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Dona Helen (12/10)
Li que Peter Devries e Noah Cohen , eméritos surfistas daií, aguardam ...
mabel (10/10)
Que imagens!!!!! Cada vez tenho mais vontade de conhecer o Canadá. Abra...
landre santos machado (09/10)
oje ainda esta asim esta estrada pense como era em 80 e nos trasportava ...
Dona Helen (09/10)
Apóa a leitura de ontem ,preparei-me para comentar que a opor- tunidade...
mabel (09/10)
Mirante dos tepuis, na Gran Sabana, na Venezuela
O que nos trouxe à Venezuela em 2007 foi o Monte Roraima. O mais famoso dos tepuis se localiza na fronteira tríplice entre Venezuela, Brasil e Guiana, mas o único acesso a ele é pelo lado venezuelano. Mesmo os grupos e tours organizados no lado brasileiro, principalmente em Boa Vista, primeiro viajam até Santa Elena, já na Venezuela, e de lá para Paraitepui, a pequena aldeia indígena de onde parte à trilha ao topo da montanha.
Em um mirante, admirando diversos tepuis, incluindo o Monte Roraima, na Gran Sabana, na Venezuela
Esse foi o nosso caminho há seis anos, mas contratamos o tour em Santa Elena mesmo. Foi uma experiência inesquecível, nossa primeira grande viagem juntos, das quais temos muitas lembranças, saudades e fotografias. Vou relatar como foi essa aventura nos posts seguintes.
Em um mirante, admirando diversos tepuis, incluindo o Monte Roraima, na Gran Sabana, na Venezuela
Agora, durantes esses 1000dias, sempre imaginamos como seria nosso roteiro aqui na Venezuela. Certamente, gostaríamos de rever tudo o que tínhamos visto em 2007, além de conhecer também novos lugares. Mas, atrasados que estamos no nosso cronograma, não pudemos fazer isso. Caracas e Los Roques, por exemplo, ficaram para trás. O Salto Angel, este era questão de honra voltar e conseguir ver o que não tínhamos visto da outra vez. Mas e o Roraima, a montanha tão especial em nossa história pessoal?
Paisagem típica da parte sul da Gran Sabana, na Venezuela
Chalés de uma pousada na Gran Sabana, na Venezuela
A maioria dos tours para lá dura seis dias e cinco noites. Mas nós já havíamos nos prometido que, quando voltássemos para lá, seria para chegar até o misterioso lago Gladys, num ponto mais afastado no topo do tepui. Teria de ser um arranjo especial com o tour e certamente nos tomaria um sétimo dia. Foi com dor no coração que percebemos, já há algum tempo, que essa semana a mais não caberia no nosso roteiro, a não ser que abríssemos mão de outros lugares que ainda não conhecíamos. A triste decisão racional que tomamos foi de deixar nosso retorno a essa montanha mágica para algum outro momento no futuro.
A Fiona também admira os tepuis da Gran Sabana, na Venezuela
A decisão já nos doeu quando a tomamos, há cerca de um mês. Mas foi hoje, passando tão pertinho do Roraima, que realmente sentimos Tão perto, e tão longe...
A grandiosa paisagem da Gran Sabana e seus tepuis, na Venezuela
Enfim... bola para frente. Tratamos foi de curtir esse visual absolutamente maravilhoso da região, diversos tepuis cabendo em um mesmo horizonte, montanhas que testemunharam a formação e destruição de continentes, nascimento e extinção de espécies e que agora, nos veem passar por ali, um casal em sua intrépida Fiona...
Admirando uma mágica mistura de sol e chuva no céu de fim de tarde da Gran Sabana, na Venezuela
Aliás, fizemos questão de parar num mirante e apresentar a Fiona aos tepuis a ao Monte Roraima. Lá de longe, ele sorriu para nós. Na sua paciência multi-milenar, sabe que um dia voltaremos. E se não voltarmos, voltarão outros. Ele vai estar aqui, nos esperando.
Entrada para o Monte Roraima, na vila de Paraitepui, na Gran Sabana, na Venezuela
A Fiona não entendeu bem quando paramos na estrada que dá acesso à Paraitepuy (e ao Monte Roraima), fotografamos, mas não entramos. “Ué, não vamos para lá?” – “Não, Fiona, vamos para o Brasil!”. E assim, seguimos para o sul, deixando para trás esse mundo perdido que inspirou Sir Arthur Conan Doyle, há um século, a escrever seu best-seller “The Lost World”, sobre o mundo parado no tempo onde ainda viviam dinossauros, no topo do Monte Roraima.
O Brasil aparece na placa! (atravessando a Gran Sabana, na Venezuela)
È... deixamos os dinossauros para trás e seguimos para onde deveríamos seguir. Mas o Roraima não se esqueceu de nós e providenciou um céu espetacular para nos indicar o caminho a seguir. A luz do fim de tarde, a chuva, arrcoíris e até uma nuvem com o exato formato de um cogumelo atômico nos mostravam aonde era o Brasil.
Uma bomba atômica parece explodir nos céus da Gran Sabana, na Venezuela
Momentos mágicos, devidamente capturados e eternizados nas fotos. Para nunca mais esquecermos desse lugar tão incrível que é a Gran Sabana e o Monte Roraima. Falando nisso, nos próximos posts, suba conosco (mais novinhos!) essa maravilhosa montanha...
Admirando uma mágica mistura de sol e chuva no céu de fim de tarde da Gran Sabana, na Venezuela
Admirando a grandiosidade da Sierra de San Francisco, no deserto Vizcaino, na Baja California - México
Sem muita pressa, afinal tínhamos um dia inteiro pela frente, acordamos, tomamos o café da manhã e empacotamos a Fiona. A noite de hoje não seria mais aqui, em San Ignacio, mas no alto da Sierra de San Francisco, em pleno deserto Vizcaino, longe das luzes da cidade e embaixo do mais estrelado dos céus. Não seria uma viagem longa: 40 km pela transpeninsular (que acabará por nos levar até Tijuana) e um desvio com mais 30 km de asfalto e outros 10 de terra, em estado precário.
Encontro com americanos em San Ignacio, na Baja California - México
Primeiro, precisamos voltar à sede da Inah para comprarmos nossos ingressos à Sierra e às cuevas que lá estão, com suas pinturas rupestres de milhares de anos. Depois, já estando na praça central de San Ignacio perto do meio-dia, uma ótima oportunidade para o almoço. Aí conhecemos um grupo de americanos que voltava exatamente de lá, da Sierra de San Ignacio e do hotel rústico onde pretendíamos ficar. Os mesmos americanos a quem nosso guia de ontem havia se referido, os “doutores” que estavam fazendo serviço voluntário na região.
Vista da imensa planície desértica, subindo a Sierra de San Francisco, no deserto Vizcaino, na Baja California - México
Pois é, os “doutores” são dentistas de uma ONG americana que, uma vez ao ano, vem à esta região para trabalhar por um tempo, fazer uma revisão geral das bocas dos habitantes das serras de Sam Francisco e Santa Marta. Acabavam de terminar o trabalho na primeira e seguiam para a segunda, onde havíamos estado ontem. Um deles não era dentista não, apenas casado com uma. Mas vem sempre junto, é fotógrafo documental e tem um livro joia sobre a vida dos “califórnios”. Muito simpático, nos presenteou com um exemplar!
