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A Batalha Milenar

Hawaii, Big Island-Volcano

A contínua batalha entre as deusas dos vulcões e do mar, em pintura no museu do Volcanoes National Park, em Volcano, na Big Island, no Havaí

A contínua batalha entre as deusas dos vulcões e do mar, em pintura no museu do Volcanoes National Park, em Volcano, na Big Island, no Havaí


O arquipélago do Havaí nada mais é do que o resultado de um confronto milenar entre dois dos elementos da natureza: o fogo e a água. E hoje nós fomos conhecer o mais recente campo de batalha dessa guerra titânica: as imediações do Kilauea, o vulcão mais ativo do mundo.

Chegando ao parque dos vulcões, em Volcano, na Big Island, no Havaí

Chegando ao parque dos vulcões, em Volcano, na Big Island, no Havaí


Normalmente, é apenas nas escalas de tempo geológicas que podemos acompanhar um embate dessa natureza. Mas, aqui no Havaí, ele é tão intenso que, mesmo no minúsculo tempo em que vive um ser humano, pode-se acompanhar o desenvolvimento desse confronto. É isso que torna o Havaí tão especial.

Fumarolas sainda de dentro da terra são um sinal claro de que a lava está perto! (em Volcano, na Big Island, no Havaí)

Fumarolas sainda de dentro da terra são um sinal claro de que a lava está perto! (em Volcano, na Big Island, no Havaí)


Os cientistas já decifraram o enredo principal dessa guerra. Uma enorme fonte de lavas e erupções, o chamado “hotspot”, se encontra em profundidades abissais, a mais de 6 mil metros sob o Oceano Pacífico. Entrando em erupção quase que continuamente, a lava vai se empilhando sobre si mesma, literalmente construindo uma montanha. Aos poucos, os seis mil metros são superados e a montanha submarina rompe a superfície do mar, criando uma nova ilha. A partir daí, não é apenas a montanha que cresce, mas a ilha também, transformando em terra aquilo que já foi mar. A cada nova erupção, uma nova área é “roubada” do Oceano, numa aparente vitória do fogo sobre a água.

A gigantesca cratera do Kilauea, em Volcano, na Big Island, no Havaí

A gigantesca cratera do Kilauea, em Volcano, na Big Island, no Havaí


Mas a vitória é transitória. O Oceano não vai dá-la de barato. Continuamente, vinte e quatro horas por dia, 365 dias por ano, ao longo de milhares de décadas, as ondas do mar vão bater e erodir a nova costa, criando baías que se tornarão golfos e que, eventualmente, se ligarão à outros golfos do lado de lá, canais de água que dividirão a nova ilha em ilhotas menores. Depois, uma à uma, essas ilhotas serão novamente divididas e, por fim, consumidas pelo mar. O que era terra, voltará a ser água. Esse processos de “reconquista” só acontece quando a ilha se afasta do hotspot, a fonte de força do fogo.

Visita à cratera do kilauea, o vulcão mais ativo do mundo, perto de Volcano, na Big Island, no Havaí

Visita à cratera do kilauea, o vulcão mais ativo do mundo, perto de Volcano, na Big Island, no Havaí


Desenho explica as erupções do Kilauea, no Vulcanoes National Park, em Volcano, na Big Island, no Havaí

Desenho explica as erupções do Kilauea, no Vulcanoes National Park, em Volcano, na Big Island, no Havaí


Mas também essa aparente vitória do mar é ilusória. Enquanto ele desmancha uma ilha que se afastou do hotspot, uma outra está sendo criada um pouco atrás, ebm acima da fonte de fogo. Isso é o Havaí: uma sequencia de montanhas submarinas, algumas que já foram ilhas e hoje descansam abaixo da superfície marinha, outras que ainda são ilhas, mas se desmancham aos poucos e, por fim, ilhas que ainda estão crescendo, vigorosas. Sem esquecer das novas montanhas que estão se erguendo das profundezas do Oceano e que, em alguns milhares de anos, verão a luz do sol pela primeira vez.

Antigos havaianos observam uma erupção vulcânica, em belo quadro no museu do parque dos vulcões, em Volcano, na Big Island, no Havaí

Antigos havaianos observam uma erupção vulcânica, em belo quadro no museu do parque dos vulcões, em Volcano, na Big Island, no Havaí


Atualmente, são quatro ilhas principais no arquipélago. Três delas em pleno processo de “desmanche” e a quarta, ainda crescendo, a terra avançando sobre um mar violento. Estou falando da Big Island, a maior ilha do Havaí. Ela é formada pela junção de cinco grandes montanhas submarinas, entre elas as gigantes Mauna Kea e Mauna Loa, as maiores montanhas do planeta. Mas as duas já perderam seu vigor, e estão sendo lentamente erodidas pelo ar e pela água. A batalha atual é travada pelo seu irmão mais novo, mais ao sul, o vulcão Kilauea.

Trilha de acesso ao campo de lavas onde estão as antigas pictografias havaianas, perto de Volcano, na Big Island, no Havaí

Trilha de acesso ao campo de lavas onde estão as antigas pictografias havaianas, perto de Volcano, na Big Island, no Havaí


Em erupção praticamente constante há séculos, com períodos de maior e menor atividade, as lavas do vulcão estão constantemente adicionando novas área à ilha. E hoje, nós fomos visitar essa região, tanto o vulcão em si como aquilo que, até pouco tempo atrás era mar e hoje é um enorme campo de lava escura e endurecida.

Fazendo filmagem das antigas pictografias havaianas em campo de lavas endurecidas, perto de Volcano, na Big Island, no Havaí

Fazendo filmagem das antigas pictografias havaianas em campo de lavas endurecidas, perto de Volcano, na Big Island, no Havaí


Toda a área é protegida por um parque nacional, o Volcanoes National Park, bem ao lado de uma pequena cidade, apropriadamente chamada de Volcano. Foi aí que nos hospedamos, em um Bed & Breakfast de uma família japonesa. Simples, mas extremamente limpo. Desses que nossos sapatos ficam do lado de fora. Chegamos ontem de noite e, depois de instalados, passei algumas horas me deliciando com a coleção de revistas da National Geographic que els tinham por ali. Revistas da década de 50 e 60! Tanto as reportagens como as propagandas são interessantíssimas de se ver. A primeira reportagem sobre um “arriscadíssimo” mergulho noturno, hoje praticado por dezenas de milhares de estudantes, foi engraçadíssima. Assim como os anúncios daquelas enormes “banheiras”, os carros americanos da década de 60. Enfim, estou mudando de assunto...

Antigas pictografias havaianas em pleno campo de lavas endurecidas, ao longo da Chain of Craters Road, em Volcano, na Big Island, no Havaí

Antigas pictografias havaianas em pleno campo de lavas endurecidas, ao longo da Chain of Craters Road, em Volcano, na Big Island, no Havaí


De volta aos vulcões, logo cedo fomos ao parque nacional, ali do lado. Como sempre, tem um ótimo centro de visitantes, cheio de informações. Após a leitura de muitos painéis, ficamos meia hora assistindo a um filme com as imagens de uma grande erupção na década de 60. As imagens são mesmo impressionantes! Fontes de lava que jorravam a mais de 600 metros de altura! Lagos, rios e cachoeiras de fogo, avançando sobre tudo, nada sendo capaz de impedir o seu deslocamento. Deu pena ver uma plantação de papaias sendo lentamente consumida. Sem pernas para correr, esperavam inertes o seu momento de serem engolidas pelo rio que avançava lentamente, destruidor. O encontro da lava com o mar é sempre violento. A água fria e salgada causa pequenas explosões, mas nem mesmo ela pode impedir o avanço daquele rio amarelo e viscoso. O mais interessante é que todo esse processo pode ser observado de perto, pois a lava dos vulcões do Havaí se movem lentamente e as erupções não são explosivas. Turistas e pesquisadores podem se aproximar, pelo menos até onde o calor irradiado permitir. Do mesmo mirante que eu e a Ana visitaríamos um pouco mais tarde, turistas se maravilhavam com a gigantesca fonte de lava jorrando, a poucos quilômetros de distância. Que inveja desses afortunados nós sentimos!

O fim da estrada, no Volcanoes National Park, em Volcano, na Big Island, no Havaí

O fim da estrada, no Volcanoes National Park, em Volcano, na Big Island, no Havaí


Depois do centro de visitantes, fomos de carro para o tal mirante, bem na boca do Kilauea. A gigantesca cratera, com muitos quilômetros de diâmetro, é fruto de um evento de proporções titânicas, testemunhado apenas pelos antigos havaianos. A montanha ainda crescia e cuspia fogo naquela época, mas tanta lava jorrou de seu cume que um enorme espaço vazio se criou em seu interior. Por fim, a montanha desabou sobre si mesma e, de montanha, virou um buraco. Por centenas de anos, essa enorme caldeira era preenchida por um lago de lava de proporções gigantescas. Aos poucos, a lava foi se resfriando e endurecendo e hoje é uma enorme planície acinzentada, de terreno altamente instável e de onde, aqui e ali, ainda se vê fumarolas saindo do solo. Nós só podemos observar lá de cima, mas cientistas descem ali para fazer seus estudos.

O turista parece achar que a placa não era necessária... (Chain of Craters Road, em Volcano, na Big Island, no Havaí)

O turista parece achar que a placa não era necessária... (Chain of Craters Road, em Volcano, na Big Island, no Havaí)


Dentro dessa enorme caldeira uma nova cratera se formou. É chamada de Halema’Uma’U e é ela a fonte de quase todas as erupções dos últimos séculos. Dali jorrava a fonte de lava de 600 metros de altura e, ainda hoje, ela é preenchida por uma lago de lava fervente. De longe, podemos ver uma enorme coluna de fumaça e vapor se erguendo sobre ela. De noite, é possível ver a luz amarelada que vem de seu interior (pelo menos, foi o que nos disseram!). As erupções atuais, ou partem dali ou, através de conexões subterrâneas, afloram já muito mais abaixo, perto do Oceano. É de onde a lava escorre lentamente para reclamar mais áreas do Oceano e ontinuar a aumentar a Big Island.

