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Férias em Isla Mujeres - Terra Firme

México, Isla Mujeres

Dança e folia no carnaval de Isla Mujeres, no litoral sul do México, do lado do Caribe

Dança e folia no carnaval de Isla Mujeres, no litoral sul do México, do lado do Caribe


Nem só de água é feita Isla Mujeres. Afinal, como o próprio nome diz, ela é uma ilha, formada da boa e velha terra firme. Com pouco mais de sete quilômetros de comprimento e uma largura que jamais passa dos 600 metros.

Autofoto em porta envidraçada em Isla Mujeres, na costa caribenha no sul do México

Autofoto em porta envidraçada em Isla Mujeres, na costa caribenha no sul do México


A ilha já era muito frequentada pelos mayas, que íam atrás do sal que pode ser extraído de suas lagoas internas. Sal, naquele tempo, como em várias outras civilizações, era dinheiro. Além disso, a ilha também tinha tempos dedicados à Ix Chel, a deusa da fertilidade, a mesma encontrada em Cozumel. Pelo visto, essa deusa gostava de ilhas e do mar caribenho!

Curtindo o fim de tarde em Isla Mujeres, no litoral sul do México, do lado do Caribe

Curtindo o fim de tarde em Isla Mujeres, no litoral sul do México, do lado do Caribe


Tantas imagens havia da deusa espalhadas pela ilha que os espanhóis, quando lá chegaram, a batizaram de Isla Mujeres. O resto da história, infelizmente, é quase a mesma de Cozumel: indígenas extintos por doenças e pela espada e imagens e templos destruídos.

Despedida do Alejandro e da Casa Naranja, nossa pousada na Isla Mujeres, no litoral sul do México, do lado do Caribe

Despedida do Alejandro e da Casa Naranja, nossa pousada na Isla Mujeres, no litoral sul do México, do lado do Caribe


Nós nos surpreendemos um pouco com tanta gente visitando ou morando por lá. Tivemos algum trabalho para achar um lugar para ficar (nunca reservamos), mas acabamos encontrando o Alejandro, um simpático argentino radicado por aqui há algum tempo, dono da pousada Casa Naranja. Foi a nossa casa por todos esses dias, ótimo preço, excelente localização e quarto bem gostosos, com direito à cozinha e internet. Não precisávamos de mais nada mas, mesmo assim, ainda ganhamos a amizade do Alejandro, muitas histórias de suas viagens pelo continente e conselhos sobre o que fazer na ilha e em outras ilhas também. Joia!

Bloco de carnaval nas ruas de Isla Mujeres, no litoral sul do México, do lado do Caribe

Bloco de carnaval nas ruas de Isla Mujeres, no litoral sul do México, do lado do Caribe


Dança e folia no carnaval de Isla Mujeres, no litoral sul do México, do lado do Caribe

Dança e folia no carnaval de Isla Mujeres, no litoral sul do México, do lado do Caribe


A principal atração na ilha, além do mar, foi o carnaval que está acontecendo nesses dias. Pequenos blocos com gente muito animada, meninas, meninos e meninos vestidos de meninas passam o dia inteiro andando para lá e para cá, em seus carros e motos. De tempos em tempos, param em alguma esquina, som ligado, fazem sua bagunça e performance, distribuindo alegria para todos. Muito legal assistir.

Fantasias de carnaval em Isla Mujeres, no litoral sul do México, do lado do Caribe

Fantasias de carnaval em Isla Mujeres, no litoral sul do México, do lado do Caribe


Fantasias de carnaval em Isla Mujeres, no litoral sul do México, do lado do Caribe

Fantasias de carnaval em Isla Mujeres, no litoral sul do México, do lado do Caribe


Foi nosso jeito de nos sentir mais próximos do Brasil, guardadas as devidas proporções, claro! As fantasias são muito legais, embora a música seja meio chatinha e repetitiva. Pelo menos, não tem tocado por aqui aquelas baixarias que costumam fazer sucesso no Brasil, especialmente nessa época.

Pronta para uma corrida na costa da Isla Mujeres, na costa caribenha no sul do México

Pronta para uma corrida na costa da Isla Mujeres, na costa caribenha no sul do México


Corridinha básica na Isla Mujeres, na costa caribenha no sul do México

Corridinha básica na Isla Mujeres, na costa caribenha no sul do México


Além do carnaval, outra diversão era percorrer a rua do calçadão, cheia de restaurantes e bares. Com tantos dias e noites por aqui, pudemos experimentar várias “cozinhas”, de argentinos à japoneses, passando por mexicanos, claro!

Escultura marca a ponta sul de Isla Mujeres, no litoral sul do México, do lado do Caribe

Escultura marca a ponta sul de Isla Mujeres, no litoral sul do México, do lado do Caribe


De carro mesmo, fizemos só uma saída, indo até o sul da ilha, observando mares um pouco mais bravios e fazendo nossas reverências a uma estátua que homenageia a antiga deusa que era idolatrada por aqui. Fora esse passeio para o sul, tudo mais pode ser feito a pé mesmo. Em um raio de poucos quarteirões, lá estão todos os restaurantes, a praça central, as ruas por onde passam os blocos de carnaval e, claro, as praias!

Escalando pequeno rochedo em praia da Isla Mujeres, na costa caribenha no sul do México

Escalando pequeno rochedo em praia da Isla Mujeres, na costa caribenha no sul do México


Isla Mujeres, na costa caribenha no sul do México

Isla Mujeres, na costa caribenha no sul do México


Por fim, aproveitamos também para fazer um exercício, correr pela orla e até praticar um pouco de escalada em “boulders”. Nada muito arriscado, mas sempre uma boa chance para fotos. Lá do alto, uma vista privilegiada do maravilhoso mar que nos cerca.

Nosso último e inesquecível pôr-do-sol em Isla Mujeres, no litoral sul do México, do lado do Caribe

Nosso último e inesquecível pôr-do-sol em Isla Mujeres, no litoral sul do México, do lado do Caribe


Outra lembrança inesquecível de Isla Mujeres serão os seus entardeceres. Todos os dias, um pôr-do-sol fantástico, cinematográfico e de tirar o fôlego. O céu pintado de amarelo e depois de vermelho, se pondo lá no continente distante, quase no mar. A cada dia, novas fotos, novos ângulos. Mas a beleza e a calma que ela inspira eram as mesmas. O céu pegando fogo sobre um mar azul turquesa não é uma cena que se veja todo dia. A não ser que se esteja em Isla Mujeres...

A Fiona é o último carro a conseguir entrar no ferry da Isla Mujeres para Cancún, no litoral sul do México, do lado do Caribe

A Fiona é o último carro a conseguir entrar no ferry da Isla Mujeres para Cancún, no litoral sul do México, do lado do Caribe


E assim foram nossos dias por aqui, tranquilos, pouco a relatar, muito a fotografar. Partimos no dia 11, dessa vez num sufoco danado para colocar a Fiona na última vaga do barco, uma sorte danada. Saímos desse lugar lindo rumo a outro, bem mais tranquilo, uma ilha também. Estou falando de Holbox, terra (ou mar!) de tubarões-baleia. Infelizmente, estamos fora da temporada, mas muitas outras atrações nos esperam. E também a tão procurada tranquilidade. Nosso período sabático continua por lá...

Nosso último e inesquecível pôr-do-sol em Isla Mujeres, no litoral sul do México, do lado do Caribe

Nosso último e inesquecível pôr-do-sol em Isla Mujeres, no litoral sul do México, do lado do Caribe

México, Isla Mujeres, Carnaval, Yucatán

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A Hora da Verdade!

Antártida, Brown Bluff

A hora da verdade! Polar plunge nas águas polares de Brown Bluff, na Antártida (foto de Vladimir Seliverstov)

A hora da verdade! Polar plunge nas águas polares de Brown Bluff, na Antártida (foto de Vladimir Seliverstov)


Antes mesmo de embarcarmos no Sea Spirit, quando ainda líamos sobre as atrações oferecidas nessa viagem, ficamos sabendo sobre um tal de “polar plunge”. A gente sempre brincava que iria dar um mergulho nos mares gelados do sul, mas não imaginava que, na verdade, isso fazia mesmo parte da programação. O que tinha começado apenas como uma brincadeira entre nós virou mesmo uma coisa muito séria, mais do que uma possibilidade, uma verdadeira obrigação que teríamos de cumprir ao final da viagem. Obrigação moral que nos impusemos, com muito prazer, claro!

