0
Arquitetura Bichos cachoeira Caverna cidade Estrada história Lago Mergulho Montanha Parque Patagônia Praia trilha vulcão
Alaska Anguila Antártida Antígua E Barbuda Argentina Aruba Bahamas Barbados Belize Bermuda Bolívia Bonaire Brasil Canadá Chile Colômbia Costa Rica Cuba Curaçao Dominica El Salvador Equador Estados Unidos Falkland Galápagos Geórgia Do Sul Granada Groelândia Guadalupe Guatemala Guiana Guiana Francesa Haiti Hawaii Honduras Ilha De Pascoa Ilhas Caiman Ilhas Virgens Americanas Ilhas Virgens Britânicas Islândia Jamaica Martinica México Montserrat Nicarágua Panamá Paraguai Peru Porto Rico República Dominicana Saba Saint Barth Saint Kitts E Neves Saint Martin San Eustatius Santa Lúcia São Vicente E Granadinas Sint Maarten Suriname Trinidad e Tobago Turks e Caicos Uruguai Venezuela
mabel (14/10)
Que fotos! Adoro o outono, é muito bom observar a mudança das estaçõe...
mabel (14/10)
Parabéns pelo aniversário! Que venham muuuitos anos de vida e incontáv...
MYTC SIM (14/10)
business opportunity. http://conciergesim.blogspot.com.br/2012/09/uma-rev...
Chrystal (14/10)
Olá! Acabo de ficar noiva e estava procurando fotos no google de lugares...
Silvan (13/10)
Rodrigo, desejamos muitas felicidades e saúde a voce sempre junto da sua...
Praia do Amor, em Praia da Pipa - RN
Pipa foi "descoberta" em fins dos anos 80 e começou a "bombar" na metade da década seguinte. Desde então, as mudanças tem sido rápidas. A primeira vez que estive aqui foi em 93. Vim numa excursão de Kombi, partindo de Natal. Estava aproveitando minhas férias de Julho para conhecer um pouco do nordeste. Viajando só e de ônibus, tinha chegado há poucos dias na capital potiguar e no albergue, indicaram-me um passeio ao litoral norte e outro ao sul. Lembro-me que o passeio para o litoral norte (Genipabu) já era todo estruturado e concorrido. Eram dezenas de bugues cruzando as praias e dunas daquela região. Já para o sul, foi custoso encher uma mísera kombi com turistas. O guia (que era o próprio motorista) veio glorificando as belezas da região, mas eu fiquei até com uma certa pena dele: "Coitado, aquele movimento todo para o norte e ele tendo de inventar para arrastar alguém para cá...".
Avenido dos Golfinhos, em Praia da Pipa - RN
Pois é, tempos idos e passados. A avenida dos Golfinhos, única rua de então, era de terra. Uma pousada aqui e outra ali. E só. Lembro-me de achar lindo e quente. Principalmente numa kombi sem ar condicionado. Aí, algo aconteceu. Sete anos depois, quando cheguei aqui dirigindo a "Maria" (minha valente Pampa 4x4), a rua já estava com paralelepípedos. Mas era mão-dupla. Um inferno! Meia hora para atravessar um quilômetro de cidade. Muitas pousadas, restaurantes e guias na rua enchendo nossa paciência. Segui viagem!
Criança brinca na Praia do Amor, em Praia da Pipa - RN
Agora, dez anos mais tarde, a cidade cresceu mais. Mas também se organizou. A enorme afluência e influência de viajantes, brasileiros e gringos, muitos dos quais aqui resolveram ficar, aumentou muito a qualidade dos serviços. Hoje é posível dormir e comer em grande estilo. A concorrência não deixou os preços subirem demais e quem ganha são os visitantes. A população local ficou mais safa, meio blazé. Ao contrário das pequenas cidades vizinhas, onde impera a música brega, axé de 3a categoria e sertanejo, aqui se ouve reagge, boa MPB e lounge. Nossos ouvidos agradecem!
Praia do Amor, em Praia da Pipa - RN
Hoje eu e a Ana passamos boas horas numa praia que antes tinha o nome de Afogados, já que é uma praia de ondas fortes. Nada bom para o marketing de uma cidade que crescia e queria atrair mais turistas. O nome foi mudado para algo mais singelo: Praia dos Amores. Certo... Na maré baixa, é uma caminhada pela areia de uns 10 minutos. É o que basta para nos tirar da muvuca da praia do Centro para nos levar à beleza e tranquilidade dos Amores.
Igreja na Praia da Pipa - RN
Depois, comida de boa qualidade no centro e mais um passeio pela night agitada, mais uma vez enfrentando os rigores de uma greve etílica. Aumenta a provação, hehehe. Amanhã, vamos dar um pulo rápido no interior do Rio Grande do Norte, fronteira com a Paraíba. Um lugar que também usa o nome como ferramenta de marketing: "Passa e Fica".
Piscina natural na Praia da Pipa - RN
Pássaro dá rasante no Chaco paraguaio
Nossa intenção hoje era entrar fundo na Bolívia. Para isso, teríamos de começar cedo, voltar os 20 km de terra para La Patria, seguir os 120 km de asfalto até a fronteira, fazer as devidas aduanas e seguir o mais longe possível em direção à Sucre, nosso primeiro objetivo no país andino.
O sol iluminou nosso chalé logo pela manhã, no Parque Ten. Agripino Enciso, em La Patria - Paraguai
Começamos bem. Acordamos com a claridade entrando no quarto, levantamos e preparamos um sadio café da manhã de banana amassada com granola. Cumprimos o ritual de empacotar tudo na Fiona e fomos para a casa da administração nos despedir do Cristóbal, o simpático guarda-parque, e da Bartola, sua curiosa ajudante. Tiramos algumas fotos e botamos o pé na estrada.
Banana com granola de café da manhã, no Parque Ten. Agripino Enciso, em La Patria - Paraguai
O trecho até La Patria e de lá até a fronteira seguiu sem sobressaltos. Apenas algumas paradas para tentar fotografar alguns dos milhares de pássaros que vimos pelo Chaco paraguaio. Aí chegamos no posto de controle do exército onde também correu tudo bem. Até ficamos amigos dos recrutas. Finalmente, estávamos na fronteira, a Bolívia ali do lado e só faltando o posto da aduana paraguaia.
A Fiona ao lado de um "Palo Borracho", no Parque Ten. Agripino Enciso, em La Patria - Paraguai
Bom, aí faltava ainda o batismo da propina. Tínhamos passados incólumes pelo Paraguai até agora mas... O oficial olhou nossos passaportes, reclamou que não havia o selo de saída e que aquilo era um "problema". Segundo ele, esse selo se consegue em Estigarribia, 200 km para trás, cem deles em péssimo estado. Sem muita paciência para negociar ou chorar, já ofereci o resto dos guaranis que tínhamos, mais uns reais também. Os dois oficiais envolvidos na "negociação" não poderiam ser mais típicos, saídos de algum filme americano sobre a polícia mexicana.
