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A praia La Flor localiza-se a vinte quilômetros ao sul de San Juan del S...
O grande líder da revolução haitiana que se iniciou em finais do séc ...
Antes de seguirmos para Seattle, ainda temos uma região a explorar: a pe...
Palu (26/11)
Sorte de vcs terem conhecido bonito antes da popularizacao...
marco rodrigues (25/11)
Ana e Rodrigo, nosso Brasil é enorme, diversificado e lindo! Parabéns p...
Maria Cecilia Tosato (24/11)
A lagoa é fantástica ,as fotos , o mistério, a cõr ,profundidade ???....
Luis (21/11)
Fala Rodrigo! Onde estão agora? Se passar pelo PN das Emas tenho algumas...
Priscila (21/11)
Oi! Tudo bem? Estou querendo conhecer esse pedacinho do paraíso! Onde vc...
A incrível Catedral de Sal em Zipaquirá, próximo à Bogotá, na Colômbia
Nossa intenção hoje era sair cedinho para poder passar pela Catedral de Sal e ainda chegar em Villa de Leyva em tempo de aproveitar o dia. Antes disso, só precisava resolver uma "pequena" burocracia: o seguro da Fiona.
Entrada da mina onde está a Catedral de Sal, em Zipaquirá, próximo à Bogotá, na Colômbia. Apesar do capacete, o guia não é brasileiro!
Antes de sairmos do Brasil a gente comprou uma "extensão de perímetro" do nosso seguro brasileiro, da Mapfre. Ele só é válido para países sulamericanos onde a Mapfre esteja presente. Assim, por exemplo, nas Guianas ele não é válido. Mas aqui na américa espanhola a Mapfre está presente em todos os países. Nós fizemos um cálculo e imaginhamos que um seguro até o meio de Outubro seria o bastante. Não foi! Não deu tempo de sairmos da Colômbia e acabamos ficando sem seguro, o que pode ser um grande problema se a polícia nos parar.
Um dos altares à caminho da Catedral de Sal, em Zipaquirá, próximo à Bogotá, na Colômbia
Assim, essa foi a minha função hoje de manhã: comprar um "SOAT", o seguro obrigatório colombiano. E isso tomou tempo! O problema é que as seguradoras só querem vendê-lo pelo prazo de um ano, o que ficaria muito caro. Achei que na Mapfre conseguiria, mas eles nem trabalham com o SOAT. Caminhei uns dois quilômetros até a Suramericana e eles só vendem por um ano. Finalmente, na "Seguros del Estado" consegui o bendito seguro por um mês, por 40 reais. Tá valendo! O problema é que isso nos custou umas boas horas...
A caminho da Catedral de Sal, na mina em Zipaquirá, próximo à Bogotá, na Colômbia
Bem, com seguro na mão, pudemos finalmente seguir para Zipaquirá, a uns 30 minutos ao norte de Bogotá. Aí está a famosa "Catedral de Sal", uma das mais famosas atrações turísticas do país. Ela está localizada dentro de uma gigantesca mina de sal, uma das maiores do mundo, ainda em plena atividade.
Chegando à majestosa Catedral de Sal em Zipaquirá, próximo à Bogotá, na Colômbia
A mina começou a ser explorada em tempos pré-colombianos mas foi na época de colônia que essa exploração se acelerou. As características geológicas do local, de rochas bem sólidas, permite que grandes galerias sejam abertas sem risco de desmoronamento. Desta maneira, enormes espaços vazios foram criados através do tempo dentro da montanha e em alguns desses espaços, na década de 50, foi construída uma catedral para fazer jus à devoção dos mineiros que, diariamente, antes da jornada de trabalho, procuravam um lugar para suas orações.
Altar feito em sal, na entrada da Catedral de Sal em Zipaquirá, próximo à Bogotá, na Colômbia
O tempo foi passando, a exploração da mina aumentou e novos níveis da mina passaram a ser explorados. A antiga catedral foi ficando mais e mais conhecida, atraindo cada vez mais gente, não só mineiros mas turistas também. Até que, na década de 90, depois de uma série de estudos, verificou-se que ela não era mais segura. Séculos de exploração não científica deixaram aquele espaço instável. Decidiu-se então fazer uma nova catedral, dessa vez no terceiro nível da mina, muito mais seguro. Arquitetos do mundo inteiro disputaram a primazia de executar a obra e, finalmente, em 1994, uma nova e imponente catedral estava pronta.
A Cascata de Sal, ao lado da Catedral de Sal, em Zipaquirá, próximo à Bogotá, na Colômbia
E foi nesta maravilha que estivemos hoje. A mais de 150 metros de profundidade, num conjunto de gigantescas cavernas feitas pelo homem, uma catedral de verdade, com cúpola, naves, esculturas e tudo mais que faz uma catedral ser considerada "uma catedral". Uma obra monumental, considerada uma das sete maravilhas da Colômbia e na briga para entrar na lista das sete maravilhas modernas da humanidade.
O "espelho", ao lado da Catedral de Sal, em Zipaquirá, próximo à Bogotá, na Colômbia
Uma visita de pouco mais de uma hora onde aprendemos sobre a mineração de sal, sobre as técnicas empregadas nessa mina e sobre as características da catedral em si. Um espetáculo, com direito a show de luzes e filme em 3-D. A gente caminha uns dois quilômetros mina adentro, observa dezenas de galerias com mais de 100 metros de comprimento por 20 de altura até que, lá no fundo, chegamos à Catedral. Difícil acreditar que, acima de nós, está uma montanha. Tudo cavado com muita dinamite e retirado com caminhões. Difícil acreditar também que rochas tão sólidas sejam 80% feitas de sal. Por fim, difícil acreditar que a mineração de sal, que compramos tão barato no supermercado, faça valer um investimento dessa magnitude. Mas, não dá para brigar com a realidade dos fatos, né? A mina e a Catedral estão ali, na frente dos nossos olhos. Graças ao sal que compramos baratinho no supermercado...
O bom café colombiano sendo vendido 180 metros abaixo da terra! (em Zipaquirá, próximo à Bogotá, na Colômbia)
Bom, de Zipaquirá seguimos para Villa de Leyva, onde chegamos já de noite. Muito bem instalados num dos charmosos hotéis localizados em antigas casas coloniais,e depois de jantar num restaurante também muito charmoso localizado em outra mansão dos tempos coloniais, a gente pôde se preparar para uma merecida noite de sono. Tínhamos de estar prontos para o dia de explorações de amanhã nessa linda cidade e seus arredores...
A Catedral de Sal, em Zipaquirá, próximo à Bogotá, na Colômbia
A incrível paisagem do mirante de Semuc Champey, na Guatemala
Partimos para o trecho final da nossa viagem logo cedo, felizes ao sermos informados de que boa parte da estrada à frente havia sido asfaltada. Ontem tínhamos evitado esse trecho final para não viajarmos de noite em uma estrada tão erma. O que nos desanimava um pouco era o frio, temperatura de 13 graus. A região de Cobán é bem alta e esfria bastante de noite.
Subindo as escadas pela floresta para chegar ao mirante de Semuc Champey, na Guatemala
Mas quando terminamos o trecho de asfalto e pegamos o desvio à direita na estrada de terra, começamos a “mergulhar” no vale, serpenteando encosta abaixo e descendo quase mil metros de altitude. Foi o bastante para a temperatura começar a subir e subir, a gente acompanhando tudo no termômetro da Fiona. Ao vencer os árduos 11 km de terra e chegar em Lanquín, a temperatura já estava em 21 graus! Esse pequeno povoado é famoso por uma enorme caverna que ainda não foi inteiramente explorada. Além dos enormes e ornamentados salões, a fama vem dos milhões de morcegos que nela habitam. Mas esse programa era para depois. Primeiro, Semuc Champey, um pouco mais à frente.
