0
Arquitetura Bichos cachoeira Caverna cidade Estrada história Lago Mergulho Montanha Parque Patagônia Praia trilha vulcão
Alaska Anguila Antártida AntÃgua E Barbuda Argentina Aruba Bahamas Barbados Belize Bermuda BolÃvia Bonaire Brasil Canadá Chile Colômbia Costa Rica Cuba Curaçao Dominica El Salvador Equador Estados Unidos Falkland Galápagos Geórgia Do Sul Granada Groelândia Guadalupe Guatemala Guiana Guiana Francesa Haiti Hawaii Honduras Ilha De Pascoa Ilhas Caiman Ilhas Virgens Americanas Ilhas Virgens Britânicas Islândia Jamaica Martinica México Montserrat Nicarágua Panamá Paraguai Peru Porto Rico República Dominicana Saba Saint Barth Saint Kitts E Neves Saint Martin San Eustatius Santa Lúcia São Vicente E Granadinas Sint Maarten Suriname Trinidad e Tobago Turks e Caicos Uruguai Venezuela
Karina (27/09)
Olá, também estou buscando o contato do barqueiro Tatu para uma viagem ...
ozcarfranco (30/08)
hola estimado, muy lindas fotos de sus recuerdos de viaje. yo como muchos...
Flávia (14/07)
Você conseguiu entrar na Guiana? Onde continua essa história?...
Martha Aulete (27/06)
Precisamos disso: belezas! Cultura genuÃna é de que se precisa. Não d...
Caio Monticelli (11/06)
Ótimo texto! Nos permite uma visão um pouco mais panorâmica a respeito...
Encontro com um enorme bando de Muriquis, na RPPN Feliciano Abdalla, Reserva dos Muriquis, em Ipanema, próximo a Caratinga - MG
A cerca de 20 km da cidade de Ipanema encontra-se a Reserva Feliciano Abdalla, ou reserva dos Muriquis. Muriqui é o nome do maior sÃmio das Américas, chegando a ter 1,5 metros de altura.
Encontro com um enorme bando de Muriquis, na RPPN Feliciano Abdalla, Reserva dos Muriquis, em Ipanema, próximo a Caratinga - MG
O Feliciano Abdalla foi um visionário que em 1940 resolveu conservar uma enorme área de mata nativa dentro de suas terras. Ali era o lar de um dos poucos grupos remanescentes de Muriquis, uma espécie de macaco que antes habitava enormes trechos da mata atlântica. Com a destruição de seu habitat e com sua caça indiscrimanada, essa espécie chegou à beira da extinção. E provavelmente teria se extinto, não fosse esse grande homem, Feliciano. O pequeno grupo teve a sua sobrevivência assegurada e passou a aumentar, passando de menos de uma dezena de indivÃduos para mais de três centenas, hoje em dia. A área de mata foi transformada numa RPPN e há mais de dez anos pesquisadores estudam os hábitos desse dócil macaco. Sustentado basicamente por doações de ONGs estrangeiras, a Reserva dos Muriquis é um tesouro desconhecido dos brasileiros, um patrimônio natural e exemplo de como o homem pode ajudar a conservar a natureza.
Caminhando na RPPN Feliciano Abdalla, Reserva dos Muriquis, em Ipanema, próximo a Caratinga - MG
Eu e a Ana chegamos lá cedinho, sendo recebidos pelo Antonio Bragança, ou simplesmente Bragança, o nosso guia pelas matas da RPPN. Após a apresentação de um vÃdeo muito bem feito, reportagem do programa Terra da Gente, saÃmos para a mata para tentar encontrar o habitante mais famoso daquelas matas.. Enquanto não os achávamos, fomos encontrando outros habitantes do local. Além dos muitos tipos de pássaros e insetos, e até de um pequeno sapo com chifres, vimos várias espécies de macacos. Entre elas, um tipo de sagui muito raro, mais até que os Muriquis. Quando começamos a ouvi-lo, até o Bragança se impressionou. Com seus olhos treinados, conseguiu localizar os pequenos animais nas copas das árvores. Foi jóia!
