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Celebrando a chegada ao cume do vulcão Lanín, a mais de 3.700 metros de altitude, na região de Junín de Los Andes, no sul da Argentina
O vulcão Lanín está sobre uma falha geológica transversal à Cordilheira dos Andes, no sentido leste-oeste. Na mesma falha há mais dois vulcões ativos, o Quetrupillán e o Villarrica, ambos já em território chileno. O mais ativo desse trio é o Villarrica, que nos últimos 500 anos tem mantido uma média de uma erupção significativa a cada 10 anos. O menor de todos, o Quetrupillán, com 2.360 metros de altitude, é um pouco mais tranquilo e sua última erupção foi em 1872. Por fim, temos o maior deles, justamente o Lanín, com 3.776 metros de altura.
Enquanto nos preparamos para o ataque ao cume, o dia começa a raiar por detrás das encostas do vulcão Lanín, na região de Junín de Los Andes, no sul da Argentina
O sol nasce nas encostas do vulcão Lanín, na região de Junín de Los Andes, no sul da Argentina
Não há indícios de quando foi sua última erupção. Alguns estudiosos estimam que teria sido por volta do ano 500 da nossa era, mas o único consenso é que ela teria ocorrido nos últimos 10 mil anos. Portanto, mesmo estando dormente desde que começou a ser observado há quase cinco séculos, pelo sim, pelo não, ele ainda é considerado um vulcão ativo.
A Ana observa o nascer-do-sol nas encostas do vulcão Lanín, na região de Junín de Los Andes, no sul da Argentina
O sol nasce nas encostas do vulcão Lanín, na região de Junín de Los Andes, no sul da Argentina
De qualquer maneira, para nós, despertando de madrugada em suas encostas a mais de 2.300 metros de altitude, essa era a última de nossas preocupações. No momento, enquanto as primeiras luzes do dia começavam a iluminar o céu a leste e a temperatura beirava 0 graus, nossa preocupação imediata era colocar muito bem colocado os grampões em nossas botas. Daqui para cima, boa parte da escalada é sobre gelo e neve e os grampões são imprescindíveis para nos dar segurança nesse tipo de terreno. Já vestíamos nossos capacetes e as lanternas estavam ligadas para ajudar a nos manter no caminho certo.
Amarrando os grampões nas botas para poder enfrentar a neve e gelo nas encostas do vulcão Lanín, na região de Junín de Los Andes, no sul da Argentina
O dia nasce gelado e nós estamos prontos para atacar o cume do vulcão Lanín, na região de Junín de Los Andes, no sul da Argentina
A preocupação maior era vencer logo o primeiro trecho de gelo. Nossa guia Isabel, muito séria, disse que se não passássemos por ele em um determinado tempo, abortaríamos o ataque ao cume da montanha. Ela era a líder da nossa expedição e sua palavra era a lei. Senti que estava meio tensa e isso resultava em seriedade, quase braveza. “Vamos, vamos!” – repetia. Finalmente, com um pouco de atraso, partirmos. O sol nascendo estava cada vez mais belo ao nosso lado.
A Ana se prepara para, ainda de madrugada, iniciar o ataque ao cume do Lanín, na região de Junín de Los Andes, no sul da Argentina
O dia começa a clarear e podemos ver a paisagem grandiosa que nos cerca nas alturas das encostas do vulcão Lanín, na região de Junín de Los Andes, no sul da Argentina
Logo ficou claro que o grupo deveria ser dividido, pois os ritmos eram diferentes. A Isabel falou para seu auxiliar André acompanhar a Ada, que vinha mais lenta, enquanto ela levaria o resto do grupo, mais rápido. A caminhada começou a render mais e foi um alívio quando terminamos essa longa parte do primeiro trecho de gelo e chegamos à rocha. Isso porque a Isabel, ao checar o relógio, decidiu que poderíamos continuar. Mas, pelo rádio, após conversar com o André, decidiu que eles não teriam tempo de seguir até o cume. Que viessem até onde a Ada conseguisse chegar até determinada hora e regressassem daí. Tomada a decisão, tudo pareceu ficar mais leve e até ela ficou mais tranquila.
Nosso grupo se prepara para começar a enfrentar o gelo e neve da parte final da subida ao vulcão Lanín, na região de Junín de Los Andes, no sul da Argentina
Caminhando sobre gelo e neve rumo ao cume do vulcão Lanín, na região de Junín de Los Andes, no sul da Argentina
A partir daí, trechos de rocha e gelo passaram a se intercalar. Na rocha, os grampões atrapalham muito e é necessário cuidado para não tropeçar. O terreno é todo feito de pedras soltas e não demoramos a entender a importância do capacete. Outros grupos seguiam a nossa frente, já bem mais altos, e não era raro pequenas rochas descerem rolando lá de cima, sempre antecedidos por gritos de alerta.
A última ladeira para se chegar ao cume do vulcão Lanín, na região de Junín de Los Andes, no sul da Argentina
Assim é o cume do Lanín, um platô coberto de neve e gelo )na região de Junín de Los Andes, no sul da Argentina)
Com o dia já bem claro, ficou bem mais fácil caminhar. A encosta ficava cada vez mais íngreme e a melhor tática era localizar algum rochedo logo acima de nós e ter ele como objetivo. Quando chegássemos lá, mudávamos o objetivo um pouco mais para cima. E desse jeito, quebrando a subida em pequenos trechos, devagar e sempre, fomos nos aproximando do cume. Na verdade, eu nem sabia que já estávamos próximos quando a Isabel, feliz e solene, anunciou: “Cinco minutos más!”.
A Ana respira fundo e admira a paisagem no cume do vulcão Lanín, a 3.776 metros de altitude, na região de Junín de Los Andes, no sul da Argentina
Caminhando no cume do vulcão Lanín, a mais de 3.700 metros de altitude, na região de Junín de Los Andes, no sul da Argentina
Quatro horas depois de partirmos, chegávamos aos 3.776 metros do cume. A visão, absolutamente esplendorosa. O dia estava limpo e o céu, claro. O cume é um grande platô completamente tomado por neve e gelo. Aqui no alto nascem as pequenas geleiras que descem as encostas do Lanín, especialmente para o lado sul. No seu lado norte, esse que subimos, dizem os moradores locais que as geleiras vêm retrocedendo bastante nos últimos anos. Aquecimento global?
Admirando a paisagem do alto do vulcão Lanín, a mais de 3.700 metros de altitude, na região de Junín de Los Andes, no sul da Argentina
Seja o que for, ele ainda não foi capaz de derreter a neve acumulada no cume da montanha. Cientistas imaginam que a antiga cratera esteja soterrada embaixo de todo esse gelo. Se realmente está lá, não sei, mas sei que caminhamos com muita segurança de um lado ao outro, admirando a paisagem em cada lado da montanha, a vasta planície patagônica 2.500 metros abaixo de nós.
A paisagem nevada do cume do Lanín, na região de Junín de Los Andes, no sul da Argentina. Ao fundo os vulcões Quetrupillán e Villarrica, no Chile
Bem longe no horizonte, o Cerro Tronador, montanha mais alta da região de Bariloche e apenas 300 metros mais baixa do que o Lanín (na região de Junín de Los Andes, no sul da Argentina)
Para o sul destacava-se, bem longe no horizonte, o Cerro Tronador, a 170 km de distância. É incrível como nossos horizontes ficam maiores nas grandes alturas. Na nossa vida cotidiana, mesmo longe das cidades (onde nosso horizonte tem poucos quarteirões de distância), é raro enxergar a mais de 40 km de distância. Agora, lá estava o Tronador, quatro vezes mais longe do que isso. Essa é a montanha mais alta e famosa da região de Bariloche, mas mesmo ela estava abaixo de nós, quase 500 metros.