A mágica visão do mirante de Semuc Champey, na Guatemala
Outros 11 km de terra descendo ainda mais e chegamos finalmente à este lugar encantado. Eu tinha lido e relido a descrição sobre o lugar, mas não queria entender. Agora, ía ver com os próprios olhos que o relato do livro estava mesmo correto. Trata-se de um caudaloso rio espremido em um profundo e estreito vale verdejante. De repente, o rio some completamente embaixo de um leito de pedras, entrando em uma caverna, para reaparecer 300 metros adiante, ainda mais furioso. Mas o melhor não é isso! O mais bonito está acima do leito de pedras, sobre o teto da caverna por onde passa o rio bravio. Ali, a água que escorre das encostas verdejantes do vale criou um outro rio, muito mais tranquilo e de águas magicamente azuis. Ele desce os terraços do leito de pedras formando piscinas em suas prateleiras e pequenas cascatas entre elas. Ao final, em uma última cascata, se junta ao enorme rio que corre abaixo dele e que, justo neste ponto, está saindo da caverna. Ver isso tudo por cima, o rio que some e reaparece e as piscinas azuis bem neste intervalo é realmente magnífico!
As famosas piscinas em forma de terraços de Semuc Champey, na Guatemala
O lugar foi transformado, com toda a justiça, em um parque com uma portaria e tudo. Ali deixamos a Fiona, olhamos o mapa de trilhas, definimos o nosso roteiro e partimos para nossas explorações. Seguindo o bom senso, começamos pelo trecho que exige o maior esforço (subir até o mirante) para depois terminar nas piscinas.
Observando o caudaloso rio que passa abaixo dos terraços de Semuc Champey, na Guatemala
A subida é bem íngreme, mas a trilha está muito bem construída, com escadarias e passarelas. Não demorou muito e chegamos ao mirante para poder vislumbrar e finalmente entender aquela maravilha da natureza. A primeira vez que vemos, é de perder o fôlego! Depois, passamos à fase de contemplação e de fotos. Finalmente, dá aquela vontade louca de descer logo e ver tudo de perto.
Piscinas de águas azuis em forma de terraços em Semuc Champey, na Guatemala
A descida nos leva justo ao ponto onde o rio entra de forma violenta em sua caverna. Será que alguém já conseguiu passar lá com vida? “Não!” – foi a resposta enfática do guarda-parque. Mortinho da Silva, alguns... É, segurar o fôlego por trezentos metros, no meio daquela turbulência toda, não deve ser fácil!
Mergulhos nas águas azuis de Semuc Champey, na Guatemala
De lá, passamos às piscinas distribuídas por vários terraços e separadas por gentis cascatas. Imagem do paraíso! Temperatura super agradável, o mergulho ficou ainda mais gostoso depois do esforço de se chegar ao mirante. Ali do lado, cartazes explicativos nos ensinam que toda a rocha que forma a ponte de pedra sobre a qual estão as piscinas azuis e sob a qual correr o rio caudaloso é constituída de restos de conchas e ossos de antigos animais marinhos. Nossa, que incrível! O mar já esteve ali onde, por milhões de anos, se acumularam conchas e animais marinhos mortos. Seus restos se transformaram em pó (mesmo processo de formação das praias que tanto frequentamos!), e esse pó se aglutinou nesse tipo de rocha frágil que forma a “ponte de pedra”. Impossível não admirar o resultado do laborioso trabalho de milhões de anos da mamãe natureza!
Caminhando nas pontes de pedra em Semuc Champey, na Guatemala
Daí, só faltou seguir algumas centenas de metros abaixo para chegarmos ao ponto onde o plácido rio do andar de cima se encontra com o violento rio do andar de baixo, as águas azuis sendo engolidas pelas corredeiras brancas, no mais impressionante “encontro das águas” que já vimos nesta viagem.
Mirante para se observar a força do rio que atravessa a caverna de Semuc Champey, na Guatemala
Só faltou dizer que “Semuc Champey” é a expressão indígena que quer dizer “água que some”. É... esse lugar extraordinário já vem sendo admirado há milhares de anos...
Pequenas cascatas no rio que passa acima de Semuc Champey, na Guatemala
Admirando o Caminho do Céu, próximo à Delfinópolis na região da Serra da Canastra - MG
Conforme combinado, bem cedinho a Mariângela já tinha o café e uma mapa pronto para nós. Como o carro já estava carregado, foi só a sessão de despedidas e fotografias e já estávamos na estrada novamente. Nosso objetivo era cruzar o parque de Fiona passando por várias atrações e chegar até a pequena São João Batista, do outro lado, para dormir por lá.
Com a Mariângela na sua pousada Rosa dos Ventos em Delfinópolis - MG
Após subirmos a serra ao lado do rio da Bateia, chegamos numa das atraçõesdo dia, que foi a que mais me impressionou: o Caminho do Céu. Merece o nome! É uma estradinha de terra que vai serpenteando através da crista da serra com uma vista maravilhosa. Uma não, duas! Uma para cada lado, uma para cada vale. Realmente, é uma região linda, a Serra da Canastra!
Caminho do Céu, próximo à Delfinópolis na região da Serra da Canastra - MG
Essa vaca escolheu bem onde pastar! (próximo à Delfinópolis na região da Serra da Canastra - MG)
Muitos quilômetros e poeira depois, descemos do lado de lá, só para subir outra serra, a Branca e, novamente, ter lindas vistas. Após algum tempo, passamos a enxergar a própria Serra da Canastra, majestosa, ao longe. E despencando lá de cima a Casca D'Anta, a primeira grande queda do rio São Francisco. Vinte minutos mais tarde já estávamos na portaria do parque, rumo ao enorme poço formado pela cachoeira. Uma rápida caminhada nos leva lá. Nós e mais um montão de gente. Depois de alguns dias frequentando cachoeiras desertas, é estranho se acostumar com muita companhia...
A primeira grande queda do São Francisco, a Casca d'Anta, próximo à Delfinópolis na região da Serra da Canastra - MG
Bom, na verdade, só do lado de fora da água. Ninguém estava com muita coragem de entrar na água. E quando eu fui entrar, muita gente protestou, dizendo que já havia morrido pessoas por lá. Sei... do mesmo jeito que morrem pessoas atropeladas cruzando a Av. Paulista. E não é por isso que deixamos de atravessar a avenida, certo? Bom, argumentos à parte, o poço é enorme, a água é fria mas, uma vez lá dentro, só ficamos é hipnotizados diante de tanta beleza e grandeza. Com um pouco de esforço, é possível nadar até onde cai a água. A sensação é incrível. Depois de mim, a Ana também entrou. Mas ninguém mais se animou, não. Não sabe o que perderam...
Enfrentando as águas geladas do poço da Casca d'Anta, próximo à Delfinópolis na região da Serra da Canastra - MG
Enfrentando as águas geladas do poço da Casca d'Anta, próximo à Delfinópolis na região da Serra da Canastra - MG
Voltamos para a Fiona e seguimos para São Roque de Minas, considerada a principal porta de entrada do parque. Delfinópolis tem mais cachoeiras por perto, mas são em serras adjacentes ao parque. São Roque está mais perto da Canastra. De qualquer maneira, não ficamos por lá, seguimos direto à parte alta do Parque para passar pela fonte onde nasce o Velho Chico e aos poços d'água logo acima da Casca D'Anta.
