica dentro do município de Morretes. mas a sede da cidade já está praticamente ao nível do mar, embora ainda a mais de 20 quilômetros do oceano.

Fim de tarde na charmosa Morretes, próximo ao litoral do Paraná

Fim de tarde na charmosa Morretes, próximo ao litoral do Paraná


Hotel e restaurante tradicionais de Morretes, próximo ao litoral do Paraná

Hotel e restaurante tradicionais de Morretes, próximo ao litoral do Paraná


Uma deliciosa praça no centro de Morretes, próximo ao litoral do Paraná

Uma deliciosa praça no centro de Morretes, próximo ao litoral do Paraná


Bem, se não pudemos subir o Marumbi dessa e daquela vez, não deixaríamos de visitar Morretes antes do final da viagem. Afinal, as atrações por aqui não se restringem às montanhas. Muito pelo contrário! Uma passeio pelas ruas centenárias do centro histórico é encantador. O turismo propiciado e estimulado pela linha de trem ajudou a manter a cidade e suas construções históricas bem preservadas. Desde a primeira vez que estive aqui, ainda antes de me mudar para Curitiba, no início da década de 90, fiquei encantado com o charme de uma cidade que é tão pouco conhecida fora dos limites do estado.

Placa informativa sobre o rio Nhundiaquara, em Morretes, próximo ao litoral do Paraná

Placa informativa sobre o rio Nhundiaquara, em Morretes, próximo ao litoral do Paraná


O rio Nhundiaquara, que corta a cidade de Morretes, próximo ao litoral do Paraná

O rio Nhundiaquara, que corta a cidade de Morretes, próximo ao litoral do Paraná


O rio Nhundiaquara, que corta a cidade de Morretes, próximo ao litoral do Paraná

O rio Nhundiaquara, que corta a cidade de Morretes, próximo ao litoral do Paraná


Morretes é cruzada pelo rio Nhundiaquara, que desce diretamente da Serra do Mar tão próxima da cidade. É um rio bonito, de águas claras e frias, cheio de corredeiras. Praticar boia-cróss em suas águas é uma das grandes atrações da região. Mas apenas vê-lo passar pela cidade e caminhar pelos jardins em sua orla no trecho urbano já é o bastante para alimentar o espírito. Exatamente ao longo dessa mesma orla estão alguns dos restaurantes responsáveis por mais uma das atrações da cidade e que ajudam a atrair turistas e visitantes assíduos e a perpetuar a sua fama: o barreado, estrela máxima da culinária paranaense.

Hotel e restaurante tradicionais de Morretes, próximo ao litoral do Paraná

Hotel e restaurante tradicionais de Morretes, próximo ao litoral do Paraná


Praça ao lado do rio em Morretes, próximo ao litoral do Paraná

Praça ao lado do rio em Morretes, próximo ao litoral do Paraná


O rio Nhundiaquara, que corta a cidade de Morretes, próximo ao litoral do Paraná

O rio Nhundiaquara, que corta a cidade de Morretes, próximo ao litoral do Paraná


Foi atrás dele que viemos hoje. Do barreado e da caminhada pelas ruas de paralelepípedo e pela orla do Nhundiaquara. Estamos dormindo na vizinha Antonina, mas passamos o dia caminhando até o Salto do Saci e viemos nos presentear com esse prato tão tradicional e que há tanto tempo não comíamos, justamente no local onde ele é melhor preparado.

Barreado, especialidade da culinária de Morretes, próximo ao litoral do Paraná

Barreado, especialidade da culinária de Morretes, próximo ao litoral do Paraná


O famosa e delicioso 'Barreado', uma espécie de carne de panela cozida por muitas horas com bastante farinha e acompanhada de banana assada e laranja. Prato típico de Morretes, próximo ao litoral do Paraná

O famosa e delicioso "Barreado", uma espécie de carne de panela cozida por muitas horas com bastante farinha e acompanhada de banana assada e laranja. Prato típico de Morretes, próximo ao litoral do Paraná


De origem açoriana, o prato é feito usando carnes magras e de segunda. A carne é cozinhada por 20 horas seguidas em uma panela de barro e bem tampada, até que se desmanche por completo, tornando-se quase um caldo. A isso misturamos boa farinha, arroz, banana-da-terra assada e pedaços de laranja. Pimenta a gosto e, claro, uma boa pinga caseira para acompanhar.esse manjar dos deuses, digno daqueles que habitam a vizinha Olimpo. Aqui ficamos em Morretes por umas poucas horas, divididos entre o passeio e as fotos das ruas e do rio e o banquete num dos restaurantes. Só ficou mesmo faltando o Olimpo, mas não faltarão oportunidades. O que não poderia faltar era a própria Morretes e o barreado. Afinal, essa é uma expedição pelas Américas, mas que saiu do Paraná. Então, barreado e Morretes nos 1000dias!

O famosa e delicioso 'Barreado', uma espécie de carne de panela cozida por muitas horas com bastante farinha e acompanhada de banana assada e laranja. Prato típico de Morretes, próximo ao litoral do Paraná

O famosa e delicioso "Barreado", uma espécie de carne de panela cozida por muitas horas com bastante farinha e acompanhada de banana assada e laranja. Prato típico de Morretes, próximo ao litoral do Paraná

Brasil, Paraná, Morretes, Arquitetura, Barreado, comida, história, Marumbi, Rio, trem

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A Maior Montanha do Mundo e o Trambiqueiro

Alaska, Denali National Park

O Denali aparece soberano no horizonte (Denali National Park, no Alaska)

O Denali aparece soberano no horizonte (Denali National Park, no Alaska)


Todo mundo sabe que o Everest é a maior montanha do mundo. Mas... será mesmo? O que faz duma montanha a mais alta do mundo? A partir de que ponto devemos fazer a medida de sua altura? A resposta pode parecer óbvia, mas não é.

Dia de sol e céu azul no Denali National Park, no Alaska

Dia de sol e céu azul no Denali National Park, no Alaska


Por exemplo, há cerca de duas décadas, medições feitas por satélite afirmavam que o K2, no Paquistão, era mais alto que o Everest. Aparentemente, até o satélite se confunde, pois as novas medições nunca foram validadas e o Everest jamais perdeu o seu trono. Mas não é apenas o K2 que está na disputa. Muita gente afirma que a maior montanha do mundo é o vulcão Mauna Kea, no Havaí. Apesar de ter “apenas” 4.200 metros acima do nível do mar, tem outros 6 mil para baixo, até o ponto onde efetivamente começa a montanha, de onde começou a subir, há cerca de 2 milhões de anos. Isso lhe dá, no total, 10.200 metros de altura, quase 1,5 quilômetro mais alto que o Everest.

Observando a vastidão do Denali National Park, no Alaska

Observando a vastidão do Denali National Park, no Alaska


Outro pretendente ao título de mais alta montanha é o Chimborazo, no Equador, montanha que tive a honra de subir, durante esses 1000dias. O truque lá é dizer que o cume do Chimborazo é o ponto da Terra mais longe do centro do planeta. Isso porque a Terra é mais gordinha ao longo do Equador do que em latitudes mais altas, onde está o Everest.

A estrada nos leva para na direção do Mt. McKinley, no Denali National Park, no Alaska

A estrada nos leva para na direção do Mt. McKinley, no Denali National Park, no Alaska


Por fim, chegamos aonde eu queria chegar: e o Denali, no Alaska? Pois é, ele também é um pretendente a este título de maior montanha do mundo! E eu, que já estive pertinho do Everest, do Aconcágua (a mais alta das Américas), do Chimborazo e que ainda vou lá no Mauna Kea, posso dizer: visualmente, foi o Denali que mais me impressionou! A razão disso é que ela é a que mais se eleva em relação ao terreno que a cerca, portanto a que mais se destaca, para quem a vê de longe, como parte de uma paisagem maior. No Everest, a montanha se ergue pouco menos de 4 quilômetros em relação ao campo base, um pouco mais do que se ergue o Aconcágua e o mesmo que o Chimborazo. O Mauna Kea também, para quem o vê de longe, se ergue seus 4,2 quilômetros acima do mar, que é o que podemos ver.

A montanha, ao vivo e no painel explicativo, no Denali National Park, no Alaska

A montanha, ao vivo e no painel explicativo, no Denali National Park, no Alaska


Já o Denali, está assentado em um terreno com pouco mais de 500 metros de altitude. E a montanha chega aos 6.700 metros de altitude. Ou seja, são mais de seis quilômetros de desnível! É impressionante! A primeira vez que o vemos, ele está a mais de 100 quilômetros de distância, mesmo assim, parece já muito mais alto que outras montanhas que estão ali, pertinho de nós. É até difícil acreditar que ele ainda está tão longe assim. Mas depois, vamos chegando mais perto, e mais perto e mais perto e a imagem da montanha colossal vai crescendo sem parar, até ocupar todo o nosso horizonte. Uma coisa incrível!

O monte Denali, no Denali National Park, no Alaska

O monte Denali, no Denali National Park, no Alaska


A gente pôde se aproximar porque estávamos num passeio com o ônibus do parque, a única maneira de percorrer a estrada que entra no Denali National Park. Vou falar mais desse passeio no post seguinte, mas o fato é que pudemos ir até a cerca de 30 km da montanha e eu fiquei realmente boquiaberto. Tivemos muita sorte com o tempo, sol e céu azul numa paisagem branquinha coberta pela neve fresca. Cenário deslumbrante! Tivemos sorte também com a nossa guia, apaixonada pela história do Alaska e do Denali e que foi enriquecendo nossa jornada com um monte de histórias.

O ponto mais próximo que chegamos do Denali, ainda a 30 km de distância, no Denali National Park, no Alaska

O ponto mais próximo que chegamos do Denali, ainda a 30 km de distância, no Denali National Park, no Alaska


Foram vários casos, mas os que mais me interessaram foram aqueles sobre os alpinistas que tentaram subir o Denali, há pouco mais de 100 anos. Entre eles, destaca-se Frederick Cook, um verdadeiro trambiqueiro, embora também fosse um grande explorador. Nossa simpática guia nos explicou que, na virada dos séc. XIX para XX, a “profissão” de explorador era a mais glamorosa que existia. Os grandes exploradores eram o equivalente às estrelas de cinema de hoje. Jornais e revistas cobriam suas aventuras e desventuras, que eram seguidas por milhões de ávidos leitores. Foi uma época onde surgiram nomes inesquecíveis como Amundsen, Scott, Peary, Shackleton, entre outros. E entre esses outros, estava Cook.

A neve já cobre quase todas as montanhas no Denali National Park, no Alaska

A neve já cobre quase todas as montanhas no Denali National Park, no Alaska


Na época, o maior objetivo dos exploradores eram as regiões polares, ainda desconhecidas. As montanhas ocupavam um distante segundo lugar, entre seus objetivos. Cook, que era médico, esteve em duas expedições polares, ainda nos últimos anos do séc XIX. Ao Polo Norte, esteve junto com Peary e, ao Polo Sul, esteve junto com Amundsen. Esse último foi-lhe grato e fiel por toda a sua vida, pois foram os conhecimentos médicos de Cook que ajudaram a manter viva toda a tripulação do barco em que também estava Amundsen, durante o inverno em que ficaram presos ao gelo, próximos ao continente antártico.

O ponto mais próximo que chegamos do Denali, ainda a 30 km de distância, no Denali National Park, no Alaska

O ponto mais próximo que chegamos do Denali, ainda a 30 km de distância, no Denali National Park, no Alaska


Foi nessa viagem também que, de passagem pela Terra do Fogo, ficou amigo de Thomas Bridges, missionário inglês que produziu o primeiro dicionário da língua local. Ele morreu logo depois e Cook ficou com seus manuscritos. De volta à civilização, tentou publicá-los como se fossem seus trabalhos. Era apenas o início de uma longa carreira de controvérsias...