Se vêem pássaros à todo momento no Chaco paraguaio
Bom...superada essa pequena "barreira", já fui conversar com o oficial boliviano, que ficava ali do lado mesmo. Aí foi bem fácil e direto: fizemos o documento da Fiona, que agora tem uma personalidade boliviana, e seguimos viagem dentro de território boliviano. Nosso vigésimo-primeiro país e o sétimo da Fiona. Estrada de terra agora, ao lado de outra já pronta para ser asfaltada, mas com obras paradas há um ano. Cinquenta quilômetros de "nada" depois, chegamos à adunana boliviana. Foi aí que tivemos nossos passaportes carimbados. O oficial, figura rara, reclamou um pouco da falta de visto de saída paraguaio, mas não encrencou. E assim pudemos seguir viagem Bolívia adentro, agora os três devidamente regularizados e documentados.
Se vêem pássaros à todo momento no Chaco paraguaio
Foram outros 60 km de terra para chegarmos ao asfalto e à cidade de Villamontes. Aí entramos em busca de bancos com ATM e nos surpreendemos positivamente com a estrutura da cidade. Tudo asfaltado e muito arrumado. Bem diferente da Bolívia que conheci há mais de 20 anos. Bem, sacamos os bolivianos (um real = 4,25 bolivianos) e seguimos rumo ao norte, pela estrada de asfalto que segue até Santa Cruz de La Sierra, a pouco mais de 400 km.
Deixando o Paraguai e chegando à Bolívia!
O que não fizemos em Villamonte foi abastecer. Cobram o dobro do preço de carros estrangeiros. Ao invés de 3,6 bolivianos, são 7,2 bolivianos (mesmo assim, ainda mais barato que no Brasil, porque daria algo como 1,6 reais o litro). O próximo posto ficava a mais de 100 quilômetros adiante, mas paramos numa cidadezinha antes, onde vendem diesel na rua, em pequenos galões. A simpática Eloisa nos vendeu 15 litros por 5 bolivianos/l. Bem melhor que no posto, hehehe!
Comprando combustível num pequeno pueblo na Bolívia com a Eloísa
Já com diesel no tanque, fomos enfrentando os vários pedágios de 10 bolivianos pela estrada até Camiri,a próxima cidade grande onde havia uma "gasolinera". Aí enchemos o tanque a partimos para a última etapa da longa viagem de hoje: Mais uns 30 km de asfalto e então viramos à esquerda, na pequena estrada que leva à Sucre. Mas Sucre estava muito longe, muito além de onde poderíamos chegar hoje. Nosso objetivo passou a ser a cidade de Monteagudo, onde encontraríamos hoteis para passar a noite.
Viajando durante a tarde em estrada boliviana
Estrada de terra que subia sem parar, saíndo dos 700 metros para chegar perto dos 1.800, atravessando incríveis canyons por entre grandes paredões. Seguíamos ao lado de precipícios e a paisagem era absolutamente magnífica! Pena que a luz do dia já terminava, o que não permitiu boas fotos. Depois, para minha surpresa e tristeza, a estrada voltou a baixar, chegando aos 1.200 metros. Estou o tempo todo com o altímetro na mão, torcendo para chegar logo aos 2, 3, 4 mil metros!!! Mas não seria hoje... Já era noite quando chegamos a cidade de Monteagudos. Pois é, quem diria, nosso primeiro dia na Bolívia e já estamos dirigindo de noite em estradas de terra...
Paisagem montanhosa no caminho para Monteagudo
De novo, nos surpreendemos com o movimento e estrutura da cidade. Entre vários hotéis, ficamos no Residencial San José. Muito jóia! Um lugar onde raríssimos turistas estrangeiros chegam, mas que tem intensa vida própria. Aparentemente, estávamos no meio do nada, a meio caminho do altiplano. Mas no meio do nada tem essa cidade, uns 10 mil habitantes, ainda bem autêntica pela falta de turistas. Muito legal!
Luz do sol atravessa nuvens no fim de tarde à caminho de Monteagudo - Bolívia
Muito bem instalados, finalmente fomos cuidar do estômago que roncava, cansado de pãp preto, queijo, frutas e bolachas. Queria comida!!! E aí, de volta à Bolívia 20 anos depois, só poderia querer comer uma coisa: pollo con papas fritas, por supuesto! E para beber? Paseña!!! Delícia de cerveja! Delícia de frango, preparado na brasa. Suculento mesmo. Para nós então, famintos... a melhor refeição do mundo! E assim terminou nosso primeiro dia na Bolívia, que havia começado no Paraguai: de barriga cheia, paseña na cabeça e uma deliciosa cama para dormir. Amanhã, Sucre, já aos 3 mil metros!
Chegando à Tobacco Caye, na grande barreira de corais, em Belize
Conversando com o Gaston, ainda em Hopkins, sobre o que tínhamos visto em Belize até então, ele nos disse que tínhamos de conhecer Tobacco Caye. Quando falamos para ele de San Pedro e, principalmente, Caye Caulker, ele fez uma cara de desprezo e falou: “Lá é muito turístico! Totalmente desvirtuado! Vocês tem de conhecer algo mais natural”. Foi quando ele começou a falar dessa pequena ilha, com poucas centenas de metros de diâmetro, localizada bem encima da grande barreira e um paraíso para quem gosta de nadar e mergulhar.
Foto de satélite da pequena Tobacco Caye, em plena barreira de corais de Belize
Nosso percurso de veleiro, saindo de Hopkins, indo até algumas ilhas na grande barreira de corais de Belize e retornando
A primeira coisa que ele sugeriu foi que pegássemos a lancha que sai de Dangriga para lá, uma vez por dia, de manhã cedo. Poderíamos ir para passar o dia ou, melhor, dormir por lá. Tanto em nossa barraca como em um dos 3 pequenos hotéis instalados na ilha. Mas depois de outras conversas, conseguimos uma alternativa até melhor. Nada de uma lancha rápida! Iríamos com ele, no seu veleiro, ao sabor dos ventos, até lá. E ainda poderíamos velejar pelas redondezas também, conhecer outras ilhas e sentir um pouco da rotina de vida no mar. Afinal, iríamos por duas noites e três dias!
O belíssimo mar na grande barreira de corais, em Belize
Chegando á Tobacco Caye, na grande barreira de corais, em Belize
Juntos, cartas náuticas estendidas sobre a mesa, planejamos um percurso para esses dias. Iríamos de Hopkins para a barreira de corais, pouco mais de 25 quilômetros distante de nós, em algum ponto ao norte de Tobacco Caye. Daí, começaríamos a velejar para o sul, até encontrar a ilha, onde ancoraríamos para passar a noite. No dia seguinte, continuaríamos a velejar para o sul, até a ilha seguinte, onde passaríamos a segunda noite. Por fim, mais um pouco de vela para sul, até uma terceira ilha de onde mudaríamos o percurso para Hopkins, para fechar o circuito e um triângulo. No trechos entre o continente e a barreira, o motor do barco nos ajudaria. Ao longo da barreira, o vento seria nossa força única.