Nascente do Rio São Francisco, no Parque da Serra da Canastra - MG
A nascente não impressiona muito pela beleza, mas sim pelo valor simbólico. Já os poços, são lindos e um convite ao mergulho. Enquanto as pessoas ficaram num poço mais raso, e desci para um mais abaixo, bem ao lado de uma cachoeira. Lugar maravilhoso! A água, inclusive, estava bem mais quente que lá embaixo.
Primeira cachoeira do Rio São Francisco, na Serra da Canastra - MG
Nadando no poço da primeira cachoeira do Rio São Francisco na Serra da Canastra - MG
Já no finalzinho da tarde, seguimos para a última perna da viagem de hoje: mais uns vinte km de terra (no total, foram uns 150, hoje, tudo de terra) até São João. Esse trecho final era a última chance de avistar animais que circulam pelo parque. Já tínhamos visto muitos pássaros e cervos, mas o que queríamos ver mesmo era o Tamanduá Bandeira. eles não estavam fazendo jus ao nome até então. Eis que, no finalzinho, quando já tínhamos quase desistido, um deles apareceu na estrada. Bicho engraçado! Deu para observar bem, mas quando a Ana foi pegar a máquina, ele se embrenhou no mato e as fotos ficaram bem mais ou menos...
Cervos no Parque da Serra da Canastra - MG
Finalmente, quase 10 horas depois de partirmos, chegamos ao destino: o pequeno arraial de São João Batista. Um pequeno punhado de casas ao redor de uma praça. A gente se instalou na Pousada da Serra, do simpático Ricardo, amante de viagens e aventuras. Trocamos várias infomações e foi ótimo ter vindo para cá. Ele também nos orientou a encomedar o jantar no Bar do Vicente, onde comemos uma bela comida caseira com direiro à tutu cozinhado na banha mesmo. Muito saboroso!
Casal apaixonado no alto da Casca d'Anta, na Serra da Canastra - MG
Amanhã,o dia será longo também. Queremos pegar uma cachoeira logo cedo, para acordar direito, e seguir até Calda novas, em Goiás, passando por Araxá. Será uma longa esticada...
Um dos mapas que a Mariângela fez para gente. Esse é o do último dia, da travessia da Serra da Canastra
Equilibrando-se em coqueiro no caminho para Havaizinho, em Itacaré - BA
Dia importante, hoje. Enquanto o Brasil escolhia entre Lula, quer dizer, Dilma e Serra, a gente aqui precisava escolher entre mar ou cachoeira e entre trilha no mato ou trilha na praia. Assim é Itacaré: várias opões completamente diferentes, todas pertinho uma da outra. Para ficar completo, só faltava uma montanha nevada aqui do lado...
Cachoeira do Gravatá, em Itacaré - BA
Bom, com tantas opções, optamos por não optar! Vamos em todas! E ainda com a boa intenção de voltar a tempo de justificar o voto, cumprir com nossas obrigações cívicas. E foi assim que começamos o dia, cheio de boas intenções...
O grande lago da Cachoeira do Gravatá, em Itacaré - BA
O caminho lógico era fazer primeiro as praias, para depois lavar a água salgada na água doce das cachoeiras. Bom, nossos planos não duraram muito tempo não. Além de nós, a torcida do Bahia e do Vitória também pensaram nisso, todos aproveitando o feriadão e deixando para justificar o voto depois... Quando chegamos ao início da trilha da Engenhoca, o estacionamento já estava lotado.
O marzão da praia Itacarezinho, em Itacaré - BA
Bom, deixa eu contextualizar: seguindo para o sul, em direção à Ilhéus, a uns 15 km de Itacaré, estão algumas das mais bonitas praias e trilhas da Bahia. São as praias da Engenhoca, do Havaizinho e do Itacarezinho. Além disso, ali perttinho também estão as Cachoeira do Tijuípe e do Gravatá. Teoricamente, de carro chega-se até Itacarezinho, mas para as outras duas é preciso percorrer uma trilha lindíssima, por entre palmeiras e coqueiros e com vista para esse marzão lindo daqui. Pra se chegar às cachoeiras também há uma trilha, mas sem vista para o mar, claro.
Cachoeira do Tijuípe, movimentada num feriado, em Itacaré - BA
Pois bem, a trilha para Engenhoca e Havaizinho estava lotada, resolvemos seguir para Itacarezinho. O acesso por carros estava fechado, resolvemos seguir para as cachoeiras. Em questão de minutos, nossa programação se inverteu por completo. Aí, para completar, a bela Cachoeira do Tujuípe estava lotada. Umas 30 pessoas dentro do poço, e chegando mais gente. "Hmmm..." - pensei - "lugar certo, dia errado. Maldito feriado..."
Refrescando-se na Cachoeira do Gravatá, em Itacaré - BA
Foi quando as coisas começaram a melhorar. Deixamos a Tijuípe e a muvuca para trás e meros 200 metros de caminhada na mata nos levaram para a Cachoeira Recanto do Gravatá. Um enorme poço, na verdade um lago e a cachoeira lá no fim. Água limpíssima, sem nada a dever para as mineiras. Com a vantagem da água não ser fria! E, pasmem, sem nehuma pessoa! Sabe-se lá porque, pessoas preferem ficar perto de pessoas. Aparentemente, eu e a Ana somos diferentes. Assim, tivemos esse paraíso só para nós, por uma boa meia hora. Uma delícia! Foi a gente sair do lago para continuar o passeio do dia que começou a chegar mais gente na Gravatá. Ao passar pela Tijuípe, o número de pessoas tinha quase duplicado. Mas nós já estávamos de alma lavada, prontos para seguir em frente...
Caminhando para a Praia Itacarezinho, em Itacaré - BA
Voltamos para Itacarezinho e enfrentamos o quilômetro de estrada de terra morro abaixo, à pé. Ao chegar perto, vista magnífica dessa praia deslumbrante, coisa de cinema. Quilômetros de areia clara e milhares de coqueiros. Pouquíssima gente lá em baixo, os poucos corajosos a enfrentar o caminho que era para ser feito de carro, mas que estava fechado pelo feriado.
A praia de Itacarezinho, em Itacaré - BA
Lá ficamos um bom tempo, entre a sombra dos coqueiros e o refresco do mar. Quer dizer, no mar, só eu. A Ana, que não havia resistido a um mergulho na cachoeira, aqui se comportou e só ficou na areia, se refrescando na brisa do mar mesmo.
Praia do Havaizinho, em Itacaré - BA
De lá, ao invés de subirmos a estrada, pegamos uma trilha linda que nos levou até a pequena praia de Gamboa e de lá para o Havaizinho. A beleza cênica dessa trilha é incrível! Tanto pela vegetação como pelo mar ao nosso lado. Sempre na sombra de coqueiros e palmeiras.