Do alto do Lanín, a 3.776 metros de altitude, observamos outros dois vulcões: o Quetrupillán e o Villarrica, ao fundo, 1.000 metros abaixo de nós. (na região de Junín de Los Andes, no sul da Argentina)
No alto do vulcão Lanín, a Ana aponta o vulcão Villarrica, 1.000 metros abaixo de nós e que subimos três dias atrás (na região de Junín de Los Andes, no sul da Argentina)
A direção mais bela era para oeste, onde estavam os outros vulcões da falha geológica. O Villarrica é lindo e imponente visto aqui de cima. Tem a forma cônica do vulcão perfeito, sua metade posterior completamente coberta de neve. Há poucos dias estávamos ali, subindo e descendo aquelas encostas geladas. Fiquei imaginado quantas centenas de pessoas não estariam lá hoje. Enquanto isso, aqui no Lanín, não chegávamos a vinte.
A nossa guia Isabel no alto do vulcão Lanín, na região de Junín de Los Andes, no sul da Argentina
O vulcão Villarrica, no Chile, visto do alto do vulcão Lanín, na região de Junín de Los Andes, no sul da Argentina
Ficamos cerca de meia hora no cume, felizes da vida. A Isabel estava bem mais simpática agora, metade da sua missão cumprida. Só faltava nos levar de volta em segurança. O André já havia comunicado que estava com a de volta ao refúgio e que tudo tinha corrido bem. Ela já estava muito feliz por ter chegado ao final do primeiro trecho de gelo e prometia voltar uma vez mais para terminar a escalada.
Nosso grupo no cume do vulcão Lanín, a 3.776 metros de altitude, na fronteira entre Argentina e Chile
E nós, brasileiros, argentinos e americano, felicíssimos por estar no cume em um dia tão espetacular. Fotos, fotos e mais fotos. Até que a Isabel voltou a ser a chefe e nos deu mais cinco minutos para nos despedirmos de lá. Era hora de começar a descer. Eu e a Ana, que vínhamos da descida do Villarrica, ansiávamos também por esse momento, mas uma chance de aprimorar nossas técnicas de esquibunda nas encostas geladas dos vulcões patagônicos.
Nosso grupo festeja a chegada ao cume do vulcão Lanín, a 3.776 metros de altitude, na região de Junín de Los Andes, no sul da Argentina
Nosso grupo festeja a chegada ao cume do vulcão Lanín, a 3.776 metros de altitude, na região de Junín de Los Andes, no sul da Argentina
Só que dessa vez não havíamos trazido aqueles tapetes de borracha profissionais para sentarmos em cima. Era algo mais tosco, que não funcionava tão bem. Além disso, acho que pela maior altura, a neve estava muito mais dura. Por fim, com um tráfego de pessoas bem menor, os trilhos na neve não eram bem marcados. O resultado foi que, o que achamos que seria outra grande diversão, foi um tormento. Descemos muito mais rápido do que subimos, isso não se discute, mas os braços até doíam de tanto que fizemos força para frear, assim como as bundas, por tantos solavancos. Se descuidássemos um pouco, a velocidade já era muito maior do que gostaríamos e aí, toda força nos braços para afundar o piolet na neve e conseguir frear um pouco.
Já na parte rochosa, descendo o vulcão lanín, na região de Junín de Los Andes, no sul da Argentina
Praia do lago Tromen vista das encostas do vulcão Lanín, na região de Junín de Los Andes, no sul da Argentina
Enfim, para nossa felicidade, chegamos perto do campo base, retiramos os grampões e voltamos a caminhar. Nunca achei que caminhar fosse tão bom, hehehe. Fomos recebidos com festa pela Ada e com chá quente pelo André. Meia hora mais tarde, tudo empacotado nas mochilas novamente, começamos o longo caminho de volta para a portaria do parque, onde nos esperaria a van da Alquimia.
Parte final da trilha, retornando do cume do vulcão Lanín, na região de Junín de Los Andes, no sul da Argentina
Aproveitando a sombra de uma árvore para descansar e lanchar, já bem perto do final da trilha, de volta do vulcão lanín, na região de Junín de Los Andes, no sul da Argentina
No meio do caminho, já na parte plana, um último descanso e tempo para lanche. Meu sonho, agora, era chegar de volta em Junín de Los Andes e jantar naquele restaurante que viramos fregueses. O último esforço foi aguentar mais uma hora de solavancos no carro, a fome cada vez maior. De volta á pousada, um merecido banho e uma corrida para o restaurante. Ali nos esperava a legítima carne argentina, acompanhada de Quilmes gelada. Agora sim, devidamente alimentados e limpos, percebemos o quão maravilhoso havia sido o nosso dia e que montanha espetacular é o Lanín. Não é a toa que ele é tão popular aqui na Argentina!
Celebrando a chegada ao cume do vulcão Lanín, na região de Junín de Los Andes, no sul da Argentina. No fundo, mil metros abaixo de nós, o vulcão Villarrica, no Chile
Ponto de observação do Monte Aconcágua, na Argentina
Quando saímos do túnel sob o Paso Cristo Redentor, já estamos na Argentina, ainda acima dos 3 mil metros. A partir de agora, uma longa, suave e contínua descida vai nos levar até o vale onde se encontra Mendoza, a mais famosa cidade dos vinhos argentinos. Esse era o nosso objetivo de chegada hoje, mas ainda tínhamos uma importante parada a fazer.
Alguns poucos quilômetros após a fronteira propriamente dita, que se dá bem no meio do túnel que liga os dois países, mas antes do prédio da aduana, onde fazemos os trâmites de saída do Chile e entrada na Argentina, passamos pela entrada do Parque Provincial del Aconcagua, criado para proteção da região no entorno da maior montanha das Américas, o imponente Cerro Aconcagua.
O Aconcágua, a maior montanha do nosso continente, começa a aparecer! (região de Mendoza, na Argentina)
Com seus quase 7 mil metros de altitude, o Aconcágua também é a maior montanha do hemisfério sul, a mais alta do hemisfério ocidental, a maior fora da Ásia. Quase na fronteira do Chile, mas totalmente argentino, esse gigante tem atraído milhares de alpinistas, esportistas e aventureiros em busca de desafios há mais de um século, mas foi na última década que esse número de visitantes aumentou de forma avassaladora.
Caminhando em direção ao ponto de observação do Aconcágua, na Argentina
Laguna de Horcones, no Parque Provincial do Aconcágua, na Argentina
Todos querendo conhecer o teto das Américas, assim como nós. Mas a gente chegou meio cedo, antes que a estação começasse. Então, com o acesso à montanha ainda fechado, quase não havia turistas na área. O trekking só é liberado até a Laguna de Horcones, onde há um magnífico mirante para a montanha. Na verdade, pode-se ver o Aconcágua da estrada também. Basta estacionar por ali e tirar suas fotos. A visão não é tão aberta, mas lá está a montanha, a uns 30 km de distância, em linha reta. É exatamente desse ponto que a maioria dos turistas a vê, já que fica num lugar de muito fácil acesso, na principal rodovia que liga a Argentina ao Chile, entre Mendoza e Santiago.
Ponto de observação do Monte Aconcágua, na Argentina
Nós queríamos mais, claro! Uma pequena estrada dá acesso à área da Laguna Horcones, dois quilômetros parque adentro. Nessa época do ano, pré-estação, a estrada está fechada para carros, mas podemos seguir a pé mesmo. Foi o que fizemos. Uma subida gradual nos leva novamente aos 3 mil metros de altitude, onde está a bela lagoa. Mas é mesmo a visão do Aconcágua que chama a atenção. A partir de novembro, as pessoas podem continuar a caminhada e ir até a base da montanha, seja na sua face sul ou do lado oeste, o mais tradicional. Para quem for mais aventureiro, e tiver pago para isso, poderá tentar subir a montanha até o cume. Dezembro e Janeiro são os meses mais movimentados, mas a temporada se estende até Fevereiro. Aí, com a chegada do frio e da neve, o acesso à montanha estará fechado novamente até Novembro, quando o frio volta a dar uma trégua.
