0 Cerro Piltriquitrón - 1a Parte - Blog do Rodrigo - 1000 dias

Cerro Piltriquitrón - 1a Parte - Blog do Rodrigo - 1000 dias

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Cerro Piltriquitrón - 1a Parte

Argentina, El Bolsón

A paisagem que se vê do cume do Cerro Piltriquitrón, El Bolsón lá embaixo no vale, na Argentina

A paisagem que se vê do cume do Cerro Piltriquitrón, El Bolsón lá embaixo no vale, na Argentina


O dia começou cedo e com um maravilhoso café da manhã, mais um dos pontos altos da nossa charmosa pousada em El Bolsón. De estômagos cheios, estávamos prontos para a programação de hoje: um longo trekking até o cume do Cerro Piltriquitrón, montanha-símbolo dessa região da Argentina.

Início da trilha para o Cerro Piltriquitrón, em El Bolsón, na Argentina

Início da trilha para o Cerro Piltriquitrón, em El Bolsón, na Argentina


Observando o vale no início do caminho para o Cerro Piltriquitrón, em El Bolsón, na Argentina

Observando o vale no início do caminho para o Cerro Piltriquitrón, em El Bolsón, na Argentina


Além de bem alimentados, também contávamos com um dia lindo e quase sem nuvens, o que não faz jus ao nome da montanha que iríamos subir. “Piltriquitrón”, na língua tehuelche (nome dos antigos habitantes dessa região andina), quer dizer “pendurado nas nuvens”. Com quase 2 mil e trezentos metros de altura, cerca de dois quilômetros mais alto que o fundo do vale onde se encontra El Bolsón, não é difícil imaginar o porquê do nome. Mas hoje, sem nuvens no céu para se pendurar, o Piltriquitrón reinava muito visível e soberano sobre toda a paisagem ao seu redor.

Na primavera, até os prinheiros ficam 'carregados' (trilha para o Cerro Piltriquitrón, em El Bolsón, na Argentina)

Na primavera, até os prinheiros ficam "carregados" (trilha para o Cerro Piltriquitrón, em El Bolsón, na Argentina)


Na parte mais baixa da trilha ainda encontramos árvores floridas, a caminho do Cerro Piltriquitrón, em El Bolsón, na Argentina

Na parte mais baixa da trilha ainda encontramos árvores floridas, a caminho do Cerro Piltriquitrón, em El Bolsón, na Argentina


Felizmente para nós, não é preciso caminhar desde a cidade até a montanha. Não para quem está de carro ou, mais do que isso, de Fiona. Uma rústica estrada de rípio nos leva para bem alto, serpenteando as primeiras encostas da montanha até os 1.060 metros de altitude. Para quem não está de carro, a alternativa é pagar caro um táxi para chegar até lá ou, para os mais valentes, fazer esses pouco mais de 10 km de estrada a pé mesmo, comendo muita poeira. Nós não encontramos ninguém durante essa subida, mas no final da tarde, quando descíamos, demos carona para um grupo de 8 pessoas que fez essa subida a pé, pela manhã. Ficaram felicíssimos, mais pela poeira de menos do que pela economia de esforço. Não tiveram tempo de subir toda a montanha e chegaram apenas ao refúgio. Realmente, para sair do centro da cidade, chegar até o cume e voltar no mesmo dia, tudo a pé, só mesmo partindo de madrugada e com muita disposição!

Observando a paisagem no início da subida ao Cerro Piltriquitrón, em El Bolsón, na Argentina

Observando a paisagem no início da subida ao Cerro Piltriquitrón, em El Bolsón, na Argentina


Observando a cidade de El Bolsón durante a subida do Cerro Piltriquitrón, na Argentina

Observando a cidade de El Bolsón durante a subida do Cerro Piltriquitrón, na Argentina


Enfim, para nós não foi tão duro. Ainda era cedo quando chegamos ao final da estrada, onde há uma área de estacionamento e onde começa a trilha. É só a partir daí que as vistas começam, grandes rochedos formando verdadeiros mirantes naturais de onde podemos admirar o vale lá embaixo, El Bolsón ficando cada vez menor aos nossos olhos ao mesmo tempo que a temperatura cai e o ar fica mais puro. Trilha muito bem marcada alternando trechos de sol e de sombra, ramos floridos dando lugar a pinheiros carregados de pinhas. Mesmo aqui no alto, são claros os sinais de que estamos na primavera!