Vendedor de cocadas em Itacaré - BA
No Havaizinho, pausa para cocada e para cerveja gelada de um santo ambulante que ali estava. Renovados, seguimos por trilha igualmente linda até a Engenhoca, outra praia paradisíaca, sonho de todos os surfistas. E não é que o acesso à todo esse paraíso esteve (ou está?) ameaçado por um gigantesco investimento hoteleiro dos nossos patrícios de além-mar? O acesso chegou a ser fechado, as obras andaram à todo vapor, foram embargadas, desembargadas e embargadas novamente. E assim estão já há algum tempo, aleluia! Aparentemente, só pagaram o partido da situação, esquecendo de fazer uns agrados ao partido de oposição e também ao judiciário, claro. Só que a oposição virou situação, e o nó ainda não foi desfeito. Hoje, a linda praia convive com um enorme esqueleto que não pertence àquele lugar. Enquanto isso, a maravilhosa trilha e a maravilhosa praia continuam abertos para o deleite dos turistas e dos locais. E os pobres milionários ficaram sem seu hotel exclusivo para passar suas férias, coitadinhos...
Tirando uma soneca na Praia da Engenhoca, em Itacaré - BA
Bom, só ficou faltando o banho de água doce. Que nada! Na volta de Havaizinho para a estrada, aquela primeira trilha do dia que estava lotada e agora estava deserta, cruzamos com um riacho jóia, cheio de piscinas naturais para nos deleitarmos. E assim foi. Na estrada, eu corri até o ponto de entrada de Itacarezinho para pegar a Fiona e voltar para Itacaré, pegando a Ana no caminho. Dia cheio, dia maravilhoso. Entre mortos e feridos, salvaram-se todos: rio, cachoeiras, praias e trilhas. Todos? Não... faltou tempo para justificar nosso voto. Bem, isso aí se acerta depois...
Rio na Trilha da Engenhoca, em Itacaré - BA
De noite, já com a Dilma presidente (ai, ai, ai), fomos comemorar as eleições. As nossas, claro, onde todos foram eleitos. Em companhia de nossas novas amigas, as lindas gaúchas que gerenciam a nossa pousada, a Rebeca e a Biaca. Aqui na Bahia, fizemos amigas cariocas e agora, gaúchas. Cadê as baianas? Calma, ainda vamos passar em Salvador...
Com a Bianca e a Rebeca, em Itacaré - BA
O famoso Mount Rushmore, na região das Black Hills, em South Dakota, nos Estados Unidos
Depois da visita ao Bear Park, retomamos o plano original e fomos conhecer o Mount Rushmore, aquela montanha com os rostos de quatro presidentes esculpidos em granito. Sem dúvida, é umas das imagens mais conhecidas dos Estados Unidos, tanto aqui como internacionalmente. Os rostos de quase 20 metros de altura de Washington, Jefferson, Roosevelt (o tio!) e Lincoln já apareceram em dezenas de filmes e enlatados americanos, o que ajudou a espalhar a imagem mundo afora.
O famoso Mount Rushmore, na região das Black Hills, em South Dakota, nos Estados Unidos
A construção se deu em plena época da Grande Depressão, entre o final dos anos 20 e década de 30. O arquiteto-escultor foi o dinamarquês-americano Gutzon Borglun, membro ativo da organização Ku Klux Klan, supremacista branca. Com a ajuda de fundos federais e de algumas centenas de trabalhadores, além de muita dinamite, a ideia de Borglun era homenagear os presidentes que mais contribuíram para a expansão americana rumo ao oeste, um símbolo da vitória da civilização.
Chegando ao Mount Rushmore, a famosa montanha dos presidentes, na região das Black Hills, em South Dakota, nos Estados Unidos
A ideia também era incentivar o turismo na região e hoje o monumento atrai cerca de 3 milhões de visitantes por ano. Neste ano, eu, a Ana e a Fiona vamos fazer parte da contagem, hehehe. Ou não, pois não entramos dentro do memorial! Ele já pode ser muito bem admirado da estrada mesmo! Confesso que foi até meio emocionante fazer uma curva na estrada e dar de cara com aqueles quatro presidentes esculpidos na rocha. Lembro-me muito bem da imagem deles que aparecia na inesquecível série “Túnel do Tempo”, que a Globo mostrava na década de 70. Mas as cenas mais famosas em que o Mount Rushmore aparece são aquelas do filme de Hitchcock (que nem foi filmada lá) e no filme Superman 2, em que os vilões espaciais, usando seus superpoderes, mudam as faces dos presidentes para as suas próprias.
Chegando ao Mount Rushmore, a famosa montanha dos presidentes, na região das Black Hills, em South Dakota, nos Estados Unidos
O gigantesco monumento tem também suas controvérsias. A maior delas é o fato de ter sido feita justamente na região de Black Hills. Essa é uma área emblemática para a população indígena americana, pois foi aí que se deu a mais bem documentada “quebra de acordo” entre os cara-pálidas e os pele-vermelhas., dentre as tantas que houveram ao longo do século XIX. O congresso americano havia assinado um documento, em 1868, garantindo aos índios Sioux a posse eterna das Black Hills, pois essa era uma área sagrada para eles. Mas, alguns anos mais tarde foi descoberto ouro na região. O governo rasgou o tratado e, após uma série de batalhas, desalojou os índios da região para garantir a segurança dos garimpeiros que queriam explorar a área.
A Fiona passa sobre o Mount Rushmore, na região das Black Hills, em South Dakota, nos Estados Unidos
Quando, meio século mais tarde, essa mesma área foi escolhida para homenagear exatamente os presidentes que mais avançaram sobre antigos territórios indígenas, é claro que os “native americans” não gostaram. Mas naquela época, ainda não tinham poder para impedir a construção. Se fosse hoje...
Observando o Mount Rushmore, na região das Black Hills, em South Dakota, nos Estados Unidos
Bom, a gente foi lá, tiramos as nossas fotos, mas não pagamos entrada, Assim, agradamos a gregos e troianos, hehehe. Depois, seguimos pelas estradas cênicas que cortam a belíssima região. Elas nos levam através de montanhas, florestas e mirantes de onde se pode observar o Mount Rushmore de longe.
A belíssima região das Black Hills, em South Dakota, nos Estados Unidos
A estrada corta o Parque Estadual Custer (só pode ser outra provocação com os índios da região...) e depois atravessa a área das “Neddles”, ou agulhas, um lugar onde as pedras formam verdadeiras torres de 40-50 metros de altura, atraindo alpinistas de todo o país. A própria estrada já é uma atração turística, construída com a intenção de levar os turistas aos lugares mais interessantes da região e, ao mesmo tempo, não agredir nem destruir as belezas de Black Hills. Uma verdadeira obra de arte!
Alpinista vence uma das "agulhas" na região das Black Hills, em South Dakota, nos Estados Unidos
Finalmente, no fim do longo dia que começou em Badlands, passou pelo Bear Park e as esculturas dos presidentes e percorreu as Black Hills, fomos prestar nossas homenagens à resposta dos índios ao Mount Rushmore: uma escultura ainda maior, em homenagem a um grande líder sioux, o guerreiro Crazy Horse. Assunto para o próximo post...
Atravessando um dos estreitos túneis na estrada cênica que corta a região das Black Hills, em South Dakota, nos Estados Unidos
Animação na primeira festa no Sea Spirit, no trecho entre Buenos Aires e as Ilhas Malvinas
Ao todo, somos pouco mais de 70 “hóspedes” no Sea Spirit, um grupo pequeno de viajantes compartilhando um mesmo sonho: conhecer o sétimo continente. Além do sonho, compartilhamos outras coisa também, pelo menos pelas próximas 3 semanas: a mesma casa, o mesmo espaço, o mesmo navio. Almoçamos e jantamos juntos todos os dias, participamos das mesmas palestras, dividiremos os mesmos zodiacs nos pontos de descida do barco. Um grupo de pessoas de diversas partes do mundo e diferentes idades, cultura e gostos distintos, mas irremediavelmente unidos aqui, no meio do oceano, a milhares de quilômetros da próxima cidade.
