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Karina (27/09)
Olá, também estou buscando o contato do barqueiro Tatu para uma viagem ...
ozcarfranco (30/08)
hola estimado, muy lindas fotos de sus recuerdos de viaje. yo como muchos...
Flávia (14/07)
Você conseguiu entrar na Guiana? Onde continua essa história?...
Martha Aulete (27/06)
Precisamos disso: belezas! Cultura genuína é de que se precisa. Não d...
Caio Monticelli (11/06)
Ótimo texto! Nos permite uma visão um pouco mais panorâmica a respeito...
A noite cai e as luzes se acendem em Buenos Aires, capital da Argentina
A primeira vez que eu estive em Buenos Aires foi em Fevereiro de 92. De lá para cá foram outras seis vezes, o que dá uma boa pista sobre se eu gosto ou não dessa cidade... A última vez foi em 2007, na primeira viagem internacional que eu e a Ana fizemos juntos. Aliás, a foto que ilustra o blog dela, no alto da página, é dessa viagem, de um simpático bar no bairro de San Telmo. Enfim, cá estamos mais uma vez, agora dentro do nosso projeto dos 1000dias. Esta cidade que tanto gostamos calhou de ser nossa última capital federal nessa jornada por todos os países das Américas. Capitais estaduais, ainda temos Porto Alegre e Florianópolis pela frente.
O nome do post simboliza muito bem o que sentimos pela capital argentina. Mas, muito mais do que isso, é uma homenagem a um dos mais populares tangos do insuperável Carlos Gardel, que apesar de uruguaio, era argentino do coração. O estilo da música, o tango, é a própria cara do país, uma leitura da alma do povo que aqui vive. A letra da música, bem, essa não preciso dizer a quem homenageia, certo? Enfim, era essa a música que tínhamos em mente enquanto fazíamos uma longa caminhada pela cidade hoje, revendo lugares que já conhecíamos e, como sempre acontece nessa charmosa metrópole, aprendendo e vendo coisas novas.
O Obelisco e o rosto de Evita, em Buenos Aires, capital da Argentina
Um dos mais movimentados cruzamentos do centro de Buenos Aires, capital da Argentina
A cidade de Buenos Aires foi fundada duas vezes, e no mesmo lugar. A primeira foi pelo espanhol Pedro de Mendoza, em 1536. Ele cruzou o oceano com vários colonizadores especialmente para isso, fundar uma cidade na desembocadura do Rio da Prata, descoberto alguns anos antes, para garantir o controle espanhol da região. Mas a hostilidade dos indígenas locais fizeram esses primeiros colonizadores mudar de ideia rapidinho. Eles partiram rio acima, seguindo o leito do rio da Prata, entrando pelo Paraná e rio Paraguay até chegarem ao local da atual Asunción, onde fundaram a cidade que seria a mais importante do sul do continente pelos próximos dois séculos. Enquanto isso, a pequena Buenos Aires sumiu do mapa pelos próximos 50 anos. Até que, numa ironia da história, habitantes de Asunción desceram o rio para “refundar” a antiga cidade de onde haviam partido, duas gerações antes, os fundadores da própria Asunción.
Chegando à Plaza Libertador San Martín, em Buenos Aires, capital da Argentina
Torre de Los Ingleses, em Buenos Aires, capital da Argentina
Apesar da localização estratégica, Buenos Aires sofreu com a política espanhola de centralizar todo o comércio com suas colônias sul-americanas em Lima, no Perú. Assim, todos os produtos importados ou para exportação tinham de fazer o duro caminho através da Bolívia e dos Andes até chegar à cidade peruana. A consequência disso foi que a atual capital argentina não se desenvolveu, tornando-se, na verdade, um centro de contrabando. A situação só mudou em 1776, quando a cidade tinha 20 mil habitantes e foi escolhida para ser a capital do Vice-reinado do Prata, agora com licença para comercializar diretamente com a Espanha.
O teatro Cervantes, em Buenos Aires, capital da Argentina
Sinagoga em Buenos Aires, capital da Argentina
O próximo grande evento aconteceu 30 anos mais tarde, já no séc. XIX, no contexto a era napoleônica na Europa. França e Espanha eram aliadas contra a Inglaterra e as tropas de sua majestade resolveram ocupar a capital portenha em represália. Eles até conseguiram, por um curto período, mas foram surpreendidos por uma revolta popular contra a ocupação, Os habitantes da cidade, quando perceberam que só estavam “mudando de patrão”, botaram os ingleses para correr, uma vitória que ainda é celebrada nos dias de hoje. Não apenas essa, mas também quando resistiram a nova invasão no ano seguinte, em 1807.
