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Karina (27/09)
Olá, também estou buscando o contato do barqueiro Tatu para uma viagem ...
ozcarfranco (30/08)
hola estimado, muy lindas fotos de sus recuerdos de viaje. yo como muchos...
Flávia (14/07)
Você conseguiu entrar na Guiana? Onde continua essa história?...
Martha Aulete (27/06)
Precisamos disso: belezas! Cultura genuína é de que se precisa. Não d...
Caio Monticelli (11/06)
Ótimo texto! Nos permite uma visão um pouco mais panorâmica a respeito...
A Fiona chega ao extremo sul da América, em Ushuaia, no sul da Terra do Fogo, na Argentina
Essa é nossa segunda vez em Ushuaia durante os 1000dias. Quem nos acompanha sabe que o final de nossa viagem à Antártica, de barco, foi aqui. A Fiona tinha ficado perto de Buenos Aires, na casa de amigos, e nós voamos para lá de volta. Nosso objetivo era chegar aqui em Ushuaia de carro, de Fiona, e é isso que aconteceu ontem. Mais de 160 mil quilômetros depois de deixarmos Curitiba em 18 de Março de 2010, finalmente chegamos à cidade mais austral do continente e do planeta. É claro que se tivéssemos vindo diretamente, o odômetro não teria andado tanto assim, mas a gente deu umas voltinhas por aí, um atalho pelo Alaska, etc... Enfim, cá estamos. Como diria o Capitão Nascimento, “Missão dada, missão cumprida!”.
Vista do nosso hotel em Ushuaia, no sul da Terra do Fogo, na Argentina, em um dia nublado
A cidade de Ushuaia, entre as montanhas da Cordilheira Darwin e o Canal de Beagle, no sul da Terra do Fogo, na Argentina
Da outra vez que estivemos em Ushuaia, demos uma boa volta pela cidade. Caminhando, pois estávamos sem o carro. As atrações mais distantes, deixamos para conhecer quando chegássemos de carro e aumentássemos nossa autonomia. E foi exatamente isso o que fizemos hoje, conhecer um pouco do magnífico entorno dessa cidade localizada já em plena Cordilheira Darwin, a única região montanhosa da Terra do Fogo e uma espécie de continuação dos Andes, a espinha dorsal da América do Sul.
Chegando ao parque nacional Tierra del Fuego, em Ushuaia, no sul da Terra do Fogo, na Argentina
O belo visual do parque nacional Tierra del Fuego, em Ushuaia, no sul da Terra do Fogo, na Argentina
Ushuaia se espreme entre suas montanhas e o Canal de Beagle, uma das passagens de mar que liga os oceanos Atlântico e Pacífico. Essa passagem foi explorada e mapeada em 1830 pelo navio de pesquisas Beagle (daí o nome!), liderada pelo capitão FitzRoy e que, em sua segunda viagem de pesquisas por aqui, trouxe na tripulação o jovem cientista Charles Darwin. A cordilheira que leva seu nome se estende se leste a oeste, acompanhando o canal de Beagle e entrando Chile adentro. A fronteira entre os dois países é aqui do lado, justo onde está o Parque Nacional Tierra del Fuego, um dos nossos destinos de hoje. O parque protege a beleza das montanhas e do canal, sua flora e fauna, lagoas e riachos. Do lado de lá da fronteira, outras reservas também protegem a natureza, incluindo a maior montanha da ilha, o Monte Darwin, com quase 2.500 metros de altitude.