O holandês Sail fotografa pássaros um dia antes de chegarmos às Ilhas Malvinas
Começamos a nos conhecer ainda em Buenos Aires, na noite do tango e no city tour pela cidade. Mas foi rápido e superficial, muitas outras coisas para nos distrair a atenção, as pessoas mais se estudando do que falando, geralmente ainda se mantendo entre os conhecidos. Isso porque boa parte dos viajantes veio em casais, em família ou em grupos de amigos e apenas uma minoria de forma solitária.
O brasileiro Gunnar relaxa com um drinque no trecho entre Buenos Aires e as Ilhas Malvinas (foto de Vladimir Selivestov)
Aqui no navio isso começa a mudar. A convivência é intensa e diária, 16 horas por dia, tirando apenas a noite de sono. Os guias, que já sabem lidar com isso, pois viajam várias vezes por temporada há vários anos, tratam de ajudar a quebrar o gelo. Organizam eventos sociais, como coquetéis e festas. Puxam assunto, perguntam, interagem. Os mais sociais entre nós logo entram no jogo. Rapidamente, já fazem amigos. Os mais tímidos acabam indo na onda. Num espaço tão pequeno, o melhor logo é conhecer as pessoas.
A Val, nossa guia de caiaques, e a escocesa Rowan se confraternizam no trecho entre Buenos Aires e as Ilhas Malvinas (foto de Marla Barker)
A simpática Rukimini, representante da Índia na nossa viagem, fotografa o fim de tarde no trecho entre Buenos Aires e as Ilhas Malvinas (foto de Jeff Orlowski)
A grande maioria dos viajantes é mais velha, entre 50 e 65 anos. O próprio preço de uma viagem como essa serve como filtro. Tem de ser gente já “estabelecida” na vida. Mas o nosso barco veio vazio, talvez por ter sido o primeiro da temporada e também, o primeiro a sair de Buenos Aires. O normal para esse tipo de expedição é zarpar de Ushuaia. A Quark resolveu fazer essa experiência esse ano e não sei se ficaram muito felizes com o resultado...
A Cheli, líder da expedição, apresenta o capitão do nosso barco durante evento no trecho entre Buenos Aires e as Ilhas Malvinas (foto de Vladimir Selivestov)
Durante coquetel, conhecendo o 1o e o 2o capitão do navio, no trecho entre Buenos Aires e as Ilhas Malvinas
Enfim, nós ficamos. De qualquer maneira, pelo pequeno número de passageiros, a empresa baixou os preços pela metade poucas semanas antes do início da viagem. Com isso, mais gente apareceu. Agora sim, um pessoal mais jovem. Ao todo, uns vinte de nós. Digo “nós”, mas na verdade, com meus 44 recém feitos, estou a meio caminho dessas duas gerações que se encontram aqui no Sea Spirit. Além disso, eu e a Ana já tínhamos garantido nossos lugares antes que o desconto fosse oferecido. Isso por causa do caiaque, que queríamos fazer de qualquer maneira. Vou falar disso no próximo post.
Fazendo amizades no navio. Essa é a sul-africana Kim, no trecho entre Buenos Aires e as Ilhas Malvinas
Conversando com o Gunnar, o outro brasileiro que participa da expedição. (no trecho entre Buenos Aires e as Ilhas Malvinas)
Bem, rapidamente, esses jovens trataram de se enturmar. Não só os jovens, mas também alguns representantes da 3ª idade que são muito mais sociais e animados do que eu, que sempre joguei no time dos tímidos. Para compensar isso, a minha amada esposa joga no time dos super sociais. Então, basta eu grudar nela que me arranjo também. Assim tem sido nesses 1000dias por toda a América e não seria diferente por aqui.
Nossos guias preparados para uma "Festa da Fantasia" no trecho entre Buenos Aires e as Ilhas Malvinas (foto de Marla Barker)
Nossos guias demonstram que também tem outras habilidades, durante festa no trecho entre Buenos Aires e as Ilhas Malvinas
As refeições no navio são sempre uma boa oportunidade de conhecer os outros viajantes. Os guias tem como norma tentar variar de mesas todos os dias, de novo com o intuito de ajudar nessa interação. Mas nós, passageiros, sentamos onde quisermos (desde que haja espaço, claro!). São diversos tamanhos de mesa no restaurante e podemos ficar a sós, num grupo pequeno de 4-5 pessoas ou num grupo maior, de até 8 pessoas. De refeição em refeição, vamos conhecendo mais gente e um padrão vai se estabelecendo: todo mundo aqui é muito viajado. Até por isso é que estão aqui. Depois de tantos lugares, falta a Antártida!
Todo mundo se divertindo na nossa primeira festa a bordo do Sea Spirit, no trecho entre Buenos Aires e as Ilhas Malvinas
Animação na primeira festa no Sea Spirit, no trecho entre Buenos Aires e as Ilhas Malvinas
Como já falei em outro post, americanos, britânicos e australianos são as nacionalidades mais comuns. Fatores variados explicam isso. A própria empresa “fala” inglês, o que atrai os anglófilos e afasta os francófonos, por exemplo. O preço da viagem também acaba filtrando, atraindo mais gente de países desenvolvidos. E o fato do nosso percurso passar pelas Malvinas, ou melhor, Falkland nesse caso, é um grande atrativo para os britânicos.
Confraternizando durante nossa primeira festa no Sea Spirit, no trecho entre Buenos Aires e as Ilhas Malvinas
A Ana, feliz da vida, na nossa primeira festa da viagem, no trecho entre Buenos Aires e as Ilhas Malvinas
Mas outras nacionalidades estão representadas também. Holandeses, como nosso amigo Sail, que veio sozinho e se encaixa naquela categoria de 3ª idade bastante animada, finlandeses, japoneses, um simpático casal indiano, uma falante sul-africana e um único representante da América Latina além de nós, o Gunnar, brasileiro também. Muito simpático, descendente de suecos e viajante inveterado, já esteve no dobro de países que eu estive (e eu conheço quase 100!) e só na Antártida já esteve mais de 10 vezes. Com tanta bagagem, não vai faltar assunto pelas próximas 3 semanas, seja com ele, seja com tantos outros viajantes profissionais a bordo!
A Ana durante a primeira festa a bordo do Sea Spirit, no trecho entre Buenos Aires e as Ilhas Malvinas (foto de Marla Barker)
Além das refeições a equipe da Quark trata de nos animar com eventos sociais. Na nossa segunda noite a bordo, houve um coquetel de boas-vindas, chance de conhecermos o nosso capitão ucraniano, o Oleg. Muito simpático, ele e a Cheli, a líder da nossa expedição, já se conhecem de outras viagens e fizeram várias piadas e gozações entre si, ajudando a descontrair o ambiente. Foi joia e também a nossa chance de fazer aquela clássica foto com o capitão do navio.
