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Blog do Rodrigo - 1000 dias

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SHUFFLE Há 1 ano: Chile Há 2 anos: Chile

Praia Haitiana e Churrasco Brasileiro

Haiti, Port-au-Prince, Cabaret

A linda praia de Obama, perto de Cabaret, antiga Duvalierville, no litoral central do Haiti

A linda praia de Obama, perto de Cabaret, antiga Duvalierville, no litoral central do Haiti


Nosso plano original, quando viemos ao Haiti, era passar dois dias na capital e depois seguir para a cidade de Jacmel, na costa sul. Duas décadas atrás, quando o Haiti ainda fazia parte das rotas dos viajantes, ela era um grande polo turístico, por sua história e arquitetura. Seria uma viagem rápida para nós, pois já estávamos com a passagem aérea comprada para o norte do país, para a manhã do dia 24. Mas Jacmel não é tão longe de Port-au-Prince e imaginamos que daria tempo.

O trânsito sempre complicado de Port-au_Prince, capital do Haiti

O trânsito sempre complicado de Port-au_Prince, capital do Haiti


Nas ruas de Port-au-Prince, no Haiti, muito equilíbrio na cabeça

Nas ruas de Port-au-Prince, no Haiti, muito equilíbrio na cabeça


Bom, acho que tempo, daria mesmo. Aliás, foi para lá que seguiu o nosso amigo viajante italiano, na manhã de hoje. Mas algumas horas de conversas e interações com o Eric e a Lana, os donos do hotel Le Perroquet, onde estamos hospedados, nos fizeram mudar de ideia. Eles nos convenceram a fazer um caminho alternativo e seguir com eles para passar o dia de hoje numa praia aqui perto, ao norte da cidade de Cabaret, a antiga Duvalierville. Pois é, domingão combina mais com praia do que com rodoviária e ônibus lotados. Além do mais, eles até nos ofereceram uma carona para lá. Com isso, a bela Jacmel ficou para nossa próxima viagem ao Haiti e lá fomos nós, junto com o casal amigo, todos no carro de uma outra amiga, rumo á praia. Atravessamos a bagunça do centro da cidade pela primeira vez, suas ruas de trânsito caótico, nossos olhos ávidos em captar cada detalhe, e seguimos em boa estrada para a praia.

A deliciosa e pacata praia de Obama, perto de Cabaret, antiga Duvalierville, no litoral central do Haiti

A deliciosa e pacata praia de Obama, perto de Cabaret, antiga Duvalierville, no litoral central do Haiti


A deliciosa e pacata praia de Obama, perto de Cabaret, antiga Duvalierville, no litoral central do Haiti

A deliciosa e pacata praia de Obama, perto de Cabaret, antiga Duvalierville, no litoral central do Haiti


Atravessamos a pequena e movimentada Cabaret e um pouco mais para frente chegamos ao Hotel Obama, uma homenagem de seu proprietário ao presidente americano, que ele tanto admira. O hotel está de frente à praia e aí fomos passar o dia. Na verdade, o dia e a noite, se quiséssemos. O Eric e a Lana planejavam ficar por lá e voltar no dia seguinte. A Elise, a dona do carro, voltaria hoje mesmo, e nós éramos benvindos a voltar com quem quiséssemos. Com nossas coisas lá no Le Perroquet, o Eric apressou-se em dizer que, caso ficássemos na praia, ele não cobraria a diária de hoje no seu hotel.

Jangada singra os mares perto de Cabaret, antiga Duvalierville, no litoral central do Haiti

Jangada singra os mares perto de Cabaret, antiga Duvalierville, no litoral central do Haiti


Ao chegar na beira da praia, deparamo-nos com uma beleza digna de cartão postal. O mar com aquela cor indefinível entre o verde e o azul e a praia de pequenas pdedras branas, ao invés de areia. Águas tranquilas e quentes. Em qualquer outo lugar do mundo, esperaríamos encontrar a praia cheia, mas aqui, a lana e o eric haviam nos dito que era sempre vazio. Pois é, eles erraram. Nunca tinham estado no Obama Hotel num domingão. Bom, a praia não estava cheia mesmo, mas o pátio do hotel, em frente ao mar, estava bem movimentado. E o cheiro de churrasco logo denunciou de onde eram todas aquelas pessoas...

Encontro com brasileiros (e com um legítimo churrasco!) na praia Obama, perto de Cabaret, antiga Duvalierville, no litoral central do Haiti

Encontro com brasileiros (e com um legítimo churrasco!) na praia Obama, perto de Cabaret, antiga Duvalierville, no litoral central do Haiti


Um verdadeiro churrasco brasileiro na praia Obama, perto de Cabaret, antiga Duvalierville, no litoral central do Haiti

Um verdadeiro churrasco brasileiro na praia Obama, perto de Cabaret, antiga Duvalierville, no litoral central do Haiti


Pois é, um grande grupo de brasileiros preparava um saboroso e cheiroso churrasco enquanto se lubrificavam com cerveja gelada, a deliciosa Prestige. A surpresa deles foi ainda maior que a nossa de encontra-los, quando nos identificamos como compatriotas. Conforme já havíamos imaginado, eram todos militares, membros das forças de paz da ONU. São do batalhão de engenharia, responsável por várias obras de infraestrutura no país.

Confraternização com militares brasileiros da força de paz da ONU, na praia Obama, perto de Cabaret, antiga Duvalierville, no litoral central do Haiti

Confraternização com militares brasileiros da força de paz da ONU, na praia Obama, perto de Cabaret, antiga Duvalierville, no litoral central do Haiti


Brasão do batalhão de engenharia brasileira no MINUSTAH, as forças de paz da ONU no país (perto de Cabaret, antiga Duvalierville, no litoral central do Haiti)

Brasão do batalhão de engenharia brasileira no MINUSTAH, as forças de paz da ONU no país (perto de Cabaret, antiga Duvalierville, no litoral central do Haiti)


A partir do momento que souberam que éramos brasileiros, passaram a nos mimar sem parar. Além da cerveja, fomos alimentados com um legítimo churrasco brasileiro, pois até os cortes eram nacionais. Carne trazida diretamente do Brasil! Carne brasileira, churrasqueira brasileira, churrasqueiros brasileiros, farinha brasileira, não queríamos mais nada!

Confraternização com militares brasileiros da força de paz da ONU, na praia Obama, perto de Cabaret, antiga Duvalierville, no litoral central do Haiti

Confraternização com militares brasileiros da força de paz da ONU, na praia Obama, perto de Cabaret, antiga Duvalierville, no litoral central do Haiti


Eles nos contaram de sua rotina por aqui e nos convidaram para visitar a base brasileira. Vamos tentar fazer isso na terça, depois de amanhã. Foram horas de diversão com eles, gente vinda dos quatro cantos do Brasil, uma salada total de sotaques, piauienses, gaúchos e cariocas na mesma roda de conversa, música para nossos ouvidos. Entre uma cerveja e outra, entre uma carne e outra, entre uma história e outra, deliciosos e refrescantes mergulhos naquele mar paradisíaco.

Confraternização com militares brasileiros da força de paz da ONU, na praia Obama, perto de Cabaret, antiga Duvalierville, no litoral central do Haiti

Confraternização com militares brasileiros da força de paz da ONU, na praia Obama, perto de Cabaret, antiga Duvalierville, no litoral central do Haiti


Além dos brasileiros, o maior grupo, também haviam paraguaios, argentinos e uruguaios por ali. Cada um em seu grupo, todos aproveitando o dia de folga na difícil rotina que têm por aqui. Conversamos com vários deles, mas o dia era mesmo dos brasileiros. Dos brasileiros e dos nossos simpáticos e interessantes amigos haitianos, além da Lana, claro! Tão gostoso estava tudo por lá que não titubeamos em decidir dormir por ali mesmo, agora na tranquilidade total do hotel depois que todos se foram, para suas casas ou bases.

Tarde gostosa com amigos no hotel Obama, perto de Cabaret, antiga Duvalierville, no litoral central do Haiti

Tarde gostosa com amigos no hotel Obama, perto de Cabaret, antiga Duvalierville, no litoral central do Haiti


Com o Eric, numa tarde gostosa com os amigos no hotel Obama, perto de Cabaret, antiga Duvalierville, no litoral central do Haiti

Com o Eric, numa tarde gostosa com os amigos no hotel Obama, perto de Cabaret, antiga Duvalierville, no litoral central do Haiti


O jantar foi delicioso, apenas os dois casais no hotel, além de uma energética americana que trabalha para uma ONG no país. No dia seguinte, o café da manhã seguiu o mesmo padrão de qualidade e tranquilidade e nós tivemos tempo o suficiente para ficarmos amigos também dos funcionários e do simpático proprietário, aquele que é fã do Obama.

Nadando pela primeira vez nas águas quentes e caribenhas do litoral do Haiti, perto de Cabaret, antiga Duvalierville

Nadando pela primeira vez nas águas quentes e caribenhas do litoral do Haiti, perto de Cabaret, antiga Duvalierville


A Ana tem todo o mar para si na praia Obama, perto de Cabaret, antiga Duvalierville, no litoral central do Haiti

A Ana tem todo o mar para si na praia Obama, perto de Cabaret, antiga Duvalierville, no litoral central do Haiti


Fim de tarde na praia de Obama, perto de Cabaret, antiga Duvalierville, no litoral central do Haiti

Fim de tarde na praia de Obama, perto de Cabaret, antiga Duvalierville, no litoral central do Haiti


Eram onze da manhã quando chegou no hotel o carro chamado pelo Eric para nos levar de volta à Port-au-Prince. Depois de tanta vida mansa e mordomia, estava mais do que na hora de vermos o outro Haiti, aquele que estamos acostumados a ver na TV. Chega de mares paradisíacos, rumo aos mercados lotados e ruas barulhentas, enfim, o Haiti que viemos conhecer....

Com um dos simpáticos funcionários do Hotel Obama, perto de Cabaret, antiga Duvalierville, no litoral central do Haiti

Com um dos simpáticos funcionários do Hotel Obama, perto de Cabaret, antiga Duvalierville, no litoral central do Haiti

Haiti, Port-au-Prince, Cabaret, Praia

Veja todas as fotos do dia!

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Praia da Guarda

Brasil, Santa Catarina, Guarda do Embaú

1000dias na paradisíaca Guarda do Embaú, litoral sul de Santa Catarina

1000dias na paradisíaca Guarda do Embaú, litoral sul de Santa Catarina


Alguns quilômetros ao norte das praias de Garopaba está um outro tesouro do litoral catarinense: a Guarda do Embaú ou, simplesmente, Praia da Guarda. Sua fama e popularidade veio um pouco mais tarde que a Praia da Ferrugem ou do Rosa, outra descoberta de mochileiros que esquadrinhavam o litoral brasileiro nas décadas de 70 e 80. Para a minha vida estudantil, a notícia chegou um pouco tarde demais, mas como a vida não acaba depois que terminamos a faculdade, eu vim para cá um pouco mais velho mesmo. Mesmo já esperando algo muito lindo, confesso que me surpreendi na época. Era muito melhor do que haviam dito!

Guarda do Embaú, litoral sul de Santa Catarina

Guarda do Embaú, litoral sul de Santa Catarina


Mais um maravilhoso amanhecer na Guarda do Embaú, litoral sul de Santa Catarina

Mais um maravilhoso amanhecer na Guarda do Embaú, litoral sul de Santa Catarina


Pois bem, desde que começamos nossos 1000dias, a Guarda estava no nosso roteiro. Só tivemos de ter um pouco de paciência para chegar até aqui, quase 4 anos. Nós a encontramos, ou “reencontramos”, em plena forma, o delicioso rio da Madre ainda correndo entre a cidade e a praia, o Morro do Urubu lançando sua sombra sobre os telhados pela manhã, os barqueiros ganhando seu ganha-pão levando turistas de um lado ao outro do rio que mais parece uma lagoa.

Guarda do Embaú, litoral sul de Santa Catarina

Guarda do Embaú, litoral sul de Santa Catarina


O fantástico cenário da Guarda do Embaú, litoral sul de Santa Catarina

O fantástico cenário da Guarda do Embaú, litoral sul de Santa Catarina


Há décadas que a Guarda atrai surfistas e amantes da natureza. Esse seria o seu “público normal”. Mas no início da década de 90, a entrevista e fama de um conhecido ator e modelo frequentador (e morador!) trouxeram os holofotes nacionais para esse pequeno paraíso. De repente, o público passou a ser bem maior. Infelizmente, muita gente que não combinava com o espírito do lugar. A Guarda passou a ser o destino de gente “barulhenta” e houve quem tentasse estimular por aqui um turismo de massa. Imagina só a tristeza dos antigos frequentadores...

A praia da Guarda do Embaú, litoral sul de Santa Catarina

A praia da Guarda do Embaú, litoral sul de Santa Catarina


A praia da Guarda do Embaú, litoral sul de Santa Catarina

A praia da Guarda do Embaú, litoral sul de Santa Catarina


Dia ensolarado na praia da Guarda do Embaú, litoral sul de Santa Catarina

Dia ensolarado na praia da Guarda do Embaú, litoral sul de Santa Catarina


Felizmente, parece que nos últimos tempos essa tendência vem se revertendo. A Guarda volta a ficar mais parecida com o que era duas décadas atrás. Pousadas charmosas, bons restaurantes, uma quantidade e qualidade de turistas que combina mais com o que o ambiente possa suportar.