O imponente Aconcágua, a maior montanha do nosso continente, na Argentina
Nós já sabíamos desse calendário antes de pararmos aqui, mas mesmo assim, tínhamos de vir prestar nossas homenagens a esta montanha mágica. Para quem quer conhecer toda a América, esse ponto é absolutamente imprescindível! Afinal, é um dos extremos, assim como o Alaska e Ushuaia: as maiores latitudes, a maior altitude.
Posando com a maior montanha das Américas e do hemisfério, o Aconcágua, na Argentina
Posando com a maior montanha das Américas e do hemisfério, o Aconcágua, na Argentina
Mas vir até aqui e não poder continuar é meio frustrante. Principalmente para nós, que adoramos montanhas. Mas não faz mal, teremos outra chance. Vamos até o extremo sul do continente e passaremos aqui na volta, com certeza. Aí, com o acesso aberto, iremos sim até a base da montanha e, quem sabe, um pouco mais além. O Aconcágua continuará por aqui muito tempo e pode nos esperar mais alguns meses! E quando voltarmos, aí daremos mais informações históricas e da escalada desse gigante. Promessa!
Puente del Inca e as ruínas das termas do antigo hotel abandonado, ao lado do Parque Provincial do Aconcagua, na Argentina
Puente del Inca e as ruínas das termas do antigo hotel abandonado, ao lado do Parque Provincial do Aconcagua, na Argentina
Caminhamos de volta até a Fiona e seguimos mais uns quilômetros para baixo, onde finalmente passamos na aduana Argentina e entramos oficialmente no país. Mais uns poucos quilômetros e paramos outra vez, agora num local chamado de Puente del Inca. Sim, os incas chegaram até aqui! E gostavam de tomar banho nesse local de águas quentes e sulfurosas onde a natureza formou uma ponte natural sobre um rio de águas geladas. Ali, onde os incas se banhavam, num terraço acima do rio, um antigo hotel da região construiu umas termas. Hoje, estão em ruínas e não é permitido o acesso, mas quem teve a sorte de passar por aqui até uns 10 anos atrás, pôde ir lá se banhar sim. A ação das águas termais pintou toda a encosta do rio com cores amareladas e o local é muito pitoresco e fotogênico. Outro ponto de parada obrigatório para os ônibus de turismo que fazem a rota entre Mendoza e Santiago.
As águas termais e sulfurosas deixam a rocha pintada ao lado das ruínas das antigas termas de Puente del Inca, perto do Monte Aconcágua, na Argentina
Com o dia já terminando, tínhamos de seguir adiante. Só não resistimos a parar uma derradeira vez, dessa vez para fotografar uma lua magnífica que nascia atrás das montanhas. Pois é, já estava escuro e tínhamos mais de hora pela frente. Enfim, chegamos. Mendoza é uma cidade que recebe turistas todo o ano e não foi fácil acharmos hotel. Depois de um longo dia de viagens, é sempre cansativo procurar hotel, mas com paciência, achamos. Para recuperar nossas forças e ânimo, nos presenteamos com um jantar maravilhoso no restaurante Azafrán. Não há desânimo que resista a um bom vinho que desce redondo pela garganta, hehehe. Aliás, amanhã é dia de vinho, pois a principal atividade turística dessa região é exatamente essa: conhecer e bebericar vinhos pelas dezenas de vinícolas que existem nesse vale.
A lua nasce majestosa na nossa primeira noite de retorno à Argentina, a caminho de Mendoza
Nossos mais novos amigos em Seattle, o David, a Corine e a filha Thalia (no estado de Washington, nos Estados Unidos)
Hoje, após nosso passeio pelo centro de Seattle e ao Gold Rush Museum, seguimos apressados a um dos pontos prediletos de turistas e habitantes locais na cidade: o Pike Public Market. Um verdadeiro universo em si mesmo, paraíso de fotógrafos e fãs de salmão, visita obrigatória para quem vem à Seattle, ele não poderia faltar em nosso programação. Mas nós chegamos com pouco tempo, aceleramos por seus corredores, tiramos um punhado de fotos e saímos correndo. Tudo porque tínhamos um compromisso no final da tarde, do outro lado da cidade. Mas voltaremos aqui, com mais calma, com o devido respeito que esse maravilhoso lugar merece. A Ana encontrou um show de um DJ que ela quer muito ver, no dia 31. Decidimos, então, sair de Seattle amanhã, para conhecer os parques nacionais do Mount Rainier e do vulcão Saint Helens e retornar no dia do show. O PriceLine já nos garantiu no mesmo hotel pelo mesmo bom preço e teremos nova chance de voltar ao Pike Market para fazê-lo justiça.
Pike Public Market, o famoso mercado de Seattle, no estado de Washington, nos Estados Unidos
Quanto ao compromisso, a história dele começa há alguns dias, quando nos preparávamos para atravessar o North Cascades National Park, naquele dia em que pegamos muita neve na estrada. Pouco antes de entrarmos na zona montanhosa, paramos num posto de gasolina numa cidadezinha perdida do mundo, chamada Mazama. Até tivemos de sair da estrada principal e andar alguns quilômetros até chegar lá. Só fiz o desvio para não arriscar os próximos 100 km de estrada sem diesel e sem cidades. Um punhado de casas, um posto e nada mais. Pois é, não é que, enquanto abastecíamos, apareceu um cara falando em português, impressionado em ver a Fiona por ali (sempre ela!)!
Nossos mais novos amigos em Seattle, o David, a Corine e a filha Thalia (no estado de Washington, nos Estados Unidos)
Era o David, um americano que morou alguns anos no Brasil. Mora em Seattle e tem uma propriedade por lá. Mais interessante ainda, ele voltou do Brasil para cá em seu carro, uma Land Rover com o lindo nome de “Tudo Azul”. Junto com a esposa, que não estava ali, demoraram mais de dois anos nessa longa viagem. Enfim, já deu para perceber que rolou uma empatia total, né? Ele fez a sua viagem há cerca de dez anos e estava super interessado na nossa (e nós na dele, claro!). Contou que até hoje não conseguiu regularizar a pobre Tudo Azul aqui nos Estados Unidos. Estava, inclusive, trazendo ela para essa região perdida do mundo, com menos chance de ser pega por um policial mais encrenqueiro. Conversamos por um bom tempo, mas combinamos de nos reencontrar em Seattle, agora para conhecer sua esposa e companheira de aventuras, a Corine, e a jovem filha do casal, a Thalia, de quatro anos.
Nossos mais novos amigos em Seattle, o David, a Corine e a filha Thalia (no estado de Washington, nos Estados Unidos)
E hoje foi esse reencontro. Primeiro, num dos parques na costa norte da cidade, finalzinho da tarde. Se não estivesse chovendo, poderíamos ver as montanhas nevadas do outro lado da baía. De lá, seguimos para um restaurante de comida mexicana, lá da nossa saudosa Oaxaca. O restaurante acabou de ser premiado, saindo em diversos jornais. Por isso mesmo, estava bem concorrido. Mas nós chegamos cedo e pudemos desfrutar da boa comida, além da deliciosa companhia. Foram três horas de muita conversa, troca de experiências e boas risadas. Momentos que ajudaram a tornar muito mais humana essa nossa primeira visita à cidade. É sempre bom ter amigos locais e nós ganhamos três grandes amigos. Quer dizer, a Thalia ainda é pequenina, mas viva que nem ela só! Foi um enorme prazer ter compartido essa noite com os três!