A Chain of Craters Road foi completamente interrompida pela lava de uma erupção vulcânica, perto de Volcano, na Big Island, no Havaí

A Chain of Craters Road foi completamente interrompida pela lava de uma erupção vulcânica, perto de Volcano, na Big Island, no Havaí


Foi para aí que nos dirigimos, após nos maravilharmos com a gigantesca caldeira do Kilauea. Um estrada chamada Chain of Craters Road liga a caldeira com a costa sudeste da ilha, num percurso de 30 milhas. A estrada passa por várias antigas crateras, fruto de erupções laterais do Kilauea. Daí, o nome da rodovia. Por fim, ela desce em direção ao mar. Ainda lá encima, podemos ver com os próprios olhos a enorme área que foi agregada à ilha recentemente (há poucos séculos). Um enorme campo de lava negra e endurecida onde antes nadavam peixes. A grandeza da vista é de tirar o fôlego!

Explorando um gigantesco campo de lava endurecida, no Volcanoes National Park, em Volcano, na Big Island, no Havaí

Explorando um gigantesco campo de lava endurecida, no Volcanoes National Park, em Volcano, na Big Island, no Havaí


Lá embaixo, uma trilha nos leva através da lava até um local onde antigos havaianos imprimiram pictografias sobre a lava endurecida. Incrível imaginar que era ali que viviam, numa área que nos parece, pelo menos à primeira vista, completamente inóspita. Mas não é, como mostram os sinais do passado. Assim que a lava esfria, plantas vem colonizar o novo terreno. Atrás delas, os pequenos animais. E atrás deles, o homem. Um processo de colonização lento e gradual, mas que, dando tempo ao tempo, transforma aquela terra negra e estéril e florestas verdejantes cheias de vida. Vamos ver isso com os próprios olhos quando visitarmos as ilhas mais antigas do arquipélago.

Explorando um gigantesco campo de lava endurecida, no Volcanoes National Park, em Volcano, na Big Island, no Havaí

Explorando um gigantesco campo de lava endurecida, no Volcanoes National Park, em Volcano, na Big Island, no Havaí


Continuamos pela estrada até chegar à costa. Ali, é possível admirar o encontro da lava com o mar. Uma camada negra de terra, muitos metros de altura, avança sobre o Oceano que, em resposta, assola incessantemente com suas ondas o novo terreno, criando formações rochosas peculiares. Água mole, pedra dura... De centímetro em centímetro, o mar vai destruindo a rocha, pelo menos até a próxima erupção.

Caminhando por um incrível campo de lava, em Volcano, na Big Island, no Havaí

Caminhando por um incrível campo de lava, em Volcano, na Big Island, no Havaí


Alguns quilômetros adiante e chegamos ao fim da estrada. Até há poucas décadas, ela não acabava ali. Ao contrário, dava toda a volta no litoral, conectando-se com as praias do norte. Mas, da mesma maneira que a lava avança sobre o mar, ela também não respeita estradas. Ver um rio de lava preta escorrido sobre o asfalto da rodovia é um lembrete claro do quão recente é a erupção e de tão rápido que a paisagem está mudando.

As primeiras plantas a colonizarem o campo de lava (Volcanoes National Park, em Volcano, na Big Island, no Havaí)

As primeiras plantas a colonizarem o campo de lava (Volcanoes National Park, em Volcano, na Big Island, no Havaí)


E até engraçado ver a placa “End o the road” fincada no meio da lava. Os carros não podem passar dali, mas nós podemos. Por mais de um quilômetro, pulamos de pedra em pedra para entrar naquele mundo estranho, sem vida, novo, completamente sem cor. Parece outro planeta. Uma paisagem completamente diferente de tudo o que vimos até aqui. Mas depois, com cuidado, é possível ver o um pouco de verde, as primeiras plantas a conseguirem de fixar nesse terreno. Parece até um milagre!

O fim da trilha, no Volcanoes National Park, em Volcano, na Big Island, no Havaí

O fim da trilha, no Volcanoes National Park, em Volcano, na Big Island, no Havaí


Nós seguimos em frente, de olho no relógio. Seria preciso caminhar cerca de 7 milhas naquele terreno estranho para chegar até onde a lava está escorrendo atualmente. É um programa de dia inteiro, tempo que não tínhamos, infelizmente. Mas ter estado ali, no meio daquele lugar tão estranho e, ao mesmo tempo, tão intenso, valeu muito a pena! Mas tínhamos de voltar, pois o dia se acabava e ainda queríamos ver outras coisas.

Entrando no túnel de lava, no Volcanoes National Park, em Volcano, na Big Island, no Havaí

Entrando no túnel de lava, no Volcanoes National Park, em Volcano, na Big Island, no Havaí


No caminho de volta pela mesma estrada, paramos agora nos “lava tubes”, túneis criados pela lava Há poucas décadas ou séculos. Por baixo da terra ela escorria, deixando para trás esses impressionantes tuneis qu hoje podem ser percorridos a pé. Naquela hora do final do dia, era apenas eu e a Ana por ali. Felizmente, luzes ainda iluminavam o caminho, pois estávamos com lanternas com pilhas bem fracas. Imaginar um rio de lava incandescente correndo por aquele mesmo lugar sombrio foi muito legal!

Um túnel de lava, no Volcanoes National Park, em Volcano, na Big Island, no Havaí

Um túnel de lava, no Volcanoes National Park, em Volcano, na Big Island, no Havaí


Saímos do túnel já totalmente no escuro, a hora certa para voltar ao mirante e observar o reflexo do lago de lava na coluna de fumaça. Pois é, seria, se o tempo estivesse aberto. Mas não era o caso. Uma forte nebulosidade tinha tomado conta do céu, para a nossa tristeza e de todos os outros turistas que tinham ido até o mirante naquele horário. No caso deles, era ainda pior do que para a gente, pois haviam pago suas excursões de van e não tinham uma segunda chance. Nós tínhamos, com carro próprio e hospedados ali do lado. Então, voltamos para nosso hotel ainda esperançosos. Enquanto o sol não raiasse, ainda teríamos uma chance! Fiz minhas preces para a belíssima deusa havaiana dos vulcões, cruzei os dedos e voltei à coleção de National Geographics, um olho na leitura e o outro no céu...

Uma bela representação da deusa havaiana dos vulcões, em Volcano, na Big Island, no Havaí

Uma bela representação da deusa havaiana dos vulcões, em Volcano, na Big Island, no Havaí

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Um Dia em Cozumel

México, Playa del Carmen, Cozumel

Um maravilhoso pôr-do-sol na ilha de Cozumel, no litotal de Yucatán, no sul do México

Um maravilhoso pôr-do-sol na ilha de Cozumel, no litotal de Yucatán, no sul do México


A beleza de Cozumel e a tranquilidade que ela inspira tem atraído pessoas por milênios. Na época dos mayas, a ilha era um importante centro de peregrinação, principalmente de mulheres adultas. Ali estava localizado o templo da deusa da fertilidade e as mulheres mayas vinham de longe prestar suas homenagens e fazer seus pedidos. Gerar filhos no mundo maya era de suma importância, principalmente para garantir seu lugar em um dos nove céus que imaginavam existir. Uma mulher que morresse no parto dando a luz a uma criança sadia era considerada uma grande guerreira e enterrada com honras e glórias.

Caminhando pela praia até o porto de Playa del Carmen, para pegar o ferry para Cozumel, no litotal de Yucatán, no sul do México

Caminhando pela praia até o porto de Playa del Carmen, para pegar o ferry para Cozumel, no litotal de Yucatán, no sul do México


Fila do ferry de Playa del Carmen à Cozumel, no sul do México

Fila do ferry de Playa del Carmen à Cozumel, no sul do México


Eles viviam ali em paz, cerca de 20 mil pessoas, cultuando seus deuses e pescando o peixe de cada dia, recebendo de braços abertos os visitantes que vinham do continente. Até que, um dia, num enorme barco como nunca haviam visto, vindos da direção oposta, apareceram os espanhóis comandados por Cortes. Apesar das roupas estranhas, da fala incompreensível e da atitude arrogante, os habitantes de Cozumel, seguindo a tradição, os receberam muito bem. Estranharam um pouco quando o líder daquela gente mandou destruir vários de seus ídolos e colocar no lugar a estátua de uma mulher vestida de azul com uma cara de piedade. Mesmo assim, não reclamaram. Deixaram que ele partisse e refizeram as estátuas destruídas. Mal sabiam que aquilo era o começo do rápido fim de sua civilização.

Caminhando pelo centrinho de Cozumel, no sul do México

Caminhando pelo centrinho de Cozumel, no sul do México


Preparando-se para fazer snorkel na ilha de Cozumel, no litotal de Yucatán, no sul do México

Preparando-se para fazer snorkel na ilha de Cozumel, no litotal de Yucatán, no sul do México


A próxima expedição espanhola trouxe na bagagem a varíola. Os efeitos na população local foram devastadores. Duas gerações mais tarde, ao final do século XVI, quando os poucos sobreviventes foram realocados à força para o continente, não passavam de duzentos. A ilha só ganhou uma população relevante novamente em meados do séc XIX, quando, fugidos da confusão da Guerra das Castas que assolava o Yucatán, chegaram várias famílias de indígenas. Apenas 15 anos mais tarde, o presidente Lincoln fez uma oferta de compra da ilha, solenemente ignorada pelo governo nacionalista de Benito Juarez. Lincoln queria mandar para lá os negros americanos, que ele não queria como escravos, mas também fora do seu país.

Começando bem o dia na ilha de Cozumel, no litotal de Yucatán, no sul do México

Começando bem o dia na ilha de Cozumel, no litotal de Yucatán, no sul do México


Para dar água na boca! (em Cozumel, no litotal de Yucatán, no sul do México)

Para dar água na boca! (em Cozumel, no litotal de Yucatán, no sul do México)


A ilha continuou em relativa paz até o final da década de 50 do séc XX. Foi quando um filme de cinema mostrou ao mundo, pela primeira vez, as belezas subaquáticas que cercavam Cozumel. Desde então, o turismo só vem crescendo, mergulhadores, praticantes de snorkel ou simplesmente que busca uma praia de águas-esmeralda e areias brancas. O turismo em Cozumel cresceu junto com Cancun, muito antes de Playa del Carmen existir de verdade.