Montanhas nevadas e o Canal de Beagle, visual do parque nacional Tierra del Fuego, em Ushuaia, no sul da Terra do Fogo, na Argentina
Uma praia do canal de Beagle na região de Ushuaia, no sul da Terra do Fogo, na Argentina
Do outro lado do canal de Beagle, cuja largura gira em torno de três quilômetros, estão as outras ilhas do arquipélago da Terra do Fogo. Quando comparadas com a ilha principal, essa que temos viajado nos últimos dias, são todas pequenas. Praticamente todas pertencem ao Chile e foi a posse de algumas delas, minúsculas, bem na saída do canal, que quase levaram as duas nações à guerra total, em 1978. Tropas chegaram a ser mobilizadas, as duas ditaduras militares de então prontas para se enfrentar, quando o milagre de um dia de tempo muito ruim adiou a operação de invasão por parte da Argentina. Foi o dia extra que o papa precisava, um jovem João Paulo II ainda no início de seu pontificado, para convencer os dois presidentes a aguardar mais um pouco a chegada de seu enviado diplomático. Foi o Vaticano que conseguiu, através de acaloradas negociações, impedir o conflito e chegar a um acordo que, enfim, pôs fim às tensões fronteiriças entre Argentina e Chile. Os chilenos, assim, conseguiram se livrar dos horrores da guerra. Para os argentinos e seus militares corruptos no comando, foi apenas um adiamento, já que menos de quatro anos mais tarde, eles se aventurariam de forma trágica e infeliz nas águas do Atlântico Sul, na malsucedida Guerra das Malvinas.
A bela paisagem do Parque Nacional Tierra del Fuego e do Canal de Beagle, perto de Ushuaia, no sul da Argentina
A bela paisagem do Parque Nacional Tierra del Fuego e do Canal de Beagle, perto de Ushuaia, no sul da Argentina
A principal ilha lá do outro lado do Canal de Beagle, justo a que fica em frente à Ushuaia, é a Isla Navarino. É aí que fica Puerto Williams, um pequeno povoado habitado basicamente por militares chilenos e suas famílias e por descendentes dos índios Yaghan. A pequena Puerto Williams, portanto, está ainda mais ao sul do que Ushuaia. Mas os argentinos argumentam que ela é apenas um povoado e que, portanto, Ushuaia continua a ser a cidade mais austral do mundo.
Montanhas nevadas e o Canal de Beagle, visual do parque nacional Tierra del Fuego, em Ushuaia, no sul da Terra do Fogo, na Argentina
Fiona e outros carros de expedicionários estacionados no Parque Nacional Tierra del Fuego, próximo a Ushuaia, no sul da Argentina
A própria Ushuaia também começou pequena, um presídio para presos perigosos ou reincidentes. Mas não demorou para o resto da civilização descobrir o quão bonita é a região. Um porto estratégico no Canal de Beagle, uma base para se lançar expedições à Antártida, a possibilidade de se explorar turisticamente o sul da Terra do Fogo, o status de ocupar os confins do continente e do planeta, enfim, tudo isso concorreu para acelerar o desenvolvimento de Ushuaia. Hoje ele figura em cartazes espalhados por agências de turismo do mundo inteiro, o destino perfeito para quem busca aventura numa terra distante e inexplorada.
Chegando ao fim da ruta 3, estrada mais austral do mundo, em Ushuaia, no sul da Terra do Fogo, na Argentina
Placa marca o fim da ruta 3, a estrada mais austral do mundo, em Ushuaia, no sul da Terra do Fogo, na Argentina
1000dias no fim da América do Sul, em Ushuaia, no sul da Terra do Fogo, na Argentina
Era essa a cidade que iriamos explorar hoje. E nosso primeiro destino foi exatamente o Parque Nacional Tierra del Fuego, localizado a cerca de 20 km a oeste de Ushuaia e apenas ligeiramente mais ao sul. Foram esses poucos segundos de arco a mais que estabeleceram o recorde final da Fiona de latitude sul (o nosso foi lá na Península Antártica, um mês atrás e SEM a companhia da Fiona). O ponto final de uma epopeia que começou lá no norte do Alaska em setembro de 2012, quando apontamos os nossos narizes para o sul. A partir de agora, o norte volta a ser o nosso norte, hehehe! No final da estrada, já no coração do parque, há uma placa com as distâncias para Buenos Aires e até para o Alaska. Desconfio da precisão desse número, mas o que importa é a sua simbologia. Os dois pontos extremos do continente unidos por um estrada, por uma placa. De novo, sei que essa estrada não existe, não é possível dirigir da Colômbia para o Panamá, mas é a simbologia que importa. Ponto obrigatório para fotos para todos os que chegam até aqui. Principalmente para aqueles que chegam mesmo dirigindo! Buenos Aires: 3.079 km. Alaska: 17.848 km.
