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Karina (27/09)
Olá, também estou buscando o contato do barqueiro Tatu para uma viagem ...
ozcarfranco (30/08)
hola estimado, muy lindas fotos de sus recuerdos de viaje. yo como muchos...
Flávia (14/07)
Você conseguiu entrar na Guiana? Onde continua essa história?...
Martha Aulete (27/06)
Precisamos disso: belezas! Cultura genuína é de que se precisa. Não d...
Caio Monticelli (11/06)
Ótimo texto! Nos permite uma visão um pouco mais panorâmica a respeito...
Retornando ao Brasil por Chuí, no Rio Grande do Sul, fronteira com o Uruguai
Há quase três anos, no dia 4 de Março de 2011, eu e a Ana cruzávamos o rio Oiapoque, lá no Amapá, em direção à Guiana Francesa (post aqui). Mais de 120 mil quilômetros depois, cá estamos no outro extremo do litoral brasileiro, na pequena cidade de Chuí, fronteira entre o Rio Grande do Sul e o Uruguai, país de onde viemos hoje pela manhã. Se tivéssemos seguido pelo caminho mais curto entre as duas cidades, teriam sido cerca de 5,5 mil quilômetros, além de uma travessia de barco entre Macapá e Belém, já que não existe ligação rodoviária de uma capital à outra. Mas nós resolvemos pegar alguns “atalhos”, dar uma passadinha no Alasca e na Patagônia, e o nosso percurso ficou um pouco mais longo. Valeu por cada centímetro a mais de estradas pelo continente!
Nosso caminho de quase 3 anos e 120 mil km entre o Oiapoque e o Chuí, os dois pontos extremos do litoral brasileiro. O caminho mais curto, sem passar pelo Alaska e Patagônia, teria menos de 6 mil km!
Retornando ao Brasil por Chuí, no Rio Grande do Sul, fronteira com o Uruguai
Nós saímos hoje pela manhã de Punta del Diablo, ainda no litoral uruguaio, depois de uma belíssima caminhada na praia ainda com o sol nascendo. Foi um início de dia marcante para uma jornada que prometia ser especial. Afinal, era o dia de regressarmos em definitivo para o Brasil. Cada vez mais, e não dá para brigar com a realidade, os 1000dias estão acabando. Terminamos hoje nosso roteiro no último país que nos faltava nessa viagem, o Uruguai. Foi também o término de nossa fase internacional. De agora em diante, já de volta a nossa país, só nos falta percorrer o litoral dos estados do sul, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. O friozinho na barriga só vai aumentando.
Nossa última fronteira durante os 1000dias, em Chuí, entre o Uruguai e o Brasil
Bem vindo ao Brasil! (em Chuí, no Rio Grande do Sul, fronteira com o Uruguai)
Pois é, além desse friozinho ao cruzar a fronteira, também foi emocionante chegar a esta pequena cidade no extremo sul do país que tantas vezes ouvimos falar em nossas aulas de geografia no ginásio. “Do Oiapoque ao Chuí”, cantam versos e prosas que vangloriam a extensão de nossa pátria. Pois foi só no finalzinho de nossa viagem que viemos a conhecer esse verdadeiro marco geográfico de nossa cultura. Ele sempre esteve tão mais perto de nós do que sua antípoda, o Oiapoque, mas foi pelo último que passamos e conhecemos primeiro. Chegou, enfim, a vez de Chuí.
Entramos no Brasil novamente, em Chuí, no Rio Grande do SUl
1000dias de volta ao Brasil, agora em definitivo (em Chuí, no Rio Grande do Sul, fronteira com o Uruguai)
A pequena cidade fica exatamente na fronteira. Na verdade, para ser mais correto, ela fica “através” da fronteira! No lado brasileiro, chama-se Chuí e tem 6 mil habitantes. No lado uruguaio, chama-se Chuy e é um pouco maior, com 10 mil habitantes. Uma avenida passa justo sobre a linha fronteiriça que é o canteiro central dessa via. De um lado, a Avenida Brasil, do outro, a Avenida Uruguai.