Praia de Calhetas, em Ipojuca - PE
Hoje deixamos Olinda e fomos conhecer alguns dos pontos mais badalados do litoral sul pernambucano. Esmos indo em direção aos estados de Alagoas e Segipe já que, no nosso caminho para o norte, quando chegamos à Mangue Seco, última praia da Bahia, viramos em direção à Chapada Diamantina e ao sertão, e não passamos por esses dois estados. Agora, aproveitando os últimos momentos de tranquilidade no litoral antes do verão que se aproxima, vamos conhecer os dois menores estados do Nordeste, suas praias e cidades históricas. Depois, mais um pequeno tour pelo interior rumo ao norte, até chegarmos ao litoral da Paraíba. Ziguezagueando assim, vamos conhecendo esse Brasilzão...
Antes de sair de Olinda, ainda tive tempo de levar a Fiona para balancear e alinhar os pneus. Estava passando da hora. É estranho andar pela Olinda moderna, no caminho para a Pneuac, que nos atendeu muito bem. Pois é, além daquela Olinda que vemos na TV, com suas ladeiras de paralelepípedo, prédios históricos e muito frevo, também tem a Olinda "normal", com orla onde se faz cooper, ruas planas cheias de comércio, enfim, uma cidade como as outras.
Praia de Calhetas, em Ipojuca - PE. Ao fundo, é possível ver Boa Viagem - Recife
Nossa primeira parada na viagem para o sul foi a praia de Calhetas. Uma pequena enseada de onde, ao longe, ainda é possível avistar os prédios de Boa Viagem. Com o mar calmo, é muito boa para fazer snorkel. Não foi o caso hoje, com mar mais agitado. Mas estava muito gostosa de nadar, nosso primeiro banho de mar no continente em muito tempo! Dei uma boa volta nadando pela baía, sempre com uma pulga atrás da orelha, observando Recife ao longe. Será que os tubarões de Boa Viagem nunca dão um pulinho por aqui? Nunca houve nenhum caso mas, sendo tão perto, porque será?
Dupla de repentistas na praia de Calhetas, em Ipojuca - PE
Há 17 anos estive aqui com minha turma de faculdade. Tínhamos vindo para um congresso da SBPC em Recife. Não pelas palestras, mas pela viagem de graça, claro! Aproveitamos para conhecer Calhetas. Estudantes pobres, viemos de trem e de carona (num caminhão de pedras! Não recomendo a ninguém andar sentado sobre pedras numa estrada de terra!). Junto com um amigo (e agora padrinho), o Kina, também nadador, nadamos de Calhetas até a vizinha Gaibu, contornando o costão. Já naquela época, lembro de pensar nos tubarões. Hoje, sozinho, resolvi ficar dentro da baía mesmo. Primeiro dentro d'água e depois na areia, com direito à apresentação de uma dupla de repentistas que encheram a Ana de elogios rimados, ao justo custo de um pagamento, por supuesto.
Rua peatonal em Porto de Galinhas - PE
De Calhetas para Porto de Galinhas. Fomos por um atalho, estrada de terra cortando fazendas de canaviais. Mesma paisagem do interior de São Paulo, serpenteando por entre a cana de açúcar, período de queimadas e colheita. A única diferença é que o mar está ali pertinho. Mas tive aquela sensação meio estranha de, ao fechar os olhos, me imaginar em Ribeirão Preto, dois mil quilômetros para o sul.
Jangadeiros de folga na maré alta em Porto de Galinhas - PE
Chegamos em Porto com a maré cheia o que, evidentemente, esconde boa parte do seu charme. Passeamos por suas ruas peatonais, cheias de lojas, pousadas e restaurantes. Na temporada é um movimento infernal. Hoje estava bem tranquilo. No mar e na praia, jangadeiros e jangadas esperavam pela próxima maré baixa para levar os turistas para os bancos de corais, ali pertinho, e as piscinas naturais repletas de peixes. Hoje, a cidade vive do turismo. Bem melhor que há alguns séculos, quando era um porto importante para receber escravos. Muitos deles vindos de uma região no interior da África, onde eram chamados de galinhas. Daí o nome da cidade. A luz do fim de tarde na praia estava linda e a Ana não resistiu e deu um mergulho. E nós seguimos viagem rumo ao sul, à muito mais tranquila e menos urbanizada Praia de Carneiros.
Fim de tarde em Porto de Galinhas - PE
Foi aqui que chegamos, depois de atravessar Tamandaré, já no escuro. Lua cheia, praia claríssima, um colírio para os olhos. Tão claro que eu jurava ser possível ver o verde do mar. Mas só vamos poder conferir amanhã cedo.
Porto de Galinhas - PE
Visita a um bar congelado, o Glaciobar, em El Calafate, no sul da Argentina
Nem só de momentos épicos vive os 1000dias. Não, mesmo que eles existam aos montes aqui na nossa maravilhosa América, às vezes também precisamos de nossos momentos mais mundanos, mais prosaicos. E foi exatamente o que quisemos fazer hoje no final da tarde, depois da visita ao magnífico glaciar Perito Moreno.
Tarde ensolarada sobre o lago Argentino, em El Calafate, no sul da Argentina
O moderno prédio do Glaciarium, perto de El Calafate, no sul da Argentina
Muitas informações no museu do Glaciarium, perto de El Calafate, no sul da Argentina
Quando estávamos chegando à cidade nas últimas luzes do dia de ontem, vindos de El Chaltén, vimos um prédio bem estranho, estilo moderno, às margens do lago Argentino. Ele estava ainda poucos quilômetros antes da cidade, em uma área deserta e assolada pelo vento. Uma placa anunciava o nome do lugar: Glaciarium.
Vestidos para entrar no Glaciobar, em El Calafate, no sul da Argentina
O visual gelado do Glaciobar, quase todo de gelo, em El Calafate, no sul da Argentina
Então, depois da visita ao perito Moreno, voltamos lá para ver o que era. El Calafate é uma cidade onde se come e se dorme bem, mas não há muito o que ver ou fazer, a não ser que você goste de fazer compras. Não é o nosso caso, então ir até esse prédio estranho aproveitar nossas últimas horas de luz por aqui nos pareceu uma boa ideia. Além disso, era também uma oportunidade de ver lago Argentino, o maior do país, devidamente iluminado, pois ontem, quando chegamos, o sol já estava quase se pondo.
Visita a um bar congelado, o Glaciobar, em El Calafate, no sul da Argentina
O visual gelado do Glaciobar, quase todo de gelo, em El Calafate, no sul da Argentina
Como imaginávamos, o prédio é uma espécie de museu com muitas informações interessantes sobre geleiras e tudo o que se refere a gelo no mundo. Painéis explicativos e didáticos nos ensinam coisas sobre a Antártida, o ártico, os campos de gelo sul e norte aqui na patagônia, aquecimento global, geleiras que se retraem ou expandem e as eras glaciais do passado e do futuro. Muita coisa legal para ler, mas o que mais nos atraiu, pelo inusitado, foi outra coisa.
O barman do Glaciobar serve aos seus clientes, em El Calafate, no sul da Argentina
O bar do Glaciobar, em El Calafate, no sul da Argentina
Dentro do Glaciarium tem um “glaciobar”, ou bar gelado. A temperatura é mantida abaixo de zero continuamente lá dentro, o que possibilita que muitas coisas sejam feitas de gelo e não derretam. Copos, móveis e esculturas decorativas, por exemplo. Eu já tinha visto na TV bares assim, mas sempre em lugares como Islândia ou Finlândia. Não sabia da existência de um deles tão mais perto de nós, aqui na Argentina mesmo.