Aproveitando a vida em praia da ilha de Cozumel, no litotal de Yucatán, no sul do México

Aproveitando a vida em praia da ilha de Cozumel, no litotal de Yucatán, no sul do México


Hoje foi a nossa vez de ir conhecer essa ilha tão importante para o turismo do México. Em Playa, caminhamos tranquilamente pelas areia da praia até o porto e pegamos o movimentado e moderno ferry que liga as duas localidades. Quarenta e cinco minutos mais tarde e aportávamos em San Miguel, a maior cidade da ilha, sempre movimentada pelos navios-cruzeiro que não param de chegar. A cidade foi construída justamente onde estavam as principais ruínas mayas, que foram todas usadas para as novas construções. Daí, alugamos um carro (e que carro! Veja no próximo post) e partimos para o tradicional circuito de volta à ilha.

Mapa da ilha de Cozumel, no litotal de Yucatán, no sul do México, mostrando o circuito que fizemos

Mapa da ilha de Cozumel, no litotal de Yucatán, no sul do México, mostrando o circuito que fizemos


O movimento fica para trás assim que deixamos San Miguel, indo para o sul. Começam a aparecer os resorts, as boas áreas para snorkel e os restaurantes. Na primeira chance, paramos em um deles e a Ana e a Val foram conhecer um pouco das belezas que tornaram a ilha tão famosa. Muitos peixes e uma arraia mais tarde, voltaram para seguirmos nosso caminho.

Dando a volta na ilha de Cozumel, no litotal de Yucatán, no sul do México

Dando a volta na ilha de Cozumel, no litotal de Yucatán, no sul do México


A parada seguinte foi em um restaurante com sua própria praia, convite para um rum punch e deliciosos camarões. Para quem gosta de caranguejo ou lagosta, também seria o lugar certo. Estranho era estar naquele lugar delicioso, numa das mais famosas ilhas do mundo e estarmos praticamente a sós. Pelo visto, não são muitos que se aventuram fora dos resorts e barcos de mergulho por aqui. Bom, melhor para quem se “arrisca”...

Um brinde à ilha de Cozumel, no litotal de Yucatán, no sul do México

Um brinde à ilha de Cozumel, no litotal de Yucatán, no sul do México


Estrada novamente e nova parada em um restaurante famoso, o Bar do Rasta, no extremo sul da ilha. Agora, já tínhamos um mar com ondas e as mesas com o pé na areia foram um novo convite irrecusável para nos “reabastecermos” novamente. Com uma paisagem assim, dá para entender porque os mayas daqui eram tão pacíficos.

Deliciosa praia na costa leste da ilha de Cozumel, no litotal de Yucatán, no sul do México

Deliciosa praia na costa leste da ilha de Cozumel, no litotal de Yucatán, no sul do México


Nossa volta no sentido anti-horário, agora na costa leste da ilha, continuou. Aí estão as praias mais lindas de Cozumel e, outra vez mais, absolutamente desertas. Começo a pensar que 99% das pessoas que dizem conhecer Cozumel nunca saíram de seus cruzeiros ou das lojas nos arredores do porto de atracamento.

Deliciosa praia na costa leste da ilha de Cozumel, no litotal de Yucatán, no sul do México

Deliciosa praia na costa leste da ilha de Cozumel, no litotal de Yucatán, no sul do México


A gente não ficou muito nessas lindas praias, pois estávamos com pressa para chegar à San Gervasio, as ruínas mais bem preservadas da ilha, justamente o centro de peregrinação das mulheres mayas em busca de fertilidade. Para nossa decepção, quando lá chegamos já estava fechado. Tivemos de prestar nossas homenagens e fazer nossos pedidos de longe mesmo. Se há mesmo uma deusa por ali, ela há de ter ouvido, hehehe.

Um maravilhoso pôr-do-sol na ilha de Cozumel, no litotal de Yucatán, no sul do México

Um maravilhoso pôr-do-sol na ilha de Cozumel, no litotal de Yucatán, no sul do México


Restou-nos então terminar nosso circuito, devolver o carro e assistir, de camarote, um pôr-do-sol verdadeiramente espetacular. Desses de tirar o fôlego, quando a cada segundo fica tudo ainda mais bonito, apesar de parecer impossível que possa melhorar. Ao longe, zarpava um navio-cruzeiro, com todas as suas luzes já acesas. Até ele combinava com o cenário. Só espero que as pessoas que estavam lá dentro, as mesmas que não encontramos nas praias e restaurantes deliciosos da ilha, tenham acompanhado de suas janelas esse show de degardes avermelhados no céu ocidental.

Fim de tarde, hora da partida do navio-cruzeiro da ilha de Cozumel, no litotal de Yucatán, no sul do México

Fim de tarde, hora da partida do navio-cruzeiro da ilha de Cozumel, no litotal de Yucatán, no sul do México


Bom, a gente aproveitou. Foi o último dia da nossa querida Val conosco. Voltamos para Playa e ela e a Ana ainda experimentaram um pouco da noite da cidade, a sua despedida do país. Amanhã cedinho, vamos direto para o aeroporto em Cancun. Ela voa para o Brasil e nós vamos dar uma olhada na mais famosa cidade dessa parte do mundo, antes de seguirmos para a paradisíaca Isla Mujeres. O Yucatán ainda tem muito a nos mostrar...

Deliciosa praia na costa leste da ilha de Cozumel, no litotal de Yucatán, no sul do México

Deliciosa praia na costa leste da ilha de Cozumel, no litotal de Yucatán, no sul do México

México, Playa del Carmen, Cozumel, história, Yucatán

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Vulcão, Neve, Banho Quente e Cachoeira

Islândia, Myvatn, Akureyri

Relaxando nas águas quentes do lago natural no Myvatn Nature Bath, no norte da Islãndia

Relaxando nas águas quentes do lago natural no Myvatn Nature Bath, no norte da Islãndia


A região de Myvatn, onde chegamos ontem, é conhecida por suas fontes termais, por seu lago e por crateras de antigos vulcões. Ligando todos eles, uma extensa rede de trilhas e caminhos para serem percorridos a pé ou de bicicleta.

Observando a antiga cratera de vulcão Hverfjall, em Myvatn, no norte da Islândia

Observando a antiga cratera de vulcão Hverfjall, em Myvatn, no norte da Islândia


Em meio à neblina, caminhando até o alto de Hverfjall, uma antiga cratera vulcânica em Myvatn, no norte da Islândia

Em meio à neblina, caminhando até o alto de Hverfjall, uma antiga cratera vulcânica em Myvatn, no norte da Islândia


Os gêiseres, já havíamos visto ontem, antes de chegarmos à cidade. Assim como o lago, do lado do qual havíamos almoçado. Muita gente gosta de dar uma volta de bicicleta ao seu redor, mas nós planejávamos outro tipo de exercício para hoje: uma caminhada até o alto da cratera Hverfjall, a mais conhecida da região.

Em meio à neblina, caminhando até o alto de Hverfjall, uma antiga cratera vulcânica em Myvatn, no norte da Islândia

Em meio à neblina, caminhando até o alto de Hverfjall, uma antiga cratera vulcânica em Myvatn, no norte da Islândia


Na borda da cratera Hverfjall, em Myvatn, no norte da Islândia

Na borda da cratera Hverfjall, em Myvatn, no norte da Islândia


Quinze minutos de carro nos levam até um ponto de estacionamento, de onde começamos a caminhar. A paisagem é desértica, resultado de um solo pobre e clima rigoroso. Logo estamos na encosta da cratera e começamos a lenta subida. São quase 200 metros de desnível, mas com paciência chegamos lá encima, recompensados por uma vista cada vez mais ampla.

Embaixo de neve na cratera Hverfjall, em Myvatn, no norte da Islândia

Embaixo de neve na cratera Hverfjall, em Myvatn, no norte da Islândia


Embaixo de neve na cratera Hverfjall, em Myvatn, no norte da Islândia

Embaixo de neve na cratera Hverfjall, em Myvatn, no norte da Islândia


A cratera tem cerca de um quilômetro de diâmetro e é o resultado de uma erupção rápida, porém explosiva, há 2.500 anos. A grande falha tectônica sob a Islândia passa bem por aqui, o que explica toda essa atividade geológica. Mas agora, o que nos preocupava mais não era o que vinha de baixo, mas o que vinha de cima! Começou a nevar assim que chegamos ao topo de Hverfjall. Mas, pensando bem, que preocupação que nada! Foi é uma diversão! Nós, como bons brasileiros, adoramos neve. E fazia muito tempo que não víamos nevar. Só fez aquele momento ficar mais especial, mais inesquecível para nós!

A paisagem lunar ao redor da cratera Hverfjall, em Myvatn, no norte da Islândia

A paisagem lunar ao redor da cratera Hverfjall, em Myvatn, no norte da Islândia


Depois das fotos e da pequena nevasca passar, hora de descer. A neve até aumentou psicologicamente o nosso frio, o que nos fez ficar ainda mais animados com o próximo programa: um banho no Myvatn Nature Bath, uma lagoa natural de água quente ao ar livre.

Uma lagoa natural de águas quentes próprias para o banho, em Myvatn, no norte da Islândia

Uma lagoa natural de águas quentes próprias para o banho, em Myvatn, no norte da Islândia


Preparando-se para um mergulho nas águas quentes do Myvatn Nature Bath, no norte da Islãndia

Preparando-se para um mergulho nas águas quentes do Myvatn Nature Bath, no norte da Islãndia


Fomos de carro até lá, uma espécie de Blue Lagoon muito menos concorrida que a original, mais barata, rústica e natural. Enfím, um oásis de águas quentes naquelas terras geladas. Nossos músculos e espírito agradeceram as quase duas horas que por lá ficamos, quase sem concorrência, entre o calor da água e o frio do ar. Uma delícia!!!

Relaxando nas águas quentes do lago natural no Myvatn Nature Bath, no norte da Islãndia

Relaxando nas águas quentes do lago natural no Myvatn Nature Bath, no norte da Islãndia


Relaxando nas águas quentes do lago natural no Myvatn Nature Bath, no norte da Islãndia

Relaxando nas águas quentes do lago natural no Myvatn Nature Bath, no norte da Islãndia


Depois, pé na estrada novamente que nosso ritmo não pode diminuir. A ideia era dormir em Akureyri, a maior cidade do país fora da região de Reykjavik, com incríveis 25 mil habitantes. Mas ainda tínhamos uma outra parada antes de chegarmos lá...