Chegando à Tobacco Caye, na grande barreira de corais de Belize
Indo de bote para ilhota na grande barreira de corais de Belize
E assim foi, conforme o planejado. Nada de grandes velocidades. Deslocando-se com o vento, sem o barulho de motores poderosos, sentimo-nos muito mais próximos do mar, em contato próximo com a natureza. O mar, mais escuro perto de Hopkins, vai ficando cada vez mais claro e calmo enquanto nos aproximamos dos recifes e bancos de corais que formam a segunda maior barreira de corais do mundo, depois da australiana. Lá perto, são muito mais de 50 os tons e tonalidades entre o verde e o azul, um verdadeiro colírio para os olhos, algo que nossos cérebros demoram a processar e acreditar. Seria real ou apenas algum efeito de cinema? Que filtros naturais são esses?
Brincando com o cachorro do Chris em praia de Tobacco Caye, na grande barreira de corais de Belize
Cachorro tenta se secar depois de um mergulho em Tobacco Caye, na grande barreira de corais de Belize
Mas as belezas não vêm apenas do mar. A grande barreira também é formada por pequenas ilhas, todas elas pequenos paraísos daqueles que todos nós temos a imagem em nosso inconsciente coletivo. Pequenos pedaços de terra cobertos por coqueiros e outras árvores tropicais, circundados por praias de areias brancas e cercados por um mar transparente e calmo, cor de piscina.
Com o Gaston e o Chris durante fim de tarde em Tobacco Caye, na grande barreira de corais de Belize
Admirando o pôr-do-sol em Tobacco Caye, na grande barreira de corais de Belize
Essa pequenas ilhas são habitadas e algumas delas até tem hotéis. Das que conhecemos, a maior era Tobacco Caye, justamente aquela que o Gaston nos havia propagandeado. Chegamos aí no meio da tarde do primeiro dia e fomos logo conhecê-la.
Magnífico fim de tarde em Tobacco Caye, na grande barreira de corais de Belize
O sol nasce em Tobacco Caye, na grande barreira de corais, em Belize
Junto conosco chegou um barco cheio de turistas jovens. O Gaston logo reconheceu o barco. Oferece uma viagem de 3 dias entre Caye Caulker e Placencia, um pouco mais ao sul de onde estamos, para passageiros mais aventureiros. Em Tobacco Caye passam uma das noites, várias tendas armadas para eles no meio da ilha. O grupo, de umas quinze pessoas, formava quase metade da população de turistas da ilha. A outra metade, provavelmente veio de lancha de Dangriga para passar umas noites nos hotéis da ilha. Tem para todos os bolsos, com seus chalés sobre as águas, uma espécie de primo pobre daqueles hotéis famosos nas ilhas Seychelles.
Chegando em pequena ilhota na grande barreira de corais de Belize
Alçando vôo no belo mar da grande barreira de corais de Belize
A gente dá a volta na ilha em poucos minutos, através de suas praias e caminhos. Dois bares disputam a freguesia, ambos com um maravilhoso visual para o entardecer, o sol se pondo atrás do distante continente, pintando de dourado as águas azuis. Aí passamos uma boa hora de conversas regadas a cerveja gelada, nós, o Gaston, alguns conhecidos locais do nosso capitão e também um amigo velejador, de origem canadense, que também passa muitos meses por ano aqui nas águas da América Central. O Chris veio da Guatemala, chamado pelo Gaston, para velejar conosco alguns dias. Viaja solo, acompanhado apenas de seu cão que passa horas implorando que alguém jogue algo longe para que ele possa buscar, seja na água, seja na terra.
Um tranquilo e convidativo bar em ilhota na grande barreira de corais de Belize
Uma tranquila ilha na grande barreira de corais de Belize
No segundo dia, seguimos para a ilha seguinte, South Caye. Ainda menor que Tobacco, mas também com dois hotéis, um pouco mais exclusivos que os da ilha anterior. O clima aqui é mais “chique”, mas as praias são igualmente lindas e tranquilas. Redes penduradas entre coqueiros são um convite irrecusável à prática do ócio criativo. Para nos tirar de lá, só mesmo a praia em frente, onde bate o sol e aonde podemos nos deitar na areia, no ponto onde bate a água, temperatura absolutamente confortável. De novo, aquela imagem padrão e idealizada de paraíso nos vem a cabeça.
Vidinha difícil em ilhota paradisíaca na grande barreira de corais de Belize
Cenário paradisíaco em ilhota da grande barreira de corais de Belize
A última ilha visitada, já no último dia, serve de estação de pesquisas da barreira de corais. Na verdade, nem se pode desembarcar por lá. Mas podemos fazer snorkel ao seu redor, o que já é bom o bastante. Ainda vou falar dessas sessões de snorkel em outro post, já que elas foram uma de nossas principais atividades nesses dias, além de velejar e desembarcar nessas pequenas ilhas perdidas no meio do mar.
Redes convidam ao ócio criativo em ilhota na grande barreira de corais de Belize
A Luiza, sobrinha querida, em Curitiba - PR
Desde que iniciamos nossa viagem, já tínhamos o compromisso de estar em Curitiba no dia 04 de Setembro, para uma festa de casamento. Imaginávamos que, a essa altura, já estaríamos longe demais para vir de carro. Mas, com a ida a Goiânia e Brasília, e o tempo maior em Minas, ainda estamos aqui por perto e resolvemos vir de carro mesmo. O plano é ficar poucos dias, três ou quatro.
O caminhão ficou pequeno perto do guindaste, na entrada da Marginal Tietê, em São Paulo - SP
A viagem de pouco mais de 700 quilômetros transcorreu sem problemas. A Fiona é bem confortável. Até chegarmos em São Paulo, o trânsito era todo no sentido contrário, os paulistanos escapando mais cedo do trabalho para fugir dos engarrafamentos da saída do feriado prolongado. Principalmente com o bom tempo prometido. A travessia de São Paulo foi mais tranquila que o esperado. As marginais mais largas estavam dando conta do recado. Depois, de São Paulo para Curitiba, só é chato a descida da serra. Incrível, uma vergonha, que até hoje esse trecho da Régis não esteja duplicado. Aparentemente, as obras finalmente começaram. Será que agora vai?
Dani e a filhota em Curitiba - PR
Em Curitiba, fomos direto para a casa da Dani e Dudu ver a Luiza que já vai fazer dois meses. Nossa, como o tempo passa!!! Ela está linda, super crescida, muito boazinha. Impossível não virar um tio coruja...