Saída de um bosque na trilha para o Cerro Piltriquitrón, em El Bolsón, na Argentina

Saída de um bosque na trilha para o Cerro Piltriquitrón, em El Bolsón, na Argentina


Chegando ao refúgio durante a subida ao Cerro Piltriquitrón, em El Bolsón, na Argentina

Chegando ao refúgio durante a subida ao Cerro Piltriquitrón, em El Bolsón, na Argentina


Refúgio do Cerro Piltriquitrón, em El Bolsón, na Argentina

Refúgio do Cerro Piltriquitrón, em El Bolsón, na Argentina


Uma hora de caminhada e, pouco antes de atingirmos os 1.400 metros de altitude, chegamos a uma das grandes atrações turísticas da montanha e de El Bolsón: o chamado “Bosque Tallado”. O nome não poderia ser mais realista, pois o bosque realmente é esculpido (tallado, em espanhol). Não pela natureza, mas por artistas. Tudo começou com um grande incêndio nas encostas do Piltriquitrón, no final da década de 90. O fogo matou quase todas as árvores de um bosque que existia nessa parte da montanha, deixando seus troncos mortos e sem galhos ou folhas. Foi quando um artista local, o escultor Marcelo López, teve a brilhante ideia de aproveitar aquela tragédia ambiental para algo de bom. Observando os troncos mortos, teve a ideia de aproveitar aquele “material” para fazer esculturas ali mesmo, no antigo bosque. Melhor ainda, ele não quis fazer isso sozinho. Ao contrário, conversou com amigos e organizou um festival de esculturas. Artistas vieram de longe para deixar suas marcas nas encostas do Piltriquitrón. Uma grande oficina de artes a céu aberto! O sucesso foi tão grande que foram realizados outros festivais nos anos seguintes. Enquanto houvesse árvores mortas por ali, haveria espaço para mais arte. O resultado, hoje, é um bosque cheio de esculturas nos troncos, que assim ganharam vida novamente. Novas árvores cresceram e podemos percorrer uma trilha na sombra de um bosque de verdade e por entre dezenas de esculturas de madeira. Que ótima ideia!

Tempo de descanso na trilha para o Cerro Piltriquitrón, em El Bolsón, na Argentina

Tempo de descanso na trilha para o Cerro Piltriquitrón, em El Bolsón, na Argentina


Admirando a magnífica paisagem durante subida ao Cerro Piltriquitrón, em El Bolsón, na Argentina

Admirando a magnífica paisagem durante subida ao Cerro Piltriquitrón, em El Bolsón, na Argentina


Nós passamos ao lado desse bosque, mas decidimos deixar a visita para quando descêssemos. Queríamos aproveitar o bom tempo para chegar logo ao cume da montanha. Poucos minutos depois do bosque, chegamos a um refúgio que existe ali para abrigar os montanhistas. Aliás, para quem gosta de ficar mais isolado, esse é um bom lugar para se hospedar em El Bolsón. Há comida e bebida (cerveja feita ali mesmo!), muita paz e uma vista fenomenal da região. Pode-se acampar ou pagar por uma cama em quartos coletivos. Nós ficamos tentados pela cerveja gelada mas, assim como fizemos com o Bosque Tallado, resolvemos deixar para depois, quando voltássemos do cume. Mas isso não nos impediu de parar lá por uns minutos para aproveitar a vista e descansar um pouco.

Admirando a magnífica paisagem durante subida ao Cerro Piltriquitrón, em El Bolsón, na Argentina

Admirando a magnífica paisagem durante subida ao Cerro Piltriquitrón, em El Bolsón, na Argentina


Trilha que sobe o Cerro Piltriquitrón, em El Bolsón, na Argentina

Trilha que sobe o Cerro Piltriquitrón, em El Bolsón, na Argentina


Depois do intervalo, para o alto e avante! Ainda tínhamos quase 900 metros de altura para subir distribuídos em pouco mais de 3 quilômetros de trilha. Quer dizer, dois quilômetros de trilha e mais um sem trilha mesmo, apenas uma rota em direção ao cume devidamente indicada por pedras pintadas em um terreno inclinado e escorregadio, seja pela neve, seja pelas pedras que rolam encosta abaixo.

Caminhando na trilha que sobre o Cerro Piltriquitrón, em El Bolsón, na Argentina

Caminhando na trilha que sobre o Cerro Piltriquitrón, em El Bolsón, na Argentina


Caminho para o cume do Cerro Piltriquitrón, em El Bolsón, na Argentina

Caminho para o cume do Cerro Piltriquitrón, em El Bolsón, na Argentina


Mas comecemos pelo começo! Três quilômetros de distância para ganhar um de altura não parece muito. Isso se a inclinação estivesse igualmente distribuída ao longo de toda rota, o que evidentemente não estava! Deixamos o refúgio para trás e para baixo e enfrentamos uma encosta inclinada, mas com trilha muito bem marcada. Lá no alto, vista maravilhosa e, em seguida, um longo caminho quase plano, agradabilíssimo. A vegetação alta já tinha ficado há muito tempo para trás e agora apenas grama nos rodeava. Com isso, podíamos ver longe. Qualquer sinal da civilização já tinha desaparecido (exceto pela própria trilha!) e não havia mais ninguém no caminho. Com isso parecíamos as únicas pessoas nesse mundo, em meio a uma paisagem ampla, montanhas ao fundo, um pequeno riacho vindo lá do alto ao nosso lado. Sensação de liberdade e de saúde indescritível, ar inspirado até o fundo dos pulmões. Barulho, só o tintilar da água nas pedras e do vento nos nossos ouvidos.

