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Karina (27/09)
Olá, também estou buscando o contato do barqueiro Tatu para uma viagem ...
ozcarfranco (30/08)
hola estimado, muy lindas fotos de sus recuerdos de viaje. yo como muchos...
Flávia (14/07)
Você conseguiu entrar na Guiana? Onde continua essa história?...
Martha Aulete (27/06)
Precisamos disso: belezas! Cultura genuína é de que se precisa. Não d...
Caio Monticelli (11/06)
Ótimo texto! Nos permite uma visão um pouco mais panorâmica a respeito...
Admirando a magnífica paisagem do alto do Monte Roraima, na Venezuela, em 2007
Depois da noite de bastante frio, o dia nasceu radiante no topo do Monte Roraima. O tempo lá encima é dos mais imprevisíveis e é muito comum que turistas cheguem lá, passem dois dias e voltem sem ter tido a chance de ver nada, já que as chuvas e neblina são muito comuns. Então, aquele céu azul poderia ser considerado uma benção e tínhamos de aproveitá-lo ao máximo! Como disse no post anterior, nosso grupo tinha se dividido em dois, uma parte querendo fazer o passeio longo e o outro ficando ali por perto mesmo. A Ana, depois da noite de sono e vendo a beleza do dia, mas que depressa decidiu também pelo passeio longo, junto comigo e do japonês Jung.
Início do 3o dia, prontos para longa caminhada no topo do Monte Roraima, na Venezuela, em 2007
Foi só agora, de manhã, que pudemos ver a paisagem que nos rodeava. Estávamos em um outro mundo, ou então, num mundo perdido, o famoso Lost World de Sir Arthur Conan Doyle. O escritor inglês do início do século passado nunca esteve no Monte Roraima, mas escreveu seu livro baseado nos relatos de várias expedições a essa montanha.
Paisagem de pedras no topo do Monte Roraima, na Venezuela, em 2007
Paisagem de pedras no topo do Monte Roraima, na Venezuela, em 2007
O Roraima só foi descoberto para a civilização ocidental em meados do séc XIX, embora já fosse conhecido dos habitantes locais há milhares de anos. Várias expedições científicas se seguiram, sempre assinalando a impossibilidade de subir na montanha, “defendida” por escarpas e falésias de até 1.000 metros de altura. Muitos propuseram o uso de balões para se chegar ao topo, mas em 1884 uma expedição inglesa localizou uma brecha nas escarpas, uma espécie de rampa natural que levava ao cume do Roraima. Quando lá chegaram, os pesquisadores se depararam com um mundo completamente diferente de tudo o que haviam visto anteriormente.
Formações rochosas no topo do Monte Roraima, na Venezuela, em 2007
Estranhas formações rochosas no topo do Monte Roraima, na Venezuela, em 2007
O Monte Roraima, assim como os outros tepuis, são remanescentes de uma era tão antiga que mal conseguimos conceber. Tem mais de dois bilhões de anos, uma das regiões mais antigas da face da Terra. São testemunhas de um tempo muito anterior à formação da Pangéia, o último dos supercontinentes e que deu origem à geografia continental que hoje conhecemos. Tanto tempo de erosão pela água e pelo vento lavaram completamente o topo da montanha, quase não restando solo lá encima. Boa parte de sua superfície é pura rocha. Essa também acabou cedendo aos efeitos da erosão, com intensa formação de cavernas e pedras com os mais variados formatos, que lembram desde animais à templos de alguma civilização perdida.
Pequenas, belas e exóticas flores no topo do Monte Roraima, na Venezuela, em 2007
Pequenas, belas e exóticas flores no topo do Monte Roraima, na Venezuela, em 2007
Para viver num ambiente tão distinto, a mais de 2.700 metros de altitude, fauna e flora precisaram se adaptar, criando espécies únicas. Não são os dinossauros imaginados por Sir Arthur Conan Doyle em seu famoso romance, mas até hoje esse é um lugar que atrai botânicos e zoólogos de todo o mundo. Por exemplo, a quantidade de plantas carnívoras é impressionante. Com quase nenhum solo disponível para buscar seus nutrientes, elas tiveram de se adaptar e complementam sua dieta com os insetos da região. E para atraírem os insetos para suas armadilhas, desenvolveram formas, cheios e cores as mais atraentes possíveis!