A enorme e centenária figueira ao lado do Teatro Colón, em Buenos Aires, capital da Argentina
PLaza Libertador San Martín, em Buenos Aires, capital da Argentina
Conscientes da própria força, resolveram ir além! Em maio de 1810, quando o rei espanhol foi deposto por Napoleão, aproveitaram o ensejo e decretaram o corte de relações com a antiga metrópole. Seis anos mais tarde, no congresso de Tucumán, foi a vez de oficializarem a independência, que se concretizou depois de uma guerra sangrenta com as tropas realistas. Mas a Argentina não era um país, e sim uma confederação de províncias. Buenos Aires, portanto, apesar de ser a cidade mais poderosa, só era a capital de sua própria província. Mas com muita influência nas outras províncias. Essa situação meio confusa se manteve pelos próximos 30 anos, enquanto a corrente dos federalistas e unitaristas disputava o governo e o país. Nesse período conturbado, por duas vezes a cidade sofreu o bloqueio naval por parte de potências estrangeiras (França e Inglaterra), aliadas de províncias rebeldes. Mas, para orgulho local, os portenhos não se curvaram e nenhum soldado estrangeiro jamais colocou os pés de volta na cidade, desde a expulsão dos ingleses em 1807.
O famoso Teatro Colón, em Buenos Aires, capital da Argentina
Cores de fim de tarde nos céus de Buenos Aires, capital da Argentina
A unidade do país finalmente veio na segunda metade do século, com os presidentes Urquiza e Mitre, e com ela uma maior estabilidade política e econômica. Já como capital de todo o país, Buenos Aires começou a se desenvolver rapidamente, tanto com as exportações de carne e grãos pelo seu porto, como com a chegada de dezenas de milhares de imigrantes, provenientes principalmente da Itália e da Espanha. Esses novos moradores se instalaram principalmente no sul da cidade, nos bairros de San Telmo e La Boca, enquanto a elite e alta sociedade se mudava mais para o norte, bairros do Retiro e Recoleta. Com o passar do tempo, a crescente classe média também teria os seus bairros, como Palermo e Belgrano.
Teatro Colón, em Buenos Aires, capital da Argentina
O Obelisco da Av. 9 de Julio, em Buenos Aires, capital da Argentina
Enfim, na entrada do séc. XX, Buenos Aires vivia um boom. Foi a primeira cidade latino-americana a superar um milhão de habitantes, parques se espalharam pela cidade, assim como grandes mansões e enormes prédios públicos e teatros. A magnífica arquitetura clássica de influência francesa que vemos hoje vem toda dessa época de glória, como aqueles que foram, durante muito tempo, o mais alto prédio da América Latina, o Kavanagh, e o maior teatro de todo o hemisfério sul, o Colón. Hoje, quando caminhamos pela Av. Córdoba ou Santa Fé e olhamos para os belos prédios que nos cercam, estamos vendo 100 anos atrás.
PLaza Libertador San Martín, em Buenos Aires, capital da Argentina
PLaza Libertador San Martín, em Buenos Aires, capital da Argentina
A cidade continuou a crescer durante o séc. XX, agora atraindo cada vez mais imigrantes internos, do vasto interior. Linhas de metrô foram sendo escavadas desde o início do século para dar vasão ao movimento que só aumentava. Na década de 30, todo o espaço entra duas ruas paralelas foi derrubado para dar lugar a avenida mais larga do mundo a 9 de Julio, que chega a ter 16 pistas com seu característico e enorme Obelisco ao fundo. Hoje são quase 4 milhões de habitantes, mas se considerarmos todas as cidades que foram engolidas pela grande metrópole, esse número chega a assustadores 15 milhões. Mas para os turistas e visitantes, quase tudo o que interessa está num espaço pequeno e que se pode caminhar, pelo menos para aqueles com mais energia.
Foi o que fizemos hoje, eu e a Ana. Foram cerca de 10 km de caminhada pelas charmosas ruas, avenidas e parques da cidade. Saímos lá do nosso hotel em Palermo, caminhamos até a Av. Santa Fé e por ela viemos até o centro. Não sem antes pararmos na magnífica livraria El Ateneo. Desde que sou criança e minha mãe viajou para cá pela primeira vez, ainda nos tempos de Isabelita na década de 70, que ouço falar das livrarias da cidade. Quando vim pela primeira vez, fui forçado a concordar que elas são mesmo maravilhosas e essa, a Ateneo, talvez seja o melhor exemplo. Sempre que venho para cá, perco (ou, na verdade ganho!) um bom tempo por lá.