Luzes de diferentes cores iluminam o Glaciobar, em El Calafate, no sul da Argentina
Luzes de diferentes cores iluminam o Glaciobar, em El Calafate, no sul da Argentina
Então, não resistimos à curiosidade e quisemos entrar. Ele funciona “por turmas”. A cada meia hora, entra um grupo que pode ficar lá dentro por 25 minutos. A gente paga uma entrada (40 reais por pessoa) e lá dentro pode beber o que quiser. Para entrar, eles nos dão umas roupas futuristas e quentinhas, um visual meio parecido com Guerra nas Estrelas. A próxima turma entraria em poucos minutos e a gente não titubeou. Era agora ou nunca. Depois, ainda teríamos uns 20 minutos para ver o museu, pois o dia já estava quase acabando.
Muita concorrência para se servir no Glaciobar, em El Calafate, no sul da Argentina
Feliz com mais uma cerveja gelada no Glaciobar, em El Calafate, no sul da Argentina
E assim foi. Entramos felizes e saltitantes, nós e as outras pessoas do grupo. Só há um barman e seus serviços são muito requisitados. Enfim, em 25 minutos não temos tempo de nos embebedar, por mais que tentemos. A cada hora no bar, temos de enfrentar concorrência. Mas o resto, é muito legal!
Glaciobar, o bar congelado de El Calafate, no sul da Argentina
Escultura de gelo no Glaciobar, em El Calafate, no sul da Argentina
Ficamos lá tirando fotos e nos divertindo com a decoração do bar. Sentar numa cadeira gelada (literalmente) é bem estranho, assim como as esculturas de felinos em gelo quase transparente. Olhar a Ana vestida num roupão prateado com capuz também é surreal. Enfim, foi muito legal!
muito frio na visita ao Glaciobar, em El Calafate, no sul da Argentina
Quando saímos, só deu tempo de dar uma rápida olhada no museu. Mas como temos visto geleiras e lido sobre o assunto bastante nesses últimos dias, nem fez tanta falta. Não deu para nos embebedar, mas pelo menos abrimos nosso apetite. Então, daí voltamos para a cidade diretamente para mais um de seus deliciosos restaurantes, o La Zaina, uma espécie de Museu-Arte Resto Bar. Foi a nossa despedida da Argentina, mais uma desse país para o qual nunca cansamos de voltar. Amanhã entramos no Chile em direção ao famoso parque Torres del Paine. Mas não demora muito e estaremos de volta ao querido país dos hermanos. Vai ser lá na Terra do Fogo, no nosso caminho para Ushuaia. Nossa, mal acredito que já estamos chegando lá...
O visual gelado do Glaciobar, quase todo de gelo, em El Calafate, no sul da Argentina
A Ana admira um glorioso pôr-do-sol logo na nossa chegada ao Uruguai, na cidade de Paysandú
Cruzar a ponte General Artigas no final da tarde de ontem não significou apenas mais uma ponte no caminho da Fiona. E nem passar da Argentina para o pequeno país vizinho sobre o caudaloso rio Uruguai significou unicamente mais uma fronteira na rota dos 1000dias. Nada disso! Nós estávamos entrando simplesmente no último e único país das Américas onde ainda não havíamos estado nessa longa jornada pelo Novo Mundo. Finalmente, após cerca de 150 fronteiras cruzadas e 60 países, ilhas ou territórios viajados, chegamos ao Uruguai, país vizinho ao Brasil, relativamente próximo ao nosso ponto de partida, Curitiba, mas que nos custou 170 mil quilômetros e quase quatro anos para aqui chegar.
A ponte que cruza o rio Uruguay e une a Argentina ao Uruguai, na cidade de Paysandú
A ponte que cruza o rio Uruguay e une a Argentina ao Uruguai, na cidade de Paysandú
Nem preciso dizer o quão emocionados estávamos. Um misto de grande felicidade e tristeza ao mesmo tempo. Felicidade pela quantidade de lugares que conhecemos nesses últimos anos, todos com muita saúde e segurança. Tristeza por estarmos tão perto do fim. Pois é, até 1.000 dias, que acabaram virando algo perto de 1.400 dias, também acabam. E chegar ao último país do roteiro é um marco claro de que estamos quase lá. Depois do Uruguai, voltamos em definitivo para o Brasil. Ali, felizmente, ainda temos uns quarenta dias de explorações nos estados do sul, principalmente o glorioso litoral de Santa Catarina, por onde não passamos até agora. Isso sem falar das capitais estaduais restantes na nossa “coleção”, Porto Alegre e Florianópolis.
Cruzando a ponte General Artigas, sobre o rio Uruguay, unindo a Argentina (lado direito) ao Uruguai (lado esquerdo), na cidade de Paysandú
Chegando a Paysandú, no Uruguai, o último país dos 1000dias
O Uruguai vai ser mesmo um lugar especial na nossa viagem. Além de ser o último país da lista, vamos viajar por ele muito bem acompanhados. Amanhã chegam aqui meus pais, que finalmente resolveram nos conceder a honra de sua companhia e experiência. Vamos pegá-los no aeroporto de Montevideo e, com eles, por quase duas semanas, explorar esse pequeno país, principalmente o seu litoral e capital, mas também com alguma incursão rápida ao interior. Depois, seguem conosco para o Rio Grande do Sul, de onde embarcam de volta para sua casa no interior de São Paulo. Vínhamos brigando por essa “visita” desde o início da viagem e, finalmente, no final do segundo tempo da prorrogação, conseguimos! Vai ser joia!
O Uruguai fica encravado entre os dois gigantes do continente, Brasil e Argentina
Mapa do Uruguai e suas principais cidades. Nós entramos pelo oeste, na cidade de Paysandú. Daí seguimos para Carmelo. Colonia do Sacramento e a capital Montevideo. Em seguida, vamos explorar o litoral, onde estão cidades como Punta del Este e La Paloma
Com apenas 176 mil km2, o Uruguai só é maior do que o Suriname na América do Sul, se não contarmos a Guiana Francesa e as Malvinas, que nem países são. É menor que a maioria dos estados brasileiros, incluindo aí o nosso estado Paraná. Ao mesmo tempo, fica encrustado entre os dois gigantes geográficos do continente, Brasil e Argentina, quase como se fosse um estado-tampão. Aliás, era essa a acusação feita pelos esquerdistas de antigamente, de que o Uruguai era apenas uma invenção da Inglaterra, a potência imperialista do século XIX, para servir de buffer entre os grandes da região para evitar que eles se desenvolvessem e se tornassem uma ameaça à própria Inglaterra. Versão simplista e simplória dos processos históricos e que não dá valor aos próprios uruguaios na formação de seu país.
Uruguiaos aproveitam o maravilhoso entardecer às margens do rio Uruguay, em um parque na cidade de Paysandú
Em Paysandú, no Uruguai, garoto observa a ponte General Artigas, que liga o país à Argentina, do outro lado do rio uUuguay
Ainda vou falar mais da história do Uruguai, principalmente quando passarmos em Colonia del Sacramento, mas vai aqui um breve resumo. Os índios que aqui habitavam quando os espanhóis e portugueses começaram a ocupar a América eram os valentes e pouco amistosos Charrúas. Sua belicosidade e a ausência de ouro na região fizeram com que as terras do atual Uruguai fossem deixadas em paz por mais de um século desde a chegada de Colombo e Cabral. Foi apenas no início do séc. XVII que os primeiros colonizadores começaram a trazer para cá seus rebanhos de gado, aproveitando os ricos pastos que ocupavam as planícies da região. Nessa época, os Charrúas já haviam se acostumado à presença europeia e já não mais opuseram resistência. Desde então, a criação de gado em grandes estâncias se tornou a principal atividade econômica do país.
