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Planos Praianos e o carnaval de Laguna

Brasil, Santa Catarina, Laguna

Carnaval de rua em Laguna, no sul de Santa Catarina

Carnaval de rua em Laguna, no sul de Santa Catarina


Dia 6 pela manhã. Aproveitamos a manhã ensolarada ainda no Farol de Santa Marta para tirar mais umas fotos e partimos para a estrada. É o início da nossa jornada pelo litoral de Santa Catarina, de sul ao norte, das praias do Farol às praias de São Chico, já quase na fronteira com o Paraná. Serão mais de suas semanas explorando e curtindo um dos mais belos trechos da costa brasileira e que tanto atrai turistas, nacionais e internacionais. Ainda estamos no verão, mas com o fim do carnaval e recomeço das aulas, acho que é a melhor época possível para se viajar por aqui. Um pouco de sorte e planejamento nos colocou na hora certa, no lugar certo, hehehe!



Temos muitas paradas planejadas ao longo da rota. A começar por Laguna, a poucos quilômetros daqui, cidade famosa por sua história, arquitetura e carnaval. A partir daí, são as belas praias que serão nossa prioridade. Praia do Rosa em Imbituba e Ferrugem em Garopaba. Apesar de estarem em municípios distintos, são praticamente vizinhas e podemos caminhar de uma à outra. Foram ícones da minha geração, a maior concentração de mulheres bonitas por metro quadrado durante a década de 90. Em seguida, Guarda do Embaú, famosa por suas ondas e também pela beleza do encontro do rio com o mar.



Depois da Guarda, a capital do estado, Florianópolis, também conhecida como a “Ilha da Magia”. Quem somos nós para duvidar? Será a última capital, a última que resta no país onde ainda não passamos nesses 1000dias. Seguindo para o norte, a maravilhosa península de Porto Belo, Bombas e Bombinhas. Alguns quilômetros adiante e o movimentado Balneário de Camboriú. Finalmente, as águas tranquilas de São Francisco do Sul, carinhosamente conhecida como São Chico. Praias para ninguém botar defeito!

Um belo fim de tarde enquanto aguardamos a balsa enttre o Farol de Santa Marta e Laguna, no sul de Santa Catarina

Um belo fim de tarde enquanto aguardamos a balsa enttre o Farol de Santa Marta e Laguna, no sul de Santa Catarina


Pois é, um bom final de viagem se avizinha. E toda grande jornada começa com um primeiro passo. Para nós, esse primeiro passo é ir para Laguna, aqui bem pertinho. Tão perto que, na verdade, já havíamos ido até lá algumas noites atrás. Fomos conhecer um dos grandes atrativos da cidade: o carnaval. Na verdade, o carnaval de rua da cidade é, muito provavelmente, o melhor e mais animado de todo o estado. Já era assim quando estive aqui vinte anos atrás, mas aumentou ainda mais nesses últimos tempos.

Admirando o fim de tarde durante a travessia de balsa entre o Farol de Santa Marta e Laguna, no sul Santa Catarina, a caminho das festas de carnaval

Admirando o fim de tarde durante a travessia de balsa entre o Farol de Santa Marta e Laguna, no sul Santa Catarina, a caminho das festas de carnaval


Para quem está no Farol de Santa Marta, as atrações já começam pelo próprio caminho. Ainda mais se for feito ao entardecer, como foi nosso caso. Nem achamos chato ficar esperando a balsa, pois o céu avermelhado e as luzes refletidas na lagoa formaram um espetáculo que nos impediu perceber o tempo passar.

Admirando o fim de tarde durante a travessia de balsa entre o Farol de Santa Marta e Laguna, no sul Santa Catarina, a caminho das festas de carnaval

Admirando o fim de tarde durante a travessia de balsa entre o Farol de Santa Marta e Laguna, no sul Santa Catarina, a caminho das festas de carnaval


Depois, já na cidade, fomos diretamente para a beira do mar. Na verdade, o centro da cidade está voltado para a lagoa. Laguna se espreme entre o Oceano Atlântico e a lagoa do Imaruí. É próximo da orla lacustre que a cidade respira história com seu casario colonial e museus. Mas deixamos para conhecer essa parte da cidade com a ajuda da luz do sol. De noite, o que fazia mesmo sentido era seguir para a festa, principal atrativo de turistas nos dias de hoje.

Em Laguna, preparando-se para um dos mais agitados carnavais de Santa Catarina

Em Laguna, preparando-se para um dos mais agitados carnavais de Santa Catarina


A festa estava movimentada sim, mas o melhor dos desfiles e agitação havia sido na noite anterior. Mesmo assim, com a ajuda de alguns “capetas”, nos divertimos bastante. Gente bonita e gente feia, jovens e velhos, homens e mulheres, ricos e pobres, loiros e negros, todo mundo se divertindo democraticamente, como preza todo bom carnaval. Poderíamos estar no nordeste, em São Paulo, no Rio em Minas. Carnavais de rua se parecem. No caso, estávamos em Laguna. Nosso primeiro carnaval de verdade desde que iniciamos os 1000dias. Para nos sentirmos cada vez mais no Brasil, cada vez mais perto de casa. Voltamos de madrugada para o Farol saciados, mas com vontade de ver a histórica Laguna de dia. Era só questão de esperar mais alguns dias. Esse dia chegou...

Carnaval de rua em Laguna, no sul de Santa Catarina

Carnaval de rua em Laguna, no sul de Santa Catarina

Brasil, Santa Catarina, Laguna,

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Tramandaí e a Despedida dos Pais

Brasil, Rio Grande Do Sul, Tramandaí, Porto Alegre

Depois de 15 dias viajando juntos pelo Uruguai e Rio Grande do Sul, despedida do Joca e da Ixa, os pais do Rodrigo, no aeroporto de Porto Alegre, capital do estado

Depois de 15 dias viajando juntos pelo Uruguai e Rio Grande do Sul, despedida do Joca e da Ixa, os pais do Rodrigo, no aeroporto de Porto Alegre, capital do estado


Depois da visita ao Parque Nacional da Lagoa do Peixe e do almoço, já no final da tarde, no Balneário Mostardense, seguimos viagem para o norte rumo aos balneários mais conhecidos e frequentados do litoral gaúcho. Já não tínhamos mais esperanças de chegar antes de escurecer. O belo entardecer foi quando passamos na Lagoa dos Barros, pouco antes de Osorio e, logo depois, as luzes de Tramandaí já estavam acesas e nos mostrando o caminho a seguir.



Para nós, que moramos no Paraná e em São Paulo, as praias do Rio Grande do Sul são apenas uma referência de nome. Dificilmente alguém sai desses estados mais ao norte para vir visitar o litoral gaúcho, a não ser que tenha parentes ou amigos daqui. Além da distância, se o que queremos é praia, estamos muito bem servidos no litoral de São Paulo ou Rio. Se temos animação para ir mais longe, aí o destino serão as praias de Santa Catarina, Bahia ou algum outro estado nordestino. Pelo que ouvimos falar, elas (praias do sul) simplesmente não valem o esforço, considerando a longa distância e que há praias muito mais bonitas no litoral catarinense, bem mais próximo de nós. Se a questão for conviver com gaúchas (tão famosas por sua beleza), aí mesmo é que ficamos em Santa Catarina, pois é justamente a juventude gaúcha a que mais frequenta o litoral do estado vizinho.

Alguns dos balneários mais conhecidos e disputados da costa do Rio Grande do Sul

Alguns dos balneários mais conhecidos e disputados da costa do Rio Grande do Sul


Mas conhecemos os nomes. Tramandaí, Xangri-Lá, Atlântida, Capão da Canoa, etc... Agora que viemos ainda mais do sul e elas não estão tão longe, seria uma ótima oportunidade de dar uma olhada. Como meus pais tinham passagem marcada para o dia 27 (hoje!), tínhamos apenas um dia para nossas explorações desses famosos balneários. Sem tempo para ver tudo, a solução era escolher um deles, quase como uma amostra. Depois, quando passarmos pela capital e retomarmos nosso caminho para o norte, vamos reservar também um tempo para conhecer Torres, a única praia diferente do estado, fugindo daquele estilo “praião infinito”, com falésias e outras formações rochosas perto do mar. Confesso que essa é a única que sempre quis conhecer, aconselhado por amigos gaúchos. Daqui a alguns dias... Agora, tínhamos mesmo de escolher algum dos balneários mais próximos.

O movimentado Balneário de Tramandaí visto de cima, entre o mar e a lagoa e rio de mesmo nome, no litoral do Rio Grande do Sul (foto da internet)

O movimentado Balneário de Tramandaí visto de cima, entre o mar e a lagoa e rio de mesmo nome, no litoral do Rio Grande do Sul (foto da internet)


Pois bem, pelo avançado da hora, ficamos justo no primeiro deles, Tramandaí. Apesar do escuro, a primeira impressão foi boa, as luzes da cidade refletidas nas águas da lagoa formada pelo rio Tramandaí. Depois, caímos dentro da cidade e sua avenida principal. Tentamos achar algum hotel em frente à praia e nada. Acabamos por nos render e voltamos àquela avenida movimentada e cheia de hotéis e nos instalamos. Cansados, foi só o tempo de jantarmos e fomos dormir.

O Balneário de Tramandaí num dia ensolarado da temporada, no litoral do Rio Grande do Sul (foto da internet)

O Balneário de Tramandaí num dia ensolarado da temporada, no litoral do Rio Grande do Sul (foto da internet)


Tramandaí é uma cidade grande. No inverno, sua população é de pouco mais de 40 mil habitantes, mas esse número chega a 250 mil na temporada, quando os porto-alegrenses vêm ocupar seus apartamentos na cidade. Basta dar uma olhada nas fotos da praia durante os dias de sol do verão. Mas não há prédios altos na orla. Ficam mais atrás, na avenida onde nos hospedamos e na ponta da península formada no encontro de mar, rio e lagoa. Aliás, há um fato histórico muito importante nessa lagoa. Foi aqui que chegaram os barcos trazidos por Giuseppe Garibaldi na Guerra dos Farrapos. A curiosidade é que eles não chegaram pela água, mas por terra! As tropas republicanas dominavam todo o interior do estado, mas as forças imperiais controlavam o litoral e cidades como Porto Alegre e Rio Grande. Para que a revolução triunfasse, era muito importante desenvolver uma marinha. Garibaldi ficou a cargo disso e um estaleiro começou a construir barcos na Lagoa dos Patos. O problema é que o governo de Dom Pedro II controlava a saída dessa lagoa para o mar. A engenhosa solução encontrada, destinada a tomar de surpresa o exército e marinha imperial, foi trazer por terra os barcos, um percurso de 100 km da Lagoa dos Patos até o rio Tramandaí. Foram usados centenas de bois e a jornada foi épica, atrapalhada pelo mal tempo. Mas o esforço quase heroico dos revolucionários teve sucesso e dois lanchões, o Seival e o Farroupilha, chegaram até aqui. Já no mar, a nascente marinha gaúcha ajudou no cerco e tomada de Laguna, a cidade de maior importância histórica no sul do país naqueles tempos, localizada na vizinha Santa Catarina. Foi o auge da Revolução Farroupilha. As forças imperiais contra-atacaram, retomaram Laguna e, por fim, a província rebelde também se rendeu. Mas esse episódio da viagem por terra dos barcos nunca mais foi esquecido, um dos grandes feitos militares daquele início conturbado da nossa história como nação independente.

