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Karina (27/09)
Olá, também estou buscando o contato do barqueiro Tatu para uma viagem ...
ozcarfranco (30/08)
hola estimado, muy lindas fotos de sus recuerdos de viaje. yo como muchos...
Flávia (14/07)
Você conseguiu entrar na Guiana? Onde continua essa história?...
Martha Aulete (27/06)
Precisamos disso: belezas! Cultura genuína é de que se precisa. Não d...
Caio Monticelli (11/06)
Ótimo texto! Nos permite uma visão um pouco mais panorâmica a respeito...
Parque Colón, na Zona Colonial de Santo Domingo, capital da República Dominicana
Desde quando idealizamos o projeto de conhecer todos os países da América que conhecer as ilhas do Caribe virou uma “questão”. Afinal, para os países continentais, não havia dúvida: basicamente, chegaríamos a todos eles de Fiona, um atrás do outro. Não são muitas as possibilidades de roteiro, vamos até o norte e voltamos para o sul, tratando de não deixar nenhum país para trás. Mas os países do Caribe, ilhas isoladas no meio do oceano, para esses não poderíamos dirigir. A alternativa era usar barcos e aviões. Mas, desse modo, deixa de haver, necessariamente, um encadeamento lógico, podemos voar sobre um deles e simplesmente voltar mais tarde, se assim for preciso.
Chegando à Santo Domingo, capital da República Dominicana
Logo percebemos que tentar fazer todas as ilhas de uma só vez, em uma só sequência, não era uma boa ideia. Além de não ser mais econômico do que fazer a região em várias etapas, a tendência era de começarmos a enjoar pois, apesar de todas as suas peculiaridades, as ilhas também tem muito em comum. Assim, resolvemos “dividir” nossa experiência caribenha em várias etapas, partindo sempre de algum lugar próximo à região para diminuirmos os custos. Assim, achávamos um lugar seguro para a Fiona passar uns dias de férias e voamos de cidades como Paramaribo, Miami, Bogotá, entre outras. A cada vez, liquidávamos um grupo de ilhas e, de pouco em pouco, fizemos todo o Caribe.
Viagem à ilha de Hispaniola, a única que faltava para nós na região do Caribe
Todo mesmo? Não! Faltou uma ilha, uma das únicas duas que é dividida em dois países (a outra é a pequena Saint Martin/Sint Marteen). Estou falando de Hispaniola, a segunda maior do Caribe, atrás de Cuba, dividida entre a República Dominicana e o Haiti. Justamente a ilha caribenha mais visitada por brasileiros (Punta Cana!), aquela onde está o ponto mais alto do Caribe (Pico Duarte), a nação com a maior economia da região (República Dominicana) e o país mais pobre do hemisfério (Haiti).
Carruagem nas ruas do centro histórico de Santo Domingo, capital da República Dominicana
Como dois países dividindo uma mesma ilha podem ser tão diferentes? Durante esses 1000dias, estivemos a ponto de ir lá tentar descobrir várias vezes. Na verdade, no plano inicial, Hispaniola estava logo na nossa primeira etapa caribenha, ainda em 2010. Só que, dois meses antes de iniciarmos nossa viagem, uma catástrofe se abateu sobre o Haiti. O terremoto de Janeiro de 2010 matou mais gente que o tsunami na Ásia: mais de duzentas mil pessoas morreram nos escombros de Port-au-Prince, a capital do país, no momento do choque os nos dias de agonia que se seguiram. Certamente, aquele não era o momento de ir se fazer turismo no Haiti...
A antiga arte Taino, em Santo Domingo, capital da República Dominicana
Mais tarde, ao longo desses três anos, Hispaniola esteve na nossa mira várias vezes. Mas dificuldades logísticas e monetárias foram adiando nosso visita até que, aqui do Panamá, chegou a hora de ir visitar a mais antiga colônia das Américas, o lugar onde Colombo estabeleceu suas primeiras bases, o ilha de onde os europeus se espalharam para ocupar todo o continente.
A antiga arte Taino, em Santo Domingo, capital da República Dominicana
Quando eles chegaram à ilha, Hispaniola já era ocupada pelos índios Tainos, o nome local dado aos Arawaks, a etnia que ocupou todas as ilhas caribenhas partindo da Venezuela, há mais de dois mil anos. Eram cerca de 400 mil habitantes que receberam Colombo e seus homens de maneira amistosa, o primeiro contato entre europeus e americanos desde que os vikings passaram pelo Canadá cinco séculos antes. Mal sabiam o que os esperava, pobres Tainos. A combinação mortal das doenças trazidas pelos europeus e das duras condições de trabalho impostas por eles reduziram o número de Tainos a 10 mil pessoas uma geração mais tarde. Outra geração se passou e os Tainos se foram, perdidos para sempre no tempo e no pouco de sangue que se mesclou com negros trazidos da África para ocupar o seu lugar como mão de obra escrava. Ficaram os fantasmas, parte da rica cultura que os negros souberam guardar na forma de nomes e da arte e o péssimo exemplo de como se extermina todo um povo que aqui havia vivido por mais de um milênio.