Canoas ancoradas na lagoa da Guarda, na Guarda do Embaú,litoral sul de Santa Catarina

Canoas ancoradas na lagoa da Guarda, na Guarda do Embaú,litoral sul de Santa Catarina


Visual da Guarda do Embaú, litoral sul de Santa Catarina

Visual da Guarda do Embaú, litoral sul de Santa Catarina


Felizmente, eu só conheci a praia antes e depois, e não durante essa fase mais negra. A história nos foi dita por um dos amigos que fizemos por aqui, morador e frequentador da Guarda já há muito tempo. Assim, para mim, continua o paraíso que sempre foi. Tão linda que acabamos por ficar um dia a mais que imaginávamos. Impossível partir cedo daqui num dia ensolarado, principalmente se temos a chance de ficar. Foi o que aconteceu. Chegamos no final da tarde do dia 11, pegamos um dia 12 meio nublado e um dia 13 completamente chuvoso. Aí, o dia 14 amanheceu com céu azul. Demos aquela tapeada em São Pedro, jogamos nossos planos pela janela e ficamos aqui até o final do dia. Foi maravilhoso!

Mais um maravilhoso amanhecer na Guarda do Embaú, litoral sul de Santa Catarina

Mais um maravilhoso amanhecer na Guarda do Embaú, litoral sul de Santa Catarina


Mais um maravilhoso amanhecer na Guarda do Embaú, litoral sul de Santa Catarina

Mais um maravilhoso amanhecer na Guarda do Embaú, litoral sul de Santa Catarina


Para quem ainda não conhece a Guarda, o que a torna especial é a geografia do lugar. O rio da Madre vem correndo quase que paralelo à praia e sua boca é no pé do Morro do Urubu. Aqui nessa ponta de praia, a faixa de areia é bem estreita, espremida entre o rio e o mar. A vila fica do lado de lá do rio, o seu centrinho a um quarteirão da água. Para ir até a praia, tem de atravessar o rio, ritual que é a marca registrada da Guarda do Embaú.

Mapa da região da Guarda do Embaú e da Praia da Pinheira, no litoral sul de Santa Catarina (mapa da internet)

Mapa da região da Guarda do Embaú e da Praia da Pinheira, no litoral sul de Santa Catarina (mapa da internet)


Os populares barqueiros da Guarda do Embaú, litoral sul de Santa Catarina

Os populares barqueiros da Guarda do Embaú, litoral sul de Santa Catarina


A lagoa e o morro da Guarda na Guarda do Embaú, litoral sul de Santa Catarina

A lagoa e o morro da Guarda na Guarda do Embaú, litoral sul de Santa Catarina


Vários barqueiros com suas canoas estão sempre a disposição, prontos para ganhar uns poucos reais para atravessar os turistas ou moradores. O rio é bem largo, suas águas formando uma espécie de remanso nessa área. Por isso, até se parece com uma lagoa. Devem ser uns 100 metros, dependendo do horário da maré. Ele é quase o tempo todo raso, a profundidade variando entre a altura dos joelhos e da coxa. Mas sempre tem um trecho mais fundo, onde a água corre com mais força. Aí a profundidade chega no pescoço ou, na maré cheia, podemos perder o pé. Por isso, para quem não sabe nadar ou é afobado, o melhor e mais seguro é mesmo atravessar com as canoas.

A Ana atravessa a lagoa em direção à praia na Guarda do Embaú, litoral sul de Santa Catarina

A Ana atravessa a lagoa em direção à praia na Guarda do Embaú, litoral sul de Santa Catarina


Com todo o cuidado, a Ana caminha na parte mais profunda da lagoa na Guarda do Embaú, litoral sul de Santa Catarina

Com todo o cuidado, a Ana caminha na parte mais profunda da lagoa na Guarda do Embaú, litoral sul de Santa Catarina


A Ana quase perde o pé na travessia da lagoa na Guarda do Embaú, litoral sul de Santa Catarina

A Ana quase perde o pé na travessia da lagoa na Guarda do Embaú, litoral sul de Santa Catarina


Já para quem gosta de água, não tem rotina melhor do que ir para lá e para cá caminhando e nadando mesmo. Ou na sua própria prancha, para quem tem. A temperatura é muito agradável, sempre um pouco mais quente que o mar ali do lado. Muita gente que está na praia prefere mergulhar na água doce que na salgada. O mar é bom de ondas e por isso sempre atraiu surfistas. Já o rio, com o devido cuidado com a correnteza, é bem mais tranquilo. Aliás, uma coisa deliciosa de se fazer, de novo, para quem sabe nadar, é se jogar na correnteza e deixar o rio te levar até o mar.

Um banhista solitário atravessa a lagoa da Guarda, na Guarda do Embaú, litoral sul de Santa Catarina

Um banhista solitário atravessa a lagoa da Guarda, na Guarda do Embaú, litoral sul de Santa Catarina


Placa de sinalização na lagoa da Guarda do Embaú, litoral sul de Santa Catarina

Placa de sinalização na lagoa da Guarda do Embaú, litoral sul de Santa Catarina


Salva-vida em seu veículo de trabalho na Guarda do Embaú, litoral sul de Santa Catarina

Salva-vida em seu veículo de trabalho na Guarda do Embaú, litoral sul de Santa Catarina


Nós passamos o dia 12 fazendo essa brincadeira, do rio para o mar, do mar para a praia, da praia para o rio. Depois, uma caipirinha à beira d´água, pois ninguém é de ferro. E depois, para queimar as calorias e o álcool, uma sessão de standup paddle (vou falar disso no próximo post), o esporte da moda no Brasil e no mundo. De noite, nos refestelamos em um dos restaurantes do centrinho. A Guarda está vazia, ainda plena quarta-feira de uma semana pós-carnaval.

Atravessando a lagoa na Guarda do Embaú, litoral sul de Santa Catarina

Atravessando a lagoa na Guarda do Embaú, litoral sul de Santa Catarina


Atravessando a lagoa na Guarda do Embaú, litoral sul de Santa Catarina

Atravessando a lagoa na Guarda do Embaú, litoral sul de Santa Catarina


Já ontem, o dia amanheceu bem chuvoso. Ficamos esperar ele melhorar um pouco, mas estava difícil. Então, resolvemos nos separar. A Ana ficou na pousada mesmo, esperando a chuva dar um respiro para ela poder caminhar um pouco, ar até o rio ou à praia do outro lado. Já eu, resolvi ignorar a chuva e fazer a belíssima trilha até a Praia da Pinheira, alguns quilômetros na direção norte.

Atravessando a lagoa na Guarda do Embaú, litoral sul de Santa Catarina

Atravessando a lagoa na Guarda do Embaú, litoral sul de Santa Catarina


Canoas na sempre tranquila lagoa da Guarda do Embaú, litoral sul de Santa Catarina

Canoas na sempre tranquila lagoa da Guarda do Embaú, litoral sul de Santa Catarina


Com a chuva, levei apenas a Golpro para registrar o caminho. Normalmente, a trilha já é pouco movimentada, mas em um dia como este, não havia viv´alma no caminho. Bem do jeito que eu gosto, hehehe!

Mapa da trilha entre a Guarda do Embaú e a Praia da Pinheira, no litoral sul de Santa Catarina (mapa da internet)

Mapa da trilha entre a Guarda do Embaú e a Praia da Pinheira, no litoral sul de Santa Catarina (mapa da internet)


Uma das praias em dia de muita chuva na trilha entre a Guarda do Embaú e a praia da Pinheira, litoral sul de Santa Catarina

Uma das praias em dia de muita chuva na trilha entre a Guarda do Embaú e a praia da Pinheira, litoral sul de Santa Catarina


O caminho passa por praias desertas, pastos, campos, costões, vales e até florestas (dependendo do caminho que se tome!). Nada de ir descalço, pois seria um sofrimento. A vista é sempre linda, algumas vezes com o mar do nosso lado, outras quando ele até some de vista. A trilha não é bem marcada, mas bastante intuitiva. Há sim pontos onde se pode errar, mas mesmo assim, indo pelo caminho errado, você vai chegar em algum lugar interessante, hehehe.

Selfie em dia de muita chuva na trilha entre a Guarda do Embaú e a praia da Pinheira, litoral sul de Santa Catarina

Selfie em dia de muita chuva na trilha entre a Guarda do Embaú e a praia da Pinheira, litoral sul de Santa Catarina


Dia de muita chuva na trilha entre a Guarda do Embaú e a praia da Pinheira, litoral sul de Santa Catarina

Dia de muita chuva na trilha entre a Guarda do Embaú e a praia da Pinheira, litoral sul de Santa Catarina


Para pegar o início da trilha, vamos até o final da praia, do lado de lá do rio. Ou seja, cruzamos ele duas vezes, primeiro para ir da cidade até a praia e depois, cruzamos a boca dele novamente, para chegar à pequena península. Aí, uma trilha bem marcada nos leva até o alto do moro onde temos uma bela vista para os dois lados e depois, descemos do lado de lá, em uma praia cheia de pedras. Quando a praia se abre, chegamos à prainha, com ótimas ondas para o surf.

Dia de muita chuva na trilha entre a Guarda do Embaú e a praia da Pinheira, litoral sul de Santa Catarina

Dia de muita chuva na trilha entre a Guarda do Embaú e a praia da Pinheira, litoral sul de Santa Catarina


Em dia de muita chuva, encontro com uma praia minúscula na trilha entre a Guarda do Embaú e a praia da Pinheira, litoral sul de Santa Catarina

Em dia de muita chuva, encontro com uma praia minúscula na trilha entre a Guarda do Embaú e a praia da Pinheira, litoral sul de Santa Catarina


No final dela, depois de um trecho de costão, a trilha se afasta do mar e chegamos um um lugar com o nome mágico de “Vale da Utopia”. É uma área protegida pelo Parque Estadual da Serra do Tabuleiro, livre da urbanização e desenvolvimento. Ainda bem, pois é lindo do jeito que está! Um colírio para os poucos olhos que tiveram a sorte de chegar até lá. No final do vale, já na costa novamente, uma praia diminuta, com poucas dezenas de metros. Uma visão pitoresca! É a Praia do Maço.

Selfie em dia de muita chuva na trilha entre a Guarda do Embaú e a praia da Pinheira, litoral sul de Santa Catarina

Selfie em dia de muita chuva na trilha entre a Guarda do Embaú e a praia da Pinheira, litoral sul de Santa Catarina


Em dia de muita chuva, mais uma praia na trilha entre a Guarda do Embaú e a praia da Pinheira, litoral sul de Santa Catarina

Em dia de muita chuva, mais uma praia na trilha entre a Guarda do Embaú e a praia da Pinheira, litoral sul de Santa Catarina


Agora, já estamos no final. É só subir e descer o morro novamente) o mais alto da trilha) para chegarmos à Praia de Cima e á Praia de Baixo, o início da Pinheira, A urbanização não vai te deixar dúvidas: voltamos à civilização. Daí, é possível voltar pela estrada que passa por trás do morro ou pela trilha mesmo, entre o morro e o mar. É claro que eu preferi a trilha novamente! Pena que estava tão difícil de fotografar, pois, mesmo com chuva, o visual estava maravilhoso. Aqui está um link para um post de alguém que fez a mesma trilha, mas no sentido inverso. O céu estava azul e as fotos são muito mais legais que as minhas!

No alto do morro da Guarda, admirado com a beleza da Guarda do Embaú, litoral sul de Santa Catarina

No alto do morro da Guarda, admirado com a beleza da Guarda do Embaú, litoral sul de Santa Catarina


No alto do morro da Guarda, admirado com a beleza da Guarda do Embaú, litoral sul de Santa Catarina

No alto do morro da Guarda, admirado com a beleza da Guarda do Embaú, litoral sul de Santa Catarina


A barra da lagoa na Guarda do Embaú, litoral sul de Santa Catarina

A barra da lagoa na Guarda do Embaú, litoral sul de Santa Catarina


Voltai para a Guarda e reencontrei a Ana, bem mais sequinha do que eu, que estava encharcado. Nada que um bom jantar com vinho não possa recuperar! Esse teria sido nosso dia de despedida da Guarda.

A Ana no alto do morro da Guarda, dia ensolarado na Guarda do Embaú, litoral sul de Santa Catarina

A Ana no alto do morro da Guarda, dia ensolarado na Guarda do Embaú, litoral sul de Santa Catarina


A Ana no alto do morro da Guarda, dia ensolarado na Guarda do Embaú, litoral sul de Santa Catarina

A Ana no alto do morro da Guarda, dia ensolarado na Guarda do Embaú, litoral sul de Santa Catarina


Praia da Pinheira vista do alto do morro da Guarda, na Guarda do Embaú, litoral sul de Santa Catarina

Praia da Pinheira vista do alto do morro da Guarda, na Guarda do Embaú, litoral sul de Santa Catarina


Teria! Mas não foi. O dia amanheceu absolutamente maravilhoso hoje. Nós entendemos o recado e esticamos nossa estadia. O dia começou bem cedo, a gente querendo aproveitar cada minuto, cada segundo. Ao invés de cruzarmos o rio, fomos até a base do Morro do Urubu, com começa uma trilha para chegar até o cume. Quinze minutos de sadia caminhada e chegamos até o mirante. Cenário absolutamente deslumbrante, vista para toda a Praia da Guarda, com o desenho perfeito do rio da Madre, das canoas e das casinhas na sua orla. Para o outro lado, a Praia da Pinheira, uma meia lua perfeita. Um pouco adiante, a Ilha de Santa Catarina, onde está Florianópolis, nosso próximo destino.