O fotógrafo novaiorquino Brian foi o primeiro a encarar o 'polar plunge' nas águas geladas de Brown Bluff, na Antártida (foto de Vladimir Seliverstov)

O fotógrafo novaiorquino Brian foi o primeiro a encarar o "polar plunge" nas águas geladas de Brown Bluff, na Antártida (foto de Vladimir Seliverstov)


Pois é, “polar plunge” quer mesmo dizer “mergulho polar” e é uma atividade oferecida por muitos dos navios que viajam à Antártida. Algumas vezes é na praia, mas a maioria delas é em alguma baía tranquila, ao lado do Sea Spirit. Essa espécie de “batismo” é oferecida no final da viagem, pouco antes de zarparmos de volta à América do Sul. Obviamente, é uma atividade (ou loucura!) voluntária, prontamente adotada pelos mais corajosos e tolos. Nós entre eles, claro!

A plateia assiste e aplaude os valentes participantes do polar plunge nas águas geladas de Brown Bluff, na Antártida (foto de Vladimir Seliverstov)

A plateia assiste e aplaude os valentes participantes do polar plunge nas águas geladas de Brown Bluff, na Antártida (foto de Vladimir Seliverstov)


Éramos 17 no total, praticamente toda a “ala jovem” dos passageiros além de uns senhores mais loucos, como nosso grande amigo Sail, da Holanda, o sexagenário de alma mais jovem do navio. Todos os outros passageiros do barco, aqueles com mais juízo, se aboletam no no deck de cima e ficam lá, incentivando, aplaudindo e fotografando. Os guias ficam conosco no deck de baixo e também em um bote em frente ao barco, para terem os melhores ângulos para fotografar. Também está lá o médico do barco, pronto para qualquer eventualidade. Com todas as letras, ele nos disse: “Vocês são loucos!”.

O canadense Doug também encarou o 'polar plunge' nas águas geladas de Brown Bluff, na Antártida (foto de Vladimir Seliverstov)

O canadense Doug também encarou o "polar plunge" nas águas geladas de Brown Bluff, na Antártida (foto de Vladimir Seliverstov)


A temperatura da água é de 0 graus. Isso mesmo, ZERO graus. Ela é azul, transparente e muito gelada! Antes de entrarmos na água, uma pessoa de cada vez ou, para os pombinhos apaixonados, dois de cada vez, somos devidamente amarrados. Isso é para o caso de congelarmos ou termos algum ataque lá embaixo. Assim, fica mais fácil eles nos puxarem de volta ao barco. O médico tem com ele um desfibrilador, aparelho que ele jura nunca ter usado (ainda!) nessa atividade. Enfim, melhor estar preparado para tudo, não é?

A escocesa Rowan faz pose durante o mergulho gelado nas águas de Brown Bluff, na Antártida (foto de Vladimir Seliverstov)

A escocesa Rowan faz pose durante o mergulho gelado nas águas de Brown Bluff, na Antártida (foto de Vladimir Seliverstov)


A Rowan se apressa em sair das águas geladas em Brown Bluff, na Antártida

A Rowan se apressa em sair das águas geladas em Brown Bluff, na Antártida


E assim, tudo preparado, lá vamos nós! Quem abriu a contagem foi o Brian, um fotógrafo nova-iorquino que ficou muito amigo nosso também. Depois veio a simpática Rowan, uma escocesa que está viajando pela segunda vez à Antártida. Dentre nós, era a única “veterana” em polar plunge! Por isso, já pulou com estilo!

O cinegrafista Jeff entrou com estilo nas águas polares de  Brown Bluff, na Antártida (foto de Vladimir Seliverstov)

O cinegrafista Jeff entrou com estilo nas águas polares de Brown Bluff, na Antártida (foto de Vladimir Seliverstov)


O Jeff ainda teve forças de nadar um pouco nas águas geladas de Brown Bluff, na Antártida (foto de Vladimir Seliverstov)

O Jeff ainda teve forças de nadar um pouco nas águas geladas de Brown Bluff, na Antártida (foto de Vladimir Seliverstov)


Teve ainda o Jeff, diretor de cinema, que deu uma linda ponta e ainda algumas braçadas na água congelante. Mas nem todo mundo se dava tão bem assim. O nosso amigo Sail fez uma terrível careta ao entrar na água, devidamente captada e eternizada pelas câmeras.

O holandês Sail faz cara feia ao cair nas águas geladas em Brown Bluff, na Antártida (foto de Vladimir Seliverstov)

O holandês Sail faz cara feia ao cair nas águas geladas em Brown Bluff, na Antártida (foto de Vladimir Seliverstov)


O holandês Sail faz cara feia ao cair nas águas geladas em Brown Bluff, na Antártida (foto de Vladimir Seliverstov)

O holandês Sail faz cara feia ao cair nas águas geladas em Brown Bluff, na Antártida (foto de Vladimir Seliverstov)


Mas quem mais chamou a atenção foi mesmo a sul-africana Kim, com um belíssimo salto acrobático e que, ao se levantar na água, para delírio geral de todos, mostrou os seios de propósito. É claro que fotos foram tiradas. E censuradas!

Com todo o estilo, a sulafricana kim salta para as águas polares de Brown Bluff, na Antártida (foto de Vladimir Seliverstov)

Com todo o estilo, a sulafricana kim salta para as águas polares de Brown Bluff, na Antártida (foto de Vladimir Seliverstov)


A Kim ainda consegue relaxar nas águas geladas de Brown Bluff, na Antártida

A Kim ainda consegue relaxar nas águas geladas de Brown Bluff, na Antártida


Entre os casais, nossos amigos companheiros de remadas no caiaque e também os simpáticos Lochi e Anne, ele australiano e ela alemã. Deram o beijinho da sorte bem estilosos, mas na hora de pular, foi cada um para um lado, numa cena bem menos glamorosa.

Clima de romance entre o australiano Lochi e a alemã Anne pouco antes do polar plunge do casal nas águas geladas de Brown Bluff, na Antártida (foto de Vladimir Seliverstov)

Clima de romance entre o australiano Lochi e a alemã Anne pouco antes do polar plunge do casal nas águas geladas de Brown Bluff, na Antártida (foto de Vladimir Seliverstov)


Sem muito estilo, Lochi e Anne caem nas águas polares de  Brown Bluff, na Antártida (foto de Vladimir Seliverstov)

Sem muito estilo, Lochi e Anne caem nas águas polares de Brown Bluff, na Antártida (foto de Vladimir Seliverstov)


E por fim, chegou a nossa vez, os últimos da fila. Eu com a GolPro a postos e a Ana vestida de rosa. Será que ela achou que assim era mais quente? Demos também nosso beijinho e, naquela hora já não tinha mais volta, para água fomos os dois!

Um beijo de despedida antes do polar plunge do casal 1000dias nas águas geladas de Brown Bluff, na Antártida (foto de Vladimir Seliverstov)

Um beijo de despedida antes do polar plunge do casal 1000dias nas águas geladas de Brown Bluff, na Antártida (foto de Vladimir Seliverstov)


A sensação, como já haviam descrito para mim, é a de um milhão de agulhas entrando no seu corpo ao mesmo tempo. O nosso coração para, sem entender o que está acontecendo. Assim também ocorre com os sentidos, que entram em parafuso. Já não sabemos se aquilo é calor ou frio, só sabemos que dói. E dói bastante.

A hora da verdade! Polar plunge nas águas polares de Brown Bluff, na Antártida (foto de Vladimir Seliverstov)

A hora da verdade! Polar plunge nas águas polares de Brown Bluff, na Antártida (foto de Vladimir Seliverstov)


Com a GolPro em mãos, caindo nas águas geladas de Brown Bluff, na Antártida

Com a GolPro em mãos, caindo nas águas geladas de Brown Bluff, na Antártida


Quando me levantei da água, minha ágil esposa já estava na escada do navio, rápida como um foguete para voltar a bordo. Nunca tinha visto ela nadar tão rápido, hehehe. Eu ainda dei umas braçadas por lá, mas quando parei de sentir da perna para baixo, achei melhor voltar para o navio também. Mais alguns segundos e começaria a perder a coordenação. Fica fácil entender porque pulamos amarrados!