O tradicional condomínio Quebra-mar, na orla de Tramandaí, com 268 apartamentos e mais de 1.000 veranistas. Arquitetura (???) dos anos 60 (foto da internet)

O tradicional condomínio Quebra-mar, na orla de Tramandaí, com 268 apartamentos e mais de 1.000 veranistas. Arquitetura (???) dos anos 60 (foto da internet)


Ontem, o dia amanheceu chuvoso. Desistimos de ir caminhar na praia e decidimos passear de carro mesmo. A praia é exatamente do estilo dessa outras que temos conhecido no estado. Bem longa e ampla, mar aberto. A diferença é que esta está totalmente urbanizada, ao contrário daquelas vastas extensões entre a Lagoa Mirim e o mar e entre a Lagoa dos Patos e o mar. Mas se esquecermos dos prédios e construções, é muito parecido sim. Pode ser gostoso, mas não dá para comparar coma beleza das praias catarinenses ou do litoral norte de São Paulo, com a Serra do Mar praticamente entrando no oceano. Enfim, o tempo também não ajudava. Ficamos impressionados com o tamanho e esquisitice de um prédio em frente ao mar, arquitetura típica dos antigos países comunistas. Um prédio com três andares, 268 apartamentos, mais de 500 janelas e que ocupa todo um quarteirão. No verão, tem uma população superior a 1.000 habitantes! Prontamente, ficamos com saudade do vazio da Praia do Forte, em frente à Lagoa do Peixe, que percorremos ontem.

Em dia chuvoso, a cidade de TRamandaí vista de Imbé, do outro lado do canal, no litoral do Rio Grande do Sul

Em dia chuvoso, a cidade de TRamandaí vista de Imbé, do outro lado do canal, no litoral do Rio Grande do Sul


Em dia chuvoso, a cidade de TRamandaí vista de Imbé, do outro lado do canal, no litoral do Rio Grande do Sul

Em dia chuvoso, a cidade de TRamandaí vista de Imbé, do outro lado do canal, no litoral do Rio Grande do Sul


Enfim, já com a bagagem no carro, resolvemos dar uma olhada nos outros balneários. Cruzamos o canal e chegamos a Imbé. Aliás, ótimo ângulo para fotografar Tramandaí. Fugimos da avenida movimentada e fomos para a orla. Uma barraca de cerveja com o meu nome foi motivo de parada para fotos, mesmo com chuva. É sempre gostoso e massageia o ego ver nosso nome em letras garrafais, hehehe. Seguimos vagarosamente pela orla, cheia de quebra-molas. Nossa ideia era ir até Xangri-Lá. Mas uns poucos quilômetros por ali e decidimos que estávamos vendo mais do mesmo. Se ainda estivesse fazendo sol, vá lá. Mas naquele clima, concordamos que o melhor seria seguir mesmo para a capital. Já tinha dado para perceber porque as praias de Santa Catarina fazem tanto sucesso entre os gaúchos.

Que belo nome de barraca! (em Imbé, próximo a TRamandaí, no litoral do Rio Grande do Sul)

Que belo nome de barraca! (em Imbé, próximo a TRamandaí, no litoral do Rio Grande do Sul)


O caminho para Porto Alegre é rápido, a pista dupla da famosa “free-way”. Quando eu olhava os mapas rodoviários do Brasil no início da década de 80, eram muito poucas as estradas de pista dupla no país. Quase todas em São Paulo. Imigrantes, Anchieta, Anhanguera, Bandeirantes, Castelo Branco e Trabalhadores, eu me orgulhava de conhecer todas! A única rodovia interestadual de pista dupla era a Dutra, entre Rio e São Paulo. E, fora essas, as únicas que apareciam no meu mapa e que não estavam em São Paulo eram a rodovia Curitiba-Paranaguá e a Free-way, aqui no sul. Eram as que faltavam na minha “coleção” de adolescente. A de Curitiba, conheci em 1989. Faltava só mesmo a free-way e tiveram de passar outros longos 25 anos para eu finalmente completar a lista. Só que, felizmente para o Brasil, a lista hoje de estradas duplas é muito maior e, esperamos todos, cresça muito mais!

Deixando os pais no aeroporto de Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul

Deixando os pais no aeroporto de Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul


Depois de 15 dias viajando juntos pelo Uruguai e Rio Grande do Sul, a Ana se despede de seus sogros,o Joca e a Ixa, no aeroporto de Porto Alegre, capital do estado

Depois de 15 dias viajando juntos pelo Uruguai e Rio Grande do Sul, a Ana se despede de seus sogros,o Joca e a Ixa, no aeroporto de Porto Alegre, capital do estado


Em Porto Alegre, resolvemos nos instalar em um hotel perto do aeroporto. Minha mãe não gosta de “aventura” na hora de embarcar e o voo sairia logo pela manhã. Assim, nada como já estar pertinho. Como todos já conhecemos de outras viagens a capital do Rio Grande do Sul, resolvemos tirar a tarde de folga. Depois deles partirem, aí sim vamos, eu e a Ana, procurar nossos amigos na cidade e rodar um pouco por Porto Alegre, revendo, relembrando, fotografando e, certamente, conhecendo novos lugares. Mas ontem, fomos simplesmente ao shopping. Queríamos um bom cinema para descansarmos das viagens reais e mergulharmos nas viagens virtuais, no tempo e no espaço. Fomos para a 2ª Guerra Mundial, na Alemanha, ajudar militares americanos a encontrar obras de arte roubadas e escondidas pelos nazistas. Delícia de filme. Como também foi delicioso o jantar, um autêntico churrasco gaúcho, a melhor carne do Brasil.

Depois de 15 dias viajando juntos pelo Uruguai e Rio Grande do Sul, despedida do Joca e da Ixa, os pais do Rodrigo, no aeroporto de Porto Alegre, capital do estado

Depois de 15 dias viajando juntos pelo Uruguai e Rio Grande do Sul, despedida do Joca e da Ixa, os pais do Rodrigo, no aeroporto de Porto Alegre, capital do estado


Depois de 15 dias viajando juntos pelo Uruguai e Rio Grande do Sul, despedida do Joca e da Ixa, os pais do Rodrigo, no aeroporto de Porto Alegre, capital do estado

Depois de 15 dias viajando juntos pelo Uruguai e Rio Grande do Sul, despedida do Joca e da Ixa, os pais do Rodrigo, no aeroporto de Porto Alegre, capital do estado


Finalmente, hoje pela manhã, chegou a hora da despedida. Depois de mais de 1.500 km de estrada e quinze dias viajando juntos na Fiona, meus queridos pais retornam para casa. Estiveram conosco por boa parte do Uruguai e também por todo o litoral gaúcho, do Chuí a Tramandaí. Experiência enriquecedora, para o filho e para a nora. Já fazia anos que eles nos “deviam” essa visita. Antes tarde do que nunca, hehehe! Convivência deliciosa e harmoniosa, conversas e rizadas compartidas, cumplicidade crescente, intimidade. Vão deixar saudades, esses dois, o Seu Gustavo e a Dona Nilza ou, mais popularmente, o Joca e a Ixa.


Percurso aproximado dos últimos 15 dias de viagem, entre Uruguai e Rio Grande do Sul, muito bem acompanhados de meus queridos pais. Todos confortavelmente acomodados na Fiona. Infelizmente o GoogleMaps não sabe que é possível viajar pela Praia do Cassino/Hermenegildo. Além disso, só podemos marcar 10 pontos, e foram mais do que isso. Enfim, faltam os detalhes, mas a rota é aproximadamente esta

Brasil, Rio Grande Do Sul, Tramandaí, Porto Alegre, Arquitetura, Estrada, história, Praia

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Seismiles

Chile, Copiapo, La Serena

Chegando ao Parque Nacional Nevado Tres Cruces, região do Paso San Francisco, próximo à Copiapo, no Chile

Chegando ao Parque Nacional Nevado Tres Cruces, região do Paso San Francisco, próximo à Copiapo, no Chile


A noite foi gelada nos mais de 3,5 mil metros de altitude do Salar de Maricunga, onde está o posto da polícia fronteiriça chilena, local onde dormimos. Na verdade, dentro do nosso quarto ao lado da máquina de raio X, estava bem quentinho, graças ao aquecedor gentilmente emprestado pelo oficial. Mas para a Fiona, que ficou ao relento, deve ter sido dureza! Tanto que não foi fácil despertá-la pela manhã. A gente tinha deixado ela virada para o sol e, hoje cedo, após algum tempo se esquentando, ela finalmente deu partida. Difícil também foi abrir a porta do bagageiro, do lado de trás. A fechadura tinha congelado! Mas com jeitinho, tudo se acerta...

Deixando a alfãndega chilena no Paso San Francisco, a caminho do Parque Nevado Tres Cruces, região de Copiapo

Deixando a alfãndega chilena no Paso San Francisco, a caminho do Parque Nevado Tres Cruces, região de Copiapo


Atravessando o Salar Maricunga, no Parque Nacional Nevado Tres Cruces, região do Paso San Francisco, próximo à Copiapo, no Chile

Atravessando o Salar Maricunga, no Parque Nacional Nevado Tres Cruces, região do Paso San Francisco, próximo à Copiapo, no Chile


Nós arrumamos o nosso “quarto”, recolhemos os colchões e cobertores emprestados e deixamos tudo pronto para que o posto fronteiriço voltasse a funcionar normalmente. Afinal, os primeiros viajantes já deveriam estar chegando e não iria ficar bem se nos vissem de pijamas circulando por ali. Empacotamos nossas bagagens, carimbamos nossos passaportes, fizemos os papéis da Fiona e seguimos viagem. Em direção a Fiambalá, na Argentina...



Não, não tinha dado nada errado! Não estávamos voltando para a terra dos hermanos. Na verdade, só pegamos a estrada de volta por uns dez quilômetros, até o entroncamento com uma pequena rota alternativa, que cruzava o Parque Nacional Nevado de Tres Cruces. É um caminho chamado “Circuito Seismiles” e que acaba encontrando com a estrada principal pouco mais de 100 quilômetros adiante, rumo a Copiapó, a maior cidade dessa região chilena.

Rota cruza o deserto de altitude entre os vários picos com mais de 6 mil metros de altura, na região do Paso San Francisco, entre Chile e Argentina

Rota cruza o deserto de altitude entre os vários picos com mais de 6 mil metros de altura, na região do Paso San Francisco, entre Chile e Argentina


Tripé para fotografar o deserto e as paisagens do Parque Nacional Nevado Tres Cruces, região do Paso San Francisco, próximo à Copiapo, no Chile

Tripé para fotografar o deserto e as paisagens do Parque Nacional Nevado Tres Cruces, região do Paso San Francisco, próximo à Copiapo, no Chile


Nossa ideia era conhecer esse parque de montanhas gigantes e que dão nome ao circuito. A razão é simples: várias delas tem mais de 6 mil metros de altitude, inclusive aquela que dá nome ao próprio parque, o Nevado Tres Cruces, com 6.749 metros. Mais alto que ela, só o Ojos del Salado, com seus 6.864 metros. Além disso, tem também as irmãs menores, o Incahuasi (6.640 m), o San Francisco (6.016 m), o El Muerto (6.488 m) e o Cerro El Toro (6.168 m), sem contar as montanhas que ficam na faixa dos 5 mil metros. Enfim, um verdadeiro paraíso para alpinistas, escaladores ou admiradores de montanhas. Imagina só: no meio desses gigantes, mais de três quilômetros abaixo, uma pequena e rústica estrada para carros tracionados. Que beleza!!!

Pose para foto ao lado do Ojos del Salado, no Parque Nacional Nevado Tres Cruces, região do Paso San Francisco, próximo à Copiapo, no Chile

Pose para foto ao lado do Ojos del Salado, no Parque Nacional Nevado Tres Cruces, região do Paso San Francisco, próximo à Copiapo, no Chile


O grandioso Ojos del Salado, segunda maior montanha do continente no Parque Nacional Nevado Tres Cruces, região do Paso San Francisco, próximo à Copiapo, no Chile

O grandioso Ojos del Salado, segunda maior montanha do continente no Parque Nacional Nevado Tres Cruces, região do Paso San Francisco, próximo à Copiapo, no Chile


Hoje o dia estava bem mais claro que a tarde de ontem e assim pudemos admirar o Ojos del Salado em todo o seu esplendor. Uma montanha magnífica, o mais alto vulcão ativo do mundo. Limpo como estava hoje, até parece que poderíamos subi-lo. Doce ilusão! Além de ter de esperar mais alguns meses, é preciso planejar muito bem essa subida: comida, guia, uma semana de aclimatação e muita paciência e determinação. Hoje, o que pudemos fazer foi admirá-lo respeitosamente de longe e apenas sonhar com o cume. Algum dia...