Godafoss é uma das maiores cachoeiras do país. Não em altura, mas em volume de água. São 12 metros de altura por mais de 30 de largura e um mundo de água caindo. Por isso, talvez, tenha esse nome: Cachoeira dos Deuses.

Visitando a monumental Godafoss, cachoeira na região de Akureyri, maior cidade do norte da Islândia

Visitando a monumental Godafoss, cachoeira na região de Akureyri, maior cidade do norte da Islândia


Visitando a monumental Godafoss, cachoeira na região de Akureyri, maior cidade do norte da Islândia

Visitando a monumental Godafoss, cachoeira na região de Akureyri, maior cidade do norte da Islândia


Mas não, a origem do nome é outra. No ano 1000, quando um líder viking voltava do encontro anual do parlamento perto de Reykjavik para suas terras, no leste, ele parou por aqui. Esse líder era um antigo adorador dos deuses nórdicos, como Thor e Odin, mas havia se convertido ao cristianismo durante a reunião do parlamento. Então, em uma atitude altamente simbólica, jogou nesta cachoeira as estátuas dos antigos deuses que carregava. Assim, Godafoss não é simplesmente a “Cachoeira dos Deuses”, ela é a cachoeira de Thor e Odin, o que a faz ainda mais importante!

Admirando a força da cachoeira Godafoss, região de Akureyri, maior cidade do norte da Islândia

Admirando a força da cachoeira Godafoss, região de Akureyri, maior cidade do norte da Islândia


Admirando a força da cachoeira Godafoss, região de Akureyri, maior cidade do norte da Islândia

Admirando a força da cachoeira Godafoss, região de Akureyri, maior cidade do norte da Islândia


Ficamos ali, admirando, tirando nossas fotos e procurando as antigas estátuas. Infelizmente, não achamos. Também pudera! Com tanta água por ali e depois de 1000 anos, haja milagre! Mas não tem importância, o lugar é magnífico e o tivemos só para nós, observados lá de cima (ou lá de baixo?) por esses antigos e valentes deuses.

Visitando uma das mais famosas e belas cachoeiras do país, a Godafoss, região de Akureyri, maior cidade do norte da Islândia

Visitando uma das mais famosas e belas cachoeiras do país, a Godafoss, região de Akureyri, maior cidade do norte da Islândia


Depois da cachoeira, rumo a Akureyri, que fica bem na ponta de um longo fiorde que entra terra adentro pelo norte da ilha. Fosse em outras épocas do ano, aqui seria a nossa base para buscarmos as baleias que sempre visitam essa ilha gelada. Mas não em maio. Vamos, então, é aproveitar um pouquinho de vida urbana, já esquentando para chegar na “metrópole” Reykjavik.

A ring road, principal estrada no norte da Islândia

A ring road, principal estrada no norte da Islândia

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Caminhando por Havana e Pela História

Cuba, Havana

Chegando à Plaza de la Revolución, em Havana - Cuba

Chegando à Plaza de la Revolución, em Havana - Cuba


Depois do café da manhã na deliciosa casa com pé direito alto da Margarita e de descobrirmos a dificuldade do uso da internet no país (só em grandes hotéis e na empresa estatal de comunicação), saímos dispostos a uma boa caminhada aqui em Vedado e depois, para o centro.

Visitando a Necrópolis Cristóbal Colón, em Havana - Cuba

Visitando a Necrópolis Cristóbal Colón, em Havana - Cuba


A primeira parada foi quase do lado de onde estamos, na Necrópolis Cristóval Colón, o maior e mais tradicional cemitério de Havana. Entre os mais de um milhão de túmulos, muitos dos quais ornados com esculturas clássicas e mausoléus, alguns nos interessavam mais. O cemitério já tem mais de 150 anos de uso, uma verdadeira cidade dentro de Havana. Logo na entrada, o imponente túmulo do General Máximo Gomez, um dos heróis da guerra de independência, no final do séc XIX. Ali perto também, o túmulo de Amélia Goyri, uma moça que morreu junto com seu bebê na hora do parto. Foram enterrados juntos e, alguns anos depois, quando o túmulo foi exumado, o bebê foi encontrado em seus braços. O marido ficou meio doido com isso, mas o fato é que ela acabou se tornando uma fonte de milagres e seu túmulo é o mais visitado pelos cubanos em busca de alguma dádiva.

Agradecimentos aos milagres de Amelia Goyri, na Necrópolis Cristóbal Colón, em Havana - Cuba

Agradecimentos aos milagres de Amelia Goyri, na Necrópolis Cristóbal Colón, em Havana - Cuba


Túmulo de Eduardo Chibas, o fundador do Partido Ortodoxo e onde Fidel fez seu primeiro grande discurso, na Necrópolis Cristóbal Colón, em Havana - Cuba

Túmulo de Eduardo Chibas, o fundador do Partido Ortodoxo e onde Fidel fez seu primeiro grande discurso, na Necrópolis Cristóbal Colón, em Havana - Cuba


Mas o túmulo que mais me interessava, curioso que sou sobre os anos que antecederam à revolução, era o de Eduardo Chibás. Ele foi o fundador do Partido Ortodoxo, onde militava um jovem e idealista advogado, Fidel Castro. Chibás fazia uma incansável campanha contra a corrupção que assolava o país, mas mesmo ele acabou perdendo suas esperanças. Num derradeiro golpe em sua cruzada, ele se suicidou ao vivo, durante um popular programa radiofônico. Seu enterro mobilizou multidões e foi sobre a sua lápide, logo após abaixarem o caixão, que o jovem advogado fez o primeiro de seus inflamados discursos que se tornariam sua marca pessoal ao longo das décadas seguintes. Estávamos em 1951 e, não tivessem sido as próximas eleições canceladas pelo golpe militar dado por Fulgêncio batista, certamente teria sido Fidel um dos mais votados deputados. Dois anos mais tarde viria o famoso e fracassado ataque ao quartel de Moncada, liderado pelo já rebelde Fidel, a prisão, o exílio no México e o retorno com mais tropas para formar a guerrilha que, após anos de luta, chegou ao poder no início de 59. Histórias que pretendo contar ao longo da estadia aqui em Cuba...

Propagandas do socialismo, muito comum nas ruas de Havana - Cuba

Propagandas do socialismo, muito comum nas ruas de Havana - Cuba


Monumento ao heroi da independência josé Martí, na Plaza de la Revolución, em Havana - Cuba

Monumento ao heroi da independência josé Martí, na Plaza de la Revolución, em Havana - Cuba


Bom, após prestar minhas homenagens a Chibás, deixamos a Necrópolis e seguimos caminhando até a mais emblemática praça da capital cubana, a Plaza de La Revolución. É um enorme espaço vazio para acomodar as milhares de pessoas que ali se reuniam para os grandes eventos comemorativos do sucesso da revolução cubana, que invariavelmente contavam com um dos longos discursos de Fidel, pelo menos até ele adoecer. No entorno da praça, o monumental obelisco em honra a José Martí, poeta, intelectual e herói da guerra de independência no final do séc XIX. Do outro lado, as enormes figuras de dois outros heróis, mais recentes: Che Guevara e Camilo Cienfuegos, os principais comandantes de Fidel durante a revolução e que acabaram ficando ainda mais populares que seu chefe, pelo menos entre os cubanos. Ambos mortos prematuramente, tornaram-se ícones pelo mundo e peça de propaganda constante dentro do país.

Plaza de la Revolución, com os herois Che Guevara e Camilo Cienfuegos, em Havana - Cuba

Plaza de la Revolución, com os herois Che Guevara e Camilo Cienfuegos, em Havana - Cuba


Entrada do famoso hotel Habana Libre, em Havana - Cuba

Entrada do famoso hotel Habana Libre, em Havana - Cuba


Continuamos nossa longa caminhada por Havana seguindo em direção ao centro. No caminho, alguns dos ícones dessa incrível cidade: os hotéis Habana Libre e Nacional, o incomparável Malecón e a mais incrível coleção de carros antigos ainda em atividade, digna de emocionar nossos pais e avós.

Fotos históricas da chegada dos guerrilheiros ao saguão do Hotel Habana Libre, em Havana - Cuba

Fotos históricas da chegada dos guerrilheiros ao saguão do Hotel Habana Libre, em Havana - Cuba


O famoso Hotel Nacional, em Havana - Cuba

O famoso Hotel Nacional, em Havana - Cuba


O Hotel Habana Libre era o mais novo e elegante hotel nos anos finais do regime de Batista. Com o ditador da fora do país e a revolução triunfantes, os guerrilheiros foram recebidos em festa nas ruas da cidade e se acomodaram neste hotel onde, por um bom tempo, funcionou a sede do novo governo. Nacionalizado, o hotel foi rebatizado com o nome que ainda tem hoje, reconhecido de longe pelo enorme mural que tem em sua parte exterior. Ali perto, já na beira do mar e do Malecón, está o imponente Hotel Nacional. Endereço mais chique da cidade na década de 30, passou por um longo período de decadência após a revolução, mas foi renovado recentemente. Além da vista magnífica para o mar em seus jardins, lá estão também os canhões espanhóis que lutaram contra os americanos durante a guerra hispano-americana do final do séc XIX. Tomar um morrito em seus jardins com essa vista é programa obrigatório para quem vem à Cuba!

Os famosos carros antigos de Cuba (em Havana)

Os famosos carros antigos de Cuba (em Havana)


Os incríveis carros antigos em Havana - Cuba

Os incríveis carros antigos em Havana - Cuba


Assim que os revolucionários chegaram ao poder começaram as medidas de reforma agrária e nacionalização de empresas. Os grandes afetados por essas medidas foram exatamente as empresas americanas, então donas da maior parcela de terras do país e também das empresas dos setores de energia, telecomunicação, petróleo, entre outros. As relações com os Estados Unidos se deterioraram rapidamente, onde os poderosos lobbies logo começaram a atuar para desestabilizar o novo regime. Novas exportações para Cuba foram proibidas e é por isso que, ainda hoje, boa parte dos carros que rodam pelo país ainda são os carros que rodavam naquela época. Para quem gosta de carros, andar por Cuba e principalmente pelas ruas de Havana é uma verdadeira visita ao passado, às décadas de 50 e 40. Como o país passou mais de 20 anos sem importar novos carros, os cubanos tiveram que se virar com os que já tinham, tratando de conservá-los e mantê-los andando da maneira que tinham, improvisando peças de reposição. Na década de 80, uma nova onda de carros chegou, vindos da antiga União Soviética. Assim, Fords 48 e Chevrolets 56 dividem as ruas com Ladas 81 e Nivas 85. Uma paisagem surreal! Agora, nos últimos anos, chegaram alguns carros europeus e também os chineses, que ninguém sabe o nome, mas com uma aparência moderna. O cenário nas ruas ficou ainda mais variado. Mas, uma coisa é certa: os que melhor combinam com a arquitetura do centro da cidade são as banheiras americanas de 60 anos atrás. Para a gente se achar em um antigo filme de Hollywood, só faltava ser tudo em preto e branco!