A Ana volta acelerada para o Sea Spirit enquanto o Rodrigo ainda filma e curte as águas geladas de  Brown Bluff, na Antártida

A Ana volta acelerada para o Sea Spirit enquanto o Rodrigo ainda filma e curte as águas geladas de Brown Bluff, na Antártida


A Ana já está de volta ao Sea Spirit enquanto o rodrigo ainda nada nas águas geladas de Brown Bluff, na Antártida

A Ana já está de volta ao Sea Spirit enquanto o rodrigo ainda nada nas águas geladas de Brown Bluff, na Antártida


Depois do mergulho, vamos todos recobrar os sentidos e a razão na pequena piscina no deck superior do Sea Spirit. Piscina com água aquecida, claro! Aí, todos nós nos apertando lá dentro, felicidade pura flutuando sobre nós, fomos servidos com uma bela champanhe. Um brinde ao nosso batismo, ao nosso primeiro banho em águas antárticas, à coragem e à loucura. Um momento para nunca mais esquecermos, a cereja do bolo da nossa viagem à Antártida, a nossa tão esperada hora da verdade nessa viagem.

Prêmio merecido! Todos os valentes participantes do polar plunge dividem o espaço das águas aquecidas da piscina do Sea Spirit, em Brown Bluff, na Antártida

Prêmio merecido! Todos os valentes participantes do polar plunge dividem o espaço das águas aquecidas da piscina do Sea Spirit, em Brown Bluff, na Antártida

Antártida, Brown Bluff, aventura, mar

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St. Kitts

Saint Martin, Marigot, Saint Kitts E Neves, Basseterre, Cockleshell Bay

Mapa de St. Kitts e Nevis

Mapa de St. Kitts e Nevis


Cinco da manhã e já estávamos no carro cruzando as ruas vazias de Marigot, atravessando a fronteira sempre aberta entre Saint Martin e Sint Maarten e chegando ao aeroporto internacional da pequena ilha. Tudo nos conformes, duas horas antes do vôo. Só esquecemos de combinar com a companhia, a Liat, que só abriu o balcão de check-in uma hora e quinze minutos antes do vôo. Puxa, quarenta e cinco minutos preciosos de cama...

Chegando em St. Kitts, no Caribe

Chegando em St. Kitts, no Caribe


O vôo no pequeno avião dura menos de meia hora. É o tempo de subir e baixar, e já estávamos na ilha de St. Kitts, a maior das que estamos visitando nesta temporada. Junto com sua companheira Nevis, essa federação é a menos visitada delas. Enquanto Anguilla, St, Barth e St. Martin são terras de ricos e famosos, e Saba e Sint Eustatius são muito procuradas por mergulhadores, St. Kitts e Nevis são meio esquecidas perto de vizinhas tão formosas.

O turbohélice que nos trouxe de Sint Maarten para St. Kitts, no Caribe

O turbohélice que nos trouxe de Sint Maarten para St. Kitts, no Caribe


Bom, na verdade isso as torna ainda mais interessantes, pois são mais autênticas. As duas ilhas foram colonizadas pelos ingleses, mas St. Kitts tem uma história bem turbulenta. Foi aqui que foi fundada a primeira colônia duradoura de língua não espanhola em todo o Caribe. Foram os ingleses, em 1624. Uns 70 anos antes, os franceses já tinham tentado, também em St. Kitts. Mas a potência dominante da época, a Espanha, os colocou para correr rapidinho. Agora, já em pleno sév. XVII, foi a vez dos ingleses tentarem. Primeiro, ficaram amigos dos índios locais, os Caribs (mesmo nome da cerveja!). Depois, dois anos mais tarde, deram as boas vindas a uma nova turma de franceses, que chegaram meio capengas à St. Kitts depois de terem tomado uma surra dos espanhóis em alto mar. Assim, por uma coicidência, as duas potências que brigariam pelos próximos dois séculos pelo controle da maioria das ilhas caribenhas (Inglaterra e França) começaram praticamente juntos, na mesma pequena ilha.

A praia dos grandes hotéis, em St. Kitts, no Caribe

A praia dos grandes hotéis, em St. Kitts, no Caribe


A amizade não durou muito. Mas durou o bastante para, juntos, darem cabo dos Caribs. Numa emboscada, massacraram quase dois mil deles. O rio ficou vermelho por três dias. O local é conhecido até hoje como Bloody Point. Os poucos índios remanescentes foram deportados da ilha e, com isso, ingleses e franceses puderam dividir a terra apenas entre eles. É, talvez... Só esqueceram dos espanhóis. Estes apareceram por lá poucos anos depois, queimaram tudo o que viram e botaram ingleses e franceses para fora novamente. Mas eles retornaram, para reconstruir suas cidades. A Espanha já não tinha mais a força de antigamente e nunca mais apareceu. Assim, sem índios e sem espanhóis, franceses e ingleses tiveram toda a paz do mundo para guerrearem entre si pelos próximos 150 anos, enquanto traziam escravos africanos para suas plantations. Foi só no início do séc XIX que a divisão de ilhas no Caribe entre as duas potências foi finalmente acertada e St. Kitts ficou definitivamente para os ingleses.

A bela paisagem da península sudeste em St. Kitts, no Caribe

A bela paisagem da península sudeste em St. Kitts, no Caribe


Nós chegamos e nos instalamos no SeaView GuestHouse, quase do lado do porto. Domingão, quase tudo fechado, sem navio-cruzeiro no porto, Basseterre, a capital, estava completamente morta. De táxi, seguimos para a ponta sudeste da ilha, onde estão as melhores praias. Inicialmente, queríamos ir na Frigate Bay, que o nosso livro dizia ser a melhor praia da ilha. Bom, pelo menos até 2005, quando o livro foi escrito. Depois disso, um furacão veio e acabou com a praia. Assim, o motorista de táxi nos recomendou irmos na Cockleshell Beach.

Turtle Beach, em St. Kitts, no Caribe

Turtle Beach, em St. Kitts, no Caribe


O caminho para lá é lindo, uma estreita península cortada por colinas, lagos e praias. Um espetáculo! A praia também foi uma bela surpresa. Ao invés do azul que estávamos acostumados, a águra era verde transparente. Muito legal, principalmente pelo contraste. A praia fica do lado caribenho da ilha, onde o mar é bem mais tranquilo. Mas foi só caminharmos um quilômetro, até a praia vizinha, a Turtle Beach, que chegamos do lado do atlântico. Aí sim, marzão com ondas. Água verde também. Os caribenhos tem um respeito danado pelo atlântico e tem um certo medo de nadar em suas praias. Esta, por exemplo, estava completamente deserta.

Rum Punch em bar na Cockleshell Bay, em St. Kitts, no Caribe

Rum Punch em bar na Cockleshell Bay, em St. Kitts, no Caribe


Voltamos para a praia caribenha e nos instalamos no Lion's Punch, um botecão pé na areia muito legal. Ali a Ana pôde exercitar bastante a arte da socialização, desde com o dono e cozinheiro, o Lion, até com um grupo de clientes que jogava dominó, "esporte" muito popular por aqui.

No Lion's Punch, bar de praia em Cockleshell Bay, em St. Kitts, no Caribe

No Lion's Punch, bar de praia em Cockleshell Bay, em St. Kitts, no Caribe


E assim a tarde foi passando e nós seguimos direto para a Frigate Bay, que apesar de ter perdido sua praia, ainda tem a sua night, Ali jantamos um fabuloso Mahi Mahi e voltamos contentes para casa. O país que tinha nos parecido tão sem graça num primeiro momento, acabou nos proporcionando um dia incrível, belas praias, rum punches e comidas deliciosas e pessoas interessantes e receptivas. E amanhã tem mais. Vamos alugar um carro e rodar o país. Literalmente!

Mesa de dominó no bar em Cockleshell Bay, em St. Kitts, no Caribe

Mesa de dominó no bar em Cockleshell Bay, em St. Kitts, no Caribe

Saint Martin, Marigot, Saint Kitts E Neves, Basseterre, Cockleshell Bay, Cockleshell Bay, Frigate Bay, Saint Kitts, Saint Kitts E Nevis, Turtle Beach

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Entre Moreré e Morro

Brasil, Bahia, Morro de São Paulo, Moreré (Boipeba)

Caminhada na praia entre Moreré e a praia da Barra, na Ilha de Boipeba - BA

Caminhada na praia entre Moreré e a praia da Barra, na Ilha de Boipeba - BA


Domingo é dia de campeonato de futebol em Moreré. Vem gente e time de todos os vilarejos da Ilha de Boipeba para o grande evento. Os jogos tem de acontecer durante a maré baixa, claro. Mesmo aí, o campo é cheio de poças, o que torna as partidas mais pegadas, mais viris, já que a bola não corre muito. Ao redor do campo, uma animada torcida feminina e de crianças. E uns poucos turistas também, observando o espetáculo.

