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Antonina e os Capelistas - Blog do Rodrigo - 1000 dias

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Antonina e os Capelistas

Brasil, Paraná, Antonina

Passeando pelas ruas de Antonina, cidade histórica no litoral do Paraná

Passeando pelas ruas de Antonina, cidade histórica no litoral do Paraná


Quando eu me mudei para Curitiba, em 2003, eu pouco conhecia do estado e da capital paranaense. Havia estado uma vez na Ilha do Mel, outra em Foz do Iguaçu e duas ou três vezes em Curitiba, a trabalho. Numa dessas vezes, aproveitei para dar uma escapada e pegar o trem até Morretes, voltando de ônibus. O tempo chuvoso havia me impedido de subir o Marumbi. Fora isso, apenas de passagem rumo às belas praias de Santa Catarina.

Nosso delicioso hotel em Antonina, cidade histórica no litoral do Paraná

Nosso delicioso hotel em Antonina, cidade histórica no litoral do Paraná


Nosso delicioso hotel em Antonina, cidade histórica no litoral do Paraná

Nosso delicioso hotel em Antonina, cidade histórica no litoral do Paraná


Então, quando cheguei de mudança, ainda sem conhecer ninguém por aqui, aproveitava todos os finais de semana para fazer minhas explorações. Um final de semana na capital, percorrendo vários bairros a pé, e outro viajando e conhecendo as cidades de apelo turístico do interior e do litoral do estado. Foi assim que estive pela primeira vez na Lapa, em Prudentópolis, em Vila Velha e em Tibagi, no interior, e em Guarequeçaba, Antonina, Paranaguá, Caiobá e Superagui no litoral, além de retornar a Morretes e à ilha do Mel.

A cidade de Antonina, de frente à baía de mesmo nome, está bem próxima de Curitiba. Mas entre ela e a capital está a Serra do Mar e a transição entre a planície e o 1o planalto paranaense. Quase vizinhas, aí estão Morretes, Paranaguá e a Ilha do Mel, na b

A cidade de Antonina, de frente à baía de mesmo nome, está bem próxima de Curitiba. Mas entre ela e a capital está a Serra do Mar e a transição entre a planície e o 1o planalto paranaense. Quase vizinhas, aí estão Morretes, Paranaguá e a Ilha do Mel, na b


Acostumado com a minha Minas Gerais da infância e com a São Paulo da adolescência e início da vida adulta, lembro-me de ter ficando espantado com o quão pouco desenvolvido era o turismo nas cidades paranaenses. Com a honrosa exceção de Foz do Iguaçu e da capital, e em menor grau de Morretes e da Ilha do Mel, outras cidades com grande potencial turístico eram quase totalmente inexploradas. Fossem elas em São Paulo ou Minas (imagina se fosse na Europa, então…), haveria filas e mais filas de ônibus, dezenas de hotéis e restaurantes e toda a infraestrutura que o turismo cria em volta de si. Mas, pior do que isso, era o estado de abandono de cidades históricas. Construções centenárias literalmente caindo aos pedaços! Eu realmente não ligo (na verdade, dentro do meu egoísmo particular, até gosto) de lugares lindos que eu possa desfrutar sem a companhia de multidões. Mas ver cidades que já viveram seus dias de glória e que hoje não são preservadas, patrimônios históricos sendo rapidamente consumidos pelo tempo e se perdendo para sempre, isso me dói o coração.

Casario centenário de Antonina, cidade histórica no litoral do Paraná

Casario centenário de Antonina, cidade histórica no litoral do Paraná


Pois foi mais ou menos esse o estado que encontrei Antonina naquela época. Uma cidade que já havia sido linda, mas que estava quase completamente abandonada. Para mim era incompreensível, pois o potencial turístico de uma cidade com tanta história e charme na beira do mar era enorme. Tamanho foi o choque que não mais voltei. Tão perto de Morretes, cidades parecidas e do mesmo período, e vivendo momentos tão distintos. Para mim a explicação para essa diferença era clara: além do marketing de cada cidade, a presença da estrada de ferro, ela própria uma grande atração turística, que passava por Morretes.