Rota de subida mais usada do Denali. Os alpinistas chegam de avião à uma geleira próxima e daí começam a subida (Denali National Park, no Alaska)

Rota de subida mais usada do Denali. Os alpinistas chegam de avião à uma geleira próxima e daí começam a subida (Denali National Park, no Alaska)


Já no início do séc. XX, o aventureiro Cook desejava ser o primeiro homem a chegar ao Polo Norte. Era uma expedição custosa e Cook precisava de patrocínio. Para isso, resolveu fazer algo mais “fácil e barato”, para alavancar sua fama e, com isso, atrair investidores. Decidiu que subiria a mais alta montanha da América do Norte, até então algo não conseguido. Em 1903 chegou ao Alaska e, depois de alguns meses de tentativas, tornou-se o primeiro homem a circunavegar a montanha, um grande feito. Mas não conseguiu encontrar uma rota para subi-la.

Apesar de parecerem próximos, os picos norte e sul da montanha estão a 5 km de distância um do outro (Denali National Park, no Alaska)

Apesar de parecerem próximos, os picos norte e sul da montanha estão a 5 km de distância um do outro (Denali National Park, no Alaska)


Três anos mais tarde, voltou à carga, dessa vez com uma expedição mais bem planejada. Mesmo assim, meses tentando e nada. Quando desistiram e se aproximavam do litoral para embarcar e voltar para casa, Cook teve um ímpeto, deixou seus companheiros por lá, foi acompanhado apenas de um tratador de cavalos e sumiu continente adentro. Duas semanas mais tarde retornou com uma foto, mapas e a história da conquista da montanha. Apesar da desconfiança dos seus companheiros, sua conquista foi aclamada mundo afora e ele, recebido com honras e desfile em Nova York. Sua fama abafou completamente as vozes daqueles que diziam ser impossível ter subido a montanha em tão pouco tempo.

Visita ao Denali National Park, no Alaska

Visita ao Denali National Park, no Alaska


Cook pode, então, juntar seu dinheiro para seguir ao objetivo que tanto almejava: o Polo Norte. De maneira secreta, para surpreender seu agora rival, Robert Peary, partiu no final de 1907 e, em Abril do ano seguinte, chegou lá. Ou, pelo menos, diz que sim. Quase um ano antes de Peary, que também afirmava ter sido o primeiro. O problema para Cook é que agora, ele enfrentava uma voz discordante com muita fama também. Peary e seus seguidores trataram de desqualificar seu rival, apresentando uma série de dúvidas sobre a viagem de Cook. Não só isso, deram força também àqueles que duvidavam da conquista do Denali. Pois é, com relação à montanha, seus detratores descobriram que os mapas de Cook não o levaram ao alto do Denali, mas a uma montanha de pouco mais de 3 km de altura, hoje conhecida como Fake Peak (pico falso). Foram capazes de produzir uma fotografia exatamente como a que Cook tinha tirado. Sua história caiu por terra. E com ela, sua reputação. Também a conquista do Polo Norte foi desacreditada.

Caminhando um pouco no parque e aproveitando a vista magnífica do Denali National Park, no Alaska

Caminhando um pouco no parque e aproveitando a vista magnífica do Denali National Park, no Alaska


Cook desistiu da vida de aventureiro e foi trabalhar na indústria petrolífera. Anos mais tarde, foi preso, acusado de propaganda enganosa, por superestimar, em cartas à investidores, as reservas de óleo de sua companhia. Recebeu uma pena duríssima para esse tipo de crime, sendo condenado a muitos anos de prisão. A ironia é que, ao final, com novas descobertas, a quantidade de óleo era até maior que aquela que ele havia atestado. O grande Amundsen (que morreu em 28) o visitou várias vezes na prisão, onde esteve até 1940, quando recebeu o perdão presidencial de Roosevelt. Morreu poucos meses mais tarde, esquecido do público, em casa.

Bela foto da bandeira ameicana com o Denali ao fundo, no Denali National Park, no Alaska

Bela foto da bandeira ameicana com o Denali ao fundo, no Denali National Park, no Alaska


Alheio a tudo isso, lá está o Denali. Continua crescendo, ano a ano para, quem sabe um dia, assumir definitivamente o título de montanha mais alto do mundo. Em tempo: o Aconcágua e o Chimborazo podem estar diminuindo de tamanho, mas o Everest, o K2 e o Mauna Kea continuam a crescer também...

O colossal Denali ainda está a 30 km de distância! (Denali National Park, no Alaska)

O colossal Denali ainda está a 30 km de distância! (Denali National Park, no Alaska)

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A Fascinante St Andrews Bay

Geórgia Do Sul, St Andrews Bay

Admirando a fantástica St Andrews Bay, na Geórgia do Sul, a maior colônia de pinguins rei do mundo

Admirando a fantástica St Andrews Bay, na Geórgia do Sul, a maior colônia de pinguins rei do mundo


A tarde de hoje voltou a ser dos pinguins rei. Não em pequenos grupos, como foi pela manhã ou no dia de ontem, mas simplesmente na maior colônia do mundo dessa elegante espécie de pinguim. Aliás, entre todos os pinguins, somente os pinguins rei formam essas mega colônias, portanto o local que visitamos hoje é a maior colônia de todos os tipos de pinguim do mundo! Estou falando de St Andrews Bay, uma longa praia de pedras na costa nordeste da Geórgia do Sul, cenário também de uma gigantesca geleira.

Pinguins rei observam o Sea Spirit em St Andrews Bay, na Geórgia do Sul

Pinguins rei observam o Sea Spirit em St Andrews Bay, na Geórgia do Sul


Passageiros do Sea Spirit observam St Andrews Bay, na Geórgia do Sul, a maior colônia de pinguins rei do mundo

Passageiros do Sea Spirit observam St Andrews Bay, na Geórgia do Sul, a maior colônia de pinguins rei do mundo


Um raro pinguim rei solitário em St Andrews Bay, na Geórgia do Sul

Um raro pinguim rei solitário em St Andrews Bay, na Geórgia do Sul


Não sei exatamente como os cientistas e pesquisadores calculam o número de aves em uma colônia. Deve ser por densidade, embora deva haver uma componente de “chute” razoável. Enfim, o cálculo feito aqui para St Andrews é de quase 300 mil casais. Se somarmos as “crianças”, seriam uns 700 mil pinguins! É uma lotação para Copacabana nenhuma botar defeito! Ver isso de perto, confesso, deixa a gente até sem ar. É mesmo impressionante!

Visita a St Andrews Bay, na Geórgia do Sul, a maior colônia de pinguins rei do mundo, com quase 1 milhão de aves

Visita a St Andrews Bay, na Geórgia do Sul, a maior colônia de pinguins rei do mundo, com quase 1 milhão de aves


Visita a St Andrews Bay, na Geórgia do Sul, a maior colônia de pinguins rei do mundo, com quase 1 milhão de aves

Visita a St Andrews Bay, na Geórgia do Sul, a maior colônia de pinguins rei do mundo, com quase 1 milhão de aves


Como já falei em outros posts, o pinguim rei é a segunda maior espécie, atrás apenas do pinguim imperador, que vive na Antártida. Eles chegam a ter 1 metros de altura e pesar 15 quilos, machos um pouco maiores do que fêmeas. Diferentes de quase todas as outras espécies de animais antárticos, sua dieta não se baseia no krill (aquele pequeno camarão abundante nas águas geladas do sul), embora também o comam. Mas preferem pequenos peixes e lulas. E para achar sua comida preferida, mergulham comumente a mais de 100 metros de profundidade, embora possam chegar a mais de 300! Uma ave chegar a 300 metros de profundidade é mesmo incrível! Para chegar até lá, alguns deles ficam mais de 8 minutos sem respirar.

Um elegante pinguim rei em St Andrews Bay, na Geórgia do Sul

Um elegante pinguim rei em St Andrews Bay, na Geórgia do Sul


Pinguim rei descansa na grama em St Andrews Bay, na Geórgia do Sul

Pinguim rei descansa na grama em St Andrews Bay, na Geórgia do Sul


De tão pequenas, as penas mais se parecem pelos no pinguim rei (em St Andrews Bay, na Geórgia do Sul)

De tão pequenas, as penas mais se parecem pelos no pinguim rei (em St Andrews Bay, na Geórgia do Sul)


São várias camadas de penas para suportar o frio desse ambiente, dentro e fora d’água. As camadas de baixo são formadas por penas bem pequenas que chegam a parecer pelos. As penas de fora são maiores e impermeáveis, além de bem oleosas para ficarem ainda mais hidrodinâmicas. Pois é, pinguins nadam rápido, os campeões na categoria natação entre as aves, embora o pinguim rei não seja o mais rápido entre os pinguins. A velocidade é necessária não apenas para capturar os peixes, mas também para fugir dos predadores, como a foca leopardo e até as orcas.

Os pés de um pinguim rei, em St Andrews Bay, na Geórgia do Sul

Os pés de um pinguim rei, em St Andrews Bay, na Geórgia do Sul


Pinguins rei saem do mar em St Andrews Bay, na Geórgia do Sul

Pinguins rei saem do mar em St Andrews Bay, na Geórgia do Sul


Além da elegância e beleza, outra característica dessa espécie é o longo ciclo entre namoro, “casamento”, colocar e chocar o ovo, alimentar e proteger o filho até que ele possa cuidar de si mesmo. Ao todo, são cerca de 16 meses. Começa com a primavera de um ano e vai terminar dois verões mais tarde. E todo esse trabalho para apenas um filho por casal.

Dia de sol e mar azul em St Andrews Bay, na Geórgia do Sul

Dia de sol e mar azul em St Andrews Bay, na Geórgia do Sul


Grupo de pinguins rei em St Andrews Bay, na Geórgia do Sul

Grupo de pinguins rei em St Andrews Bay, na Geórgia do Sul


Pinguins rei na bela paisagem de St Andrews Bay, na Geórgia do Sul

Pinguins rei na bela paisagem de St Andrews Bay, na Geórgia do Sul


Tudo começa entre Setembro e Outubro, quando os pássaros começam a voltar para suas colônias de preferência. Os primeiros a chegar são aqueles que, no ano interior, não tiveram sucesso em encontrar um parceiro. Pinguins rei, na média, tem sucesso em conseguir um parceiro duas vezes em cada três anos. Então, tem sempre uma turma que está “na fissura”, louco para encontrar um namorado depois de tanto tempo. Enfim, até meados de Outubro os pares já se formaram e o namoro está a pleno vapor. Pinguins rei não se casam para toda a vida, como ocorre com tantos outros pássaros. Seu amor é eterno enquanto dure, e isso normalmente dura uma estação. Mas há sim aqueles que voltam a namorar o mesmo parceiro nos anos seguintes, mas essa é uma minoria. O normal são parceiros distintos todos os anos.

Os altivos pinguins rei em St Andrews Bay, na Geórgia do Sul

Os altivos pinguins rei em St Andrews Bay, na Geórgia do Sul


Pinguins rei em remanso de rio em St Andrews Bay, na Geórgia do Sul

Pinguins rei em remanso de rio em St Andrews Bay, na Geórgia do Sul


Enfim, depois do namoro consumado, voltam ao mar por algumas semanas para se alimentar e, em meados de novembro, voltam outra vez à colônia, dessa vez para colocar o ovo e chocá-lo. Essa última tarefa é dividida irmãmente ente pai e mãe, que se revezam em turnos de uma semana, enquanto o outro volta ao mar para se alimentar. Depois, na volta, na base da gritaria, acabam se encontrando e trocando de lugar, depois de uma sessão de carinhos.

Pinguins rei e seus reflexos em remanso de rio em St Andrews Bay, na Geórgia do Sul

Pinguins rei e seus reflexos em remanso de rio em St Andrews Bay, na Geórgia do Sul


Grupo de pinguins rei em St Andrews Bay, na Geórgia do Sul

Grupo de pinguins rei em St Andrews Bay, na Geórgia do Sul


Depois de 55 dias o filhote nasce, quase pelado. Com o fio que faz por lá, ficam completamente dependentes do calor dos pais e ficam escondidos sob uma pequena “saia” que se forma sob a barriga dos pais, na verdade, uma dobra de sua pele. De novo, pai e mãe se revezam, um dando calor e proteção ao filho e o outro buscando alimento para ele.. Essa faze de guarda mais intensiva dura mais 40 dias. È quando o filhote já cresceu o suficiente para se defender de predadores como skuas e tem camadas de penas para aguentar o frio.