Um coiote acostumado com turistas vem em busca de comida no estacionamento do P. N Tierra del Fuego, região de Ushuaia, no sul da Argentina
Um coiote acostumado com turistas vem em busca de comida no estacionamento do P. N Tierra del Fuego, região de Ushuaia, no sul da Argentina
É claro que todos que vão ao parque querem tirar fotos com essa placa. Nós, a torcida do Flamengo e a do Corinthias (no caso, do Boca e do River). Até pensei em argumentar que aqueles que dirigiram desde o Alaska até ali deveriam ter prioridade, mas não achei que as outras pessoas fossem ficar comovidas. Então, do jeito que deu, tiramos nossas fotos “históricas”.
Flores muito comuns na região de Ushuaia, no sul da Terra do Fogo, na Argentina
Flores muito comuns na região de Ushuaia, no sul da Terra do Fogo, na Argentina
Apesar de ter uma grande área, uma boa parte do parque é restrita, apenas para pesquisadores. Para os simples mortais, há uma série de pequenas trilhas que não levam mais de 40 minutos. Caminhamos ao lado de lagos, alcançamos pequenas cascatas, subimos até mirantes ou chegamos até o Canal de Beagle. Há também um pequeno museu, aquele com a história dos índios de que já tratei em um post passado. O parque é muito visitado e bem servido por estradas, pelo menos a parte aberta ao público. As paisagens são sempre lindas, a água do mar ou de lagos rodeada por bosques bem verdes e as montanhas nevadas ao fundo. Parte da fauna já é até acostumada com visitantes e alguns mais espertos tentam até tirar proveito disso. Foi o caso de um coiote que se aproximou de nós e posou para fotos, Certamente, estava mais interessado em comida do que em nós. Seguindo o manual do bom turista, não demos nada, claro!
A cidade de Ushuaia, entre as montanhas da Cordilheira Darwin e o Canal de Beagle, no sul da Terra do Fogo, na Argentina
Para matar a saudade, um navio irmão do Sea Spirit, no porto de Ushuaia, no sul da Terra do Fogo, na Argentina
Depois do parque, do coiote, das pequenas trilhas e das fotos históricas, voltamos para a cidade. Fomos para a área do aeroporto, de onde se tem um ângulo privilegiado de Ushuaia e das montanhas atrás. Dali também podíamos ver bem o porto da cidade, aquele mesmo aonde chegamos com nosso saudoso Sea Spirit. Quase inconscientemente, os olhos procuraram nossa antiga casa no mar. E quase encontraram! O Sea Spirit não estava ali, mas seu irmão gêmeo sim, o Ocean Diamond. Mesmas cores, mesmo tamanho, mesma logo. Deu uma saudade danada! Por pouco a Fiona não encontrou o Sea Spirit. Teria sido demais, como teria sido muito legal também encontrar nossos antigos guias. Mas eles estão em alto mar agora.
Caminhando rumo às montanhas e o glaciar Martial, em Ushuaia, no sul da Terra do Fogo, na Argentina
Caminhando rumo às montanhas e o glaciar Martial, em Ushuaia, no sul da Terra do Fogo, na Argentina
Voltamos para o centro da cidade, mas só de passagem. Nosso destino agora eram as montanhas atrás de Ushuaia. Uma estrada em caracol de 7 km nos leva até o pé do Cerro Martial. O nome é uma homenagem a um explorador francês que passou por aqui em 1880 e a montanha atrai turistas durante o ano todo. No inverno, é a pista de esqui mais próxima da cidade, embora com uma infraestrutura bem mais simples que outros resorts espalhados pela região. No verão, é um ótimo lugar para se caminhar e ter uma vista magnífica da cidade, do Canal de Beagle e das ilhas chilenas do outro lado do mar.
