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Blog do Rodrigo - 1000 dias

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Um Dia Para Não Esquecer - 1a Parte

Brasil, Maranhão, Carolina (P.N. Chapada das Mesas)

Na Cachoeira do Capelão, na Chapada das Mesas, região de Carolina - MA

Na Cachoeira do Capelão, na Chapada das Mesas, região de Carolina - MA


Hoje foi o dia de visitar a principal atração de Carolina: o complexo turístico da Pedra Caída. São várias cachoeiras, trilhas e possibilidades de tirolesas e rapel numa mesma propriedade. Entre todas as atrações, aquela que lhe dá o nome, a Cachoeira da Pedra Caída. Essa era a única que eu já conhecia, quando passei rapidamente por aqui no início do ano 2000. Mas, naquela época, as coisas não estavam tão desenvolvidas como hoje. Arrumei um guia e fomos diretamente para lá, sem portarias nem nada. A cachoeira foi umas das mais impressionantes que já vi.

Caminho pelo rio até a Cachoeira do Capelão, na Chapada das Mesas, região de Carolina - MA

Caminho pelo rio até a Cachoeira do Capelão, na Chapada das Mesas, região de Carolina - MA


Pois bem, chegou a hora de voltar, dessa vez com minha querida cara-metade. A propriedade onde está a cachoeira foi comprada por um rico empresário local que a repaginou por completo. Ele investiu nas trilhas antigas, criando passarelas de madeira. Criou novas, para outras belas cachoeiras que antes não eram visitadas. Instalou tirolesas, inclusive uma com 1.200 metros de extensão, vinda lá do alto do morro. Essas passarelas de madeira, que descem ao fundo do canyon da Pedra Caída ou ao alto do morro da tirolesa são de ótima qualidade, coisa de primeiro mundo. Todos os visitantes, em qualquer passeio dentro do complexo, devem estar acompanhados de guias locais.

Escalando a Cachoeira do Capelão, na Chapada das Mesas, região de Carolina - MA

Escalando a Cachoeira do Capelão, na Chapada das Mesas, região de Carolina - MA


Toda essa estrutura tem um preço, claro. Paga-se para entrar e, depois, por cada passeio. Esse preço tem duas funções; pagar por toda a estrutura e evitar que a farofa tome conta das cachoeiras, já que o acesso rodoviário ao local é muito fácil. Além disso, o número de visitantes é limitado por atração, sempre acompanhados por guias que levam grupos para estas atrações em horários pré-estabelecidos. Além de limitar o número de visitantes, os guias ainda tentam controlar para que os grupos que visitam as diversas atrações não se encontrem na mesma cachoeira. Deste modo, sempre que se chega à uma atração, ela está vazia, pelo menos na teoria.

Escalando a Cacheoira do Capelão, em Carolina, região da Chapada das Mesas - MA

Escalando a Cacheoira do Capelão, em Carolina, região da Chapada das Mesas - MA


Como hoje é sexta-feira, dia normal de semana, não havia muitos visitantes e foi mais fácil para nós armar um roteiro por lá. Escolhemos seguir primeiro para as cachoeiras do Capelão e da Caverna (mesmo passeio), depois para a Pedra Caída e, no fim da tarde, fazer a famosa tirolesa dos 1.200 metros. O Tino se voluntariou para nos guiar por esses lugares e lá fomos nós!

Curtindo a Cachoeira do Capelão, na Chapada das Mesas, região de Carolina - MA

Curtindo a Cachoeira do Capelão, na Chapada das Mesas, região de Carolina - MA


Passarela para a Cachoeira da Caverna, na Chapada das Mesas, região de Carolina - MA

Passarela para a Cachoeira da Caverna, na Chapada das Mesas, região de Carolina - MA


Para essas primeiras cachoeiras, segue-se de carro. Estar de Fiona ajuda bastante pois, do contrário, teríamos de ir no carro deles, que só parte com quatro pessoas. Viva a Fiona! Cinco quilômetros de terra e areia nos levam para bem próximo da Capelão, nome dado em homenagem aos macacos que tem esse nome por aqui (bugios gritadores, nossos velhos conhecidos). É uma trilha curta até um riacho de águas cristalinas que corre sobre um leito de areias vermelhas. Menos de cem metros de caminhada sobre este rio nos levam até uma cachoeira que é uma verdadeira pintura! Muito linda! E olha que nós conhecemos cachoeiras!

Cachoeira da Caverna, em Carolina, região da Chapada das Mesas - MA

Cachoeira da Caverna, em Carolina, região da Chapada das Mesas - MA


Ficamos ali por um tempo, realmente impressionados. A temperatura da água é muito gostosa e não dá vontade de sair. Mas, com tantas outras coisas para ver, não tem remédio: seguimos em frente. Mais um trecho de estrada e chegamos a uma longa passarela de madeira que depois desce uma encosta e chega a um outro riacho, Uma pequena caminhada rio acima e chegamos à Cachoeira da Caverna, mais um lugar mágico! O nome da cachoeira vem do fato de que, para se chegar até ela, temos de atravessar um túnel natural na rocha, quase uma caverna. As mesmas águas cristalinas, a mesma temperatura agradável, a mesma vontade de não ir embora, a mesma estupefação pela beleza do lugar.

Foto da Ana por detrás da cortina d'água, na Cachoeira da Caverna, em Carolina, região da Chapada das Mesas - MA

Foto da Ana por detrás da cortina d'água, na Cachoeira da Caverna, em Carolina, região da Chapada das Mesas - MA


Ao contrário das enormes cachoeiras de ontem, as de hoje são em riachos com pouca água, o que as tornam mais gostosas de serem "nadadas" e exploradas. Pequenos poços com profundidade de até 4 metros e água verde transparente, em cenários cinematográficos. O que mais pode-se esperar de uma cachoeira?

Saindo da Cachoeira da Caverna, na Chapada das Mesas, região de Carolina - MA

Saindo da Cachoeira da Caverna, na Chapada das Mesas, região de Carolina - MA


Voltamos então para próximo da entrada do complexo, deixamos a Fiona e seguimos para a Pedra Caída, também conhecida como Santuário. Para isso, é preciso descer um profundo canyon, o que antes era feito numa escada bem íngrime. Hoje, passarelas de madeira seguem em ziguezague e tornam essa descida muito mais agradável. Lá embaixo, seguimos canyon acima em direção à cachoeira. O visual é simplemente incrível: paredes de mais de cinquenta metros de altura, num canyon estreito com dez metros de largura. A mais bela entrada de "santuário" que já vi nesse mundo! Boa parte do caminho é feito no conforto de passarelas e o finalzinho com o pé na água, quando já se ouve o barulho da cachoeira ali perto.

Ponte sobre o canyon da Pedra Caída, na Chapada das Mesas, região de Carolina - MA

Ponte sobre o canyon da Pedra Caída, na Chapada das Mesas, região de Carolina - MA


O canyon da Pedra Caída, na Chapada das Mesas, região de Carolina - MA

O canyon da Pedra Caída, na Chapada das Mesas, região de Carolina - MA


O trecho final é maravilhoso. Uma curva à direita nos leva a uma câmera circular onde cai a cachoeira com seus 50 metros de altura. Uma piscina com vinte metros de diâmetro, toda cercada por essas enormes paredes, uma pequena abertura de um lado, por onde entramos e a água sai e a cachoeira do outro lado. Vapor para todo lado, o que dificulta muito as fotografias. Apenas com caixa estanque e, mesmo assim, pela pouca luz, quase todas tremidas e/ou embaçadas. Isso, de certa forma, a torna ainda mais especial, pois só vai entender realmente a sua beleza indescritível que lá for. As fotos não conseguem de maneira alguma fazer justiça àquela obra-prima da natureza.

Quase chegando à Cachoeira da Pedra Caída, na Chapada das Mesas, região de Carolina - MA

Quase chegando à Cachoeira da Pedra Caída, na Chapada das Mesas, região de Carolina - MA


A magnífica Cachoeira da Pedra Caída, ou Santuário, em Carolina, região da Chapada das Mesas - MA

A magnífica Cachoeira da Pedra Caída, ou Santuário, em Carolina, região da Chapada das Mesas - MA


Muitas pessoas nos pedem que façamos listas tipo as dez mais bonitas cachoeiras, praias, cavernas, etc, da nossa viagem. Não sou fã desse tipo de lista e, se tivesse de fazê-las, tenho certeza que estaria unjustiçando várias atrações. Mas hoje, visitando essas cachoeiras, as tais listas me vieram à cabeça. Essas cachoeiras teriam de estar lá, com certeza Na lista das cachoeiras mais belas e na lista de lugares de visita obrigatória antes de morrer.

A clarabóia da Cachoeira da Pedra Caída, em Carolina, região da Chapada das Mesas - MA

A clarabóia da Cachoeira da Pedra Caída, em Carolina, região da Chapada das Mesas - MA


Bom, findas as cachoeiras (há outras no complexo, nós é que, pela limitação do tempo, resolvemos ficar "só" com essas três), passamos à segunda parte do dia: as montanhas. Mas isso é assunto para outro post...

Aproveitando ao máximo a Cachoeira da Pedra Caída, em Carolina, região da Chapada das Mesas - MA

Aproveitando ao máximo a Cachoeira da Pedra Caída, em Carolina, região da Chapada das Mesas - MA

Brasil, Maranhão, Carolina (P.N. Chapada das Mesas), cachoeira, Capelão, Chapada das Mesas, Parque, Pedra Caída, Santuário

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Travessia

Brasil, Maranhão, Barreirinhas

Atravessando dunas na viagem entre Paulino Neves e Barreirinhas - MA

Atravessando dunas na viagem entre Paulino Neves e Barreirinhas - MA


Onze anos depois, finalmente fiz a travessia Paulino Neves - Barreirinhas no próprio carro. Da outra vez, bastaram alguns quilômetros na saudosa Maria (Pampa 4x4) para eu desistir. Ainda era no percurso Tutóia-Paulino Neves, qu hoje está asfaltado. Bastou uma ponte quebrada e uma água mais funda para eu desistir. E bastou andar alguns quilômetros no areial depois de Paulino neves, já a caminho de Barreirinhas para eu agradecer aos céus por não ter insistido.

Com a Dona Mazé, dona da pousada em Paulino Neves - MA

Com a Dona Mazé, dona da pousada em Paulino Neves - MA


Hoje, com a Fiona, a história foi diferente. Esse caminho muda constantemente, seja pelas dunas que vagarosamente se movem, seja pelas chuvas que criam novas lagoas e charcos. Um track de GPS do ano passado é inútil esse ano. A melhor estratégia e seguir a Toyota de linha, que faz o caminho diariamente. Assim fizemos, depois de combinar com o motorista da Toyota, claro.