Jogo de futebol na maré seca em Moreré, na Ilha de Boipeba - BA

Jogo de futebol na maré seca em Moreré, na Ilha de Boipeba - BA


Foi nesse clima que deixamos Moreré, depois de nos despedirmos do Tony e da Suzanne, o casal inglês da pousada. Foi muito gostoso mesmo ter ficado na Mangueira, no seu grande quarto e vasta varanda, tudo no meio de jardins agradáveis.

Despedida da Suzanne, da Pousada Mangueira, em Moreré, na Ilha de Boipeba - BA

Despedida da Suzanne, da Pousada Mangueira, em Moreré, na Ilha de Boipeba - BA


Aproveitamos a maré baixa para poder caminhar pela praia até a praia do Pontal da Barra, já em Velha Boipeba. De lá é bem fácil arrumar condução para Morro de São Paulo, na vizinha ilha de Tinharé.

Pausa para descanso na sombra, na caminhada entre Moreré e a praia da Barra, na Ilha de Boipeba - BA

Pausa para descanso na sombra, na caminhada entre Moreré e a praia da Barra, na Ilha de Boipeba - BA


A caminhada é absolutamente maravilhosa, visual de encher os olhos, principalmente com o céu azul como estava hoje contrastando com o mar verde esmeralda. Apesar de ser um domingo de sol, as praias são completamente desertas. É estranho pensar que apesar deste litoral ter sido um dos primeiros a ser ocupado (a vila de Boipeba é do séc XVI), ainda é tão isolado. Sorte nossa!

Atravessando o rio entre Moreré e Cuiera, na Ilha de Boipeba - BA

Atravessando o rio entre Moreré e Cuiera, na Ilha de Boipeba - BA


Ao chegar no Pontal da Barra, aquele choque de civilzação. Vários barzinhos na beira d'água entupidos de gente que veio passar o dia. De novo, aquela dúvida: como pode um lugar tão cheio praticamente do lado de outro que é maravilhoso e deserto? É, como diria um amigo, "cada um, cada um..."

Trecho da trilha entre as praias da Cuiera e da Barra, na Ilha de Boipeba - BA

Trecho da trilha entre as praias da Cuiera e da Barra, na Ilha de Boipeba - BA


Na "civilização" foi fácil encontrar um barco pois várias daquelas pessoas apinhadas por ali tinham vindo de Morro num passeio que inclua o almoço em Boipeba. Entramos no barco e pegamos a segunda parte do passeio. A primeira parada foi em Canasvieiras, onde bares flutuantes sobrevivem desses passeios vindos de Morro de S. Paulo. Servem ostras deliciosas, além de cerveja e coco gelados. Eu e a Ana aproveitamos para nos refrescar no mar, que ali já tem cara de rio.

Igreja jesuíta em Cairu - BA

Igreja jesuíta em Cairu - BA


De lá seguimos para a pequena Cairu, cidade histórica sede do arquipélago que compreende as Ilhas de Boipeba e Tinharém, entre outras. Cairu já foi mais importante que Valença, há algumas centenas de anos atrás. Tem uma grande igreja jesuíta e também um bonito mosteiro franciscano (sou super curioso sobre a rivalidade entre essas duas ordens, no início da colonização do Brasil...). Visitamos o mosteiro e, na saída, um simpático e quase octagenário monge veio falar conosco. Por algum motivo, achou que precisássemos de uma benção especial, nos fez dar as mãos, fechar os olhos e fazer algum pedido enquanto ele nos benzia. Foi muito jóia! Depois, olhou para nós, percebeu que a Ana é a ciumenta do casal, disse que entendia o porquê. Ainda falou que, apesar de eu querer uma menininha, o primeiro filho seria menino. Acertou duas vezes!

Entre as Nossas Senhoras, no mosteiro franciscano em Cairu - BA

Entre as Nossas Senhoras, no mosteiro franciscano em Cairu - BA


Após esse momento místico, embarcamos de novo, dessa vez diretamente para Morro. A chegada na cidade está super estilosa, um grande cais ao lado de um penhasco e um mar azul, grande, revolto. Dá até um ar de costa italiana. Ou grega. Aqui chega gente do mundo inteiro e acho que todos se impressionam com essa primeira vista.

Chegando em Morro de São Paulo - BA

Chegando em Morro de São Paulo - BA


Pagamos a taxa de entrada de dez reais, subimos o morro e descemos do lado de lá, em direção às praias e pousadas. Viemos direto para a Porto dos Milagres, onde encontramos os amigos mineros lá de Barra Grande. Atualizamos a internet, tomamos umas caiprinhas e jantamos juntos. Depois, um passeio rápido pela Segunda Praia, local do agito, e fomos todos dormir. Amanhã será um longo e belo dia...

Crianças se divertem na praia durante a maré seca, na Ilha de Boipeba - BA

Crianças se divertem na praia durante a maré seca, na Ilha de Boipeba - BA

Brasil, Bahia, Morro de São Paulo, Moreré (Boipeba), Cairu

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Sorria, Você Está na Bahia

Brasil, Espírito Santo, Itaúnas

Sorria, você está na Bahia! (fronteira de Itaúnas - ES com Bahia)

Sorria, você está na Bahia! (fronteira de Itaúnas - ES com Bahia)


Apesar da noitada da véspera, o programa do dia do aniversário não deixou nenhum de nós até tarde na cama. Afinal, tínhamos uma longa caminhada até a Bahia.

Caminhada para Riacho Doce, na Bahia, saindo de Itaúnas - ES

Caminhada para Riacho Doce, na Bahia, saindo de Itaúnas - ES


Riacho Doce é o nome de uma praia e também de um riacho que marca a fronteira entre os estados da Bahia e do Espírito Santo. A partir dos quiosques da praia de Itaúnas, são cerca de 8-9 quilômetros pela praia para chegar até lá. Uma longa praia de mar tranquilo e faixa de areia larga, na maré baixa, e mar agitado e faixa de areia estreita na maré alta. Por isso mesmo, é recomendável fazer a maior parte da caminhada durante a maré baixa.

A caminho da Bahia, em Itaúnas - ES

A caminho da Bahia, em Itaúnas - ES


Seguimos os três casais, eu e a Ana, o Rafa e a Laura e o Leo e a Karen caminhando, enquanto a Ana foi no seu carro, para nos encontrar lá. No caminho, logo que nos afastamos mais de um quilômetro dos quiosques, a praia fica completamente deserta de pessoas. Os únicos sinais de civilização são as poucas barracas rústicas que servem de garagem de canoas de pescadores. A gente não vê pessoas, mas vemos muitos pássaros e siris, sinais que podemos estar longe da civilização, mas não da vida. O mar, na maré baixa, forma várias piscinas naturais ao longo da praia e lugares para se refrescar não faltam.

Siri na longa praia entre Itaúnas - ES e a Bahia

Siri na longa praia entre Itaúnas - ES e a Bahia


Caminhada super agradável, conversa aqui, conversa ali e, quando percebemos, já estamos chegando. Somos recebidos por um par de barracas que servem peixe, algumas porções e cerveja e coco gelado. O riacho de águas escuras, por falta de água, se transformou numa aprazível lagoa. Na próxima chuva, deve comper a barragem de areia e chegar ao mar novamente.

Almoçando no Riacho Doce, fronteira da Bahia com Itaúnas - ES

Almoçando no Riacho Doce, fronteira da Bahia com Itaúnas - ES


Após umas duas horas de comida, cerveja, coco, conversa animada, muitas fotos e banho de mar e de lagoa, era hora de voltar. Com a maré já bem alta, as meninas voltaram de carro enquanto eu, o Leo e o Rafa seguimos intercalando passo acelerado com corridas. Mesmo assim, chegamos já bem no escuro.