Praia da Pinheira vista do alto do morro da Guarda, na Guarda do Embaú, litoral sul de Santa Catarina

Praia da Pinheira vista do alto do morro da Guarda, na Guarda do Embaú, litoral sul de Santa Catarina


Dia ensolarado na praia da Guarda do Embaú, litoral sul de Santa Catarina

Dia ensolarado na praia da Guarda do Embaú, litoral sul de Santa Catarina


Ali ficamos uma meia hora, nos extasiando. Com aquela vista, não foi difícil mudarmos nossos planos. Viajaríamos no final do dia. Tomada a decisão, foi só descer o morro, avisarmos combinarmos na pousada que guardassem nossas coisas e nos permitissem um banho tardio, e voltarmos para o rio, para a praia e para o mar. Agora sim, tínhamos o cenário perfeito para muitas horas de standup paddle. Sinceramente, a Guarda do Embaú continua linda e especial como sempre!

1000dias na paradisíaca Guarda do Embaú, litoral sul de Santa Catarina

1000dias na paradisíaca Guarda do Embaú, litoral sul de Santa Catarina

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Diz aí se você gostou, diz!

Real de Catorce e os Pueblos Mágicos

México, Real de Catorce

Luz de fim de tarde em Real de Catorze, Pueblo Mágico ao norte do México

Luz de fim de tarde em Real de Catorze, Pueblo Mágico ao norte do México


No ano de 2001, o governo mexicano, através da secretaria de turismo e outros órgãos federais e estaduais, resolveu criar um programa de incentivo ao turismo para mostrar ao mundo que o país não era apenas praias bonitas e caribenhas, tendo muito mais a oferecer. A ideia era valorizar e enaltecer cidades e vilas que oferecessem ao visitante “uma experiência mágica, em razão de suas belezas naturais, riquezas culturais e relevância histórica”. O nome do programa não poderia ter sido melhor escolhido: “Pueblos Mágicos”. As cidades admitidas no programa teriam de seguir certas exigências de atendimento ao turista e, em contrapartida, teriam acesso à fundos especiais.

A linda região de Real de Catorce, pueblo mágico no norte do México

A linda região de Real de Catorce, pueblo mágico no norte do México


Chegando à Real de Catorce, pueblo mágico no norte do México

Chegando à Real de Catorce, pueblo mágico no norte do México


Na nossa passagem anterior pelo México, no ano passado, conhecemos algumas delas, sempre muito charmosas. Por exemplo, San Cristobal de Las Casas, em Chiapas e Tequila, em Jalisco. E agora, por indicação do Gera, estávamos indo para a primeira delas, admitida no programa ainda em 2001, Real de Catorze. O Gera é um amigo do meu irmão que mora aqui na Cidade do México. Brasileiro, casado com uma mexicana e amante das montanhas. Meu irmão nos colocou em contato para que subamos o Pico Orizaba juntos e, já há alguns dias que trocamos e-mails e mensagens tentando organizar isso, a nossa programação para subir uma montanha que requer uma aclimatação à altitude. Aos poucos, estamos acertando tudo e logo vou falar disso.

O incrível túnel na rocha que dá acesso à Real de Catorce, pueblo mágico no norte do México

O incrível túnel na rocha que dá acesso à Real de Catorce, pueblo mágico no norte do México


Mas não agora. O assunto é Real de Catorze. Além das montanhas, o Gera também tem viajado muito pelo país e nos disse que essa era uma ótima opção, bem no nosso caminho rumo ao sul. A gente foi ler um pouco sobre a cidade e gostamos! Assim, tratamos de inclui-la no roteiro.

Charmoso restaurante de pedra em em Real de Catorce, pueblo mágico no nordeste do México

Charmoso restaurante de pedra em em Real de Catorce, pueblo mágico no nordeste do México


Delicioso aperitivo feito com flores de cactus, em restaurante de Real de Catorce, pueblo mágico no nordeste do México

Delicioso aperitivo feito com flores de cactus, em restaurante de Real de Catorce, pueblo mágico no nordeste do México


Bem, se gostamos quando lemos sobre ela, era porque ainda não tínhamos conhecido pessoalmente. Depois de chegar e passar dois dias por aqui, aí a palavra certa a usar é “adoramos”! Ela é uma espécie de São Thomé das Letras, toda em pedra também, mas sem aquela pedreira horrorosa que está destruindo a cidade mineira e com uma história muito mais rica. Um charme só, perdida no meio das montanhas que se erguem em pleno deserto potosino.

Manhã de ceú azul em Real de Catorce, pueblo mágico no norte do México

Manhã de ceú azul em Real de Catorce, pueblo mágico no norte do México


A origem da cidade está na exploração de prata, ainda em tempos coloniais. A mão-de-obra era indígena, pobres escravos que trabalhavam até a morte dentro das minas, sem jamais ver a luz do sol. No início do século XIX a cidade era o segundo maior centro produtor de prata do mundo. A cidade cresceu, igrejas e prédios públicos foram sendo construídos, assim como grandes fazendas de mineração. Mas, aos poucos, os veios de prata foram se esgotando e a riqueza acabando. Boa parte da população se foi e a cidade localizada a mais de 2.700 metros de altitude quase se transformou em uma “cidade-fantasma”. Foi apenas o fervor religioso como centro de peregrinação que manteve Real de Catorce viva por muito tempo. Até que ela foi redescoberta para o turismo, na década de 70. Forasteiros foram chegando e montando pousadas e restaurantes charmosos, aproveitando-se e incentivando uma demanda que apenas crescia. Há poucos anos, a cidade estava “bombando”. Mas a crise de segurança no país afastou muitos turistas e hoje Real anda bem mais calma, apesar das boas pousadas e restaurantes continuarem por lá. Melhor para os turistas que continuam indo para Real. Quem aqui chega, como nós, tem a impressão de estar no lugar certo na hora certa.

Real de Catorce, pueblo mágico no norte do México

Real de Catorce, pueblo mágico no norte do México


Nós chegamos aqui no final da tarde do dia 18. Bastou começar a subir pela estrada de paralelepípedo as montanhas da região que eu já senti que iria gostar muito. O ar das montanhas sempre me faz bem. Além disso, a pureza do ar do deserto faz o horizonte ficar mais claro e distante. Iluminado pela luz de fim de tarde, é a combinação ideal. Depois de muito subir, percebi que a estrada acabaria depois da próxima curva, pelo menos no nosso GPS. E até lá, nada de cidade! “Que estranho!”, pensávamos, mas a resposta apareceu. A estrada desembocava em um túnel no meio da rocha. E não era um túnel qualquer, não! Era cavado a mão. Uma antiga mina. O túnel não é largo, mal cabia a Fiona. Cruzar com outro carro por ali seria impossível. Depois, descobrimos que só passa um carro por vez, duas pessoas por rádio, nas entradas do túnel controlando o tráfego. E precisa mesmo, pois são quase três quilômetros. A impressão que se tem é que chegaremos a um outro mundo.

Com o argentino Walter em frente ao nosso hotel em Real de Catorze, Pueblo Mágico ao norte do México

Com o argentino Walter em frente ao nosso hotel em Real de Catorze, Pueblo Mágico ao norte do México


E realmente chegamos! Em Real de Catorce! Mal saímos do túnel e já entramos em suas ruas estreitas de pedra, por entre antigas igrejas e construções charmosas. Além de estreitas, as ruas formam um labirinto. Mas o instinto acabou nos levando até a praça e, depois de três tentativas, achamos um hotel joia. O negócio era estacionar logo a Fiona e passar a andar só a pé, que é o que combina com a pequena cidade. Quer dizer, a pé por aqui, mas para os passeios pela região, o melhor são cavalos! No dia 19 fizemos uma cavalgada inesquecível, um dos nossos melhores dias nesses 1000dias, mas vou falar disso no próximo post.

Real de Catorce, pueblo mágico no norte do México

Real de Catorce, pueblo mágico no norte do México


Ainda no dia 18, tivemos um maravilhoso jantar em um dos restaurantes aconchegantes, com direito a um aperitivo saborosíssimo, feito de uma espécie de cactos que cresce por aqui. Enfim, depois desse jantar, da noite deliciosa no nosso hotel e da cavalgada inesquecível do dia 19, foi fácil mudar de planos e desistir de seguir viagem. Muito melhor seria passar mais um dia por aqui e foi o que fizemos. Afinal, o que quer que fosse que veríamos pela frente, não poderia ser mais legal que Real.

Real de Catorce, pueblo mágico no norte do México

Real de Catorce, pueblo mágico no norte do México


Uma das charmosas casas em Real de Catorce, pueblo mágico no norte do México

Uma das charmosas casas em Real de Catorce, pueblo mágico no norte do México


Bom, na verdade, ficou até melhor, por aqui. Isso porque, quando retornamos ao nosso hotel para dizer que ficaríamos mais uma noite, eles já tinham passado nosso quarto para frente. Em compensação, colocaram-nos em outro quarto melhor ainda, mas com o mesmo preço. Esse quarto foi tão legal, mas tão legal, que também vou fazer um post só para ele, hehehe. Depois do post da cavalgada...

Com o Walter, amgo argentino que fizemos em Real de Catorze, Pueblo Mágico ao norte do México

Com o Walter, amgo argentino que fizemos em Real de Catorze, Pueblo Mágico ao norte do México


Nós ficamos muito amigos do novo hóspede do nosso primeiro quarto, um argentino fotógrafo que mora no Canadá e que viajou para o Yucatan e Guatemala nas férias com a família e estava retornando para o norte, ele de carro enquanto a família seguiu de avião. Gente finíssima e interessantíssima, muitas conversas de viagem. Foi ótimo! Junto com o Walter (seu nome), ficamos amigos da dona do nosso hotel, que acabou por nos convidar para um jantar com amigos ali em frente. Todos forasteiros e artistas há muito radicados na cidade. O jantar e, principalmente as conversas nesse grupo, parecia que estávamos em algum filme do Almodovar. Foi sensacional!

Caminhando em Real de Catorce, pueblo mágico no norte do México

Caminhando em Real de Catorce, pueblo mágico no norte do México


Caminhando pelas ruas de pedra de Real de Catorce, pueblo mágico no norte do México

Caminhando pelas ruas de pedra de Real de Catorce, pueblo mágico no norte do México


Ainda tivemos tempo de caminhar pela cidade, conhecer outros restaurantes, ir à igrejas e praças, interagir com artesões que ali moram. Mas, o melhor de tudo era simplesmente estar ali, respirando aquele ar e vivendo aquela vida. A vontade era passar uma temporada por lá, uns dez dias talvez, entrar no clima e no ritmo. Mas temos compromissos à frente e tínhamos de seguir.

Interior da igreja matriz de Real de Catorze, Pueblo Mágico ao norte do México

Interior da igreja matriz de Real de Catorze, Pueblo Mágico ao norte do México


A rústica estrada que sai de Real de Catorze para o vale, ao norte do México

A rústica estrada que sai de Real de Catorze para o vale, ao norte do México


Fomos embora na metade do dia 20. O caminho de saída, para quem tem um carro grande e tracionado, pode ser descendo uma rústica estrada que segue por dentro de um canyon. Se o carro não for assim, tem de sair pelo túnel mesmo, mas aí a volta seria bem maior, para quem segue rumo ao sul. A gente, com a Fiona, claro que seguimos pelo canyon, mais uma bela paisagem desse Pueblo Mágico. Real de Catorce foi, sem dúvida, um de nossos pontos altos aqui no México. E olha que a concorrência é forte...

Fiona pronta para enfrentar a estrada 4x4 wue sai de Real de Catorze, Pueblo Mágico ao norte do México

Fiona pronta para enfrentar a estrada 4x4 wue sai de Real de Catorze, Pueblo Mágico ao norte do México

México, Real de Catorce, cidade, Pueblos Mágicos

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Witti Creek

Suriname, Paramaribo, Brownsberg

Com o Sven e a Karen no Witti Creek, na Reserva Natural de Brownsberg, no Suriname

Com o Sven e a Karen no Witti Creek, na Reserva Natural de Brownsberg, no Suriname


Hoje, o programa era fazer alguma caminhada no parque e voltar para Paramaribo no meio da tarde. Lá, tínhamos de atualizar nossas coisas na internet, preparar nossas mochilas para mais uma volta no Caribe e a Fiona para um mês de descanso no estacionamento do hotel. Nosso avião parte às 06:15, mas o ônibus que nos leva do hotel ao aeroporto sai às 02:45 da madrugada!

Atravessando a densa floresta da Reserva Natural de Brownsberg, no Suriname

Atravessando a densa floresta da Reserva Natural de Brownsberg, no Suriname


Para a caminhada de hoje, escolhemos a mais bela e também a mais longa delas, de acordo com o mapa e informações do parque. Desocupamos nossa enorme casa, recolocamos nossas roupas e botas ainda molhadas da chuva de ontem, empacotamos tudo na Fiona e iniciamos a trilha para Witti Creek. Junto conosco, o Sven e a karen, a belga que madrugou conversando com a Ana ontem.

Atravessando a densa floresta da Reserva Natural de Brownsberg, no Suriname

Atravessando a densa floresta da Reserva Natural de Brownsberg, no Suriname


O caminho é realmente mais longo, mas a descida é muito mais suave do que ontem. A trilha é menos batida e erodida que a trilha para as cachoeiras, já que é bem menos frequentada. Isso a torna mais "natural", de alguma maneira parece que estamos mais integrados à natureza. Árvores gigantescas e muito verde nos rodeiam todo o tempo, assim como os sons de sapos, insetos, pássaros e macacos. A descida dura um pouco mais de uma hora, eu e o Sven à frente, trocando algumas impressões enquanto a Ana e a Karen conversam o tempo todo lá atrás. O Sven se impressiona com a quantidade de assunto, já que a conversa já tinha ido até às três da manhã da noite anterior. Rimos juntos.