Refrescando-se em riacho no topo do Monte Roraima, na Venezuela, em 2007
Refrescando-se em riacho no topo do Monte Roraima, na Venezuela, em 2007
Esse é o mundo que fomos conhecer hoje. O topo do Monte Roraima tem cerca de 10 quilômetros de comprimento, com a largura variando entre 3 e 5 quilômetros. É uma área enorme que mereceria vários dias de explorações. As paisagens lá encima, aos olhos de meros turistas, são muito parecidas ou confusas, de modo que um guia é absolutamente fundamental. Como não há solo, o terreno todo rochoso, não há trilhas. Caminhamos pelas pedras mesmo. Nos trechos mais “caminhados”, a rocha fica marcada, o que facilita um pouco nos encontrarmos, mas quando nos afastamos das ´ áreas mais visitadas, basta alguns minutos para nos perdermos. Eu até tentava fazer umas marcações mentais, decorar pontos de orientação, mas uma hora mais tarde de caminhada e me parecia que estávamos passando no mesmo lugar. Impressionante!
Curiosas formações rochosas no topo do Monte Roraima, na Venezuela, em 2007
Curiosas formações rochosas no topo do Monte Roraima, na Venezuela, em 2007
Enfim, estávamos com um guia e podíamos nos concentrar apenas em admirar a paisagem que nos rodeava, seu exotismo e peculiaridade. Passamos por pedras com formas de elefantes e camelos, macacos e pássaros e, isso sim, era um ponto de referência. Mas, ao caminhar um pouco mais e mudarmos o ângulo de observação, aquela mesma rocha que já nos parecia tão familiar, virava uma coisa completamente nova. “É, melhor deixar a navegação com o profissional mesmo!” – pensei, relaxando e curtindo o cenário de outro mundo.
Uma mágica piscina natural no topo do Monte Roraima, na Venezuela, em 2007
Caverna que nos leva à piscina natural no topo do Monte Roraima, na Venezuela, em 2007
Ao longo da caminhada, passamos também por pequenos riachos, onde podemos nos refrescar um pouco. Se de noite faz muito frio por aqui, de dia e com sol à pino, é o calor que aperta. A água pode ser fria, mas era também irresistível! O lugar mais impressionante para esses banhos foi uma espécie de piscina natural, alimentada por pequenas quedas d’água. Uma espécie de oásis no meio daquele horizonte de pedras e rochas. Mas a piscina parecia inacessível, apenas para ser observada de cima, cercada de paredes de pedra com mais de cinco metros de altura. Até pensei em me jogar lá de cima, para só depois tentar imaginar como sair daquela armadilha. Depois das fotos, fomos nos afastando e eu meio triste de não ter tido o ímpeto de realmente me jogar lá. Mas, a uns cem metros dali, o guia nos levou para a entrada de uma caverna, por detrás de uma rocha. Cenário incrível, colunas que pareciam obra humana, um templo grego ou romano. Fomos entrando caverna adentro até que a luz apareceu lá no fundo. A luz e uma piscina de águas amarelas. Era a mesma piscina que havíamos visto lá de cima. Linda! Um dos lugares mais especiais que já visitei!
A misteriosa piscina natural no topo do Monte Roraima, na Venezuela, em 2007
A misteriosa piscina natural no topo do Monte Roraima, na Venezuela, em 2007
Ao longo da caminhada, chegamos também perto da borda do tepui e de suas falésias com centenas de metros de altura. Dali, podíamos observar as escarpas mais longínquas do Roraima, assim como outros tepuis mais adiante. Das paredes, escorriam cachoeiras gigantes. Nuvens escalavam as paredes por um lado, enquanto do outro, o céu azul e atmosfera limpa nos permitiam enxergar a mais de 100 km de distância. Realmente, um cenário grandioso e um pterodátilo voando por ali até que combinaria com a paisagem.