Já na parte alta e sem vegetação da trilha ao Cerro Piltriquitrón, em El Bolsón, na Argentina

Já na parte alta e sem vegetação da trilha ao Cerro Piltriquitrón, em El Bolsón, na Argentina


Chegando às primeiras neves na trilha ao Cerro Piltriquitrón, em El Bolsón, na Argentina

Chegando às primeiras neves na trilha ao Cerro Piltriquitrón, em El Bolsón, na Argentina


Aos poucos, chegamos ao pé da montanha novamente. Engraçado que, lá de baixo, do fundo do vale, parece que é tudo uma coisa só. Aqui em cima vemos que não, que há planaltos separando as encostas e que o pico pedregoso está muito mais longe do que imaginamos. Enfim, começamos a subir novamente e a trilha cada vez mais se apaga no solo rochoso. A vegetação também está cada vez mais escassa, apenas pequenos tufos de mato, aqui e ali.. Estamos cada vez mais perto de manchas de neve e o riacho ao nosso lado já está seco. Devemos estar próximos dos dois mil metros de altitude e o cume, cada vez mais perto, parece cada vez mais longe.

Trecho com neve e gelo na trilha que sobe o Cerro Piltriquitrón, em El Bolsón, na Argentina

Trecho com neve e gelo na trilha que sobe o Cerro Piltriquitrón, em El Bolsón, na Argentina


Um condor voa ao nosso lado na trilha ao Cerro Piltriquitrón, em El Bolsón, na Argentina

Um condor voa ao nosso lado na trilha ao Cerro Piltriquitrón, em El Bolsón, na Argentina


Finalmente, a trilha some de vez. Agora precisamos buscar o próximo sinal pintado em alguma pedra, seguir até ele e, de lá, buscar o próximo. O terreno está cada vez mais inclinado e sempre desejamos chegar ao próximo platô para um merecido descanso. Ainda é possível desviar da maioria das manchas de neve, mas algumas delas temos de cruzar mesmo. Brasileiros que somos, esse é sempre um ponto alto de caminhadas como essa: chegar até a neve! Quem observa nosso encantamento do alto é um casal de condores, a famosa ave andina. Plainam tranquilamente pelos ares, quase sem bater as longas asas. Aproximam-se de nós, curiosas. Que ave elegante! Que voo perfeito! Aliás, fazem parecer tão fácil que a gente fica com vontade de segui-los. Doce vontade...

Cada vez mais perto do cume do Cerro Piltriquitrón, em El Bolsón, na Argentina

Cada vez mais perto do cume do Cerro Piltriquitrón, em El Bolsón, na Argentina


A crista rochosa do Cerro Piltriquitrón, em El Bolsón, na Argentina

A crista rochosa do Cerro Piltriquitrón, em El Bolsón, na Argentina


Chegamos a uma passagem mais difícil, uma fenda em meio a dois rochedos. Temos de usar as mãos, uma espécie de escalaminhada. A sombra de um dos rochedos nos mostra o frio que faz longe do sol. Um pouco de paciência e vencemos mais esse obstáculo. Agora o cume está realmente perto. É apenas aqui no alto que o fundo do vale reaparece para nossos olhos. El Bolsón ficou minúscula! Os Andes estão ali pertinho, do outro lado do vale. Já podemos ver bem o pequeno monumento que marca o ponto mais alto do Piltriquitrón. Até esquecemos que o ar está escasso, que falta oxigênio nos pulmões. São apenas alguns metros a mais...

Último trecho da trilha ao cume do Cerro Piltriquitrón, em El Bolsón, na Argentina

Último trecho da trilha ao cume do Cerro Piltriquitrón, em El Bolsón, na Argentina


O marco do cume do Cerro Piltriquitrón, em El Bolsón, na Argentina

O marco do cume do Cerro Piltriquitrón, em El Bolsón, na Argentina


Enfim, chegamos. O dia continua maravilhoso. A vista, esplêndida. O ânimo, a mil! E as nossas mochilas carregam o desejado e merecido lanche. Então, é hora de sentarmos, relaxarmos e aproveitarmos a beleza que nos cerca. Identificar as montanhas ao longe, tão longe quanto o Chile e esperar que aqueles dois pontinhos lá embaixo cheguem até nós. São dois outros andarilhos que também tiveram a ótima ideia de passar o dia aqui encima! Por falar em “encima”, olhamos para o alto para descobrir que, por mais que subamos, tem sempre alguém mais alto do que nós, hehehe. Fica para o próximo post...

No cume do Cerro Piltriquitrón, em El Bolsón, na Argentina

No cume do Cerro Piltriquitrón, em El Bolsón, na Argentina


A paisagem que se vê do cume do Cerro Piltriquitrón, El Bolsón lá embaixo no vale, na Argentina

A paisagem que se vê do cume do Cerro Piltriquitrón, El Bolsón lá embaixo no vale, na Argentina

Argentina, El Bolsón, Montanha, Trekking, Patagônia, Piltriquitrón

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Comentários (1)

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  • 15/04/2018 | 22:10 por Mayara Casseta

    Olá tudo bem?

    Vcs fizeram o cerro por conta própria, é sossegado? Ou tem agencia para fazer esses passeios, e se tiver qual foi o valor?

    Att,

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