Atravessando ponte na viagem entre Paulino Neves e Barreirinhas - MA

Atravessando ponte na viagem entre Paulino Neves e Barreirinhas - MA


Para carros baixos, até que dá passar pelas águas do caminho. O problema maior são os areais. O fluxo de Toyotas cria trilhas com a parte central muito alta. Tem de ser carro alto. E traçado, claro. Mesmo assim, patina bastante. Mas a Fiona passou bem, sem mesmo ter de abaixar os pneus. É uma valente, hehehe!

Atravessando areial na viagem entre Paulino Neves e Barreirinhas - MA

Atravessando areial na viagem entre Paulino Neves e Barreirinhas - MA


Em Barreirinhas, a gente se instalou na Pousada Lins. Por um dia. Amanhã, seguimos para Atins, no encontro do rio Preguiças com o mar. Lá será nossa base para explorar o Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses. Passamos algum tempo discutindo sobre como chegar lá: de barco ou de carro. E, se for de carro, com o nosso ou na Toyota de linha? E se for de barco, numa voadeira ou no barco de linha? Conversamos com amigos, o pessoal do hotel e da pousada que vamos ficar lá. A decisão foi pelo barco de linha mesmo, que desce preguiçosamente o rio Preguiças, hehehe. Fiz isso da última vez e tenho boas lembranças. Vamos ver como será dessa vez...

Orla do rio Preguiças, em Barreirinhas - MA

Orla do rio Preguiças, em Barreirinhas - MA


Aqui em Barreirinhas, passeamos pela orla do rio, cheia de restaurantes. A cidade cesceu, sem dúvida. Mas, fora de temporada, está bem tranquila. Fomos verificar a possibilidade de fazer um sobrevôo do parque, mas para hoje, o avião estava em manutenção. Quem sabe na volta, na segunda?

Rio Preguiças, em Barreirinhas - MA

Rio Preguiças, em Barreirinhas - MA


Por fim, fomos comemorar nosso 1o ano de casados ao contrário (21 meses) num jantar em um hotel chique daqui, o Porto Preguiças. Indicação do primo Haroldo. Hmmm... o risoto de camarão estava maravilhoso! Valeu cada centavo!

Jantar de comemoração em Barreirinhas - MA

Jantar de comemoração em Barreirinhas - MA


Para os próximos dias (vamos passar pelo menos três noites por lá), parece que não teremos internet. Então, vamos ficar meio silenciosos. Mas, não se preocupem! Voltamos com a corda toda, cheio de histórias e fotos!

Brasil, Maranhão, Barreirinhas, Lençóis Maranhenses

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Rumo à Pedra da Mina

Brasil, Minas Gerais, Passa Quatro (Pedra da Mina)

Linda paisagem montanhosa na região da Pedra da Mina em Passa Quatro - MG

Linda paisagem montanhosa na região da Pedra da Mina em Passa Quatro - MG


Ontem de noite, no caminho para Passa Quatro, paramos em um posto de Itamonte. Curioso sobre a Fiona, o frentista puxou papo. Conversa vem, conversa vai, disse a ele sobre os planos de subir a Pedra da Mina ainda hoje. Ele recomendou muito que passássemos na Hárpia, uma loja em Passa Quatro. Mais do que isso, ele ligou para lá e deixou que eu falasse com o Alessandro, um dos proprietários da loja. Combinamos de nos encontrar ainda ontem, na própria loja.

Aqui chegando, a primeira surpresa com a cidade: é uma loja super bem equipada de equipamentos para ciclistas e alpinistas. Digna de cidade grande! E Passa Quatro deve ter, no máximo, umas 10 mil pessoas vivendo em sua área urbana. O Alessandro também é guia das montanhas aqui perto. Como eu e a Ana fizemos belas compras na sua loja e ele estava com dificuldade de encontrar um guia para nós àquela hora da noite, resolveu ele mesmo nos guiar.

Achado o guia, passamos à etapa seguinte: encontrar uma pousada. O Rodolfo, também da Hárpia nos recomendou o São Rafael. Segunda boa surpresa com a cidade: que bela pousada! Ótima estrutura e conforto e um atendimento perfeito dos donos, o César e a Suzana. Rapidamente, nos sentimos em casa.

Agora, faltava jantar. A Suzana nos encaminhou para a pizzaria Seis e Meia. Terceira boa surpresa com a cidade: pizza da melhor qualidade!

Bom, fomos dormir de barriga cheia, acordamos e tivemos um delicioso café da manhã. Encontramos o Alessandro, fizemos compras de mantimentos e seguimos para o início da trilha para a Pedra da Mina, a 15 km da cidade (12 km de terra),já a 1.550 m de altitude.

Placa na entrada da trilha da Pedra da Mina em Passa Quatro - MG

Placa na entrada da trilha da Pedra da Mina em Passa Quatro - MG


Mochilas carregadas, botas novas, começamos animados. A primeira parte da trilha é quase plana, sempre sob a sombra da mata. Chegamos a um rio de águas cristalinas e geladas (prá variar...). O banho ficou para a volta. A partir daí a trilha começa a subir e uma hora mais tarde chegamos no último ponto de água. Abastecemos as garrafas, 3 litros por pessoa, incluindo a água para cozinhar de noite. A partir daí, só subida braba, uma pirambeira atrás da outra. Muita pedra e mato.

Pit-stop na subida da Pedra da Mina em Passa Quatro - MG

Pit-stop na subida da Pedra da Mina em Passa Quatro - MG


Logo aparecem as bolhas. As minhas, controlo com band-aids. As da Ana, um horror. A subida fica cada vez mais pesada. tiramos peso damochila da Ana. Devagar, vamos seguindo. Por fim, quase oito horas após começarmos a andar, chegamos ao topo da Pedra da Mina. Foram 1.250 metros de ascensão vertical ao longo de pouco mais de 12 km de trilha bem dura para atingir o ponto mais alto da serra da Mantiqueira, a 2.796 metros. Engraçado que até pouco tempo atrás não se sabia a altura correta da Pedra da Mina. Considerava-se Agulhas Negras a maior montanha da região. Ledo engano, corrigido na era dos GPSs e satélites.

No alto da Pedra da Mina em Passa Quatro - MG, a 2.800 m de altitude

No alto da Pedra da Mina em Passa Quatro - MG, a 2.800 m de altitude


Chegamos bem a tempo de armarmos nossas barracas e assistirmos a um belíssimo pôr-do-sol. Depois, a Ana preparou o prato que é sua especialidade: macarrão ao molho de gorgonzola. Só que aqui ela acrescentou um ingrediente a mais: pedrinhas. he he he. Ficou uma delícia. Tão bom que atraiu os únicos outros mamíferos que estavam naquelas alturas: camundongos! Do que será e como vivem esses bichinhos por lá? Essa noite, por exemplo, que nem teve vento,fez zero graus! Confesso que fiquei surpreso e admirado!

Pôr-do-sol no alto da Pedra da Mina em Passa Quatro - MG

Pôr-do-sol no alto da Pedra da Mina em Passa Quatro - MG


Bom, como disse, mesmo sem vento, a noite estava gélida. A lua estava quase cheia. A vista era deslumbrante! Pode-se ver dezenas de cidades lá de cima. De um lado, o sul de Minas. Do outro, o Vale do Paraíba, a mais de 2 mil metros verticais abaixo de nós. As várias cidades através do Vale parecem uma avenida, visto lá de cima. Naquelemomento éramos, muito provavelmente,os brasileiros mais altos dentro do país!

Nossa barraca armada durante o pôr-do-sol no alto da Pedra da Mina em Passa Quatro - MG

Nossa barraca armada durante o pôr-do-sol no alto da Pedra da Mina em Passa Quatro - MG


Armados, ou vestidos com várias camadas de roupas, ficamos lá curtindo a noite clara e gelada. Depois, nos recolhemos para o quentinho de nossos sleepings e barracas. Ainda tínhamos metade da caminhada pela frente!

Brasil, Minas Gerais, Passa Quatro (Pedra da Mina), Montanha, Pedra da Mina, Serra Fina, Trekking, trilha

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Garota, Eu Vou pra Califórnia

Estados Unidos, Oregon, Ashland, Califórnia, Crescent City

Depois de tanto tempo, de volta à califórnia, nos Estados Unidos

Depois de tanto tempo, de volta à califórnia, nos Estados Unidos


No dia 26 de Março desse ano, nós entrávamos nos Estados Unidos com a Fiona pela primeira vez. Foi na fronteira Tijuana/San Diego e o post está no arquivo contando a história dessa epopeia. San Diego está no sul do estado da Califórnia, estado que tem encantado brasileiros por gerações, principalmente surfistas e amantes da vida mansa. Passamos quase duas semanas explorando o sul do estado, diversos parques nacionais e algumas cidades antes de deixar o estado rumo à Las Vegas, onde tínhamos um encontro marcado.


Nosso caminho de hoje. Infelizmente, nem o Google Maps tem as pequenas estradas de terra que passamos para chegar mais diretamente as cavernas do Oregon (B)

Sete meses mais tarde, após uma enorme volta por todo o país, incluindo o Alaska, viajar pelo Canadá, fazer um tour pelo Caribe e ir conhecer os rincões gelados da Groelândia e Islândia, hoje era o dia de voltarmos ao Golden State. Mas dessa vez chegaríamos pelo norte, vindos do Oregon, sem complicações de fronteira. O que não mudou foi a trilha musical que embalou esse momento, a deliciosa música de Lulu Santos, “Garota, Eu Vou Prá Califórnia”.

O gerente do nosso motel em Ashland, que consertou o computador da Ana (sul do Oregon, nos Estados Unidos)

O gerente do nosso motel em Ashland, que consertou o computador da Ana (sul do Oregon, nos Estados Unidos)


Mas antes disso, ainda tínhamos uma programação pelo sul do Oregon! Pela manhã, saímos da simpática, teatral e colorida Ashland. Uma foto de despedida do gerente do nosso motel que ontem, com toda a simpatia, consertou o computador da Ana, tomado por um irritante e teimoso vírus. Enquanto passeávamos por entre as árvores coloridas da cidade, o computador foi vacinado e já está pronto para ir até a Argentina! E nós, prontos para o dia de viagem!