Um pequeno Sapo Chifrudo, na RPPN Feliciano Abdalla, Reserva dos Muriquis, em Ipanema, próximo a Caratinga - MG
Em seguida, vimos os muito mais comuns Bugios Gritadores, parecidos com aqueles que havÃamos ouvido na Ilha Grande. Macacos maiores, fazem um barulho ensurdecedor quando se sentem ameaçados.
Nossa primeira visão, ao longe, do grande grupo de Muriquis, na RPPN Feliciano Abdalla, Reserva dos Muriquis, em Ipanema, próximo a Caratinga - MG
Os únicos que não apareciam eram os Muriquis. Quem também os procurava era a Tati, uma dos biólogos que moram no parque estudando os hábitos da espécie. Normalmente, ela os segue por todo o dia até que eles durmam, no fim da tarde. No outro dia, antes que acordem, ela já está lá, para mais um dia de trabalho. Assim, nunca os perde e pode fazer uma observação minuciosa de tudo o que acontece. Menos um dia por semana, seu dia de folga. AÃ, no dia seguinte, é preciso encontrar o bando novamente. E nós chegamos bem nesse dia. E justamente num dia onde eles pareciam ter se escondido.
Visão próxima dos Muriquis, maior primata das Américas, na RPPN Feliciano Abdalla, Reserva dos Muriquis, em Ipanema, próximo a Caratinga - MG
Mas o Bragança não iria sossegar enquanto não os encontrasse. Finalmente, depois de muito procurar, a pé e de carro, finalmente começamos a ouvir um barulho estranho para nós, mas muito comum para o Bragança e para a Tati. Parecia haver potros no alto das árvores. Os sons dos Muriquis parecem relinchos. Tivemos a sorte de testemunhar o encontro de dois dos quatro grupos que rondam o parque. E quando isso acontece, é uma barulheira geral, uma balbúrdia aérea em cima das árvores. Macaco voando e gritando para todo lado. Um espetáculo sonoro e visual! De arrepiar!
Visão próxima dos Muriquis, maior primata das Américas, na RPPN Feliciano Abdalla, Reserva dos Muriquis, em Ipanema, próximo a Caratinga - MG
Acompanhamos essa algazarra de perto, fotografando e filmando, Depois, quando os grupos se separaram, a paz voltou à floresta. Mas aqueles momentos não sairão de nossas mentes por um bom tempo. Foi legal mesmo, a gritaria nas árvores, os bugios correndo dali (eles tem medo dos muriquis) e nós correndo para lá. Quando chegamos, os muriquis vieram para mais perto de nós, nos observando com uma certa curiosidade desconfiada. A Tati disse que eles estranharam a nossa presença, minha e da Ana, gente nova no pedaço. Cada um deles tem nome e a Tati reconhece todos. IncrÃvel. Na espécie, não há machos dominates. As fêmeas, quando entram no cio pela primeira vez, abandonam seu grupo e migram para outro. ArtifÃcio da natureza para evitar consanguinidade. Ali, fazem sexo com quem aparecer, várias vezes ao dia. Não há fidelidade nem ciúmes na sociedade deles. E nem pais, só mães. Machos são apenas "doadores de esperma". Assim, não há brigas nem macacos machucados. O único stress que rola é no encontro de grupos. Mesmo assim, é apenas um stress vocal.
Enorme jequitibá na RPPN Feliciano Abdalla, Reserva dos Muriquis, em Ipanema, próximo a Caratinga - MG
Maravilhados com esse encontro, ainda fomos passear no parque para ver jequitibás gigantes, um mirante de onde se avista boa parte da mata nativa e também um viveiro de árvores nativas, com milhares de pequenas árvores de mais de cem espécies.
Mirante de observação da RPPN Feliciano Abdalla, Reserva dos Muriquis, em Ipanema, próximo a Caratinga - MG
Foi um passeio espetacular, apesar de não ser numa praia, numa cachoeira, numa montanha ou numa cidade pitoresca. Não, na verdade foi um encontro com a natureza e com seus habitantes, num lugar que nos enche de esperanças de que, um dia, saberemos todos nós repartir esse mundo com nossos parentes.
Entrada da RPPN Feliciano Abdalla, Reserva dos Muriquis, em Ipanema, próximo a Caratinga - MG
2012. Todos os direitos reservados. Layout por Binworks. Desenvolvimento e manutenção do site por Race Internet