Filhote barulhento de pinguim rei em St Andrews Bay, na Geórgia do Sul

Filhote barulhento de pinguim rei em St Andrews Bay, na Geórgia do Sul


Grupo de filhotes de pinguim rei em St Andrews Bay, na Geórgia do Sul

Grupo de filhotes de pinguim rei em St Andrews Bay, na Geórgia do Sul


Nessa altura da vida, eles começam a explorar as vizinhanças de seus ninhos. Conhecem outros da sua idade, formam amizades e alianças e se reúnem em “creches”, grupos maiores de pinguins-criança, sempre aos olhos atentos de dois ou três adultos. Eles continuam a crescer e engordar, sempre contando com a ajuda da comida trazida pelos pais, até que em Abril tem gordura suficiente para aguentar o jejum e frio do inverno, quando pais se afastam para alto mar.

Centenas de pinguins rei adultos e filhotes em St Andrews Bay, na Geórgia do Sul, a maior colônia de pinguins rei do mundo

Centenas de pinguins rei adultos e filhotes em St Andrews Bay, na Geórgia do Sul, a maior colônia de pinguins rei do mundo


Pinguins rei, pai e filho, em St Andrews Bay, na Geórgia do Sul

Pinguins rei, pai e filho, em St Andrews Bay, na Geórgia do Sul


Os pais começam a voltar em setembro-outubro, para encontrar seus antigos filhotes já praticamente do seu tamanho, ainda que continuem com suas penas marrons, próprias da infância. Assim, enquanto se preparam para um novo ciclo reprodutivo, muitos deles ainda tem de se relacionar (e repartir o alimento) com um “bezerrão” do seu tamanho. Esses pinguins marrons com um ano de idade estão loucos para ganhar suas penas brancas, pretas e amarelas muito mais elegantes e, elas sim, preparadas para a água. Isso vai ocorrendo a partir do início do verão, quando os filhotes podem, finalmente, cair na água e viver como um verdadeiro pinguim, buscando sua própria comida, dando olé nas focas-leopardo e orcas e voltando para casa para arrumar uma namorada.

Pinguins rei no pé da geleira de St Andrews Bay, na Geórgia do Sul

Pinguins rei no pé da geleira de St Andrews Bay, na Geórgia do Sul


Pinguins rei em St Andrews Bay, na Geórgia do Sul

Pinguins rei em St Andrews Bay, na Geórgia do Sul


Dia de céu azul em St Andrews Bay, na Geórgia do Sul

Dia de céu azul em St Andrews Bay, na Geórgia do Sul


Por causa desse ciclo demorado, a colônia de pinguins é movimentada durante todo o ano. Agora, nessa época que chegamos, podemos ver os milhares de filhotes do ano passado começando a trocar de penas. Ao mesmo tempo, os pais começam a chocar um novo ovo. Assim, acho que é o período mais movimentado de todos. Pais e filhos antigos praticamente do mesmo tamanho, mas tão diferentes, realmente parecem ser de espécies diferentes. Mas não, são todos pinguins rei, o “antes” e o “depois”.

Elefante marinho tira uma soneca em St Andrews Bay, na Geórgia do Sul

Elefante marinho tira uma soneca em St Andrews Bay, na Geórgia do Sul


Filhote de elefante-marinho em St Andrews Bay, na Geórgia do Sul

Filhote de elefante-marinho em St Andrews Bay, na Geórgia do Sul


Para aumentar o movimento da colônia, essa também é a estação dos elefantes-marinhos. As duas espécies gostam das mesmas praias e assim, tem de dividir o mesmo espaço. Em outros lugares que passamos, os elefantes, pelo seu tamanho, são indubitavelmente os reis do pedaço. Mas aqui em St Andrews, a quantidade de pinguins é tão avassaladora que até mesmo os gigantescos elefantes ficam meio acanhados...

Elefante-marinho macho na praia de St Andrews Bay, na Geórgia do Sul

Elefante-marinho macho na praia de St Andrews Bay, na Geórgia do Sul


Elefantes-marinhos e pinguins dividem a praia de St Andrews Bay, na Geórgia do Sul

Elefantes-marinhos e pinguins dividem a praia de St Andrews Bay, na Geórgia do Sul


O cenário grandioso da praia ainda adiciona um charme especial. As montanhas nevadas ao fundo e a enorme geleira que desemboca na praia empresta um ar meio épico à cena. A geleira de Ross, como tantas outras, está retrocedendo, deixando em seu lugar um lago cheio de pequenos icebergs e também rios gelados e cheios de corredeira que se esvaem para o mar ali perto. Os pinguins adoram esses rios e se aglomeram ao seu redor. Tanto nos trechos de corredeira como nos de remanso, formando cenas ideais para fotografias.

Pinguins rei ao lado de um rio com corredeiras em St Andrews Bay, na Geórgia do Sul

Pinguins rei ao lado de um rio com corredeiras em St Andrews Bay, na Geórgia do Sul


Pinguins rei ao lado de um remanso de rio em St Andrews Bay, na Geórgia do Sul

Pinguins rei ao lado de um remanso de rio em St Andrews Bay, na Geórgia do Sul


Nós passamos umas boas horas por aí. Primeiro na praia, olhando os sempre interessantes elefantes. Depois, caminhando um pouco mais para o interior e para o alto, de onde tínhamos uma visão panorâmica desse cenário grandioso com mais de meio milhão de pinguins. Conseguimos ir até o rio mais largo, intransponível para nós. Mas não para os pinguins que se jogavam em suas corredeiras e, com um certo trabalho, já algumas dezenas de metros rio abaixo, conseguiam chegar do lado de lá.

Milhares de pinguins se amontoam ao redor de rio em St Andrews Bay, na Geórgia do Sul, a maior colônia de pinguins rei do mundo (foto de Susan Pairaudeau)

Milhares de pinguins se amontoam ao redor de rio em St Andrews Bay, na Geórgia do Sul, a maior colônia de pinguins rei do mundo (foto de Susan Pairaudeau)


Visita a St Andrews Bay, na Geórgia do Sul, a maior colônia de pinguins rei do mundo, com quase 1 milhão de aves

Visita a St Andrews Bay, na Geórgia do Sul, a maior colônia de pinguins rei do mundo, com quase 1 milhão de aves


Milhares de pinguins se amontoam ao redor de rio em St Andrews Bay, na Geórgia do Sul, a maior colônia de pinguins rei do mundo (foto de Steve Denver)

Milhares de pinguins se amontoam ao redor de rio em St Andrews Bay, na Geórgia do Sul, a maior colônia de pinguins rei do mundo (foto de Steve Denver)


Foi uma maravilhosa despedida dessas grandes colônias. Amanhã, ao que parece, o forte mesmo serão os elefantes. E depois, pela tarde, após um tour por um grande fiorde repleto de geleiras, vamos tomar o rumo da Antártida. Novas espécies de pinguins nos aguardam mais para o sul enquanto os pinguins rei continuam seu longo ciclo por aqui. Aparentemente, e como essa grande colônia nos comprovou, os pinguins rei ainda estão se dando muito bem nessa época de aquecimento e poluição globais. Que bom, nem tudo são notícias ruins para o nosso planeta...

Visita a St Andrews Bay, na Geórgia do Sul, a maior colônia de pinguins rei do mundo, com quase 1 milhão de aves

Visita a St Andrews Bay, na Geórgia do Sul, a maior colônia de pinguins rei do mundo, com quase 1 milhão de aves

Geórgia Do Sul, St Andrews Bay, Bichos, Pinguim, Praia

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Serra dos Órgãos - 1a Parte

Brasil, Rio De Janeiro, Serra dos Órgãos

Admirando a vista espetacular do Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro

Admirando a vista espetacular do Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro


A Serra dos Órgãos, a cerca de uma hora de carro do Rio de Janeiro, é um pedacinho da Serra do Mar. Mas não é um pedacinho qualquer. Superando os 2 mil metros de altitude, possui algumas das mais belas e dramáticas paisagens dessa cadeia de montanhas que se estende de Santa Catarina até o próprio Rio de Janeiro, com quase 1.500 kms de comprimento. Nessa sua porção fluminense, localizada entre os municípios de Petrópolis, Teresópolis, Magé e Guapimirim, foi criado um Parque Nacional para proteger seu frágil ecossistema e suas paisagens grandiosas. É o terceiro parque mais antigo do Brasil, criado ainda em 1939, e tem justamente o nome de Parque Nacional da Serra dos Órgãos. Entre seus mais famosos frequentadores e admiradores estão a antiga família real brasileira e o presidente Getúlio Vargas.

Nosso caminho entre o Rio de Janeiro e a portaria do Parque Nacional da Serra dos Órgãos em Petrópolis, passando pelo Dedo de Deus e por Teresópolis

Nosso caminho entre o Rio de Janeiro e a portaria do Parque Nacional da Serra dos Órgãos em Petrópolis, passando pelo Dedo de Deus e por Teresópolis


Na região de Teresópolis, o Dedo de Deus, formação rochosa mais conhecida da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro

Na região de Teresópolis, o Dedo de Deus, formação rochosa mais conhecida da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro


Passando pelo mirante do Dedo de Deus, a caminho de Teresópolis e da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro

Passando pelo mirante do Dedo de Deus, a caminho de Teresópolis e da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro


A beleza lendária desse parque pode ser admirada de longe, já que suas enormes montanhas são facilmente avistadas desde a cidade do Rio de Janeiro. Para quem segue pela estrada até Teresópolis, sua mais famosa formação rochosa, o Dedo de Deus, nos cativa os olhos desde o primeiro momento que o avistamos. Ao longo da estrada há diversos mirantes e a profusão de montanhas logo explica o nome da região dado pelos antigos portugueses que aqui passavam. Encavaladas umas nas outras, elas se parecem com os órgãos das enormes catedrais européias.

Chegando à entrada do Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no lado de Petrópolis, no Rio de Janeiro

Chegando à entrada do Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no lado de Petrópolis, no Rio de Janeiro


Prontos para começar a caminhada de três dias até Teresópolis, ainda na entrada do Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no lado de Petrópolis, no Rio de Janeiro

Prontos para começar a caminhada de três dias até Teresópolis, ainda na entrada do Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no lado de Petrópolis, no Rio de Janeiro


Mas, muito mais belo do que vê-lo de longe, é vê-lo bem de perto. O parque tem duas entradas principais, uma em Teresópolis e outra em Petrópolis. As duas entradas dão acesso a atrações próximas, como cachoeiras e trilhas curtas através de bosques e florestas. Porém, a maior e mais famosa atração do parque é uma trilha com cerca de 30 km que atravessa o parque e liga essas duas portarias principais. Estou falando da famosa Travessia da Serra dos Órgãos, considerada por muitos como a trilha mais bonita do Brasil.

Mapa completo da travessia do Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro

Mapa completo da travessia do Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro


Mapa do nosso primeiro dia na travessia do Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro, saindo da Portaria Petrópolis e chegando ao Castelo do Açu

Mapa do nosso primeiro dia na travessia do Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro, saindo da Portaria Petrópolis e chegando ao Castelo do Açu


Eu já fiz essa trilha uma vez há quase quinze anos (vou falar disso mais adiante), e é mesmo inegável sua beleza cênica. Mas, tendo feito tantas outras trilhas pelo país afora, não me arriscaria a dizer que ela é mesmo a mais bela. Posso dizer, isso sim, que não há trilha mais bonita do que essa no Brasil, mas estamos falando de belezas distintas e incomparáveis entre si. Caminhar pela Chapada Diamantina ou dos Veadeiros, por Lençóis Maranhenses ou pelos cânions do sul do Brasil também são experiências especiais e inesquecíveis. Enfim, cada uma com a sua beleza.