Apontando o Ojos del Salado, segunda mais alta montanha das Américas, no Parque Nacional Nevado Tres Cruces, região do Paso San Francisco, próximo à Copiapo, no Chile

Apontando o Ojos del Salado, segunda mais alta montanha das Américas, no Parque Nacional Nevado Tres Cruces, região do Paso San Francisco, próximo à Copiapo, no Chile


Fiona prepara-se para subir montanha no Parque Nacional Nevado Tres Cruces, região do Paso San Francisco, próximo à Copiapo, no Chile

Fiona prepara-se para subir montanha no Parque Nacional Nevado Tres Cruces, região do Paso San Francisco, próximo à Copiapo, no Chile


Bom, já que não podíamos subir montanhas a pé, resolvemos subir uma com a Fiona! Percebemos rastros de carro que subiam um promontório ao lado da Laguna Santa Rosa, conhecida pelos seus belos flamingos e, se eles podiam, nossa Fiona também poderia! Dito e feito, chegamos lá em cima e ficamos extasiados com a vista, não só da Laguna e seus pássaros, mas de toda a região ao redor. Aí ficamos por uma boa hora, tirando fotos e simplesmente admirando aquele belo mundo ao nosso redor, tão diferente do que temos visto pelos últimos meses. Essa região andina é mesmo especial.

Fiona sobe montanha no Parque Nacional Nevado Tres Cruces, região do Paso San Francisco, próximo à Copiapo, no Chile

Fiona sobe montanha no Parque Nacional Nevado Tres Cruces, região do Paso San Francisco, próximo à Copiapo, no Chile


Fiona sobe montanha no Parque Nacional Nevado Tres Cruces, região do Paso San Francisco, próximo à Copiapo, no Chile

Fiona sobe montanha no Parque Nacional Nevado Tres Cruces, região do Paso San Francisco, próximo à Copiapo, no Chile


Depois da contemplação, descemos de carro para a orla da Laguna, para podermos chegar mais perto dos flamingos que se esbaldavam em suas águas. Temos encontrado esses pássaros em diversos lugares do continente, mas foi aqui que, sem dúvida, tiramos as mais belas fotos dessas magníficas aves, seja voando e plainando sobre a lagoa, seja confraternizando entre amigos. Foi inesquecível!

O vasto Salar Maricunga, no Parque Nacional Nevado Tres Cruces, região do Paso San Francisco, próximo à Copiapo, no Chile

O vasto Salar Maricunga, no Parque Nacional Nevado Tres Cruces, região do Paso San Francisco, próximo à Copiapo, no Chile


O magnífico cenário do Parque Nacional Nevado Tres Cruces, região do Paso San Francisco, próximo à Copiapo, no Chile

O magnífico cenário do Parque Nacional Nevado Tres Cruces, região do Paso San Francisco, próximo à Copiapo, no Chile


A grandiosidade do Salar Maricunga e do Parque Nacional Nevado Tres Cruces, região do Paso San Francisco, próximo à Copiapo, no Chile

A grandiosidade do Salar Maricunga e do Parque Nacional Nevado Tres Cruces, região do Paso San Francisco, próximo à Copiapo, no Chile


Além dos flamingos, encontramos também um zorro, nome dado por aqui à nossa raposa. Bem destemida, ela se aproximou bastante de nós, certamente em busca de alguma comida. Deve ser acostumada aos turistas que passam por ali. Há um refúgio ao lado da Laguna Santa Rosa, um ponto de apoio para aqueles viajantes mais intrépidos que percorrem as trilhas do parque. Para quem não tem medo de altitude (e de frio!), deve ser um lugar maravilhoso para se caminhar durante alguns dias.

Ao longe, flamingos na Laguna Santa Rosa, no Parque Nacional Nevado Tres Cruces, região do Paso San Francisco, próximo à Copiapo, no Chile

Ao longe, flamingos na Laguna Santa Rosa, no Parque Nacional Nevado Tres Cruces, região do Paso San Francisco, próximo à Copiapo, no Chile


Flamingo sobrevoa a Laguna Santa Rosa, no Parque Nacional Nevado Tres Cruces, região do Paso San Francisco, próximo à Copiapo, no Chile

Flamingo sobrevoa a Laguna Santa Rosa, no Parque Nacional Nevado Tres Cruces, região do Paso San Francisco, próximo à Copiapo, no Chile


Aproveitamos ao máximo o momento, mas precisávamos seguir em frente. A estrada vale abaixo começou meio escabrosa, um estreito ziguezague serpenteando uma encosta inclinada. Aos poucos, ficou um pouco mais tranquila e pudemos admirar as gigantescas dunas de areia que nos cercavam. Por fim, as vicunhas sumiram e apareceram os primeiros burricos, sinal inequívoco que já havíamos baixado bastante e chegado perto da civilização. Com efeito, logo após os burricos apareceram os primeiros casebres, famílias pioneiras colonizando aquela paisagem ainda pouco hospitaleira. Outra meia hora e o rio já estava mais caudaloso, sustentando uma vegetação mais viçosa. As casas já pareciam mais bem cuidadas e confortáveis.

A belíssima Laguna Santa Rosa, no Parque Nacional Nevado Tres Cruces, região do Paso San Francisco, próximo à Copiapo, no Chile

A belíssima Laguna Santa Rosa, no Parque Nacional Nevado Tres Cruces, região do Paso San Francisco, próximo à Copiapo, no Chile


Admirando as paisagens maravilhosas do Parque Nacional Nevado Tres Cruces, região do Paso San Francisco, próximo à Copiapo, no Chile

Admirando as paisagens maravilhosas do Parque Nacional Nevado Tres Cruces, região do Paso San Francisco, próximo à Copiapo, no Chile


Parque Nacional Nevado Tres Cruces, região do Paso San Francisco, próximo à Copiapo, no Chile

Parque Nacional Nevado Tres Cruces, região do Paso San Francisco, próximo à Copiapo, no Chile


Por fim, deixamos aquele estranho mundo da altitude para trás e chegamos à estrada principal novamente, aqui embaixo já asfaltada. Sim, era mesmo a civilização, com seus caminhões e sinais de trânsito. Copiapó era logo ali. Vinte e cinco meses depois do imaginado, chegávamos a esta cidade chilena. Bem na hora de um almoço tardio em um agradável restaurante da praça principal.

Os flamingos da Laguna Santa Rosa, no Parque Nacional Nevado Tres Cruces, região do Paso San Francisco, próximo à Copiapo, no Chile

Os flamingos da Laguna Santa Rosa, no Parque Nacional Nevado Tres Cruces, região do Paso San Francisco, próximo à Copiapo, no Chile


Os flamingos da Laguna Santa Rosa, no Parque Nacional Nevado Tres Cruces, região do Paso San Francisco, próximo à Copiapo, no Chile

Os flamingos da Laguna Santa Rosa, no Parque Nacional Nevado Tres Cruces, região do Paso San Francisco, próximo à Copiapo, no Chile


Flamingo dá m rasante na Lagoa Santa Rosa, no Parque Nacional Nevado Tres Cruces, região do Paso San Francisco, próximo à Copiapo, no Chile

Flamingo dá m rasante na Lagoa Santa Rosa, no Parque Nacional Nevado Tres Cruces, região do Paso San Francisco, próximo à Copiapo, no Chile


Depois de atravessar aquele mundo quase deserto nos últimos dois dias, foi estranho dirigirmos nas ruas movimentadas de uma cidade, pedestres e carros disputando um espaço apertado. Quase um choque. Procurar um lugar para estacionar? Que estranho! Enfim, o almoço nos trouxe de volta ao planeta Terra.

Em meio às montanhas, a Laguna Santa Rosa, no Parque Nacional Nevado Tres Cruces, região do Paso San Francisco, próximo à Copiapo, no Chile

Em meio às montanhas, a Laguna Santa Rosa, no Parque Nacional Nevado Tres Cruces, região do Paso San Francisco, próximo à Copiapo, no Chile


Admirando a Laguna Santa Rosa, no Parque Nacional Nevado Tres Cruces, região do Paso San Francisco, próximo à Copiapo, no Chile

Admirando a Laguna Santa Rosa, no Parque Nacional Nevado Tres Cruces, região do Paso San Francisco, próximo à Copiapo, no Chile


Admirando a Laguna Santa Rosa, no Parque Nacional Nevado Tres Cruces, região do Paso San Francisco, próximo à Copiapo, no Chile

Admirando a Laguna Santa Rosa, no Parque Nacional Nevado Tres Cruces, região do Paso San Francisco, próximo à Copiapo, no Chile


Depois de fazer a digestão caminhando pela praça, fizemos as contas e decidimos que ainda tínhamos tempo de seguir viagem, recuperando o dia a mais que havíamos levado na travessia do Paso San Francisco. Nada como mudar de planos todos os dias. Uma das vantagens de uma viagem de carro onde nunca reservamos hotéis. O dia é cada vez mais longo aqui no hemisfério sul, tanto pelo avançar da estação como pelo aumento da latitude. Uma ótima pedida para pegar estrada. Assim, demos uma esticada até La Serena, já no litoral do Pacífico.

Um zorro (raposa) chega perto de nós no Parque Nacional Nevado Tres Cruces, região do Paso San Francisco, próximo à Copiapo, no Chile

Um zorro (raposa) chega perto de nós no Parque Nacional Nevado Tres Cruces, região do Paso San Francisco, próximo à Copiapo, no Chile


Um zorro (raposa) chega perto de nós no Parque Nacional Nevado Tres Cruces, região do Paso San Francisco, próximo à Copiapo, no Chile

Um zorro (raposa) chega perto de nós no Parque Nacional Nevado Tres Cruces, região do Paso San Francisco, próximo à Copiapo, no Chile


Chegamos lá de noite, mas o barulho do mar foi animador. A última vez nesse oceano havia sido lá na América Central. Estávamos com saudades! Achamos um hotel e fomos ver o mar mais de perto. Antes disso, enquanto eu pagava a conta, a Ana descarregou nossa bagagem, coisa que normalmente não fazemos. O usual, para paradas mais curtas, é apenas levar nossas mochilas menores, com uma muda de roupa, bolsa de toalete e eletrônicos. Ainda não sabíamos, mas essa ação dela nos pouparia um aborrecimento ainda maior no dia seguinte.

Aviso de descida íngrime (descida dos Andes!) no Parque Nacional Nevado Tres Cruces, região do Paso San Francisco, próximo à Copiapo, no Chile

Aviso de descida íngrime (descida dos Andes!) no Parque Nacional Nevado Tres Cruces, região do Paso San Francisco, próximo à Copiapo, no Chile


Burros vivem no deserto do Parque Nacional Nevado Tres Cruces, região do Paso San Francisco, próximo à Copiapo, no Chile

Burros vivem no deserto do Parque Nacional Nevado Tres Cruces, região do Paso San Francisco, próximo à Copiapo, no Chile


Depois, um jantar já bem perto da praia, respirando a brisa marinha. Depois de passarmos perto dos 5 mil metros, aquele ar nos enchia de oxigênio. Vamos estar próximos do mar pelas próximas semanas e isso é sempre alentador. Fomos dormir cedo pois o dia havia sido longo e o de amanhã também prometia. Mais do que imaginávamos...