Chegando a uma das mais charmosas livrarias de Buenos Aires, capital da Argentina
Interior do "El Ateneo", a mais bela livraria de Buenos Aires, capital da Argentina
Bom, seguimos a caminhada até centro, mais especificamente até o parque San Martin, um enorme jardim no norte da região central, cercado por diversos prédios clássicos e monumentos. Um dos mais belos, já na direção do rio da Prata, é a Torre dos Ingleses, um dos marcos arquitetônicos da cidade. Aproveitamos para pausar um pouco, respirar o ar puro e recuperarmos o fôlego para o longo caminho de explorações que ainda tínhamos pela frente.
PLaza Libertador San Martín e Torre de Los Ingleses, em Buenos Aires, capital da Argentina
Momento de descanso na Plaza Libertador San Martin, em Buenos Aires, capital da Argentina
Percorremos então a Florida, o famoso calçadão comercial que corta o centro da cidade e que também começa no parque San Martín. É um dos melhores lugares para se ver gente, turistas e locais, além do sempre presentes “arbolitos”, como são apelidados os cambistas. Aí na Florida também está a galeria Pacífico, um shopping center centenário, com ares clássicos e tetos cobertos de belos afrescos. Por muito tempo esteve fechado e abandonado, mas foi recuperado por empresários e hoje faz a alegria de visitantes como nós.
Calle Florida, em Buenos Aires, capital da Argentina
Os belos afrescos no teto da Galeria Pacífico, na Calle Florida, em Buenos Aires, capital da Argentina
Seguimos então pela Av. Córdoba, onde cruzamos a 9 de Julio mais uma vez (sempre uma longa travessia!) e chegamos aos imponentes teatros Cervantes e Colón, além da maior sinagoga da cidade. Nessa região é onde está a maior concentração de prédios monumentais, lembranças de tempos áureos da cidade. Os dois teatros podem ser visitados em tours, mas bom mesmo é assistir um espetáculo no sempre concorrido Colón, quando ele não está em reformas. As reservas devem ser feitas com semanas de antecedência!
O famoso Teatro Colón, em Buenos Aires, capital da Argentina
Teatro Colón, em Buenos Aires, capital da Argentina
Por fim, seguimos para a Plaza de Mayo, onde estão os prédios públicos mais famosos, como o antigo Cabildo (a prefeitura) e a famosa Casa Rosada, sede do governo federal. Quantas vezes não vi essa praça pela TV, manifestações de jubilo na época das Malvinas ou da abertura democrática de Alfonsín. Ou em cenas de cinema, com Perón e Evita acenando para dezenas de milhares de empolgadas pessoas. Na verdade, a frente da Casa Rosada está para o outro lado, mas é a sacada nas suas costas, virada para a praça, o lugar mais emblemático.
Cabildo de Buenos Aires, capital da Argentina
Plaza de Mayo, em Buenos Aires, capital da Argentina
Chegamos aí no fim do dia e acompanhamos as luzes de iluminação serem ligadas. Como não poderia deixar de ser, as luzes da Casa Rosada são rosas! E dessa cor ela fica, ainda mais forte, durante a noite, algo entre o kitsch e o tradicional, afinal, esta é a Casa Rosada.
A Casa Rosada, sede do governo federal, iluminada a carater, na Plaza de Mayo, em Buenos Aires, capital da Argentina
O relógio marca 8 da noite na cidade de Buenos Aires, capital da Argentina
E assim foi o nosso dia, caminhando por essas ruas que nos são cada vez mais familiares. Mas, como já disse, é sempre um prazer andar por aqui e, mais ainda, encontrar um bom café e não caminhar, apenas ver a vida passar, apressada, ao nosso lado. Acompanhado de uma boa media luna e empanada, não tem programa melhor.
ATravessando a avenida mais larga do mundo, a famosa 9 de Julio, em Buenos Aires, capital da Argentina
Pausa para café durante passeio a pé em Buenos Aires, capital da Argentina
Já de noite, voltamos de metrô para Palermo. Ainda temos de caminhar na Recoleta, em San Telmo e na Boca, mas temos tempo para isso. A noite, aí já estamos mesmo no lugar certo, Palermo. Aí estão dezenas de bares e restaurantes para todos os gostos. Conforme havia combinado com a Ana, a cada noite por aqui, um bom restaurante. O que não significa caro, mas charmoso. É o que não falta aqui em Palermo. Esta noite foi dia de tapas. E vinho, claro! Um brinde a Buenos Aires!
Nosso delicioso restaurante na segunda noite em Buenos Aires, na Argentina
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