Paparicando a Luiza em Curitiba - PR
Muito gostoso rever a família. O Mário, pai da Ana, foi nos encontrar na casa da Dani. E mais tarde, fomos muito bem recebidos na casa da Patrícia, mãe da Ana. É a "nossa" casa aqui em Curitiba. Home, sweet home.
Paparicando a Luiza em Curitiba - PR
Amanhã, tem casamento. Descansamos no domingo e tentamos zarpar na segunda. Vamos ver...
Mamãe e Luiza, em Curitiba - PR
Admirando a caverna de Lol-Tun, no Yucatán, no sul do México
O dia 15 de Julho de 1562 foi um dos mais terríveis para o estudo da história maya, pré-colombiana e mesmo, mundial. Foi nessa data que, sob o comando do bispo espanhol para o Yucatán, Diego de Landa, realizou-se o auto de fé em que foram queimados 20 mil imagens de culto mayas e, o pior, cerca de 40 raros livros dessa incrível civilização (os chamados “códices”), destruindo para sempre nossas chances de um maior entendimento do mundo e cultura mayas. O bispo, que desconfiava de uma revolta contra a igreja católica liderada por velhos sacerdotes da antiga religião, instaurou a Inquisição na península e, após um laborioso trabalho para se encontrar e juntar todo esse inestimável material sobre a cultura maya, queimou-o em praça pública.
Entrada da caverna de Lol-Tun, no Yucatán, no sul do México. À direita, há petroglifos com 4 mil anos de idade!
Por uma ironia do destino, o mesmo homem responsável pela destruição desse verdadeiro tesouro histórico é também uma das maiores fontes de informação sobre a cultura maya. Com exceção de míseros três códices que sobraram (espalhados por museus americanos e europeus) e de todas as inscrições mayas em pirâmides, templos, estelas e outras construções, a grande fonte de informação dos estudiosos dessa civilização são os relatos e estudos feitos por cronistas espanhóis daquela época, do séc XVI. Entre eles, destaca-se o próprio Diego de Landa. No seu afã de converter todos os indígenas, ele achou que a melhor maneira seria compreendendo sua própria cultura para assim encontrar a melhor maneira de chegar aos seus corações e mentes. Um dos livros de Landa, “Relação das Coisas do Yucatán” é, ainda hoje, a mais completa fonte de informações sobre esta civilização, sua religião, cultura, língua, organização social e meio de vida.
Caminhando pela caverna de Lol-Tun, no Yucatán, no sul do México
É claro que muita coisa se perdeu com a queima de tantos livros sagrados e, na melhor das hipóteses, podemos classificar nosso conhecimento de hoje sobre essa cultura de superficial. Na religião, por exemplo, sabemos nomes de deuses e o que representavam e sabemos que a realidade se dividia em várias dimensões, ao contrário do mundo católico, que é dividido em inferno, terra e céu. Para os mayas, eram nada menos de 12 níveis de “céu” e outros 5 de “infernos”. Coloco entre aspas porque, obviamente, isso é uma simplificação grosseira. Os mundos inferiores, apesar de serem associados à morte e à doenças, não eram como o nosso “inferno”, pois não se associavam à punição. Ao contrário, fazim parte de um ciclo natural.
Nosso guia nos mostra antigas moendas de famílias mayas que viviam dentro da caverna de Lol-Tun, no Yucatán, no sul do México
Tanto que os mayas os respeitavam e veneravam. Esses mundos inferiores eram chamados de “Inframundo” ou Xibalba. E a entrada ou passagem para ele eram as cavernas ou cenotes (cavernas alagadas), que são muito comuns no Yucatán. Cavernas eram locais de culto, de veneração e de respeito, um elo direto com essa outra dimensão, com esses outros níveis.
Caminhando pela caverna de Lol-Tun, no Yucatán, no sul do México
Hoje fomos conhecer uma dessas “passagens”, a caverna de Lol-Tun. Saímos correndo das ruínas de Uxmal, com medo de perdermos a hora e, realmente, perdemos. Chegamos quinze minutos depois do horário regulamentar, mas vendo nossa cara de decepção, um simpático guia convenceu a administração a nos deixar entrar, acompanhado por ele. As visitas tem sempre de ser acompanhadas de um guia.
A caverna de Lol-Tun, no Yucatán, no sul do México
A caverna de Lol-Tun tem uma história de ocupação humana de mais de 10 mil anos de idade. No seu interior, foram encontrados ossos de animais há muito desaparecidos, como mamutes, que um dia serviram de almoço para nossos antepassados. Logo na entrada da caverna, pictografias dos primórdios da civilização maya, com cerca de 4 mil anos de idade, já nos mostram que o local era sagrado há muito tempo.
O guia nos leva pela caverna de Lol-Tun, no Yucatán, no sul do México
O trecho aberto a visitas é todo iluminado e nem precisamos de lanternas. Nosso guia foi nos dando aulas de religião e costumes e, para minha surpresa, nos disse que mais de 200 famílias chegaram a morar dentro da caverna. É realmente surpreendente, já que caminhamos para bem longe da entrada, onde há luz natural, e eles só tinham tochas naquela época, nada de lanternas de led ou carburetos. Mas, o fato é que foram encontradas centenas de moendas, onde se moía o milho, principal fonte de alimentos dos mayas. E sabe-se que cada família tinha a sua moenda própria. Prova que muita gente morava por lá mesmo, mais perto de seus deuses e do Inframundo.
Uma antiga escultura de características olmecas na caverna de Lol-Tun, no Yucatán, no sul do México
Uma mancha caverna de Lol-Tun lembra muito a figura de Nossa Senhora (no Yucatán, no sul do México)
Além das moendas, foram encontrados centenas de outros artefatos e pinturas nas paredes. Para mim, chamou a atenção uma enorme escultura de cabeça, marca registrada da civilização Olmeca, a mais antiga da mesoamérica. Sinal claro que já havia muitos intercâmbios comerciais naquela época, entre esses povos antigos.
Uma grande rocha em forma de leão, na saída da caverna de Lol-Tun, no Yucatán, no sul do México
A própria caverna também é muito bonita e a iluminação artificial nos ajuda a admirar as formas e formações encontradas por ali. Lá estão a mancha com a forma da Virgem Maria ou a pedra com a forma de um lobo ou de um leão. Muito joia!
Saída em forma de enorme clarabóia na caverna de Lol-Tun, no Yucatán, no sul do México
Mas, joia mesmo foi ter ido até lá, para chegarmos um pouco mais perto dessa civilização, suas crenças e seu Inframundo. Ainda bem que, pelo menos as cavernas, os espanhóis não destruíram. Agora, pelos próximos dias, continuaremos a explorar esse mundo interior, só que agora será a vez das cavernas alagadas, os famosos e maravilhosos cenotes. Afinal, nosso próximo destino é a cidade de Tulum, principal base para quem quer mergulhar nas mais belas cavernas submarinas do mundo. Um incrível e misterioso mundo de explorações nos aguarda!