Sinalização na trilha que corta o Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro

Sinalização na trilha que corta o Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro


Pequena cascata ainda na parte baixa do Parque Nacional da Serra dos Órgãos, lado de Petrópolis, no Rio de Janeiro

Pequena cascata ainda na parte baixa do Parque Nacional da Serra dos Órgãos, lado de Petrópolis, no Rio de Janeiro


E a beleza da Serra dos Órgãos é realmente de cair o queixo. Nós tentamos vir ao parque quando passamos pelo estado no início da expedição 1000dias, mas São Pedro não cooperou conosco. A melhor época para fazer essa travessia é durante o inverno, quando o tempo é mais frio, mas o céu é mais limpo. No verão, a chance de chuva é grande. No final de setembro de 2010, não tivemos a nossa chance. Agora, no início de Agosto, a previsão nos deu uma janela de 2-3 dias de céu azul e nós resolvemos aproveitar. Além do frio, só precisamos nos cuidar com tempestades elétricas, aquelas com muitos raios, bastante comuns nessa época. Lá no alto do parque, sem árvores, nós somos um verdadeiro magneto para os raios e, infelizmente, já houve diversos casos de pessoas atingidas e mortas por lá. Enfim, temos os nossos dias de tempo claro para tentar.

Chegando à Gruta do Presidente, local preferido de Getulio Vargas no Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro

Chegando à Gruta do Presidente, local preferido de Getulio Vargas no Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro


Momento de descanso e reflexão na Gruta do Presidente, início da trilha que atravessa o Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro

Momento de descanso e reflexão na Gruta do Presidente, início da trilha que atravessa o Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro


A travessia pode ser feita em qualquer um dos dois sentidos, Petrô-Terê ou Terê-Petrô, mas a primeira alternativa é preferível. Não porque seja mais fácil, pois no quesito esforço, elas são bem equivalentes. Nos dois casos, começamos a caminhar na parte baixa do parque, a uns 1.100 metros de altitude, e temos de subir até os 2.200 metros. Aí, ficamos alternado entre vales e cristas de montanhas com diferenças de altitudes de 200 metros até que chegamos à descida do outro lado, para atingirmos a portaria de saída nos mesmos 1.100 metros. Na verdade, a diferença entre elas é que quando seguimos em direção a Teresópolis, temos as montanhas mais belas e emblemáticas à nossa frente, como o Dedo de Deus, o Garrafão e a Pedra do Sino. No sentido Petrópolis, essas montanhas passam a maior parte do tempo nas nossas costas e é bem mais trabalhoso ficar admirando-as.

Vegetação no Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro

Vegetação no Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro


Subindo o Morro do Açu, parada para admirar a vista do Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro

Subindo o Morro do Açu, parada para admirar a vista do Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro


Subindo o Morro do Açu, a vista começa a ficar mais ampla na trilha que corta o Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro

Subindo o Morro do Açu, a vista começa a ficar mais ampla na trilha que corta o Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro


Eu já sabia disso desde que comecei a me interessar em fazer essa caminhada, no início da minha vida de mochileiro no final da década de 80. Demorou, mas consegui vir para cá em meados da década de 90, em viagem solo. Não foi durante o inverno e era dia de semana. Resultado: não havia quase ninguém no parque. Numa época pré-nternet, desenhei mapas depois de conversas com gente que já havia feito a caminhada antes. Assim, me meti na trilha sem guia mesmo, seguro de que daria tudo certo. Começou tudo bem e, após o primeiro dia de caminhada, cheguei ao Castelo do Açu. Mas o tempo virou de madrugada e, na manhã seguinte, não se via um palmo diante do nariz. Trilha mal sinalizada, eu tentei, tentei, mas era impossível seguir adiante. Sem a referência das montanhas, não havia como saber a direção a seguir. Tive que botar o rabinho entre as pernas e abortar a tentativa, voltando para a mesma portaria e tentando me convencer que o que eu já tinha visto no dia anterior já era o bastante. Claro que o mais bonito tinha mesmo ficado para trás, escondido pelas nuvens. Mas fiz muito bem em voltar. É muito comum que pessoas se percam nesse trecho da trilha a partir do Castelo do Açu.

Aproveitando o ar puro do Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro

Aproveitando o ar puro do Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro


Cada vez mais altos no Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro. Um pouco abaixo de nós, um outro grupo de turistas também descansa depois da forte subida

Cada vez mais altos no Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro. Um pouco abaixo de nós, um outro grupo de turistas também descansa depois da forte subida


1000dias na trilha que atravessa o Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro

1000dias na trilha que atravessa o Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro


Fiquei com essa trilha engasgada por mais meia década, quando tive nova chance. Dessa vez, acompanhado de primos e amigos, durante a temporada certa. Novamente, fomos sem guia. Só que dessa vez deu certo. Mas, mesmo com tempo limpo e mais pessoas, também chegamos a nos desviar da trilha e seguir por caminhos alternativos. O problema é que muita gente se perde por ali e essas trilhas secundárias vão se alargando cada vez mais. Com um pouco de senso de direção e as montanhas a nos guiar, voltamos ao caminho correto, mas o estrago à natureza já foi feito, infelizmente. Enfim, finalmente pude conhecer a trilha por inteiro e é realmente maravilhosa. Lá do alto da pedra do Sino, já na parte final da caminhada, pudemos vislumbrar toda a Baía da Guanabara. Foi espetacular!

Meio da tarde e uma belíssima lua quase cheia aparece para nos acompanhar no 1o dia de travessia do Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro

Meio da tarde e uma belíssima lua quase cheia aparece para nos acompanhar no 1o dia de travessia do Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro


Prestando a devida reverência à enorme lua que nos acompanha ao final do nosso 1o dia de caminhada na travessia do Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro

Prestando a devida reverência à enorme lua que nos acompanha ao final do nosso 1o dia de caminhada na travessia do Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro


Por isso, jamais pensamos em deixar esse parque fora dos 1000dias. Ainda mais que a Ana ainda não o conhecia. Ela, que caminhou pelo Grand Canyon e pelo Torres del Paine, era inconcebível que não passasse pelo nosso campeão. Então, já no nosso P.S. dos 1000dias, enfim chegamos à Serra dos Órgãos!

A paisagem grandiosa da parte alta do Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro

A paisagem grandiosa da parte alta do Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro


A paisagem grandiosa da parte alta do Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro

A paisagem grandiosa da parte alta do Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro


Mapa topográfico da trilha no nosso 1o dia de caminhada na travessia do Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro, da entrada de Petrópolis ao Castelo do Açu. Nesse tipo de mapa, linhas próximas significam terreno mais íngrime

Mapa topográfico da trilha no nosso 1o dia de caminhada na travessia do Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro, da entrada de Petrópolis ao Castelo do Açu. Nesse tipo de mapa, linhas próximas significam terreno mais íngrime


Nós saímos do Rio bem cedinho rumo a Teresópolis. Nosso plano era fazer a caminhada a partir de Petrópolis, mas depois de muito confabular, decidimos que seria melhor deixar o carro na portaria de Teresópolis, no final da nossa trilha. Primeiro, porque ela é maior e o carro ficaria mais seguro. Segundo porque seria melhor enfrentar o trecho de ônibus entre as duas cidades agora, que estávamos descansados, que depois, quando estaríamos exaustos e famintos. Assim, pudemos aproveitar a beleza da estrada de Teresópolis agora e já começamos a entrar no clima da Serra dos Órgãos. Afinal, é dessa estrada que melhor se enxerga do Dedo de Deus, a montanha mais icônica desse parque. Depois, encontramos um bom lugar para deixar a Fiona lá dentro do parque, o mais perto possível do final da trilha. Por fim, descolamos um táxi para nos levar até a rodoviária da cidade. Aí tomamos um ônibus que nos levou até Petrópolis pela curvilínea estrada que rodeia a parte norte do parque. Não é longa, mas é bem demorada. Lá chegando, mais um táxi para nos levar à portaria desse outro lado do parque. O taxista nunca havia ido até lá, mas quem tem boca chega a Roma. Vamos pelo bairro de Correia e depois, ainda tem um bom trecho de estrada de terra. O táxi era bem baixo e o taxista não gostou nada disso. Corrida até lá, nunca mais, ele jurou! Como pode, mora na cidade faz anos e anos e nunca esteve no parque. Vai entender...

Marcações sobre as rochas nos ajudam a encontrar o caminho a seguir na travessia do Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro

Marcações sobre as rochas nos ajudam a encontrar o caminho a seguir na travessia do Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro


Trilha na parte alta do Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro, a caminho do Castelo do Açu

Trilha na parte alta do Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro, a caminho do Castelo do Açu


Fim de tarde na parte alta do Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro, a caminho do Castelo do Açu

Fim de tarde na parte alta do Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro, a caminho do Castelo do Açu


Depois dessa verdadeira epopeia, já era quase meio dia quando, enfim, pusemos nossos pés na trilha. Antes disso, pagamos nossos ingressos e os custos de dois dias de pernoite no parque. Nas mochilas, além da barraca e dos sacos de dormir, muita comida, fogareiro e, claro, roupas para o frio. Pesadas no início, sabemos que, aos poucos, vão ficar mais leves, conforme consumimos as frutas, pães, queijos, legumes, chocolates e massas que levamos.

A baía da Guanabara, a cidade do Rio e o maciço da Tijuca vistos do alto da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro.

A baía da Guanabara, a cidade do Rio e o maciço da Tijuca vistos do alto da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro.


A baía da Guanabara, a cidade do Rio e o maciço da Tijuca vistos do alto da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro. À esquerda, a silhueta inconfundível da Pedra da Gávea, onde estivemos poucos dias atrás

A baía da Guanabara, a cidade do Rio e o maciço da Tijuca vistos do alto da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro. À esquerda, a silhueta inconfundível da Pedra da Gávea, onde estivemos poucos dias atrás


A caminhada, como já disse, começa na parte baixa do parque. Seguimos ao lado de um rio subindo vagarosamente pelo Vale do Bonfim. São cerca de 40 minutos até a chamada Gruta do Presidente e, logo ao lado, a cachoeira do Véu da Noiva. Muita gente vem até aqui e retorna, um agradável passeio diário. Quem gostava de fazer esse percurso era Getúlio Vargas. Gostava de ir até a gruta, que posteriormente foi rebatizada para homenageá-lo. Aí, dizem, costumava se inspirar e refletir sobre os grandes problemas da nação. Nós também tivemos nossos momentos de inspiração na gruta famosa, além de irmos molhar nossos pés na cachoeira que, nessa época do ano, é praticamente seca.

Cada vez mais próximo do Castelo do Açu, ao final do 1o dia de caminhada na travessia do Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro

Cada vez mais próximo do Castelo do Açu, ao final do 1o dia de caminhada na travessia do Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro


A paisagem montanhosa do Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro

A paisagem montanhosa do Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro


Como tínhamos começado tarde a caminhar, não pudemos ficar muito tempo. Ainda mais que a parte dura da caminhada só começava a partir dali. Agora sim a trilha começa a subir, ziguezagueando montanha acima. São mais 50 minutos de esforços até chegarmos à chamada Pedra do Queijo, nome dado por algum mineiro, provavelmente. Sobre ela, podemos relaxar um pouco e ter nossa primeira visão mais ampla da paisagem, o Vale do Bonfim já ficando bem para baixo e podendo admirar as montanhas mais altas que cercam Petrópolis.

O Morro do Marco, à esquerda, e o castelo do Açu, à direita, no Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro

O Morro do Marco, à esquerda, e o castelo do Açu, à direita, no Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro


O famoso Castelo do Açu, onde passamos a primeira noite no Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro

O famoso Castelo do Açu, onde passamos a primeira noite no Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro


Depois do descanso no Queijo, são outros 40 minutos de subida até um ponto conhecido como Ajax, onde encontramos uma parte mais plana e onde há um pouco de água corrente. Seria um ótimo lugar de acampamento, mas isso não é permitido por lá. Só podemos descansar e nos reenergizar para o próximo trecho, justamente aquele que tem a subida mais íngrime desse primeiro dia de caminhada. Já está bastante erodido e é conhecido como Isabeloca. O nome é uma homenagem à Princesa Isabel que, muito antes de Getúlio, costumava vir até aqui. Em lombo de burro, claro!

Na base do Castelo do Açu, iluminado pela última luz do sol, no Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro

Na base do Castelo do Açu, iluminado pela última luz do sol, no Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro


Entrando no salão interno do Castelo do Açu, no Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro

Entrando no salão interno do Castelo do Açu, no Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro


No alto da Isabeloca chegamos ao chamado Chapadão, o nome do trecho alto do parque. Agora, já estamos acima dos 2.200 metros de altitude e a vista é sublime. Lá na frente, a silhueta inconfundível do Castelo do Açu, uma formação rochosa que lembra uma fortaleza de pedra. Minha terceira vez por aqui, já até começo e me sentir íntimo com ele.