Vista da imensa planície desértica, subindo a Sierra de San Francisco, no deserto Vizcaino, na Baja California - México
Admirando a grandiosidade da Sierra de San Francisco, no deserto Vizcaino, na Baja California - México
E nós, bem alimentados, seguimos viagem, atravessando a enorme planície desértica do Vizcaino. Não demorou muito e já tínhamos pego o desvio, agora seguindo diretamente para a Sierra de San Francisco, que ía crescendo no nosso horizonte. Esta estrada está sendo asfaltada e o trecho que sobe a serra, um pesadelo até há poucos anos, já está pronto. Lá de cima, uma vista absolutamente grandiosa da infinita planície abaixo de nós. Que mundo enorme! As luzes de tarde ainda faziam tudo ficar mais bonito!
Fiona no pueblo da Sierra de San Francisco, no deserto Vizcaino, na Baja California - México
Não só a planície atrás de nós, mas também s canyons à frente. Nesse trecho, a estrada tem de serpentear entre as encostas íngremes, contornando vales e precipícios profundos. É o trecho que ainda é de terra e precário. Ao mesmo tempo, é o que ainda protege esse região maravilhosa e isolada do acesso de centenas de turistas.
Nosso rústico hotel na Sierra de San Francisco, no deserto Vizcaino, na Baja California - México
Enfim, chegamos ao nosso hostal, a primeira construção do pequeno e humilde povoado de San Francisco. Marcamos nosso passeio para amanhã, à primeira hora, e vamos passear na pequena vila. Um lugarejo perdido no tempo e no espaço, localizado no meio de uma natureza belíssima, a mais de 1.200 metros de altitude. São poucas as famílias que aí vivem, uma orgulhosa de seu belo jardim florido, outra da igreja nova da cidade, outra preocupada pela dificuldade de trabalho na região, todas em dúvida sobre os benefícios e mudanças que trará a nova estrada, quando estiver pronta. É assim no Brasil, no México e em todo mundo. Uma estrada traz o progresso, com suas facilidades e problemas.
Jardim de flores no pueblo da Sierra de San Francisco, no deserto Vizcaino, na Baja California - México
Ao lado do povoado está a trilha que desce um profundo canyon onde estão várias grutas com pinturas rupestres. Para se conhecer o lugar, é um passeio de três dias e duas noites ao relento, em barracas. Obrigatoriamente com guia e mulas para carregar a bagagem e também os próprios turistas morro abaixo e, principalmente, morro acima, na volta. O preço da “expedição” acaba saindo caro, mas que fez diz que vale muito a pena. As pinturas e o “mundo” lá embaixo são inesquecíveis, dizem. Para nós, foi uma difícil decisão. Apertados mais pelo tempo que pelo dinheiro, acabamos optando por apenas vir ate aqui passar a noite e, amanhã fazer uma visita à uma gruta aqui no alto mesmo. Decidir foi difícil, mas mais difícil ainda é não se arrepender...
Cores fortes na igreja nova do pueblo da Sierra de San Francisco, no deserto Vizcaino, na Baja California - México
Voltamos para nosso hostal e jantamos um verdadeiro banquete preparado pela simpática Jadira: além dos tradicionais petiscos mexicanos, uma abobrinha com queijo de cabra derretido. Hmmmm! O friozinho lá fora e o refúgio de madeira e pedra em que estávamos fazia tudo ficar mais gostoso ainda.
Esperando o jantar no refeitório do nosso hostal na Sierra de San Francisco, no deserto Vizcaino, na Baja California - México
Por fim, já dez da noite, todos dormindo, luzes apagadas, eu e a Ana, enrolados em nossos cobertores, ainda fomos passear um pouco pelo terreno, completamente extasiados com o céu acima de nós. Noite de lua nova, não havia concorrência para as estrelas (e muito menos sujeira no ar!). Absolutamente formidável, nossa última noite na Baja California Sur. Amanhã, depois da nossa visita da Cueva del Ratón, começamos a longa viagem à Tijuana.
A lua nova, Júpiter e Vênus na noite sobre a Sierra de San Francisco, no deserto Vizcaino, na Baja California - México
Os três viajantes posando para fotos na Serra do Intendente, em Tabuleiro - MG
De novo, encontro dificuldades em encontrar adjetivos para cacacterizar a beleza de um lugar. A outra vez tinha sido no Parque Nacional Cavernas do Peruaçu, há pouco mais de uma semana. Agora é aqui, em Tabuleiro, na região do Parque Estadual da Serra do Intendente, uma braço da Serra do Espinhaço, no centro de Minas Gerais.
Serra do Intendente, em Tabuleiro - MG
Estamos do lado da Serra do Cipó, um parque nacional bem conhecido de paulistas, cariocas e mineiros, Aliás, esse é nosso próximo destino. Ao lado desse parque, temos esse outro, estadual. Confesso que nunca tinha ouvido falar. Para mim, era tudo Serra do Cipó. Incrível como, quanto mais viajo e conheço lugares, mais percebo o quanto sou ignorante sobre as belezas do nosso país. É aquela história do "quanto mais sei, mais sei o quanto não sei"...
A flôr do cactus, na Serra do Intendente, em Tabuleiro - MG
Enfim, é uma região deslumbrante que eu e a Ana apenas começamos a conhecer hoje. Amanhã tem mais, inclusive a jóia da coroa, a Cachoeira do Tabuleiro, maior do estado e terceira maior do país, com mais de 270 metros.
Na Cachoeira do Rabo de Cavalo, na Serra do Intendente, em Tabuleiro - MG
Hoje, junto com nosso guia Fabrício, fomos a duas das grandes atrações da região. "Grandes" nos dois sentidos, no tamanho e na beleza. A Cachoeira do Rabo de Cavalo e o Canyon do Peixe Tolo. Apesar de serem vizinhas entre si (a pouco mais de 20 km daqui), não é muito comum serem visitadas no mesmo dia não. Mas, para nós, foi apenas o primeiro dia da nossa maratona de quatro dias para conhecermos a região (os parques nacional e estadual). E que primeiro dia!
Fiona enfrentando obstáculos na Serra do Intendente, em Tabuleiro - MG
A Fiona nos leva para pertinho das duas atrações, e caminhadas de 1-2 horas nos levam para dentro dos canyons. Um deles, termina numa cachoeira de mais de 150 metros com um belo poço de água fria para nos refrescarmos. No outro, a própria caminhada já é uma atração. Vamos por dentro do leito do rio, saltando de pedra em pedra, uma delícia! Dos dois lados, paredes com mais de 200 metros de altura que aos poucos vão se afunilando, se fechando sobre nós. Cenário de filme de dinossauros. Ou de Indiana Jones. O rio tem águas amareladas e transparentes. Bem distinto dos rios de água esverdeada da Serra da Canastra ou cor de coca-cola da Chapada Diamantina. Cada um com sua beleza! A caminhada nesse canyon, cujo nome vem dos peixes cansados e tontos depois de todo o esforço para vencer as corredeiras, na piracema, terminou num poço formadonuma enorme cavidade em uma das paredes de mais de 200 metros de altura. Um lugar mágico, com águas congelantes e com um eco que dura intermináveis segundos. O banho no poço e nas águas que caem lá de cima, numa espécie de chuveirão, além de congelar o corpo, lava a alma e qualquer pecado que possamos ter. O Gran Finale de um grande dia!