Nosso caminho de hoje, saindo de Mérida, passando pelas ruínas de Uxmal, a caverna de Lol-Tun e chegando à Tulum, na costa do Caribe
Restaurante em San Telmo, bairro tradicional de Buenos Aires, na Argentina
Acordamos hoje para nossa última manhã no charmoso bairro de Palermo, em Buenos Aires. Nosso café da manhã, ainda no hotel, foi com um simpático casal também em viagem por aqui, ela curitibana e ele uruguaio, o único país que ainda nos falta visitar nesses 1000dias por todos os países da América. Conversamos sobre viagens, Curitiba e o próprio Uruguai, desocupamos nosso quarto que foi nossa casa aqui em Buenos Aires e saímos para um último passeio nesse lindo bairro.
Uma simpática quitanda nas ruas de Palermo, bairro de Buenos Aires, na Argentina
Cães esperam pacientemente enquanto esperam seu dono em loja de Palermo, bairro de Buenos Aires, na Argentina
Palermo é o bairro preferido da classe média portenha, seja de dia ou de noite, nas tardes ensolaradas ou nas manhãs de finais de semana. Há por aqui uma grande quantidade de parques e áreas verdes que incluem o Jardim Botânico e o Jardim Zoológico da cidade, e os portenhos aproveitam para fazer piquenique, uma caminhada ou simplesmente respirar ar puro.
Plaza Armênia em Palermo, bairro de Buenos Aires, na Argentina
Restaurantes com mesas disputadas na calçada, um típico sábado em Palermo, bairro de Buenos Aires, na Argentina
Para quem prefere uma vida mais urbana, na região conhecida como Palermo Soho se encontram muitos restaurantes dos mais variados tipos de comida, uma infinidade de lojas e boutiques e a deliciosa Plaza Armênia. Foi aqui que decidimos ficar hospedados, num hotel muito bem localizado na rua Malabaia, a poucos quarteirões de boas quitandas, padarias, cafés, confeitarias, restaurantes transados, praças e da estação de metrô na Plaza Italia. É o lugar que recomendo para qualquer pessoa que venha passar alguns dias em Buenos Aires.
Nosso ótimo e prático hotel na rua Malabaia, em Palermo, bairro de Buenos Aires, na Argentina
Já instalados no grande hotel da expedição à Antártida, no centro de Buenos Aires, na Argentina
Um pouco mais longe, mas também perto o suficiente para uma caminhada, está a região do Palermo Hollywood (que nome!), conhecido por sua agitada vida noturna. Estivemos aí uma dessas noites, mas confesso que me atraem mais a tranquilidade dos restaurantes da Plaza Armênia onde, aliás, almoçamos hoje para nos despedir daqui.
De volta ao centro de Buenos Aires, na Argentina
De volta ao centro de Buenos Aires, na Argentina
Feitas as devidas despedidas, inclusive do nosso simpático hotel, fomos de táxi para o centro, onde está o hotel que dormiríamos hoje. Esta noite já está incluída no pacote que compramos para a Antártida, num daqueles hotéis grandes do centro, quase na Plaza de Mayo. A gente se instalou no nosso novo quarto, fizemos o check-in da expedição e aproveitamos a tarde para nosso último tempo livre antes de nos juntarmos, definitivamente, ao grupo. Hoje de noite já está programado um jantar em um restaurante com direito a show de tango e amanhã, antes de embarcarmos, ainda teremos tempo para um rápido city tour pelas principais atrações de Buenos Aires. Vai ser a nossa chance de visitarmos La Boca e seu Caminito, outro ponto obrigatório de visita para quem vem conhecer a cidade. O que não vai estar no roteiro do city tour é o tradicional bairro de San Telmo e foi para lá que seguimos para passar essa nossa última tarde na capital argentina.
Caminhando rumo a San Telmo, em Buenos Aires, na Argentina
Basílica de Santo Domingo, em Buenos Aires, na Argentina
San Telmo é um dos bairros mais antigos da cidade e foi em suas ruas estreitas e de paralelepípedo que ocorreu um dos feitos históricos mais celebrados da cidade: a resistência quase espontânea aos invasores ingleses em 1806. Em guerra contra a Espanha na Europa, os britânicos imaginaram que não encontrariam dificuldades para ocupar a cidade, de grande valor estratégico para dominar a bacia do Prata. Com efeito, as tropas oficiais logo bateram em retirada e os ingleses entraram triunfantes. Mas não demorou muito para os habitantes da Buenos Aires dentão perceberem que só estavam trocando de patrões e, pior, que os novos nem falavam a sua língua. Assim, trataram de colocar os ingleses para correr e ainda hoje é possível ver vestígios dessas ferozes batalhas pelas ruas do bairro como, por exemplo, nas paredes da bela Basílica de São Domingos.
Carnaval fora de época nas estreitas ruas de San Telmo, em Buenos Aires, na Argentina
Bloco de carnaval em rua estreita de San Telmo, em Buenos Aires, na Argentina
Expulsados os ingleses e, alguns anos depois, os próprios espanhóis, o bairro se tornou a região preferida da cidade pela alta classe da época, que construíram aqui suas mansões. Assim foi por quase um século, até que uma forte epidemia de doença fez com que os mais abastados procurassem os novos bairros mais arejados do norte da cidade, abandonando seus antigos casarões. Com o tempo, esses foram divididos em casas menores e ocupados por diversas famílias mais simples, quase como cortiços.
Carnaval fora de época nas estreitas ruas de San Telmo, em Buenos Aires, na Argentina
Carnaval fora de época nas estreitas ruas de San Telmo, em Buenos Aires, na Argentina
O processo de deterioração se inverteu em décadas recentes, quando artistas, boêmios e estudantes começaram a voltar ao bairro, atrás da boa localização, preços baixos, charme histórico e peças amplas. San Telmo renasceu! Numa espécie de círculo virtuosos, bares e restaurantes foram sendo abertos, atraindo turistas e dinheiro que era usado na renovação de outras casas do bairro. Hoje, San Telmo voltou aos bons tempos, uma das regiões mais atraentes de Buenos Aires.
Bandeira boliviana é agitada em bloco de carnaval com as cores daquele país, em ruas de San Telmo, em Buenos Aires, na Argentina
Bandeira boliviana é agitada em bloco de carnaval com as cores daquele país, em ruas de San Telmo, em Buenos Aires, na Argentina
E para lá fomos, caminhando, desde o nosso hotel no centro. Entrando no bairro, já começamos a ouvir boa música reverberando pelas paredes das antigas mansões nas ruas estreitas. Era um desfile de carnaval fora de época, nossos hermanos com ginga de brasileiros, bailando, tocando tambores e atabaques e até arriscando na capoeira. Um momento inusitado para nós, mais uma lembrança para levar desse bairro que tanto admiramos.