Trânsito na famosa avenida Malecón, em Havana - Cuba

Trânsito na famosa avenida Malecón, em Havana - Cuba


Observando a orla ao longo do Malecón em Havana - Cuba

Observando a orla ao longo do Malecón em Havana - Cuba


Esse cenário dos carros e prédios antigos só perde para o do Malecón, ali em frente ao Hotel Nacional. Os carros antigos ainda estão lá, mas o fundo dos prédios antigos é substituído pela orla marítima com a imponente Fortaleza de San Carlos bem ao fundo, no alto de um promontório. Também chama a atenção a torre do Capitólio, réplica do congresso americano em pleno coração de Havana. Caminhar pelo longo calçadão do Malecón é um dos programas prediletos de cubanos e estrangeiros em Havana. O espaço também é disputado por pescadores e artistas solitários, que buscam no belo e tradicional cenário inspiração para a sua arte, ao mesmo tempo que servem de motivo para fotografias. A melhor hora para essa caminhada é no final de tarde, quando a avenida está mais cheia e a luz mais bonita.

Tarde ensolarada no Malecón, em Havana - Cuba

Tarde ensolarada no Malecón, em Havana - Cuba


Inspirando-se no Malecón para fazer música (em Havana - Cuba)

Inspirando-se no Malecón para fazer música (em Havana - Cuba)


Aproveitamos esses belos momentos e, depois de tanto caminhar, nos rendemos a um táxi para chegar mais rápido ao centro, na região do Capitólio, onde não havíamos estado ontem. Nova oportunidade de caminhar pelas ruas charmosas e decadentes do centro da capital e conhecer todos os tipos de pessoas, dos simpáticos e interessantes aos chatos e exploradores. Havana é um prato cheio para fotógrafos, oportunidades para todos os lados e todos os assuntos: arquitetura, pessoas, cores, sombras, detalhes, etc... Difícil mesmo é escolher as fotos depois, entre tantas boas imagens.

Moradias no centro de Havana - Cuba

Moradias no centro de Havana - Cuba


Rua movimentada no centro de Havana - Cuba

Rua movimentada no centro de Havana - Cuba


A noite caiu e nós seguimos para a Fortaleza de San Carlos para ter a visão noturna da cidade, assistir à cerimônia do canhonaço e aprender um pouco mais de história. Aí contratamos uma amável e curiosa guia que nos levou rapidamente pela fortaleza, contando rapidamente trechos da história cubana pré-independência, as guerras de independência e todo o processo da revolução. A pressa era porque queríamos estar a postos na hora da cerimônia do tiro de canhão, ou canhonaço, uma réplica do que se fazia na época dos espanhóis, em finais do séc XVIII, quando o tiro de canhãp significava o fechamento das portas da cidade. Hoje a cerimônia é feita diariamente, com soldados vestidos a caráter (caráter de 200 anos atrás!), para a alegria dos turistas, sempre às nove da noite. Para quem vai, o bônus é a visão noturna de Havana logo ali em frente. E para quem paga um dólar a mais para ficar no “camarote” (nosso caso!), ainda ganha outro bônus: um morrito para assistir à cerimônia e ao canhonaço em grande estilo.

Chegando à Fortaleza de San Carlos, em Havana - Cuba

Chegando à Fortaleza de San Carlos, em Havana - Cuba


Nossa guia na Fortaleza de San Carlos, em Havana - Cuba

Nossa guia na Fortaleza de San Carlos, em Havana - Cuba


Essa gigantesca fortaleza, uma das maiores construídas pela Espanha no novo mundo, custou tanto aos cofres reais que o rei espanhol da época tentou vê-la com uma luneta desde Madrid. Disse que, para ter custado tanto, deveria ser muito alta! Ela ficou pronta um pouco tarde. Poucos anos antes a Inglaterra havia atacado e conquistado a cidade, onde permaneceram por vários meses. Só saíram depois de muitas negociações, o que incluiu, entre outras coisas, a barganha pelo estado americano da Flórida, que até então era espanhol. Vem daí o envolvimento histórico entre EUA e Cuba, quase sempre tão danoso ao país caribenho. Com a consolidação da independência americana duas décadas mais tarde, todo o comércio que se fazia com a Jamaica (açúcar!), então colônia britânica, foi suspenso. Foi o açúcar cubano que substituiu o jamaicano e já na primeira metade do séc XIX a cotrrente de comércio entre Cuba e EUA já era maior até que com a metrópole Espanha.

Visão noturna de Havana - Cuba, do alto da Fortaleza de San Carlos

Visão noturna de Havana - Cuba, do alto da Fortaleza de San Carlos


Guarda vestido para a cerimônia do 'canhonaço', na Fortaleza de San Carlos, em Havana - Cuba

Guarda vestido para a cerimônia do "canhonaço", na Fortaleza de San Carlos, em Havana - Cuba


Isso explica o fato de que, quando o grande general da independência latino-americana Simón Bolívar quis liberar Cuba também, os EUA disseram que “ali não!”. Tinham outros planos para a ilha... Por duas vezes tentaram comprá-la dos espanhóis, mas a decadente ex-potência europeia se negou a fazer negócio. Bom, se não fosse por bem, seria por mal, mas isso já é uma outra história. Vem no próximo post...

Interagindo com os cidadãos de Havana - Cuba

Interagindo com os cidadãos de Havana - Cuba

Cuba, Havana,

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Na Boca da Pedra

Brasil, Rio Grande Do Norte, Passa e Fica (Pedra da Boca)

Visual à partir da boca da pedra, no Parque Estadual da Pedra da Boca, na Paraíba, fronteira com Passa e Fica - RN

Visual à partir da boca da pedra, no Parque Estadual da Pedra da Boca, na Paraíba, fronteira com Passa e Fica - RN


No nosso planejamento da viagem pelo nordeste, além das óbvias atrações no litoral, sempre procuramos saber e conhecer regiões do interior, do sertão. Afinal, tínhamos uma "forte desconfiança" que o nordeste era muito mais do que um punhado de praias bonitas.

A Pedra da Boca, na fronteira do Rio Grande do Norte com Paraíba, próximo à Passa e Fica

A Pedra da Boca, na fronteira do Rio Grande do Norte com Paraíba, próximo à Passa e Fica


Lugares como a Chapada Diamantina e a Serra da Capivara já tem luz própria, até internacionalmente. Mas outros lugares, como a Serra do Catimbau e o Lajeado do Pai Mateus não são assim tão conhecidos e precisamos fazer uma certa pesquisa para chegar até eles. E assim fomos fazendo, descobrindo lugares interessantes no interior de todos os estados nordestinos. Na verdade, todos não. Faltava o Rio Grande do Norte.

Pronta para a caminhada até a boca da pedra, no Parque Estadual da Pedra da Boca, na Paraíba, fronteira com Passa e Fica - RN

Pronta para a caminhada até a boca da pedra, no Parque Estadual da Pedra da Boca, na Paraíba, fronteira com Passa e Fica - RN


Foi quando começamos a receber dicas de outros viajantes pelo caminho. Falavam de uma tal de "Passa e Fica". Eu entendia "Pacifica", procurava no mapa, e nada. Depois da terceira vez que me indicaram, decidi achar de qualquer maneira. Google, internet, mapas, até que a ficha caiu. Pronto, achei a famosa Passa e Fica, fronteira de Rio Grande do Norte e Paraíba, do lado potiguar.

Subindo a Pedra da Boca, no Parque Estadual da Pedra da Boca, na Paraíba, fronteira com Passa e Fica - RN

Subindo a Pedra da Boca, no Parque Estadual da Pedra da Boca, na Paraíba, fronteira com Passa e Fica - RN


E aqui chegamos hoje. Passamos diretamente pela cidade e fomos direto ao Parque Estadual, pertinho do centro. Mas, ironia, esse "pertinho" foi o bastante para cruzarmos a fronteira. O belo Parque da Pedra da Boca fica na Paraíba, apesar de estar colado em Passa e Fica. "Paci e Ência"...

Pedra da Caveira, no Parque Estadual da Pedra da Boca, na Paraíba, fronteira com Passa e Fica - RN

Pedra da Caveira, no Parque Estadual da Pedra da Boca, na Paraíba, fronteira com Passa e Fica - RN


Lá chegando, fomos recebidos pelo Seu Tico, que vai nos guiar amanhã por uma trilha cheia de grutas e tocas, cenário incrível, dizem. Hoje, ele mandou que o filho nos levasse até a enorme boca na rocha que dá nome ao parque. A gente já vê ela bem de longe, afastando qualquer dúvida sobre o porquê do nome da pedra e do parque. Só falta um batonzinho.

Vista do caminho para a Pedra da Boca, no Parque Estadual da Pedra da Boca, na Paraíba, fronteira com Passa e Fica - RN

Vista do caminho para a Pedra da Boca, no Parque Estadual da Pedra da Boca, na Paraíba, fronteira com Passa e Fica - RN


Em meia hora subimos os quase 200 metros de desnível que nos separavam da boca. Ela, que parecia pequenina lá de longe, é gigantesca lá de perto. Uns 80 metros de largura, 30 m de altura e uns 20 m de profundidade. Outra formação geológica incrível da mamãe natureza. Quando achamos que já vimos de tudo, ficamos de boca caída com o tamanho da boca da pedra.

Visual à partir da boca da pedra, no Parque Estadual da Pedra da Boca, na Paraíba, fronteira com Passa e Fica - RN

Visual à partir da boca da pedra, no Parque Estadual da Pedra da Boca, na Paraíba, fronteira com Passa e Fica - RN


Lá ficamos por uma boa meia hora, tirando fotos, venerando a paisagem, tentando entender aquela coisa. Até o teto do lugar lembra, adivinhem... o céu da boca! Pois bem, lá de dentro da boca ficamos admirando o parque, que tem várias outras pedras mais baixas, inclusive uma com a cara de uma caveira. Observamos também o Rio Grande do Norte, ali do lado, literalmente a "um tirinho de espingarda" de distância.