Adesivo dos 1000dias na fronteira mais austral do Brasil, em Chuí, no Rio Grande do Sul
Vindos do Uruguai, chegamos a Chuí, no Rio Grande do Sul, cidade mais austral do Brasil
Chuy, do lado uruguaio, é uma grande duty free, ou zona franca de impostos. Com isso, os brasileiros são todos atraídos para o lado de lá, com mercadorias bem mais baratas. Vão e voltam sem se preocupar com a burocracia, que só é exigida para quem se afasta das duas cidades. Para quem vê a harmonia entre elas hoje, fica difícil imaginar que essa já foi uma fronteira complicadíssima, com a história cheia de conflitos militares.
Cidade de Chuí, no Rio Grande do Sul. De um lado, Brasil, do outro, Uruguai
O primeiro farol do Brasil, próximo à barra do rio Chuí, no Rio Grande do Sul
Como já disse em outros posts, desde a fundação de Colonia do Sacramento pelos portugueses, no final do séc. XVII, que os territórios da chamada Banda Oriental, que equivalem hoje ao Uruguai e parte do Rio Grande do Sul, foram disputados pelas coroas espanhola e portuguesa. O Tratado de Madrid, de 1750, dizia que a fronteira entre os dois países seria estabelecida na região de Cabo Polonio. Pois é, Cabo Polonio podia ser brasileira! Como é que fomos perder isso? Imperdoável, hehehe! Enfim, esse tratado, como tantos outros, não foi cumprido e a fronteira oficial variava para o sul e para o norte. Em 1761, o espanhol Cevallos, o mesmo que desalojou os portugueses de Colonia por duas vezes, estendeu os domínios espanhóis até a atual Rio Grande, mais de 200 quilômetros ao norte da fronteira atual!
Chegando à barra do rio Chuí, no Rio Grande do Sul
O rio Chuí, que marca a fronteira entre Brasil e Uruguai, no Rio Grande do Sul
Por fim, foi decidido que toda a região entre o Taim (150 km ao norte da fronteira atual) e Chuí seria território neutro, devendo os soldados ficar fora dessa área. Mas colonos portugueses trataram de ocupá-la e o Chuí fala português desde então. Uma nova e derradeira ocupação luso-brasileira ocorreu em 1819, mas uma década mais tarde forças uruguaias expulsaram as forças imperiais de Dom Pedro I. Finalmente, em 1851, as fronteiras foram demarcadas como as conhecemos hoje. Desde então, a tensão na fronteira foi diminuindo, diminuindo, até a situação de amizade de hoje, uma fronteira que é marcada não por uma cerca ou muro, mas com uma avenida aberta, com carros e pedestres indo e vindo livremente.
A Ana, o Rodrigo e a Ixa, mãe do Rodrigo, na ponte sobre o rio Chuí, no Rio Grande do Sul, que marca a fronteira entre Brasil (lado esquerdo) e Uruguai (lado direito)
A Ana com seus sogros, o Joca e a Ixa, na barra do rio Chuí, fronteira entre Brasil e Uruguai, no Rio Grande do Sul
Nós não ficamos muito tempo na cidade. Fomos logo para a barra do rio Chuí, a 11 quilômetros do centro. Ali perto está o primeiro farol da costa brasileira. Está também uma pequena ponte sobre o rio ligando os dois países fronteiriços. Sobre a ponte, víamos perfeitamente o encontro do Chuí com o mar dividindo a praia em duas, uma uruguaia e outra brasileira. É ali que começa o Brasil e o nosso imenso litoral. E começa justo com uma praia longa. A mais longa do mundo. É a Praia do cassino, com mais de 200 quilômetros de extensão. Vai daqui até a cidade de Rio Grande. Vai ser por ali que seguiremos viagem. Uma praia desse tamanho dificilmente é conhecida a pé. Mas com a ajuda das rodas da Fiona é outra história...
A barra do rio Chuí, no Rio Grande do Sul. Do lado esquerdo está o Brasil e na margem direita, o Uruguai
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