O famoso mercado de San Telmo, no bairro de mesmo nome, em Buenos Aires, na Argentina
A sempre agitada Plaza Dorrego, coração do bairro de San Telmo, Buenos Aires, na Argentina
Depois do carnaval, passamos pelo mercado e chegamos ao coração do bairro, a praça Dorrego. Aí, nos finais de semana, sempre há uma feirinha animada, portenhos e turistas buscando alguma pechincha ou lembrança para levar para casa.. Nós demos nossa volta por lá também, mas nosso objetivo maior era um delicioso bar na esquina da praça, talvez o mais charmoso e tradicional do bairro. Nele já estive algumas vezes, mas é da última que mais me lembro, já junto com minha amada esposa. Buscamos a mesma mesa para tentar tirar a mesma foto, de 6 anos atrás, que a Ana usa no topo de seu blog aqui no site. A foto nnão saiu igual, mas tão bela quanto, assim como a minha esposa, 150 mil quilômetros mais experiente do que 6 anos atrás!
O mais tradicional e charmoso bar de San Telmo, na Plaza Dorrego, em Buenos Aires, na Argentina
Voltando ao mesmo bar e mesmo chopp de 6 anos atrás, na PLaza Dorrego, coração de San Telmo, Buenos Aires, na Argentina
Choppes gelados, deliciosos bocadilhos e o prazer de estarmos no lugar certo, na hora certa, por momentos preciosos da nossa última tarde na cidade. Depois, junto com o so0l que se punha, era hora de caminharmos de volta para o hotel. Afinal, já tínhamos programação para a noite: a primeira chance de conhecer e conviver com as pessoas do nosso grupo de viagem. Tudo isso num delicioso jantar temperado com muito tango!
Voltando ao mesmo bar e mesmo chopp de 6 anos atrás, na PLaza Dorrego, coração de San Telmo, Buenos Aires, na Argentina
Depois de 6 anos, a mesma foto, no mesmo bar de San Telmo, em Buenos Aires, na Argentina
A famosa cachoeira do Véu da Noiva, cartão postal mais conhecido da Chapada dos Guimarães, em Mato Grosso
O dia começou cedo novamente. Ontem, foi o dia das cavernas e hoje, o das cachoeiras. Outra vez, estávamos com o Sergio, nosso guia paulistano, mas cidadão da Chapada de coração, já há mais de duas décadas. A trilha das cachoeiras fica dentro da área do parque e para percorrê-la, é obrigatória a companhia de um guia. Como o Gabriel e a Luisa, o casal que nos acompanhou ontem, já tinha feito essa trilha, fomos apenas com o Sergio para a trilha.
Entrando no Parque Nacional da Chapada dos Guimarães, em Mato Grosso
Mas a primeira parada do dia não foi essa trilha que percorre sete quedas d’água, e sim o principal cartão postal da região, a cachoeira do Véu da Noiva. Aí sim, é possível ir sem guia, mas o Sergio foi conosco, já que passaria todo o dia com a gente. Fomos as primeiras pessoas do dia a entrar lá hoje, praticamente acordando o guarda na portaria.
Chegando na cachoeira do Véu da Noiva, na Chapada dos Guimarães, em Mato Grosso
A famosa cachoeira do Véu da Noiva, cartão postal mais conhecido da Chapada dos Guimarães, em Mato Grosso
O Véu da Noiva já vem atraindo visitantes desde o início do século passado. Foi sua imagem que popularizou a Chapada dos Guimarães em todo o país, atraindo gente de longe, como o próprio Sergio, que viu sua foto num calendário e decidiu que queria conhecer aquele lugar. Os visitantes vinham para o mirante da cachoeira e também desciam até o lago lá embaixo, para um mergulho.
O vale da cachoeira do Véu da Noiva, na Chapada dos Guimarães, em Mato Grosso
Trilha das cachoeiras, no Parque Nacional da Chapada dos Guimarães, em Mato Grosso
A atração ficou tão popular que até batizados evangélicos eram realizados lá embaixo. Infelizmente, a beleza e significado do lugar começou a atrair um outro “público” também. Não foram poucas as pessoas que escolheram o Véu da Noiva para um último mergulho, diretamente dessa para outra vida. Mas não foi um caso de suicídio que levou a atração a ser interditada por mais de um ano. Foi mesmo uma cerimônia de batismo. Uma grande rocha se soltou do topo da cachoeira e, ao se despedaçar lá embaixo, uma lasca atingiu uma pessoa com a força de uma bala. A cachoeira ficou fechada por um bom tempo e só foi reaberta recentemente. Mas agora, apenas o acesso ao mirante é permitido. Nada mais de mergulhos ou batismos lá embaixo.
Uma Sempre-Viva, no Parque Nacional da Chapada dos Guimarães, em Mato Grosso
Flora exuberante na Chapada dos Guimarães, em Mato Grosso
Para nós, foi mais do que o suficiente. A imagem lá de cima é mesmo belíssima e pudemos tirar nossas fotos tranquilamente, sem ter de disputar os melhores ângulos com outros turistas. A cachoeira não tem culpa das histórias que se passaram por lá e continua linda como sempre. Em seguida, aí sim, seguimos para outra entrada do parque, onde está a tal trilha das cachoeiras.
A magnífica cachoeira das Andorinhas, na Chapada dos Guimarães, em Mato Grosso
Um banho gelado na cachoeira das Andorinhas, uma das mais bonitas no Parque Nacional da Chapada dos Guimarães, em Mato Grosso
São várias delas, todas no mesmo rio. Seguimos diretamente para as duas que estão mais abaixo no curso da água, a Andorinhas e a Independência, para depois, com tranquilidade, percorrermos a trilha rio acima, passando por todas as outras, como a Prainha, o Degrau ou a Cachoeira Do Pulo.
Um banho gelado na cachoeira das Andorinhas, uma das mais bonitas no Parque Nacional da Chapada dos Guimarães, em Mato Grosso
Um banho gelado na cachoeira das Andorinhas, uma das mais bonitas no Parque Nacional da Chapada dos Guimarães, em Mato Grosso
Estamos em plena onda de frio aqui na Chapada. As pessoas podem não acreditar, mas pode fazer muito frio aqui na Chapada dos Guimarães, em pleno Mato Grosso. Ao mesmo tempo em que cidades paranaenses e catarinenses enfrentavam temperaturas negativas, nossas noites por aqui beiravam os 5 graus, principalmente com o efeito do vento. A consequência disso foi que a água do rio estava bem fria também, mas o dia lindo foi um estímulo para o mergulho, mesmo em águas geladas.
Um banho gelado na cachoeira das Andorinhas, uma das mais bonitas no Parque Nacional da Chapada dos Guimarães, em Mato Grosso
Cachoeira do Degrau, na Chapada dos Guimarães, em Mato Grosso
Tomamos um banho logo na primeira parada, na cachoeira das Andorinhas, a maior delas. Depois, uma a uma, fomos conhecendo, fotografando e, onde houvesse coragem e disposição, mais um mergulho.