Já na descida dos Andes, a Fiona atravessa os desertos do Parque Nacional Nevado Tres Cruces, região do Paso San Francisco, próximo à Copiapo, no Chile

Já na descida dos Andes, a Fiona atravessa os desertos do Parque Nacional Nevado Tres Cruces, região do Paso San Francisco, próximo à Copiapo, no Chile


Já na descida dos Andes, a Fiona atravessa os desertos do Parque Nacional Nevado Tres Cruces, região do Paso San Francisco, próximo à Copiapo, no Chile

Já na descida dos Andes, a Fiona atravessa os desertos do Parque Nacional Nevado Tres Cruces, região do Paso San Francisco, próximo à Copiapo, no Chile

Chile, Copiapo, La Serena, Andes, Estrada, Lagoa, Montanha, Ojos del Salado, Paso San Francisco

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Lapinha e Bicame

Brasil, Minas Gerais, Lapinha

Observando a represa na Lapinha, região da Serra do Cipó - MG

Observando a represa na Lapinha, região da Serra do Cipó - MG


Realmente, foi um enorme prazer hoje acordar e olhar a paisagem que nos cercava. Apesar de já sabermos que seria bonita, uma coisa é ouvir e outra é ver com os próprios olhos! O pequeno distrito está bem no pé de uma imponente serra,boa parte de pedra. Até serviu para afastar o sono de mais uma noite curta demais. Ai, ai, precisamos de dias mais longos... umas quarenta horas talvez.

Início da caminhada para a Cachoeira Bicame, na Lapinha, região da Serra do Cipó - MG

Início da caminhada para a Cachoeira Bicame, na Lapinha, região da Serra do Cipó - MG


A Lapinha era praticamente desconhecida até uns dez anos. De lá para cá, vem ganhando fama e atraindo turistas e gente que vem morar aqui ou simplesmente comparar um terreno para fazer uma casinha. Assim, percebe-se que o distrito está em pleno crescimento. as pessoas vem atrás da calma, ar puro e belezas naturais da região. Principalmente mineiros de BH que é tão pertinho daqui.

Área de convívio da Pousada Travessia, na Lapinha, região da Serra do Cipó - MG

Área de convívio da Pousada Travessia, na Lapinha, região da Serra do Cipó - MG


Nossa pousada éuma delícia e o café da manhã tinha leite da vaca, pães e bolos caseiros, iogurte recém feito, frutas recém colhidas, granola recém torrada e por aí vai. Mais saudável, impossível. Principalmente coma vista para a montanha aqui em frente. A minha definição de paraíso, pelo menos de café da manhã no paraíso, é bem próximo disso.

Cachoeira do Bicame vista por baixo, na Lapinha, região da Serra do Cipó - MG

Cachoeira do Bicame vista por baixo, na Lapinha, região da Serra do Cipó - MG


O programa de hoje foi conhecer a mais bonita cachoeira da região, a Cachoeira do Bicame. Dez quilômetros de Fiona mais sete caminhando pelo alto da montanha, paisagens deslumbrantes para todos os lados. Ainda na parte da Fiona,onde só carros 4x4 podem passar, demos carona para um simpaticíssimo casal de mineiros, o Flávio e a Gislei, que nos acompanharam então no resto do passeio.

Nosso guia Walter procurando uma sombrinha ao pé da Cachoeira do Bicame, na Lapinha, região da Serra do Cipó - MG

Nosso guia Walter procurando uma sombrinha ao pé da Cachoeira do Bicame, na Lapinha, região da Serra do Cipó - MG


A cachoeira realmente é linda, um poço bem grande de águas avermelhadas, parecido com Coca-cola. É possível caminhar atrás das duas quedas d'água e com tanta beleza junta, quem vai pensar em frio?

Tomando banho na Cachoeira do Bicame, na Lapinha, região da Serra do Cipó - MG

Tomando banho na Cachoeira do Bicame, na Lapinha, região da Serra do Cipó - MG


Depois do lanche de pão e nosso inseparável queijo mineiro voltamos para a Lapinha para o nosso passaeio da tarde, marcado para as 15:30. Mas levamos o cano do Ivan, que nos levaria de barco através represa pare ver as pinturas rupestres do outro lado e com isso o nosso quarto dia de maratona do Cipó ficou incompleto. Nadamos, nadamos para morrer na praia... Bem, fazer o quê? O passeio ficoupara amanhã cedo e nós fomos para o boteco tomar uma mais que merecida gelada. Há males que vem para bem e lá conhecemos mais dois casais muito simpáticos, o Dedé e a Flor e a Carina e seu namorado. Foi uma tarde agradabilíssima conversando e nos divertindo com eles, contando e ouvindo causos numa típica conversa mineira. Êta trem bom, sô!

Área da Cachoeira do Bicame, na Lapinha, região da Serra do Cipó - MG

Área da Cachoeira do Bicame, na Lapinha, região da Serra do Cipó - MG


Final de tarde trabalhando um pouco no computador (não há internet nem celular na Lapinha!) e de noite fomos encontrar os novos amigos no boteco novamente. Mais conversa, mais cerveja, mais petiscos mineiros, vidinha bem mais ou menos mesmo.

Novos amigos em boteco na Lapinha, região da Serra do Cipó - MG

Novos amigos em boteco na Lapinha, região da Serra do Cipó - MG


Amanhã, a idéia é fazer logo cedo o passeio das pinturas rupestres e seguir para BH. A nossa tão esperada manhã em que não precisaríamos acordar cedo foi mais uma vez adiada. Com exceção da falta de tempo para dormir, esses dias aqui na região do Cipó foram muito, mas muito mesmo, legais. Não sei quantos dias aguentaríamos neste ritmo. Conhecer tantas pessoas interessantes, tantos visuais aluciantes, tantas comidas saborosas, tantas camas confortáveis, tudo isso em 4 dias, parece que vivemos mum mês nesses 4 dias. Espero não ter envelhecido tanto... hehehe

Primeira visão da Cachoeira do Bicame, na Lapinha, região da Serra do Cipó - MG

Primeira visão da Cachoeira do Bicame, na Lapinha, região da Serra do Cipó - MG

Brasil, Minas Gerais, Lapinha, cachoeira, Parque, Serra do Cipó, Trekking, trilha

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Despedidas Uruguaias

Uruguai, Punta del Diablo

Dia de céu azul na Punta del Diablo, no litoral do Uruguai

Dia de céu azul na Punta del Diablo, no litoral do Uruguai


Era uma vez, em 1935, uma família uruguaia de classe média de sobrenome Rocha. Os Rocha, que viviam no interior do país, tinham um filho que sofria de forte asma. O médico da família os avisou que, para ajudar o filho, deveriam morar na costa. Os ares marinhos fariam bem a ele. Pais conscienciosos, a família comprou um grande rancho de frente ao mar em uma área desabitada, litoral norte do país, a menos de 50 quilômetros da fronteira com o Brasil. Nascia Punta del Diablo.

Ainda muito cedo, praia vazia em Punta del Diablo, no litoral do Uruguai

Ainda muito cedo, praia vazia em Punta del Diablo, no litoral do Uruguai


O dia acaba de nascer e ninguém ainda chegou à escola de surf na Punta del Diablo, no litoral do Uruguai

O dia acaba de nascer e ninguém ainda chegou à escola de surf na Punta del Diablo, no litoral do Uruguai


Uma década depois, aquele trecho de mar começou a ser muito frequentado por pescadores vindos de Valizas, a cidade mais próxima na costa, quarenta quilômetros ao sul. O mar ali era realmente piscoso e o movimento aumentava. Os Rocha viram aí uma boa oportunidade e foi aberto a Hosteria del Pescador, em 1949. Agora, os amantes da pesca podiam vir a passar temporadas por ali. Suas esposas, sem muito o que fazer, começaram a se dedicar ao artesanato com matéria-prima local, como pedras, madeira e estrelas-do-mar.

A praia de Punta del Diablo, no litoral do Uruguai

A praia de Punta del Diablo, no litoral do Uruguai


A praia de Punta del Diablo, no litoral do Uruguai

A praia de Punta del Diablo, no litoral do Uruguai


Atrás de sol, mar, peixe fresco e artesanato, agora era a vez dos turistas começarem a chegar. No início, apenas uruguaios. Mas a notícia vai se espalhando de boca em boca e logo vieram os argentinos, que tem no Uruguai sua segunda casa. Em seguida, brasileiros, principalmente aqueles do vizinho Rio Grande do Sul. Praias tão belas assim, não há por lá, exceto na distante Torres, no norte do estado. Por fim, foi a vez de mochileiros europeus, na sua eterna busca por lugares desconhecidos, chegarem à Punta del Diablo. A essa altura, os Rocha já faziam fortuna loteando e vendendo partes de seu antigo rancho.

Monumento na ponta de pedra da Punta del Diablo, no litoral do Uruguai

Monumento na ponta de pedra da Punta del Diablo, no litoral do Uruguai


Dia de sol e movimento na praia de Punta del Diablo, no litoral do Uruguai

Dia de sol e movimento na praia de Punta del Diablo, no litoral do Uruguai


O impulso final veio em uma reportagem da revista Lonely Planet, uma espécie de bíblia do turismo internacional. Em 2009, a revista decretou que a cidade era um dos 10 melhores lugares do mundo para se visitar e investir. Assim, não é a toa que a população de Punta del Diablo, que não passa de 1.000 pessoas no inverno, chegue aos 25 mil durante a temporada de verão.

Caminhando até o monumento na ponta de pedra na Punta del Diablo, no litoral do Uruguai

Caminhando até o monumento na ponta de pedra na Punta del Diablo, no litoral do Uruguai


Pescadores na ponta de pedra na Punta del Diablo, no litoral do Uruguai

Pescadores na ponta de pedra na Punta del Diablo, no litoral do Uruguai


Nós chegamos aqui no início da tarde de anteontem, um sábado, e deu para perceber logo o movimento. Não estava fácil achar lugar em algum hotel, mas encontramos algo bem melhor: uma casa! Falei disso no post anterior, mas isso é algo que se tornou bem comum durante a temporada: locação de imóveis. Nós “locamos” o nosso e, desde então, nossa única preocupação foi ir e voltar da praia, a um quarteirão de distância. Foram nossos dias derradeiros nesse querido país, uma mini-temporada de que não mais vamos nos esquecer.

O mar bate contra as rochas da Punta del Diablo, no litoral do Uruguai

O mar bate contra as rochas da Punta del Diablo, no litoral do Uruguai


Pscador na Punta del Diablo, no litoral do Uruguai

Pscador na Punta del Diablo, no litoral do Uruguai


O tempo colaborou conosco, céu azul e pouco vento. Logo na nossa primeira tarde, já fomos explorar a cidade e, principalmente, a praia. Ela pode ser cheia para padrões uruguaios, mas jamais para padrões brasileiros. Areia firme de andar, boa para uma pelada no fim de tarde e também para um mergulho. Do lado da praia, não faltam bares para uma cerveja gelada e nem barraquinhas para alugar cadeiras de praia e guarda-sol.

Na ponta de pedra da Punta del Diablo, no litoral do Uruguai

Na ponta de pedra da Punta del Diablo, no litoral do Uruguai


O Joca e a Ixa na Punta del Diablo, no litoral do Uruguai

O Joca e a Ixa na Punta del Diablo, no litoral do Uruguai


A praia termina em uma grande ponta rochosa, a tal Punta del Diablo. Podemos caminhar até lá e ficar admirando a eterna luta entre o mar e as pedras, as ondas estourando forte nas rochas e levantando espuma bem alto. Mais um milhãozinho de anos e, quem sabe, conseguem erodir aquilo tudo?

Dia de céu azul na Punta del Diablo, no litoral do Uruguai

Dia de céu azul na Punta del Diablo, no litoral do Uruguai


Monumento na ponta de pedra da Punta del Diablo, no litoral do Uruguai. Reproduz uma carta de Artigas a Bolivar, de Julho de 1819

Monumento na ponta de pedra da Punta del Diablo, no litoral do Uruguai. Reproduz uma carta de Artigas a Bolivar, de Julho de 1819


Enquanto isso, a ponta é disputada por turistas e pescadores. Os primeiros, em busca de uma boa fotografia, os últimos atrás de seus peixes, a razão primeira para a Punta del Diablo se tornar conhecida.