Luz de fim de tarde ilumina as montanhas do Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro

Luz de fim de tarde ilumina as montanhas do Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro


O sol se põe a 2 mil metros de altirude no Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro

O sol se põe a 2 mil metros de altirude no Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro


Fomos uns dos últimos a chegar até aqui, um dos pontos oficiais de camping da travessia. Tem até um belo refúgio, inaugurado recentemente. Para quem prefere uma cama, é uma ótima pedida, desde que seja reservado com bastante antecedência. Não era o nosso caso, que carregávamos a barraca nas costas. Sem muita dificuldade, encontramos um lugar para armar nossa barraca atrás do Castelo e com vista para a Baía da Guanabara. Montamos ela rapidamente, aproveitando o resto de luz. Depois, eu fui apresentar para a Ana o incrível salão interno natural dentro do Castelo do Açu. Foi onde dormi naquela primeira vez por aqui, mas o piso não é muito confortável não, todo de pedra. Mas o salão me protegeu bastante da tempestade da noite!

Preparando nosso delicioso jantar na 1a noite da nossa travessia do Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro, na nossa barraca no Castelo do Açu

Preparando nosso delicioso jantar na 1a noite da nossa travessia do Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro, na nossa barraca no Castelo do Açu


Macarrão enriquecido com muitos legumes na nossa 1a noite na travessia do Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro, aos pés do Castelo do Açu

Macarrão enriquecido com muitos legumes na nossa 1a noite na travessia do Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro, aos pés do Castelo do Açu


Hoje, não tínhamos de nos preocupar com isso. O céu era só estrelas e uma lua maravilhosa. Aliás, a mesma lua que nos acompanhou no final de tarde enquanto subíamos a Isabeloca. Estava simplesmente divina no céu. A luz do luar até nos ajudou na iluminação enquanto cozinhávamos nosso substancioso jantar. Um macarrão enriquecido com muitos legumes, obra-prima da Ana. Bastante energia para a longa caminhada de amanhã.

Acima dos 2 mil metros de altitude, no Castelo do Açu, Parque Nacional da Serra dos Órgãos, observando as luzes da baixada fluminense e da cidade do Rio de Janeiro

Acima dos 2 mil metros de altitude, no Castelo do Açu, Parque Nacional da Serra dos Órgãos, observando as luzes da baixada fluminense e da cidade do Rio de Janeiro


Acima dos 2 mil metros de altitude, no Castelo do Açu, Parque Nacional da Serra dos Órgãos, observando as luzes da baixada fluminense e da cidade do Rio de Janeiro

Acima dos 2 mil metros de altitude, no Castelo do Açu, Parque Nacional da Serra dos Órgãos, observando as luzes da baixada fluminense e da cidade do Rio de Janeiro


Aos pés do Castelo do Açu, quase aos 2.200 metros de altitude, no Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro, a nossa barraca e a Ana, no esculo, observando as luzes da Baixada Fluminense ao fundo

Aos pés do Castelo do Açu, quase aos 2.200 metros de altitude, no Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro, a nossa barraca e a Ana, no esculo, observando as luzes da Baixada Fluminense ao fundo


Mas antes de dormirmos, ainda fomos curtir a noite do lado de fora. A Baixada Fluminense estava toda acesa, delineando os contornos da Baía da Guanabara. Tão longe e tão próxima! Difícil acreditar que ela estava a mais de 2 mil metros abaixo de nós, além de dezenas e dezenas de quilômetros de distância horizontal. Que beleza! Fomos dormir inspirados e preparados para levantar bem cedo. Afinal, perder o espetáculo do nascer-do-sol aqui em cima seria um verdadeiro pecado!

O Castelo do Açu iluminado pela lua e pelas estrelas, no Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro

O Castelo do Açu iluminado pela lua e pelas estrelas, no Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro


Dormindo o sono dos justos, após um dia de caminhada até o Castelo do Açu, no Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro

Dormindo o sono dos justos, após um dia de caminhada até o Castelo do Açu, no Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro

Brasil, Rio De Janeiro, Serra dos Órgãos, Parque, Petrópolis, Teresópolis, trilha

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Burocracias

Brasil, Paraná, Curitiba

Um dos aspectos que precisamos lidar quando vamos viajar, principalmente em viagens internacionais, são os aspectos burocráticos. Vistos, por exemplo! Para a Ana, que é italiana, é tudo mais simples, mas para nós, meros brasileiros... Mesmo viajando no nosso próprio continente, devemos vencer várias complicações.

Precisamos de visto para o Canadá, EUA, México e ilhas e regiões francesas. Guiana Francesa, por exemplo. Um complicador no meu caso é que, normalmente, um dos pré-requisitos para a obtenção do visto são as passagens de avião, de ida e, principalmente, de volta. Para quem vai de carro, eles acham muito estranho e ficam sem saber o que informar. Outro ponto é que o visto tem uma validade limitada depois de emitido. Para quem vai chegar só daqui a 20 meses no país, a recomendação é que se obtenha o visto pouco antes de viajar. De novo, isso não me ajuda porque eu vou estar na estrada e não em São Paulo, onde se obtem esses vistos normalmente.

Bom, na prática, como estou lidando com isso? Para começar, por sorte, eu já tenho um visto americano, válido ainda por vários anos. Que bom! Obter um novo, desempregado, sem passagens de avião, sem imóveis no Brasil, não seria fácil. Segundo, já tendo o visto americano, obter o mexicano foi moleza. Afinal, o México só exige visto de brasileiro porque muitos compatriotas iam para lá para atravessar o Rio Grande a nado. Como eu já tenho o visto americano, eles não acham que seja esse o meu caso.

No caso do visto canadense, vou tentar agora em Maio. Terá de ser o visto de múltiplas entradas, válido por 3 anos, já que o visto de entrada simples, mais barato, só é válido por 6 meses. Já estou preparando a documentação para mostrar que eu não pretendo ir para lá para viver ilegalmente. Sem emprego, é sempre mais complicado. Em Maio dou notícias sobre isso.

Por fim, no caso das regiões francesas, me recomendaram que eu, a bordo da Fiona, na fronteira, negociasse com o oficial de plantão. É o que pretendo fazer. Quem sabe, passar no consulado no Amapá. Quanto às ilhas, disseram-me que não teria problemas, estando com as passagens de entrada e saída. Ao longo da viagem vou tentar me informar novamente.

Para a minha esposa italiana foi tudo mais fácil. Bastou 15 minutos na internet para conseguir o visto americano, único país que tem essa exigência.

Ainda no quesito burocracia, consegui minha carteira internacional no último dia (hoje!), para carros e motos. Eu e a Ana fizemos o curso de motos nessas últimas semanas. Foi uma corrida contra o tempo, com final feliz!

Agora, está faltando a documentação da Fiona para a fase internacional da viagem. Ainda temos tempo para isso. Basicamente, são cópias e cópias dos documentos originais, listas e listas dos aparelhos eletrônicos que estamos levando, um tal de carnet du passage e seguros de viagem. Aqui seguimos aquela máxima: "Não deixe para amanhã aquilo que pode deixar para depois de amanhã!".

Finalmente, estamos deixando o Brasil, hoje, quites com o Imposto de Renda. Já de olho na nossa restituição, sempre bem vinda. No meu caso, de olho também no meu seguro-desemprego.

E chega de burocracias...

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Coro e um Pouco de História

Venezuela, Coro

Uma das muitas igrejas de Coro, cidade histórica no noroeste da Venezuela

Uma das muitas igrejas de Coro, cidade histórica no noroeste da Venezuela


Como em quase todos os países do nosso continente, a história moderna da Venezuela começa com a chegada dos espanhóis, no início do século XVI, e o morticínio das populações locais, pela espada ou micróbios trazidos do velho continente. Essas populações já se encontravam por aqui há pelo menos 15 mil anos, de onde ocuparam toda a cadeia de ilhas que forma o Caribe, em sucessivas ondas migratórias.

A simpática Coro, cidade histórica na Venezuela

A simpática Coro, cidade histórica na Venezuela


“Venezuela”, ou “pequena Veneza”, foi como os espanhóis chamaram essas novas terras que, por seu litoral entrecortado e cheio de canais, tanto lhes lembrava a cidade italiana. Eles vieram atrás de ouro e outros metais preciosos, mas esses metais só seriam encontrados séculos mais tarde, depois da independência do país. Assim, o principal motor da economia colonial sempre foi a agricultura, organizada na forma de grandes fazendas. Foi em torno dessas riquezas agrícolas que surgiu uma rica elite local, de sangue criollo, uma mistura de linhagens europeias e indígenas. Essa elite local buscava uma maior autonomia política e econômica, mas importações e exportações, por força das leis coloniais, eram taxadas e amarradas à metrópole.

A simpática Coro, cidade histórica na Venezuela

A simpática Coro, cidade histórica na Venezuela


Quando as forças napoleônicas ocuparam a Espanha, no início do século XIX, foi a chance que, não só Venezuela, mas boa parte das regiões hispano-americanas, esperavam. Movimentos de independência surgiram quase ao mesmo tempo em todo o continente e, quando a Espanha finalmente conseguiu se recuperar na Europa, por aqui já era tarde demais. Certamente, espanhóis e parte da elite local, ainda fortemente ligada à metrópole, não aceitaram essa separação e guerras sangrentas de libertação se espalharam pela América do Sul. E foi na Venezuela, talvez por ser o país mais próximo da antiga metrópole, onde as lutas foram mais encarniçadas. Ao longo de mais de uma década de conflitos, metade da população de origem europeia morreu nas guerras e caos social e econômico criado por elas.

rua emsombreada de Coro, cidade histórica na Venezuela

rua emsombreada de Coro, cidade histórica na Venezuela


Foi nesse período conturbado que surgiu aquele que seria conhecido como o grande libertador do continente, Simon Bolívar. Ele foi um dos principais generais, mas não o líder, da “Primeira República”, proclamada em 1811 por Francisco de Miranda. Mas um terremoto devastador na capital Caracas, no ano seguinte, e a reação organizada por forças realistas baseadas na região de Coro conseguiram colocar fim ao movimento. Em 1813, agora já com a liderança de Bolívar, uma “Segunda República” foi lançada. Dessa vez, a reação veio de um local inesperado: nos Llanos, se levantou um exército formado por mestiços e gente simples. Seu carismático líder afirmava que o movimento de independência, criado pela elite local, nada traria de bom à população mais pobre. As forças republicanas foram derrotadas em seguidas batalhas e, enfraquecidas, não puderam resistir aos novos exércitos que chegavam da Espanha.

Carro 'novinho' nas ruas de Coro, cidade histórica na Venezuela

Carro "novinho" nas ruas de Coro, cidade histórica na Venezuela


Bolívar partiu para o exílio, primeiro em Curaçao e depois no Haiti, a jovem república negra formada uma década antes e que agora estava dividida em dois países. Depois de buscar ajuda na Jamaica britânica e nos Estados Unidos, foi no Haiti do Sul, governado pelo idealista Pétion, que obteve decisivo apoio para reorganizar seu exército e tentar a sorte novamente. A única exigência de Pétion para apoiar Bolívar foi a promessa de acabar com a escravidão na América do Sul. E foi assim, com a valiosa ajuda haitiana, que Bolívar voltou a desembarcar na América do Sul, já perto de 1820.

Arte nas ruas de Coro, cidade histórica no noroeste da Venezuela

Arte nas ruas de Coro, cidade histórica no noroeste da Venezuela


Dessa vez, Bolívar focou seu movimento de libertação primeiro na Colômbia, para depois expandi-lo rumo à Venezuela, a leste, e Equador e Peru, a oeste. Foi nesse último país que se encontrou com o outro grande libertador da América do Sul, o general San Martin, que depois de liberar a Argentina e Chile, veio derrotar os espanhóis perto de Lima. Foi um encontro tenso, mas cordial. Duas visões de mundo e governo que não muito combinavam. San Martín acreditava em governos monárquicos, como os que existiam na Europa de então. Bolívar era um republicano e tinha os Estados Unidos como modelo. Ao brindarem ao final do encontro, Bolívar fez uma homenagem aos “dois maiores homens do continente” enquanto San Martín preferiu homenagear as novas nações que nasciam. Por fim, San Martin voltou para o sul enquanto Bolívar, com a decisiva ajuda do general Sucre, acabou de expulsar os espanhóis do Equador.