A bela região onde está o Oregon Caves National Monument, no sul do estado, nos Estados Unidos

A bela região onde está o Oregon Caves National Monument, no sul do estado, nos Estados Unidos


Saímos em direção ao Oregon Caves National Monument, uma região famosa por suas cavernas. Mais interessante que o próprio parque foi o caminho para chegar até lá. Nada de autoestradas que davam uma longa volta! Nosso GPS resolveu seguir pelos atalhos, estradas rurais e caminhos que cortam a National Florest vizinha ao parque. Estradas feitas para combater incêndios, nada acostumadas a receber turistas brasileiros dirigindo seu carro nacional, hehehe. As raras pessoas que cruzamos nesse caminho completamente perdido do mundo devem ter se perguntado de onde a gente tinha aparecido! Mas, enfim, mesmo por aquele emaranhado de estadas de terra subindo montanhas e descendo desfiladeiros, a Fiona nos levou direitinho até a entrada do parque! Tração aqui e ali, para vencer trechos com neve ou gelo, no meio de matas de pinheiros, o que importa é que chegamos ao nosso destino, provavelmente no mesmo tempo que levaria dando a longa volta asfaltada.

Fechado para a estação, Oregon Caves National Monument, no sul do estado, nos Estados Unidos

Fechado para a estação, Oregon Caves National Monument, no sul do estado, nos Estados Unidos


Era o dia da eleição no país, deputados, senadores, governadores e o presidente sendo escolhidos pelo voto de 200 milhões de pessoas. Por aqui, dia de eleição é feito numa terça-feira, dia normal de trabalho. Mesmo assim, algo nos dizia que o parque não estaria aberto. Pois é, não estava mesmo! E nem podemos colocar a culpa no Obama ou no Romney. Não, a culpa é de São Pedro, que inventou as estações. O parque havia fechado no último final de semana e será reaberto somente em Março do ano que vem. Para nós, meio difícil de esperar...

Centro de visitantes vazio e fechado no Oregon Caves National Monument, no sul do estado, nos Estados Unidos

Centro de visitantes vazio e fechado no Oregon Caves National Monument, no sul do estado, nos Estados Unidos


Bom, na verdade, não é o parque que fecha. Os parques nacionais americanos ficam abertos o ano inteiro. O que fecha é a infraestrutura: restaurante, centro de visitantes, lojas e, o mais chato de tudo, as estradas. Fecham para os carros, mas quem quiser entrar andando, vai conseguir. O problema é que, muitas vezes, as atrações estão dezenas de quilômetros parque adentro e caminhar até elas não é uma boa opção. Principalmente com neve caindo na cabeça!

Caverna fechada no Oregon Caves National Monument, no sul do estado, nos Estados Unidos

Caverna fechada no Oregon Caves National Monument, no sul do estado, nos Estados Unidos


Seria o caso desse parque daqui, em anos normais. O Park Ranger que encontramos nos disse que, normalmente, já teríamos uns trinta centímetros de neve no chão nessa época. Porém, não neste ano! Mas não importa! Regras e prazos existem para serem cumpridos e a estrada estava fechada. O que, nesse pequeno parque, não importa muito. São menos de 500 metros de caminhada da cancela até a caverna principal. Pois é, cavernas, esse foi o problema! Elas fazem parte da “infraestrutura” e só podemos entrar acompanhados de um guia, em tours com hora marcada. E o próximo tour está marcado para Março!

Respirando o ar puro das montanhas do Oregon Caves National Monument, no sul do estado, nos Estados Unidos

Respirando o ar puro das montanhas do Oregon Caves National Monument, no sul do estado, nos Estados Unidos


Paciência! A caverna estava fechada, mas éramos livres para percorrer as trilhas acima da terra. Escolhemos uma delas, justamente aquela que nos levaria para o alto, para termos uma visão geral da região. No caminho, painéis explicativos nos ensinam sobre a geologia, a história das montanhas e o processo de formação das cavernas. Sempre fico impressionado com a quantidade de conhecimentos que a humanidade já tem dos processos naturais em nosso planeta e o quão antigo rochas e montanhas podem ser. Aqui, por exemplo, tudo começou abaixo do mar. Bactérias, no seu processo de sobrevivência, foram retirando cálcio da água do mar e formando corais e recifes, ao longo de milhões de anos. Uma reviravolta no movimento das placas tectônicas e esses corais vão parar embaixo da terra, sob a pressão d algumas bilhões de toneladas. Eles se recristalizam, formando mármore. Novo choque de placas, o oceano escorre para o lado, o mármore se levanda da terra e forma a base de uma montanha. Outros milhões de anos de ação da erosão, lençõeis freáticos e o frio e calor das estações, as pedras racham, dão passagem a rios subterrâneos que formam galerias. Os rios afundam ainda mais, e as galerias, agora vazias, são cavernas para serem exploradas pelo mais novo animal do planeta, o bicho-homem! Pelo menos aqui nesse parque, não no inverno, mas na primavera, a partir de Março!

Visita ao Oregon Caves National Monument, no sul do estado, nos Estados Unidos

Visita ao Oregon Caves National Monument, no sul do estado, nos Estados Unidos


Assim, depois de muito aprender sobre rochas metamórficas, ígneas ou sedimentares, mas sem ver as cavernas por dentro, seguimos caminho para o próximo destino, a Califórnia! A ideia era recomeçar nossas andanças pelo terceiro maior estado americano (depois do Alaska e do Texas) pelo norte, pelo Redwood National Park.

Estrada de terra corta o Redwood National Park, no norte da Califórnia, nos Estados Unidos

Estrada de terra corta o Redwood National Park, no norte da Califórnia, nos Estados Unidos


Pois foram exatamente essas gigantes que nos deram as boas vindas depois de 7 meses fora da Califórnia. O parque nacional se estende por boa parte da região costeira ao norte do estado e a principal cidade-base é Crescent City. Para lá seguíamos já no fim de tarde quando tivemos a chance de deixar a estrada principal de lado e tomar uma estrada alternativa, de terra, que cortava um dos trechos do parque.

Um magnífico exemplar de Redwood, no Redwood National Park, no norte da Califórnia, nos Estados Unidos

Um magnífico exemplar de Redwood, no Redwood National Park, no norte da Califórnia, nos Estados Unidos


Quase já não havia luz, principalmente abaixo daquela floresta de árvores gigantes. As Redwoods, primas das Sequoias que já conhecemos, são as mais altas árvores do planeta, ultrapassando com facilidade a marca dos 100 metros de altura. Não são tão “gordas” como suas parentes e, apesar do nome, também não são tão vermelhas. O “vermelho” do nome vem da cor da madeira no seu interior, que não conseguimos ver. A grossa casca que a protege (“bark”, em inglês) de todos os insetos, parasitas e até incêndios tem vários tons de cinza, do mais claro ao mais escuro, e faz dessas gigantes um ser praticamente imortal. Não é a toa que chegam a viver mais de 2 mil anos!

A Fiona fica pequena perto das árvores do Redwood National Park, no norte da Califórnia, nos Estados Unidos

A Fiona fica pequena perto das árvores do Redwood National Park, no norte da Califórnia, nos Estados Unidos


Então, bem no final de tarde, passando por entre essas gigantes, praticamente sós naquele parque, tivemos nosso momento de magia nesse dia que nos trouxe de volta ao ponto inicial de nossa viagem pelos Estados Unidos. Parece ter sido ontem quando estivemos entre as Sequoias! E hoje, entre as maravilhosas Redwoods! Foi fantástico! Já no escuro, chegamos à Crescent City, ansiosos para que o dia raie novamente. Amanhã, vamos ver o parque com a ajuda do sol. Essa tarde foi apenas o aperitivo entre as silenciosas e imponentes Redwoods!

Nossa primeira árvore gigante no Redwood National Park, no norte da Califórnia, nos Estados Unidos

Nossa primeira árvore gigante no Redwood National Park, no norte da Califórnia, nos Estados Unidos

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O Grande Herói

Estados Unidos, Califórnia, Yosemite National Park

O ambientalista do século XIX, John Muir

O ambientalista do século XIX, John Muir


Em 1849, com onze anos de idade, o pequeno John Muir migrou para os Estados Unidos, vindo da Escócia. Venho junto com os pais e numerosos irmãos e se instalaram no Wisconsin. Coincidentemente, foi o mesmo ano da Corrida do Ouro da Califórnia, que levou ao estado centenas de milhares de migrantes em busca do valioso metal. Ouro havia sido encontrado aos pés da Sierra Nevada e cidades foram criadas ali da noite para o dia, em detrimento do meio ambiente da região e de seus antigos habitantes, os indígenas, impiedosamente escravizados e massacrados. Felizmente, a maior joia do oeste da Sierra Nevada, bem próximo dos pontos de descoberta de ouro, o vale de Yosemite foi poupado desse surto exploratório. O mesmo não pode ser dito da tribo que aí habitava. Aliás, foi exatamente em uma das expedições punitivas contra esses índios que os brancos chegaram pela primeira vez a este vale mágico, ficando um tanto quanto impressionados com sua beleza e imponência.

A incrível beleza do vale de Hetch-Hetchy, no Yosemite National Park, na Califórnia, nos Estados Unidos

A incrível beleza do vale de Hetch-Hetchy, no Yosemite National Park, na Califórnia, nos Estados Unidos


Anos mais tarde, o agora botanista John Muir, cada vez mais apaixonado pela natureza, decidiu que queria explorar e estudar a Amazônia e suas plantas. Para chegar até lá, resolveu seguir a pé do Wisconsin até a Flórida, de preferência longe das estradas, trilhas ou civilização. Sua épica viagem de 1000 milhas virou livro. Tudo correu bem durante a caminhada, mas assim que ele retornou à civilização, em busca de um barco que o levasse para a América do Sul, Muir contraiu malária. Já com 30 anos de idade, achou por bem desistir da Amazônia e trocou sua passagem por outra, que o levasse à Califórnia. Tinha lido sobre esse magnífico vale e queria vê-lo com seus próprios olhos. O clima puro de montanha seria o melhor remédio para a sua doença. O nome do vale: Yosemite.

A represa de Hetch-Hetchy no Yosemite National Park, na Califórnia, nos Estados Unidos

A represa de Hetch-Hetchy no Yosemite National Park, na Califórnia, nos Estados Unidos


Foi paixão a primeira vista. Yosemite passou a ser sua casa e seu templo e para essa região Muir dedicou o resto de sua vida. Quando ele ali chegou, em 1868, a região já era protegida, a primeira área dos Estados Unidos a ter esse status. Foi quatro anos antes, em plena guerra civil americana, que o presidente Lincoln assinou o decreto protegendo a “Mariposa Grove”, um bosque onde cresciam centenas de sequoias gigantes. Foi a preservação das árvores que inspirou o movimento pela proteção da área. O Vale de Yosemite, ali do lado, acabou beneficiado, apesar de não haver sequoias ali também.