Felizes da vida, no Riacho Doce, fronteira da Bahia com Itaúnas - ES

Felizes da vida, no Riacho Doce, fronteira da Bahia com Itaúnas - ES


Mais tarde, na pousada, era a hora de celebrar meus 41 aninhos. A Ana preparou uma festa surpresa, com bolo, velinhas, bexigas e até presente! Com os padrinhos e sobrinhos presentes, além das amigas Ana e Tuquinha (gerente da pousada) e até de uma criança, o Klaivan (ainda vou checar como se escreve), a festa estava completa.

Soprando as velinhas em Itaúnas - ES

Soprando as velinhas em Itaúnas - ES


Foi um belo, sadio e inesquecível dia de aniversário, num pedaço de paraíso entre a Bahia e o Espírito Santo. Meus pensamentos se dividiram entre os parentes e entes queridos que não puderam estar presentes e sobre aonde será o próximo, de 42 anos. O futuro dirá...

Celebrando o aniversário com a amada esposa em Itaúnas - ES

Celebrando o aniversário com a amada esposa em Itaúnas - ES

Brasil, Espírito Santo, Itaúnas, Riacho Doce

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Os Quilmes e as Termas

Argentina, Cafayate, Fiambalá

Admirando a região das ruínas de Quilmes, próximo à Cafayate - Argentina

Admirando a região das ruínas de Quilmes, próximo à Cafayate - Argentina


Saímos de Cafayate, umas das principais regiões produtoras de vinho na Argentina, com destino a Fiambalá. Mas antes de chegar lá, outro importante compromisso: conhecer as ruínas de Quilmes, a 60 km ao sul de Cafayate, bem no nosso caminho.

Placa da Rota do Vinho na região de Cafayate - Argentina

Placa da Rota do Vinho na região de Cafayate - Argentina


Os Quilmes eram o povo que vivia nesta área na época da chegada dos conquistadores espanhóis. Sem nenhuma intenção de se deixar serem escravizados, eles foram os indígenas que mais resistiram à conquista. A arquitetura da cidade em que moravam ajudou bastante essa resistência. Habitavam a encosta de uma montanha e nela construíram várias fortalezas e torres de observação. Lá do alto, além de poderem observar a aproximação do inimigo pela vasta planície à frente, a defesa também era bem mais eficiente, já que a gravidade jogava a seu favor.

As ruínas de Quilmes, próximo à Cafayate - Argentina

As ruínas de Quilmes, próximo à Cafayate - Argentina


Infelizmente para eles, essas vantagens não foram suficientes. Resistiram até a metade do séc XVII, caíndo frente à tecnologia superior dos espanhóis. Os sobreviventes dessa última batalha foram levados em marcha forçada até a distante Buenos Aires. Muitos morreram na árdua caminhada e os dois mil sobreviventes foram alojados num subúrbio da cidade que hoje tem o nome de Quilmes. E é lá que nasceu a famosa cerveja tão admirada pelos brasileiros que viajam pelo país. Eu, por exemplo, que já era fã, agora sempre tenho a quem brindar, quando tomo essa saborosa cerveja. Viva esse povo valente e guerreiro!

No alto de fortaleza nas ruínas de Quilmes, próximo à Cafayate - Argentina

No alto de fortaleza nas ruínas de Quilmes, próximo à Cafayate - Argentina


Nós passamos algumas horas explorando as ruínas e a montanha onde elas se localizam. Do alto de suas fortalezas observamos a planície à nossa frente, tentando imaginar o que sentiam seus habitantes vendo aproximar os exércitos espanhóis. Imaginamos suas preces para que seus deuses os ajudassem à preservar sua cidade, sua cultura, suas famílias. Infelizmente, a história não é uma novela da Globo nem um filme de Hollywwod e são pouco as vezes em que a justiça prevalece.

As ruínas de Quilmes, próximo à Cafayate - Argentina

As ruínas de Quilmes, próximo à Cafayate - Argentina


Bom, após o passeio, os devaneios e as lindas paisagens era hora de seguir viagem. Uma longa viagem. Estradas de asfalto em infinitas retas, estradas de terra com poeira infinita e fomos dando a volta numa pequena cordilheira (se fizessem um túnel, economizaríamos uns 100 km!) até chegarmos em Tinogasta.

As ruínas de Quilmes, próximo à Cafayate - Argentina

As ruínas de Quilmes, próximo à Cafayate - Argentina


Aí, tomamos uma dura da polícia, com direiro a cão farejador. Com toda a educação, como tem sido todas as vezes que temos contato com policiais. Como andamos com tudo encima, não tivemos nenhum problema. É, problema não tivemos, mas eles nos deram uma informação meio triste: o Passo de São Francisco estava fechado do lado chileno, por excesso de neve. Talvez abrisse, mas eles não sabiam quando. É, um dia deve abrir...

Observando as ruínas de Quilmes, próximo à Cafayate - Argentina

Observando as ruínas de Quilmes, próximo à Cafayate - Argentina


Com essa ducha de água fria seguimos até Fiambalá. Ali, após obtermos informações na Oficina de Turismo, seguimos diretamete para as termas, uns 15 km montanha acima. na verdade, vulcão acima. Vulcão extinto, mas com força suficiente para esquentar as águas que nascem em sua antiga caldeira. Ali foram construídas piscinas termais e também um hotel, onde fomos nos hospedar.

Venda de artesanato nas ruínas de Quilmes, próximo à Cafayate - Argentina

Venda de artesanato nas ruínas de Quilmes, próximo à Cafayate - Argentina


Para nossa alegria, havia vagas para nós. Melhor que isso, as piscinas são incríveis, água bem limpa e quente mesmo. São várias piscinas e a temperatura vai abaixando conforme nos afastamos da fonte. Na hora que chegamos, já de noite, ninguém mais estava por lá e tínhamos aquele paraíso todo só para nós. Tratamos de aproveitar, começando com a piscina de 38 graus e subindo até a de 44, já do lado da nossa Cabana VIP, uma verdadeira casa com dois quartos, varanda, banheiro e cozinha. Um conforto que não esperávamos, à um preço ótimo. Assim, mesmo com o Paso São Francisco fechado, já valeu a viagem, hehehe! Falando em Paso, a esperança é a última que morre e amanhã vamos para lá! Depois de mais um banho nas piscinas, claro!

Banho noturno nas deliciosas termas de Fiambalá - Argntina

Banho noturno nas deliciosas termas de Fiambalá - Argntina


Ahhh... já ía esquecendo! Imagina se não tomamos e brindamos uma Quilmes dentro daquela piscina de água quente na noite de lua quase cheia com vistas para as encostas de um antigo vulcão? MARAVILHOSO!

Argentina, Cafayate, Fiambalá,

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Arraial e Porto

Brasil, Bahia, Trancoso, Porto Seguro, Arraial d'Ajuda, Santo André

Igreja no Quadrado de Arraial d'Ajuda - BA

Igreja no Quadrado de Arraial d'Ajuda - BA


O dia começou com um café da manhã bem patrão, na varanda do nosso quarto na simpática Pousada Jequitibá, em Trancoso. Depois, despedida das amigas cariocas e pé na estrada rumo à Arraial.

Foto de despedida das amigas, em Trancoso - BA

Foto de despedida das amigas, em Trancoso - BA


Arraial d'Ajuda, ou simplesmente "Arraial", ou também "Ajuda", tem uma história parecida com a vizinha Trancoso, mas sempre uns anos na frente. Foi fundada um pouco antes, virou point dos descolados um pouco antes, foi tomada pelas pousadas e turistas um pouco antes também. E foi aqui que os grandes resorts chegaram antes também.

Casario antigo em Arraial d'Ajuda - BA

Casario antigo em Arraial d'Ajuda - BA


Como Trancoso, foi construída sobre um platô de onde se tem uma vista estupenda do mar. Também há um "Quadrado", menor que o de Trancoso, onde os carros podem chegar. Na ponta do Quadrado também há uma igreja, mais bonita que a de Trancoso. As lojas não são tão chiques e há uma rua calçada bem famosa, conhecida como "Broadway".

A 'Broadway', em Arraial d'Ajuda - BA

A "Broadway", em Arraial d'Ajuda - BA


Quando estive aqui em 89, já tive a impressão de ter chegado atrasado. Imagine hoje... De qualquer maneira, a vista é magnífica, a visita é agradável, há bem menos ônibus da CVC que em Trancoso e as praias também tem águas quentes e são ladeadas por fileiras de coqueiros.