Dentro da enorme 'boca', no Parque Estadual da Pedra da Boca, na Paraíba, fronteira com Passa e Fica - RN

Dentro da enorme "boca", no Parque Estadual da Pedra da Boca, na Paraíba, fronteira com Passa e Fica - RN


Que belo dia foi esse, amanhecer vendo as praionas da Pipa e entardecer vendo essas pedras gigantes em Passa e Fica. Amanhã, será o contrário: vamos amanhecer com as pedras e cavernas daqui e entardecer com as praias de Natal. E assim seguimos até onde o fôlego aguentar...

Descendo da Pedra da Boca, no Parque Estadual da Pedra da Boca, na Paraíba, fronteira com Passa e Fica - RN

Descendo da Pedra da Boca, no Parque Estadual da Pedra da Boca, na Paraíba, fronteira com Passa e Fica - RN

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Pichilemu e o Mar

Chile, Pichilemu

Admirando o nosso último pôr-do-sol no Pacífico, em Pichilemu, no litoral central do Chile

Admirando o nosso último pôr-do-sol no Pacífico, em Pichilemu, no litoral central do Chile


Depois do banho revitalizante em uma das piscinas naturais do parque de Siete Tazas, aos pés dos Andes, mais uma vez pegamos estrada. Nosso plano era atravessar o Chile de ponta a ponta, dos Andes ao mar, de leste a oeste. Felizmente, todo mundo sabe que o país, apesar das enormes distâncias norte-sul, no sentido leste-oeste é bem estreito. Pouco mais de 200 km ou três horas de estrada e saímos de um lado e chegamos ao outro.



No caminho, atravessamos o Vale de Colchagua, a mais interessante região vinícola de uma país que é, justamente, famoso por seus vinhos. A principal cidade da região é a charmosa Santa Cruz, mas nós deixamos para explorar melhor esta área amanhã. Hoje, o que queríamos mesmo era chegar ao mar, ao Oceano Pacífico, à pequena cidade de Pichilemu.

Muitos vinhedos no nosso caminho para o litoral, região de Pichilemu, no Chile

Muitos vinhedos no nosso caminho para o litoral, região de Pichilemu, no Chile


Atravessando o Chile de leste a oeste, em direção a Pichilemu, no litoral central do Chile

Atravessando o Chile de leste a oeste, em direção a Pichilemu, no litoral central do Chile


Considerada a capital do surf no Chile, as praias escuras de Pichilemu atraem visitantes o ano inteiro. Quem vem na época do frio, certamente está atrás das ondas que aí batem todos os meses, uma constância que atrai até surfistas internacionais. Já na época do calor, como agora, aí também são muitos banhistas que fazem da cidade um dos balneários mais populares do país durante os meses de verão. Razoavelmente perto da capital Santiago, cerca de 200 km, é bem tranquilo e comum vir para cá passar apenas um final de semana.

O Oceano Pacífico em Pichilemu, no litoral central do Chile

O Oceano Pacífico em Pichilemu, no litoral central do Chile


Trecho escarpado da costa em Pichilemu, no litoral central do Chile

Trecho escarpado da costa em Pichilemu, no litoral central do Chile


Pichi (pequena) lemu (floresta) nasceu da exploração de madeira e se manteve uma área rural até o final do séc. XIX. Ela foi “descoberta” pelo magnata chileno Agustín Ross Edwards no início do séc. XX e ele sonhava construir aqui um grande hotel, um parque, cassino e transformar a área em um resort de alto luxo, destinado a ser frequentado pela alta classe santiaguenha. Mas morreu antes de terminar sua obra e seus descendentes doaram suas propriedades para a municipalidade, com a ressalva de que eles fossem preservados. Graças a isso, ainda é possível passear no bosque municipal, única área a manter a mata original, já que as cercanias da cidade estão tomadas por plantações de eucalipto e pinheiros.

Reencontro com o Oceano Pacífico em Pichilemu, no litoral central do Chile

Reencontro com o Oceano Pacífico em Pichilemu, no litoral central do Chile


Reencontro com o Oceano Pacífico em Pichilemu, no litoral central do Chile

Reencontro com o Oceano Pacífico em Pichilemu, no litoral central do Chile


De novo, o que nos atraiu aqui foi o mar. Mas não simplesmente isso, mas um mar em que as pessoas possam entrar e nadar, coisa bem rara para nós nesses últimos meses de viagem, sempre por mares gelados. Se não fosse pelo casamento de nossos padrinhos Laura e Rafa na Ilha do Mel, no começo de Dezembro, quando pudemos dar uma “escapadinha” dos 1000dias e aproveitar para dar um mergulho no mar (post aqui), nosso último mergulho de verdade em uma praia havia sido em Ilhabela, litoral de São Paulo, em Junho (post aqui). Aliás, também essa oportunidade foi numa “escapadinha” dos 1000dias. Se considerarmos apenas nosso roteiro “normal” de viagem, nosso último banho de mar havia sido na costa da Venezuela, em Chichiriviche, no Parque Nacional Morocoy, no dia 2 de Junho (post aqui). Portanto, há mais de 8 meses!

1000dias de volta ao Pacífico em Pichilemu, no litoral central do Chile

1000dias de volta ao Pacífico em Pichilemu, no litoral central do Chile


A costa de Pichilemu, no litoral central do Chile

A costa de Pichilemu, no litoral central do Chile


E isso porque estou falando do Oceano Atlântico! Se considerar apenas o Pacífico, a situação é pior ainda. Nós passamos pela Ilha de Pascoa (link aqui), por Viña del Mar (post aqui) e por La Serena (post aqui), mas foi apenas na Ilha de Páscoa que aproveitamos de verdade o mar (veja o post e imagens aqui). Em La Serena e Viña, quando muito molhamos os pés, por causa do frio. Se considerarmos que a Ilha de Pascoa é café com leite, pois está bem longe da América, nosso último mergulho de verdade no Oceano Pacífico na costa americana foi lá na Costa Rica, no dia 9 de Abril do ano passado, no Parque Nacional Manuel Antonio, de tão doces memórias (post aqui). Enfim, lá se vão mais de 9 meses!

Praia movimentada em Pichilemu, no litoral central do Chile

Praia movimentada em Pichilemu, no litoral central do Chile


Aula de surf em praia de Pichilemu, no litoral central do Chile

Aula de surf em praia de Pichilemu, no litoral central do Chile


Pois bem, toda essa longa espera estava na hora de terminar! Por isso, viemos correndo para cá, essa joia chilena no Oceano Pacífico. Nossa última oportunidade nesses 1000dias para aproveitar e curtir o maior oceano do planeta (vou falar disso no post seguinte). Chegamos a Pichilemu no meio da tarde e fomos diretamente para Punta lobos, uns poucos quilômetros ao sul da cidade e onde estão as vistas mais belas do oceano. O nome vem da visita frequente de lobos-marinhos (o que já dá uma boa indicação da temperatura da água, brrrrrr) e nós ficamos sobre um promontório de onde é possível observar a cidade ao norte e o vasto oceano em frente, costa rochosa e circundada por cactos. É onde também estão as melhores ondas, portanto é o point preferido dos surfistas experientes.

Praia de areias escuras e movimentada em Pichilemu, no litoral central do Chile

Praia de areias escuras e movimentada em Pichilemu, no litoral central do Chile


Muita gente aproveita o dia de sol para ir à praia em Pichilemu, no litoral central do Chile

Muita gente aproveita o dia de sol para ir à praia em Pichilemu, no litoral central do Chile


Tiramos nossas fotos, matamos nossas saudades do mar, miramos para o horizonte e para o Japão por alguns minutos e resolvemos que era hora de cuidarmos de preocupações mais terrenas, como achar um lugar para dormir e outro para comer. Então, de volta para a cidade que já não tem nada a ver com o sonho de seu idealizador, aquele do resort caro e exclusivo. Ao contrário, a cidade é bem simpática, cheia de pequenas pousadas e casas para alugar e uma frequência de chilenos de classe média, mochileiros e surfistas sem muito dinheiro no bolso.

Praia de Pichilemu, no litoral central do Chile

Praia de Pichilemu, no litoral central do Chile


Surfistas aproveitam as ondas de Pichilemu, no litoral central do Chile


Nós achamos uma pousada bem legal e novinha em folha, a Heresman Cabañas. Na verdade, estávamos inaugurando o quarto dessa pousada que fica na praia de Infiernillo. Com esse nome, não foi surpresa descobrir que o mar era mais bravo por aqui e as areias estavam bem vazias. Deixamos para dar nosso mergulho aí apenas amanhã e seguimos para a praia do centro, conhecida como Playa Principal.

Vendedor ambulante em praia de Pichilemu, no litoral central do Chile

Vendedor ambulante em praia de Pichilemu, no litoral central do Chile


Vendedor ambulante vende uma espécie de bijú em praia de Pichilemu, no litoral central do Chile

Vendedor ambulante vende uma espécie de bijú em praia de Pichilemu, no litoral central do Chile


Deliciosos bijús vendidos em praia de Pichilemu, no litoral central do Chile

Deliciosos bijús vendidos em praia de Pichilemu, no litoral central do Chile


Aí sim, um grande movimento que faz jus à fama da cidade. Areias cheias, mar lotado. Banhistas, surfistas e aprendizes de surfistas. Achei engraçado que toda a multidão se concentrava numa certa faixa de areia, mas depois descobri que só era permitido entrar no mar naquela área onde havia a proteção de salva-vidas. Vamos ver se essa regra funciona mesmo, pois minha sincera intenção é entrar na praia na frente da nossa pousada mesmo, amanhã.

Caminhando no fim de tarde em praia de Pichilemu, no litoral central do Chile

Caminhando no fim de tarde em praia de Pichilemu, no litoral central do Chile


Caminhando no fim de tarde em praia de Pichilemu, no litoral central do Chile

Caminhando no fim de tarde em praia de Pichilemu, no litoral central do Chile


Belíssimo fim de tarde em praia de Pichilemu, no litoral central do Chile

Belíssimo fim de tarde em praia de Pichilemu, no litoral central do Chile


Bom, caminhamos bastante por aí, na parte da multidão e também fora dela, muito mais agradável. A fome deu para enganar com a ajuda de um simpático vendedor ambulante, cuja mercadoria eram irresistíveis bijus recheados de doce de leite e outras guloseimas. Uma delícia!