A orla de Antonina, cidade histórica no litoral do Paraná

A orla de Antonina, cidade histórica no litoral do Paraná


Enfim, foi só agora, já no finalzinho dos 1000dias, que retornei pela primeira vez a Antonina. E que grata surpresa! Nesses últimos anos a cidade virou completamente o jogo. Não sei se a iniciativa foi do poder público, de ONGs, de empresas, de cidadãos, ou uma mistura de tudo isso, mas o fato é que a cidade está viva novamente. Pousadas charmosas, construções históricas de pé, inteiras e pintadas, movimento nos restaurantes. Certamente, ainda há muito por se fazer, mas para quem viu a cidade dez anos antes, quanta diferença! Que bom que foi ter quebrado minhas péssimas expectativas!

Antonina e a baía de mesmo nome, litoral do Paraná

Antonina e a baía de mesmo nome, litoral do Paraná


A plácida baía de Antonina, no litoral do Paraná

A plácida baía de Antonina, no litoral do Paraná


Antonina começou a ser ocupada por colonizadores em meados do séc. XVII, inicialmente atrás do ouro. Mas foi o cultivo da erva-mate que começou a trazer prosperidade e o povoado foi oficialmente inaugurado no início do séc. XVIII. Primeiro, a igreja de Nossa Senhora do Pilar, a atual igreja matriz, em cima de uma pequena elevação. Ao seu redor, famílias começaram a se estabelecer e construir suas casas e comércio. Eram os “capelistas”, por morarem ao redor da capela. O nome ficou e até hoje é usado para se referir aos habitantes da cidade.

A igreja matriz de Antonina, cidade histórica no litoral do Paraná

A igreja matriz de Antonina, cidade histórica no litoral do Paraná


Vista do pátio da igreja matriz de Antonina, cidade histórica no litoral do Paraná

Vista do pátio da igreja matriz de Antonina, cidade histórica no litoral do Paraná


De frente a uma baía, a cidade logo ganhou um porto. Foi por causa desse porto que Antonina viveu seus tempos de glória, mais ou menos um século atrás. Por aí era exportado toda a produção de erva-mate da região, o que fez do porto o quarto mais movimentado do país. A riqueza gerada por esse movimento deu origem aos mais belos prédios da cidade, como o teatro municipal e vários casarões. Mas o declínio do plantio da erva-mate e a 2a Guerra Mundial acabaram por fazer o porto entrar em decadência. O porto de Paranaguá, com um canal de acesso bem mais profundo, atraiu todo o movimento de cargas na segunda metade do século XX. Sem o porto, Antonina mergulhou no esquecimento e decadência. Foi assim que eu a conheci.

Passeando pelas ruas de Antonina, cidade histórica no litoral do Paraná

Passeando pelas ruas de Antonina, cidade histórica no litoral do Paraná


Mas o turismo vem reabilitando a cidade. O governo estadual resolveu também reabilitar o porto, que vem aumentando sua importância gradativamente. O resultado salta aos olhos dos turistas. Nós chegamos aqui na noite do dia 1o e ficamos felicíssimos de ter escolhido a cidade como nossa base para os dias seguintes. Ontem, passamos o dia inteiro fora e só retornamos de noite novamente. Mas hoje pela manhã pudemos caminhar e fotografar tranquilamente a cidade. Apenas a chuva nos atrapalhou um pouco, mas não se pode querer sol todos os dias. Exploramos as ruas e ruelas, as igrejas e casarões, o teatro e a orla. Sim, muito ainda pode ser feito. Mas já está uma delícia caminhar pela cidade. Também há ótimas opções para comer e pousadas que são puro charme. A nossa, a das Laranjeiras, foi uma das melhores nesses últimos tempos de viagem.

Casario centenário de Antonina, cidade histórica no litoral do Paraná

Casario centenário de Antonina, cidade histórica no litoral do Paraná


Daqui partimos para a Ilha do Mel, nosso local predileto no universo. Felizes por estarmos indo para lá, felizes por termos encontrado uma Antonina renascendo das cinzas, já nos fazendo sentir meio “capelistas” também.. Duas felicidades para contrabalançar a tristeza por um viagem que está nos seus últimos dias…

Em dia de chuva, até bicicleta tem guarda-chuva nas ruas de Antonina, cidade histórica no litoral do Paraná

Em dia de chuva, até bicicleta tem guarda-chuva nas ruas de Antonina, cidade histórica no litoral do Paraná

Brasil, Paraná, Antonina, Arquitetura, história

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