Trilha para o glaciar Martial, em Ushuaia, no sul da Terra do Fogo, na Argentina
Chegando ao glaciar Martial, em Ushuaia, no sul da Terra do Fogo, na Argentina
Caminhada até o glaciar Martial, em Ushuaia, no sul da Terra do Fogo, na Argentina
O carro nos leva até o estacionamento ao lado da cadeirinha criada para levar esquiadores lá para cima. Mas nessa época do ano a cadeirinha está desligada e só nos resta caminhar mesmo. Mas vale muito a pena, principalmente se o tempo estiver bom e claro, pois a vista é soberba. Quando chegamos ao alto do teleférico, a trilha se divide. Uma delas segue montanha adentro e acima, rumo ao pequeno glaciar Martial. A outra nos leva até um mirante ainda mais belo, quase 900 metros acima do nível do mar. Foi por essa que seguimos e adoramos! Depois, voltamos até esse ponto e seguimos até a neve onde brasileiros se divertiam com sua primeira vez perto dessa substância quase mágica (principalmente para quem nunca viu!).
A magnífica vista para Ushuaia e seu aeroporto, do alto da trilha para o glaciar Martial, no sul da Terra do Fogo, na Argentina
A magnífica vista para Ushuaia e seu aeroporto, do alto da trilha para o glaciar Martial, no sul da Terra do Fogo, na Argentina
O Canal de Beagle. Do outro lado, ao sul, a Isla Navarino, pertencente ao Chile. Vista do alto da trilha do glaciar Martial, em Ushuaia, no sul da Terra do Fogo, na Argentina
Já quase oito horas, nós resolvemos descer. Foi quando paramos naquela exposição sobre a Guerra das Malvinas, também relatada em outro post. Agora, tínhamos fome. Muita fome, depois de tantas caminhadas. Ushuaia é um ótimo lugar para se ter fome, pois tem muitos bons restaurantes. Houve um tempo em que era considerada uma das cidades mais caras do mundo e até continua sendo uma das mais caras da Argentina. Mas com esse câmbio distorcido e regulado pelo governo em que consigamos uma taxa quase 100% melhor nas ruas, até que os preços ficaram bem palatáveis. E ainda podemos tomar vinho nacional! Maravilha!
O balcão do charmoso restaurante Almacén, em Ushuaia, no sul da Terra do Fogo, na Argentina
Risoto com vinho, nosso belo jantar de despedidas no restaurante Almacén, em Ushuaia, no sul da Terra do Fogo, na Argentina
Ontem, comemos em uma churrascaria. Hoje preferimos um café bem charmoso, o Almacén, onde nos esbanjamos com um delicioso risoto. Nosso jantar de despedida do fim do mundo, da “baía que olha a oeste” (o significado de “Ushu-aia”), da pontinha da nossa América do Sul. Amanhã, rumo ao norte. Nesse último jantar, tivemos até nossos minutos de estrela, um simpático casal brasileiro que nos fez muita festa, admirados pela viagem. Teve até foto e votos de um feliz retorno. Um feliz e longo retorno!
Encontro com um simpático casal brasileiro nas ruas de Ushuaia, no sul da Terra do Fogo, na Argentina
Mostrando a nossa localização no Parque Nacional Tierra del Fuego, em Ushuaia, no sul da Argentina
Nossos passeios e na memória de algum dia poder voltar a este belíssimo lugar. Abraços.
Resposta:
Oi Cesar
Espero que tenham mesmo a chance de voltar. Em cada época do ano, a cidade tem belezas diferentes!
Abs
Que lindo!!!! e ainda aprendo história....
Abraços
Resposta:
Oi Mabel
É linda mesmo! Até em dia nublado!
Quanto a história, é sempre o melhor tempero para os posts, hehehe
Bjs
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