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Karina (27/09)
Olá, também estou buscando o contato do barqueiro Tatu para uma viagem ...
ozcarfranco (30/08)
hola estimado, muy lindas fotos de sus recuerdos de viaje. yo como muchos...
Flávia (14/07)
Você conseguiu entrar na Guiana? Onde continua essa história?...
Martha Aulete (27/06)
Precisamos disso: belezas! Cultura genuína é de que se precisa. Não d...
Caio Monticelli (11/06)
Ótimo texto! Nos permite uma visão um pouco mais panorâmica a respeito...
Admirando a bela região de Viñales, no oeste de Cuba
Comparando a o roteiro da minha viagem anterior à Cuba, há dez anos, com o roteiro de agora, praticamente não houve repetições. Mesmo nas cidades em que estive nas duas viagens, foram poucos os lugares em que retornei. As exceções foram, obviamente, as ruas e praças centrais de Havana e de Santiago. Isso não foi mera coincidência, claro. Na medida do possível, procurei conhecer lugares novos. Felizmente, o país tem atrações suficientes para agradar os marinheiros de primeira viagem (a Ana, Laura e Rafa) e também quem retorna e quer ver coisas novas. Assim, enquanto da outra vez pude mergulhar no norte da ilha e fazer o inesquecível trekking da Sierra Maestra, desta vez conhecemos a Isla de La Juventud e a fabulosa Trinidad.
Campo cultivado em Viñales, no oeste de Cuba
A grande exceção foi a bela região de Viñales, onde estamos hoje. Sua encantadora paisagem de montanhas desgastadas pelo tempo e suas misteriosas cavernas me atraíram de volta. A Ana tinha de conhecer também! Nunca tinha me esquecido de um bar que funcionava dentro de uma caverna e estava decidido a fazer um brinde lá com a Ana, em honra ao meu companheiro de viagem de dez anos antes, o Dugalo.
Chegando à região de Viñales, no oeste de Cuba
E assim viemos hoje para cá, na curta viagem desde Pinar del Rio. Ainda antes de chegar a Viñales paramos nos primeiros mirantes no alto da serra de onde se pode descortinar a belíssima paisagem. O que um dia foi o fundo do mar se tornou um planalto com o retrocesso das águas. Com o tempo, o material mais mole foi sendo erodido e o planalto virou uma planície salpicada de pequenas montanhas, o material mais resistente à erosão. Mesmo aí, a ação de milhões de anos de vento e chuva foi abaulando as arestas e arredondando as pontas enquanto o verde tomava conta da superfície. Enquanto isso, os rios agiam por baixo, cavando enormes túneis no calcário, formando alguns dos maiores sistemas de cavernas do mundo.
Consertando o pneu furado em Viñales, no oeste de Cuba
Depois de nos instalarmos na nossa Casa de Hóspedes, a ideia era seguir diretamente ao maior desses sistemas de cavernas, com mais de 40 km de túneis divididos em sete andares. Mas, antes, tivemos de resolver um problema mais mundano. O carro chinês que conseguimos alugar em Havana não era dos melhores, principalmente seus pneus. Um deles estava muito baixo, provavelmente “ponchado”, como se diz aqui. Os postos de gasolina não tem compressor de ar para testarmos e a solução foi procurar uma “poncheria”. Aí verificamos que o estepe estava em pior estado e o nosso pneu realmente estava furado, além de bem desgastado. A solução foi consertá-lo e trocá-lo de lugar com um pneu traseiro. O conserto foi com uma daquelas borrachas que enfiamos na roda. O produto, que no Brasil custa uns 10 reais com quatro borrachas, em Cuba custa 40 dólares, por causa do bloqueio econômico. O simpático borracheiro, que contou bastante sobre seu hobby de caça, divide cada uma das borrachas em duas e cobra 10 dólares por conserto. Quanto à caça, nos explicou que em Cuba é muito mais perigoso matar uma vaca do que um veado. Isso porque no primeiro caso, é um crime tipificado em lei (dá cana mesmo!) e no segundo, quando muito são multados por invasão de área de reserva. A aventura e o gosto da carne de veado mais que compensam o risco da multa.