Noite de festa no Sea Spirit, no trecho entre Buenos Aires e as Ilhas Malvinas
Com a Kim, Greg e Anna durante festa no trecho entre Buenos Aires e as Ilhas Malvinas
Já na terceira noite no navio, fomos surpreendidos com uma grande festa da fantasia. Todos os nossos guias vestiam suas perucas e óculos ridículos que haviam trazido para esse fim e foi engraçado vê-los assim, depois da sobriedade das palestras pela manhã. Muita música, muita dança, muitas fotos, muita cerveja e outras bebidas, logo todo mundo estava no clima. Não só no clima, mas também nas fantasias, as perucas circulando a ajudando a animar e descontrair as pessoas.
Com a Rowan e o Dave durante festa no trecho entre Buenos Aires e as Ilhas Malvinas
Com a Anna e o Greg, casal americano, durante uma Festa da Fantasia no trecho entre Buenos Aires e as Ilhas Malvinas
Esses três dias no navio, incluindo os dois eventos sociais, já nos ajudaram a ver quem é quem. Grupos mais animados começam a se formar, aqueles que sempre vão se encontrar depois do jantar para dar uma esticada no bar. Entre eles, claro, minha querida esposa, a sul-africana Kim, a escocesa Rowan, os americanos Brian e Sara, o holandês Sail, entre outros. De modo geral, é uma turma ótima e a convivência com tanta gente interessante assim deve tornar essa viagem ainda mais especial, tenho certeza!
No sentido horário, a Kim (sul-africana), Rowan (escocesa), Sara (americana) e a Ana (brasileira) na nossa primeira festa a bordo do Sea Spirit, no trecho entre Buenos Aires e as Ilhas Malvinas
Chegando de caiaque no encontro do rio com o mar, na praia de Tabatinga, em Jacumã, distrito de Conde - PB
Depois da seção de "esportes radicais" pela manhã, resolvemos fazer algo mais light na nossa tarde. A nossa pousada disponibiliza caiaques para seus hóspedes. Como estamos ao lado do rio, fica bem prático!
De caiaque pelo rio de Tabatinga, em Jacumã, distrito de Conde - PB
Lá fomos nós, rio abaixo, em direção ao mar. "Rio abaixo" é modo de falar já que a maré subia e, na prática, estávamos indo rio acima em direção ao mar. E com todo o cuidado para não molhar a máquina fotográfica. Não é uma distância longa e logo estávamos lá, visual lindo do encontro do rio com o mar, uma língua de areia separando os dois corpos d'água e várias crianças brincando por ali. Duas delas até se animaram e vieram andar com a gente.
Levando crianças para passear de caiaque no rio de Tabatinga, em Jacumã, distrito de Conde - PB
Encontro do rio com o mar na praia de Tabatinga, em Jacumã, distrito de Conde - PB
Depois, seguimos para o interior, explorando o mangue à nossa volta, até chegar numa ponte. O sol se pondo compos um belo fim de tarde aquático e esportivo! Explora daqui, explora dali, ilhas, pontes, pequenos lagos, temperatura agradabilíssima, tanto fora como dentro d'água e era tempo de voltar.
Atravessando sob a ponte do rio em Tabatinga, em Jacumã, distrito de Conde - PB
Dia tranquilo, saudável e "natural". Amanhã ainda teremos tempo para uma caminhada na praia até Coqueirinhos e depois, pé na estrada até à vizinha "John People", como carinhosamente chamamos a capital paraibana. Já temos uma longa lista de coisas para acertar por lá...
Fim de tarde no rio de Tabatinga em Jacumã, distrito de Conde - PB
Cachoeira da Piabinha, no Parque Municipal do Garimpo, em Mucugê, na Chapada Diamantina - BA
Hoje pela manhã, aqui em Mucugê, um momento raro de separação entre eu e a Ana. O normal da nossa vida, desde que começamos a viagem, é compartilhar umas 23 horas e meia dos nossos dias. As pessoas se espantam, mas por enquanto foram pouquíssimas brigas e sempre nos damos muito bem. Pois hoje, resolvemos nos separar. Depois dos 100 km de caminhadas acumuladas desde que chegamos à Chapada, a Ana resolveu ficar na Pousada durante a manhã, dormindo um pouco mais e aproveitando para tentar colocar em dia seus posts, que estavam ainda mais atrasados do que os meus. Enquanto isso, fui visitar um parque municipal, com museu histórico e cachoeiras.
Rua em Mucugê, na Chapada Diamantina - BA
Mucugê é bem mais tranquila que Lençóis. As duas cidades são da época áurea da exploração do diamante na Chapada, em meados do séc XIX. Na verdade, o garimpo em Mucugê se desenvolveu um pouco antes e daqui partiram os garimpeiros explorando os rios mais ao norte, onde está Lençóis. A cidade ainda tem um ar daquele século, as casas e ruas muito bem conservadas, até mais que em sua irmã mais famosa. Além disso, tudo aqui parece mais organizado, com placas indicativas estilizadas e sem uma influência tão forte de turistas e forasteiros. Para mim, foi uma bela e agradável surpresa essa cidade e gostei muito de ter vindo.
Nossa pousada em Mucugê, na Chapada Diamantina - BA
No parque e na região próxima há várias cachoeiras. Se estivéssemos em outro lugar que não a Chapada, essa cachoeiras seriam consideradas maravilhosas, mas aqui, por comparação, acabam diminuídas. Mesmo assim, foi muito gostoso visitar e me banhar na Cachoeira da Piabinha e na Tiburtino. Essa última é acessada através de uma trilha muito bem conservada de 2 km. Já que estava sozinho, aproveitei para seguir correndo. Correndo e pensando sobre a história dessa região. As minhas fontes foram o museu e também as longas conversas com o Lúcio, durante nossas caminhadas no Vale do Pati. O moço é uma enciclopédia da história da Chapada!
Placa informativa no Parque Municipal do Garimpo, em Mucugê, na Chapada Diamantina - BA
A exploração de diamantes no Brasil teve seu primeiro boom na segunda metade do séc XVIII, principalmente na região de Diamantina, em Minas Gerais e também um pouco em Goiás. Preocupado com o excesso de diamantes no mercado e a consequente queda nos preços, o governo de Portugal simplesmente proibiu sua exploração em outras regiões, incluindo a Bahia. Essa proibição durava até o século seguinte, mesmo o Brasil já sendo um país independente.
Antigas casas de garimpeiros, no Parque Municipal do Garimpo, em Mucugê, na Chapada Diamantina - BA
Pois bem, diamantes acabaram sendo encontrados na região da Chapada. Mas como a lei de proibição ainda vigorava, essa era uma descoberta "ilegal". Os felizardos descobridores conseguiram manter segredo durante algum tempo, mas acabaram brigando entre si (a velha cobiça...). Um deles tentou revender alguns de seus diamantes. A polícia o pegou e o acusou de ter roubado as pedras preciosas. Para não ir em cana, ele acabou revelando o segredo. A notícia se espalhou como rastro de pólvora e em questão de meses, milhares de pessoas chegavam à Chapada. Era uma vez a tranquilidade no local...
Cachoeira do Tiburtino, no Parque Municipal do Garimpo, em Mucugê, na Chapada Diamantina - BA
Cidades apareceram e cresceram, entre elas Mucugê e Lençóis, que adquiriu uma importância tão grande que quase se tornou a nova capital do estado. Comerciantes do mundo inteiro vieram para cá e a França acabou instalando um consulado na cidade. Na verdade, era apenas para assegurar os interesses franceses nas pedras preciosas. Afinal, este era o tempo da construção dos metrôs de Londres e Paris, ambos construídos com perfuratrizes que usavam diamantes da nossa Chapada Diamantina!