Cachoeira do Pulo, na Chapada dos Guimarães, em Mato Grosso
Uma das mais belas cachoeiras na trilha das cachoeiras, no Parque Nacional da Chapada dos Guimarães, em Mato Grosso
Por fim, já lá no alto, deixamos as cachoeiras para trás e fomos conhecer a Casa de Pedra, uma espécie de caverna aberta, um refúgio perfeito para antigos animais e índios que passaram por aqui há milhares de anos. Um convite a descansar e contemplar, observar, refletir ou simplesmente, tirar uma pestana ao embalo dos barulhos da natureza ali do lado.
Chegando à Casa de Pedra, no Parque Nacional da Chapada dos Guimarães, em Mato Grosso
Descanso na bela formação conhecida como Casa de Pedra, no Parque Nacional da Chapada dos Guimarães, em Mato Grosso
Da Casa de Pedra de volta para a Fiona e ao reencontro do Gabriel e da Luisa. Eles nos acompanhariam na nosso último passeio na Chapada dos Guimarães, as paisagens grandiosas da Cidade de Pedra, uma despedida em alto estilo desse lugar mágico no coração do Brasil.
Romantismo na bela formação conhecida como Casa de Pedra, no Parque Nacional da Chapada dos Guimarães, em Mato Grosso
A enorme ponte natural no Natural Bridge Park, na Virginia, nos Estados Unidos
O ano era 1747. O jovem de quinze anos estava feliz. Tinha conseguido um bom emprego! Acompanharia um amigo seu, mais velho, no estudo e catalogação de um novo “pedaço de terra”, no seu estado natal de Virginia, que um rico proprietário de fazendas da região estava interessado em adquirir. Ele estava pagando um bom dinheiro para que os dois jovens passassem alguns dias nessa terra que, até agora, ainda pertencia ao Rei da Inglaterra, assim como todas as terras devolutas do novo continente.
As pessoas ficam minúsculas quando comparadas à ponte de pedra no parque "Natural Bridge", na Virginia, nos Estados Unidos
O jovem de 15 anos havia ouvido falar que a região era de grande beleza e que nela havia uma incrível “obra de Deus”. Ao entrar na propriedade, os dois logo seguiram para o pequeno rio que por ali passava e resolveram seguir pelo seu curso, uma espécie de caminho natural para conhecer a área. Não demorou muito para, seguindo rio acima, logo após uma curva, ficarem os dois boquiabertos, extasiados diante do que viam. Eles caminhavam por um profundo vale, quase um canyon de pedra e, logo ali na frente, uma gigantesca ponte de pedra, com cerca de 80 metros de altura, ligava os dois lados do desfiladeiro, passando sobre o rio.
A colossal ponte de pedra do parque "Natural Bridge", na Virginia, nos Estados Unidos
Logo abaixo da ponte natural o rio formava uma convidativa piscina. Mas antes de entrar na água para o refrescante banho, num arrobo típico de um adolescente, o jovem de 15 anos resolveu escalar uma das paredes de pedra que sustentavam a ponte. Não até o alto, mas até uma espécie de pequena plataforma, a oito metros de altura. O amigo mais velho ralhou, mas o adolescente não lhe deu ouvidos. Não demorou muito e chegou até a plataforma. Ali do alto, empolgado com tanta beleza e grandiosidade, e também com sua façanha em ali chegar, celebrou testando o eco que as paredes formavam, dando potentes gritos ainda um pouco desafinados. Depois, ainda antes de arriscar um salto até a pequena piscina natural, resolveu deixar sua marca por ali. Uma assinatura na pedra. A prova de que estivera lá. “GW”, eram suas iniciais, que de tanto se orgulhava.
Observando a cachoeira no rio que formou a incrível ponte de pedra no parque "Natural Bridge", na Virginia, nos Estados Unidos
Apesar da enorme beleza da área, a propriedade não era boa para o plantio e o rico senhor acabou se desinteressando em comprá-la. Mas o jovem GW nunca se esqueceu de lá. Tanto que, anos mais tarde, ao fazer amizade com um jovem muito inteligente, 10 anos mais novo do que ele, ao descobrir que ele era o filho do seu antigo patrão, não titubeou em contar-lhe a história daquela linda propriedade. O filho pareceu mais interessado que o pai e, de fato, ao visitar a agora famosa ponte de pedra, quis ele mesmo comprá-la. O dono ainda era o Rei da Inglaterra e não foi difícil arrematá-la. Na verdade, foi um ótimo negócio para Sua Majestade pois, ele ainda não sabia, estava para perder todas as suas propriedades naquela região, destinada a se transformar nos Estados Unidos da América, menos de dez anos mais tarde.
Réplica de antiga oca indígena no parque "Natural Bridge", na Virginia, nos Estados Unidos
Pois é... mal sabia o rei também que aquela majestosa ponte natural havia, a sua maneira, enfeitiçado os dois nomes principais da guerra de independência americana. Afinal, o tal “GW” era George Washington. Seu primeiro patrão, Peter Jefferson, pai do grande amigo, e às vezes adversário político, Thomas Jefferson.
Marcado na pedra, as iniciais de George Washington, feito pelo presidente americano quando ainda era adolescente (no parque "Natural Bridge", na Virginia, nos Estados Unidos)
Washington não voltou mais à “Natural Bridge”, embora sua assinatura ali continue, para alegria e deslumbramento dos milhares de turistas anuais. Já Jefferson, ali passou os mais tranquilos momentos de sua vida intensa. Construiu uma bela casa ali do lado, onde recebia amigos e mostrava, orgulhoso, não só a tal “obra de Deus”, mas também a assinatura do falecido amigo. Foi com ele que se iniciou a tradição de proteger aquela maravilha da natureza na área que é hoje um monumento nacional.
Vários livros sobre as histórias dos presidentes americanos, na loja do parque "Natural Bridge", na Virginia, nos Estados Unidos
Aí estivemos eu e a Ana, hoje. Além da bela magnífica ponte de pedra, pudemos observar a assinatura de GW e a piscina, hoje fechada para banhos. Caminhamos rio acima até uma cachoeira onde o jovem Washington também deve ter estado, observamos réplicas de antigas moradias indígenas (que já veneravam e protegiam a região muito antes de nós!) e até visitamos um interessante “borboletário”, uma sala fechada onde vivem, soltas, as borboletas da região.
Bela borboleta no borbolet[ario do Natural Bridge Park, na Virginia, nos Estados Unidos
Tudo muito interessante, talvez a maior atração da Blueridge Parkway no trecho da Virginia. Mas, sem dúvida, o melhor de tudo foram os momentos de contemplação ali debaixo de mais de um milhão de toneladas de pedra, só tentando imaginar essa tarde de primavera de 1747. E se o GW tivesse quebrado seu pescoço naquele dia, como seria o mundo em que vivemos?