Arte nas ruas de Coro, cidade histórica no noroeste da Venezuela

Arte nas ruas de Coro, cidade histórica no noroeste da Venezuela


O sonho de Bolívar era formar uma grande nação sul-americana. Pelo menos no papel, ele chegou perto disso. A “Gran Colômbia” era uma nação formada pelos atuais Venezuela, Colômbia, Panamá, Equador, Peru e Bolívia, tendo Bolívar como líder. Sua ideia era a de uma grande federação, com governo central relativamente fraco frente à autonomia de seus estados. Infelizmente, nunca funcionou e bastaram alguns anos para a nova nação se esfacelar nos países que conhecemos hoje. Bolívar tentou segurar o quanto pôde, inclusive assumindo papel ditatorial no final de seu governo. Mas ao final, desgostoso e doente, acabou morrendo prematuramente, não sem antes afirmar que “lutar pela união sul-americana era o mesmo que arar na águas do oceano”.

Pichações nas ruas de Coro, cidade histórica na Venezuela

Pichações nas ruas de Coro, cidade histórica na Venezuela


A separação dos países e a morte do antigo líder não trouxeram a estabilidade institucional desejada. Ao contrário, na Venezuela, uma interminável sequência de golpes militares e governos de caudillos trouxeram mais morte e caos e, novamente, uma grande parcela da população morreu nesse período turbulento. Foram as riquezas trazidas com a exploração do ouro descoberto no leste do Venezuela, na região da Guyana, que finalmente começou a mudar a sorte do país. Em uma das mais intensas “corridas do ouro” da história da humanidade, o país passou as ser o maior produtor mundial desse metal, só perdendo esse posto para a África do Sul, muitas décadas mais tarde. Mas, mesmo com toda essa riqueza, a incompetência política levou o país a declarar moratória no final do século, causando a ira dos credores internacionais e o bloqueio naval de sua costa, numa situação que causou muita tensão entre Inglaterra e Alemanha (os credores) e Estados Unidos, meio indeciso sobre se a famosa Doutrina Monroe valia ou não para bloqueios navais.

Pichações nas ruas de Coro, cidade histórica na Venezuela

Pichações nas ruas de Coro, cidade histórica na Venezuela


Finalmente, no início do século XX, foi descoberto petróleo na região do lago Maracaibo, fato que mudaria para sempre a história do país. Com a crescente dependência de nossa civilização dessa riqueza natural, a Venezuela soube se aproveitar disso e tornou-se o mais rico país da América Latina, principalmente depois dos choques no preço do petróleo na década de 70. Com a sobra de dinheiro, programas sociais e de infraestrutura mudaram a cara do país, um oásis em meio à crise que assolava o continente. Mas a bonança não durou muito e a queda dos preços do petróleo pegaram o país na contramão na década seguinte. Extremamente dependente desse único produto de exportação, as receitas da Venezuela entraram em queda livre, enquanto os gastos em programa social continuaram os mesmos. O país se endividou e, como seus vizinhos, acabou caindo no colo do FMI, que receitou o programa de sempre: corte de gastos e ajuste fiscal. O resultado foi uma enorme convulsão social, terreno fértil para todo tipo de revolução. Nascia o chavismo...

Rua no centro histórico de Coro usada como cenário de filme de época (noroeste da Venezuela)

Rua no centro histórico de Coro usada como cenário de filme de época (noroeste da Venezuela)


No dia de hoje, nosso primeiro aqui no país, passamos explorando a maior joia arquitetônica da Venezuela, a cidade de Coro. Um dos bastiões das forças leais à Espanha e do conservadorismo no século XIX, Coro perdeu importância política e econômica com o tempo, ficando muito para trás de Caracas e Maracaibo. O lado bom disso é que sua arquitetura foi conservada e hoje é possível passear pelas mesmas ruas e por entre as mesmas casas de 200 anos atrás. Na Venezuela de hoje, injustamente relegada ao 3º plano no mapa do turismo mundial, éramos praticamente os únicos visitantes em uma cidade com potencial de receber centenas de turistas todos os dias. Para nós, uma oportunidade única de começar a conhecer e entender esse país tão incrível, de natureza exuberante e história intensa. Falando nisso, bem ali, pichada nos muros, em frente aos nossos olhos, a história continua a acontecer, um país que ainda não sabe para onde vai, saído de uma tensa eleição, sem mais o polêmico líder, o tal bolivarianismo numa encruzilhada.

Rua no centro histórico de Coro usada como cenário de filme de época (noroeste da Venezuela)

Rua no centro histórico de Coro usada como cenário de filme de época (noroeste da Venezuela)


Bom, pelo menos nós sabemos para onde vamos. Coro está estrategicamente colocada entre a Península de Paraguaná e a Serra de San Luís, entre a praia e a montanha, entre o deserto e a floresta. Enquanto nos esbaldamos com a geografia, vamos tratar de entender a história, principalmente a desses últimos 15 anos...

Turma animada de adolescentes nas ruas de Coro, cidade histórica na Venezuela

Turma animada de adolescentes nas ruas de Coro, cidade histórica na Venezuela

Venezuela, Coro, Bolívar, história

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Natividade

Brasil, Tocantins, Natividade

Igreja matriz em Natividade - TO

Igreja matriz em Natividade - TO


A ocupação de Tocantins iniciou-se, assim como várias outras regiões do país, com a busca pelo ouro. Na segunda metade do séc. XVIII, o vil metal foi descoberto nas serras no entorno do que é hoje a cidade de Natividade. Uma "corrida" se seguiu e, ao longo das próximas décadas, cerca de 40 mil escravos foram levados para lá, para trabalhar nas atividades de mineração. Foi um ciclo relativamente rápido, mas que deixou para trás a mais antiga cidade do estado que, ainda hoje, no seu centro histórico, preserva uma belo casario antigo, ainda com ar colonial.

A tranquila praça central de Natividade - TO

A tranquila praça central de Natividade - TO


Nós chegamos na cidade no final da tarde, vindos de Taquaruçu. Instalamo-nos no hotel Serra Geral e corremos para passear no centro ainda com luz natural. A sensação foi a de se estar numa das antigas cidades mineiras ou baianas, exceto por uma tranquilidade ainda maior. Nas ruas centrais, o casario ainda está bem conservado (pelo menos nas fachadas!). Construída no pé da serra, o visual das casas antigas com as montanhas ao fundo é muito cativante.

Passeando em Natividade - TO

Passeando em Natividade - TO


Uma das mais antigas construções é a igreja inacabada de Nossa Senhora dos Pretos. É aquela que existe em quase todas as cidades coloniais brasileiras, uma igreja construída por escravos e negros libertos para poderem, eles também, realizarem seus cultos, já que não eram aceitos em outras igrejas, as dos "brancos". Confesso que isso sempre me intriga: como é que eles tão devotamente abraçaram uma fé que, de maneira geral, os relegava? Aparentemente, a resposta é que era somente ali que tinham espaço para escapar, por alguns momentos que fossem, da dura e cruel vida que levavam. Pelo menos no mundo espiritual poderiam ter esperanças... E a única saída para o mundo espiritual que lhes era permitido professar era a fé católica.

A igreja incompleta de Nossa Senhora dos Pretos, em Natividade - TO

A igreja incompleta de Nossa Senhora dos Pretos, em Natividade - TO


Hoje, felizmente, o mundo não é tão cruel. Para escapar um pouco das agruras diárias, as pessoas podem, por exemplo, tomar um refrescante banho de rio. Em Natividade, as pessoas vão para os "poções", piscinas naturais a um quilômetro do centro. Foi nossa última atividade do dia, admirar esses recantos verdes tão próximos da vida urbana. Amanhã, a viagem continua, para o "menor rio do mundo", ainda em Tocantins, e para o norte de Goiás, parque estadual da Terra Ronca.

Os 'poções', piscinas naturais em Natividade - TO

Os "poções", piscinas naturais em Natividade - TO

Brasil, Tocantins, Natividade,

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Paisagens do Açu

Brasil, Rio De Janeiro, Serra dos Órgãos

Sob a enorme rocha do Castelo do Açu, admirando a beleza do Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro

Sob a enorme rocha do Castelo do Açu, admirando a beleza do Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro


A travessia da Serra dos Órgãos tem muitos pontos altos, no sentido figurado e no literal também. No segundo caso, destacam-se a Pedra do Sino, com 2,275 metros de altitude, e o Pico do Cruzeiro, bem próximo dos 2.220 metros. Já no caso figurado, talvez o melhor exemplo seja a formação rochosa chamada Castelo do Açu, um enorme bloco de rocha já partido em blocos menores e com a forma de uma gigantesca tartaruga. E é exatamente na região do Castelo do Açu que está o melhor refúgio da travessia. Para quem vem de Petrópolis, é o local normal de se passar a primeira noite. Para quem vem de Teresópolis, seria o pouso da segunda noite na trilha.

Ainda antes de nascer, o sol pinta de amarelo o céu do Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro

Ainda antes de nascer, o sol pinta de amarelo o céu do Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro


Seis e quinze da manhã, o sol está quase nascendo no Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro

Seis e quinze da manhã, o sol está quase nascendo no Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro


O sol se levanta atrás das montanhas do Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro

O sol se levanta atrás das montanhas do Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro


Além do interesse na própria formação rochosa, é a vista que se tem daí o seu maior atrativo. Em dias limpos, pode-se ver perfeitamente toda a Baía da Guanabara e as montanhas da cidade do Rio de Janeiro. Com um par de binóculos, o zoom da câmera fotográfica ou com olhos de águia, pode-se até divisar o Cristo redentor sobre o Corcovado. E olhe que ele está a 60 kms de distância em linha reta, quase 1.500 metros abaixo de nós.

Um cabo de aço nos ajudar a subir um rochedo para assistir o nascer-do-sol na região do Castelo do Açu,  Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro

Um cabo de aço nos ajudar a subir um rochedo para assistir o nascer-do-sol na região do Castelo do Açu, Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro


Um cabo de aço nos ajudar a subir um rochedo para assistir o nascer-do-sol na região do Castelo do Açu,  Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro

Um cabo de aço nos ajudar a subir um rochedo para assistir o nascer-do-sol na região do Castelo do Açu, Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro


Podemos observar também as montanhas mais famosas do parque e que marcam a direção que deveremos seguir rumo a Teresópolis. Lá estão o Dedo de Deus, o Garrafão e a Pedra do Sino, local do refúgio da segunda noite. O Dedo de Deus, maior ícone da Serra dos Órgãos e do alpinismo brasileiro, mesmo com seus 1.692 metros de altitude, está a mais de 500 metros abaixo de nós! Para quem tinha visto ele lá da estrada de Petrópolis, quando sua ponta parecia tocar o céu, o novo ângulo nos dá uma perspectiva bastante diferente.

Com frio e esperando o calor do sol que acaba de nascer no Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro

Com frio e esperando o calor do sol que acaba de nascer no Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro


Vários turistas assistem de camarote o nascer-do-sol no Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro. Eu estou à direita!

Vários turistas assistem de camarote o nascer-do-sol no Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro. Eu estou à direita!


Aproveitando os primeiros raios da manhã no Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro

Aproveitando os primeiros raios da manhã no Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro


O momento mais mágico aqui no Castelo do Açu é, sem nenhuma dúvida, o nascer-do-sol. Tremendo de frio, os turistas que tem a sorte de aqui estar durante um dia limpo, se aconchegam em alguma pedra mais alta da região e passam a assistir o céu se pintar de azul claro, amarelo, laranja e vermelho, até que o astro-rei desponta atrás das montanhas do horizonte. Junto, vem o calor tão esperado, assim como a luz que banha aqueles campos de altitude e os diversos picos que compõe a paisagem. Em uma só palavra: espetacular!