Mais um belíssimo pôr-do-sol no Oceano Pacífico, em Pichilemu, no litoral central do Chile

Mais um belíssimo pôr-do-sol no Oceano Pacífico, em Pichilemu, no litoral central do Chile


Posição privilegiada do restaurante Costa Luna, em Pichilemu, no litoral central do Chile

Posição privilegiada do restaurante Costa Luna, em Pichilemu, no litoral central do Chile


Por fim, luz de fim de tarde, o sol cada vez mais próximo do horizonte, fomos procurar um lugar para jantar. Mas não um lugar qualquer! Queríamos um para ver o pôr-do-sol, o nosso último nas águas do Pacífico. Já tivemos alguns absolutamente maravilhosos durante nossa jornada pelo continente e queríamos fechar com chave de ouro. Foi com esse espírito que encontramos um restaurante de frente ao mar, já de volta à praia de Infiernillo, o Costa Luna.

A entrada do nosso delicioso jantar no restaurante Costa Luna, em Pichilemu, no litoral central do Chile

A entrada do nosso delicioso jantar no restaurante Costa Luna, em Pichilemu, no litoral central do Chile


O barman do restaurante Costa Luna, que ficou nosso amigo e até nos presenteou algumas margueritas, em Pichilemu, no litoral central do Chile

O barman do restaurante Costa Luna, que ficou nosso amigo e até nos presenteou algumas margueritas, em Pichilemu, no litoral central do Chile


Pois é, não é que o restaurante ainda saiu melhor do que a encomenda? O pôr-do-sol foi realmente fantástico, mas não foi só isso não. A comida estava sublime, quase um banquete. E para melhorar ainda mais, ficamos amigos do barman, que adorou a história da nossa viagem. Quase que comovido, ele começou a nos presentear com deliciosas margueritas, uma especialidade da casa. E foi nesse embalo que fomos vendo o sol baixar uma última vez atrás do vasto oceano a nossa frente. E nós tínhamos um ótimo vinho para brindar a este momento. Foi inesquecível!

Um brinde ao nosso último entardecer em Pichilemu e no Oceano Pacífico, , no litoral central do Chile

Um brinde ao nosso último entardecer em Pichilemu e no Oceano Pacífico, , no litoral central do Chile

Chile, Pichilemu, mar, Praia

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As Cidades Islandesas

Islândia, Reykjavik, Akureyri

Os telhados coloridos de Reykjavik, a capital da Islândia

Os telhados coloridos de Reykjavik, a capital da Islândia


Acordamos hoje em Akureyri, a primeira cidade de verdade em que dormimos desde que chegamos à Islândia, uma semana atrás. O país nunca teve tradição em vida urbana, exceto pela capital Reykjavik, situação que vem mudando apenas nas últimas décadas. Mesmo assim, daria para contar nos dedos os ajuntamentos urbanos que mereceriam a classificação de “cidade”. Para se ter uma ideia, além de Reykjavik e de outras cidades que fazem parte de sua região metropolitana, apenas Akureyri tem mais de 10 mil habitantes. Todas as pequenas cidades que passamos até agora mediam sua população em centenas e não em milhares de pessoas.

Akureyri, a maior cidade do norte da Islândia

Akureyri, a maior cidade do norte da Islândia


Akureyri, a maior cidade do norte da Islândia

Akureyri, a maior cidade do norte da Islândia


Mesmo Akureyri não tem uma história muito gloriosa nesse sentido. Apesar de seus primeiros moradores já terem chegado no séc. IX, foi apenas 700 anos depois que o rei da Dinamarca, no intuito de promover a vida urbana no país, resolveu promovê-la a cidade. Mas a artimanha não deu certo, tanto que em 1836 a população ainda era apenas de 12 habitantes! O desenvolvimento só veio mesmo ao final da 2ª Guerra Mundial e hoje, a metrópole do norte se aproxima dos 20 mil habitantes.

Caminhando em Akureyri, a maior cidade do norte da Islândia

Caminhando em Akureyri, a maior cidade do norte da Islândia


Para nós, já estava bom demais! Pudemos caminhar por suas ruas, dobrar suas esquinas e até nos deliciar em um de seus charmosos cafés, protegendo-nos do ar frio e nos alimentando com suas tortas suculentas. Depois, pé na estrada, para enfrentar os quase 400 km até Reykjavik, cortando as costumeiras paisagens grandiosas e vazias.

Um aconchegante café em Akureyri, a maior cidade do norte da Islândia

Um aconchegante café em Akureyri, a maior cidade do norte da Islândia


Apetitosas tortas em café em Akureyri, a maior cidade do norte da Islândia

Apetitosas tortas em café em Akureyri, a maior cidade do norte da Islândia


A Islândia era costumeiramente visitada desde o séc. VIII, por monges católicos irlandeses que vinham para cá em busca de solidão e isolamento. Mas foi só no final do século seguinte, em 874, que se iniciou uma ocupação permanente, desta vez pelos vikings vindos dos países nórdicos. O mundo vivia um período mais quente naqueles séculos e o clima da ilha era bem mais afável. Calcula-se, por exemplo, que naquela época a Islândia tinha mais de 20% de seu território coberto por florestas, enquanto hoje esse número fica perto de 1%. É claro que uma parte dessa redução tem a ver com a ocupação humana, mas outro bom pedaço tem a ver com a variação do clima.

Paisagem da estrada que corta o norte da Islândia, entre Akureyri e a capital Reykjavik

Paisagem da estrada que corta o norte da Islândia, entre Akureyri e a capital Reykjavik


Enfim, a notícia se espalhou e a ocupação dessa ilha de clima “temperado” aumentou rapidamente. Um século mais tarde e os vikings já se matavam na briga pelas poucas terras aráveis restantes. Foi essa pressão populacional que fez com que eles rumassem ainda mais ao norte, descobrindo e iniciando a ocupação da Groelândia. Também ela vivia tempos mais quentes que permitiam até mesmo a criação de porcos e ovelhas, crescimento de árvores e pequenas lavouras de subsistência. Uma geração mais tarde, pouco depois do ano 1000, foi a vez de chegarem à América do Norte continental, mais precisamente à Terra Nova, no Canadá, que foi batizada de Vinland. Essa expansão para o oeste foi um “assunto familiar”, já que o descobridor de Vinland era o filho do descobridor da Groelândia!

Paisagem da estrada que corta o norte da Islândia, entre Akureyri e a capital Reykjavik

Paisagem da estrada que corta o norte da Islândia, entre Akureyri e a capital Reykjavik


Enfim, o tempo passou e o frio voltou e os mares daquelas latitudes tornaram-se inavegáveis. O assentamento da América do Norte acabou, pelo isolamento e hostilidade dos nativos, que não gostavam de loiros e muito menos de ruivos. Já os assentamentos vikings na Groelândia literalmente definharam e todos acabaram morrendo de fome, depois de poucos séculos de colonização. E na Islândia, bem, na Islândia, após quase 3 séculos de tempos gloriosos, descritos nas famosas “Sagas” (maior conjunto literário do país. Misto de lendas e histórias sobre as primeiras gerações de colonizadores da Islândia), a chegada do frio também tornou a vida miserável e a ilha não teve outro remédio do que se tornar vassala da Noruega, dando fim a sua independência, que só voltaria no séc. XX.

Entrando no enorme túnel que dá acesso à capital Reykjavik para quem chega pelo norte, na Islândia

Entrando no enorme túnel que dá acesso à capital Reykjavik para quem chega pelo norte, na Islândia


Durante todos esses árduos tempos, apenas Reykjavik se desenvolveu como cidade. Perto daí se reunia o primeiro parlamento da história, formado pelos líderes locais de cada parte do país, ao menos enquanto a Islândia foi independente, até a metade do séc. XIII. Vou falar disso quando visitarmos o Parque Nacional Thingvellir, onde era essa reunião anual, amanhã. Para isso, precisávamos, primeiro, chegar a Reykjavik.



Para quem chega pelo norte, como era o nosso caso, chegamos à capital islandesa depois de passar um túnel com 5 quilômetros de extensão sob um dos muitos fiordes do país. O Hvalfjördur (seu nome!) chega a 165 metros abaixo do nível do mar e nos economiza mais de uma hora de estrada para contornar esse braço de mar, como tantos outros que volteamos na costa leste do país.

Saíndo do túnel, a primeira visão de Reykjavik, a capital da Islândia

Saíndo do túnel, a primeira visão de Reykjavik, a capital da Islândia


Hallgrímskirkja, uma igreja luterana, é a maior do país e um marco arquitetônico de Reykjavik, a capital da Islândia

Hallgrímskirkja, uma igreja luterana, é a maior do país e um marco arquitetônico de Reykjavik, a capital da Islândia


Em Reykjavik, encontramos um hotel e, aproveitando as últimas horas do dia, fomos logo conhecer um dos principais marcos arquitetônicos da cidade, a igreja anglicana Hallgrímskirkja. Com 73 metros de altura e arquitetura inspirada na bela cachoeira Savartifoss, a igreja é ponto de visita obrigatório para quem vem ao país. Sua construção iniciou-se em 1946, mas ela só ficou completamente pronta na década de 80. Estava fechada hoje e só pudemos admirá-la por fora.

Hallgrímskirkja, uma igreja luterana, é a maior do país e um marco arquitetônico de Reykjavik, a capital da Islândia

Hallgrímskirkja, uma igreja luterana, é a maior do país e um marco arquitetônico de Reykjavik, a capital da Islândia


Além da igreja, pudemos caminhar um pouco pelas ruas da cidade, mas voltamos logo para nosso hotel. Afinal, o dia começa bem cedo amanhã. Antes das sete da manhã estaremos na operadora de mergulho que nos levará para fazer um dos mergulhos mais especiais da nossa viagem: através da fenda que separa as placas tectônicas da América e da Europa! De quebra, ainda vamos conhecer o Parque Nacional Thingvellir, a região termal de Geysir e a cachoeira de Gullfoss, todas atrações que são parte do chamado Golden Circle, principal rota turística na Islândia. Depois uma semana no país, já estava mais do que na hora da gente conhecer ela também!