Hetch-Hetchy, área no Yosemite National Park, na Califórnia, nos Estados Unidos

Hetch-Hetchy, área no Yosemite National Park, na Califórnia, nos Estados Unidos


Bom, a área era protegida, mas não tinha o status de parque nacional. Essa categoria só passou a existir em 1870, quando foi criado o Parque Nacional de Yellowstone, o primeiro do gênero em todo o mundo. A partir de então, Muir passou a lutar para que Yosemite também virasse parque. Sua maior preocupação era que o vale e as sequoias estavam liberados para a criação de rebanhos. Ou seja, não se podia derrubar árvores, mas podia-se criar vacas e ovelhas, o que estava destruindo a vegetação local. Muir era um grande escritor e muito bem relacionado. Trouxe para Yosemite um amigo seu, editor de uma das mais influentes revistas daquela época, onde ele pode observar ao vivo os efeitos danosos desses rebanhos. Ficou tão impressionado que abriu sua revista aos artigos de Muir. Não demorou muito para que o país inteiro passasse a acompanhar a sua luta. Menos de um ano depois, em 1890, o Congresso passou uma lei seguindo as recomendações de Muir, transformando toda aquela área, incluindo também o vale de Hetch Hetchy em Parque Nacional.

Túnel que dá acesso às trilhas na área de Hetch-Hetchy, no Yosemite National Park, na Califórnia, nos Estados Unidos

Túnel que dá acesso às trilhas na área de Hetch-Hetchy, no Yosemite National Park, na Califórnia, nos Estados Unidos


Mas, para decepção de Muir, essa mesma lei dizia que o parque deveria estar sob jurisdição das forças estaduais. Muir sabia que não funcionaria, pois a pressão econômica local faria com que a polícia estadual fizesse vista grossa para a criação de animais no parque. Muir continuou sua campanha, angariando o apoio de milhares de leitores que se impressionavam com sua habilidade de escrever e por seu amor à natureza e belezas selvagens.

As muitas trilhas no setor de Hetch-Hetchy, no Yosemite National Park, na Califórnia, nos Estados Unidos

As muitas trilhas no setor de Hetch-Hetchy, no Yosemite National Park, na Califórnia, nos Estados Unidos


Tanto foi assim que, em 1903, o presidente americano, Theodore Roosevelt (o tio do outro Roosevelt, que governaria o país durante a Grande Depressão e a 2ª Guerra Mundial), veio conhecê-lo. Muir foi encontrá-lo no trem presidencial, algumas horas antes de chegar à região do Yosemite. Essas poucas horas de conversas já foram capazes de forjar uma amizade duradoura. Roosevelt também era um amante da natureza e grande explorador. Isso não o impedia de ser um grande caçador também. Ele fez grandes viagens exploratórias na África e também à Amazônia. Da primeira, ficou a fama de um safari de proporções gigantescas, literalmente milhares de grandes animais abatidos. Algo que o velho presidente de muito se arrependeria no final da sua vida. Da segunda, a desconhecida Amazônia, ficou a fama de exploração e aventura. Não é a toa que o nome de um dos principais afluentes do maior rio do mundo homenageia o presidente americano.

Descanso na sombra enquanto se admira a beleza do vale de Hetch-Hetchy, no Yosemite National Park, na Califórnia, nos Estados Unidos

Descanso na sombra enquanto se admira a beleza do vale de Hetch-Hetchy, no Yosemite National Park, na Califórnia, nos Estados Unidos


Pois bens, ao chegar ao parque, Roosevelt pediu a Muir que lhe mostrasse o “Yosemite de verdade”. Sós, os dois caminharam pelo parque a acamparam ao lado de uma fogueira em um dos mais belos mirantes de Yosemite, o Glacier Point. Muitas horas de conversas e, não demorou muito, o parque passou a se administrado por forças federais.

Esquilo nos observa em trilha no Yosemite National Park, na Califórnia, nos Estados Unidos

Esquilo nos observa em trilha no Yosemite National Park, na Califórnia, nos Estados Unidos


Essa foi uma grande vitória para Muir. Mas ele também conheceu suas derrotas, na sua luta de preservação. Uma de suas áreas preferidas, o vale de Hetch Hetchy, uma espécie de Yosemite em miniatura, corria grande perigo. O vale, tecnicamente, era perfeito para a criação de uma barragem para acumulação de água e energia para a metrópole de San Francisco. Por mais de uma década, os desenvolvimentistas brigaram com Muir, através de artigos e lobbies no governo central, para que ali se construísse a barragem. Num célebre artigo, Muir defendeu que, antes de inundar aquele “maravilhoso tempo natural”, que se transformasse os templos construídos pelo homem em San Francisco, igrejas e catedrais, em caixas-d’água”, afinal, se algum deles era sagrado, seria aquele construído por Deus”.

Admirando a beleza do vale de Hetch-Hetchy, no Yosemite National Park, na Califórnia, nos Estados Unidos

Admirando a beleza do vale de Hetch-Hetchy, no Yosemite National Park, na Califórnia, nos Estados Unidos


Muir conseguiu bloquear o projeto por bastante tempo, mas em 1906 os desenvolvimentistas ganharam uma ajuda inesperada. Um enorme terremoto, seguido por um trágico incêndio, destruiu a cidade de San Francisco, matando 3 mil pessoas. A necessidade de uma fonte segura de água para a nova cidade que nasceria dos escombros se tornou imperiosa. Da tragédia, veio a simpatia da opinião pública nacional e nem o velho Muir pode, através de seus artigos, conferências e amizades com ex-presidentes, impedir que o projeto fosse à frente. O seu vale do coração, agora, estaria abaixo de dezenas de metros de água. Poucos anos depois, morreria o patrono de todos os parques nacionais americanos, o líder e figura icônica do movimento conservacionista que nos legou tantas áreas naturais que hoje, mais de um século mais tarde, ainda estão aí, para nosso deleite e admiração.

Chegando à cachoeira de Wapama, no Yosemite National Park, na Califórnia, nos Estados Unidos

Chegando à cachoeira de Wapama, no Yosemite National Park, na Califórnia, nos Estados Unidos


Acho incrível a luta e visão desse homem, tanto tempo atrás. Posso me identificar com algumas das lutas de entidades como o Greenpeace e WWF, mas é para John Muir que eu tiro o chapéu. Uma coisa, de muito mérito também, é lutar pela preservação ambiental em uma época em que isso é o “politicamente correto”, já parte da nossa cultura. A outra é romper um paradigma, um pensamento prevalescente de que a natureza deveria ser domada e colocada ao serviço do homem e da civilização. Foi contra essa “verdade” que Muir se insurgiu. E os parques nacionais americanos estão aí para mostrar a força da sua luta.

De tão gelada, a água até queima, na Wapama Falls, no Yosemite National Park, na Califórnia, nos Estados Unidos

De tão gelada, a água até queima, na Wapama Falls, no Yosemite National Park, na Califórnia, nos Estados Unidos


Pois quis o destino que fosse exatamente no local de sua grande derrota que começássemos nossa visita ao Yosemite. A área de Hetch Hetchy é o maior lago do parque, a represa que, ainda hoje, fornece água limpa para milhões de pessoas na área da baía de San Francisco. Em um primeiro olhar, tudo é lindo, uma paisagem cinematográfica. Apenas depois de ler a história é que ficamos imaginando as belezas escondidas e mortas abaixo da linha d’água. Enfim, uma nova natureza de desenvolveu ao redor do novo lago. Flora, fauna, cachoeiras e montanhas, uma natureza selvagem que impressiona mesmo os mais radicais ecologistas.

A incrível beleza do vale de Hetch-Hetchy, no Yosemite National Park, na Califórnia, nos Estados Unidos

A incrível beleza do vale de Hetch-Hetchy, no Yosemite National Park, na Califórnia, nos Estados Unidos


Hetch Hetchy fica em um canto isolado do parque de Yosemite, bem menos visitado que as atrações principais.. É uma espécie de joia escondida e secreta. Tem sua entrada particular, regras próprias e, se alguém quiser caminhar de lá (não há estradas!) até o Vale de Yosemite, por dentro do parque, são mais de 60 quilômetros de trilhas pelo alto das montanhas. Uma aventura e tanto!

Um dos três bosques de sequoias no Yosemite National Park, na Califórnia, nos Estados Unidos

Um dos três bosques de sequoias no Yosemite National Park, na Califórnia, nos Estados Unidos


Nós não tínhamos esse tempo, infelizmente. Optamos, então, pela mais popular das trilhas dessa área, uma caminhada ao redor do lago até a Wapama Falls. Passamos por cima da barragem onde diversos painéis explicativos cantam as glórias daqueles que foram inimigos em vida: Muir e os defensores e construtores da barragem. Bem, ninguém pode negar que a barragem, efetivamente, trouxe muito bem à milhões de pessoas.

As raízes de uma sequoia que já caiu há mais de 100 anos no Yosemite National Park, na Califórnia, nos Estados Unidos

As raízes de uma sequoia que já caiu há mais de 100 anos no Yosemite National Park, na Califórnia, nos Estados Unidos


Logo após a barragem, um grande túnel na rocha nos leva para o início de muitas trilhas. Por aí seguimos, sempre ao lado daquele lindo lago que refletia as enormes montanhas e paredes de pedra ao seu lado. Na trilha, cuidado para não pisar nas fezes de urso negro, muito comuns no parque. Uma hora de caminhada nos levou até a cachoeira e onde encontramos as outras únicas pessoas nesse parte do parque, um casal com dois filhos. Enfim, foi um passeio maravilhoso em meio a uma natureza exuberante. Se pudesse, diria a Muir que sua derrota não foi tão grande assim (fico imaginando a tristeza de Muir ao ver as nossas Sete Quedas sendo inundadas pela represa de Itaipu...)...

Depois de tantos meses, reencontro com as gigantescas sequoias, no Yosemite National Park, na Califórnia, nos Estados Unidos

Depois de tantos meses, reencontro com as gigantescas sequoias, no Yosemite National Park, na Califórnia, nos Estados Unidos


Voltamos para a Fiona e aí, pela estrada ao redor do parque, rumamos para a entrada principal. Mas antes de chegar lá, passamos por um dos três bosques no qual crescem as gigantes sequoias. Como sempre, absolutamente divinas! Lá se vão sete meses da nossa visita ao Parque Nacional das Sequoias, um pouco ao sul de Yosemite, também na Sierra Nevada. Tempo mais do que suficiente para nos dar muitas saudades dessas magníficas árvores avermelhadas. Mesmo já tendo visto antes, impossível não se impressionar com seu tamanho. Os pinheiros normais, ao seu lado, parecem meros gravetos!