Saltando na Cachoeira do Rabo de Cavalo, na Serra do Intendente, em Tabuleiro - MG
Em pleno diade semana, uma quarta-feira, éramos os únicos nesses dois canyons. Em feriados, parece que é mais concorrido. Inclusive, o delicioso hostel em que estamos passou Julho inteiro lotado. Sorte desse pessoal de BH, tão perto desse lugar incrível. O nosso simpático guia bem disse: "Eu até me acostumo com cidade grande, mas não troco minha vida nesse lugar por cidade nenhuma no mundo".
As altas paredes do Canyon do Peixe Tolo, na Serra do Intendente, em Tabuleiro - MG
Realmente, voltando do passeio hoje, dia maravilhoso e sadio atrás de nós, agora no conforto da Fiona por pacatas estradas de terra, ouvindo a deliciosa trilha musical que minha amada esposa vai tocando no ipod, fico imaginado que estou bem perto, bem perto mesmo daquilo que chamaria um dia perfeito. Serra do Intendente, incrível só ter te conhecido hoje. Serra do Intendente, incrível ter te conhecido!
Poço de águas geladas no Canyon do Peixe Tolo, na Serra do Intendente, em Tabuleiro - MG
O rio de águas amareladas no Canyon do Peixe Tolo, na Serra do Intendente, em Tabuleiro - MG
Admirando a paisagem da trilha para a Laguna de Los Tres, no parque Los Glaciares, região de El Chaltén, no sul da patagonia argentina
Acordamos hoje para nossa última e maior caminhada na região de El Chaltén, aqui no Parque Nacional Los Glaciares, sul da Argentina. Inclusive, diferentemente das outras duas trilhas que fizemos em que retornávamos à cidade ao final do dia, dessa vez a ideia era dormirmos no próprio parque, acampados. Mas antes de começarmos a caminhar, ainda tínhamos outras coisas para resolver.
Início da trilha para a Laguna de Los Tres, no parque Los Glaciares, região de El Chaltén, no sul da patagonia argentina
Admirando a paisagem da trilha para a Laguna de Los Tres, no parque Los Glaciares, região de El Chaltén, no sul da patagonia argentina
Para começar, estávamos saindo da nossa pousada. Quando chegamos à El Chaltén na noite do dia 14, foi um Deus nos acuda para encontrarmos algum lugar para ficar. Nessa época do ano, a cidade é muito concorrida, há muito mais demanda do que oferta. O clima é muito severo por aqui nos outros meses do ano e a grande maioria dos turistas vem mesmo é no verão. Nós, como sempre, não tínhamos reserva. Como viajamos no próprio carro, sem roteiro e datas engessados, nunca sabemos exatamente quando vamos chegar a algum lugar. Quase sempre, isso é uma vantagem. Mas também passamos uns poucos apertos, como quando a cidade em que chegamos está lotada. Foi o caso aqui de El Chaltén, principalmente quando se chega de noite, depois de um dia intenso e algumas centenas de quilômetros de estrada e ainda não se conhece a cidade. Enfim, procura daqui, procura dali, achamos uma pousada bem legal, mas que só tinha lugar até a manhã de hoje.
A bela paisagem da trilha para a Laguna de Los Tres, no parque Los Glaciares, região de El Chaltén, no sul da patagonia argentina
A caminho da Laguna de Los Tres, admirando as montanhas famosas do parque Los Glaciares, região de El Chaltén, no sul da patagonia argentina
Na verdade, isso até nos ajudou a definir nossa agenda de caminhadas por aqui, deixando essa para a Laguna de Los Tres em que iríamos dormir no parque por último, encaixada com as noites disponíveis da pousada. Mas além das caminhadas, decidimos também fazer um curso de escalada no gelo em uma das geleiras da região. Ou seja, precisaríamos de mais uma noite por aqui. Com calma e de dia, encontramos um quarto em uma pousada mais simples para a noite de amanhã, quando regressarmos do nosso trekking no parque. Então, nossa primeira atividade do dia foi mudar nossa bagagem de pousada. O quarto ainda não era nosso na manhã de hoje, mas pudemos deixar as mochilas e o carro por lá.
Chegando à Laguna Capri e a caminho da Laguna de Los Tres, no parque Los Glaciares, região de El Chaltén, no sul da patagonia argentina
Chegando à Laguna Capri e a caminho da Laguna de Los Tres, no parque Los Glaciares, região de El Chaltén, no sul da patagonia argentina
A segunda atividade foi justamente fecharmos o tal curso de escalada. Já tínhamos reservado antes, mas faltava pagar e testar os equipamentos que iríamos usar, principalmente as botas da Ana. Eu resolvi fazer o curso com minhas botas mesmo, embora eles não sejam tão rígidas como deveriam ser para uma atividade dessas. Separamos grampões e capacetes para nós, conversamos com alguns guias, marcamos a hora do encontro, enfim, deixamos tudo pronto para a manhã do dia 19. Agora, só faltava combinar com São Pedro para que as condições de tempo fossem favoráveis ou, ao menos, não fossem desfavoráveis.
Com o dia limpo, pode-se ver claramente o Fitz Roy e o Cerro Torre, no parque Los Glaciares, região de El Chaltén, no sul da patagonia argentina
Fitz Roy visto da Laguna Capri, no parque Los Glaciares, região de El Chaltén, no sul da patagonia argentina
E assim, com tudo acertado, mudamos o foco de nossas cabeças novamente para a caminhada que tínhamos à nossa frente. Ainda não sabíamos como estaria o tempo no dia 19, mas hoje de manhã ele estava absolutamente radiante, muito sol e pouco vento. Perfeito para entrarmos no parque mais uma vez e também para vermos e fotografarmos as montanhas maravilhosas no horizonte.
As principais trilhas feitas a partir de El Chaltén, ao lado do Parque Nacional Los Glaciares, na Argentina
Característica das principais caminhadas feitas a partir de El Chaltén, ao lado do Parque Nacional Los Glaciares, na Argentina
A trilha que faremos esses dois dias no parque é, na verdade, uma junção de 3 diferentes trilhas, formando uma espécie de circuito ou loop. No mapa de trilhas que há neste post é fácil ver o caminho. Saímos de El Chaltén, fomos em direção à Laguna Capri e de lá para Poincenot. Foi aí que armamos nossa barraca, mesmo antes de subirmos até a Laguna de Los Tres. Descemos de volta para dormir e, amanhã cedo, enfrentaremos os 400 metros de desnível novamente para voltarmos à Laguna de Los Tres. Voltamos uma última vez a Poincenot para desarmarmos e guardarmos nossa barraca e pegamos a trilha que passa pelas Lagunas Madre e Hija. Essa trilha termina no caminho que leva à Laguna Torre, onde estivemos no dia 16. Finalmente, já com caminho conhecido, regressamos à El Chaltén. Total da brincadeira: uns 35 quilômetros.