O sol nasce na Punta del Diablo, no litoral do Uruguai

O sol nasce na Punta del Diablo, no litoral do Uruguai


Mais um dia nasce na Punta del Diablo, no litoral do Uruguai

Mais um dia nasce na Punta del Diablo, no litoral do Uruguai


No meio do rochedo, um monumento que homenageia o herói nacional, General Artigas. Ali está reproduzida uma carta do libertador nacional ao grande libertador do continente, Simón Bolívar. Os dois nunca se conheceram pessoalmente, mas se admiravam a distância. A carta é de 1819, uma época em que Artigas se encontrava em maus lençóis, ou numa situação bem difícil. Abandonado, praticamente traído, por seus antigos aliados argentinos, Artigas estava sendo vencido em uma guerra contra o exército luso-brasileiro. Pouco tempo depois, seria exilado para o Paraguai, enquanto o Uruguai, o país que havia liderado na sua luta de independência da Espanha, seria anexado aos domínios portugueses do Brasil, com o nome de Província Cisplatina.

O Rodrigo e sua mãe caminham na praia enquanto o dia nasce em Punta del Diablo, no litoral do Uruguai

O Rodrigo e sua mãe caminham na praia enquanto o dia nasce em Punta del Diablo, no litoral do Uruguai


O Rodrigo e sua mãe caminham na praia enquanto o dia nasce em Punta del Diablo, no litoral do Uruguai

O Rodrigo e sua mãe caminham na praia enquanto o dia nasce em Punta del Diablo, no litoral do Uruguai


Mas no momento da carta, ainda havia esperança nas letras do grande líder. Ele pedia à Bolívar para receber bem em seus portos no norte da América do Sul os navios de corsários contratados para combater os navios luso-brasileiros. Naquela guerra de conquista, a superioridade naval portuguesa contra as forças uruguaias era gritante e a única saída foi a contratação de mercenários do mar, os corsários. Para tristeza de Artigas, essa quase-aliança com Bolívar e com os corsários de nada adiantou. O Uruguai caiu e o líder nunca mais voltaria a pisar os pés em sua pátria, depois de fugir para o Paraguai.

A Ixa, mãe do Rodrigo, observa o dia nascer na Punta del Diablo, no litoral do Uruguai

A Ixa, mãe do Rodrigo, observa o dia nascer na Punta del Diablo, no litoral do Uruguai


A Ana e a Ixa caminhando na praia de Punta del Diablo, no litoral do Uruguai, logo após o dia nascer

A Ana e a Ixa caminhando na praia de Punta del Diablo, no litoral do Uruguai, logo após o dia nascer


Bom, são tempos idos e quase esquecidos, que monumentos como esse nos ajudam a lembrar. Sempre bom aprender um pouco de história, mas o que queríamos mesmo era aproveitar essa praia onde brasileiros e uruguaios, ao menos hoje, convivem muito bem. Assim, voltamos para a areia e para a água. E lá ficamos também durante o dia de ontem, aproveitando cada momento das nossas últimas horas no país. Era de casa para praia, da praia para casa.

Os primeiros raios da manhã iluminam a praia em Punta del Diablo, no litoral do Uruguai

Os primeiros raios da manhã iluminam a praia em Punta del Diablo, no litoral do Uruguai


O dia nasce e os barcos de pesca já saem ao mar, em Punta del Diablo, no litoral do Uruguai

O dia nasce e os barcos de pesca já saem ao mar, em Punta del Diablo, no litoral do Uruguai


Por fim, hoje, chegou a hora de partir. Mas não sem uma última caminhada na praia, um último mergulho no mar, um último momento de contemplação da natureza especial desse lugar. Por isso, acordamos cedo, bem cedo. A tempo de ver o sol nascer, glorioso, por detrás das águas do Oceano Atlântico. Tiramos nossas fotos da imensa bola vermelha ainda lá na nossa casa e fomos para a praia, onde chegamos juntos com os primeiros raios de sol. Estava absolutamente lindo! Àquela hora, praia bem vazia, exceto por pescadores que já saiam ao mar. Foram momentos mágicos para fechar com chave de ouro nossa temporada no Uruguai, o último país dos 1000dias.

O Rodrigo e sua mãe caminham na praia enquanto o dia nasce em Punta del Diablo, no litoral do Uruguai

O Rodrigo e sua mãe caminham na praia enquanto o dia nasce em Punta del Diablo, no litoral do Uruguai

Uruguai, Punta del Diablo, história, mar, Praia, Sol

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Acima das Nuvens

Brasil, Rio De Janeiro, Itatiaia (P.N. do Itatiaia)

Subindo Agulhas Negras com Prateleiras ao fundo - RJ

Subindo Agulhas Negras com Prateleiras ao fundo - RJ


Bem cedinho partimos os três casais e o Anderson rumo á entrada do parque. Fomos divididos em dois carros para enfrentar a péssima estrada: a Fiona e o sempre valente Fusca, do Anderson.

Grupo no alto de Agulhas Negras - RJ

Grupo no alto de Agulhas Negras - RJ


Lá na entrada do parque, uma notícia ruim, seguida por outra boa. Havia uma multidão na guarita, além de quatro ou cinco vans. Só me faltava essa: em pleno dia de semana um congestionamento nas Agulhas Negras. Depois, a notícia salvadora: a multidão estava indo para Prateleiras. Ufa! Mas que coicidência! Quando vimos a multidão, os novos amigos logo olharam para mim, sorrindo. Isso porque, na noite anterior, durante o jantar, tivemos uma longa discussão sobre turismo. Mais especificamente, sobre o acesso dos turistas às atrações. Eu dizia que reconhecia o direito das pessoas de irem à todos os lugares mas que, ao mesmo tempo, adorava chegar em alguma cachoeira, caverna oumontanha e não encontrar ninguém. Disse que a precariedade da estrada para o parque cumpria essa função: afastar as massas dali! E não é que chegamos lá e damos com 50-60 pessoas?!?

Cooper a 2.500 metros de altitude

Cooper a 2.500 metros de altitude


Bom, passado o susto e a guarita todos passaram para a Fiona pois, a partir dali, nem o Fusca enfrentaria a péssima estrada. O pessoal veio para a Fiona e eu saí, percorrendo os 3 km até o Abrigo Rebouças correndo. nada como um cooperzinho a 2.500 metros de altitude para desenferrujar.

Exército praticando no Parque de Itatiaia - RJ

Exército praticando no Parque de Itatiaia - RJ


De tão ruim a estrada que eu cheguei antes da Fiona no abrigo. Ele está ocupado pelo exército, que está fazendo treinamentos na região. Cerca de 300 cadetes estavam lá em cima fazendo toda sorte de exercícios, subindo e descendo pedras com mochilas pesadas e rifles pendurados no pescoço. Enfim, toda a área em volta do refúgio estava bem movimentada. Esse parque é praticamente o quintal da AMAN. Não é à tôa que eles tem esse nome!

Início da subida para Agulhas Negras. Prateleiras ao fundo - RJ

Início da subida para Agulhas Negras. Prateleiras ao fundo - RJ


Olhando para Agulhas Negras - RJ

Olhando para Agulhas Negras - RJ


A subida ao pico foi em gostosa e tranquila. Os dois casais andavam muito bem e não demorou muito para chegarmos lá em cima. Em dois trechos, para maior segurança, usamos corda.

Descendo Agulhas Negras - RJ

Descendo Agulhas Negras - RJ


Lá de cima a vista estava maravilhosa. Para trás das Prateleiras, um mar de nuvens cobria a paisagem. Para os outros lados, identificamos o Pico do Papagaio, em Aiuruoca e a Pedra da Mina, nosso próximo objetivo.

No alto de Agulhas Negras - RJ

No alto de Agulhas Negras - RJ


Foi minha quinta vez neste parque pai de todos os outros aqui no Brasil, que a minha mãe já visitava na década de 50! Sempre subi no pico, entre outras atrações da parte alta do parque: cachoeiras, Prateleiras, Couto, etc. Mas foi apenas na primeira vez, num distante 1989, que eu consegui assinar o livro de registro, no alto da montanha. Isso porque, quando chegamos lá no alto, descobrimos que o pico verdadeiro fica um pouco adiante. E para chegar lá é necessário descer uma pedra bem exposta e subir outra. Qualquer escorregão e são dezenas de metros para baixo. Um estrago! Não sei como mas, na primeira vez, com dois amigos da Unicamp, consegui fazer isso sem cordas. Depois, nunca mais! E olha que eu pelejei! Desta vez, junto com o Anderson e com a ajuda de cordas, voltei ao mesmo lugar e assinei o nome! Tirei um espinho encalacrado da garganta!

Último esforço para se chegar ao livro no topo das Agulhas Negras - RJ

Último esforço para se chegar ao livro no topo das Agulhas Negras - RJ


Assinando o livro no alto das Agulhas Negras - RJ

Assinando o livro no alto das Agulhas Negras - RJ


Assinando o livro no alto das Agulhas Negras - RJ

Assinando o livro no alto das Agulhas Negras - RJ


Lá do alto, fiquei imaginando toda aquela região, já tão linda, nevada. Seria inacreditável! Vocês sabiam que de 11 para 12 de Junho de 85, portanto nem tão antigamente assim, nevou por 9 horas sem parar por aqui. Foi capa do Globo e do Jornal do Brasil (os jornais estão lá na Pousada dos Lobos). O pessoal, os sortudos que estavam aqui, faziam bonecos de neve e guerras de bolas de neve. Os carros pararam de funcionar e várias pessoas acampadas se refugiaram no Alsenne (naquele tempo, os chatos do ICMBio não tinham embargado o hotel). Será que veremos isso novamente?

No topo das Agulhas Negras - RJ

No topo das Agulhas Negras - RJ


Bom, devaneios à parte, descemos a montanha, eu fizmais um cooper e voltamos para a Pousada dos Lobos. Antes de partir para Passa Quatro ainda deu tempo de ver a Argentina de Don Diego Maradona ganhar mais uma e conhecer mais um simpático casal que acabara de chegar: a Mirim e o Rogério. Nesses lugares, quase 100% das pessoas que conhecemos são muito interessantes.

No topo das Agulhas Negras - RJ

No topo das Agulhas Negras - RJ


Com o sol de pondo, partimos de volta às Minas Gerais,em direção à Passa Quatro e à Pedra da Mina, a mais alta montanha da Serra da Mantiqueira.

Início da subida para Agulhas Negras. Prateleiras ao fundo - RJ

Início da subida para Agulhas Negras. Prateleiras ao fundo - RJ

Brasil, Rio De Janeiro, Itatiaia (P.N. do Itatiaia),

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A Civilização Esquecida - Versão Brasileira

Brasil, Rio Grande Do Sul, São Miguel das Missões

Interior da antiga igreja de São Miguel Arcanjo, em São Miguel das Missões, no Rio Grande do Sul

Interior da antiga igreja de São Miguel Arcanjo, em São Miguel das Missões, no Rio Grande do Sul


Eu sempre gostei de História. Acho que a paixão nasceu de quando, ainda bem criança, ouvia a minha mãe ler em voz alta o livro “História do Mundo Para Crianças”, de Monteiro Lobato. A ideia era, ao mesmo tempo, embalar nosso sono na hora de irmos para a cama e também nos dar uma primeira noção sobre a história do nosso mundo. Assim, junto com Pedrinho, Narizinho e a Emília, aprendi a admirar gregos e romanos, Julio Cezar e Alexandre, as Cruzadas, a época dos Descobrimentos, Renascimento e Iluminismo e tantas outras coisas.

Turistas visitam a Missão em São Miguel das Missões, no Rio Grande do Sul

Turistas visitam a Missão em São Miguel das Missões, no Rio Grande do Sul


Mais tarde, já na 5ª série, tive o primeiro contato formal com História. Por algum motivo, eram as civilizações pré-colombianas as que mais atraiam minha curiosidade. Astecas, Incas e Maias não saiam da minha cabeça e agora, durante esses 1000dias, tive a chance de conhecer essas antigas civilizações muito mais de perto. Para mim, um dos pontos altos de nossa viagem. Ver ao vivo as ruínas de Machu Picchu e as diversas pirâmides na América Central foi emocionante. A realização de um sonho que havia nascido quando vi, pela primeira vez, naqueles antigos livros de história, as desbotadas fotos desses incríveis monumentos.