Cemitério em estilo bizantino, em Mucugê, na Chapada Diamantina - BA
A descoberta de diamantes na África do Sul acabou por tirar a importância do Brasil no mercado. Mesmo assim, uma nova onda de prosperidade veio com a construção do Canal do Panamá, que demandava não diamantes, mas uma pedra negra chamada Carbonato, muito mais comum por aqui que na África. Deste modo, a Chapada também contribuíu em muito com a divisão das Américas.
Antigas casas de garimpeiros, no Parque Municipal do Garimpo, em Mucugê, na Chapada Diamantina - BA
Depois disso, lenta decadência através do séc XX. A população de Lençóis recuou de 30 mil para 7 mil habitantes. Algum tipo de riqueza só chegou novamente com a chegada das dragas ao garimpo, na década de 70. E depois, com a criação do parque em 84, com o turismo. Mas a ocupação ainda está muito longe do que já foi um dia. Assim, ao explorar esta região, é muito comum encontrar ruínas de casas e de estradas que já foram muito movimentadas algum dia e que hoje são apenas sombras, fantasmas de sua glória passada.
Nas cachoeiras de Mucugê, apesar de estarmos em pleno sábado, nadei sozinho. Mas em meus pensamentos, havia uma multidão de fantasmas por ali, ainda preocupados em se enriquecer e nem notando aquele estranho ser do futuro que os observava atentamente.
Cachoeira do Tiburtino, no Parque Municipal do Garimpo, em Mucugê, na Chapada Diamantina - BA
Passagem pelo paso de 4.750 metros no último dia do trekking Santa Cruz, na Cordillera Blanca, região de Huaraz - Peru
Ontem a noite foi de despedidas. Nosso grupo se separaria. Afinal, todos os outros estão fazendo o trekking em quatro dias, enquanto nós optamos por três. A despedida foi ontem, mas a separação foi hoje. Eu e a Ana acordamos mais cedo e, junto com o Tiburço, partimos antes para já chegar ao final do percurso. O Tiburço deixou seus serviços de cozinheiro do grupo para hoje, pelo menos durante um período, ser nosso guia a também o arriero de uma mula que levaria nossa mochila e também a dele. Ele iria conosco até a última subida, quando voltaria para se encontrar com o grupo e nós continuaríamos, dessa vez com o peso, até a estrada em busca de transporte público para voltar à civilização.
A magnífica paisagem no início do último dia do trekking Santa Cruz, na Cordillera Blanca, região de Huaraz - Peru
A primeira etapa da caminhada de hoje era cruzar o paso de 4.750 metros de altitude. Com paciência e aproveitando cada minuto naquela paisagem grandiosa chegamos lá encima. Ali, além da vista, fomos recompensados com uma neve bem fina que caía. Foi apenas a nossa segunda neve da viagem, depois daquela neve noturna na Quebrada de Humahuaca, na Argentina. Para nós, brasileiros, é sempre um momento mágico ver esses flocos caindo do céu. Bem fininho, mas neve é neve, hehehe!
Lagunas com águas mais escuras do outro lado do paso, no último dia do trekking Santa Cruz, na Cordillera Blanca, região de Huaraz - Peru
Passado esse obstáculo, aí só tínhamos descida à nossa frente. No caminho, paisagens fantásticas, lagunas com um tom de azul bem mais escuro e turistas que caminhavam no sentido contrário, rostos exaustos que não tinham idéia do quanto ainda teriam de subir. Para nós, descida, um verdadeiro passeio.
Belíssimas paisagens no alto do vale que conhecemos no último dia do trekking Santa Cruz, na Cordillera Blanca, região de Huaraz - Peru
Atravessando bosque no último dia do trekking Santa Cruz, na Cordillera Blanca, região de Huaraz - Peru
Cruzamos bosques, passamos por mais lagunas, pelo local do acampaneto da terceira noite e seguimos até a cidade no fundo do vale. Ali foi a vez de nos despedirmos do simpático Tiburço, assumirmos o peso da mochila e fazermos um último esforço para subir a encosta do lado de lá e chegarmos à Vaqueria, por onde passa a estrada.
Paisagem bucólica no último dia do trekking Santa Cruz, na Cordillera Blanca, região de Huaraz - Peru
Duas horas de espera e nada de transporte público, Aliás, quase nenhum movimento, dois ou três carros e um caminhão. Dormir por ali seria dureza, mas a sorte finalmente sorriu para nós e apareceu uma carona (paga). Foram duas horas de viagem numa estrada de terra cheia de buracos e chegamos à Yungay, a cidade que foi soterrada pelo Huscaran há 40 anos. No caminho, ainda passamos pela Laguna de Llanganuco, a mais famosa e visitada da região, a única que eu tinha conhecido quando estive por aqui em 1990.
Com o Tiburço, cozinheiro e nosso guia e companheiro no último dia do trekking Santa Cruz, na Cordillera Blanca, região de Huaraz - Peru
Em Yungay pegamos uma van para Huaraz. De parada em parada ela foi se abarrotando, mas ao final chegamos em Huaraz. Ainda antes do hotel, uma parada estratégica num restaurante do centro, pois a fome apertava. Depois, o chuveiro quente há tanto aguardado. Final do dia, final de trekking fantástico e queríamos estar prontos para a maratona de amanhã, um passeio de carro atré as ruínas de Chavin e de lá para a cidade de Trujillo, no litoral norte do país. Essa corrida toda para chegar à tempo em Guayaquil para pegar nosso avião para Galápagos.
Agora, sem as mulas, carregando o peso no último dia do trekking Santa Cruz, na Cordillera Blanca, região de Huaraz - Peru
Mas foi chegarmos na civilização para sermos recebidos pela triste notícia: nosso barco de mergulho em Galápagos não tinha ficado pronto e o nosso tour tinha sido cancelado! Ainda precisamos decidir o que fazer, mas uma coisa é certa: já não há tanta pressa de se chegar no Equador e amanhã poderemos dormir um pouco mais, viajar a Chavin com calma e dormir novamente em Huaraz. Trujillo pode esperar mais um dia...
A laguna llanganuco, último dia do trekking Santa Cruz, na Cordillera Blanca, região de Huaraz - Peru
Casal de albatrozes-de-sobrancelha em Steeple Jason, no noroeste das Ilhas Malvinas
Nosso primeiro ponto de desembarque no arquipélago das Malvinas foi em uma pequena ilha chamada Steeple Jason, pertencente ao grupo das Jason Islands, no extremo noroeste dessa possessão britânica no Atlântico Sul. Apesar da história interessante e da beleza magnífica da paisagem, foi uma outra coisa que nos atraiu a esta ilha: a quantidade enorme de pássaros que moram aí ou a usam para reprodução. Vida selvagem, assim como paisagens desoladas e grandiosas é o que mais atrai turistas a esta parte do mundo. Se for mesmo isso, Steeple Jason é um ótimo lugar para se iniciar essa viagem de exploração.
Nosso roteiro e pontos de parada em Falkland (Ilhas Malvinas)
Nossos dois desembarques de hoje foram em ilhas localizadas no limite noroeste de Falkland: Steeple Jason e Carcass Island
A ilha é o local da maior colônia do mundo do “Black-browed Albatross”, ou Albatroz de Sobrancelha, em português. Além disso, também são muitas as espécies de gansos selvagens, petrels, skuas, os carniceiros caracarás e algumas pequenas aves endêmicas. E, claro, não poderiam faltar as aves-símbolo do sul do planeta, os pinguins.