A antiga arte Taino, em Santo Domingo, capital da República Dominicana
Quanto aos espanhóis, após descobrirem as riquezas do enorme continente aqui do lado, passaram a concentrar seus esforços colonizatórios em países como México e Peru, enquanto Hispaniola foi ficando em segundo plano. A ilha passou a ser alvo frequente de piratas franceses, ingleses e holandeses e, para facilitar a defesa da população local, os espanhóis ordenaram que todos os habitantes de deslocassem para as proximidades da capital, Santo Domingo. Na verdade, isso apenas facilitou o acesso de colonos franceses à parte oeste da ilha, agora desabitada. Cem anos de ocupação informal e os espanhóis acabaram admitindo, em um tratado de paz, a posse francesa do terço ocidental da ilha, conhecida então como Saint Domingues, o futuro Haiti.
A Ponte das Américas, em Santo Domingo, capital da República Dominicana
Certamente, ainda vou falar da história dos dois países nos próximos posts. Mas o fato é que os problemas e diferenças entre Haiti e República Dominicana existiram desde então. Na época colonial, enquanto a República Dominicana era uma dependência espanhola de 2ª importância, o Haiti, com sua produção de açúcar, era conhecido como a “pérola do Caribe”, a colônia mais rica da região. Possuía uma população muito maior que seu vizinho de ilha e a França o via como o centro de um poderoso império colonial nas Américas, que ia da Guiana Francesa, ao sul, à Louisiana e Quebec no norte. Aliás, foi a independência do Haiti, em 1804, e o fracasso retumbante da tentativa de reocupá-lo que fez Napoleão vender a Louisiana aos americanos. Para Napoleão, aquele imenso e desocupado território não fazia nenhum sentido sem o Haiti. Gostaria de ver sua opinião hoje, duzentos anos depois...
Antiga residência da família Colombo, em Santo Domingo, capital da República Dominicana
Enfim, o Haiti tornou-se o segundo país livre das Américas. Duas décadas depois, quando a República Dominicana conseguiu a sua independência, o Haiti ocupou o novo país por mais de 20 anos, começando a nutrir o sentimento de discórdia que perdura até hoje. Esse sentimento chegou ao máximo 100 anos mais tarde quando, na década de 30, mais de 20 mil haitianos étnicos que viviam do lado de lá da fronteira foram assassinados a machadadas por ordem do governante dominicano, em um dos maiores e menos conhecidos massacres do nosso continente. As barbaridades da 2ª Guerra Mundial, alguns anos mais tarde, fizeram o mundo esquecer do que havia se passado em Hispaniola, mas não os haitianos.
O Panteão dos Herois da República, em Santo Domingo, capital da República Dominicana
Até a década de 70 os dois países tinham economias equivalentes. Mas enquanto o Haiti se afundou em uma ditadura sangrenta seguida de governos medíocres e uma sequência de desastres naturais, a República Dominicana achou o seu caminho, explorando ao máximo o turismo e consolidando-se como uma democracia estável. Hoje, são milhares de haitianos vivendo como imigrantes ilegais e mão-de-obra barata na República Dominicana, em busca de melhores oportunidades de vida. Obviamente, isso gera tensões e preconceitos, mas os dois povos e países continuam a buscar a melhor maneira de coexistir na mesma ilha que repartem há tanto tempo. É um processo demorado, com ainda muitas feridas a cicatrizar...
O Panteão dos Herois da República, em Santo Domingo, capital da República Dominicana
Por aí viajaremos, duas semanas na prima rica, uma semana no primo pobre. Voamos para Santo Domingo, onde passaremos alguns dias. Daí, de ônibus para Port-au-Prince, onde passamos alguns dias nas redondezas. Voamos para o norte do Haiti, para a cidade de Cap-Haitiens, perto de algumas das mais belas praias do país. Ônibus de volta à República Dominicana, agora à região do Pico Duarte, ponto culminante do Caribe. Alugamos um carro para conhecer a costa norte do país e, finalmente, vamos passar alguns dias em Punta Cana, tão famosa nas agências de viagem do mundo inteiro. Acho que será um roteiro que nos dará uma boa ideia dessa terra de contrastes, dos resorts às favelas, das praias às montanhas. Prontos para fechar nossas explorações caribenhas com chave de ouro. Vamos que vamos que já estávamos com saudades dessa incrível região da nossa querida América!
Nossos objetivos na ilha de Hispaniola: Voamos para Santo Domingo (A), capital da Rep. Dominicana. Daí, ônibus para Port-au-Prince (B), capital do Haiti. Voo para Cap. Haitiens (C), no norte. De ônibus para a região do Pico Duarte (D), montanha mais alta do Caribe, já de volta à Rep. Dominicana. Com carro alugado, costa norte do país (E). Para terminar, um hotel em Punta Cana (F)
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