Ruínas da antiga igreja de São Miguel Arcanjo, em São Miguel das Missões, no Rio Grande do Sul

Ruínas da antiga igreja de São Miguel Arcanjo, em São Miguel das Missões, no Rio Grande do Sul


Mas aquelas mesmas fotos e histórias que tanto me inspiravam também traziam uma certa decepção. As tais antigas civilizações e suas ruínas eram americanas, mas nenhuma era brasileira. Nada para alentar o meu nascente espírito “patriótico”. Enquanto no Perú e no México construíam-se pirâmides e criavam-se impérios, no nosso país os índios ainda caminhavam sem roupa, viviam da caça e do extrativismo e, em alguns casos, comiam-se ritualisticamente. Pelo menos, essa era a visão simplista e simplória daquele menino da 5ª série. Mas havia uma exceção, muito mal explicada e desenvolvida naqueles livros de História. Uma única foto, acompanhada de um único parágrafo, mostrava ruínas de pedra avermelhada, uma antiga igreja que nada se parecia com nossa arquitetura colonial. Certamente era outra coisa, haviam índios envolvidos naquilo e o texto falava de umas tais de “missões”. Uma mísera citação e nada mais do que isso. Num mundo ainda sem internet e sem Wikipedia, tive logo de esquecer o assunto...

Chegando à Missão de São Miguel Arcanjo, a mais bem conservada das Missões em território brasileiro, em São Miguel das Missões, no Rio Grande do Sul

Chegando à Missão de São Miguel Arcanjo, a mais bem conservada das Missões em território brasileiro, em São Miguel das Missões, no Rio Grande do Sul


Fachada da antiga igreja de São Miguel Arcanjo, em São Miguel das Missões, no Rio Grande do Sul

Fachada da antiga igreja de São Miguel Arcanjo, em São Miguel das Missões, no Rio Grande do Sul


Até que, alguns anos mais tarde, Hollywood lançou o magnífico filme “The Mission”, com fotografia impecável, trilha sonora emocionante e um elenco de fazer inveja: Robert De Niro, Jeremy Irons e Liam Neeson em início de carreira. O filme conta a história do trágico fim dessa civilização quase desconhecida no Brasil. O filme é ótimo e, para quem não viu, recomendo! Foi aí que, finalmente, comecei a aprender sobre esse importante capítulo da nossa história, uma espécie de experimento da utopia comunista, contribuindo até para o mito do “bom selvagem” de Rousseau.



Agora, inspirado pelo bom filme, tratei de ler mais sobre o assunto e, na primeira oportunidade, visitei as ruínas de São Miguel das Missões, no Rio Grande do Sul. Aí se encontra o mais completo conjunto arquitetônico dessa antiga civilização em território brasileiro, o mesmo que aparecia na foto do meu antigo livro de história. Foi emocionante estar lá e aprender ainda mais da história daquele período. Hoje, oito anos depois dessa memorável visita, tive a chance de voltar, dessa vez muito bem acompanhado pela amada esposa e dentro da expedição 1000dias, nosso último destino no Brasil antes de rumarmos ao sul do continente.

A imponente porta da antiga igreja de São Miguel Arcanjo, em São Miguel das Missões, no Rio Grande do Sul

A imponente porta da antiga igreja de São Miguel Arcanjo, em São Miguel das Missões, no Rio Grande do Sul


Foram cerca de 4 horas de viagem desde o ponto de partida, em Derrubadas (mapa no post anterior). Chegamos no meio da tarde e, logo após nos instalarmos num hotel na cidade, seguimos para as ruínas. Elas ficam em meio a um grande parque, praticamente no centro da cidade. Em plena sexta-feira, estavam praticamente vazias e pudemos caminhar pelas antigas edificações completamente sós. Li e reli os cartazes informativos espalhados pelo parque, visitei o museu, tirei fotos, mas o maior prazer foi mesmo caminhar por entre as paredes e colunas que ali jazem adormecidas já há alguns séculos. Com um pouco de esforço, é fácil imaginar quando a região fervilhava de vida, quatro mil índios vivendo uma vida de paz, música e religiosidade, ao menos durante 3 gerações.

Visita à antiga igreja da Missão de São miguel Arcanjo, em São Miguel das Missões, no Rio Grande do Sul

Visita à antiga igreja da Missão de São miguel Arcanjo, em São Miguel das Missões, no Rio Grande do Sul


Visita às ruínas da antiga Missão em São Miguel das Missões, no Rio Grande do Sul

Visita às ruínas da antiga Missão em São Miguel das Missões, no Rio Grande do Sul


De noite, a Ana voltou às ruínas, dessa vez para assistir ao show de luzes e sons, uma das exigências da Unesco para que o local seja considerado Patrimônio Cultural mundial. Como eu já conhecia o show, que não é grande coisa, preferi ficar no hotel, pesquisando na internet mais dados sobre a rica história desse povo, da difícil origem das missões até seu trágico desfecho.

Show noturno de luzes e sons em São Miguel das Missões, no Rio Grande do Sul

Show noturno de luzes e sons em São Miguel das Missões, no Rio Grande do Sul


Show noturno de luzes e sons em São Miguel das Missões, no Rio Grande do Sul

Show noturno de luzes e sons em São Miguel das Missões, no Rio Grande do Sul


Aliás, a primeira coisa a esclarecer é que as missões jesuíticas não tem nada de “brasileiras”, para tristeza do garoto patriótico da 5ª série. Apesar das ruínas de São Miguel das Missões estarem no território do país, na verdade elas foram criadas, viveram seu auge e foram destruídas no que era parte da América Espanhola de então. Já os portugueses, nossos antepassados, nessa história fazem o papel dos bandidos.

A cruz dupla nos jardins da antiga Missão em São Miguel das Missões, no Rio Grande do Sul

A cruz dupla nos jardins da antiga Missão em São Miguel das Missões, no Rio Grande do Sul


Todos sabemos que o mundo foi dividido entre Portugal e Espanha no final do séc. XV, através do Tratado de Tordesilhas. Essa linha imaginária reservava apenas a parte leste do Brasil para Portugal, enquanto a maior parte do atual território nacional, incluindo toda a região sul do país, ficava sob controle espanhol. Ou seja, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, segundo esse tratado, deveriam falar castelhano! Para aí seguiram, já no início do século XVII, missionários jesuítas, com o intuito de catequizar os indígenas e, ao mesmo tempo, garantir a ocupação espanhola da área.

Uma enorme árvore cresce em meio às ruínas da antiga Missão em São Miguel das Missões, no Rio Grande do Sul

Uma enorme árvore cresce em meio às ruínas da antiga Missão em São Miguel das Missões, no Rio Grande do Sul


Ruínas da antiga Missão em São Miguel das Missões, no Rio Grande do Sul

Ruínas da antiga Missão em São Miguel das Missões, no Rio Grande do Sul


Só que, nessa época, a península ibérica estava unificada sob o governo de um só rei. Portugal e Espanha haviam se unido e o Tratado de Tordesilhas tinha perdido o sentido. Os colonizadores portugueses aproveitaram para estender seus domínios muito além da linha imaginária. Nessa época, a região de São Paulo, uma das mais pobres do novo continente, necessitava urgentemente de escravos para tocar suas nascentes lavouras. Ainda sem acesso à África, os bandeirantes paulistas viram nos índios catequizados pelos jesuítas um alvo fácil para suprir a forte demanda de mão-de-obra. Em duas décadas de ataques, todas as missões de Guaíra (atual Paraná) foram destruídas, enquanto as missões do atual Rio Grande do Sul foram deslocadas para o oeste do rio Uruguai, onde passaram a resistir aos caçadores de escravos. Na famosa batalha de Mboboré os paulistas foram definitivamente derrotados pelos índios guaranis catequizados. Vou contar mais dessa história quando chegarmos a essas missões do outro lado do rio, hoje território argentino.

Caminhando pelas ruínas da antiga Missão em São Miguel das Missões, no Rio Grande do Sul

Caminhando pelas ruínas da antiga Missão em São Miguel das Missões, no Rio Grande do Sul


No final do séc XVII, já com o tráfico de escravos africanos consolidado, jesuítas e índios guaranis voltaram a cruzar o rio e se reestabeleceram no atual Rio Grande do Sul, fundando 7 missões, o que hoje conhecemos como os “Sete Povos das Missões”. Nessa época, Portugal e Espanha já eram, outra vez, reinos separados. O Tratado de Tordesilhas era “letra morta” e vários territórios eram disputados entre as duas nações, incluindo a área onde estavam estabelecidas as missões e também o sul do Uruguai, onde os portugueses haviam fundado a cidade de Colônia do Sacramento, na estratégica desembocadura do Rio da Prata, bem em frente a Buenos Aires.

Estátuas da antiga Missão no Museu em São Miguel das Missões, no Rio Grande do Sul

Estátuas da antiga Missão no Museu em São Miguel das Missões, no Rio Grande do Sul


Enquanto as duas nações ibéricas disputavam esses territórios por quase um século, as novas missões floresciam, quase 30 mil índios vivendo sob a tutela jesuíta, falando guarani, espanhol e até latim, com uma economia vigorosa e cultura exuberante. Obedeciam ao Rei de Espanha, mas eram, na prática, quase uma república independente.

Uma figueira cresce sobre as ruínas da antiga Missão em São Miguel das Missões, no Rio Grande do Sul

Uma figueira cresce sobre as ruínas da antiga Missão em São Miguel das Missões, no Rio Grande do Sul


Infelizmente para eles, a política internacional falou mais alto. Portugal e Espanha chegaram, enfim, a um novo acordo sobre as terras do novo continente. O Tratado de Madrid estabelecia que Portugal entregaria aos espanhóis o controle da Colônia de Sacramento e receberia, em troca, o território dos Sete Povos das Missões. Índios e jesuítas deveriam mudar-se novamente para o oeste do rio Uruguai o quanto antes. Os índios se recusaram a fazer isso fazendo com que os exércitos de Portugal e Espanha se unissem contra eles nas chamadas Guerras Guaraníticas, episódio retratado no filme “The Mission”, onde os indígenas foram massacrados pelos exércitos europeus. Foi o trágico fim das Missões no atual território brasileiro, apesar de nunca terem sido brasileiras. A ironia é que o resto do Tratado de Madrid nunca foi cumprido, os portugueses recusaram-se a sair de Colônia do Sacramento e, por consequência, o território do Rio Grande do Sul continuou em litígio. Foram precisos mais seis décadas de guerras e batalhas para definir as atuais fronteiras, Uruguai e a região de “Entre-Rios” para lá e o Rio Grande do Sul para cá. Nesse processo, as Missões praticamente deixaram de existir, sobrando apenas as ruínas que hoje podemos admirar. Paredes que ainda ecoam a glória de outros tempos para quem quiser ouvir, mas que nos trazem também a tristeza de sua destruição inclemente, uma utopia que não pode resistir à força da realidade.

Estátuas da antiga Missão no Museu em São Miguel das Missões, no Rio Grande do Sul

Estátuas da antiga Missão no Museu em São Miguel das Missões, no Rio Grande do Sul


No próximo post, já em território argentino, volto com a parte feliz dessa história...