Cada vez mais pertos do Fitz Roy, Cerro Torre e Laguna de Los Tres, no parque Los Glaciares, região de El Chaltén, no sul da patagonia argentina
Glaciar Piedras Blancas, visto da Laguna Capri, no parque Los Glaciares, região de El Chaltén, no sul da patagonia argentina
Bem, começamos a trilha mais tarde do que o normal e por isso, caminhamos praticamente sozinho. Depois do dia nublado que tivemos na caminhada anterior, ver aquele céu azul era um colírio para os olhos. Logo depois de deixarmos a cidade, a trilha começa a subir uma encosta e continua subindo por pouco mais de uma hora. Depois, chegamos em um vale e nele seguimos praticamente no plano, algumas subidas e descidas aqui e ali. Atravessamos alguns bosques de lenga e temos sempre o majestoso Fitz Roy a nossa frente, uma espécie de referência do quanto estamos evoluindo em nossa caminhada. Não só ele, mas as belas e escarpadas montanhas ao seu lado, todas vão ficando cada vez maiores no horizonte. A cada bosque que saímos, lá estão elas, as montanhas, nos dando as boas-vindas. Nunca vou me cansar de repetir: lindas, lindas e lindas!
Encruzilhada importante na trilha da Laguna de Los Tres, no parque Los Glaciares, região de El Chaltén, no sul da patagonia argentina
Pontes improvisadas para cruzar trecho encharcado da trilha para a Laguna de Los Tres, no parque Los Glaciares, região de El Chaltén, no sul da patagonia argentina
Pouco depois da metade do caminho até o ponto onde vamos dormir, chegamos à Laguna Capri. Também há um camping nesse local, todos querendo aproveitar a beleza da lagoa e a imagem da cadeia de montanhas refletida em suas águas. Num dia sem vento, seria a foto perfeita. Se ficássemos mais tempo por lá e com esse céu azul como inspiração, talvez eu até tivesse coragem para um rápido mergulho. Mas já era tarde e ainda tínhamos muitos quilômetros pela frente. Então a Laguna Capri ficou para trás enquanto o Fitz Roy continuou a crescer no nosso campo de visão.
Cruzando riacho e quase chegando a Poincerot, local de camping da trilha da Laguna de Los Tres, no parque Los Glaciares, região de El Chaltén, no sul da patagonia argentina
Pouco antes de chegarmos a Poincenot está a bifurcação da trilha que faz a ligação com as Lagunas Madre e Hija e o caminho para a Laguna Torre. É o sentido que tomaremos amanhã de tarde. Mas hoje, seguimos para o acampamento, atravessando um terreno alagado onde pequenas pontes de madeira nos ajudavam a cruzar os trechos mais encharcados. Por fim, dentro de um aprazível bosque de lengas, o acampamento Poincenot, onde armamos nossa barraca. É aqui que também ficam todos os alpinistas profissionais que vem ao parque para tentar subir o Fitz Roy ou algum outro pico que faz parte da mesma formação, como o Mermoz ou o Guillaumet. São todas montanhas completamente além das habilidades de simples mortais como nós! Só nos resta admirá-las aqui de baixo, torres de pedra que parecem desafiar a gravidade e tentar chegar aos céus.
Mata de Poincerot, local de camping para quem segue até a Laguna de Los Tres, no parque Los Glaciares, região de El Chaltén, no sul da patagonia argentina
Nossa barraca armada no camping de Poincerot, no parque Los Glaciares, região de El Chaltén, no sul da patagonia argentina
Barraca armada e um tempinho para recuperar o fôlego, partimos para os três quilômetros finais, agora com muito menos peso. Ainda bem, pois esse é o pedaço mais duro dessa trilha. Subimos uma verdadeira pirambeira e ganhamos cerca de 400 metros de altitude, tudo isso no quilômetro final da trilha. Nessa escadaria montanha acima cruzamos muita gente descendo, pois éramos praticamente os últimos do dia. Foi aqui que, poucos dias atrás, o Helder e a Lilian, os Nerds Viajantes, tiveram de desistir antes de chegar no alto. O famoso vento patagônico apareceu e era tão forte que chegava a derrubar as pessoas. O Helder seguiu o quanto pôde, mas as pessoas que desciam o desaconselhavam a continuar. Por fim, quase lá no alto, uma rajada mais forte fez ele ver que realmente deveria descer.
Lagunas Madre e Hija no parque Los Glaciares, região de El Chaltén, no sul da patagonia argentina
Ele tinha contado essa história para nós quando nos encontramos em El Chaltén, dois dias atrás. Então, já estávamos psicologicamente preparados e eu havia decidido que apenas um furacão me faria desistir. Mas não teve nada disso não. Tudo estava calmo e a nossa única dificuldade era mesmo a própria subida, os ziguezagues e degraus que não acabavam mais. Com o fim do dia se aproximando, decidi acelerar e me separar da Ana. Eu queria chegar lá encima ainda com luz para fotografar.
O sol se esconde atrás dos paredões de pedra na Laguna de Los Tres, no parque Los Glaciares, região de El Chaltén, no sul da patagonia argentina
A magnífica paisagem do interior da Guatemala no caminho para Cobán
Dia de botar o pé na estrada, após três noites em Antigua. Nosso rumo é o norte, até a maravilha natural de Semuc Champey. Para isso a rota “normal” seria voltar para a Cidade da Guatemala e de lá pegar a estrada para Cobán. Digo “normal” porque esse é o caminho das autoestradas e por onde seguem as vans com turistas. Mas, se olharmos no mapa, fica claro que estamos dando uma volta maior e não tomando a rota direta.
A maior e mais profunda travessia de rio feita pela Fiona até agora, no caminho para Cobán, na Guatemala
Estando de Fiona, resolvemos ignorar a tal rota “normal”, a mesma aconselhada pelo nosso GPS e seguir mesmo por dentro, cortando o país e deixando as autoestradas de lado.
Um guia nos leva através de um rio no caminho para Cobán, na Guatemala
O lado bom da escolha foi ver um outro lado da Guatemala. Passamos por dentro de diversas cidades não turísticas, pelo meio de feiras movimentadas e ruas apertadas. Atravessamos paisagens lindíssimas, subindo e descendo vales e seguindo pela cristas de cadeias montanhosas. Cortamos fazendas de café e, por estradas de terra, trechos curvilíneos descendo encostas íngremes com verdadeiros penhascos logo ali do lado. Frio na barriga gostoso!
A Fiona vai fazendo ondas na travessia de rio no caminho para Cobán, na Guatemala
O lado ruim foram trechos de estradas esburacados. Ou então, uma sucessão infindável de “túmulos” (o modo como chamam quebra-molas aqui), de se perder a paciência. Com isso, o tempo de viagem aumentou e como não tínhamos saído cedo (pra variar!), ficou meio tarde para chegarmos ao destino final. Resolvemos então ficar em Cobán, a metrópole regional do departamento de Alto Verapaz, onde está Semuc Champey. O problema é que o único hotel que gostamos de lá estava lotado.
Um guia nos leva através de um rio no caminho para Cobán, na Guatemala
Mas não perdemos a viagem! O restaurante do hotel era ótimo, o El Bistro, de comida alemã. Pois é, até a 2ª Guerra Mundial a região tinha forte colonização alemã e muitos dos costumes ficaram. O engraçado era ver o pessoal que trabalhava lá, bem guatemaltecos, mas com roupa típica alemã, até o chapéu! Os alemães mais indígenas que já vi! Muito simpáticos, até indicaram um lugar para ficarmos, na pequena San Pedro Charchá, 6 km à frente, já no nosso caminho de amanhã.