Um túnel feito em um tronco de uma gigantesca sequoia morta, no Yosemite National Park, na Califórnia, nos Estados Unidos

Um túnel feito em um tronco de uma gigantesca sequoia morta, no Yosemite National Park, na Califórnia, nos Estados Unidos


Em um gigantesco tronco de uma sequoias que já estava morta, mas ainda de pé, construíram um túnel. Por aí, até a primeira metade do século passado, passavam carros! Uma forma de atrair turistas para o parque. Um belo cartão postal que rodou o mundo! Hoje, apenas pessoas passam ali e ver a Ana embaixo da árvore dá uma ideia do tamanho dessa árvore que viveu por milênios.

A primeira visão do imponente El Capitán, a montanha mais conhecida do Yosemite National Park, na Califórnia, nos Estados Unidos

A primeira visão do imponente El Capitán, a montanha mais conhecida do Yosemite National Park, na Califórnia, nos Estados Unidos


Depois de matar a saudade das sequoias, seguimos para o vale de Yosemite. O dia estava acabando, mas ainda tivemos o nosso momento mágico de entrar no vale justo quando as últimas luzes do sol iluminavam a mais famosa montanha e big wall da Sierra Nevada, ´El Capitán. Uma parede de granito de 900 metros de altura, o “sonho de consumo” de todos os rock climbers do mundo. Vê-la ali, na nossa frente, iluminada pelo sol de fim de tarde, foi fantástico! E emocionante também!

A primeira visão do imponente El Capitán, a montanha mais conhecida do Yosemite National Park, na Califórnia, nos Estados Unidos

A primeira visão do imponente El Capitán, a montanha mais conhecida do Yosemite National Park, na Califórnia, nos Estados Unidos


Demos uma volta rápida no vale, de carro e, já no escuro, fomos procurar um local para dormir. Muito caro dentro do parque, achamos um lodge algumas milhas para baixo, na estrada. Amanha é o dia de explorar, a pé, uma pequena parte desse fantástico vale, obra-prima da natureza que tem encantado gerações de pessoas, desde o pioneiro Muir até os retardatários e abobalhados integrantes da expedição 1000dias. Mal podemos esperar para acordar...

John Muir no parque que ajudou a criar, o Yosemite National Park, na Califórnia

John Muir no parque que ajudou a criar, o Yosemite National Park, na Califórnia

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De Volta a Pucón

Chile, Pucón

Fim de tarde em Pucón, no sul do Chile, com o vulcão Villarrica ao fundo

Fim de tarde em Pucón, no sul do Chile, com o vulcão Villarrica ao fundo


Ainda ontem, depois da nossa volta no lago Llanquihue e suas principais atrações, nós viemos de Frutillar para Pucón. Não é uma viagem curta. São quase 300 km, mas o GoogleMaps subestima a qualidade das estradas chilenas e diz que o percurso demora mais de 5 horas. Não é verdade e nós viemos em três, ainda em tempo de assistir a um belo entardecer na praia de areias escuras no lago Villarrica, a principal atração dentro da área urbana de Pucón.



De qualquer maneira, muitas coisas ficaram para trás nesse percurso entre as duas cidades. Como já venho dizendo em outros posts, nós tínhamos um compromisso com data e hora marcada aqui em Pucón, por isso a pressa nessa última perna do roteiro. Na verdade, até atrasamos nossa chegada por aqui em um dia e com isso perdemos a chance de assistir à prova de Ironman na cidade, ocorrida ontem. Meu primo Haroldo foi um dos competidores nesse que é considerado um dos mais belos triatlos do mundo, a natação realizada no lago Villarrica e a parte da bicicleta e corrida sempre aos pés do majestoso vulcão de mesmo nome. Nós chegamos a tempo de encontrar o Haroldo e sua equipe na hora do jantar, já celebrando a performance na prova. Mas o compromisso maior, para nós, não era mesmo o triatlo, mas a subida do vulcão Villarrica no dia de hoje, acompanhado dos valentes triatletas. Pois é, fazer uma prova de triatlo (1,8 km de natação, 90 km de bicicleta e 21 km correndo) e no dia seguinte, ainda subir um vulcão de 2.700 metros de altura, só mesmo sendo um iron man!

O vulcão Villarrica, em Pucón, no sul do Chile

O vulcão Villarrica, em Pucón, no sul do Chile


Atletas fazem a parte da corrida no tradicional triatlo de Pucón, no sul do Chile. Ao fundo, o vulcão Villarrica. Essa é considerada uma das mais belas provas de triatlo do mundo (foto da internet)

Atletas fazem a parte da corrida no tradicional triatlo de Pucón, no sul do Chile. Ao fundo, o vulcão Villarrica. Essa é considerada uma das mais belas provas de triatlo do mundo (foto da internet)


Bem, a Ana ficou sem conhecer essa parte do Chile entre o lago Llanquihue e Pucón, mas eu já tinha viajado por aqui. E quem viajava comigo era esse mesmo primo Haroldo, há 22 anos. Naquela época, a gente vinha em sentido contrário, do norte para o sul, e não tínhamos a mordomia da Fiona. Era de ônibus mesmo, com uma bela mochila nas costas (que, aliás, continua viajando comigo!). Depois de passar alguns dias em Pucón, nós seguimos de ônibus para as duas maiores cidades dessa parte do Chile, Valdivia e Osorno, e de lá para o Parque Nacional Puyehue, onde cruzamos a fronteira com a Argentina e fomos até Bariloche.

Nosso roteiro, de ônibus, na viagem de 1992: de Pucón para Valdívia e Osorno e de lá para Aguas Calientes, no Parque Puyehue. Aí cruzamos a fronteira e seguimos para Bariloche, na Argentina

Nosso roteiro, de ônibus, na viagem de 1992: de Pucón para Valdívia e Osorno e de lá para Aguas Calientes, no Parque Puyehue. Aí cruzamos a fronteira e seguimos para Bariloche, na Argentina


Valdivia e Osorno têm 150 mil habitantes cada uma, mais de seis vezes o tamanho de Pucón. Ambas as cidades têm uma forte cultura alemã, já que houve uma imigração intensa desse povo para cá em meados do séc XIX. Sem dúvida, em termos arquitetônicos, urbanísticos e históricos, as duas cidades são muito mais interessantes do que a relativamente pequena e simpática Pucón. A história de Valdivia começa muito antes, no final do séc. XVI. Ela foi uma importante base espanhola na guerra contra os indígenas mapuches (ainda vou contar a história desse povo valente!). Na verdade, por mais de um século, a cidade viveu literalmente sitiada pelos indígenas, um enclave espanhol em terras mapuches. Por isso havia muitos fortes militares na cidade e, ainda hoje, algumas das principais atrações de Valdivia são os remanescentes dessas fortificações, notadamente umas torres conhecidas como “torreón”.

Rua para pedestres em Valdivia, cidade com forte colonização alemã, no sul do Chile (foto da intenet)

Rua para pedestres em Valdivia, cidade com forte colonização alemã, no sul do Chile (foto da intenet)


Plaza de Armas de Osorno e a catedral de São Mateus (foto da internet)

Plaza de Armas de Osorno e a catedral de São Mateus (foto da internet)


A arquitetura alemã também impressiona os turistas. Felizmente, o mega terremoto de 1960, o mais forte registrado na história da humanidade e que teve o epicentro perto de Valdivia, não chegou a destruir a cidade, embora tenha feito muitos estragos, assim como o maremoto que se seguiu. Mas a cidade soube se recuperar e se transformou no maior centro universitário do sul do Chile. E onde há estudantes, há cultura e boemia. Enfim, é uma cidade muito gostosa de se visitar. Mais que Osorno, que também se caracteriza pela arquitetura alemã. A cidade também foi fundada no final do séc. XVI, mas essa os mapuches conseguiram conquistar e desalojar os colonizadores. Foi apenas duzentos anos mais tarde, já no final do séc. XVIII, que ela voltou a ser ocupada por espanhóis e começou a se desenvolver. Quando passamos aí, lembro-me de ter ficado meio decepcionado com o movimento noturno num final de semana. Vindos da movimentada Valdivia e numa cidade tão grande, realmente não esperávamos pelo marasmo noturno. Pelo menos, pudemos descansar...

Nosso chalé em Águas Calientes, no Parque Nacional Puyehue, no sul do Chile (foto da viagem de 1992)

Nosso chalé em Águas Calientes, no Parque Nacional Puyehue, no sul do Chile (foto da viagem de 1992)


As termas Pocitos, em Águas Calientes, no Parque Nacional Puyehue, no sul do Chile (foto da nossa viagem de 1992)

As termas Pocitos, em Águas Calientes, no Parque Nacional Puyehue, no sul do Chile (foto da nossa viagem de 1992)


De Osorno seguimos para o Parque Nacional Puyehue, famoso pelo seu vulcão, florestas e águas termais. A gente ficou em uma pequena vila chamada Aguas Calientes, em um chalé de madeira pelo qual pagamos uns 10 dólares para os três viajantes. Realmente, os preços eram outros naquela época... Entre tantas opções de termas na região, algumas muito chiques e luxuosas, escolhemos a mais barata, na verdade, gratuita. Se chamava (e continua se chamando!) Pocitos e chegamos lá depois de uma bela caminhada nas florestas do parque. Sendo de graça, as termas estavam bem concorridas, piscinas de barro com águas escuras. Não era muito atrativas, mas foram bem relaxantes. De lá seguimos diretamente para a fronteira e para Bariloche, numa estrada que o GoogleMaps não sabe que existe, mas existe sim e passa até ônibus!