A cruz dupla nos jardins da antiga Missão em São Miguel das Missões, no Rio Grande do Sul

A cruz dupla nos jardins da antiga Missão em São Miguel das Missões, no Rio Grande do Sul

Brasil, Rio Grande Do Sul, São Miguel das Missões, Arquitetura, história

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Chegando ao Glacier National Park

Estados Unidos, Montana, Glacier National Park

As calmas águas do Lake McDonald, maior lago do Glacier National Park, em Montana, nos Estados Unidos

As calmas águas do Lake McDonald, maior lago do Glacier National Park, em Montana, nos Estados Unidos


Nossos quase três dias em Yellowstone só não foram perfeitos porque faltou uma “coisinha”: nosso esperado encontro com ursos na natureza. Por enquanto, só vimos esses magníficos animais naquele parque estilo Simba Safari nas Black Hills, em South Dahota, e aqueles ursos pretos que “trabalhavam” num circo, no Maine. Muito interessante, mas assim não vale! Está faltando o urso solto, feliz, lépido e saltitante, dono do seu próprio nariz, na natureza.

Passeando com o cachorro no Lake McDonald, maior lago do Glacier National Park, em Montana, nos Estados Unidos

Passeando com o cachorro no Lake McDonald, maior lago do Glacier National Park, em Montana, nos Estados Unidos


Yellowstone não foi nossa última chance desse esperado encontro. Na verdade, haverá muitas outras possibilidades, por todo o vasto norte do continente, daqui até o Alaska. A começar pelo Glacier National Park, para onde viajamos hoje, na fronteira entre o estado americano de Montana e Alberta, já no Canadá.

Caiaque no Lake McDonald, maior lago do Glacier National Park, em Montana, nos Estados Unidos

Caiaque no Lake McDonald, maior lago do Glacier National Park, em Montana, nos Estados Unidos


Nós tínhamos dormido na cidade de Livingston, ao norte de Yellowstone, bem no centro-sul de Montana. Hoje atravessamos todo o estado, de sul a norte, até o Glacier. Como Wyoming, é um estado de paisagens espetaculares e selvagens, poucas cidades e muita natureza, ampla e vasta. Um colírio para os olhos!

Vegetação ao redor do Lake McDonald, maior lago do Glacier National Park, em Montana, nos Estados Unidos

Vegetação ao redor do Lake McDonald, maior lago do Glacier National Park, em Montana, nos Estados Unidos


Como em quase todos os parques nacionais americanos, há uma estrada cênica que atravessa o Glacier, no sentido leste-oeste, ligando suas duas principais portarias. Essa estrada, conhecida como “Going to the Sun road” , é considerada uma das mais belas de todo o país. Depois de confabularmos, achamos melhor chegarmos ao parque pela sua entrada oeste. Aí, amanhã, percorremos a tal estrada do sol e já estaremos ao lado da estrada que faz a ligação com o Canadá. Pois é, parece que foi ontem que deixamos esse país, lá perto de Vancouver, e já estamos chegando de novo. É o tempo voando...

As calmas águas do Lake McDonald, maior lago do Glacier National Park, em Montana, nos Estados Unidos

As calmas águas do Lake McDonald, maior lago do Glacier National Park, em Montana, nos Estados Unidos


Chegamos bem no finalzinho do dia no parque. Foi o tempo de entrarmos usando nosso super passe anual válido para todos os parques do país (já pagou seu valor umas quatro vezes!) e irmos até o Lake McDonald, o maior da região. As águas estavam calmas, e o lago mais parecia um gigantesco espelho do que qualquer outra coisa. As montanhas, florestas e o céu de fim de tarde refletidos estavam simplesmente fantásticos.

Montanhas ao fundo do Lake McDonald, maior lago do Glacier National Park, em Montana, nos Estados Unidos

Montanhas ao fundo do Lake McDonald, maior lago do Glacier National Park, em Montana, nos Estados Unidos


Inspirados pelo momento, até compramos uma cerveja gelada para saboreá-la naqueles minutos mágicos. Enquanto isso, outros afortunados também estavam por lá, passeando com seus cães, remando seus caiaques ou simplesmente sentados, como nós, admirando aquela beleza toda. Foi realmente incrível...

Deliciosa cerveja no Lake McDonald, no Glacier National Park, em Montana, nos Estados Unidos

Deliciosa cerveja no Lake McDonald, no Glacier National Park, em Montana, nos Estados Unidos


A gente ainda tentou achar um quarto no lodge em frente ao lago, mas estava lotado. Voltamos os poucos quilômetros até a saída do parque e paramos no primeiro motel. Ficamos amigos da simpática e curiosa proprietária, que adorou a nossa viagem. Além de fazer muitas perguntas, também nos deu muitas respostas, pois não era só ela que perguntava, hehehe. Ela conhece muito bem toda essa região e nos ajudou a montar nosso pequeno roteiro para ver um pouco do Glacier National Park e também o Waterton, o parque canadense que é contínuo ao Glacier. Melhor de tudo, ela falou que ursos são bem comuns por aqui e nos apontou onde seria mais fácil encontrá-los. Será que agora vai?

Belíssimo entardecer no Lake McDonald, maior lago do Glacier National Park, em Montana, nos Estados Unidos

Belíssimo entardecer no Lake McDonald, maior lago do Glacier National Park, em Montana, nos Estados Unidos

Estados Unidos, Montana, Glacier National Park, Lago, Parque

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Parc de La Mauricie

Canadá, Quebec, Parc National de La Mauricie

Um dos muitos lagos no Parc National de La Mauricie, província de Quebec, no Canadá

Um dos muitos lagos no Parc National de La Mauricie, província de Quebec, no Canadá


Depois de duas grandes cidades, agora queríamos conhecer um pouco da exuberante natureza do Canadá. O país é famoso pela beleza de seus Parques Nacionais e somente na província de Quebec são dezenas deles. Ficamos até tontos com tantas possibilidades, principalmente com o pouco tempo que temos por aqui. Era preciso fazer nossas escolhas...

Algumas folhas se adiantam e já tem a cor do Outono, no Parc National de La Mauricie, província de Quebec, no Canadá

Algumas folhas se adiantam e já tem a cor do Outono, no Parc National de La Mauricie, província de Quebec, no Canadá


Foi fácil eliminar de cara aqueles que só são acessíveis de avião e de barco. Apesar das belezas selvagens ali existentes, não estão ao nosso alcance, pelo menos não dessa vez. Pela grande distância, eliminamos vários outros. Como já disse algumas vezes, Quebec é do tamanho do estado do Amazonas e, para chegar ao outro lado da província, seriam necessários alguns dias de estrada.

Lendo informações sobre o processo de formação da maravilhosa paisagem no Parc National de La Mauricie, província de Quebec, no Canadá

Lendo informações sobre o processo de formação da maravilhosa paisagem no Parc National de La Mauricie, província de Quebec, no Canadá


A Ana começou a ler a descrição dos outros parques, alguns interessantíssimos, em ilhas, na beira do mar, com grandes canyons, com vida selvagem e por aí vai. A vontade e a dúvida só iam aumentando, até que ela chegou no Parc de La Mauricie. Esse tinha de tudo: montanhas, cachoeiras, rios, muitos lagos, vida selvagem e, melhor de tudo, estava na direção e distância corretas. É para lá que fomos hoje!

Fiona em frente ao nosso hotel em Quebec, no Canadá

Fiona em frente ao nosso hotel em Quebec, no Canadá


Saímos já saudosos de Quebec, na direção oeste (que será o nosso sentido ao longo do próximo mês!), ligeiramente para o norte. Aliás, hoje foi o recorde de latitude norte da Fiona. Só será batido novamente depois de termos atravessado os Estados Unidos e entramos novamente no Canadá, em Alberta, aí sim na direção do Alaska. O recorde da viagem, mas sem a Fiona (ela não se conforma!), foi em Ilulissat, na Groelândia. Fomos acima do Círculo Polar Ártico. Recorde imbatível, pois nem no Alaska chegaremos tão “alto”...

Início de trilha no Parc National de La Mauricie, província de Quebec, no Canadá

Início de trilha no Parc National de La Mauricie, província de Quebec, no Canadá


Não demorou muito e atravessamos a zona rural da província, fazendas de trigo e milho espalhadas por uma grande área de planície e chegamos à região montanhosa, prenúncio de que o parque estava próximo. Outro sinal foi a quantidade de lagos, a marca registrada desse parque nacional.

Paisagem do Parc National de La Mauricie, província de Quebec, no Canadá, durante a trilha até o Lac Solitaire

Paisagem do Parc National de La Mauricie, província de Quebec, no Canadá, durante a trilha até o Lac Solitaire


Pois é, alguns minutos depois e chegamos à entrada do Parc National de La Mauricie. A primeira bela surpresa foi no centro de visitantes, onde uma atenciosa guarda-parque nos recebeu com todas as informações. Dissemos a ela o tempo que tínhamos e do que gostávamos e rapidamente ela já nos deu um mapa e nos sugeriu trilhas e caminhos pelo parque. Muito eficiente, sem nenhuma enrolação. Muito legal!

A Nikon se esgueira para tirar boas fotos no Parc National de La Mauricie, na província de Quebec, no Canadá

A Nikon se esgueira para tirar boas fotos no Parc National de La Mauricie, na província de Quebec, no Canadá


Chegando ao belíssimo Lac Solitaire, no Parc National de La Mauricie, província de Quebec, no Canadá

Chegando ao belíssimo Lac Solitaire, no Parc National de La Mauricie, província de Quebec, no Canadá


A segunda surpresa foi a estrutura do parque. Dezenas de trilhas muito bem marcadas, uma estrada asfaltada que atravessa toda a parte sul do parque, abrigos bem construídos ao longo das trilhas mais longas, mapas detalhados e painéis explicativos com informações relevantes sobre fauna, flora, geologia e outros assuntos, espalhados pelo parque. Coisa de primeiro mundo.

O maravilhoso Lac Solitaire, no Parc National de La Mauricie, na província de Quebec, no Canadá

O maravilhoso Lac Solitaire, no Parc National de La Mauricie, na província de Quebec, no Canadá


O maravilhoso Lac Solitaire, no Parc National de La Mauricie, na província de Quebec, no Canadá

O maravilhoso Lac Solitaire, no Parc National de La Mauricie, na província de Quebec, no Canadá


O Parc de La Mauricie é frequentado no verão por amantes do trekking, ciclistas ou famílias em busca de um bom banho de lago. No inverno, são os esquiadores que procuram o parque para a prática do cross-country. Assim, para os amantes da natureza, há programas o ano todo!

Delicioso banho no Lac Solitaire, no Parc National de La Mauricie, província de Quebec, no Canadá

Delicioso banho no Lac Solitaire, no Parc National de La Mauricie, província de Quebec, no Canadá


Nós, seguindo o roteiro traçado pela simpática guarda-parque, passamos por alguns mirantes, ainda de carro, para observar o rio e alguns lagos e chegamos ao início de uma trilha que nos levaria ao Lac Solitaire, no meio de montanhas. Uma agradável caminhada de poucos quilômetros e pouca inclinação, sempre na sombra agradável das matas nos levou até lá. Paisagem magnífica, bem a cara do Canadá do verão que vemos em filmes: um lago de águas cinematográfico de águas bem calmas cercado por uma mata verdejante que cresce sobre as montanhas (imagino que no inverno a paisagem mude completamente!).

Trilha no Parc National de La Mauricie, província de Quebec, no Canadá

Trilha no Parc National de La Mauricie, província de Quebec, no Canadá


Trilha no Parc National de La Mauricie, província de Quebec, no Canadá

Trilha no Parc National de La Mauricie, província de Quebec, no Canadá


No alto de uma pedra, bem no primeiro ponto de onde pudemos ver o lago lá embaixo pela primeira vez, aí paramos para a primeira metade do nosso piquenique, com aquele maravilhoso cenário na nossa frente. Os sanduíches ficaram até mais gostosos, hehehe!

Praia em um dos lagos do Parc National de La Mauricie, província de Quebec, no Canadá

Praia em um dos lagos do Parc National de La Mauricie, província de Quebec, no Canadá


Depois, foi descer até o lago para um mergulho inesquecível em suas águas quase virgens. O incrível é que, entre todas as pessoas que encontramos no caminho (umas dez), fomos os únicos a entrar no lago. Incrível mesmo, pois a água nem estava fria e a beleza era indescritível. Um pecado, não nadar ali. Vai entender esses canadenses...