A ponte levada pelas chuvas no caminho para Cobán, na Guatemala
Digno de nota na viagem de hoje foi a maior e mais profunda travessia de rio que a Fiona já enfrentou. Após uns 30 km de estradas de terra chegamos a um rio onde a ponte tinha caído há mais de um ano, numa grande cheia. Carros altos e tracionados podem passar pelo rio mesmo, num percurso de uns cem metros. Uma pessoa vai à frente, de guia, mostrando o melhor caminho. Confesso que quando vi a água passar sobre a cintura dele, fiquei meio preocupado. Mas, já estávamos na água, e quem está na água é para se molhar! A Fiona enfrentou o rio valentemente, água quase no meio das portas, mas não entrou nem uma gota na cabine. Mais uma lembrança que guardaremos para sempre dessa linda e querida Guatemala.
Aqui é possível perceber a estrada pelo rio no caminho para Cobán, na Guatemala
Descansando e admirando a paisagem da trilha que desce até o fundo do Grand Canyon, no Arizona, nos Estados Unidos
Dezoito anos atrás eu fazia uma viagem parecida com essa. Quer dizer, mais ou menos. Eu também atravessava a “América” de carro, mas o carro não era meu, eu estava só, a tal “América”, na verdade, era só os Estados Unidos e os 1000dias eram apenas dez. Recém formado, tinha vindo passar uns meses em Nova Iorque, para estudar inglês. Aproveitava a mamata de minha irmã ter um apartamento na cidade. Ao final do curso, consegui outra mamata: uma família de New Jersey estava se mudando para Phoenix, no Arizona, e precisava que alguém levasse o seu carro até lá, um Pontiac. Pagariam até o combustível e mais uma pequena ajuda para a alimentação. O único porém é que eu deveria fazer o percurso em, no máximo, 10 dias.
No ônibus, a caminho do início da trilha para descer o Grand Canyon, no Arizona, nos Estados Unidos
Visão de um ensolarado Grand Canyon, antes de iniciarmos a trilha que desce até o rio Colorado, no Arizona, nos Estados Unidos
Achei muito bom negócio e mergulhei na América. Naquela época, não tinha GPS nem copilota, mas tinha bons mapas e as estradas são muito bem sinalizadas. Tratei de montar um roteiro de 10 dias, com muita estrada e algumas paradas chaves. Uma delas foi o Grand Canyon, já quase no final da viagem. Como tudo o que fiz naqueles dias, foi literalmente correndo. Cheguei aqui pela manhã, corri até rio Colorado, 1.000 metros abaixo, comi um sanduíche e voltei no trote. Quando o sol se escondeu, na parte final da subida, passei um frio danado, o corpo reclamando da falta de energia e excesso de esforço. Lembro da felicidade em chegar ao ar aquecido do Pontiac. Depois, num último esforço, ainda dirigi até Flagstaff, onde desabei na primeira cama de hotel. Doze horas mais tarde, acordei com uma linda vista pela janela, uma grande montanha coberta de neve. Engraçado que é exatamente essa a minha lembrança mais forte, dezoito anos depois, daqueles dez dias: a montanha nevada na janela, uma visão quase mágica para alguém que quase nunca havia visto neve antes disso.
Início da trilha de descida do Grand Canyon, o caminho cheio de neve e gelo, no Arizona, nos Estados Unidos
Início de caminhada, a trilha ainda na sombra enquanto, ao fundo, o sol inunda o Grand Canyon no Arizona, nos Estados Unidos
Esses eram meus pensamentos enquanto estávamos no ônibus que recolhe pessoas em vários pontos do parque para deixá-los no início da trilha de South Kaibab, um dos caminhos até o rio Colorado, no fundo Grand Canyon. Eu e a Ana fomos “recolhidos” no escritório que emite as autorizações para se acampar no parque. São cinco dólares de taxa, mais cinco dólares por noite. Assim, pagaríamos 10 dólares cada um, bem mais barato que os quase 100 que pagaríamos para ficar no lodge. Já o ônibus, é um serviço gratuito do parque, desde que você tenha pago seu ingresso para entrar nele. Nós, com nosso vale anual, não precisamos pagar ingresso. Aliás, esse vale foi um dos melhores investimentos que fizemos por aqui. Custou 80 dólares. Se somássemos todos os ingressos dos parques que visitamos esse ano, certamente esse número estaria acima dos trezentos...
A magnífica vista do Grand Canyon enquanto descemos, o sol tomando conta da paisagem, de pouco em pouco (no Arizona, nos Estados Unidos).
Mas, voltando ao ônibus, nós e outros oito turistas fomos deixados na South Kaibab Trail, cujo ponto inicial está a alguns quilômetros da área central do parque. Nossa ideia era descer por ela e subir amanhã pela Bright Angel Trail, que já chega à borda do canyon bem pertinho de onde ficou a Fiona. Vamos assim completar um circuito, descendo hoje cerca de 1.450 metros ao longo de 11,3 quilômetros de trilhas e subindo amanhã 1.330 metros distribuídos em pouco mais de 15 quilômetros de trilhas. Por mais que me esforce, não consegui lembrar o caminho que fiz da outra vez. Só me lembro da montanha nevada na janela...
Durante a trilha de descida, admirando a paisagem do Grand Canyon no Arizona, nos Estados Unidos
Trilha em meio à grandiosidade do Grand Canyon no Arizona, nos Estados Unidos
Hoje, dia inteiro para descer, a única preocupação era mesmo o gelo na trilha. Mas cartazes no início do caminho tentavam nos alertar de outros perigos. Todos os anos, morre gente por aqui. Seja por descuido, seja por imprudência, seja por mal planejamento. Quase sempre, ocorrem nos meses mais quentes, quando a temperatura pode atingir facilmente os 40 graus, sob um sol inclemente. O cartaz que mais chamou minha atenção foi aquele que alertava: “Você acha que o Grand Canyon pode matar alguém que já correu a maratona de Boston?”. Para quem não sabe, a maratona de Boston é a mais antiga e tradicional do mundo. Não é qualquer um que pode correr ali. É preciso correr abaixo de um tempo índice antes. Esse tempo índice depende da faixa de idade, mas são tempos sempre fortíssimos. Por exemplo, na faixa de 35-40 anos, para homens, para correr em Boston, é preciso já ter corrido uma maratona em menos de 3 horas. Quem já correu uma maratona sabe o que isso significa. Enfim, correr em Boston é sinônimo de ser um excelente corredor no auge da sua forma física.
Descendo até o fundo do Grand Canyon no Arizona, nos Estados Unidos
Trilha em meio à grandiosidade do Grand Canyon no Arizona, nos Estados Unidos
Voltando ao cartaz, a resposta é um sonoro “sim!”. E eles dão o exemplo verdadeiro de uma maratonista de Boston que veio ao Grand Canyon com uma amiga. Queriam descer por aqui e fazer uma trilha de cerca de 25 quilômetros. Levavam suas barras de cereais e um litro de água para cada uma. Acabaram se perdendo no caminho que seguia por trilhas secundárias. A amiga teve insolação e não conseguia mais sair do lugar. A maratonista deixou o resto da água que ainda tinha com ela e correu para pedir ajuda. Vinte e quatro horas mais tarde, o socorro encontrou a amiga ainda viva. A maratonista não teve a mesma sorte, sucumbindo ao calor e desidratação. Hoje, além de ex-maratonista, ele serve de exemplo a todos os que se aventuram naquela trilha e param para ler aquele cartaz...