Rua de Reykjavik, a capital da Islândia

Rua de Reykjavik, a capital da Islândia

Islândia, Reykjavik, Akureyri, Arquitetura, história

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De Volta ao Ponto de Partida

Brasil, Paraná, Curitiba

Dani e Dudu, no apartamento novo em Curitiba

Dani e Dudu, no apartamento novo em Curitiba


Voltamos à estaca zero: Curitiba. Hmmm... não é bem assim, estaca zero. Na verdade, temos 35 dias de Caribe nas costas, ótimas lembranças e uma experiência que vai ajudar bastante daqui para frente. A começar pelas malas! Deu para perceber que precisamos de muito menos roupas do que havíamos imaginado. Isso significa menos peso, menos volume. Ótimo!

Gostaria muito de chegar aqui e já poder partir no dia seguinte. Mas ainda temos algumas coisa para resolver. Nossos planos são saírmos até segunda, daqui a seis dias. Nesse meio tempo, além de resolver pendências, pretendemos fazer passeios, não só pela cidade mas também pelas redondezas.

Bom, vamos aos fatos. O Mário, pai da Ana, foi nos buscar no aeroporto. Antes disso, em Guarulhos, após passarmos incólumes pela alfândega, não passamos pela TAM. Por mais que chorasse e esperneasse, mesmo vindo de vôo internacional, nos cobraram excesso de bagagem. Paciência. Já o querido sogro, não cobrou! Nada como a família...

Patrícia, mãe da Ana, em frente à sua casa, em Curitiba

Patrícia, mãe da Ana, em frente à sua casa, em Curitiba


Fomos recebidos na casa da Patrícia, mãe da Ana, com comida típica brasileira. Uma delícia! Depois do almoço, já partimos para os afazeres. Na Acquanauta, local de todos os nossos cursos de mergulho, o Carol e o Rafa nos ajudaram a configurar nosso equipamento de mergulho. Na Race, empresa que desenvolve nosso site, tivemos uma produtiva reunião que, esperamos, vai agilizar bastante a colocação do site no ar. E de noite, fomos recebidos pela Dani, pelo Dudu e pela futura Luiza, em seu novo apartamento, para uma comida mexicana caseira e umas Bohemias. Algumas horas de conversa para tentar botar o papo em dia entre os cunhados (a Dani é a irmã mais nova da Ana).

Testando o equipamento,na Acquanauta

Testando o equipamento,na Acquanauta


Só faltou falar da Fiona. Já estamos com ela! Agradecemos muito ao Cláudio e à Rosina por terem cuidado tão bem da nossa companheira. Ela, depois de 40 dias paradas, ainda está mais ansiosa do que nós para esticar as pernas. E sem demora!

Dani e a Luiza, que está chegando!

Dani e a Luiza, que está chegando!

Brasil, Paraná, Curitiba,

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Hola, Colombia! Adios, Ecuador y Celular

Equador, Quito, Colômbia, Ipiales

Entrando na Colômbia, na cidade de Ipiales

Entrando na Colômbia, na cidade de Ipiales


Nosso plano hoje era sair cedinho para a Colômbia e já chegar na cidade de Popayan ou, pelo menos, Pasto, já a quase 100 km da fronteira. Mas, ficamos só nas boas intenções... Na verdade, até que acordamos cedinho, mas toda a nossa manhã foi gasta na procura do nosso celular.

Paisagem equatoriana chegando perto da fronteira com a Colômbia

Paisagem equatoriana chegando perto da fronteira com a Colômbia


Voltamos até Mitad del Mundo, para ver se não tínhamos deixado lá. De nada adiantou o pente fino no carro, no hotel ou na metade do mundo. Foi-se. Evaporou-se. Escafudeu-se. E, dessa vez, nem podemos colocar a culpa no Lampião, como fizemos na fronteira entre Alagoas e Sergipe, quando perdemos o outro celular. Uma pena, pois a Ana já estava ficando craque nele. Bom, pelo menos vamos economizar na conta telefônica... Quanto às nossas cabeças, felizmente estão muito bem presas aos nossos pescoço!

Viagem entre o Equador e Colômbia

Viagem entre o Equador e Colômbia


Enfrentamos então nossas últimas horas de bonitas e complicadas estradas equatorianas. Muitos caminhões, muitas curvas. Chegando mais perto da fronteira, o trânsito diminuiu e o ritmo melhorou. Enchemos o tanque do carro uma última vez para aproveitar o preço (cinquenta centavos por litro!) e nos despedimos do país.

Vista do belo vulcão Cayambe, na viagem entre o Equador e Colômbia

Vista do belo vulcão Cayambe, na viagem entre o Equador e Colômbia


Cruzar a fronteira foi, mais uma vez, relativamente tranquilo. Não estão muito acostumados com carros brasileiros por aqui e chamamos bastante a atenção. Agora, já estamos os três regularizados na Colômbia, eu, a Ana e a Fiona. Mas, para ela, vamos ter de comprar um seguro daqui a 10 dias, já que o nosso brasileiro está chegando ao final do prazo.

Chegando à fronteira entre Equador e Colômbia

Chegando à fronteira entre Equador e Colômbia


Já com o dia terminando, dormimos mesmo na tranquila Ipiales, quase ao lado da fronteira. Amanhã, numa viagem que promete ser muito bonita, vamos até Popayan, por uma estrada que já foi considerada muito perigosa por causa da ação da guerrilha mas que hoje é bem tranquila, dizem os colombianos. A conferir...

Chegando à fronteira entre Equador e Colômbia

Chegando à fronteira entre Equador e Colômbia

Equador, Quito, Colômbia, Ipiales,

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O Deserto e os Fervedouros

Brasil, Tocantins, Mateiros

Visitando o mais tradicional fervedouro do Jalapão, próximo à Mateiros - TO

Visitando o mais tradicional fervedouro do Jalapão, próximo à Mateiros - TO


Hoje o dia amanheceu chuvoso e, meio desejosos de um pouco de sossego depois de tanta correria, aproveitamos para decidir passar mais um dia no Jalapão, bem tranquilos. Ficamos na pousada pela manhã, trabalhando na internet e, quando a chuva finalmente parou, fomos almoçar na Dona Rosa, comida caseira famosa em Mateiros. Ali o Wesley foi nos encontrar, para juntos seguirmos para os feverdouros para uma tarde relaxante. O Wesley é um goiano que mora em Palmas e que conhecemos na pousada em São Félix. Aqui em Mateiros, também ficamos na mesma pousada.

Fervedouro e as tradicionais bananeiras, próximo à Mateiros, região do Jalapão - TO

Fervedouro e as tradicionais bananeiras, próximo à Mateiros, região do Jalapão - TO


Deve haver mais de uma dezena de fervedouros conhecidos na região do Jalapão, a maioria deles em terrenos particulares não abertos à visitação. É água nascendo prá todo lado! Soma-se a isso os rios caudalosos e as veredas e vem a curiosidade: mas porque então a região é conhecida como "Deserto do Jalapão"? A Ana, por exemplo, quando eu falava da minha viagem de 2000 por aqui, dezenas de quilômetros sem cruzar com ninguém, ficava me imaginando cruzando dunas e dunas de areia, quase como o Saara. Tenho certeza que outras pessoas tem a mesma ideia, do tanto que se fala do tal "deserto"...

As chapadas próximas à Mateiros, região do Jalapão - TO

As chapadas próximas à Mateiros, região do Jalapão - TO


Pois é, o tal "deserto" não tem nada a ver com ausência de vegetação, como são os desertos mais conhecidos, mas com ausência de pessoas! O Jalapão tem a menor densidade populacional do país, se equivalendo com a Amazônia! É só isso, falta de gente! Porque, além de água, vegetação tem muita também! Principalmente agora, no fim do período de chuvas, o cerrado está viçoso, florescendo. Uma beleza! Nada a ver com um deserto, hehehe.

Estradas encascalhadas do Jalapão, próximo à Mateiros - TO

Estradas encascalhadas do Jalapão, próximo à Mateiros - TO


Então, voltando aos fervedouros, para lá seguimos, diretamente ao mais tradicional deles, o único que eu tinha visitado onze anos atrás. Esse, não tem nem nome oficial, é simplesmente "o" fervedouro. Fica à pouco menos de 30m km de Mateiros, na mesma entrada para o Povoado de Mumbuca. Certamente não é tão belo como o Fervedouro do Alecrim, em São Félix, mas também tem seus encantos. As mesmas bananeiras de sempre ao seu redor e uma pressão de água subindo ainda mais forte.

Pressão da água faz a areia 'rebolar' no fervedouro próximo à Mateiros, região do Jalapão - TO

Pressão da água faz a areia "rebolar" no fervedouro próximo à Mateiros, região do Jalapão - TO


Lá ficamos os três, por um bom tempo, encantados com o fenômeno de não conseguir afundar naquele solo nebuloso de areia. Como disse no outro post, não adianta explicar, não adianta mostrar fotografia, tem de experimentar!

Relaxando no fervedouro próximo à Mateiros, região do Jalapão - TO

Relaxando no fervedouro próximo à Mateiros, região do Jalapão - TO


De lá seguimos para outro, ali perto, do Soninho. É um dos maiores. Mas o dono está "regulando" a visitação apenas para seus clientes. Num mesmo lago, tem três ou quatro "bocas" de água nascendo. Depois desse, voltamos para Mateiros. De noite, rolou mais uma pizza na Pizzaria do Carioca, cujo dono, o Dázio, virou amigo nosso, amante de viagens que ele é.

Fim de tarde no cerrado próximo à Mateiros, região do Jalapão - TO

Fim de tarde no cerrado próximo à Mateiros, região do Jalapão - TO


Amanhã, deixamos Mateiros para seguir no rumo de Ponte Alta, a porta de entrada do Jalapão (no nosso caso, será a porta de saída...). No caminho, duas das mais famosas atrações "terrestres" da região: a Serra do Espírito Santo e as dunas avermelhadas. Depois, vamos seguir até o Rio Novo para acampar em uma de suas praias, bem próximo à Cachoeira da Velha. Que beleza de dia!

Brasil, Tocantins, Mateiros, fervedouro

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