Delicioso banho no Witti Creek, na Reserva Natural de Brownsberg, no Suriname

Delicioso banho no Witti Creek, na Reserva Natural de Brownsberg, no Suriname


O Witti Creek é um riacho de águas verdes que cruza a floresta lá embaixo. A trilha termina bem em um ponto onde há uma pequena queda d'água e uma piscina formada pelo riacho. Ao contrário de ontem, quando só podíamos tomar uma ducha nas cachoeiras, hoje foi possível mergulhar. Uma delícia!

Com o Sven e a Karen no Witti Creek, na Reserva Natural de Brownsberg, no Suriname

Com o Sven e a Karen no Witti Creek, na Reserva Natural de Brownsberg, no Suriname


Mas não pudemos ficar muito tempo. Quer dizer, eu, a Ana e a Karen, que iria voltar de carona conosco. O Sven ficou mais um tempo por lá enquanto nós iniciamos o caminho de volta. Como ontem, fomos atingidos pela chuva, mas dessa vez a mata densa conseguiu nos proteger da água que vinha do céu. Eu vinha na frente e, de tempos em tempos esperava as meninas ao lado de uma enorme árvore. Realmente, estamos numa floresta amazônica!

Admirando a 'arvorezinha', na trilha do Riacho Witti, na Reserva Natural de Brownsberg, no Suriname

Admirando a "arvorezinha", na trilha do Riacho Witti, na Reserva Natural de Brownsberg, no Suriname


Ainda pudemos tomar uma chuveirada lá no acampamento e voltamos para Paramaribo. Agora, aproveitando o asfalto de de qualidade, finalmente as meninas desistiram um pouco da conversa e dormiram um pouco. O sono e o esforço da caminhada fizeram seu efeito.

Delicioso banho no Witti Creek, na Reserva Natural de Brownsberg, no Suriname

Delicioso banho no Witti Creek, na Reserva Natural de Brownsberg, no Suriname


Deixamos a Karen em sua guesthouse em Paramaribo e voltamos ao nosso hotel, já perto das seis da tarde. Aí, descarregamos a Fiona, rearrumamos nossas mochilas, deixamos as roupas molhadas e fedidas para lavar no hotel, lanchamos e trabalhamos um pouco. Quando finalmente desligamos nossos computadores e fechamos nossas mochilas, ainda muitos posts por fazer, já era meia noite. Mergulhamos na cama para um cochilo de duas horas...

Suriname, Paramaribo, Brownsberg,

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Aqui Começou a América Latina

República Dominicana, Santo Domingo

A charmosa arquitetura da Zona Colonial, centro histórico de Santo Domingo, capital da República Dominicana

A charmosa arquitetura da Zona Colonial, centro histórico de Santo Domingo, capital da República Dominicana


Até hoje não se sabe ao certo à qual terra se referiam quando foi ouvido o grito de “Terra à vista!!!” na nau de Colombo, no ano de 1492. Uma das pequenas ilhas do leste do Caribe. Dias mais tarde, os espanhóis chegaram a uma ilha maior, a atual Hispaniola, no que é hoje a costa norte do Haiti. Aí fundaram o povoado de La Navidad, que não vingou. No ano seguinte Colombo estava de volta e tentou novamente, agora um pouco mais à leste, já no território atual da República Dominicana. La Isabela também não vingou. Em 1496 os espanhóis tentaram uma terceira vez, dessa vez na costa sul da ilha, ao lado do rio Ozama. Era a cidade de Nueva Isabela, destruída pouco tempo depois por um furacão. Os espanhóis simplesmente mudaram a cidade para o outro lado do rio e chamaram-na Santo Domingo. Agora sim, a mais antiga cidade europeia nas Américas, futura capital da República Dominicana e onde chegamos ontem, vindos do Panamá, 517 anos após sua fundação.

Fortaleza Ozama, responsável pela defesa de Santo Domingo, capital da República Dominicana

Fortaleza Ozama, responsável pela defesa de Santo Domingo, capital da República Dominicana


Santo Domingo foi a primeira capital da américa espanhola. Daqui partiram as expedições para conquista e colonização de Cuba, Porto Rico, México e até para se descobrir o Oceano Pacífico, do outro lado do istmo do Panamá. Também na cidade se encontram o primeiro hospital, a primeira igreja, a primeira fortaleza e a primeira rua pavimentada do Novo Mundo. Basicamente, a América na forma que conhecemos hoje começou aqui!

Fortaleza Ozama, responsável pela defesa de Santo Domingo, capital da República Dominicana

Fortaleza Ozama, responsável pela defesa de Santo Domingo, capital da República Dominicana


Quem chegou a morar na cidade por algum tempo, enquanto ainda era vivo e também depois de morto há quase 500 anos, foi Cristóvão Colombo. Aliás, o primeiro “nepotismo” das américas também se deu por aqui, pois o papai Cristóvão tratou de empregar seu filho e família. A casa dos Colombos é um dos prédios mais belos para ser visitado na cidade, hoje transformado em museu.

Grupo de estudantes prepara-se para visitar a mais antiga catedral das Américas, em Santo Domingo, capital da República Dominicana

Grupo de estudantes prepara-se para visitar a mais antiga catedral das Américas, em Santo Domingo, capital da República Dominicana


Outra visita importante são as diversas igrejas da cidade, principalmente a Catedral Primada da América, a primeira desse lado do mundo. Construída ao longo de gerações por diversos arquitetos, ela é como um quebra-cabeça arquitetônico, cada parte representando uma época. Assim como a casa dos Colombos e a primeira fortaleza do continente, estão todas na área conhecida como Zona Colonial. Como o próprio nome nos faz intuir, é a parte mais antiga da cidade e aí estão localizados numerosos hotéis. Foi onde escolhemos ficar e toda a área pode ser conhecida a pé mesmo. Cheio de ruas charmosas, outras já bem acabadinhas, numa espécie de “décadence avec élégance”. Muito me lembrou do centro de Havana. Qualquer semelhança não é pura coincidência, já que ambas tem idades parecidas e construtores que vieram da mesma escola...

Catedral Primada de America, a primeira do novo continente, em Santo Domingo, capital da República Dominicana

Catedral Primada de America, a primeira do novo continente, em Santo Domingo, capital da República Dominicana


Aliás, após o inicio glorioso, o centro do poder colonial espanhol foi se deslocando para o oeste, primeiro para Havana e depois para o México. A ilha onde chegou Colombo virou uma colônia de 2ª linha e os colonizadores que insistiram em ficar por aqui lutavam para sobreviver, não estando muito melhores do que os próprios negros trazidos como escravos. Essa menor diferença social facilitou a miscigenação das raças, mais do que em qualquer outro lugar da América espanhola.

Interior da Catedral Primada de America, a mais antiga do continente, em Santo Domingo, capital da República Dominicana

Interior da Catedral Primada de America, a mais antiga do continente, em Santo Domingo, capital da República Dominicana


Interior da Catedral Primada de America, a mais antiga do continente, em Santo Domingo, capital da República Dominicana

Interior da Catedral Primada de America, a mais antiga do continente, em Santo Domingo, capital da República Dominicana


A independência foi um processo complicado. Assim que se livraram dos espanhóis, em 1821, foram ocupados pelos vizinhos haitianos, de quem só se livraram 23 anos mais tarde. A chamada “Primeira República” durou apenas 17 anos, entre 1844 e 1861 e teve um número semelhante de golpes ou tentativas de golpes de estado. Sina latino-americana. A república terminou com uma inédita volta aos tempos coloniais, a Espanha reassumindo o controle de sua antiga possessão. Isso só foi possível porque a nossa potência continental, os Estados Unidos, já se encontravam em Guerra Civil, a famosa doutrina Monroe (“América para americanos!”) esquecida temporariamente. Aliás, foi nessa mesma época que a França interviu no México, todos se aproveitando da fraqueza “estadounidense”.

Iglesia de las Mercedes, em Santo Domingo, capital da República Dominicana

Iglesia de las Mercedes, em Santo Domingo, capital da República Dominicana


Isso não durou para sempre. O norte venceu o sul, os escravos ganharam sua liberdade, espanhóis deixaram a República Dominicana e franceses deixaram o México. Os americanos passaram a procurar um lugar para onde enviar seus antigos escravos. Entre as opções, o nosso Brasil, a Libéria, na África, e a República Dominicana. Por um bom tempo discutiu-se seriamente a anexação do jovem e conturbado país pelos Estados Unidos, mas o senado americano acabou rejeitando a ideia.

Rua da Zona Colonial, centro histórico de Santo Domingo, capital da República Dominicana

Rua da Zona Colonial, centro histórico de Santo Domingo, capital da República Dominicana


Nova sequência interminável de golpes de estado e governos corruptos e ineficientes levaram o país à bancarrota, os maiores credores países europeus furiosos com o calote. Eles estavam a ponto de invadir o país para forçar o pagamento das dívidas, no início do século XX quando os Estados Unidos (agora sim, exercendo a doutrina Monroe), assumiram esses débitos e transformaram o país em um protetorado, tratando de recuperar seu “investimento”. Quando as coisas se complicaram novamente, os marines ocuparam a República Dominicana, já em plena 1ª Guerra Mundial. Nos oito anos que lá estiveram, os americanos tentaram mudar o país, desmantelando as diversas milícias que existiam e criando uma polícia nacional. Também construíram estradas e expandiram o sistema de educação, mas foi mesmo a criação da polícia nacional a mudança que traria as consequências mais profundas.

Uma convidativa mesa em jardim de Santo Domingo, capital da República Dominicana

Uma convidativa mesa em jardim de Santo Domingo, capital da República Dominicana


Isso porque, pouco depois de se retirarem do país, foi exatamente das forças polícias que apareceu Rafael Trujillo, o ditador que comandaria a ilha com mãos de ferro por quase 40 anos. Se, por um lado, a estabilidade política trouxe certo desenvolvimento à Rep. Dominicana, por outro, foram dezenas de milhares de pessoas que morreram nas mãos de soldados comandados por um homem que , entre outras coisas, mudou o nome de avenidas, escolas, montanhas e até da capital para o seu próprio nome, numa escancarada forma de auto-promoção. Pois é, Santo Domingo passou a chamar-se Ciudad Trujillo, assim como o Pico Duarte (herói da independência contra os haitianos), o mais alto do Caribe, tornou-se o Pico Trujillo.

A charmosa arquitetura da Zona Colonial, centro histórico de Santo Domingo, capital da República Dominicana

A charmosa arquitetura da Zona Colonial, centro histórico de Santo Domingo, capital da República Dominicana


O ditador foi finalmente assassinado em uma ação cinematográfica, em 1961. A instabilidade que se seguiu resultou em nova ocupação americana, em 1965. Um ano mais tarde, os marines foram substituídos por tropas da OEA (a Organização dos Estados Americanos) e o maior contingente era brasileiro, com mais de 1000 soldados! Desde então, aos poucos, o país foi se estabilizando e democratizando-se. Na verdade, até a década de 90, as eleições eram sempre manchadas por fraudes ou violência mas, ao menos nominalmente, o país vivia numa democracia. Nos últimos 20 anos, aparentemente, a constituição e as leis têm sido respeitadas. Na economia, com um massivo investimento em turismo, o país passou a ser a maior potência caribenha, atraindo dezenas de milhares de pessoas do mundo inteiro todos os anos, muitos brasileiros entre eles.

Carruagem nas ruas da Zona Colonial, em Santo Domingo, capital da República Dominicana

Carruagem nas ruas da Zona Colonial, em Santo Domingo, capital da República Dominicana


Esses dois dias na capital Santo Domingo começaram a nos dar uma ideia desse país. Mas antes de continuarmos nossas explorações por aqui, vamos para o vizinho com uma história ainda mais turbulenta e penosa, o Haiti. Compramos nossas passagens de ônibus e seguimos para lá amanhã cedo, numa viagem que promete demorar perto de 8 horas, algumas delas passadas na fronteira. Os dominicanos com quem conversamos não entendem o que vamos fazer por lá. Recomendam muito cuidado. Bom, nossa curiosidade e vontade de conhecer o Haiti é muito maior do que qualquer temor. A experiência, vocês acompanham depois do próximo post, pois ainda tenho de falar de um mergulho muito especial que fizemos aqui mesmo, na periferia de Santo Domingo.

Marcação de rua na Zona Colonial, bairro histórico de Santo Domingo, capital da República Dominicana

Marcação de rua na Zona Colonial, bairro histórico de Santo Domingo, capital da República Dominicana

República Dominicana, Santo Domingo, história

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Um Longa Tarde em Punta Arenas

Chile, Punta Arenas

Degustando uma boa cerveja em café de Punta Arenas, no sul do Chile

Degustando uma boa cerveja em café de Punta Arenas, no sul do Chile


Ontem de noite chegamos à maior cidade do sul do planeta, Punta Arenas. Com 130 mil habitantes e localizada aos 53 graus de latitude sul, não há nada similar nessa altura meridional do planeta. Nem África nem Austrália (com exceção da Tasmânia) sequer alcançam os 40 graus de latitude sul e o extremo meridional da Nova Zelândia está bem longe da marca dos 50 graus. Curiosamente, no lado norte do planeta, a situação é bem diferente e grandes metrópoles como Londres, Berlin e Moscou estão localizadas em latitudes semelhantes e mesmo superiores.