Mulas trazem turistas do fundo do Grand Canyon, no Arizona, nos Estados Unidos
Pausa para lanche na espetacular trilha que desce o Grand Canyon, no Arizona, nos Estados Unidos
Enfim, nós tínhamos comida e água mais que suficientes, o clima nos era bem mais favorável e não estávamos com pressa para chegar. Bem diferente de 18 anos atrás. Deixamos que os outros turistas começassem antes de nós, todos com seus calçados envolvidos nas correntes antiderrapantes e seguimos cuidadosamente. Um escorregão ali e outro aqui, mas nada de perigo, apenas diversão. Deu logo para ver que hoje não precisaríamos delas. A outra trilha promete ser mais escorregadia, mas subindo fica mais fácil se equilibrar.
Já se percebe perfeitamente o "canion interior", dentro do Grand Canyon no Arizona, nos Estados Unidos
Enfim, passada essa preocupação, todo o resto foi só contentamento. A cada curva, a cada minuto, a paisagem era simplesmente deslumbrante. O cenário que nos envolvia tinha uma beleza muito além de palavras para descrevê-la. A grandiosidade é quase asfixiante. Eu, que não sou muito religioso, a todo momento tinha a vontade de agradecer a alguém, ou a alguma coisa, a oportunidade de estar lá. Seja a um deus que vive lá encima, seja ao destino, seja à natureza, seja ao universo, alguém tem de ser parabenizado por esse “trabalho” tão perfeito.
Paisagens de tirar o fôlego na descida do Grand Canyon, no Arizona, nos Estados Unidos
Paisagens de tirar o fôlego na descida do Grand Canyon, no Arizona, nos Estados Unidos
E felizes daqueles que podem passar por aqui! De preferência, com calma e máquina fotográfica nas mãos, com a paciência que o cenário nos inspira. Um sanduíche na mochila também ajuda! Parar para um lanche cercado pelas enormes paredes do Grand Canyon não tem preço!
Pela primeira vez, observamos diretamente o rio Colorado, no fundo do Grand Canyon, no Arizona, nos Estados Unidos
A grosso modo, a trilha desce primeiro pelas paredes do canyon exterior, depois abaixa lentamente através de um platô intermediário até descer novamente em ziguezague pelas paredes do canyon interior. É só nesse ponto que passamos a ver o rio Colorado, lá embaixo. No caminho, fomos fazendo amigos e conhecidos, gente que começou a trilha mais cedo ou pessoas que deixaram para acordar mais tarde. Conversamos muito com um simpático e energético casal sexagenário, que costuma fazer essa trilha duas vezes ao ano, já há bastante tempo. Conhecem todos os caminhos por aqui e disseram que o ideal é reservar duas noites lá embaixo.
Ponte cruza o rio Colorado, no fundo do Grand Canyon, no Arizona, nos Estados Unidos
A gente chegou ao canyon interior no meio da tarde, quando o rio recebia seus últimos raios de sol. Emocionante vê-lo novamente, depois de tanto tempo. Um pouco mais tarde, após o último ziguezague da trilha, atravessávamos o túnel na rocha que dá acesso à ponte pênsil que atravessa o rio. Menos de um quilômetro depois, chegamos á área de camping, dentro de um canyon lateral do Grand Canyon. Encontramos um lugar vago, armamos nossa barraca e, sem peso, saímos para uma caminhada de fim de tarde.
Uma majestosa lua nasce sobre as paredes internas do Grand Canyon, no Arizona, nos Estados Unidos
Ponte cruza o rio Colorado, no fundo do Grand Canyon, no Arizona, nos Estados Unidos
Seguindo conselhos, fomos explorar a Clear Creek Trail, que sobe quase duzentos metros do outro lado do rio Colorado, na borda norte. Ali, atingimos novamente a linha do sol e, do alto de um mirante, tínhamos uma visão fantástica do rio e do canyon interior abaixo de nós, enquanto as paredes do canyon exterior, ao longe, cobriam o nosso horizonte, soberanas. Foi o momento de pararmos para admirar a natureza a nossa volta. Realmente, era difícil acreditar que tudo aquilo, e o resto do mundo, pudesse acabar mesmo hoje. Mas se acabasse, aquele era um bom lugar para se estar.
O sol de fim de tarde ilumina as paredes coloridas do Grand Canyon, no Arizona, nos Estados Unidos
Quem nos acompanha desde que iniciamos essa viagem sabe que nós botamos o pé na estrada há exatamente 1000 dias. A ideia, e a brincadeira, era aproveitar os últimos 1000 dias do planeta da melhor maneira possível: viajando e conhecendo nosso continente. Hoje, 1000 dias depois, estaríamos de volta em casa, junto a amigos e familiares queridos, prontos para o fim dos tempos. Mas, poucos meses depois do início da viagem, começamos a desconfiar que essa história de fim do mundo era conversa mole. Além disso, por duas vezes retornamos à Curitiba, para ver a sobrinha nascer e vê-la novamente completando um aninho de idade. Ficamos na cidade parados mais do que pretendíamos e tratamos de descontar esse tempo da nossa “contagem oficial”. Descontamos também o tempo extra passado em Cartagena, na Colômbia, esperando o barco que nos levaria ao Panamá. Tudo porque, sem esses dias, não conseguiríamos dar a volta nas Américas nos 1000 dias planejados.
Magnífica vista do rio Colorado, no alto da trilha Clear creek, no fundo do Grand Canyon, no Arizona, nos Estados Unidos
É por isso que, 1000 dias depois daquele 27 de Março de 2010, não estamos em Curitiba, mas no fundo do Grand Canyon. O mundo não acabou e nem a nossa viagem, É... mas e esses cinquenta e poucos dias que restam na contagem oficial serão suficientes para chegarmos de volta ao ponto inicial? Claro que não. E qual a desculpa agora? Bem... basta olhar a nossa volta e ver essa paisagem magnífica, uma pintura! A América é ainda mais bonita e com muito mais lugares para se conhecer do que imaginávamos. Para ver e conhecer tudo isso, os 1000dias vão virar 1000dias + 1. Se os maias erraram sua previsão, porque não podemos errar a nossa? É isso aí, 21 de Dezembro de 2013, a nossa nova data do fim do mundo.
Admirando e curtindo um espetacular fim de tarde no fundo do Grand Canyon, na parte alta da Clear Creek Trail, no Arizona, nos Estados Unidos
Um brinde á famosa Rota 66, que ligava Chicago à Los Angeles (em Seligman - Arizona)
Saímos do nosso desvio pelo deserto de Mojave e caímos na estrada novamente, rumo ao Grand Canyon. Chegaríamos lá de noite, mas ainda queríamos aproveitar as poucas horas de dia que tinham sobrado para avançar no caminho. O chato de viajar essa época do ano aqui no hemisfério norte é que fica escuro muito cedo. Antes das cinco e lá se vai o sol... Parece até que estão roubando um pedaço do nosso tempo.
Chegando ao Arizona, o estado do Grand Canyon, nos Estados Unidos
De volta à estrada principal e logo estávamos entrando no glorioso estado do Arizona, onde está o canyon mais famoso do mundo. Mais um pouco e a nossa estrada juntava-se com outra, que vem de Las Vegas. Foi justamente por aí que viemos, em 11 de Abril desse ano, quando começávamos nossa viagem pelos Estados Unidos. Lá se vão oito meses...