O Uruguai nos recepciona na cidade de Paysandú com um pôr-do-sol espetacular no rio Uruguay, que faz fronteira com a Argentina
O Uruguai nos recepciona na cidade de Paysandú com um pôr-do-sol espetacular no rio Uruguay, que faz fronteira com a Argentina
O próximo impulso econômico e populacional foi o contrabando. A política espanhola era a de canalizar todas as importações e exportações de seus domínios na América do Sul pelo Peru. Isso significava um enorme custo para os habitantes de Buenos Aires. Para comprar tecidos, eles teriam de fazer a longa jornada por terra desde Lima. Para exportar carne e matérias-primas, o mesmo longo roteiro. Dessa estupidez econômica para o contrabando, foi um pulo. E os portugueses viram aí um grande filão e se apressaram em fundar uma cidade quase em frente à Buenos Aires, mas do outro lado do rio, para levar e trazer mercadorias para a cidade espanhola. Nascia Colonia del Sacramento, o primeiro povoado importante em terras uruguaias. Nosso pequeno país vizinho nasceu falando português! Percebendo o perigo e a bobagem, os espanhóis apressaram-se a criar um forte do lado de cá do Rio da Prata também. Foi a origem a futura capital, Montevideo. Ao mesmo tempo, passaram a permitir que Buenos Aires negociasse diretamente com a Europa, minando a força econômica da pujante cidade portuguesa. Por fim, trataram de conquistá-la militarmente. Mas a cidade e os portugueses resistiram e, ao longo das próximas décadas, por diversas vezes ela mudou de mãos. Foi quando vieram as guerras napoleônicas na Europa e a Inglaterra, em guerra com a Espanha aliada dos franceses, tentou ocupar Buenos Aires, mas acabou ficando apenas com Montevideo. Sim, os esquerdistas de antigamente não estavam totalmente equivocados, os súditos de Sua Majestade realmente estiveram por aqui!
Uruguiaos aproveitam o maravilhoso entardecer às margens do rio Uruguay, na cidade de Paysandú
Uruguiaos aproveitam o maravilhoso entardecer às margens do rio Uruguay, na cidade de Paysandú
O Uruguai nos recepciona na cidade de Paysandú com um pôr-do-sol espetacular no rio Uruguay, que faz fronteira com a Argentina
Outra consequência das Guerras Napoleônicas foi todo o processo de independência das antigas colônias espanholas na América do Sul. No Uruguai, o maior líder desse processo foi o general Artigas, aquele que dá nome à ponte que atravessamos para chegar ao país. Ele venceu e expulsou os espanhóis daqui, mas acabou por entrar em conflito com outras lideranças argentinas. Os portugueses, que ainda controlavam o Brasil, aproveitaram a confusão para ocupar a pequena nação que mal acabava de nascer. O General Artigas se exilou no Paraguai e nunca mais conseguiu retornar à sua terra natal. Anos depois, foi a vez de brasileiros expulsarem os portugueses e acabarem herdando o controle do Uruguai, então conhecido como Província Cisplatina. Mas esse controle não durou muito. Com a ajuda dos argentinos e ainda no reinado de D. Pedro I, os uruguaios conseguiram novamente sua independência, pero no mucho. Pela próxima metade de século, o país sofreria diversas intervenções de seus países vizinhos, hora do Império do Brasil, hora da Argentina, algumas vezes aliados aos Blancos, outras aos Colorados, as duas facções políticas que dominariam a política local até a virada do séc. XXI.
A Ana observa as cores incríveis do pôr-do-sol nas águas do rio Uruguay, na cidade de Paysandú, no Uruguai
Um fantástico entardecer nas águas do rio Uruguay, em Paysandú, no Uruguai
Hoje o Uruguai é um país com uma população de 3,3 milhões, dos quais cerca de 2 milhões vivem na região metropolitana de Montevideo, a capital. As outras grandes cidades, pelo menos para padrões uruguaios, estão na margem do rio da Prata, na parte ocidental de país. Uma delas é Salto, com 100 mil habitantes, e a outra é Paysandú, com 75 mil habitantes. Foi nessa última cidade que entramos no país, no fim da tarde de ontem. Aí fizemos nossos papéis, logo após cruzarmos a ponte General Artigas e rapidamente estávamos dirigindo ao lado do rio Uruguay, que dá nome ao país e quer dizer “rio dos pássaros”.
O clube mais tradicional da cidade de Paysandú, no Uruguai
A confeitaria que inventou o chajá, sobremesa típica de Paysandú, no Uruguai
Nós nem conseguimos chegar ao centro da cidade, pois o entardecer estava tão espetacular que tivemos de parar para admirar aquilo. O sol se punha do outro lado do rio (na Argentina!) e as cores avermelhadas e alaranjadas eram refletidas no rio, quase nos hipnotizando. Não é a toa que muita gente de Paysandú vem passar esses momentos no parque que foi criado às margens do rio. Famílias caminhando, pescando, namorando ou simplesmente reverenciando aquela cena maravilhosa. Assim fizemos também, nossas boas vindas ao país, começando com o pé direito com um dos mais belos pores do sol dos 1000dias.
A deliciosa cerveja Patricia, a mais popular do Uruguai, na cidade de Paysandú
A Ana bem feliz com uma legítima Patricia nas mãos, na cidade de Paysandú, no Uruguai
Depois do espetáculo, fomos achar um hotel para ficar, no centro. Os primeiros momentos em um novo país são sempre interessantes, a gente sentindo como é esse novo ambiente. A última vez que havíamos entrado em um novo país nos 1000dias havia sido nas Falkland, mas, como já disse, essas ilhas não são propriamente um país. Então, a última vez havia sido na Venezuela, no finalzinho de Maio de 2013, há mais de 8 meses. Acho que nunca tínhamos ficado tanto tempo assim sem entrar em um novo país desde que começamos a viajar. Então, estávamos bem “fora de forma” para isso, hehehe.
A gostosa praça central de Paysandú, no Uruguai
A vistosa igreja na praça central de Paysandú, no Uruguai
A vistosa igreja na praça central de Paysandú, no Uruguai
Lá fomos nós, testar o trânsito, as ruas, caixas eletrônicos, comida, sotaque, cervejas (aqui é a terra da deliciosa Patricia!). Aos poucos, vamos nos ambientando. Não demorou muito para descobrirmos uma das “estrelas” da cidade, com fama nacional. É uma sobremesa, criada aqui há várias décadas e que ganhou o país. Chama-se “Chajá” (pronuncia-se “tcha-rrá”). É um bolo de merengue, pêssego, doce de leite e muito creme. Não conseguimos encontrá-lo de noite e deixamos para a manhã de hoje.
Homenagem a um general vitorioso em batalhas contra tropas invasoras brasileiras, na praça central de Paysandú, no Uruguai
Arte nas ruas de Paysandú, no Uruguai
Pois é... acordamos no novo e último país, agora já nos sentindo em casa depois do pôr-do-sol e do passeio da noite. Fomos caminhar pela cidade, dessa vez com a luz do dia, e terminamos na bela e arborizada praça central, onde estão a igreja e o museu. No centro da praça, uma estátua em homenagem a um herói local e nacional. Ele liderou as forças uruguaias em Paysandú contra um feroz cerco militar liderado por forças brasileiras em 1862. Depois de valente resistência, acabou sucumbindo. Por aqui, temos de nos acostumar a ver os brasileiros como forças imperialistas e os bandidos da história.