Dirigindo no centro de Punta Arenas, no sul do Chile

Dirigindo no centro de Punta Arenas, no sul do Chile


Mas aqui no sul, Punta Arenas reina absoluta. A cidade foi fundada em 1848 como uma colônia penal chilena. Após o insucesso na tentativa de desenvolver Fuerte Bulnes, 60 kms ao sul de Punta Arenas, os chilenos tentaram novamente em uma área que era então conhecida como Sandy Point, nome dado pelo explorador inglês John Byron no século anterior. De “Sandy Point” para “Punta Arenas”, foi um pulo. A fundação da cidade mais austral do mundo naquela época era um esforço chileno de garantir sua soberania sobre o estratégico Estreito de Magalhães, então cobiçado por Argentina e também pelas potências europeias.

Arquitetura clássica em Punta Arenas, no sul do Chile

Arquitetura clássica em Punta Arenas, no sul do Chile


O primeiro impulso para o desenvolvimento da nova cidade veio de longe. Eram os anos da corrida do ouro na Califórnia e dezenas de milhares de americanos da costa leste queriam chegar ao novo eldorado. O problema é que, naquela época, o oeste americano ainda era ocupado por indígenas hostis e muitos preferiam chegar à Califórnia pelo caminho mais longo (e seguro!), de barco. Ainda não havia o canal do Panamá e muitos barcos vinham dar a volta aqui, no extremos sul do continente. Punta Arenas, estrategicamente colocada bem na viradinha da América, logo se tornou um importante porto de parada e reabastecimento.

A bela arquitetura ao redor da Plaza Muñoz Gamero, no centro de Punta Arenas, no sul do Chile

A bela arquitetura ao redor da Plaza Muñoz Gamero, no centro de Punta Arenas, no sul do Chile


Plaza Muñoz Gamero, no centro de Punta Arenas, no sul do Chile

Plaza Muñoz Gamero, no centro de Punta Arenas, no sul do Chile


O segundo e mais importante impulso veio da criação de ovelhas. Em 1876 alguém teve a brilhante ideia de importar 300 ovelhas das Ilhas Malvinas para a Terra do Fogo. A região se mostrou um verdadeiro paraíso para esses simpáticos animais e a produção de lã no sul da patagônia conquistou os mercados mundiais. Enormes fortunas foram feitas e estâncias gigantescas com dezenas de milhares de animais se espalharam pelo sul do continente. Essas enormes propriedades estavam dos dois lados da fronteira (Chile e Argentina), mas os barões que as controlavam moravam em Punta Arenas. Cheia de dinheiro, a cidade foi tomada de enormes prédios públicos, palacetes e suntuosas mansões. São essas construções em estilo clássico que caracterizam o charmoso centro da Punta Arenas atual, mesmo um século após o início do declínio desse ciclo econômico.

Fernão de Magalhães, na Plaza Muñoz Gamero, centro de Punta Arenas, no sul do Chile

Fernão de Magalhães, na Plaza Muñoz Gamero, centro de Punta Arenas, no sul do Chile


Por fim, também foi importante, econômica e socialmente, a corrida do ouro do final do século XIX, dessa vez não tão longe como na Califórnia, mas aqui ao lado, na Terra do Fogo. Não havia tanto ouro assim, mas a região se encheu de imigrantes e muitos deles acabaram ficando, mesmo com o fim do metal precioso. Uma boa parte desses novos moradores eram croatas da Dalmácia. Ainda hoje, formam uma importante comunidade étnica na cidade, com muita influência nos costumes, como comida e cultura geral.

Arquitetura clássica em Punta Arenas, no sul do Chile

Arquitetura clássica em Punta Arenas, no sul do Chile


Placas espalhadas pelo centro contam eventos históricos ocorridos em Punta Arenas, no sul do Chile

Placas espalhadas pelo centro contam eventos históricos ocorridos em Punta Arenas, no sul do Chile


Assim, eis que o pequeno povoamento que havia nascido como colônia penal havia se transformado em uma promissora e rica metrópole 50 anos mais tarde, na virada do séc. XIX para o XX. Bem na época em que se dava a última grande era exploratória da humanidade, a conquista da Antártida. Todos os grandes exploradores daquela época, gente como Amundsen e Shackleton, eram frequentadores assíduos dessa cidade, pois ela funcionava como importante base de lançamento de expedições para o continente gelado. Caminhando hoje pelas ruas centrais da cidade, é muito comum encontrar placas azuis informativas contando sobre eventos que se passaram em determinado prédio. Hotéis, bancos, restaurantes e bares frequentados por esses gigantes naquela ocasião ainda estão de pé e nos fazem viajar no tempo até uma época gloriosa e romântica de aventuras e descobrimentos, uma Punta Arenas que ainda parece viva, mesmo um século mais tarde.

Adesivo de movimento separatista em Punta Arenas, no sul do Chile

Adesivo de movimento separatista em Punta Arenas, no sul do Chile


A Ana fica amiga de outros hóspedes do nosso hotel em Punta Arenas, no sul do Chile

A Ana fica amiga de outros hóspedes do nosso hotel em Punta Arenas, no sul do Chile


Para nossa surpresa, não foi fácil encontrar vaga nos hostels da cidade, ontem de noite. Aparentemente, há movimento todo o ano, mas agora no verão é ainda mais complicado. Por fim, encontramos um lugar joia, um pouco mais afastado do centro. Hoje cedo, exploramos a rota para o extremo sul do continente (post anterior) e foi só de tarde que passamos a explorar a própria cidade. Como a luz do sol vai até tarde por aqui nessa época do ano, ainda tivemos bastante tempo para nossas caminhadas, com direito a café e restaurante.

Balcão de um café no centro de Punta Arenas, no sul do Chile

Balcão de um café no centro de Punta Arenas, no sul do Chile


Detalhes da decoração de charmoso café no centro de Punta Arenas, no sul do Chile

Detalhes da decoração de charmoso café no centro de Punta Arenas, no sul do Chile


A maioria dos prédios mais vistosos se localiza ao redor e nas proximidades da praça Muñoz Gamero. A estátua no meio dela é de Fernão de Magalhães, mas o nome homenageia um dos primeiros comandantes da colônia penal, trucidado em um motim em 1851. O tamanho e opulência das mansões ao redor da praça dão uma boa ideia da força da exportação de lã no final do séc. XIX.

Detalhes da decoração de charmoso café no centro de Punta Arenas, no sul do Chile

Detalhes da decoração de charmoso café no centro de Punta Arenas, no sul do Chile


Degustando uma boa cerveja em café de Punta Arenas, no sul do Chile

Degustando uma boa cerveja em café de Punta Arenas, no sul do Chile


Nós encontramos um charmosíssimo café nas ruas centrais e aí ficamos, experimentando cervejas e quitutes. Estávamos com saudades de um pouco de urbanidade depois de tantos dias no mato ou em cidades pequenas. Passamos por Bariloche ou El Calafate no último mês, mas nem de longe elas possuem esse ar cosmopolita que sentimos aqui em Punta Arenas. Nossa última cidade grande de verdade havia sido Buenos Aires, dois meses atrás, antes de embarcarmos para a Antártida. Agora, queríamos sentir o prazer de andar em uma calçada ao lado de uma avenida larga e movimentada ladeada por prédios clássicos e entremeada de cafés, restaurantes e boulangeries.

Suco natural e cerveja em café de Punta Arenas, no sul do Chile

Suco natural e cerveja em café de Punta Arenas, no sul do Chile


Deliciosa cerveja em café de Punta Arenas, no sul do Chile

Deliciosa cerveja em café de Punta Arenas, no sul do Chile


Depois do café e de mais uma caminhada a esmo por toda essa história que nos cercava, voltamos ao nosso hotel. Mas foi só para tomar banho e sairmos novamente, agora em busca de um bom restaurante. Sinceramente, olhando para frente em nosso roteiro, não sei quando encontraremos novamente uma cidade em que vamos precisar de carro para sair de noite (Montevidéu, talvez...), então, tínhamos mesmo de aproveitar. E o restaurante que encontramos, o La Marmita, fez jus a todas nossas expectativas. O engraçado foi chegar lá as 10 da noite com o dia ainda claro...

Chegando a restaurante em Punta Arenas, no sul do Chile

Chegando a restaurante em Punta Arenas, no sul do Chile


O delicioso restaurante La Marmita, em Punta Arenas, no sul do Chile

O delicioso restaurante La Marmita, em Punta Arenas, no sul do Chile


Além do excelente vinho chileno (claro!), a entrada foi de dar água na boca: lasanha de berinjela e abobrinha com camarão! Para não deixar cair o nível, pedimos um prato principal cada um, devidamente trocados e compartidos: Salmão com camarão e cordeiro com luche (um tipo de alga). Um verdadeiro banquete para comemorar nosso último jantar no continente. Amanhã, partimos para a Terra do Fogo, a maior ilha da América do Sul e uma das três únicas da América a serem compartidas entre duas nações: Chile e Argentina.

Isso é só a entrada do nosso 'banquete' no restaurante La Marmita, em Punta Arenas, no sul do Chile

Isso é só a entrada do nosso "banquete" no restaurante La Marmita, em Punta Arenas, no sul do Chile

Chile, Punta Arenas, Arquitetura, cidade, história, Patagônia

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Cidades-fantasma e as Pobres Baleias

Geórgia Do Sul, Stromness, Grytviken

Praia repleta de lobos-marinho em Stromness, na Geórgia do Sul

Praia repleta de lobos-marinho em Stromness, na Geórgia do Sul


Nossa caminhada de hoje terminou em um estranho lugar chamado Stromness, exatamente onde Shackleton finalmente conseguiu abrigo e ajuda para seus amigos deixados para trás há quase 100 anos. O cenário que ele encontrou naquele tempo, uma estação baleeira a pleno vapor com mais de 100 pessoas morando no local difere bastante do que vimos, prédios decrépitos e caindo aos pedaços frequentado apenas por pinguins, lobos e elefantes-marinho. Qual, afinal, é a história desse e de outros lugares parecidos espalhados pela costa norte da Geórgia do Sul?

A antiga estação baleeira de Stromness, na Geórgia do Sul

A antiga estação baleeira de Stromness, na Geórgia do Sul


Elefante-marinho descansa em Grytviken, na Geórgia do Sul

Elefante-marinho descansa em Grytviken, na Geórgia do Sul


Um desses lugares é Grytviken, para onde seguimos na tarde de hoje. As mesmas ruínas, mas pelo menos limpas de detritos e destroços mais perigosos para que turistas possam se aproximar e ver de perto como funcionavam essas verdadeiras máquinas de matar e processar baleias. Grytviken foi o primeiro, o maior e o último a deixar de funcionar entre todos os postos baleeiros da Geórgia do Sul, que tiveram seu auge na década de 20 e fecharam definitivamente as portas no início dos anos 60. Sua história resume bem o que passou com as outras estações baleeiras.

Um antigo barco da estação baleeira de Grytviken, na Geórgia do Sul

Um antigo barco da estação baleeira de Grytviken, na Geórgia do Sul


Pontas explosivas de arpão para matar baleias expostas no museu de Grytviken, na Geórgia do Sul

Pontas explosivas de arpão para matar baleias expostas no museu de Grytviken, na Geórgia do Sul


No final do séc. XIX o óleo de baleia era cada vez mais utilizado, desde na fabricação de cosméticos como sabonetes e loções até para a iluminação pública, passando pela produção de explosivos de nitroglicerina. Com a demanda cada vez maior, cresceu também a pesca comercial desse grande cetáceo, sendo desenvolvidas técnicas cada vez mais precisas e armamentos ainda mais mortíferos para abater as baleias. Pontas de arpão aliaram-se a granadas e cada vez menos os animais tinham chance de escapar depois de serem atingidos. Esse desenvolvimento tecnológico deu-se principalmente na Noruega, aonde baleias já vinham sendo caçadas há séculos, mas jamais nessa escala. Não demorou muito para que esses animais praticamente sumissem dos mares do norte.

As ruínas da antiga estação baleeira de Stromness, na Geórgia do Sul

As ruínas da antiga estação baleeira de Stromness, na Geórgia do Sul


Busto do Capitão Larsen, fundador de Grytviken, na Geórgia do Sul

Busto do Capitão Larsen, fundador de Grytviken, na Geórgia do Sul


As baleias podem ter sumido de lá, mas a demanda por seus subprodutos só aumentava, assim como o preço pago por eles. Eis que, então, o norueguês Carl Larsen, ao participar de uma expedição cientifica nórdica aos mares do sul, percebeu que havia muitas baleias por aqui. Voltou para casa e não descansou enquanto não arrumasse financiamento para instalar na Geórgia do Sul a primeira estação baleeira nessa parte do mundo. Deu trabalho, mas ele conseguiu. O ano era 1904 e a nova instalação foi batizada de Grytviken.

Ruínas da antiga estação baleeira de Grytviken, na Geórgia do Sul

Ruínas da antiga estação baleeira de Grytviken, na Geórgia do Sul


Um antigo baleeiro encalhado em Grytviken, na Geórgia do Sul

Um antigo baleeiro encalhado em Grytviken, na Geórgia do Sul


Os primeiros anos de operação foram absolutamente “fantásticos”. Para os investidores, claro! O retorno chegava a ser de 35% ao ano! É claro que uma bonança dessa logo atraiu a concorrência e, em poucos anos, já eram outras cinco estações operando na ilha. No início, nem precisavam ir longe para achar as baleias que eram abundantes ao redor da ilha. A preferida era a “right whale”, a nossa “franca”. O “right” quer dizer “certa”. “Certa” porque ela era lenta e nadava sempre próxima à superfície, sendo muito fácil de ser arpoada. Naquela época, baleias mais rápidas ainda conseguiam fugir de seus caçadores. Mas a tecnologia trabalhava a favor dos homens e logo a propulsão dos barcos baleeiros melhorou e possibilitou que todos os tipos de baleia fossem caçadas.