Milhares de pássaros voam e cantam quando o dia nasce em Steeple Jason, no noroeste das Ilhas Malvinas
Essa mancha brana é uma enorme colônia de albatrozes-de-sobrancelha, em Steeple Jason, no noroeste das Ilhas Malvinas
Pinguins, aliás, que começamos a compreender cada vez mais. Primeiro, através das excelentes palestras do nosso ornitólogo no Sea Spirit, o simpático irlandês Jim. E segundo, na prática, começando a ver essas aves no mar e nos locais onde desembarcamos. A primeira coisa ensinada é que o termo “pinguim” não se refere a uma espécie, mas a toda uma família de aves, com vários gêneros e diversas espécies incluídas. Como a classificação de espécie não é uma coisa muito fácil, os cientistas ainda divergem sobre o número existente delas entre os pinguins que hoje habitam o nosso planeta. O número varia de 17 a 22, pois muitas vezes há controvérsias se uma determinada espécie não seja, na verdade, apenas uma “sub-espécie”, ou seja, que o cruzamento entre elas geraria descendentes férteis. Enfim, o fato é que são muitos tipos e, só hoje, vimos três deles: os gentoos, os magellanics e os rockhoppers.
Com o Sea Spirit ao fundo, temos nosso primeiro contato com pinguins gentoo, em Steeple Jason, no noroeste das Ilhas Malvinas
Pinguins gentoo, em Steeple Jason, no noroeste das Ilhas Malvinas
A principal característica da família dos pinguins é que são aves aquáticas que perderam sua habilidade de voar, já que as asas se transformaram em verdadeiras nadadeiras. Não voam, mas são as aves que melhor sabem nadar e mergulhar, completamente adaptados à vida marinha. Por exemplo, bebem água salgada, o sal é filtrado do sangue e escorre num líquido viscoso através de suas narinas. Também as suas cores características, barriga branca e costas escuras, são adaptações ao meio em que vivem, para ajudar a se camuflar de seus predadores marinhos. Os pinguins não tem predadores terrestres naturais (a única exceção era o lobo das Malvinas, já extinto pelo homem. Mostrei essa triste história aqui). No mar, essas simpáticas aves são caçadas por orcas, tubarões e algumas espécies de focas. Como esses predadores atacam por baixo, o branco da barriga os esconde na claridade da superfície. Já as costas negras ajudam a disfarçar os pinguins no escuro do oceano para quem os ataca por cima, as grandes aves de rapina. Em terra firme, os pinguins conseguem se defender dessas aves na base da força e tamanho mesmo e as principais vítimas são os filhotes desprotegidos.
Piguins gentoo em praia de pedras de Steeple Jason, no noroeste das Ilhas Malvinas
Piguins gentoo em praia de pedras de Steeple Jason, no noroeste das Ilhas Malvinas
Outra característica comum é a maneira engraçada e desengonçada com que caminham em terra firme. Além disso, nenhum deles parece ter muito medo do homem, consequência da ausência de predadores naturais nesse ambiente por tantos milhares de anos. Por isso, até hoje ainda é possível chegar tão perto dessas aves. E é quando fazemos isso que fica claro quantas diferenças existem entre os diversos gêneros e espécies dessa grande família. Para nós, que os estamos vendo de tão perto agora, isso está ficando mais claro do que nunca e eu ainda vou falar muito de pinguins nos próximos posts, especialmente quando chegarmos à Geórgia do Sul, onde vivem perto de um milhão deles.
Com o colete salva-vidas esperando o próximo zodiac em Steeple Jason, no noroeste das Ilhas Malvinas
Caminhando entre pinguins gentoo, em Steeple Jason, no noroeste das Ilhas Malvinas
Enfim, entramos nos zodiacs loucos para por o pé no chão novamente, depois de mais de três dias em alto-mar. Passada essa vontade quase instintiva, todos os nossos sentidos se viraram para a beleza da paisagem que nos cercava e para a vida que ali habitava. A primeira coisa a fazer quando chegamos em terra é nos livrar do colete salva-vidas, que ficará ali guardado até a hora de voltarmos ao barco. Depois, ouvimos as instruções iniciais, tipo “Não cheguem perto demais dos bichos! Respeitem o limite das bandeiras sinalizadoras! Não sumam!” e começamos a explorar.
Um ganso upland, em Steeple Jason, no noroeste das Ilhas Malvinas
Um kelp goose voa em Steeple Jason, no noroeste das Ilhas Malvinas
Logo ali ao lado da área de desembarque já encontramos um enorme bando de pinguins gentoo. São a terceira maior espécie de pinguins, atrás apenas dos pinguins “Rei” (vamos vê-los em Geórgia do Sul) e “Imperador”, o maior de todos (esses, só veremos com muita sorte, pois vivem mais ao sul de onde vamos chegar, na Antártida). Os gentoos chegam a medir 90 cm de altura e pesar mais de 8 quilos. São os mais rápidos pinguins embaixo d’água, atingindo a incrível velocidade de 30 km/h. Eles são facilmente reconhecidos pela mancha branca no topo da cabeça.
Fotografando um caracara em Steeple Jason, no noroeste das Ilhas Malvinas
Um belo caracara, ave de rapina em Steeple Jason, no noroeste das Ilhas Malvinas
Ao lado do bando e da colônia, vários caracarás, uma ave de rapina de aspecto ameaçador bem grande também. Seria uma boa briga, um deles contra um gentoo adulto, mas os pinguins são conhecidos pela força que têm, meio desproporcional ao seu tamanho. Deve ser o exercício abaixo d’água! Enfim, os caracarás não se arriscam contra um indivíduo adulto, mas ficam de olho nas “crianças” e nos ovos. Por isso um casal de pinguim não pode nunca abandonar o seu ninho, macho e fêmea fazendo rodízio entre buscar comida e tomar conta do ovo. Quando se distraem, o caracará não perdoa. Os pequenos pinguins, quando crescem um pouco, passam a fazer parte de uma “creche”, vários deles andando juntos sob os olhos atentos de algum adulto.
Um caracara nos observa em Steeple Jason, no noroeste das Ilhas Malvinas
Caracaras vigiam um grupo de pinguins gentoo em busca de alguma oportunidade, em Steeple Jason, no noroeste das Ilhas Malvinas
Mas essa é a natureza e não um desenho animado para crianças. Assim, sempre alguém vai fazer alguma besteira e os caracarás vão aproveitar. Já no navio somos advertidos a não intervir nesse “processo”. O filhote de pinguim pode ser fofinho, mas os caracarás têm de se alimentar também. Não só eles, mas também as skuas e os petrels. Os pinguins que fiquem de olhos abertos! Se todos eles pudessem crescer sadios e fortes, logo haveria uma superpopulação deles e quem pagaria o pato seriam os pequenos peixes, crustáceos e lulas que formam a base da alimentação dessa aves.
Pinguins gentoo nos recebem em Steeple Jason, no noroeste das Ilhas Malvinas
Falando em “pagar o pato”, também se vê muitos gansos na ilha. Alguns voam e outros não. As Malvinas são o lar de algumas espécies de gansos que não sabem voar, contentando-se com o solo e a água. Aqui também, pais sempre espertos para proteger seus filhotes das aves de rapina.
Pinguins rockhopper e suas características penas amarelas no rosto, em Steeple Jason, no noroeste das Ilhas Malvinas
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