Foto da bela e amedrontadora erupção vulcãnica no Parque Nacional Puyehue, em 2011 (foto de Daniel Basualto)

Foto da bela e amedrontadora erupção vulcãnica no Parque Nacional Puyehue, em 2011 (foto de Daniel Basualto)


Foto de satélite mostra a fumaça e cinzas da erupção vulcânica de 2011  no Parque Nacional Puyehue, no sul do Chile, atravessando a Argentina e fechando aeroportos por todo o país (foto da internet)

Foto de satélite mostra a fumaça e cinzas da erupção vulcânica de 2011 no Parque Nacional Puyehue, no sul do Chile, atravessando a Argentina e fechando aeroportos por todo o país (foto da internet)


Pois bem, dezenove anos depois de passarmos por lá, em 2011, houve uma grande erupção em fissuras vulcânicas dentro desse parque. Eu e a Ana já estávamos em plenos 1000dias e acompanhamos tudo pelas notícias. As cinzas e fumaça das erupções, levadas pelo vento, cruzaram a Argentina e chegaram ao Atlântico. Mais do que isso, rumaram para o norte e fecharam o aeroporto de Buenos Aires e até mesmo o de Porto Alegre. Pior, boa parte delas caiu ali pertinho, na região de Bariloche, mais precisamente, ao sul de San Martín de Los Andes. Quem nos acompanha sabe que subimos uma montanha por lá e nos deparamos com toneladas dessas cinzas, que entraram em nossos olhos, ouvidos, roupas e pulmões, mesmo dois anos depois da erupção. Quem quiser ver essa história, o post está aqui. Para sorte dos chilenos e azar dos argentinos, os estragos foram mesmo piores do outro lado da cordilheira. Por aqui, o parque está de vento em popa, milhares de turistas querendo ver de perto o vulcão dessa que foi a erupção mais importante da América do Sul na última década.

Praia do lago Villarrica cheia em dia ensolarado em Pucón, no sul do Chile

Praia do lago Villarrica cheia em dia ensolarado em Pucón, no sul do Chile


Praia do lago Villarrica cheia em dia ensolarado em Pucón, no sul do Chile

Praia do lago Villarrica cheia em dia ensolarado em Pucón, no sul do Chile


Bem, não foi o nosso caso agora, que seguirmos diretamente para Pucón. Era daqui (em disputa equilibrada com Torres de Paine!) que eu tinha minhas melhores memórias daquela viagem de um mês por Argentina e Chile, há mais de duas décadas. Como eu já disse, histórica e arquitetonicamente, a cidade não é nada de especial, mas a natureza ao seu redor é simplesmente espetacular. Por ela, Pucón virou uma verdadeira meca do turismo, atraindo esquiadores, hippies, famílias, aventureiros, artistas, aposentados, empreendedores, mochileiros e o que se possa imaginar...

Espreguiçando-se no fim de tarde em Pucón, no sul do Chile

Espreguiçando-se no fim de tarde em Pucón, no sul do Chile


Foto aérea de Pucón onde se destaca, além do vulcão Villarrica ao fundo, o mais tradicional hotel da cidade, o Gran Hotel, em frente à praia de areias escuras do lago Villarrica (foto da internet)

Foto aérea de Pucón onde se destaca, além do vulcão Villarrica ao fundo, o mais tradicional hotel da cidade, o Gran Hotel, em frente à praia de areias escuras do lago Villarrica (foto da internet)


A vocação turística foi descoberta já há mais de meio século, o primeiro grande hotel se instalando na cidade na década de 40. Aliás, é exatamente esse hotel o principal marco arquitetônico da cidade, bem em frente à praia que, em dias de sol, está sempre lotada. O público alvo eram as famílias ricas de Santiago, que vinham passar temporadas por aqui. Depois, a partir da década de 70, o turismo foi se internacionalizando e hoje, proporcionalmente, Pucón é a cidade chilena com o maior número de estrangeiros residentes. Gente que veio visitar, se apaixonou e ficou, abrindo seu negócio ou simplesmente passando por aqui os anos finais de suas vidas.

Praia cheia e lago movimentado em Pucón, no sul do Chile

Praia cheia e lago movimentado em Pucón, no sul do Chile


Bicicleta aquática no lago Villarrica, em Pucón, no sul do Chile

Bicicleta aquática no lago Villarrica, em Pucón, no sul do Chile


Pucón foi se adaptando a essa demanda, hotéis, restaurantes e agências de turismo se profissionalizando cada vez mais. Como colocou nosso livro de turismo, “não há nada mais estruturado turisticamente no continente ao sul da Costa Rica do que Pucón”. Exageros a parte, a quantidade de hotéis impressiona mesmo, assim como a possibilidade de passeios e atividades oferecidos pelas agências.

A Ana se refresca no lago Villarrica, em Pucón, no sul do Chile

A Ana se refresca no lago Villarrica, em Pucón, no sul do Chile


Mapa turístico de Pucón, no sul do Chile. Aí aparecem algumas das principais atrações da região, como o vulcão Villarrica, inúmeros saltos e termas, e o vale do rio Caburgua, onde se destaca a cachoeira conhecida como Ojos del Caburgua

Mapa turístico de Pucón, no sul do Chile. Aí aparecem algumas das principais atrações da região, como o vulcão Villarrica, inúmeros saltos e termas, e o vale do rio Caburgua, onde se destaca a cachoeira conhecida como Ojos del Caburgua


Nas minhas lembranças, Pucón ainda era relativamente tranquila. Mas ela se desenvolveu muito nessas duas décadas e pouco reconheci das ruas. Mas a praia continua lá, a melhor coisa a se fazer quando não se tem nada para fazer. Dos passeios daquela época, dois foram inesquecíveis. O primeiro, claro, é a subida ao vulcão Villarrica e foi isso que “refizemos” hoje. Continua tão impressionante como era e será o assunto do próximo post. O segundo foi uma visita que fizemos aos Ojos de Caburgua, nome de um poço de água extremamente azul cercado de cachoeiras, no vale do rio Caburgua. Há várias outras possibilidades de passeios também, muitas cachoeiras, trekkings pelos parques e matas, diversas termas para relaxar, pesca em rios e lagos, trilhas de bicicleta e passeios de cavalo, ski na água ou na neve e até, para os mais esportistas, a chance de fazer um dos mais belos triatlos do mundo.

A visão inacreditável dos Ojos del Caburgua, perto de Pucón, no sul do Chile (foto de 1992)

A visão inacreditável dos Ojos del Caburgua, perto de Pucón, no sul do Chile (foto de 1992)


Com o Haroldo e o Pfeifer nos mágicos Ojos del Caburgua, perto de Pucón, no sul do Chile (foto de 1992)

Com o Haroldo e o Pfeifer nos mágicos Ojos del Caburgua, perto de Pucón, no sul do Chile (foto de 1992)


Mas, para mim, os Ojos de Caburgua é que tinham sido especiais. Então, minha ideia era levar a Ana lá. Mas, ao ler sobre a atração nos dias de hoje, fiquei meio assustado. Bem mais caro para entrar, centenas de visitantes todos os dias e, o pior, nem mais é permitido nadar no poço. Dado a quantidade de turistas por lá, até entendo o motivo da proibição. Então, resolvi não mais ir lá. Achei melhor guardar as lembranças que tinha daquela época, sem poluí-las com novas imagens. Naquele 17 de Janeiro de 1992, a gente caminhava por um trilha na mata indo para esses poços sem esperar grande coisa. Foi quando, através da folhagem, vimos uma cor azul totalmente irreal. No meio daquele verde todo, o azul parecia totalmente fora do lugar. Quando finalmente chegamos á clareira e vimos o poço por inteiro, os queixos caíram. Que visão mais absolutamente maravilhosa. Fomos até o alto de uma das três cachoeiras que caíam no mesmo poço, uma de cada lado e, sem pensar muito, nos atiramos naquelas águas do paraíso. Foi um choque! Era a água mais gelada que eu já tinha mergulhado na minha vida. Por isso a maioria dos turistas estava do lado de fora! Mas a dor do frio sumiu dentro daquela poço de magia. Nunca mais iria me esquecer, da surpresa, do azul, do frio. Da sensação de ter descoberto e chegado a um lugar mágico, desconhecido. É esta lembrança que quero guardar para sempre. Esses são os meus Ojos de Caburgua.

Nadando nas águas incrivelmente geladas e azuis dos Ojos del Caburgua, perto de Pucón, no sul do Chile (foto de 1992)

Nadando nas águas incrivelmente geladas e azuis dos Ojos del Caburgua, perto de Pucón, no sul do Chile (foto de 1992)

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Rondando a Serra do Caparaó

Brasil, Espírito Santo, Pedra Menina, Ibitirama

Cachoeira da Fumaça vista de longe, no parque estadual em Ibitirama - ES

Cachoeira da Fumaça vista de longe, no parque estadual em Ibitirama - ES


Ressaca de eleições, felizes com alguns resultados, tristes com outros, começamos o dia mais tarde, aproveitando o frio da serra capixaba para descansar um pouco mais. Além disso, o dia não parecia longo pois, depois de conversar bastante com a Venus, do staff da nossa pousada, sobre os atrativos da região, montamos um roteiro meio light.

Trutas em tanque da Tecnotruta, em Ibitirama - ES

Trutas em tanque da Tecnotruta, em Ibitirama - ES


Começamos visitando o maior trutário (existe essa palavra?) do Brasil, o Tecnotruta, que fica no distrito de Santa Marta, bem próximo de Ibitirama. Uma beleza de lugar, trutas para alimentar um estádio inteiro. Mas demos o azar de chegar lá bem no dia em que a cozinheira não estava. Resultado, apesar de tantas trutas, muita água na boca. E só. Até poderíamos comprar algumas, congeladas, mas a Fiona ainda não tem microondas. Fica para a próxima...

Visitando a Cachoeira da Fumaça, parque estadual em Ibitirama - ES

Visitando a Cachoeira da Fumaça, parque estadual em Ibitirama - ES


De lá seguimos para o Parque Estadual da Cachoeira da Fumaça. Nem preciso dizer qual a principal atração do parque, certo? Ela tem quase cem metros, o carro chega até bem pertinho e só precisamos caminhar uns cem metros para chegar aos melhores pontos de fotos. Com o tempo nublado e frio e a água meio barrenta, nem pensamos em nadar. Deixamos o desafio de enfrentar a água fria para o dia seguinte.

Chalé ao lado da Cachoeira do Firmino, em Ibitirama - ES

Chalé ao lado da Cachoeira do Firmino, em Ibitirama - ES


Todas essas atrações, assim como a própria Ibitirama ficam no lado leste da Serra do Caparaó. Nosso objetivo agora era dar a volta na serra e no parque nacional que a protege para chegar ao lado mineiro do parque, onde se encontra a trilha de acesso ao Pico da Bandeira. É um belo caminho que alterna trechos de asfalto e de terra, sempre com muito verde e com alguns pontos que possibilitam a visão do ponto mais alto do Brasil ao sul do equador. Isso, em dias de sol, claro. Hoje, acima dos 1.500 metros, só se via nuvens. Era engraçado (ou triste?) ver as placas de sinalização do Pico da Bandeira e ficar imaginando ele, escondido atrás das nuvens.