Arraial d'Ajuda - BA

Arraial d'Ajuda - BA


Depois de caminharmos pela vila e pela praia, tirarmos fotos e comprarmos cangas (já não era sem tempo!), pegamos a balsa para Porto Seguro e seguimos direto para o centro histórico, ou Cidade Alta. Ali, com ou sem ajuda de guias, podemos caminhar entre igrejas e outros prédios com cerca de 300 anos de idade. Todos no meio de praças e ruas gramadas, sempre com a bela vista do mar e da cidade baixa. É uma caminhada super agradável, onde vamos mergulhando na história vendo as construções e lendo os painéis explicativos.

Praça com ruínas do antigo colégio jesuíta no centro histórico de Porto Seguro - BA

Praça com ruínas do antigo colégio jesuíta no centro histórico de Porto Seguro - BA


Em um deles, fico estupefato com a explosão populacional de Porto Seguro. De 5 mil habitantes em 1980, a população aumentou para 60 mil em 2000 e 125 mil em 2010. O motor do crescimento foram as estradas que aqui chegaram trazendo turistas, no início ávidos por história e hoje ávidos por festas. Porto Seguro se especializou em receber pacotes de viagens de estudantes em formatura, ou simplesmente gente que vem atrás de festas. Há uma todos os dias na cidade. Quem vem atrás de sossego, só passa em Porto para pegar a balsa para Ajuda e Trancoso.

Casario no centro histórico de Porto Seguro - BA

Casario no centro histórico de Porto Seguro - BA


A população de Porto em 80 me fez lembrar a longa viagem de carro que meus pais fizeram em 83 (ou 82?), junto com um casal de alemães, desde São Paulo até o Ceará. Tão vendo, eu tive a quem puxar! hehehe. Fico imaginando as estradas, os lugares, os hoteis. Acho que quase não havia pousadas naquela época. Enfim, fico imaginando a Porto Seguro que eles conheceram, literalmente dez vezes menor que a de hoje. Que bom seria se pudéssemos, além de viajar no espaço, viajar no tempo...

Interior de igreja no centro histórico de Porto Seguro - BA

Interior de igreja no centro histórico de Porto Seguro - BA


Bom, depois do passeio na Cidade Alta e de uma rápida passagem na Passarela do Álcool, seguimos para o norte. Em todas as praias há hoteis e grandes barracas. Muita estrutura para festas e para pacoteiros. Por fim, junto com a chuva, e que chuva!, chegamos à Cabrália e, de lá, pegamos a balsa para Santo André. Na balsa, enquanto cruzávamos os canais pelo mangue, o céu desabou sobre nós. A chuva só parou quando chegamos à Pousada Jacumã, de um casal italiano.

Admirando a vista do centro histórico de Porto Seguro - BA

Admirando a vista do centro histórico de Porto Seguro - BA


Santo André vem se desenvolvendo ultimamente, mas ainda bem mais calma que suas vizinhas do sul. As pousadas são super charmosas, um convite ao ócio e à vida saudável. A nossa nos lembrou a Grajagan, na Ilha do Mel. Pé na areia também, bela decoração, ambientes mais que aconchegantes. Já que chovia, aproveitamos o final da tarde e início da noite para uma deliciosa, quase divina degustação de pães e azeites. Nossa... um desbunde! No jantar, massa itaiana e um bom vinho. Bem tratado assim, quem precisa de sol?

Atravessando a balsa entre Arraial d'Ajuda e Porto seguro - BA

Atravessando a balsa entre Arraial d'Ajuda e Porto seguro - BA

Brasil, Bahia, Trancoso, Porto Seguro, Arraial d'Ajuda, Santo André,

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Mantendo a Tradição

Brasil, São Paulo, Ubatuba

Praia Dura com Corcovado ao fundo em Ubatuba - SP

Praia Dura com Corcovado ao fundo em Ubatuba - SP


Um pouco de rotina para variar a rotina da falta de rotina. Esse foi o espírito hoje. Nessa nossa viagem de constantes movimentos e mudanças, sentimos falta de uma rotina diária. Nada melhor que matar a saudade dela aqui em Ubatuba, onde minha família acabou desenvolvendo uma rotina depois de tantas temporadas.

Assim, logo cedo a Edna chegou e já tínhamos café preparado quando acordamos. Bem alimentados, fomos caminhar na deliciosa Praia Dura, vizinha da Praia Vermelha. Céu azul, praia limpa e água do rio cristalina como poucas vezes vi na vida. Mistura de maré baixa com falta de chuvas? Enfim, cenário ideal para uma saudável caminhada.

Caminhada na Praia Dura em Ubatuba - SP

Caminhada na Praia Dura em Ubatuba - SP


Depois, compras na quitanda para abastecer a casa. Voltamos para a Praia Vermelha, deixamos as compras em casa e descemos para a praia para dar um merecido tchibum. A temperatura da água, após as cachoeiras da Mantiqueira, não poderia ser mais agradável. Foi até estranho entrar na água e não ter de sair correndo ou a cabeça começar a doer. Que delícia! E que visual! Desculpe-me os outros litorais, mas este aqui que vai de Ubatuba à Parati é o mais bonito que temos. Serra do Mar, Mata Atlântica e a cor esvedeada do mar se unem numa harmonia digna de pintura. Cada canto de praia (e são centenas!) valeria um quadro.

Vista das praias do Lázaro e Domingas Dias em Ubatuba - SP

Vista das praias do Lázaro e Domingas Dias em Ubatuba - SP


Bom, voltando à rotina, damos um mergulho, nadamos até a raia e voltamos para casa, onde a Edna nos espera com uma deliciosa caipirinha. Sem a mãe por perto, posso até pedir repeteco! Antes disso, aquela ducha refrescante e secreta, sinônimo de saúde. Depois, aquele almoço gostoso com vista para o mar.

Com a Edna na casa do Sérgio em Ubatuba - SP

Com a Edna na casa do Sérgio em Ubatuba - SP


Tarde preguiçosa vendo os lusos voltando para casa. Logo está escuro, é inverno. Inverno assim, ninguém pode reclamar...

Amanhã cedo, um pouco mais dessa "tediosa" rotina. Vamos emendar um passeio/caminhada também.

Praia Vermelha vista da Praia Dura em Ubatuba - SP

Praia Vermelha vista da Praia Dura em Ubatuba - SP

Brasil, São Paulo, Ubatuba,

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Mucugê, Diamantes e Metrôs

Brasil, Bahia, Mucugê (P.N. Chapada Diamantina)

Cachoeira da Piabinha, no Parque Municipal do Garimpo, em Mucugê, na Chapada Diamantina - BA

Cachoeira da Piabinha, no Parque Municipal do Garimpo, em Mucugê, na Chapada Diamantina - BA


Hoje pela manhã, aqui em Mucugê, um momento raro de separação entre eu e a Ana. O normal da nossa vida, desde que começamos a viagem, é compartilhar umas 23 horas e meia dos nossos dias. As pessoas se espantam, mas por enquanto foram pouquíssimas brigas e sempre nos damos muito bem. Pois hoje, resolvemos nos separar. Depois dos 100 km de caminhadas acumuladas desde que chegamos à Chapada, a Ana resolveu ficar na Pousada durante a manhã, dormindo um pouco mais e aproveitando para tentar colocar em dia seus posts, que estavam ainda mais atrasados do que os meus. Enquanto isso, fui visitar um parque municipal, com museu histórico e cachoeiras.

Rua em Mucugê, na Chapada Diamantina - BA

Rua em Mucugê, na Chapada Diamantina - BA


Mucugê é bem mais tranquila que Lençóis. As duas cidades são da época áurea da exploração do diamante na Chapada, em meados do séc XIX. Na verdade, o garimpo em Mucugê se desenvolveu um pouco antes e daqui partiram os garimpeiros explorando os rios mais ao norte, onde está Lençóis. A cidade ainda tem um ar daquele século, as casas e ruas muito bem conservadas, até mais que em sua irmã mais famosa. Além disso, tudo aqui parece mais organizado, com placas indicativas estilizadas e sem uma influência tão forte de turistas e forasteiros. Para mim, foi uma bela e agradável surpresa essa cidade e gostei muito de ter vindo.