Chajá, a sobremesa típica de Paysandú, muito famosa em todo o Uruguai
Chajá, quase um patrimônio uruguaio, sobremesa inventada na cidade de Paysandú
Depois, antes de pegarmos estrada novamente e seguirmos para o sul do país, passamos na confeitaria onde foi inventado o Chajá e nos abastecemos. Vamos encontrar a guloseima em outras cidades do Uruguai, mas só aqui ela é a “original” e não podíamos perder a oportunidade. Assim, depois de adoçarmos a boca e a alma, estávamos mais do que prontos para iniciar a exploração de mais um país, o último dos 1000dias.
O nosso primeiro chajá, sobremesa típica de Paysandú e de todo o Uruguai
O nosso primeiro chajá, sobremesa típica de Paysandú e de todo o Uruguai
A Plaza San Martin, em Lima, capital do Peru
A cidade de Lima foi fundada por Fracisco Pizarro, o conquistador do Peru e do outrora glorioso império Inca, em 1534. Desde o início foi a sede do governo espanhol na América do Sul, local de residência dos "vice-reis" espanhóis no continente, com poderes que se extendiam da Argentina à Colômbia. Aos poucos, foi perdendo parte do seu poder, com a criação dos vice-reinados de Nova Granada, no norte e do Prata, no sul, mas durante os primeiros duzentos anos de sua história, foi a cidade mais rica das Américas, por onde passava toda a prata extraída nas minas de Potosí.
Comemorações do Dia da Polícia, na Plaza de Armas, em Lima, capital do Peru
Foi quando um forte terremoto destruíu boa parte da cidade. A reconstrução foi rápida e quase todos os belos e pomposos prédios históricos que hoje se vêem em Lima são desta época. Oitenta anos mais tarde, o que balançava a cidade não era um terremoto, mas a guerra pela independência. Foi pelo Peru que a Espanha e as tropas realistas mais lutaram, a "jóia da corôa". Foi preciso a ajuda do general e libertador argentino San Martin para livrar Lima do jugo espanhol. Logo depois disso, ali mesmo em Lima houve o histórico encontro entre os dois grandes líderes da independência da América Espanhola, Simón Bolívar e San Martin. Um encontro ainda envolto em mistérios entre os dois colegas maçônicos onde se discutiu o futuro do continente.
Comemorações do Dia da Polícia, na Plaza de Armas, em Lima, capital do Peru
Certamente, os dois grandes líderes não imaginaram que, sessenta anos mais tarde, três dos países que ajudaram a libertar estariam envolvidos numa guerra sangrenta entre si e que teve como resultado a conquista de Lima por tropas chilenas que, após pilharem a cidade e seus museus, aqui permaneceram por mais de dois anos Aos poucos, a cidade se recuperou desse baque e, após uma verdadeira explosão populacional em meados do século passado, Lima se tronou uma das maiores metropoles da América do Sul.
Procissão pela Plaza de Armas, em Lima, capital do Peru
Eu estive aqui há 21 anos, pouco depois da posse do Fujimori e logo após ele promulgar seu plano econômico, o Fujichoque. Entre as medidas, uma nova moeda para combater a inflação de mais de 10% mensais que destruía a economia do país. Eram tempos mais complicados e a praga do Sendero Luminoso estava mais forte do que nunca. Ao desembarcar na rodoviária limenha, fomos brindados com fotos de jornais sensacionalistas dos atentados sanguinários da noite anterior. Tanques patrulhavam as ruas do centros, que estavam desertas.
Monastério de San Francisco, em Lima, capital do Peru
Foi a esse mesmo centro que fomos hoje, repleto de construções históricas, prédios centenários muito bem conservados, igrejas repletas de obras de arte de ouro e prata e, o melhor, sem a ameaça terrorista de outrora. Hoje, ao contrário, celebrava-se um feriado nacional duplo, dia da Polícia e também da Virgem do país, com direito à procissão na movimentada Plaza de Armas. Estivemos ali assistindo à dupla celebração e, em seguida, fomos visitar o Mosteiro de São francisco, com sua bela igreja e suas famosas catacumbas repletas de ossos. Fotos são proibidas, então este espetáculo bizarro ficará guardado apenas em nossa memória e na de quem for lá visitar.
Passeando na movimentada ruca peatonal no centro de Lima, capital do Peru
De lá para a Plaza San Martin caminhando pela lotada rua peatonal. Essa Plaza é tão bonita e pomposa como a Plaza de Armas, uma justa homenagem ao libertador da cidade. O outro libertador, Bolívar, dá nome a um tradicional hotel na praça onde se encontra o melhor e mais tradicional Pisco Sauer do mundo. Adivinha se não fomos conferir?
Observando a pomposa Plaza San Martin, em Lima, capital do Peru
Depois de muito passear pelo centro, voltamos ao nosso refúgio na cidade, o agradável bairro de Miraflores, onde vamos passear com mais calma amanhã. Hoje, só deu para ter um gostinho, já de noite, quando saímos para jantar no seu centro comercial, repleto de bares e restaurantes. Estamos cada vez mais fãs da cidade e desse bairro charmoso!
O melhor Pisco Sauer do mundo, no Gran Hotel Bolivar, na Plaza San Martin, em Lima, capital do Peru
Sol nascendo em Key Biscayne
Dia de trabalho. Posts e fotos praticamente em dia. O que falta mexer agora são nos vídeos e nas páginas de conteúdo, que ainda estão na estaca zero. Paciência... Além disso, muita pesquisa na internet.
O que fizemos de interessante hoje foi sair e dirigir pela primeira vez por aqui. O Marcelo e família nos "abandonaram" no apartamento maravilhoso com vista para o mar, mas em "compensação" deixaram um belo Volvo à nossa disposição. Estreamos indo para Pompano Beach, uns 60 km ao norte, em busca de uma loja que havia nos vendido mas entreguado apenas parte dos produtos. O carro é ótimo mas não tem GPS. Incrível como somos dependentes dessa porcaria hoje em dia, em países desconhecidos. Antigamente, antes de existir, não fazia a menor falta! Há 15 anos atrás cruzei esse país num Pontiac, de NY a San Diego, sem problema algum. Agora, para ir de Key Biscayne para Pompano (basicamente, cruzar Miami de sul a norte), sinto falta do aparelho... É a idade, imagino. Bom, dei uma boa olhada no mapa pela internet e fomos sem problema nenhum. Acho que é tudo psicológico.
Tudo na base das autoestradas. Sempre com muito movimento, mas sempre fluindo. É o país do automóvel, também tinha de ser o país das estradas. Todo mundo andando 10 milhas acima do limite, esse parece ser o padrão. Aliás, precisamos logo nos acostumar com milhas, pés (feet), farenheit, libras (pounds), etc... Parece que vivem em outro planeta. Aliás, na visão deles, é o resto do mundo que vive em outro planeta. Nas estradas, não há problema de se ultrapassar pela direita. Mas precisamos estar atentos ao mudar de faixa. Quase todo mundo tem carrão por aqui. Carrão no sentido de tamanho. São enormes. Gasolina bem mais barata que no Brasil. Quanto ao preço dos carros, além de serem bem mais baratos que no Brasil, ainda são financiados em trocentos anos, com taxas de juro civilizadas. Assim, todo mundo pode ter o seu. E, muitas vezes, carros que no Brasil seriam absolutamente impensáveis. Estão dezenas de anos à nossa frente, capitalisticamente pensando.