Cachoeira da Fumaça, parque estadual em Ibitirama - ES

Cachoeira da Fumaça, parque estadual em Ibitirama - ES


Fomos dando a volta na serra e vendo cachoeiras e pequenas cidades. Uma delas, Patrimônio de Penha, foi especialmente interessante, aparentemente ocupada por uma comunidade mais alternativa, cheia de pousadinhas simpáticas, hortas orgânicas, centros holísticos, oficinas de desenho. Muito legal, mesmo. Deu para ver que a região vale uma boa semana de explorações. No caso desse lugar em especial, de vivências.

Enfim, chegamos a Pedra Menina, cidade na fronteira do espírito Santo e de Minas. Daí, ou seguíamos para Alto Caparaó, em MG, principal entrada do parque e onde já estive algumas saudosas vezes ou íamos conhecer a entrada capixaba do parque. Já era tarde, quase escurecendo, mas resolvemos testar a entrada capixaba. Lá, fomos recebidos por dois simpáticos guarda-parques e, meia hora de conversa depois, mudamos nossos planos. Resolvemos dormir por aqui mesmo, em Pedra Menina, e amanhã fazer a travessia do parque.

Vamos subir pelo lado capixaba, que dizem ser mais bonito e que eu não conheço ainda e descer pelo lado mineiro. Vamos contratar alguém para levar o carro de um lado ao outro. O lado capixaba é mais curto, porém mais íngrime. A previsão de tempo também não é das melhores mas temos esperança da parte alta do parque estar acima das nuvens... Para finalizar, como gostamos de desafios, nosso intuito é, além de fazer a travessia, realizar o maior número possível de "side trips", indo à cachoeiras e ao Pico do Cristal. O ritmo da marcha vai dizer o que será possível fazer ou não. Como não vamos dormir lá em cima, não precisamos carregar peso, o que é uma grande vantagem. Enfim, precisamos sair bem cedo, dedos cruzados para que não chova e, melhor ainda, tenhamos belas vistas lá de cima. Torçam por nós!!!

Passeando entre os tanques de trutas, na Tecnotruta, em Ibitirama - ES

Passeando entre os tanques de trutas, na Tecnotruta, em Ibitirama - ES

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Falkland, Steeple Jason

O primeiro grupo a seguir para Steeple Jason, no noroeste das Ilhas Malvinas

O primeiro grupo a seguir para Steeple Jason, no noroeste das Ilhas Malvinas


Finalmente, a hora do desembarque! De certa maneira, era agora que essa nossa viagem estava começando! Dois mil quilômetros desde Buenos Aires, três noites em mar aberto e hoje bem cedo despertamos com o canto de milhares de pássaros ao redor do nosso barco. Não era preciso ser um gênio para concluir que estávamos perto de terra firme. Com efeito, foi só abrir a janela da nossa cabine e lá estava, as montanhas escarpadas de alguma ilha, uma visão meio estranha para nossos olhos que haviam se acostumado a só ver água até o horizonte.

Milhares de petrels e de outras espécies de pássaros nos recebem em Steeple Jason, no noroeste das Ilhas Malvinas

Milhares de petrels e de outras espécies de pássaros nos recebem em Steeple Jason, no noroeste das Ilhas Malvinas


Ancorado ao lado de Steeple Jason, no noroeste das Ilhas Malvinas

Ancorado ao lado de Steeple Jason, no noroeste das Ilhas Malvinas


O café da manhã foi uma hora mais cedo do que o normal. Afinal, tínhamos um longo dia pela frente: dois desembarques, duas longas caminhadas em terra firme, duas pequenas ilhas na região noroeste do arquipélago das Malvinas. Todos ansiosos no café para a primeira operação de desembarque nessa viagem, para nosso primeiro uso dos zodiacs, do nosso primeiro encontro com pinguins em terra firme.

Nosso roteiro pelos mares do sul entre Falkland, Geórgia do Sul, Península Antártica e Ushuaia

Nosso roteiro pelos mares do sul entre Falkland, Geórgia do Sul, Península Antártica e Ushuaia


Com o Sea Spirit ao fundo, temos nosso primeiro contato com pinguins gentoo, em Steeple Jason, no noroeste das Ilhas Malvinas

Com o Sea Spirit ao fundo, temos nosso primeiro contato com pinguins gentoo, em Steeple Jason, no noroeste das Ilhas Malvinas


Falando em pinguins, ontem todos os passageiros do Sea Spirit foram divididos em dois grupos, os Rockhoppers e os Macaronis. Os nomes podem parecer estranhos (e são mesmo!), mas são as denominações de duas das várias espécies de pinguins que vamos encontrar durante essas 3 semanas de viagem. Pois bem, Macaronis e Rockhoppers, ontem de tarde, passaram separadamente pelo processo de desinfecção das roupas que iríamos usar no desembarque, parte do procedimento de biossegurança adotado pelas empresas que trazem turistas a esta região do globo. Os guias montaram uma verdadeira operação de guerra nos saguões do navio, com direito até a aspirador, e nós levávamos nossas roupas e equipamentos para lá, para serem examinados e aspirados. O principal foco eram os velcros, onde terra e sementes de outros continentes podem estar agarrados. Uma hora de trabalho e todo mundo estava “seguro”.

O primeiro grupo a seguir para Steeple Jason, no noroeste das Ilhas Malvinas

O primeiro grupo a seguir para Steeple Jason, no noroeste das Ilhas Malvinas


Um zodiac volta para o Sea Spirit para levar mais passageiros a Steeple Jason, no noroeste das Ilhas Malvinas (foto de Jeff Orlowski)

Um zodiac volta para o Sea Spirit para levar mais passageiros a Steeple Jason, no noroeste das Ilhas Malvinas (foto de Jeff Orlowski)


Hoje, na hora de desembarque, outra vez nos dividimos nos dois grupos. Primeiro saem os rockhoppers e depois os macaronis. No próximo desembarque, a ordem é invertida e assim continuamos até o final da viagem. Tudo para evitar tumulto na fila de desembarque. Já na hora de voltarmos ao Sea Spirit, aí é por ordem de chegada. Quem estiver cansado, com frio, enfadado ou com saudade do conforto da nossa casa sobre o mar, volta logo. Para quem quiser aproveitar até os últimos segundos, sempre haverá um zodiac para nos trazer de volta.

Voltando da praia para pegar mais uma leva de passageiros para desembarcar em Carcass Island, no noroeste das Ilhas Malvinas

Voltando da praia para pegar mais uma leva de passageiros para desembarcar em Carcass Island, no noroeste das Ilhas Malvinas


O Dave orienta seus passageiros no zodiac enquanto os leva para Steeple Jason, no noroeste das Ilhas Malvinas

O Dave orienta seus passageiros no zodiac enquanto os leva para Steeple Jason, no noroeste das Ilhas Malvinas


Pois bem, os rockhoppers se organizam em uma fila, todo mundo com suas botas, bem agasalhado e com os coletes também. Com o mar tranquilo, um zodiac cheio chega a levar 12 passageiros e o guia que também é piloto. O primeiro zodiac a seguir para terra firme vai apenas com guias e marinheiros. Eles dão uma primeira olhada no terreno e colocam umas bandeirinhas que servem para nos mostrar aonde ir e, especialmente, aonde não ir. O território proibido é onde estão os animais. Como regra, podemos chegar até a uns 5 metros de distância deles. Aí podemos ficar, fotografar e até esperar que eles mesmos se aproximem de nós. A curiosidade deles é aceita e benvinda. A nossa sim, tem um limite.

No zodiac indo para a praia de Dyke Bay, em Carcass Island, no noroeste das Ilhas Malvinas

No zodiac indo para a praia de Dyke Bay, em Carcass Island, no noroeste das Ilhas Malvinas


No zodiac indo para a praia de Dyke Bay, em Carcass Island, no noroeste das Ilhas Malvinas

No zodiac indo para a praia de Dyke Bay, em Carcass Island, no noroeste das Ilhas Malvinas


Enfim, somente quando a equipe de terra dá o okay, os passageiros começam a desembarcar. Todos pisamos no pequeno tanque que mata 98% das bactérias na bota e nos acomodamos no zodiac estacionado na popa do Sea Spirit. Três ou quatro zodiacs participam da operação, nos deixam em terra firme e voltam correndo para pegar mais uma leva de passageiros. Em 20-30 minutos todos estamos lá. Nessa primeira vez, ainda no início do caminho, nosso guia-piloto dá as instruções básicas sobre não ficar em pé com o zodiac em movimento e quando e como pedir para tirar alguma foto.

Esperando a chegada de mais um zodiac repleto de passageiros na praia de Dyke Bay, em Carcass Island, no noroeste das Ilhas Malvinas

Esperando a chegada de mais um zodiac repleto de passageiros na praia de Dyke Bay, em Carcass Island, no noroeste das Ilhas Malvinas


Um zodiac desembarca seus passageiros em Dyke Bay, praia de Carcass Island, no noroeste das Ilhas Malvinas

Um zodiac desembarca seus passageiros em Dyke Bay, praia de Carcass Island, no noroeste das Ilhas Malvinas


Quando chegamos em terra, geralmente em alguma praia ou pequena enseada, lá está a Cheli, a líder da expedição, para receber nosso barco, nos ajudar a sair, geralmente ainda com água no tornozelo e dar as instruções sobre como proceder em terra. Aqui nas Malvinas, geralmente é tranquilo. Mas quando chegarmos à Geórgia do Sul, muitas vezes o desembarque é feito no meio do território de leões-marinhos ou elefantes-marinhos. Aí, temos de ser rápidos para atravessar seu território e chegar numa área mais segura.