Chegando à Seligman (Arizona), cidade na famosa Rota 66, que ligava Chicago à Los Angeles
Naquele dia, rumávamos para Flagstaff, deixando o Grand Canyon para depois, pois tínhamos pressa para chegar à costa leste. Hoje, esse “depois” chegou! E isso ficou bem claro quando chegamos à cidade de Seligman, já em plena Route 66. Foi aí que paramos, em um café na beira da lendária estrada, para comer algo. Hoje, não resistimos à tentação: saímos da estrada para parar naquele mesmo café do 11 de Abril.
Nove meses depois e uma volta pela América do Norte, de volta à Seligman, no Arizona, na Rota 66 (Arizona - EUA)
Para nós, foi um momento histórico. Estávamos completando uma volta inteira nos Estados Unidos. Quer dizer, nos EUA, Canadá e Alaska! Eu, a Ana e a Fiona! A comida nem foi tão memorável, mas fomos sentar na mesma mesa. E aí pensamos na enorme volta que demos nesse tempo todo, daqui à costa leste, subindo até o Canadá, atravessando o continente novamente, mais ao norte, até Yellowstone, subindo até o Alaska e descendo toda a costa oeste até Los Angeles. Foram mais de 20 mil milhas nessa brincadeira toda. O Google não permite que façamos um mapa mais detalhado (são muitos pontos!), mas segue um mapa resumindo dessa nossa “voltinha” pela América Anglo-saxônica. E não podemos esquecer também que, nesse meio tempo, demos um pulinho no Caribe, nas Bermudas, na Groelândia e no Havaí. Mas aí, sem a querida Fiona.
Exibir mapa ampliado
Depois de celebrado e curtido o momento histórico, estrada novamente. Logo escureceu e, sem a luz do sol, esfriou rapidamente. Além disso, para chegar ao Grand Canyon, nós temos de subir bastante, ganhar altitude. Afinal, o alto do canyon está a mais de 2 mil metros de altura. Traduzindo: mais frio!
Conforme vamos ganhando altitude em direção ao Grand Canyon, no Arizona )EUA), vai ficando mais frio!
Não demorou muito e estávamos pulverizando nossos recordes de temperatura negativa. O recorde ainda vinha da Argentina, a quase 4 mil metros de altura, quando tínhamos chegado a menos 13, marcados pela valente Fiona. Pois bem, agora, já estava a menos 14! Uma surpresa para nós, pois estávamos no deserto! Tudo bem que é inverno, mas não precisava tanto! E olha que ainda estávamos no começo da noite, com algumas centenas de metros para subir.
A Fiona (e nós!) enfrenta temperatura negativa de 17 graus celcius, na beirada do Grand Canyon, no Arizona, nos Estados Unidos
Pois é, a temperatura continuou a cair, empurrando o recorde para baixo. A gente finalmente chegou ao hotel em que ficaríamos, na pequena cidade um pouco antes da entrada do parque. Trincando de frio, fizemos o check-in e, mesmo já tão tarde e gelado, fiz questão de levar a Ana até a beirada do canyon. Eu já tinha estado lá há 18 anos, no final de 94. Foi uma passagem relâmpago, inclusive com uma corrida até o rio. Vou falar disso em outro post, mas o fato é que queria ver aquela maravilha novamente, nem que fosse iluminada apenas pela lua e pelas estrelas. Não iria aguentar esperar até amanhã e não seria um frio qualquer que me impediria.
Fotografia noturna do Grand Canyon, em noite estrelada e gelada, no Arizona, nos Estados Unidos
O tal “frio qualquer”, quando chegamos na beirada do canyon, estava a menos 17. Dezessete graus negativos!!! Nosso recorde absoluto! É claro que os únicos loucos naquela hora e temperatura por lá éramos nós! Mas valeu a pena! Mesmo na penumbra, o canyon estava maravilhoso e ficamos impressionados com sua majestade e grandeza. Outro momento inesquecível para nós no dia de hoje. Um momento que ficará congelado nas nossas memórias, enquanto os corpos, coitados, também se congelavam.
Como todos os que tem nos acompanhado sabiam, o dia 27 de Março era a data escolhida para o início da nossa viagem de 1000 dias. Desse modo, a data de chegada seria 21 de Dezembro de 2012 (27/03 + 1000), que é a data do fim do mundo segundo os maias (ou segundo algumas interpretações do calendário maia). A brincadeira era essa: não precisaríamos pagar nossas contas quando chegássemos. Mas ainda daria tempo de se despedir dos amigos e família.
Era um bom plano. Mas, para isso, precisaríamos sobreviver à nossa última semana em Curitiba. Foi uma correria danada! Além de terminar toda a burocracia da viagem, acabar de comprar os equipamentos, negociar com os apoiadores, equipar a Fiona, fazer festa de despedida, tentar montar o nosso site junto com nossos desenvolvedores, além de tudo isso, ainda tínhamos de organizar e efetivar a mudança do nosso apartamento alugado em Curitiba, apartamento que nos acolheu tão bem por tantos anos.
O grosso da mudança foi feito na véspera, levando nossos móveis para casa de parentes e também para um depósito. O dia, que deveria ter terminado no fim da tarde, só terminou no outro dia, às duas da manhã. Com isso, a partida para os 1000 dias ficou, por bem, adiado em um dia.
Santa inocência, a nossa. O dia seguinte, dia 27, também foi pesadíssimo. Ainda faltava configurar todo o nosso equipamento, além de distribuir camisetas e brindes para amigos e apoiadores. Resultado: também fomos para a cama às duas da manhã. Mas desta vez, dispostos a iniciar a viagem de um jeito ou de outro. E assim foi: dia 28 de Março, data inicial dos 1000 dias! Agora, para ser capazes de terminar a viagem, me desculpem os maias, mas o fim do mundo vai ter de esperar!
Tigana abre suas asas para assustar um rival no Hato El Cedral, na região dos llanos venezuelanos, perto da cidade de Mantecal
Mesmo antes de nos conhecermos, eu e a Ana já éramos mergulhadores e amantes de peixes e paisagens subaquáticas. Depois, juntos, “mergulhamos de cabeça” no mergulho, ganhando profundidades, cavernas e tendo a chance de ver de perto tubarões e baleias. Nessa viagem dos 1000dias, a atividade de mergulho esteve sempre presente, pois não perdemos uma chance de estar perto dos peixes. Somos “fishers”, não no sentido da pesca, mas no da sua observação.
Uma Garça Morena, no Hato El Cedral, na região dos llanos venezuelanos, perto da cidade de Mantecal
Uma Garça Paleta, no Hato El Cedral, na região dos llanos venezuelanos, perto da cidade de Mantecal
Em contraposição, sempre fazemos piadas com os “birders”, aqueles que preferem a observação de pássaros. Com seu binóculos, lunetas e lentes de zoom super potentes, passam horas na natureza tentando vislumbrar aquele pontinho colorido lá longe, muitas vezes a dezenas e dezenas de metros. Por isso necessitam do auxílio de lentes poderosas. Essa é a grande vantagem dos peixes: quando mergulhamos, eles passam, literalmente, na frente do nosso nariz. São ainda mais curiosos conosco do que nós com eles. Mergulhar é a atividade que nos coloca mais próximo de animais (no caso, peixes). Já os pobres “birders”, haja lente de aumento...