E, falando na eficiência capitalista deles, fomos muito bem atendidos na loja que, rapidamente, na base da confiança no consumidor, nos providenciou os equipamentos que alegamos não ter recebido. Feito isso, a pedido da Ana fomos dar uma volta na pouco charmosa Pompano Beach. Depois, de volta a Key Biscayne. Quando resolvemos sair para jantar, um pouco depois das 10 da noite, demos com os burros n'água. A eficiência capitalista, no caso, fecha todos os restaurantes às 10. Tínhamos, como alternativas, ir para South Beach ou para o Seven Eleven aqui do lado. Para tristeza da Ana, venceu a segunda opção.
E ainda deu tempo dela filosofar, pensativa: "Nossa, que sorte a deles, não se chamar Nine Eleven, ao invés de Seven Eleven". É, teria sido um "colateral damage" publicitário jamais imaginado pelo Bin Laden...
No alto da serra das Broas em Carrancas - MG
Mais um dia para a nossa lista de dias inesquecíveis! O sol brilhou forte durante todo o dia por aqui, ajudando a esquentar o nosso belo passeio. Quando estávamos na sombra, na água ou quando o sol se pôs, era a vez do frio nos acompanhar. Como gosta de dizer meu pai, um frio saudável!
Com o nosso guia e amigo Quilin em Carrancas - MG
O Quilin, nosso guia e amigo, veio nos encontrar na pousada logo cedo e já partimos para a Serra das Brôas. A estrada até a Zilda está muito boa (12 km) mas depois, só carro traçado ou fusca valente para continuar seguindo. Já disse no post abaixo que a Fiona deu um show e chegamos lá no alto da serra para desfrutar de uma vista maravilhosa e poder ficar explorando um verdadeiro labirinto de estranhas formações rochosas. Um paraíso para escaladores. Mesmo para um amador como eu, deu para se divertir. Além do céu azul, o ar puro do alto das montanhas também era um estimulante.
Escalando rochas em Carrancas - MG
Formações rochosas no alto da Serra das Broas em Carrancas - MG
Depois, voltamos para o Complexo da Zilda, área das mais bonitas cachoeiras de uma terra com cachoeiras para todos os gostos. Ali, enfrentamos o frio congelante das águas para poder nadar um pouco em algumas das cachoeiras.
Se divertindo no "escorregador" do Complexo da Zilda em Carrancas - MG
Tem uma que é um perfeito escorregador, obra-prima da natureza lapidada por milhares de bumbuns que escorregam por lá todos os anos. O Quilin me disse que nos grandes feriados são dezenas, muitas vezes centenas de pessoas disputando lugar por ali. Hoje, éramos apenas os três. E como o Quilin não enfrentou a água fria, éramos apenas os dois, eu e a Ana, a nos divertir naquele lugar. Viajar durante a semana tem suas consequências: perdemos o movimento dos bares e baladas, mas não precisamos de filas para frequentar as cachoeiras. Ao contrário, pelo menos enquanto lá estamos, elas nos pertencem. Sensação deliciosa de comungação com a natureza. E só com ela.
Cachoeira em rio do Complexo da Zilda em Carrancas - MG
Depois do escorregador, ainda fomos conhecer mais duas cachoeiras. Numa delas, com um grande poço, enfrentamos o frio novamente. Já no final de tarde, sol querendo se esconder, o frio chegava a fazer a cabeça doer. Mas foi impossível resistir a dar um mergulho naquela água tão convidativa.
Enfrentando bravamente a água gelada no Complexo da Zilda em Carrancas - MG
Ficou faltando conhecer o canyon, do qual guardo tão boas lembranças. Mas não saio de Carrancas antes de levar a Ana lá. Tenho certeza que ela vai adorar, não só a beleza mas o desafio de conseguir entrar, vencendo a força da correnteza que teima em não nos deixar explorar aquele lugar.
Brincando com a própria sombra no fim de tarde em cachoeira em Carrancas - MG
Além do canyon, na Zilda, ainda há muitos outros rios na região. Vamos ver o que conseguimos ver amanhã. Pena que os dias tem escurecido tão cedo. Cinco da tarde já está ficando escuro. Não lembrava de ser assim. Será que dá para botar a culpa desse escurecimento mais cedo no aquecimento global?
Curtindo mais um pôr-do-sol, dessa vez no Mirante da Serra em Carrancas - MG
Bom, escurecendo ou não mais cedo, o fato é que o céu tem estado lindo aqui em Minas, especialmente durante o pôr-do-sol. E hoje nós estivemos assistindo ele de camarote, no restaurante Mirante da Serra. Além da vista incrível, quase 360 graus, ainda tivemos uma belíssima refeição. Os donos, um simpático costarriquenho chamado Rolando e sua esposa brasileira Marília servem comida com um toque centroamericano. O restaurante é todo envidraçado e podemos jantar e admirar a paisagem. Um espetáculo!
Ótimo restaurante no Mirante da Serra durante o pôr-do-sol em Carrancas - MG
A cidade de Potosí - Bolívia, ao pé do Cerro Rico
Depois de conhecer as minas de Potosí pela manhã aproveitamos a tarde para conhecer um pouco da cidade. A riqueza que fez de Potosí a cidade mais rica das Américas por tanto tempo deixou seus traços nas cidade, sob forma de uma arquitetura elaborada, dezenas de grandes igrejas e palacetes. Caminhar por Potosí é um prazer, não só pela história que transborda de cada uma das esquinas do centro histórico, mas também para observar a densa população local e de estrangeiros que disputam os apertados espaços das calçadas e ruas de paralelepípedo.
Rua peatonal em Potosí - Bolívia
A Catedral de Potosí - Bolívia
O outro prazer de caminhar é não estar de carro! Com as ruas apertadas e o tráfego intenso, a melhor coisa que tem é deixar a Fiona guardadinha, um dos maiores diferenciais do nosso hotel, o El Libertador, que tem garagem própria. Assim, com os próprios pés, já acostumados com os 4 mil metros, percorremos o centro histórico, seus prédios e seu mercado.
Praça 10 de Novembro, em Potosí - Bolívia
Restauração da parte interna da Catedral em Potosí - Bolívia
O ponto alto do passeio, literalmente, foi a visita à Catedral e à torre da igreja, de onde se tem uma vista magnífica de Potosí. A Catedral está em reforma já há 5 anos e ficará finalmente pronta este ano. Mas já está aberta à visitação, onde podemos acompanhar o difícil e delicado trabalho de restauração. O guia mais uma vez é um show e nos dá uma verdadeira aula de cultura, ensinando-nos sobre as pinturas, esculturas e até sobre o raríssimo órgão alemão da catedral. No final da visita subimos todos ao campanário, com cinco grandes sinos, o maior deles feito em parte com ouro e que pode ser ouvido a mais de 30 km de distância!. Nas paredes da torre, testemunhos das diversas revoluções que já ocorreram nesta cidade, na forma de marcas tiros!
No alto da torre da Catedral, em Potosí - Bolívia
Grupo de turistas no alto da torre da Catedral em Potosí - Bolívia
Antes de voltarmos ao hotel, resolvemos adiantar o jantar. Voltamos ao restaurante que não tínhamos conseguido lugar ontem, por estar lotado, o El Mesón, e hoje fomos os primeiros fregueses. Nosso cardápio: vinho boliviano e carne de lhama. O vinho não estava lá essas coisas, mas vamos tentar novamente em Tarija, região das melhores vinícolas do país. Já a lhama, hmmmm... estava uma delícia! Muito bem alimentados, ainda com as memórias fortes da visita à mina parcialmente "amaciadas" com a visita à catedral e com o vinho boliviano, voltamos ao hotel para merecida noite de sono. Com a temperatura chegando perto do 0 graus nessas noites à 4 mil metros, nosso quarto com calefação e cama com edredon tem sido um imenso prazer!
A bela fachada da igreja de San Lorenzo, em Potosí - Bolívia
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