Nossa pousada em Mucugê, na Chapada Diamantina - BA

Nossa pousada em Mucugê, na Chapada Diamantina - BA


No parque e na região próxima há várias cachoeiras. Se estivéssemos em outro lugar que não a Chapada, essa cachoeiras seriam consideradas maravilhosas, mas aqui, por comparação, acabam diminuídas. Mesmo assim, foi muito gostoso visitar e me banhar na Cachoeira da Piabinha e na Tiburtino. Essa última é acessada através de uma trilha muito bem conservada de 2 km. Já que estava sozinho, aproveitei para seguir correndo. Correndo e pensando sobre a história dessa região. As minhas fontes foram o museu e também as longas conversas com o Lúcio, durante nossas caminhadas no Vale do Pati. O moço é uma enciclopédia da história da Chapada!

Placa informativa no Parque Municipal do Garimpo, em Mucugê, na Chapada Diamantina - BA

Placa informativa no Parque Municipal do Garimpo, em Mucugê, na Chapada Diamantina - BA


A exploração de diamantes no Brasil teve seu primeiro boom na segunda metade do séc XVIII, principalmente na região de Diamantina, em Minas Gerais e também um pouco em Goiás. Preocupado com o excesso de diamantes no mercado e a consequente queda nos preços, o governo de Portugal simplesmente proibiu sua exploração em outras regiões, incluindo a Bahia. Essa proibição durava até o século seguinte, mesmo o Brasil já sendo um país independente.

Antigas casas de garimpeiros, no Parque Municipal do Garimpo, em Mucugê, na Chapada Diamantina - BA

Antigas casas de garimpeiros, no Parque Municipal do Garimpo, em Mucugê, na Chapada Diamantina - BA


Pois bem, diamantes acabaram sendo encontrados na região da Chapada. Mas como a lei de proibição ainda vigorava, essa era uma descoberta "ilegal". Os felizardos descobridores conseguiram manter segredo durante algum tempo, mas acabaram brigando entre si (a velha cobiça...). Um deles tentou revender alguns de seus diamantes. A polícia o pegou e o acusou de ter roubado as pedras preciosas. Para não ir em cana, ele acabou revelando o segredo. A notícia se espalhou como rastro de pólvora e em questão de meses, milhares de pessoas chegavam à Chapada. Era uma vez a tranquilidade no local...

Cachoeira do Tiburtino, no Parque Municipal do Garimpo, em Mucugê, na Chapada Diamantina - BA

Cachoeira do Tiburtino, no Parque Municipal do Garimpo, em Mucugê, na Chapada Diamantina - BA


Cidades apareceram e cresceram, entre elas Mucugê e Lençóis, que adquiriu uma importância tão grande que quase se tornou a nova capital do estado. Comerciantes do mundo inteiro vieram para cá e a França acabou instalando um consulado na cidade. Na verdade, era apenas para assegurar os interesses franceses nas pedras preciosas. Afinal, este era o tempo da construção dos metrôs de Londres e Paris, ambos construídos com perfuratrizes que usavam diamantes da nossa Chapada Diamantina!

Cemitério em estilo bizantino, em Mucugê, na Chapada Diamantina - BA

Cemitério em estilo bizantino, em Mucugê, na Chapada Diamantina - BA


A descoberta de diamantes na África do Sul acabou por tirar a importância do Brasil no mercado. Mesmo assim, uma nova onda de prosperidade veio com a construção do Canal do Panamá, que demandava não diamantes, mas uma pedra negra chamada Carbonato, muito mais comum por aqui que na África. Deste modo, a Chapada também contribuíu em muito com a divisão das Américas.

Antigas casas de garimpeiros, no Parque Municipal do Garimpo, em Mucugê, na Chapada Diamantina - BA

Antigas casas de garimpeiros, no Parque Municipal do Garimpo, em Mucugê, na Chapada Diamantina - BA


Depois disso, lenta decadência através do séc XX. A população de Lençóis recuou de 30 mil para 7 mil habitantes. Algum tipo de riqueza só chegou novamente com a chegada das dragas ao garimpo, na década de 70. E depois, com a criação do parque em 84, com o turismo. Mas a ocupação ainda está muito longe do que já foi um dia. Assim, ao explorar esta região, é muito comum encontrar ruínas de casas e de estradas que já foram muito movimentadas algum dia e que hoje são apenas sombras, fantasmas de sua glória passada.

Nas cachoeiras de Mucugê, apesar de estarmos em pleno sábado, nadei sozinho. Mas em meus pensamentos, havia uma multidão de fantasmas por ali, ainda preocupados em se enriquecer e nem notando aquele estranho ser do futuro que os observava atentamente.

Cachoeira do Tiburtino, no Parque Municipal do Garimpo, em Mucugê, na Chapada Diamantina - BA

Cachoeira do Tiburtino, no Parque Municipal do Garimpo, em Mucugê, na Chapada Diamantina - BA

Brasil, Bahia, Mucugê (P.N. Chapada Diamantina), cachoeira, Chapada Diamantina, Parque, Trekking, trilha

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Brasil, Maranhão, Alto Parnaíba

A estreita e longa estrada de areia corta o cerrado no sul do Maranhão, região de Alto Parnaíba - MA

A estreita e longa estrada de areia corta o cerrado no sul do Maranhão, região de Alto Parnaíba - MA


Chegou o dia da travessia pela pouco conhecida rota norte do Jalapão, atravessando o Parque Nacional das Nascentes do Parnaíba. Nós acordamos cedo e fomos encontrar uma pessoa no posto da cidade que nos daria dicas do caminho, comprar alguma comida e mexer um pouco na internet numa Lan House. Aproveitamos também para ir até o rio Parnaíba, que já conhecíamos do delta e também de Teresina. Como não poderia deixar de ser, aqui ele é bem menor, e lá do outro lado da margem está o nosso querido estado do Piuaí.

O rio Parnaíba, em Alto Parnaíba - MA. Do lado de lá é o Piauí!

O rio Parnaíba, em Alto Parnaíba - MA. Do lado de lá é o Piauí!


No posto, o Zé Batista, que uma vez por mês vai no seu caminhão até umas comunidades bem isoladas fazer um comécio nos deu dicas valiosas. Teríamos de pegar a estrada para Lizarda, já no Tocantins. Aliás, ele aconselhou que fôssemos até lá e depois, para São Félix. É uma estrada toda de terra e areia, mas bastante usada. Mas essa estrada dá uma grande volta e não passa no parque, que era o que queríamos. Então ele nos ensinou que deveríamos ir nesta estrada até a pequena comunidade de Morrinhos e, de lá, pegar uma trilha para Riozinho, outra comunidade uns 40 km à frente. Lá, deveríamos nos informar sobre os outros 100 km até São Félix

Delegacia e igreja, lado a lado, em Alto Parnaíba - MA

Delegacia e igreja, lado a lado, em Alto Parnaíba - MA


Okay, com água, bolachas, amendoim, bananas e maçãs, partimos. Os primeiros 35 km foram de estradão, passando por grandes fazendas de soja e algodão. Praticamente nenhum tráfego. Passadas as fazendas, a estrada foi piorando e a areia ficando mais pesada. Nenhum problema para a Fiona, mas para carros baixos é outra história...

Plantação de soja à perder de vista, na estrada para Lizarda, região de Alto Parnaíba - MA

Plantação de soja à perder de vista, na estrada para Lizarda, região de Alto Parnaíba - MA


Pois é, topamos com um Fiat Strada preso na areia há mais de uma hora e o pessoal, de pá, tentando tirá-lo de lá. Encostamos a Fiona, amarramos uma corda e começamos a puxá-lo, de ré. O carro saiu, mas quem ficou foi toda a frente do carro, que desmontou como se fosse de papel, agarrada na areia. Isso não tirou o ânimo das simpáticas pessoas no carro, pai e filho pela primeira vez naquela estrada, e de um amigo que os acompanhava num pequeno caminhão. Eles colocaram a frente do carro desmontada na caçamba e resolveram seguir viagem. A gente se despediu com aquela sensação de que nos veríamos novamente.