Fotos da antiga estação baleeira de Grytviken ainda em funcionamento, na década de 50, na Geórgia do Sul

Fotos da antiga estação baleeira de Grytviken ainda em funcionamento, na década de 50, na Geórgia do Sul


Diagrama em japonês sobre como aproveitar uma carcaça de baleia, exposta no museu de Grytviken, na Geórgia do Sul

Diagrama em japonês sobre como aproveitar uma carcaça de baleia, exposta no museu de Grytviken, na Geórgia do Sul


A técnica era, desculpe-me a expressão, “desumana”. Uma baleia era arpoada com aquele arpão-granada que a deixava fora de ação, mas ainda viva. Os baleeiros, então, injetavam ar na baleia, para que ela não afundasse. Depois, colocavam uma bandeira e um beep sobre seu corpo e iam caçar mais baleias. Depois de matar quantas pudessem carregar, recolhiam suas cargas pelo mar e as guinchavam para a estação na Geórgia do Sul. Aí eram levantadas por guindastes para terra firme onde finalmente morriam. Eram cortadas, fatiadas, e aproveitadas ao máximo, a gordura, a carne e até os ossos. Muitos dos baleeiros se compadeciam do seu sofrimento, especialmente um espécie que parecia chorar quando era arpoada. Mas o dinheiro falava mais alto. Um bom dinheiro.

As ruínas da antiga estação baleeira de Stromness, na Geórgia do Sul

As ruínas da antiga estação baleeira de Stromness, na Geórgia do Sul


Chegando a Stromness, antiga estação baleeira na Geórgia do Sul

Chegando a Stromness, antiga estação baleeira na Geórgia do Sul


A matança só aumentava, ainda mais quando mais companhias entraram no negócio, operando diretamente em alto-mar e usando as instalações da Geórgia do Sul apenas para estocar. Baleias com mais de 30 metros de comprimento foram mortas e “industrializadas” em Grytviken. No seu primeiro ano de operação, foram 183 baleias mortas. Em 1931, foram 40.201 mortas em toda a região. As próprias empresas perceberam o exagero, notaram que estavam matando a sua galinha dos ovos de ouro. Resolveram, voluntariamente, impor-se cotas. Mas elas vieram tarde demais. As baleias estavam praticamente extintas nos mares do sul.

Um altivo lobo-marinho na praia de Stromness, na Geórgia do Sul

Um altivo lobo-marinho na praia de Stromness, na Geórgia do Sul


Na praia da antiga estação baleeira de Stromness, na Geórgia do Sul

Na praia da antiga estação baleeira de Stromness, na Geórgia do Sul


Para piorar sua situação, essa superprodução havia baixado bastante os preços dos derivados de baleia. Por mais eficiente que fosse a exploração, o custo de encontrar as poucas baleias existentes elevava o preço final. Produtos semelhantes apareciam para disputar com os derivados de baleia. As empresas começaram a fechar suas operações. Grytviken foi a que mais resistiu. Tinha gordura para queimar. Gordura nos dois sentidos. Gordura monetária acumulada nos anos de bonança e gordura de lobos e elefantes marinhos, que ela também começou a operar. Mesmo assim, as coisas não iam bem.

Ruínas da antiga estação baleeira de Grytviken, na Geórgia do Sul

Ruínas da antiga estação baleeira de Grytviken, na Geórgia do Sul


Lobo-marinho não parece se importar com a placa na antiga estação baleeira de Stromness, na Geórgia do Sul

Lobo-marinho não parece se importar com a placa na antiga estação baleeira de Stromness, na Geórgia do Sul


O fundador, Larsen, não chegou a ver esses anos negros. Morreu a bordo de um navio, ainda na década de 20, procurando por baleias em novas regiões do oceano. Grytviken resistiu até o início dos anos 60, quando foi comprada por japoneses. Por dois anos, tentaram fazer com que ela ainda desse dinheiro. Mas no fim, perceberam que o futuro estava mesmo nos navios-fábrica, que matam e já processam a baleia ali mesmo. Produtividade ao máximo. Finalmente, Grytviken foi abandonada. Um lugar onde já moraram 500 homens, muitos acompanhados de suas famílias, agora era deixado para trás. O mesmo destino das outras estações.

Ruínas da antiga estação baleeira de Stromness, na Geórgia do Sul

Ruínas da antiga estação baleeira de Stromness, na Geórgia do Sul


Deixando a antiga estação baleeira de Stromness, na Geórgia do Sul

Deixando a antiga estação baleeira de Stromness, na Geórgia do Sul


Meio século se passou desde então. Cinquenta anos para que o tempo e o mau tempo agissem sobre aquelas construções de metal. Vento, frio, chuva, neve e maresia, todos unidos para devolver à natureza aquilo que um dia foi dela. Se ela já fez isso nesse meio século, imagina só daqui a 500 anos. Ou 5 mil. Isso não é nada, é apenas um piscar de olhos no tempo das coisas. Enfim, só podemos ver como está agora. E imaginar como vai estar depois...

Chegando a Stromness, antiga estação baleeira na Geórgia do Sul

Chegando a Stromness, antiga estação baleeira na Geórgia do Sul


A boca aberta do elefante-marinho é mais efetiva do que a placa em Stromness, na Geórgia do Sul

A boca aberta do elefante-marinho é mais efetiva do que a placa em Stromness, na Geórgia do Sul


E agora, bem, como eu já disse, parece uma cidade fantasma. Inacessível para nós, humanos. Os perigos lá dentro são tão grandes que as autoridades proibiram a entrada. Para nós, humanos. Hoje, quando chegamos a Stromness, uma névoa cobria o local, emprestando-lhe um aspecto ainda mais tétrico. Gosto de imaginar o lugar quando Shackleton lá chegou. Mas não imagino a fábrica de processamento de baleias. Apenas a casinha do administrador, lareira acesa, café na mesa e ele com a cara mais incrédula e estupefata do mundo ao ver aqueles 3 homens barbudos à sua porta, vindos sabe lá de onde. O resto, a tal fábrica, prefiro vê-la como está hoje, caindo aos pedaços.

Pinguins não parecem se incomodar com o barco encalhado na praia de Grytviken, na Geórgia do Sul

Pinguins não parecem se incomodar com o barco encalhado na praia de Grytviken, na Geórgia do Sul


Elefantes e lobos-marinho ocupam as ruínas de Stromness, antiga estação baleeira na Geórgia do Sul

Elefantes e lobos-marinho ocupam as ruínas de Stromness, antiga estação baleeira na Geórgia do Sul


Mas o lugar não está deserto. Muito pelo contrário. Pinguins, elefantes e lobos marinhos circulam por lá à vontade. Fosse há um punhado de décadas atrás, também eles seriam “processados”. Mas hoje, aquele território lhes pertence. De direito!

Ruínas da antiga estação baleeira de Grytviken, na Geórgia do Sul

Ruínas da antiga estação baleeira de Grytviken, na Geórgia do Sul


Placas informativas espalhadas pela antiga estação baleeira de Grytviken, na Geórgia do Sul

Placas informativas espalhadas pela antiga estação baleeira de Grytviken, na Geórgia do Sul


Grytviken só não está igual porque foi feito um grande esforço para fazê-la segura aos turistas. Aqui podemos transitar mais perto das antigas instalações. Painéis informativos espalhados pelo local explicam cada passo do processamento das baleias. Ao mesmo tempo, entre um prédio e outro, ou então na praia, ossos de antigas baleias continuam espalhados por lá. Nas primeiras décadas de funcionamento, apenas a gordura dos animais era processada e o resto, a carcaça, era deixada ali mesmo, para a natureza. Os ossos, mais resistentes ao tempo, continuam ali para nos lembrar do que aconteceu naquele lugar.

Ossos de baleia ainda são comuns em Grytviken, na Geórgia do Sul

Ossos de baleia ainda são comuns em Grytviken, na Geórgia do Sul


Elefantes-marinho descansam em Grytviken, na Geórgia do Sul

Elefantes-marinho descansam em Grytviken, na Geórgia do Sul


Nosso tempo em Stromness foi só aquele para esperar que os zodiacs nos levassem a todos de volta ao Sea Spirit. Enquanto isso (fomos na última leva), tivemos tempo para ver, fotografar e refletir. A quantidade de vida que há hoje onde ontem só havia morte é impressionante. Impossível não sorrir em ver a ironia da situação. A população de lobos e elefantes marinhos já se recuperou desde aqueles tempos sombrios, mas a de baleia ainda não. Mas ver aquela praia escura cheia de pinguins e lobos nos dá uma esperança que elas também, um dia, voltarão.

Tarde de sol em Grytviken, na Geórgia do Sul

Tarde de sol em Grytviken, na Geórgia do Sul

Geórgia Do Sul, Stromness, Grytviken, Baleia, Bichos, história

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Os Passeios na Floresta Alagada

Brasil, Amazonas, Mamirauá

O maravilhoso reflexo do céu nos rios que cortam a Reserva do Mamirauá, região de Tefé, no Amazonas

O maravilhoso reflexo do céu nos rios que cortam a Reserva do Mamirauá, região de Tefé, no Amazonas


Como mostrei no post anterior, tínhamos todo o conforto para as horas de descanso na pousada Uacari, em Mamirauá, mas não foi para relaxar que tínhamos ido até o coração da Amazônia. Fomos para lá para explorar e aprender, ver e fotografar, sentirmo-nos mais perto dessa natureza exuberante. E para isso, os melhores momentos eram mesmo os passeios realizados pela reserva de desenvolvimento sustentável.

Encontro das águas na região de Tefé, no Amazonas

Encontro das águas na região de Tefé, no Amazonas


Uma gigantesca Samaúma, na região de Tefé, no Amazonas

Uma gigantesca Samaúma, na região de Tefé, no Amazonas


No processo de fazer a reserva na pousada, um dos questionários que temos de preencher e enviar são as nossas preferências e interesses de conhecimento. Podemos dizer que priorizamos ver a floresta, seus animais, sua fauna ou as comunidades que lá vivem. Podemos dizer se preferimos caminhar ou navegar, e mesmo se queremos pescar piranhas. Assim, questionários envolvidos, o pessoal da pousada tenta montar a melhor programação de passeios possíveis para se adequar aos nossos interesses.

Enttrando na belíssima Reserva do Mamirauá, na região de Tefé, no Amazonas

Enttrando na belíssima Reserva do Mamirauá, na região de Tefé, no Amazonas


A floresta alagada na Reserva do Mamirauá, na região de Tefé, no Amazonas

A floresta alagada na Reserva do Mamirauá, na região de Tefé, no Amazonas


Nós chegamos à Pousada Uacari justamente entre duas semanas muito movimentadas, grupos grandes. Na nossa semana, ao contrário, não eram muitas pessoas, o que facilitou ainda mais a adequação da programação aos gostos de cada um. Quem queria pescar piranha, pescou, quem queria dormir isolado na casa da floresta, dormiu, quem queria sair a todo momento de canoa, saiu. Muito legal!

Guia nos dá explicações durante passeio de canoa motorizada pela Reserva do Mamirauá, na região de Tefé, no Amazonas

Guia nos dá explicações durante passeio de canoa motorizada pela Reserva do Mamirauá, na região de Tefé, no Amazonas


Durante passeio na canoa motorizada, observando a flora e fauna da Reserva do Mamirauá, região de Tefé, no Amazonas

Durante passeio na canoa motorizada, observando a flora e fauna da Reserva do Mamirauá, região de Tefé, no Amazonas


Nessa época do ano, como já disse, só se pode passear com canoa. Não há terra firme para caminhar. Os rios Solimões e Japurá “se levantam” mais de 10 metros e cobrem todo o solo da floresta, seus igarapés e lagos, restando apenas a copa das árvores acima do nível da água. Na verdade, viram um só rio, com largura de dezenas de quilômetros, entremeados pela copa da floresta. No leito “normal” dos rios, a água corre forte rumo ao oceano. Nos pontos de alagamento, nas florestas e trechos que são lagos durante o período seco, mal se percebe o seu movimento, embora ele exista. É neste verdadeiro mar de água doce, ora em águas abertas, ora em águas “fechadas” pela floresta, que fazemos nossos passeios.

Depois de mais um passeio, chegando de volta à Pousada Uacari, na Reserva do Mamirauá, região de Tefé, no Amazonas

Depois de mais um passeio, chegando de volta à Pousada Uacari, na Reserva do Mamirauá, região de Tefé, no Amazonas


O maravilhoso reflexo do céu nos rios que cortam a Reserva do Mamirauá, região de Tefé, no Amazonas

O maravilhoso reflexo do céu nos rios que cortam a Reserva do Mamirauá, região de Tefé, no Amazonas


Para ir a distâncias maiores, seguíamos nas canoas grandes, motorizadas, todo o grupo a bordo. Era o momento de ficarmos nos trechos de águas abertas, a hora ideal de admirar a grandeza da paisagem, observar a floresta e suas imensas árvores de longe, o esplendor do entardecer refletido nas vastas extensões cobertas pela água. A cada momento, a cada ângulo, a chance de uma nova foto. Era também o momento mais fácil de observarmos os pássaros da região, as dezenas de espécies de diferentes cores, formas e tamanhos que voavam sobre nós, de uma borda do rio à outra, de uma parte da floresta alagada para outra parte da floresta alagada. As vezes solitários, muitas vezes em duplas, outras vezes em bandos que variavam de poucos indivíduos às centenas deles.