Chegando à borda do Monte Roraima, na Venezuela, em 2007
A grandiosa paisagem do Monte Roraima, na Venezuela, em 2007
Finalmente, chegamos ao marco da tríplice fronteira e pudemos colocar nossos pés no Brasil e na Guiana também, uma parte do corpo em cada país e claro, uma foto de nós três, com mãos dadas, cada um numa nação distinta. Cerca de 85% do Roraima está localizado na Venezuela, 10% na Guiana e apenas 5% no Brasil. Mas foi gostoso ter pisado em terras, ou rochas brasileiras novamente.
A belíssima paisagem que se vê do topo do Monte Roraima, na Venezuela, em 2007
A belíssima paisagem que se vê do topo do Monte Roraima, na Venezuela, em 2007
O caminho de volta foi igualmente interessante, passando por terrenos cheios de cristal. Nunca tinha visto tantos juntos, mas parece que antes havia ainda mais, levados por visitantes como relíquias. Hoje, é proibido levar cristais lá de cima, assim como exemplares da flora e fauna, a não ser com autorização especial, para estudos.
No topo Monte Roraima, o marco da fronteira tríplice entre Venezuela, Brasil e Guiana. Cada um de nós estava em um país! ( Venezuela, em 2007)
É muito comum encontrar cristais no topo do Monte Roraima, na Venezuela, em 2007
Já perto do final do dia, bem perto do nosso “hotel”, passamos ao lado do ponto culminante do Roraima, a Maverick Stone, com mais de 2.800 metros de altura. Ponto perfeito para assistirmos as cores de fim de tarde, um pôr-do-sol espetacular e inesquecível.
O magnífico entardecer na nossa 2a noite no topo do Monte Roraima, na Venezuela, em 2007
O magnífico entardecer na nossa 2a noite no topo do Monte Roraima, na Venezuela, em 2007
A noite foi bem mais tranquila que a anterior, agora que estávamos mais secos. Pela manhã, iniciamos o longo caminho de volta. Para baixo, todo santo ajuda e foi muito mais fácil. Além disso, sem a chuva e o frio, pudemos admirar muito mais as encostas da montanha. As cachoeiras que havíamos cruzado com tanta dificuldade na subida nem mais existiam, completamente secas, restando apenas a maior delas, conhecida como “lágrimas”, nome que combinava com nosso espírito em deixar essa montanha para trás. Saímos com a promessa de um dia voltar, agora para passar mais tempo no topo e caminharmos até o lago Gladys, o maior corpo de água no topo do Roraima.
Monte Roraima, na Venezuela, em 2007
A bela paisagem durante a descida do Monte Roraima, na Venezuela, em 2007
Caminhamos diretamente até o ponto onde tínhamos passado a primeira noite e, no dia seguinte, na hora do almoço, já estávamos em Paraitepui. Trazíamos conosco fotografias, lembranças e o maravilhoso sentimento de ter estado em um dos lugares mais incríveis do planeta. Um lugar onde o tempo passa diferente, segundos são milhares de anos e nós, humanos, efêmeros e passageiros. Assim como foram os dinossauros e pterodátilos que, um dia, também estiveram por ali.
Emoção por estar no topo do Monte Roraima, na Venezuela, em 2007
Esse cenário me lembra bastante up altas aventuras! Acho que vocês já devem ter escutado bastante esse comentário rsrs Me tira uma dúvida, o monte roraima fica numa região bastante quente, equatorial. Qual temperatura mínima que faz lá em cima no mês mais frio? Em que mês vocês foram, qual foi a menor temperatura que vocês sentiram lá? Muito bom o post, gostei demais!
Resposta:
Oi Sandra
Pode fazer muito frio lá encima, muito perto de zero nos dias mais frios do ano, o que pode acontecer em qualquer mês. SE considerarmos o vento então, vai ficar ainda mais gelado.
Nós pegamos temperaturas de 5 graus, na nossa primeira noite. A segunda noite foi mais quente. Estávamos no mês de Abril
Que bom que vc tenha gostado do post! Espero que continue nos acompanhando!
Um abs
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