Momento em que o Fiat Strada perde toda a frente, presa na areia (na região de Alto Parnaíba - MA)

Momento em que o Fiat Strada perde toda a frente, presa na areia (na região de Alto Parnaíba - MA)


No quilômetro 57 o GPS mandou que mudássemos de estrada, entrando numa pequena trilha. Estávamos quase em Morrinhos (o Zé Batista disse que eram 60 km) e resolvemos "obedecê-lo". Muita areia na trilha mas a Fiona passava bem. Até que chegamos numa erosão mais cabeluda onde tivemos de pelejar por uns 20 minutos para passar. Passamos e essa trilha nos levou para bem próximo da estrada principal novamente, de onde começava a se afastar logo depois. Mas, quando chegamos neste ponto, percebemos as casas de Morrinhos e, numa delas, os carros dos nossos amigos. Fomos lá bater um papo e fizeram a maior festa. Melhor ainda, pudemos conversar com o dono da casa, que nos disse que essa estrada apontada pelo GPS não era mais usada e que deveríamos pegar outra, um pouco mais adiante, para chegar até Riozinho.

Fiat Strada sem a frente o carro, na região de Alto Parnaíba - MA

Fiat Strada sem a frente o carro, na região de Alto Parnaíba - MA


Assim fizemos, para pegar uma trilha com bastante areia novamente, mas sem muitas erosões. Uma hora mais tarde chegávamos à Riozinho, uma comunidade com sete ou oito casas. Logo na primeira, um menino nos orientou sobre o caminho à frente, uma ladeira meio complicada e uma tal bifurcação à direita. Andamos mais um pouco e vimos uma casinha simples, mas muito arrumadinha. Resolvemos fotografá-la, para postar no site como são as casas daqui.

Casa na comunidade de Riozinho. AInda não sabíamos que era exatamente ali que iríamos dormir! (região de Alto Parnaíba - MA)

Casa na comunidade de Riozinho. AInda não sabíamos que era exatamente ali que iríamos dormir! (região de Alto Parnaíba - MA)


Poucos quilômetros à frente a tal ladeira apareceu. Nos trechos mais erodidos haviam desvios e, com carro alto e traçado, passamos sem problemas. Lá em cima, já observando todo o chapadão e aquela linda vastidão, ficamos com a impressão que o pior já tinha passado. Doce ilusão...

A Chapada das Mangabeiras, no P.N. das Nascentes do Parnaíba, extremo sul do Maranhão

A Chapada das Mangabeiras, no P.N. das Nascentes do Parnaíba, extremo sul do Maranhão


Quando apareceu a bifurcação, o GPS foi enfático: à esquerda! A estrada para lá aparentava mesmo ser melhor e eu desconfiei que a tal bifurcação que o menino falou era mais à frente. E assim, seguimos à esquerda. Andamos por uns quarenta minutos, sempre com muita areia e alguma erosão até um lugar onde a estrada entrou numa mata. Mais adiante, ela simplesmente acabou! Voltamos um pouco e achamos uma variante, que contornava a mata. Aí, felizmente, apareceu uma casa com uma senhora. A única alma viva em quilômetros! Ela nos informou que aquela estrada que estávamos, que aparecia no GPS, era para Porto Alegre, outra minúscula comunidade. De lá, até seria possível seguir para São Félix, mas ela nos aconselhou retornar e, logo depois da mata, pegar um atalho que nos levaria de volta à estrada correta. Ou então, voltar até a bifurcação, lá atrás.

A estrada vai ficando mais rústica, próximo à comunidade de Morrinhos, região de Alto Parnaíba - MA

A estrada vai ficando mais rústica, próximo à comunidade de Morrinhos, região de Alto Parnaíba - MA


Resolvemos pegar o atalho. Nunca o quebra-mato da Fiona foi tão usado. Acho que já não passava carro lá há meses. Mas, com bastante paciência, cruzando o meio do cerrado e vendo araras e siriemas, conseguimos chegar à outra estrada, bem na altura de uma cancela. Pela lógica, viramos à esquerda, atravessamos a cancela e, numa primeira bifurcação, seguimos à esquerda novamente. Isso porque essa estrada parecia seguir na direção da outra que o GPS nos mostrava, lá longe, que ía de Porto Alegra para São Félix. Essa estrada cruzou um charco e muitas erosões até que chegou numa grande ponte de madeira com uma outra cancela. Crizamos a ponte, andamos mais um quilômetro e chegamos numa erosão mais cabeluda. Com aquela dúvida atroz sobre se estávamos ou não na estrada certa, resolvemos voltar...

Fiona enfrenta estrada de areia no P.N das Nascentes do Parnaíba, no extremo sul do Maranhão

Fiona enfrenta estrada de areia no P.N das Nascentes do Parnaíba, no extremo sul do Maranhão


De volta à primeira cancela, seguimos no sentido oposto, na esperança de logo encontrar a estrada de verdade, aquela da primeira bifurcação à direita. Que nada! Apenas meia hora depois chegamos à própria bifurcação. Ou seja, aquela era mesmo a estrada correta. Só não sabíamos se deveríamos virar a esquerda ou direita naquela bifurcação logo depois da cancela.

Feliz em ter uma casa no final do dia, na comunidade de Riozinho, região de Alto Parnaíba - MA

Feliz em ter uma casa no final do dia, na comunidade de Riozinho, região de Alto Parnaíba - MA


Agora já eram mais de quatro da tarde. O juízo bateu na cabeça e resolvemos voltar mais um pouco, descer a ladeira e ir até Riozinho. O melhor seria dormir por lá e obter melhores informações sobre a estrada adiante. Lá, numa casa bem em frente àquela que fotografamos, encontramos o Nilvan. Ele nos deu dicas valiosas da estrada adiante e confirmou que o caminho certo seria passar pela ponte com a cancela e por aquela erosão que não tínhamos passado. Disse também que estávamos bem na metade do caminho: 100 km para Alto Parnaíba, 100 km para São Félix do Tocantins. Quando perguntamos se havia ali algum lugar onde pudéssemos dormir, ele não titubeou: poderíamos dormir na casa em frente, aquela arrumadinha que fotografamos! Era do seu irmão que não estava ali esses dias!

Com o Jaime, qie nos recebeu na comunidade de Riozinho, região de Alto Parnaíba - MA

Com o Jaime, qie nos recebeu na comunidade de Riozinho, região de Alto Parnaíba - MA


E assim, ganhamos uma casa só para nós. Com um rio no quintal, para tomarmos um belo banho! Inacreditável! Depois do banho, quando já tinha escurecido, a gente com luz de velas (o Luz Para Todos não chegou em Riozinho!!!), apareceu o Jaime, outro irmão do Nilvan. A única coisa que poderíamos oferecer para eles era uma pinga deliciosa que a gente vem carregando desde a Bahia, na Chapada Diamantina. Está há meses no carro, "curtindo" dentro de uma garrafa pet. Foi conosco até as Guianas, cruzou a Amazônia, tem história para contar.

Dedo de prosa com o Jaime e o Nilvan, que nos receberam tão bem na comunidade de Riozinho, região de Alto Parnaíba - MA

Dedo de prosa com o Jaime e o Nilvan, que nos receberam tão bem na comunidade de Riozinho, região de Alto Parnaíba - MA


Pois bem, não poderia haver melhor hora e local para ser consumida. Nós quatro, dentro da casa do Nilvan, com luz de velas, comendo um arroz com abóboras, matamos a pinga. Com um dedo de prosa maravilhoso. Experiência para levar para o resto da vida! Dois mundos completamente diferentes se encontrando ali, ao redor de uma vela regada à pinga baiana da melhor qualidade, empatia total. Muito, muito legal!

Hora de se recolher na 'nossa' casa, na comunidade de Riozinho, região de Alto Parnaíba - MA

Hora de se recolher na "nossa" casa, na comunidade de Riozinho, região de Alto Parnaíba - MA


Depois, nos recolhemos à nossa casa. Uma simpatia, dois quartos, sala e uma grande cozinha. No quintal, porcos, galinhas e gado. Além do Rambo, o cachorro protetor. E um gato, devorador de ratos e cobras. Dormimos felizes e cansados. O dia de amanhã promete...

Dedo de prosa com o Jaime e o Nilvan, que nos receberam tão bem na comunidade de Riozinho, região de Alto Parnaíba - MA

Dedo de prosa com o Jaime e o Nilvan, que nos receberam tão bem na comunidade de Riozinho, região de Alto Parnaíba - MA

Brasil, Maranhão, Alto Parnaíba, Morrinhos, Nascentes do Parnaíba, Parque, Riozinho

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