Um belo Tordo Maizero, no Hato El Cedral, na região dos llanos venezuelanos, perto da cidade de Mantecal
Um Churrinche, no Hato El Cedral, na região dos llanos venezuelanos, perto da cidade de Mantecal
Bom, é claro que estou exagerando e essa atividade tem muito charme e encanto também! Aprendemos isso na prática, pois passamos em vários dos melhores lugares do continente para admirar essas belas criaturas. Muitas vezes, a tal lente de aumento fez falta, mas em outros, pudemos aproveitar bastante, sim. Enfim, brincadeiras à parte, nós também fomos descobrindo nosso lado “birder”. Trinidad e Tobago, Guiana, Costa Rica, entre outros, tivemos a chance de ver e fotografar umas cem espécies ao menos, embora não sejamos muito bons com o nome dessas criaturas aladas, fora os mais conhecidos, claro!
Uma dupla de Caricaris no Hato El Cedral, na região dos llanos venezuelanos, perto da cidade de Mantecal
Fotografando os pássaros no Hato El Cedral, na região dos llanos venezuelanos, perto da cidade de Mantecal
Pois bem, aqui no Hato El Cedral, tornamo-nos mais “birders” do que nunca! O Vitor levava a tiracolo um livro com o nome e as fotos das centenas de espécies que aqui vivem e foi tentando nos mostrar o máximo possível. Vimos as principais, um pouco mais de vinte espécies, das mais variadas formas, cores e tamanhos. Não temos aqueles “contatos imediatos do 3º grau”, como temos com peixes, mas eles estão ali, prontos para serem vistos e admirados.
Um grupo de Volmorans, no Hato El Cedral, na região dos llanos venezuelanos, perto da cidade de Mantecal
Um pouso de Garça Real no Hato El Cedral, na região dos llanos venezuelanos, perto da cidade de Mantecal
Numa área aberta como essa, fica bem mais fácil observá-los. Nas florestas, muitas vezes conseguimos escutá-los, mas distingui-los na densa vegetação é sempre mais difícil. Aqui, com a ajuda dos olhos atentos do Vitor, ficou uma moleza!
Um Gavião protege sua comida de outro gavião no Hato El Cedral, na região dos llanos venezuelanos, perto da cidade de Mantecal
Um Caricari no Hato El Cedral, na região dos llanos venezuelanos, perto da cidade de Mantecal
O Vitor nos disse que gringos vèm para cá e passam dias procurando seus passarinhos prediletos, aqueles que faltam no seu “álbum”. Certa vez, ele acompanhou um ex-astronauta, birder fanático, por uma semana pelos cantos mais inacessíveis do hato até que, finalmente, a mais de cem metros, lá estava o minúsculo e colorido passarinho. O ex-astronauta o fotografou com sua lente potente, “tickou” sua lista e voltou satisfeito aos EUA.
Paticos Brasileiros no Hato El Cedral, na região dos llanos venezuelanos, perto da cidade de Mantecal
Martin Pescador no Hato El Cedral, na região dos llanos venezuelanos, perto da cidade de Mantecal
Nós não ficamos fanáticos assim, mas o espetáculo da revoada de pássaros na noite de ontem foi um dos momentos mais mágicos que tivemos nesses 1000dias! E hoje, observar tantas espécies foi também uma enorme diversão. O destaque foi a “tigana”, um pássaro relativamente pequeno, mas muito invocado! Para assustar seus adversários, ele abre suas asas como um pavão e faz um barulho estridente. A cada vez que fazia isso, quando disputava um pedacinho de carne com outras tiganas, tartarugas e mesmo jacarés, o Vitor chorava de rir. Foi muito legal mesmo!
Uma tigana na margem de um rio no Hato El Cedral, na região dos llanos venezuelanos, perto da cidade de Mantecal
Tigana abre suas asas para assustar um rival no Hato El Cedral, na região dos llanos venezuelanos, perto da cidade de Mantecal
Tigana abre suas asas para assustar um rival no Hato El Cedral, na região dos llanos venezuelanos, perto da cidade de Mantecal
Ao final do passeio de hoje, voltamos à sede bem no horário da revoada de ontem. Ansiávamos por um novo espetáculo. Mas faltou a tempestade de ontem e, com ela, a ventania que atrai os pássaros. Assim, para nossa tristeza, ao invés do mar de pássaros que tivemos ontem, o que houve foi um oceano de insetos. Tratamos de nos refugiar em nossos quartos!
Um belo gavião no Hato El Cedral, na região dos llanos venezuelanos, perto da cidade de Mantecal
Pássaro passeia pelas margens de um rio no Hato El Cedral, na região dos llanos venezuelanos, perto da cidade de Mantecal
Aliás, quartos esses que nos foram presenteados pelo gerente daquela empresa que administra o Hato e que está com os planos de fazer o mesmo com todos os outros que estão fechados ao turismo. Conhecemos ele ontem e ele foi muitíssimo simpático conosco, convencendo-nos a ficar por uma noite a mais e partir para nossa longa viagem amanhã bem cedo. E assim fizemos, escondidos dos insetos e sonhando com pássaros, os mais novos “birders” do pedaço!
Uma Garça Morena alça voo no Hato El Cedral, na região dos llanos venezuelanos, perto da cidade de Mantecal
Barco na Barra do Ararapira
Meus amigos de Curitiba sabem que eu adoro a Ilha do Mel. E dizem: "É tranquilo por lá, né?". É, é tranquilo, quando se compara a Curitiba ou a Cambouriú. Tudo depende do ponto de referência. Tranquilo mesmo é o Superagui. Mas, de novo, depende do ponto de referência. Superagui é bem mais tranquilo que a Ilha do Mel. Mas, se você quiser um lugar realmente tranquilo, que faça o Suepragui parecer a Avenida Paulista, esse lugar é a Barra do Ararapira.
São cerca de 180 pessoas vivendo em poucas dezenas de casas. Só tem uma pousada, a do Seu Rubens. Fica de frente para o braço de mar que a separa da pontinha da Ilha do Cardoso, já em São Paulo. Da varanda da pousada a vista é maravihosa, de uma calma que impressiona. Dependendo da maré, a água no braço de mar corre para um lado ou para outro. Os barquinhos e canoas ancorados ou passando ao longe completam o cenário perfeito para quem quer ver a vida passar sem muita pressa. Sempre há tempo para um dedo de prosa aqui e ali. E, quando escurece, é hora de dormir. E, quando o sol nasce, é hora de se levantar. Simples e gostoso como a vida deve ser.
Eu e a Ana chegamos a esse paraíso na hora do almoço. Devoramos peixes acompanhados de arroz e feijão. De novo, simples e gostoso como deveria ser. De tarde, nos jogamos no braço de mar e deixamos que suas águas, preguiçosamente, nos levassem para longe, onde havia um trapiche onde passamos uma hora nos divertindo, correndo e pulando na água. Depois, voltamos caminhando pela praia. Nada mal para uma segunda-feira. Gostoso e simples como deveria ser.
Rodrigo em banco de areia, correndo atrás de pássaros na Barra do Ararapira
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