Procurando jacarés durante passeio noturno na Reserva do Mamirauá, região de Tefé, no Amazonas

Procurando jacarés durante passeio noturno na Reserva do Mamirauá, região de Tefé, no Amazonas


Retornando à Pousada Uacari após passeio noturno na Reserva do Mamirauá, região de Tefé, no Amazonas

Retornando à Pousada Uacari após passeio noturno na Reserva do Mamirauá, região de Tefé, no Amazonas


Foi nesse tipo de canoa que fomos visitar uma comunidade ribeirinha, assunto que vou falar com mais detalhes em outro post. Foi nela também que procuramos os famosos botos cor-de-rosa, uma dos mais emblemáticos animais dos rios amazônicos. Também foi em uma canoa motorizada que seguimos até um grande lago a quase uma hora de distância da pousada. “Lago” , como disse, é apenas modo de falar, pois é apenas mais um pedaço do enorme rio que cobre tudo o que vemos por aqui. Mas por estar relativamente isolado dos canais principais, ele se parece mesmo um lago e foi aí que tivemos um espetacular pôr-do-sol seguido por uma chuva de proporções amazônicas. Felizmente, tivemos tempo de chegar a uma estação de pesquisa localizada no tal lago e esperar que a chuva passasse, todos admirados com a força do rio que vinha de cima. Depois, passada a chuva, já no escuro, com a ajuda de holofotes e sempre à procura dos olhos brilhantes de jacarés, retornamos ao conforto de nossa casa.

Nosso guia nos leva para um passeio na floresta alagada na Reserva de Mamirauá, perto de Tefé, no Amazonas

Nosso guia nos leva para um passeio na floresta alagada na Reserva de Mamirauá, perto de Tefé, no Amazonas


Fruta muito comum nessa época do ano na Reserva do Mamirauá, na região de Tefé, no Amazonas

Fruta muito comum nessa época do ano na Reserva do Mamirauá, na região de Tefé, no Amazonas


Por mais lindos e panorâmicos que fossem esses passeios pelas águas abertas, não tenho dúvida que a grande estrela dos passeios são mesmo as excursões em canoas pelas matas alagadas. Saímos em duplas, acompanhado pelo guia e remador, pelas proximidades da pousada, e passamos horas explorando cada recanto desse incrível ambiente que é uma floresta alagada. Percorremos quase que exatamente o mesmo caminho que, durante a seca, se faz à pé, através das trilhas na floresta. Só que agora, muito mais altos pelo alto nível das águas, estamos muito mais próximos das copas das árvores e, consequentemente, dos animais que lá vivem.

Fotografando a floresta alagada na Reserva de Mamirauá, perto de Tefé, no Amazonas

Fotografando a floresta alagada na Reserva de Mamirauá, perto de Tefé, no Amazonas


Passeando confortavelmente na floresta alagada na Reserva de Mamirauá, perto de Tefé, no Amazonas

Passeando confortavelmente na floresta alagada na Reserva de Mamirauá, perto de Tefé, no Amazonas


O guia vai nos explicando e mostrando particularidades das floresta e de suas árvores. Mostra a utilidade de cada uma delas, seja na medicina, seja das características da madeira. Ele nos explica como os animais se adaptam a esse ambiente transitório, desde onças a jacarés até as formigas. Pois é, esses insetos sociais, a cada mudança de estação, se mudam da terra para as árvores, e das árvores para a terra. Constroem enormes colônias penduradas nos grandes galhos de árvores e, se precisarem nadar um pouco, não hesitarão. Como terá a evolução chegado a essa perfeição que é uma colônia de formigas? Cada indivíduo é fraco e frágil, mas a soma de todos eles é invencível e funciona como um relógio. Sinceramente, não consigo entender...

Durante passeio na floresta alagada, nosso guia nos mostra árvore repleta de formigas em seu interior, na Reserva do Mamirauá, região de Tefé, no Amazonas

Durante passeio na floresta alagada, nosso guia nos mostra árvore repleta de formigas em seu interior, na Reserva do Mamirauá, região de Tefé, no Amazonas


Olhando para a copa da floresta alagada, na Reserva do Mamirauá, região de Tefé, no Amazonas

Olhando para a copa da floresta alagada, na Reserva do Mamirauá, região de Tefé, no Amazonas


Navegando sob as árvores, esquilos, bichos-preguiça e macacos ficam mais perto do que nunca. Esses últimos são fáceis de localizar pela algazarra que fazem, seja quando se movimentam pelas árvores, seja quando estão comendo. Nosso prazer era localizar o seu som e seguir até lá, curiosos sobre qual espécie encontraríamos dessa vez. Falo um pouco da fauna de Mamirauá no próximo post.

Visita a uma das comunidades ribeirinhas na Reserva do Mamirauá, região de Tefé, no Amazonas

Visita a uma das comunidades ribeirinhas na Reserva do Mamirauá, região de Tefé, no Amazonas


Entrando de canoa na floresta alagada, na Reserva do Mamirauá, região de Tefé, no Amazonas

Entrando de canoa na floresta alagada, na Reserva do Mamirauá, região de Tefé, no Amazonas


Eu e a Ana não fomos pescar piranhas, já que pescaria não é muito a nossa praia, mas pudemos admirar as fotos tiradas por outros que foram. Também não optamos por dormir na Casa da Floresta, uma pequena construção toda cercada de telas verdes a 10 minutos de canoa da pousada. Na época da seca, ela está há quase quinze metros do solo, erguida sobre palafitas.Mas agora, na cheia, a água do rio quase a alcança e ela parece pairar sobre as águas. Ideal para quem quer dormir no meio da floresta. Mas, para quem quiser experimentar esse quarto de 3 metros por dois, não pense em uma noite romântica! A presença de um guia é mandatória! Nós preferimos ficar no conforto d nosso quarto na pousada, mas isso não impediu que a fôssemos conhecer também, em um de nossos passeios pela floresta alagada.

Visitando a Casa da Floresta, na Reserva de Mamirauá, perto de Tefé, no Amazonas

Visitando a Casa da Floresta, na Reserva de Mamirauá, perto de Tefé, no Amazonas


A casa na Floresta, quase alagada, sobre palafitas de mais de dez metros de altura, na Reserva do Mamirauá, região de Tefé, no Amazonas

A casa na Floresta, quase alagada, sobre palafitas de mais de dez metros de altura, na Reserva do Mamirauá, região de Tefé, no Amazonas


Enfim, tem programas para todos os gostos. Era sempre o ponto alto de nosso dia, nos ajeitarmos em nossos assentos na canoa, apenas imaginando o que veríamos naquelas próximas horas de exploração de um mundo tão diferente desse que acostumamos a viver. Mas esse outro mundo, o da floresta alagada, é nosso também, parte integrante do nosso pequeno planeta. Nada melhor que conhecer melhor nossa própria casa!

Passeio na floresta alagada na Reserva de Mamirauá, perto de Tefé, no Amazonas

Passeio na floresta alagada na Reserva de Mamirauá, perto de Tefé, no Amazonas

Brasil, Amazonas, Mamirauá, floresta, Parque

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Chegando e Saindo de Cabo Polonio

Uruguai, Cabo Polonio

A cada meia hora, novo caminhão com turistas chega a Cabo Polonio, no litoral do Uruguai

A cada meia hora, novo caminhão com turistas chega a Cabo Polonio, no litoral do Uruguai


Quando eu estive no Uruguai, no início de 2006, tive uma grande surpresa. E essa surpresa tinha nome: Cabo Polonio. Naquela época, eu não achava que existia algo verdadeiramente interessante no litoral do Oceano Atlântico ao sul de Santa Catarina. Algumas praias bonitas, certamente, mas eu as imaginava geladas, próprias apenas para algumas fotos e nada mais. Combinariam mais com focas, baleias e pinguins. Algo assim como a Península Valdés, na Argentina, paraíso da vida selvagem, maravilhosa para se visitar e se encantar com a fauna, mas de modo algum própria para um bom banho de mar.

Entrada do Parque Nacional de Cabo Polonio, no litoral do Uruguai

Entrada do Parque Nacional de Cabo Polonio, no litoral do Uruguai


Na entrada do parque, esperando o horário do nosso caminhão para Cabo Polonio, no litoral do Uruguai

Na entrada do parque, esperando o horário do nosso caminhão para Cabo Polonio, no litoral do Uruguai


Pois é... aqueles dias de verão no Uruguai me fizeram ver que eu estava redondamente enganado. Pequenas cidades praianas como Punta del Diablo e La Pedrera não devem nada às nossas praias de Santa Catarina ou Nordeste. Claro, estou falando exclusivamente do verão, pois no resto do ano elas se assemelham mais ao que eu imaginava antes. Mas durante os meses quentes do ano, não só a temperatura da água é agradável, mas as próprias cidades são interessantes, clima festivo e jovial, descontraído, gente bonita e boas opções de estadia e comida. E nesse litoral que tanto me surpreendeu, havia uma “joia da coroa”. Estou falando de Cabo Polonio, um pequeno povoado de pescadores, longe de tudo e de todos, quase isolada da civilização, sem estradas, sem asfalto, sem luz elétrica.


Na foto do satélite é possível ver o caminho de areia que o caminhão segue do estacionamento do parque até a praia. Daí ele segue, ao lado do mar, até o pequeno povoado de Cabo Polonio, no litoral do Uruguai

Na foto do satélite é possível ver o caminho de areia que o caminhão segue do estacionamento do parque até a praia. Daí ele segue, ao lado do mar, até o pequeno povoado de Cabo Polonio, no litoral do Uruguai


Era a dificuldade de acesso que a tornava ainda mais especial. O povoado se desenvolveu ao redor de um farol, a única construção que está ligada à rede elétrica, em meio a uma área que hoje é um parque nacional no país e que, na época, ainda era apenas uma reserva. A área é protegida devido ao ambiente frágil, composto pelas maiores dunas de areia do Uruguai. O visual é quase nordestino, ou então, bem parecido com a pequena Itaúnas, no norte do Espírito Santo, ou ao Farol de Santa Marta, no sul de Santa Catarina. Com a diferença de que é muito menor, principalmente devido às dificuldades e limitações de acesso e construção de novas moradias.

A estrada de areia que nos leva a Cabo Polonio, no litoral do Uruguai

A estrada de areia que nos leva a Cabo Polonio, no litoral do Uruguai


A estrada de areia que nos leva a Cabo Polonio, no litoral do Uruguai

A estrada de areia que nos leva a Cabo Polonio, no litoral do Uruguai


Pois esse é exatamente o primeiro e um dos maiores charmes de Cabo Polonio: a dificuldade de se chegar até lá. Em 2006 eu estava em um carro pequeno, um Fox, que dificilmente enfrentaria a trilha de areia fofa que liga a rodovia à praia. Não é longe, cerca de oito quilômetros, mas a chuva deixa poças profundas e as trilhas mudam constantemente de lugar, buscando os trechos mais secos. Aí, o perigo é mesmo a areia fofa. Pois bem, naquela época, ali onde terminava o asfalto, o carro ficava estacionado e nós seguíamos em camionetes ou caminhões tracionados. Primeiro até a praia e, depois, através dela, até o farol e o pequeno povoado.

O Joca e a Ixa, pais do Rodrigo, no caminhão em direção a Cabo Polonio, no litoral do Uruguai

O Joca e a Ixa, pais do Rodrigo, no caminhão em direção a Cabo Polonio, no litoral do Uruguai


O Joca e a Ixa no caminhão para Cabo Polonio, no litoral do Uruguai

O Joca e a Ixa no caminhão para Cabo Polonio, no litoral do Uruguai


Como eu não conhecia o lugar, acabei reservando apenas uma tarde para conhecê-lo. Que arrependimento e que vontade de ficar mais! Mas sem reservas, com o carro esperando e a agenda apertada, tive de voltar no final do dia, com o coração apertado e a promessa de, um dia, voltar. Agora, no final dos 1000dias, chegou a hora de cumprir aquela promessa. Só que agora, de uma maneira muito melhor. Primeiro, porque eu não poderia estar melhor acompanhado, com a Ana e meus pais. Segundo porque, como dessa vez eu já conheço o paraíso, reservamos muito mais tempo para ficar em Cabo Polonio. Há alguns dias atrás, quando estávamos em Colonia del Sacramento, conseguimos reservar uma boa pousada, por dois dias e noites. Pouso reservado, só faltava chegar até aqui.

1000dias no caminhão em direção a Cabo Polonio, no litoral do Uruguai

1000dias no caminhão em direção a Cabo Polonio, no litoral do Uruguai


Pois é, dessa vez, estamos de Fiona. E se a Fiona chegou até o Alaska, certamente seria capaz de vencer aquele pequeno trecho de trilhas até a praia. Na verdade, faria isso com um pé nas costas, com todo o conforto e segurança. Então, tratei de me informar sobre isso. Foi quando descobri que Cabo Polonio virou um parque e que o acesso por carros é bastante restringido. É permitido apenas para os moradores e para a frota de caminhões 4x4 que faz o serviço de transporte. A razão dessas limitações é bem simples: preservação. Se a Fiona é capaz de fazer o percurso, outras milhares de camionetes também são. Isso significaria um tráfego intenso através de uma região de ecossistema frágil. Seria como matar a galinha dos ovos de ouro.