O Dedo de Deus se banha nos raios do sol que acaba de se levantar no Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro

O Dedo de Deus se banha nos raios do sol que acaba de se levantar no Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro


Mais um dia que começa no Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro

Mais um dia que começa no Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro


Início de mais um belo dia no Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro

Início de mais um belo dia no Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro


São dois os lugares prediletos dos visitantes que por aqui passam para assistir a este show da natureza. O primeiro, mais próximo e rápido de chegar, é uma das pedras que formam o Castelo do Açu, na sua extremidade leste. Um cabo de aço facilita muito a nossa chegada até o alto dessa pedra, uma das primeiras a ser atingida pelos raios solares. Durante a temporada e nos finais de semana, quem acordar mais tarde certamente não vai achar seu lugar lá em cima. Mas não tem problema, na verdade todo e qualquer lugar por ali é especial para ver o nascer-do-sol. Assim, para quem gosta de mais privacidade nesse momento mágico, é só caminhar um pouco.

A paisagem espetacular da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro

A paisagem espetacular da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro


As montanhas do Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro

As montanhas do Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro


Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro

Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro


O outro lugar preferido é o Morro do Cruzeiro. Está um pouco mais afastado, mas não muito. É considerado o ponto mais alto de Petrópolis, pois a partir daqui, entramos no município de Teresópolis. Sobre o morro, uma pequena cruz de metal não deixa dúvidas que aquele é o Morro do Cruzeiro. A cruz foi colocada ali em homenagem a um grupo de alpinistas mortos por raios durante uma grande tempestade elétrica no início dos anos 90. São uns 10 minutos de caminhada da base do castelo até lá, mas a vista compensa qualquer esforço. Com uma área maior, certamente não faltará espaço para ninguém aí, mesmo nos dias mais cheios.

No alto do Morro do Marco, no Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro. Ao fundo, a Baía da Guanabara

No alto do Morro do Marco, no Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro. Ao fundo, a Baía da Guanabara


Admirando a vista do alto do Morro do Marco, no Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro

Admirando a vista do alto do Morro do Marco, no Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro


A região montanhosa  da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro

A região montanhosa da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro


Hoje, eu e a Ana preferimos assistir o dia nascer do alto da pedra do cabo de aço. havia ali umas 10 pessoas, no máximo. Todos extasiados com o que viam. Temperatura um pouco acima de 0 grau, mas é para isso que servem os casacos. A ansiedade pelo sol que chega também ajuda a esquentar e, antes de percebermos, ele já ilumina toda aquela linda região. Os picos rochosos parecem estar se banhando nesses primeiros raios e esta é, talvez, a paisagem mais bela daquele momento.

O Castelo do Açu, no Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro

O Castelo do Açu, no Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro


O refúgio do Castelo do Açu, no Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro

O refúgio do Castelo do Açu, no Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro


Os passarinhos também se agitam e cantam com o nascer-do-sol no Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro

Os passarinhos também se agitam e cantam com o nascer-do-sol no Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro


Depois do espetáculo, as pessoas voltam para sua barracas para se prepararem para mais um dia de caminhadas. Eu e a Ana não tínhamos pressa. Resolvemos ir dar uma olhada no Morro do Cruzeiro também, para dar aquela primeira esticada nas pernas antes de colocarmos o peso em nossas costas. Depois, de volta para a base do Castelo onde uma pequena gruta foi protegida por uma parede de pedras. As pessoas podem dormir lá dentro, protegidas do vento. Mas nós ficamos do lado de fora mesmo, uma espécie de varanda natural. Aí fizemos nosso alongamento e até um pouco de ioga, a luz do sol nos esquentando e inspirando.

Esquentando-se pela manhã sob o Castelo do Açu, no Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro

Esquentando-se pela manhã sob o Castelo do Açu, no Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro


Finalmente, o sol chega à nossa barraca ao lado do Castelo do Açu, no Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro

Finalmente, o sol chega à nossa barraca ao lado do Castelo do Açu, no Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro


Esquentando-se com o sol da manhã antes de desarmar a barraca, ao lado do Castelo do Açu, no Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro

Esquentando-se com o sol da manhã antes de desarmar a barraca, ao lado do Castelo do Açu, no Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro


Só então voltamos para nossa barraca. era agora, uma hora depois do sol nascer, que os primeiros raios atingiam nossa casinha na montanha. Até então, estava gelado lá dentro. Aproveitando o novo calorzinho, tomamos nossa café da manhã tranquilamente e preparamos os sanduíches para o dia. A esta altura, todo mundo já tinha partido, mas nós resolvemos ficar outra hora por ali, agora caminhando para o sul, na direção do Rio de Janeiro.

Antes de partirmos para mais um dia de caminhada no Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro, café da manhã e preparação dos sanduíches

Antes de partirmos para mais um dia de caminhada no Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro, café da manhã e preparação dos sanduíches


Antes de partirmos para mais um dia de caminhada no Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro, café da manhã e preparação dos sanduíches

Antes de partirmos para mais um dia de caminhada no Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro, café da manhã e preparação dos sanduíches


Leitos de pedra descem do Castelo nessa direção, perdendo lentamente a altitude, até a borda da montanha. Até aí fomos, o melhor lugar para se admirar a Baía da Guanabara. Ontem de noite, tínhamos visto o mar de luzes da Baixada Fluminense, uma visão inesquecível (fotos no post anterior). Agora podíamos ver o mar e todo o contorno dessa que é uma das maiores baías do litoral brasileiro. As montanhas cariocas como o Corcovado, o Pão de Açúcar e a Pedra da Gávea pareciam minúsculas, mas, ao mesmo tempo, tão fáceis de serem reconhecidas.

Admirando a vista da Baía da Guanabara do alto do Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro

Admirando a vista da Baía da Guanabara do alto do Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro


A Baía da Guanabara, a Ilha do Governador e o Maciço da Tijuca vistos do alto do Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro

A Baía da Guanabara, a Ilha do Governador e o Maciço da Tijuca vistos do alto do Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro


O Rio de Janeiro e a Baía da Guanabara vistos do castelo do Açu, no Parque Nacional da Serra dos Órgãos

O Rio de Janeiro e a Baía da Guanabara vistos do castelo do Açu, no Parque Nacional da Serra dos Órgãos


O Corcovado, a 60 km de distância em linha reta e quase 1,5 kms abaixo de nós, no alto do Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro

O Corcovado, a 60 km de distância em linha reta e quase 1,5 kms abaixo de nós, no alto do Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro


A Ana fez uma belíssima montagem de fotos, uma grande panorâmica em que se vê todo o contorno da baía e também as cidades da região. Infelizmente, a foto não fica muito grande no formato do site e quase não se pode perceber o que há nela. Mas os programas de fotos podem fazer mágicas e uma delas é distorcer a foto no sentido vertical. É como se achatássemos as medidas horizontais e alongássemos as medidas verticais. O resultado é que a extensa baía fica bem menos ampla, ao mesmo tempo em que as montanhas crescem muito em altura. Uma paisagem quase jurássica do Rio de Janeiro! Foi a maneira que encontramos de poder mostrar um pouco do que vimos lá de cima!

Do alto do Parque Nacional da Serra dos Órgãos, em um dia limpo, é possível vislumbrar toda a Baía da Guanabara. Espetacular!

Do alto do Parque Nacional da Serra dos Órgãos, em um dia limpo, é possível vislumbrar toda a Baía da Guanabara. Espetacular!


A mesma foto da Baía da Guanabara, mas agora distorcida verticalmente. Alguém conhece reconhecer as montanhas famosas do rio de Janeiro (Pão de Açúcar, Corcovado e Gávea?)

A mesma foto da Baía da Guanabara, mas agora distorcida verticalmente. Alguém conhece reconhecer as montanhas famosas do rio de Janeiro (Pão de Açúcar, Corcovado e Gávea?)


Bom, o sol subia no horizonte e já estava mais do que na hora de retomarmos nossa travessia. Voltamos para a barraca, desmontamos e empacotamos tudo nas mochilas e pé na trilha novamente. O trecho mais belo da travessia ainda estava na nossa frente, justamente o trecho entre o Castelo do Açu e a Pedra da Mina, frente a frente com esses gigantes de pedra!

Feliz com mais um dia de céu azul no Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro. Ao fundo, a Baía da Guanabara

Feliz com mais um dia de céu azul no Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro. Ao fundo, a Baía da Guanabara

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Um Dia em Jampa

Brasil, Paraíba, João Pessoa

Água de coco depois do cooper, na praia de Cabo Branco, em João Pessoa - PB

Água de coco depois do cooper, na praia de Cabo Branco, em João Pessoa - PB


João Pessoa é a terceira mais antiga capital do Brasil, tendo "nascido" em finais do séc XVI. Mas o seu nome é bem mais recente, homenagem a um famoso político local, presidente (governador) do estado, assassinado em 1930. Embora essa morte tenha sido muito bem usada politicamente pelo grupo de Vargas para se iniciar a revolução de 30, afinal João Pessoa era o candidato à vice em sua chapa, o asassinato do político paraibano estava muito mais ligado à questões de honra do que propriamente políticas. Essa história está muito bem retratada no famoso filme de Tisuka Yamasaki, "Paraíba Mulher Macho", do início da década de 80. João Pessoa era retratado por Walmor Chagas, sempre com seus eternos cabelos brancos.

Praia de Manaíra, em João Pessoa - PB

Praia de Manaíra, em João Pessoa - PB


João Pessoa havia mandado a polícia invadir escritórios de vários adversários políticos, teoricamente a procura de armas que seriam usadas num golpe de estado. No escritório de um advogado, ao invés de armas a polícia encontrou a correspondência íntima e amorosa do advogado e sua "namorada", uma poetisa famosa da época, que com suas idéias de "vanguarda" (até o voto feminino, ela defendia!), já escandalizava a conservadora sociedade paraibana. João Pessoa mandou publicar essas cartas na imprensa, o que deixou os amantes meio "expostos" em suas intimidades. Pouco depois, o advogado acertou suas contas com João Pessoa em uma confeitaria em Recife: dois tiros à queima roupa. A trágica história não acaba aí, claro. Ele foi preso e, poucos meses depois, assassinado junto com um parente seu, que nada tinha a ver com a história, na prisão. A polícia alegou que fora suicídio. Quem se suicidou de verdade, alguns dias depois, foi a poetisa, que havia se mudado para Recife para poder estar sempre visitando o seu amor. E toda essa trágica história acabou por ajudar bastante a levar Vargas para o poder. Mas o destino também acabaria por levar esse. Suicídio também. Shakespeare deveria ter nascido na Paraíba...

Belo visual da piscina de nosso hotel em João Pessoa - PB

Belo visual da piscina de nosso hotel em João Pessoa - PB


Pois bem, no calor do assassinato, a cidade de Parahyba mudou seu nome para João Pessoa. Ela já tinha uma longa tradição de homenagear pessoas com seus nomes. Chamou-se Felipeia, em homenagem ao rei espanhol (pois é, pouca gente se lembra, mas o Brasil já foi espanhol, na época que Portugal e Espanha eram um só reino) e chamou-se Frederikstadt, em homenagem ao manda-chuva holandês, na época de domínio deste país. Hoje, há movimentos na capital para se mudar novamente o seu nome, por meio de plebiscito. Não faltam nomes candidatos...

O famoso hotel Tropical Tambaú, em João Pessoa - PB

O famoso hotel Tropical Tambaú, em João Pessoa - PB


Apesar se hoje a cidade estar voltada para o mar, isso é fato recente. Ela nasceu na beira do rio, subiu o morro e lá ficou, quase a 8 km das praias. Ainda na década de 70, terrenos nas praias de Cabo Branco e Tambaú eram uma pechincha. Morar na praia era "pobre". Para os visionários da época que resolveram fazer um pequeno investimento, o futuro (hoje) lhes sorriu. De qualquer maneira, toda a parte histórica da cidade encontra-se no centro, bem distante da orla.