Grupo prepara-se para voltar ao Sea Spirit em Steeple Jason, no noroeste das Ilhas Malvinas

Grupo prepara-se para voltar ao Sea Spirit em Steeple Jason, no noroeste das Ilhas Malvinas


Nosso roteiro e pontos de parada em Falkland (Ilhas Malvinas)

Nosso roteiro e pontos de parada em Falkland (Ilhas Malvinas)


Hoje houve dois desembarques, ambos em pequenas ilhas na região noroeste do arquipélago. Pela manhã foi em Steeple Jason e de tarde foi em Carcass Island. Foi mais do que o suficiente para nos acostumarmos com os procedimentos de embarque e desembarque e com os zodiacs. Amanhã será a vez de visitarmos Port Stanley, a capital da ilha. Mas aí, o desembarque é feito em um porto mesmo e saímos todos pela porta principal do navio. Depois, seguimos para a Geórgia do Sul e aí sim, retomamos os desembarques com os zodiacs. Quanto aos caiaques, bem, são dois os requisitos para sairmos com eles. Primeiro, que o mar esteja tranquilo, o que era o caso de hoje. Em segundo, que o programa e a visão do mar seja igual ou mais interessante que o programa e visão em terra. Não era o caso dos dois desembarques de hoje, onde o mais interessante estava em terra mesmo. Amanhã, em Port Stanley, será a mesma coisa. Então, a nossa estreia remando em mares gelados fica adiada mais alguns dias, até a Geórgia.

Depois do passeio no frio da ilha de Steeple Jason, no noroeste das Ilhas Malvinas, um chá quente a bordo do Sea Spirit

Depois do passeio no frio da ilha de Steeple Jason, no noroeste das Ilhas Malvinas, um chá quente a bordo do Sea Spirit

Falkland, Steeple Jason, Sea Spirit

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Cachoeirão por Cima

Brasil, Bahia, Vale do Pati (P.N. Chapada Diamantina), Mucugê (P.N. Chapada Diamantina)

Equilibrando-se num dos mirantes do Cachoeirão, no Vale do Pati, na Chapada Diamantina - BA

Equilibrando-se num dos mirantes do Cachoeirão, no Vale do Pati, na Chapada Diamantina - BA


Nossa caminhada no terceiro dia no Vale do Pati foi um pouco mais longa do que o previsto, já que preferimos o conforto da Igrejinha ao invés da aventura da Toca do Gavião. Assim, depois da despedida do João, que toma conta da Igrejinha, tratamos de fazer a caminhada que "economizamos" no dia anterior, deixando o Vale do Pati em direção ao Cachoeirão.

Com o João, 'proprietário' da Igrejinha, no Vale do Pati, na Chapada Diamantina - BA

Com o João, "proprietário" da Igrejinha, no Vale do Pati, na Chapada Diamantina - BA


Essa é, na verdade, um fundo de canyon que, quando chove, tem várias cachoeiras, em todas as paredes. Sem chuva, um filete de água aqui e outro ali. Mas os lagos lá embaixo nunca secam já que a água arruma um jeito de chegar até lá por infiltração. Eu conhecia o canyon lá de baixo, quando estive aqui em 2001. Por cima, foi só agora. A vista é magnífica e o canyon tem quase a mesma profundidade do canyon da Fumaça (pouco menos de 400 metros).

Um dos mirantes do Cachoeirão, no Vale do Pati, na Chapada Diamantina - BA

Um dos mirantes do Cachoeirão, no Vale do Pati, na Chapada Diamantina - BA


Lagos no fundo do Vale do Cachoeirão, no Vale do Pati, na Chapada Diamantina - BA

Lagos no fundo do Vale do Cachoeirão, no Vale do Pati, na Chapada Diamantina - BA


São vários mirantes lá em cima, pedras que formam verdadeiros trampolins para o vazio. O mais estreito deles requer muito sangue frio para lidarmos com nosso inerente medo de altura e fazermos uma boa foto.

Equilibrando-se num dos mirantes do Cachoeirão, no Vale do Pati, na Chapada Diamantina - BA

Equilibrando-se num dos mirantes do Cachoeirão, no Vale do Pati, na Chapada Diamantina - BA


Depois de ficarmos sem fôlego olhando tudo aquilo, nadamos um pouco numa pequena lagoa cercada de um pequeno bosque, cenário encantado típico de duendes e fadas. Infelizmente, eles não quiseram dar o ar de sua graça e permaneceram invisíveis...

Tomando banho no lago 'encantado' acima do Cachoeirão, no Vale do Pati, na Chapada Diamantina - BA

Tomando banho no lago "encantado" acima do Cachoeirão, no Vale do Pati, na Chapada Diamantina - BA


Aí, a bela caminhada de volta à Fiona, com direito a cobra, caranguejeira e uma enorme lagoa formada pelo Rio Preto. Caminhar com o visual da Chapada de um lado, com suas enormes paredes escarpadas, e os Gerais do Rio Preto do outro, com suas infinitas planícies e colinas de vegetação rasteira do outro é algo para se guardar na memória com muito carinho!

Lago no rio Preto, próximo ao Vale do Pati, na Chapada Diamantina - BA

Lago no rio Preto, próximo ao Vale do Pati, na Chapada Diamantina - BA


Caranguejeira nos Gerais do Rio Preto, próximo ao Vale do Pati, na Chapada Diamantina - BA

Caranguejeira nos Gerais do Rio Preto, próximo ao Vale do Pati, na Chapada Diamantina - BA


A Fiona nos esperava fielmente lá embaixo. Ela não pode reclamar do cenário em que a deixamos! Dali, voltamos para Guiné, onde nos separamos do Lúcio e seguimos para Mucugê, outra cidade histórica da época do garimpo na Chapada Diamantina. Cidade muito arrumada, preservada e tranquila (exceto no São João), com uma bela pousada e uma ótima pizzaria, na qual fizemos uma merecida refeição depois de tantos dias seguidos pelas trilhas da Chapada.

Reencontro com a Fiona, próximo à Guiné, na Chapada Diamantina - BA

Reencontro com a Fiona, próximo à Guiné, na Chapada Diamantina - BA

Brasil, Bahia, Vale do Pati (P.N. Chapada Diamantina), Mucugê (P.N. Chapada Diamantina), cachoeira, Cachoeirão, Chapada Diamantina, Parque, Trekking, trilha

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Velejando em Belize - O Valente Guardião

Belize, Tobacco Caye

Despedida do Chimi, em Hopkins, no litoral sul de Belize

Despedida do Chimi, em Hopkins, no litoral sul de Belize


Não estávamos sós no The Rob, eu, a Ana e o Gaston. Lá também estava o valente Chimi, o guardião do barco, um simpático vira-lata panamenho, nascido em uma das paradisíacas ilhotas de San Blás.

O Chimi aguarda a ordem de pular ao mar, no nosso caminho para ilhota na grande barreira de corais de Belize

O Chimi aguarda a ordem de pular ao mar, no nosso caminho para ilhota na grande barreira de corais de Belize


Feliz e obediente, o Chimi se atira na água em direção à terra firme, na grande barreira de corais de Belize

Feliz e obediente, o Chimi se atira na água em direção à terra firme, na grande barreira de corais de Belize


O Chimi é o fiel companheiro do Gaston, que quando vai para terra firme e perde o The Rob de vista, deixa por lá um guarda incorruptível, ensinado a não deixar ninguém entrar, Aliás, ficamos impressionados com o comando que o Gaston tem sobre ele. O Chimi fala holandês e não hesita em obedecer instantaneamente os comandos do dono.

Feliz e obediente, o Chimi se atira na água em direção à terra firme, na grande barreira de corais de Belize

Feliz e obediente, o Chimi se atira na água em direção à terra firme, na grande barreira de corais de Belize


Feliz e obediente, o Chimi se atira na água em direção à terra firme, na grande barreira de corais de Belize

Feliz e obediente, o Chimi se atira na água em direção à terra firme, na grande barreira de corais de Belize


Isso fica bem claro na hora sagrada do “exercício”. A não ser que estejam em alto mar, todos os dias o Chimi tem a sua chance de desembarcar. Ele jamais salta diretamente do barco, o que é proibido para ele. Tem de entrar no dingo, aquele bote motorizado, e esperar que o Gaston de a ordem. Ao chegar a uns duzentos metros da costa, o gaston diz algo incompreensível em holandês e o Chimi se atira na água para uma sessão de natação.

O Chimi nada para terra firme na grande barreira de corais de Belize

O Chimi nada para terra firme na grande barreira de corais de Belize


O Chimi nada para terra firme na grande barreira de corais de Belize

O Chimi nada para terra firme na grande barreira de corais de Belize


É impressionante como ele nada rápido, Eu, com aquele meu pé de pato meio pesadão, próprio apenas para “trabalhos pesados” (tanques duplos), tinha trabalho em alcançá-lo. Revi meus conceitos sobre a velocidade que um animal terrestre pode nadar. Eu que sempre achei que poderia escapar de uma onça pulando em algum rio, agora percebi que não teria a menor chance. Como não dá também para correr ou subir numa árvore (ela também é muito melhor do que nós isso), só sobrou a alternativa de rezar...

O Chimi fica de prontidão para ver se pesca alguma coisa em ilhota da grande barreira de corais de Belize

O Chimi fica de prontidão para ver se pesca alguma coisa em ilhota da grande barreira de corais de Belize


Em terra, o Chimi faz as suas necessidades (nunca faz no barco), corre para lá e para cá e passa um tempo na beira do mar, tentando pescar. Segundo o Gaston, de vez em quando ele consegue. De volta ao barco, faz o que mais gosta por ali: acha um bom lugar para uma soneca. Levanta-se e vai tirar uma pestana em outro lugar. Vida duríssima, hehehe.

Vida difícil para o Chimi, a bordo do nosso veleiro na grande barreira de corais, em Belize

Vida difícil para o Chimi, a bordo do nosso veleiro na grande barreira de corais, em Belize


Até três semanas atrás, o Chimi tinha um companheiro, que só conhecemos por fotos. Infelizmente, em um pit stop em algum lugar, encontrou comida empapada em veneno de rato. O Gaston fez de tudo para salvá-lo, mas já era tarde quando o viu, espumando pela boca. Perguntei pela reação do Chimi e o Gaston, meio decepcionado, respondeu que ele não sentiu nada. Na hora do “enterro”, o Gaston até chamou o Chimi para uma última homenagem, mas para ele, era como se não houvesse nada por lá. Vai entender os cachorros...

Vida difícil para o Chimi, a bordo do nosso veleiro na grande barreira de corais, em Belize

Vida difícil para o Chimi, a bordo do nosso veleiro na grande barreira de corais, em Belize


Enfim, para nós, foi uma excelente companhia e uma diversão danada, nadar com ele. Na hora da despedida, como bons humanos, nos entristecemos. Já o Chimi, fez aquela festa. Seá que mais tarde, sentiu alguma falta?

Despedida do nosso capitão e amigo, o holandes Gaston, já em terra firme, em Hopkins, no litoral sul de Belize

Despedida do nosso capitão e amigo, o holandes Gaston, já em terra firme, em Hopkins, no litoral sul de Belize

Belize, Tobacco Caye, Bichos

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