Chegando à praia, Cabo Polonio, no litoral do Uruguai, já aparece no horizonte

Chegando à praia, Cabo Polonio, no litoral do Uruguai, já aparece no horizonte


Cabo Polonio, no litoral do Uruguai

Cabo Polonio, no litoral do Uruguai


Então, ao transformar a área em um parque e proibir o acesso à carros particulares, o governo também construiu uma espécie de terminal de passageiros. Fica na saída da rodovia e na entrada do parque. Ali há banheiros, estacionamento e todas as informações sobre o parque, geologia, história, fauna e flora, turismo, etc... Também está aí a bilheteria e é onde pegamos o nosso “caminhão” de transporte. Uma experiência e tanto para meus octogenários e aventureiros pais. Trocaram o ar condicionado da Fiona pelo ar puro dos caminhões abertos, em forma de gaiolas. E fizeram isso com toda a esportiva!

Já no trecho de praia, no caminhão em direção a Cabo Polonio, no litoral do Uruguai

Já no trecho de praia, no caminhão em direção a Cabo Polonio, no litoral do Uruguai


Nós saímos cedo de La Pedrera, mais ao sul, e em menos de meia hora já chegávamos ao moderno terminal. Compramos nossas passagens e, enquanto não chegava nosso horário (são bem frequentes nesse época!), ainda tivemos tempo de ver e ler todas as informações sobre Cabo Polonio, desde as fotos históricas até a grande maquete. Depois, quando chegou nosso transporte, já estávamos a postos para pegar os melhores lugares, meus pais bem acomodados e seguros no meio do caminhão e eu e a Ana no telhado, bem em cima do motorista, o melhor lugar para tirar fotos e admirar a paisagem.

Praça central, onde para o caminhão em Cabo Polonio, no litoral do Uruguai

Praça central, onde para o caminhão em Cabo Polonio, no litoral do Uruguai


Mochileiros chegam a Cabo Polonio, no litoral do Uruguai

Mochileiros chegam a Cabo Polonio, no litoral do Uruguai


O caminhão encheu e partimos. Deve caber quase umas 30 pessoas e ele segue bem lentamente, vencendo as poças e navegando pelo verdadeiro emaranhado de trilhas que corta a região. Em menos de de 10 minutos chegamos ás dunas, onde a vegetação fica bem mais escassa e um mar de areia nos cerca. Outros minutos mais e o farol aparece, atrás de uma grande duna, ainda bem distante. Mais um pouco e chegamos ao mar e à praia. Aí, é só virar a esquerda e seguir aquela grande avenida natural, praia de areia bem firme, boa para se dirigir e também para caminhar. O farol vai ficando cada vez maior e começamos a perceber as pequenas casas ao seu redor. O povoado, quase sem ruas, se espalha por uma pequena campina onde se assenta o farol e em frente à praia do lado de lá.

Mais um caminhão com turistas chega à Cabo Polonio, no litoral do Uruguai

Mais um caminhão com turistas chega à Cabo Polonio, no litoral do Uruguai


A cada meia hora, novo caminhão com turistas chega a Cabo Polonio, no litoral do Uruguai

A cada meia hora, novo caminhão com turistas chega a Cabo Polonio, no litoral do Uruguai


A chegada é bem interessante, os moradores nos observando pendurados no caminhão e nós, os turistas, observando não só os moradores, mas também a estranha cidade aos nossos pés, arquitetura peculiar, umas poucas ruas de areia, o farol reinando sobre a colina que divide e praia em duas. Tudo isso cercado pelo mar infinito à nossa frente e por um oceano de dunas às nossas costas. A praça onde o caminhão para é uma torre de babel, hippies e mochileiros do mundo inteiro andando para lá e para cá, uma fila de passageiros prontas para embarcar e nós, ávidos para descer.

A Ixa, mãe do Rodrigo, de mochilas prontas para partir de Cabo Polonio, no litoral do Uruguai

A Ixa, mãe do Rodrigo, de mochilas prontas para partir de Cabo Polonio, no litoral do Uruguai


Esperando o horário de partida do caminhão em Cabo Polonio, no litoral do Uruguai

Esperando o horário de partida do caminhão em Cabo Polonio, no litoral do Uruguai


Descemos com nossas mochilas e vamos nos instalar em nossa pousada. Aqui, todo mundo anda a pé. No início, estamos meio perdidos, mas não demora muito para se ambientar. Duas horas por ali e já nos sentimos veteranos, olhando com certo desprezo os turistas que chegam nos diversos caminhões, de meia em meia hora no horário de “pico”. Durante o dia, os caminhões chegam cheios e partem praticamente vazios. No fim de tarde, isso se inverte. Mas o tráfego é mais ou menos constante. A cada caminhão que parte, me dá aquela felicidade de não estar nele. Além disso, principalmente ao final do dia, é bem legal ver a cidade se esvaziar, pois muita gente ainda vem no bate-volta, sem reserva para passar a noite. Dá para perceber em suas faces que o arrependimento é quase geral, como foi o meu, oito anos atrás.

O Joca e a Ixa, pais do rodrigo, já instalados no caminhão que nos levará embora de Cabo Polonio, no litoral do Uruguai

O Joca e a Ixa, pais do rodrigo, já instalados no caminhão que nos levará embora de Cabo Polonio, no litoral do Uruguai


A Ana ocupa seu lugar no telhado do caminhão que nos levará embora de Cabo Polonio, no litoral do Uruguai

A Ana ocupa seu lugar no telhado do caminhão que nos levará embora de Cabo Polonio, no litoral do Uruguai


Infelizmente, nosso tempo por aqui também passou, embora dessa vez tenha durado mais. Dois dias depois de chegarmos, tivemos de partir. Então, de volta àquela praça e todos a bordo do caminhão. Partimos muito mais experientes do que chegamos, em todos os aspectos, até na “arte” de andar de caminhão. Tivemos uma ótima temporada por aqui, com chuva, sol, pôr-do-sol, caminhadas e caipirinhas (vou relatar nos próximos posts), Cabo Polonio continua linda como sempre e a vontade de voltar, quando a vemos pela última vez do alto do caminhão, é mais forte do que nunca. Voltaremos!

Mais um caminhão abarrotado de turistas chega a Cabo Polonio, no litoral do Uruguai

Mais um caminhão abarrotado de turistas chega a Cabo Polonio, no litoral do Uruguai

Uruguai, Cabo Polonio, Estrada, Parque, Praia, viagem

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Janela de Tempo

Brasil, Rio Grande Do Sul, São José dos Ausentes

Sobre as paredes enevoadas do canyon Monte Negro, em São José dos Ausentes - RS

Sobre as paredes enevoadas do canyon Monte Negro, em São José dos Ausentes - RS


Tem feito um frio úmido por aqui esses dias. Gostoso para ficar ao lado da lareira, mas não frio o suficiente para nevar. Além disso, a umidade acaba se traduzindo em neblina, o que cobre as magníficas paisagens da região, ou em chuva, o que desanima qualquer um de passear em campo aberto.

Café da manhã acolhedor no hotel em São José dos Ausentes - RS

Café da manhã acolhedor no hotel em São José dos Ausentes - RS


Nossa grande aposta é o dia de domingo, quando uma forte massa de ar polar deve chegar e ainda encontrar umidade suficiente para produzir neve. Depois disso, o frio vai aumentar mais ainda, mas agora com o tempo bem seco, propício à formação de intensas geadas. Infelizmente, as últimas previsões são de que a neve dificilmente virá, mas a esperança é a última que morre. De qualquer maneira, neve é o que não vai faltar mais à frente, quando passarmos por Bolívia, norte da Argentina e Chile. É só questão de paciência...

O canyon do Monte Negro preenchido de neblina, em São José dos Ausentes - RS

O canyon do Monte Negro preenchido de neblina, em São José dos Ausentes - RS


Topos de montanha parecem ilhas no meio das nuvens no canyon Monte Negro em São José dos Ausentes - RS

Topos de montanha parecem ilhas no meio das nuvens no canyon Monte Negro em São José dos Ausentes - RS


Hoje pela manhã as nuvens estavam mais altas e os outro hóspedes do hotel foram logo para o canyon aqui do lado. Eu e a Ana, no nosso tradicional café da manhã tardio, parecia que tínhamos perdido a janela de tempo para ver o belo espetáculo. Quando ficamos prontos para sair, quase uma hora mais tarde, era exatamente quando voltavam os outros hóspedes, meio decepcionados com o que tinham visto. Ou melhor, com o que não tinha visto.

Visão do canyon Monte Negro coberto pela neblina, em São José dos Ausentes - RS

Visão do canyon Monte Negro coberto pela neblina, em São José dos Ausentes - RS


Observando o canyon Monte Negro em São José dos Ausentes - RS

Observando o canyon Monte Negro em São José dos Ausentes - RS


Na verdade, como já estávamos no carro, só ficamos sabendo disso mais tarde. Seguimos para o canyon meio ressabiados e, para nossa alegria, ele estava lá, firme, forte e bem à vista. Passamos mais de uma hora caminhando por suas bordas e fotografando aquele espetáculo, suas gigantescas paredes, o precipício sem fundo e o mar de nuvens que preenchia aquele enorme vazio.

Observando o mar de nuvens que preenche o canyon Monte Negro, em São José dos Ausentes - RS

Observando o mar de nuvens que preenche o canyon Monte Negro, em São José dos Ausentes - RS


Observando a altura das paredes do canyon Monte Negro em São José dos Ausentes - RS

Observando a altura das paredes do canyon Monte Negro em São José dos Ausentes - RS


Em um dia limpo é possível ver até o litoral do alto de suas paredes. Hoje, impressionados com a beleza das nuvens que pareciam dançar abaixo de nós, nem nos incomodamos com as praias distantes. O que ontem eram apenas sons misteriosos vindos de algum lugar perdido na neblina lá embaixo no vazio, hoje se materializou numa visão de uma queda de centenas de metros, uma mata densa no fundo do canyon, água escorrendo pelas paredes em espetáculo grandioso.

Autofoto na beirada do canyon Monte Negro, em São José dos Ausentes - RS

Autofoto na beirada do canyon Monte Negro, em São José dos Ausentes - RS


O pico do Monte Negro, ponto mais alto do Rio Grande do Sul, em São José dos Ausentes

O pico do Monte Negro, ponto mais alto do Rio Grande do Sul, em São José dos Ausentes


Naquele momento, toda aquela exuberância era para nós, já que nenhum outro turista afortunado estava por lá. Nossa única companhia era o pico do Monte Negro, ponto mais alto do estado, com pouco mais de 1.400 metros de altura, o sentinela de toda aquela beleza. Após muito andarmos e fotografarmos pelas bordas do canyon, viramos nossas atenções para ele. Não há trilha para subi-lo, apenas pedaços de caminhos abertos por bois e vacas que frequentam a região. Seguindo cuidadosamente por esses caminhos, dando a volta em árvores e moitas, chegamos ao cume do estado para, de lá, tirar novas fotos, inclusive da mata encantada que cobre quase todo o morro. Uma mata com cara de duendes, fadas e da Bruxa de Blair.

O canyon visto do alto do pico do Monte Negro, em São José dos Ausentes - RS

O canyon visto do alto do pico do Monte Negro, em São José dos Ausentes - RS


A bela mata de ares mágicos que cobre o pico do Monte Negro, em São José dos Ausentes - RS

A bela mata de ares mágicos que cobre o pico do Monte Negro, em São José dos Ausentes - RS


Felizes voltamos para o hotel. Tínhamos encontrado a nossa janela de tempo! E foi uma janela mesmo, pois o tempo não demorou muito a mudar. No meio da tarde, saímos de Fiona para ver outros atrativos da região e a chuva fina e irritante apareceu. Mesmo assim, seguimos até o Cachoeirão do Rodrigues, a 25 km do hotel. A paisagem do caminho é linda, totalmente bucólica, trechos de campos e chapadões alternados com matas de pinheiros e araucárias. A cachoeira do meu xará é poderosa, muita água caindo. Boa para fotos e contemplação. No frio do inverno, nada mais do que isso!

Paisagem bucólica no entorno do rio Silveira, em São José dos Ausentes - RS

Paisagem bucólica no entorno do rio Silveira, em São José dos Ausentes - RS


Por causa do tempo chuvoso dos últimos dias, o rio estava mais alto do que o normal. Isso nos impediu de ver a outra atração natural do local, conhecida como "Desnível dos rios". São dois rios correndo em paralelo, separados por um morrote. A curiosidade é que um rio está dezoito metros mais alto do que o outro! O problema é que, para se ter a visão dos dois rios ao mesmo tempo, é preciso atravessar o maior deles e subir o tal morrote divisor de águas. Com a temperatura da água congelante e o rio cheio de corrente batendo quase no peito, mais de 30 metros para atravessar, a tarefa ficou meio impossível. Assim, vamos ficar só com a lembrança das fotos...

A grande e gelada cachoeira Rodrigues, no rio Silveira, em São José dos Ausentes - RS

A grande e gelada cachoeira Rodrigues, no rio Silveira, em São José dos Ausentes - RS


Agora de noite, a temperatura teima em não cair. Algo próximo dos 8 graus. Teria de despencar para nevar pela manhã. Tá difícil...

Visitando a cachoeira Rodrigues, em São José dos Ausentes - RS

Visitando a cachoeira Rodrigues, em São José dos Ausentes - RS

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