Visitando o Natural Bridge Park, na Virginia, nos Estados Unidos
O fervedouro Alecrim, em São Félix do Tocantins, região do Jalapão - TO
Depois dos suados 100 km de trilhas pelo P.N das Nascentes do Parnaíba e pelo Parque Estadual do Jalapão, chegamos no fim de tarde á São Félix. A viagem, que imaginávamos demorar umas quatro horas, demorou o dobro. Mas estávamos dispostos a ainda aproveitar o resto do dia.
Tarefa bem fácil e prazerosa, tenho de admitir. Bem pertinho da cidade, nem 10 min de carro, está o Fervedouro do Alecrim, para muitos o mais bonito dos muitos que existem no Jalapão. "Fervedouro" é o nome que se dá por aqui às nascentes de água em que ela parece brotar do solo, formando piscinas circulares, chão de areia, geralmente cercado por bananeiras, que adoram solo úmido.
Nadando no fervedouro Alecrim, em São Félix do Tocantins, região do Jalapão - TO
Pare quem nunca esteve num, fotos e explicações detalhadas não vão chegar nem perto de mostrar o que eles são na realidade. É o tipo da coisa que você tem de experimentar, ao vivo e à cores. É sensacional! De fora, parece ua formação meio estranha, um círculo de areia no meio de uma piscina natural de águas cristalinas. É a circularidade que mais chama a atenção. Parece algo feito pelo homem. Mas, quando se entra num deles e se caminha até o círculo de areia, aí é que está a graça...
Divertindo-se no fervedouro Alecrim, em São Félix do Tocantins, região do Jalapão - TO
Eu já conhecia um, aqui mesmo do Jalapão, na região de Mateiros, onde estive há onze anos. Então, deixei a Ana entrar primeiro e fiquei observando e me divertindo com a reação dela. Mesmo já tendo explicado, ela (como qualquer um que nunca esteve em um fervedouro) ainda não tinha "captado". Assim, quando ela deu o primeiro passo dentro do círculo de areia e reagiu com um grito de surpresa, foi muito divertido. Tudo devidamente filmado, hehehe!
Tentando afundar no fervedouro Alecrim, em São Félix do Tocantins, região do Jalapão - TO
Aos poucos, ela foi se acostumando e perdendo o medo e a aflição. Eu entrei também e passamos uma hora por ali, brincando de tentar afundar dentro da areia. Tarefa impossível! A água nos joga para cima novamente. É como se estivéssemos em uma cama elástica. Impressionante! Incrível também ´o tamanho minúsculo dos grãos de areia que formam a piscina. Quase impossível percebê-los.
A prainha, em São Félix do Tocantins, região do Jalapão - TO
De lá, já ficando escuro, seguimos para a vizinha prainha, uma praia de rio que tem até iluminação. Ficamos por um tempo, mas a fome nos levou de volta à pousada Capim Dourado, onde um jantar encomendado nos esperava. A Ana ainda teve forças para socializar no bar em frente, enquanto eu, no quarto, colocava as fotos e os pensamentos em ordem. Nossa, que dia... Quantas histórias... E, ao fim de tudo, relaxado pelas águas daquele lugar mágico que é o fervedouro, dormi o sono dos justos...
Estrada sendo construída, entre Serro e Milho Verde - MG
Nossa manhã foi de trabalho em Milho Verde. Muito texto, fotos e briga com a internet. O plano inicial de partir logo cedo acabou mudando para depois do almoço, na própria Pousada do Moraes, a mais tradicional da cidade. Partimos sem visitar nenhuma das muitas cachoeiras da cidade. Foi de cortar o coração, ver as fotos e placas indicativas, algumas a poucos minutos de caminhada. É fogo! Cada buraco desse estado merece alguns dias de exploração. Estamos quase querendo lançar o "10mildias.com" ou então o "1000dias por toda as Minas Gerais".
Falando em buraco, isso foi o que não faltou hoje, na estrada. Quase 20 km até Serro, mais outros 60 km até Conceição do Mato Dentro e outros 20 km até o distrito do Tabuleiro, já na beira da Serra do Cipó e da mais alta cachoeira de Minas Gerais. Todas as estradas de terra, mas por parte delas em via de serem asfaltadas.
Muita gente trabalhando, quebrando pedras, rasgando morros, aplainando estradas. É a natureza sendo domada aos nossos olhos. Em alguns pontos, ela parece estar sendo violentada. Largas estradas passando por onde apenas trilhas serpenteavam entre as rochas. A cena de um trabalhador destruindo as pedras com uma britadeira chocou meus olhos. Pedras que ali estavam a milhões de anos, sendo erodidades pela água e vento numa escala geológica sendo obliteradas em minutos pela máquina. Foi triste de ver.
Ao mesmo tempo, quando vemos a alegria das pessoas do asfalto estar chegando perto de casa, ficamos com o coração dividido. Não é fácil ter de levar o filho doente nas costas através de trilhas e carrapatos ou enfrentar horas de estrada de terra poeirenta todos os dias para se ir à escola. O progresso urge e o passado fica para trás, como não poderia deixar de ser...
Igreja em Serro - MG
Em breve o asfalto vai ligar Conceição até Serro, e Serro até Diamantina. Quero só ver o que vai acontecer com Milho Verde e São Gonçalo do Rio das Pedras com a chegada do asfalto... As mudanças vão se acelerar, com certeza. As décadas de 70 e 80, ainda próximas hoje, vão ser coisa do século passado. E quem passar daqui a um ano ou dois não vai precisar de uma Fiona para transitar com conforto e nem encher seu carro com camadas e camadas e camadas de poeira.
Igreja em Serro - MG
Bem, nós viemos com toda a paciência, enfrentando os buracos e observando as máquinas aplainarem as montanhas de Minas. Passamos pela simpáticas Serro e Conceição, cidades históricas cheias de belas igrejas e viemos até o distrito de Tabuleiro, nos hospedar em um Hostel, bem perto do parque estadual que abriga a mais nalta cachoeira de Minas, com mais de 250 metros de altura. Depois do descanço de três dias, já estamos com saudade de nos banhar em cachoeiras. E vamos matar essa saudade com estilo!
Ana com os Gustavos, no Hostel de Tabuleiro - MG
No hostel, de noite, tomando um vinhozinho para ajudar a enfrentar o frio e comendo um queijinho que trouxemos de Serro, considerado o melhor de Minas Gerais, conhecemos dois Gustavos. Um é o dono do hostel. O outro trabalha na ONG da Estrada Real. Juntos, nos deram uma aula sobre a Serra do Cipó e seus atrativos. Durante a conversa, planejamos um roteiro puxadíssimo para os próximos dias, uma verdadeira maratona para conhecer o "máximo do mínimo" da região. Vamos ver o quanto dá certo...
2012. Todos os direitos reservados. Layout por Binworks. Desenvolvimento e manutenção do site por Race Internet