A belíssima Igreja de São Francisco, em João Pessoa - PB

A belíssima Igreja de São Francisco, em João Pessoa - PB


Foram "essas João Pessoas" que eu e a Ana conhecemos hoje. Primeiro, a da orla. Sol de rachar, caminhamos e corremos por Manaíra, Tambaú e Cabo Branco, três das principais praias da cidade, onde estão a maioria dos hotéis, inclusive o nosso, que fica bem em frente ao mais tradicional hotel da cidade, o Tropical Tambaú, que esse ano faz 40 anos de idade! Apesar disso, sua arquitetura continua impressionando, uma espécie de disco voador gigante, camuflado por grama, pousado bem na ponta de Tambaú. Ainda na orla, observamos atentos o local do show da noite, de Margareth Menezes.

Igreja São José, em João Pessoa - PB

Igreja São José, em João Pessoa - PB


De tarde fomos ao centro dar uma olhada na "lagoa" e nos prédios históricos. O mais belo deles é a Igreja de São Francisco, parte integrante do Convento de Santo Antônio. Um show de arquitetura barroca, patrimônio cultural brasileiro. A Igreja, hoje, é muito concorrida para casamentos mais chiques, enquanto boa parte do convento foi transformada em espaço cultural.

Um raro Cristo barroco com os pés separados, na Igreja São Francisco, em João Pessoa - PB

Um raro Cristo barroco com os pés separados, na Igreja São Francisco, em João Pessoa - PB


Por falar em cultura, de noite fomos ao movimentado show. Praia cheia e animada. O show faz parte de uma rica programação para o mês de Janeiro. Amanhã, por exemplo, lá estará Gabriel, o Pensador. Mas nós ficamos mesmo interessados é no show de fechamento, em fins de Janeiro: Mano Chao. Infelizmente, estaremos longe. Quem estava bem por perto era o secretário de cultura da cidade, que até deu uma canja no show de sua amiga. É o também cantor Chico Cezar. Foi jóia vê-los cantar, juntos, "Mama África".

Show da Margareth Menezes em João Pessoa - PB

Show da Margareth Menezes em João Pessoa - PB


No show da Margareth Menezes em João Pessoa - PB

No show da Margareth Menezes em João Pessoa - PB


Enfim, foi um dia cheio em Felipéia, Parahyba ou João Pessoa. Ou John People, como nós gostamos de falar (tem até um bar com esse nome!). Ou, melhor ainda, em "Jampa", que é o apelido usado por seus prórpios moradores. Se temos "Sampa" no sudeste, temos "Jampa" no nordeste.

Chapéu típico de festas maranhenses exposto em galeria do convento São Francisco, em João Pessoa - PB

Chapéu típico de festas maranhenses exposto em galeria do convento São Francisco, em João Pessoa - PB

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Um Lugar Especial

México, Guanajuato

A bela iluminação noturna de Guanajuato, no México

A bela iluminação noturna de Guanajuato, no México


A cidade de Guanajuato começou como muitas outras no México: fundada por colonizadores espanhóis logo no início da ocupação, teve de enfrentar alguns ataques indígenas, mas logo se impôs sobre a população local. O que a fez diferente veio um tempo depois. A descoberta de ouro e, mais tarde, prata, mudou para sempre a história da cidade.

Jardin de La Unión, a praça mais movimentada de Guanajuato, no México

Jardin de La Unión, a praça mais movimentada de Guanajuato, no México


As minas de prata se mostraram “inesgotáveis” e, durante algum tempo no séc XVIII, quase três quartos da produção mundial do metal vinham dessa pequena cidade aqui no México. As pessoas vinham do outro lado do mundo em busca da sua parte do quinhão e a cidade, espremida entre as montanhas, teve de crescer encosta acima. As ruas e ruelas são, ainda hoje, muito mais uma sequência de escadarias do que ruas propriamente ditas. Sendo assim, nem precisavam ser muito largas, já que eram destinadas apenas à pedestres. Em muitas dessas passagens, as varandas opostas quase se tocam, como no famoso “Callejon del Beso”.

Venda de frutas nas ruas de Guanajuato, no México

Venda de frutas nas ruas de Guanajuato, no México


As ruas mais largas ficaram no fundo do estreito vale, onde a cidade nasceu e onde estão os maiores prédios públicos, praças e igrejas. Com o dinheiro gerado por séculos de exploração da prata, muito se construiu, com pompa e circunstância, prédios de arquitetura refinada e com qualidade para resistir aos séculos. Caminhar por essas ruas hoje é um prazer, olhos sempre virados para cima, admirando a arquitetura colonial impecável dos grandes prédios e também a arquitetura colorida que acabou por se transformar numa das marcas da cidade, as charmosas casas pintadas de azul, rosa, amarelo e outras cores e ainda repleta de vasos de flores pendurados em suas varandas. Enfim, um deleite visual.

Arquitetura colorida, típica em Guanajuato, no México

Arquitetura colorida, típica em Guanajuato, no México


Outra coisa que chama logo a atenção é a vida que existe na cidade. As ruas principais estão sempre cheias de gente, locais e turistas. Bares e restaurantes oferecem boa comida e boa música, ou apenas um lugar para se sentar e saborear um chá ou cerveja gelada enquanto se observa o mundo passar à sua volta. Difícil mesmo é escolher aonde fazer essas “paradas estratégicas”, já que eles estão por toda parte, nas praças ensolaradas ou sombreadas, nas ruas estreitas e charmosas, nos terraços com vista privilegiada. Ó, dúvida cruel!

Adeus, barba e cabelo! (em barbearia tradicional de Guanajuato, no México)

Adeus, barba e cabelo! (em barbearia tradicional de Guanajuato, no México)


A exploração de prata acabou, mas o know-how em escavar foi utilizado também para se criar uma vasta rede de túneis sob o solo da cidade. Com isso, boa parte do trânsito fica lá embaixo e não incomoda os pedestres, ao mesmo tempo em que evita congestionamentos para os motoristas. Que magnífica solução! Além disso, os túneis são uma atração à parte, pois foram escavados à mão e não por máquinas e isso é bem claro por sua aparência rústica. Dirigir ou caminhar por eles é infinitamente mais interessante do que fazer o mesmo nos modernos túneis das grandes cidades e estradas.

Chegando ao Cristo Rey, monumento no alto do Cerro do Cubilete, próximo à Guanajuato, no México

Chegando ao Cristo Rey, monumento no alto do Cerro do Cubilete, próximo à Guanajuato, no México


A primeira metade do nosso dia de hoje foi de explorações por essa cidade encantada. Na verdade, eu comecei um pouco mais cedo, indo diretamente a uma barbearia. Chega da minha barba cubana! De agora em diante, cara limpa! Pelo menos até passar pela fronteira americana, hehehe! Depois, aí sim, nosso negócio foi caminhar para lá e para cá, tanto nas ruas movimentadas do centro, com suas praças e monumentos, como pelas tranquilas e labirínticas ladeiras e escadarias que sobem as encostas. É onde a cidade fica ainda mais charmosa!

De cara limpa no alto do Cristo Rey, região de Guanajuato, no México

De cara limpa no alto do Cristo Rey, região de Guanajuato, no México


Depois, já de tarde e na companhia do nosso guia e amigo (mais amigo do que guia!) Ricardo, fomos de carro para uma das grandes atrações da região. É a estátua do Cristo Rey, construída sobre uma montanha que muitos dizem ser o exato centro geográfico do país. Talvez por isso atraia tanta gente, centenas ou milhares por dia, a maioria de peregrinos mexicanos. A vista lá de cima é magnífica, podendo de observar quilômetros e quilômetros de paisagens e montanhas para qualquer lado que se olhe, as cidades minúsculas dentro daquela grandiosidade toda.

Cristo Rey em reforma para a visita do Papa à Guanajuato, no México

Cristo Rey em reforma para a visita do Papa à Guanajuato, no México


Muitos peregrinos e visitantes no Cristo Rey, região de Guanajuato, no México

Muitos peregrinos e visitantes no Cristo Rey, região de Guanajuato, no México


A estátua está em reforma para poder receber um ilustre visitante que chegará no final do mês: o Papa! Pois é, esse ilustre senhor está seguindo os nossos passos. Passará por Cuba e, de lá, virá ao México, especificamente à charmosa Guanajuato, onde dormirá em um dos maravilhosos mosteiros da cidade. Essa sua viagem está mobilizando as enormes multidões católicas do país e os centros de peregrinação mexicanos estão mais movimentados do que nunca. Aqui no Cristo Rey, por exemplo, as pessoas vem de longe em gigantescas caravanas de ônibus e dormem por aqui mesmo, acampados sobre os braços da bela estátua em reforma. Como já notei em outro post, a cada dia me impressiono com a força que a fé católica tem neste país. Por aqui, os evangélicos ainda não encontraram seu espaço...

Fotografando o pôr-do-sol na volta do Cristo Rey para Guanajuato, no México

Fotografando o pôr-do-sol na volta do Cristo Rey para Guanajuato, no México


Observando o fim de tarde em Guanajuato, no México, do alto da abóboda de uma pequena igreja

Observando o fim de tarde em Guanajuato, no México, do alto da abóboda de uma pequena igreja


Voltamos para a cidade e o Ricardo nos levou para uma pequena igreja no alto de um dos morros que cercam Guanajuato de onde tivemos um mirante estratégico para observar o início da noite, as luzes se acendendo e uma lua cheia sensacional se levantando no horizonte, por detrás das montanhas. Foi espetacular!

A famosa 'Callejón del Beso', em Guanajuato, no México

A famosa "Callejón del Beso", em Guanajuato, no México


Voltamos ao hotel da Fiona, nos separamos do nosso amigo (vamos reencontrá-lo amanhã para assistir à prova de rally) e voltamos caminhando para o centro. Depois de uma parada estratégica numa venda para comprar uma deliciosa “fresa com crema” da vizinha Irapuato, levei a Ana pelas ruas e ladeiras labirínticas que tinha visitado só pela manhã. Começamos pelo famoso Callejon del Beso.

As varandas quase se tocam no famoso 'Callejón del Beso', em Guanajuato, no México

As varandas quase se tocam no famoso "Callejón del Beso", em Guanajuato, no México


O nome vem de uma bonita história/lenda, versão local da universal Romeu e Julieta. Moça rica apaixonada por mineiro pobre, namoro proibido pela família. Mas o inteligente mineiro não se fez de rogado! Conseguiu alugar secretamente a casa em frente à da família da amada. Os amantes se encontravam de madrugada, cada um em sua varanda. A ruela é tão estreita que as varandas quase se tocam. Quem se tocava mesmo eram os pombinhos apaixonados. E de tanto se tocarem, acabaram descobertos e delatados. O fim da história, como não poderia deixar de ser, foi trágico, a donzela apunhalada pelo próprio pai.

Rua deserta na noite de Guanajuato, no México

Rua deserta na noite de Guanajuato, no México


De baixo das mesmíssimas varandas, nós demos o tradicional beijo, obrigatório para os casais que visitam a cidade. Beijo sem tragédia, claro! E seguimos ladeira acima pelas ruelas desertas e centenárias da cidade alta. Já sabedor do caminho, guiei a Ana com desenvoltura até voltarmos à cidade baixa, já ao lado do Jardin de La Unión, a principal praça de Guanajuato, a duas quadras do nosso hostal.

A magnífica colunata do principal teatro de Guanajuato, no México

A magnífica colunata do principal teatro de Guanajuato, no México


Aí do lado está o principal teatro da cidade e, bem em frente, um grande grupo de turistas esperava o início de uma “callejonata”, ou serenata pelas ruas do centro histórico. A performance é feita por um grupo de artistas vestidos a caráter e a Ana, logicamente, quis seguir com eles. Eu, depois de um dia de explorações, voltei para o hotel para trabalhar um pouco e esperar pelas fotos e relatos do evento da minha querida e social esposa.

Público reunido para assistir a 'callejonata' em Guanajuato, no México

Público reunido para assistir a "callejonata" em Guanajuato, no México


Amanhã, mais um dia de explorações por aqui e, de noite, o evento que está mobilizando a cidade: a etapa do campeonato mundial de rally.

'Callejonata' segue pelas ruas de Guanajuato, no México

"Callejonata" segue pelas ruas de Guanajuato, no México

México, Guanajuato,

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