Região de Viñales, no oeste de Cuba, vista do alto da Caverna de Santo Tomás
Nosso grupo caminha através da Caverna de Santo Tomás, na região de Viñales, no oeste de Cuba
Consertado o carro, seguimos para a caverna. A “Cueva de São Tomás”, bem popular entre os viajantes. A parte aberta ao turismo é de apenas um quilômetro, no sexto e sétimo nível. Os outros 39, só para profissionais, depois de passarem pela devida burocracia. A visita é guiada e os grupos são grandes. O nosso tinha umas quinze pessoas das mais variadas idades e pesos. Mas um incidente logo no início da trilha deu uma boa “filtrada” no grupo. Subindo o morro em direção à entrada do sétimo nível, uma senhora bem em frente à Ana tropeçou e caiu para trás, num tombo cinematográfico. Felizmente, já estava com o capacete para entrar na caverna e uma mochila nas costas, senão teria se arrebentado nas pedras em que caiu, de costas. Fora um arranhão ou outro, foi só o susto. Mas foi o bastante para que meia dúzia de turistas dessem meia volta e desistissem, inclusive a simpática a assustada acidentada. Com o grupo mais “leve”, seguimos em frente.
Uma das entradas da Caverna de Santo Tomás, na região de Viñales, no oeste de Cuba
Formação dentro da Caverna de Santo Tomás, na região de Viñales, no oeste de Cuba
O guia nos levou através de grandes salões, muitos iluminados por grandes janelas, e formações típicas de caverna. Não perdia nenhuma oportunidade para fazer piadas sobre gordos americanos, que realmente teriam um certo trabalho em passar por passagens mais estreitas. De qualquer maneira, ficou claro que ele tinha um ódio especial pelo Tio Sam, talvez por causa dos últimos 40 anos de bloqueio econômico. Fora as piadas, a gente se divertiu também com os morcegos, as plantas que nascem sobre seus excrementos e as belíssimas paisagens subterrâneas formadas ao longo de milhares de anos de erosão. Ficou aquela coceira de seguir para os outros níveis, inacessíveis para nós e chios de salas e passagens para serem explorados. Motivo para voltar algum dia, quem sabe...
Plantas crescem sobre excremento de morcegos no interior da Caverna de Santo Tomás, na região de Viñales, no oeste de Cuba
A tranquila área rural de Viñales, no oeste de Cuba
Daí voltamos para a cidade e seguimos para o outro lado, dessa vez em direção ao bar que eu guardava com tanto carinho na memória. Dez anos de erosão a mais não fizeram a menor diferença e ele continua lá, rústico e pitoresco como sempre. Aí comemos e tomamos uma cerveja gelada, fazendo o brinde prometido e nos admirando com as estalactites que pendiam sobre nossas cabeças e sobre o balcão do bar. É um lugar muito especial, sem dúvida. E já é há muito tempo. Afinal, foi para esta caverna que fugiam vários escravos nos tempos de colônia. Aí, tinham uma comunidade, recebiam novos fujões e enfrentavam seus opressores. Um túnel nos leva por uma centena de metros para um verdadeiro vale encantado do outro lado da montanha. Fico imaginando que deveria ser a Xangrilá desses pobres escravos que tinham ali a chance de uma nova vida.
Bar dentro de uma caverna em Viñales, no oeste de Cuba
Desfrutando de um pitoresco bar dentro de uma caverna na região de Viñales, no oeste de Cuba
Desse vale voltamos caminhando ao redor da montanha para o estacionamento em frente ao bar. Paisagem bucólica, tranquila e linda. Já no final da tarde, éramos os únicos por ali. Nós e uma centena de pássaros cantantes escondidos na densa folhagem que recobre as encostas das montanhas que cercam o vale, Um espetáculo visual com direito à trilha sonora. Muito legal!
Caminhando na belíssima região de Viñales, no oeste de Cuba
De volta ao carro, despedida do querido bar da caverna (até daqui a dez anos!) e rumo à Casa de Hóspedes. Com o passeio de hoje, fechamos com chave de ouro nosso trecho cubanos nesses 100dias de viagem pela América. Uma ilha especial que vai deixar saudades. Amanhã, rumo à Havana e de lá para o México!
Entardecer sobre a igreja de Viñales, no oeste de Cuba
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