Painel informativo sobre o processo de formação das paisagens do Parc National de La Mauricie, província de Quebec, no Canadá, durante a última era glacial

Painel informativo sobre o processo de formação das paisagens do Parc National de La Mauricie, província de Quebec, no Canadá, durante a última era glacial


Depois do banho, outro pedaço de caminhada, mais mata e muitos mirantes para outros lagos no caminho. Poderíamos ter optado por trilhas mais longas, que nos levariam até a beira de outros lagos, quiçá para mais mergulhos. Mas ainda tínhamos muitas outras atrações pela frente, além de ainda ter de pegar estrada. Ficamos na trilha mais curta mesmo.

Os lagos e magníficas paisagens do Parc National de La Mauricie, província de Quebec, no Canadá

Os lagos e magníficas paisagens do Parc National de La Mauricie, província de Quebec, no Canadá


Novamente no carro, fomos percorrendo a estrada que atravessa o parque, parando aqui e ali nos diversos mirantes e atrações. Entre elas, uma praia de lago muito frequentada por famílias. Mas, depois do nosso banho privado no maravilhoso “Lago Solitário”, não animamos muito naquela praia cheia de gente. Seguimos em frente até o ponto mais alto da estrada, de onde se observa vários lagos e com diversos painéis explicativos de como as enormes geleiras da última era glacial moldaram o relevo da região, transformando rios em lagos e antigas passagens em vales fechados. Cada vez ais vamos nos impressionando com o “poder de ação” dessas geleiras. Nenhum lugar do Canadá e do norte dos Estados Unidos escapou de sua ação há 20 mil anos. Também, eram quilômetros de gelo passando sobre a mais alta das montanhas. Que força tem a natureza!

Cachoeira no Parc National de La Mauricie, província de Quebec, no Canadá

Cachoeira no Parc National de La Mauricie, província de Quebec, no Canadá


No meio do caminho, tinha uma cobra! (no Parc National de La Mauricie, província de Quebec, no Canadá)

No meio do caminho, tinha uma cobra! (no Parc National de La Mauricie, província de Quebec, no Canadá)


Seguimos pela estrada e, muitos lagos depois, chegamos a um ponto para fazer nova trilha. O objetivo agora era chegar a uma cachoeira. Ela nem se mostrou muito bonita, mas o caminho até lá, esses sim valeu a pena. Lagos espelhados, pequenos riachos pelo meio da mata e até uma cobra no nosso caminho. Achamos um recanto bem agradável para a segunda parte do nosso piquenique, ao lado de um simpático riacho e, quem apareceu para nos acompanhar foi um pato desavergonhado, Vinha pedir comida como se fosse cachorro. Com tanta insistência, ganhou fotos e algumas migalhas...

Admirando paisagem do Parc National de La Mauricie, província de Quebec, no Canadá

Admirando paisagem do Parc National de La Mauricie, província de Quebec, no Canadá


O pato interesseiro que tentou ficar nosso 'amigo' durante um piquenique no Parc National de La Mauricie, província de Quebec, no Canadá

O pato interesseiro que tentou ficar nosso "amigo" durante um piquenique no Parc National de La Mauricie, província de Quebec, no Canadá


Enfim, dia delicioso no parque. Se eu viesse morar em Quebec (o que não é má ideia!), seriam vários verões para conhecer cada trilha desse e dos outros parques da província. Programas de aventura não faltariam! Só iria precisar aprender a esquiar, para poder aproveitar no inverno também, hehehe

Fim de tarde e de caminhada no Parc National de La Mauricie, província de Quebec, no Canadá

Fim de tarde e de caminhada no Parc National de La Mauricie, província de Quebec, no Canadá


Saímos do parque já nas últimas luzes do dia. Resolvemos seguir viagem até onde desse, o mais perto possível de outro parque nacional, já bem mais a oeste, o Mont-Tremblant. Famosíssimo pelas pistas de esqui, no inverno, o parque é o mais bem estruturado e frequentado do leste do Canadá também no verão. Conseguimos chegar até Rawdon, perto das 11 da noite. Vamos dormir felizes, não só pelo dia que tivemos, mas porque estamos bem mais perto do nosso destino de amanhã!


Nosso caminho no dia de hoje

Canadá, Quebec, Parc National de La Mauricie, Parque, Rawdon, trilha

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Haiti: Passado, Presente e...

Haiti, Port-au-Prince

Dirigindo pelas ruas de Cap-Haitien, a segunda maior cidade do Haiti

Dirigindo pelas ruas de Cap-Haitien, a segunda maior cidade do Haiti


A história moderna do Haiti começou em 1492, com a chegada de Cristóvão Colombo. Antes de retornar à Europa, ele fundou na costa norte do futuro país a vila La Navidad, a primeira tentativa de povoamento europeu no Novo Mundo. Apesar do nome tão pacífico, seus habitantes não o eram, matando e escravizando os indígenas e violentando suas mulheres. Os mesmos indígenas que haviam recebido tão amistosamente os exploradores europeus. Um dos principais líderes dos Tainos, os índios que habitavam a ilha, era uma jovem, formosa e inteligente mulher, chamada Anacaona. Uma “cacica”, cuja admiração inicial pelos espanhóis logo deu lugar ao ódio, ao perceber como seu povo era tratado pelos invasores. Anacaona organizou um exército que exterminou os espanhóis de La Navidad, pensando ter-se livrado da ameaça. Doce ilusão! Eles não pararam mais de chegar e a resistência indígena foi se enfraquecendo frente à superioridade militar dos europeus. Por fim, o governador da ilha, após pedir um encontro pacífico com os líderes indígenas, os matou quase a todos em uma emboscada. Anacaona escapou, mas acabou capturada após três meses de buscas. Seus companheiros foram todos condenados à morte, mas ela teve a escolha de sobreviver, se aceitasse tornar-se uma concubina de um dignitário espanhol. Preferiu a honra e seus companheiros e foi enforcada em praça pública.

Dirigindo pelas ruas de Cap-Haitien, a segunda maior cidade do Haiti

Dirigindo pelas ruas de Cap-Haitien, a segunda maior cidade do Haiti


Duas gerações mais tarde, os Tainos estavam extintos e eram substituídos por negros africanos. Por algum tempo, os dois povos coexistiram, o suficiente para que os africanos herdassem dos Tainos parte de sua cultura e linguagem. Aparentemente, herdaram também o sofrimento que os índios passaram, pois nos próximos séculos, seriam eles as maiores vítimas da história da ilha. Já os espanhóis, mais interessados em Cuba e no México, abandonaram a parte ocidental da ilha de Hispaniola, o futuro Haiti, e ela foi prontamente ocupada por colonizadores franceses. As fazendas começaram produzindo, cacau, tabaco e algodão, mas foi a chegada do açúcar e café que trouxe riqueza à colônia, rapidamente transformando-a na mais rica de todo o Caribe. Pouco antes da Revolução Francesa, 40% do açúcar e 60% do café consumidos na Europa eram produzidos no Haiti. A produção dessa única colônia superava a soma da produção de todas as colônias inglesas nas Antilhas.

Dirigindo pelas ruas de Cap-Haitien, a segunda maior cidade do Haiti

Dirigindo pelas ruas de Cap-Haitien, a segunda maior cidade do Haiti


É claro que toda essa riqueza, produzida por mão de obra escrava, era dividida apenas entre os colonizadores brancos e a nascente classe de mestiços, ou “gens de couleur”, em francês. Eram cerca de 700 mil escravos contra 30 mil pessoas livres, entre brancos e mestiços (filhos de senhores de escravos com suas concubinas negras). As condições de vida dos escravos do Haiti estavam entre as mais duras do Caribe e seu alto número só podia ser mantido por um enorme fluxo de novos escravos vindos da África. Nessa época, o Haiti era o destino de cerca de um terço dos escravos saídos da África. Na ilha, a vida era dura e curta, mal dando tempo para uma “produção local”. A consequência disso é que a população negra da ilha ainda tinha fortes raízes africanas, pois quase todos tinham nascido naquele continente. Por isso, a religião conhecida como “vudu”, uma espécie de mistura de ritos católicos com crenças africanas, se manteve forte na ilha.

Dirigindo pelas ruas de Cap-Haitien, a segunda maior cidade do Haiti

Dirigindo pelas ruas de Cap-Haitien, a segunda maior cidade do Haiti


Para controlar uma população vinte vezes mais numerosa, os senhores de escravos eram extremamente violentos, e castigos como a morte no caldeirão de água fervente ou jogar um negro ferido e amarrado sobre insetos famintos eram uma prática comum. A Revolução Francesa e os ideais de igualdade vieram romper o frágil e tenso equilíbrio que existia nessa sociedade e uma revolta sangrenta se seguiu. Por fim, Robespierre aboliu a escravidão em suas colônias e os negros haitianos até mesmo auxiliaram o exército francês contra invasões espanholas e inglesas. Mas veio Napoleão e tudo mudou. O novo monarca tentou reinstituir a escravidão, mas ninguém voltaria a ser escravo sem uma boa luta.

Dirigindo pelas ruas de Cap-Haitien, a segunda maior cidade do Haiti

Dirigindo pelas ruas de Cap-Haitien, a segunda maior cidade do Haiti


Na verdade, a luta foi umas das mais sangrentas e bárbaras em toda a história do continente, atrocidades cometidas de lado à lado. Por fim, com a ajuda de surtos de malária e febre amarela que dizimaram o exército de Napoleão, os franceses foram expulsos e o Haiti tornou-se a segunda nação livre do continente, depois dos Estados Unidos, em 1804. Mas, triste ironia, os Estados Unidos não reconheceram a nova nação, já que um país governado por negros livres era uma ameaça aos escravagistas que ainda imperavam nos estados do sul dos EUA. Foi apenas durante a Guerra Civil Americana, sessenta anos mais tarde, que os Estados Unidos reconheceram o governo do Haiti. Infelizmente, o problema não foi apenas com os Estados Unidos, mas também com os países europeus, também preocupados com o simbolismo da nova nação. França e Inglaterra se uniram para bloquear qualquer tipo de comércio com o Haiti, até que esse aceitasse pagar indenizações à antiga metrópole, para compensar sua perda de “patrimônio”, em terras e escravos.

Dirigindo pelas ruas de Cap-Haitien, a segunda maior cidade do Haiti

Dirigindo pelas ruas de Cap-Haitien, a segunda maior cidade do Haiti


Vinte anos após sua independência, asfixiado economicamente, o Haiti cedeu negociou o pagamento de uma indenização. Para poder pagar, contraiu enormes empréstimos, comprometendo por décadas seu desenvolvimento econômico. Aqui, é triste lembrar, mas até mesmo as novas nações que foram surgindo nas Américas boicotaram o Haiti. Suas elites governantes também temiam o país governado por negros. Por isso, o segundo mais antigo país livre do continente permaneceu, por quase um século, isolado de seus próprios vizinhos.

Dirigindo pelas ruas de Cap-Haitien, a segunda maior cidade do Haiti

Dirigindo pelas ruas de Cap-Haitien, a segunda maior cidade do Haiti


Bom, nem toda a culpa de seus problemas vinham do exterior. Por quase um século, o país foi governado por ditadores sangrentos, corruptos e ineficientes, numa sucessão interminável de golpes de estado. Quando finalmente houve um período de estabilidade política e econômica, no final do século XIX, o Haiti até se tornou um exemplo de desenvolvimento econômico para países da América Latina. Também a área cultural, literatura e pintura, atraiam a atenção de seus pares pelo mundo afora. Infelizmente, esse período foi a exceção. O início do século XX trouxe nova sequência de golpes, instabilidade política e econômica e até mesmo uma ocupação americana, entre 1915 e 1934. Entre erros e acertos, os americanos criaram o sistema de estradas do país e uma polícia nacional. Quando finalmente deixaram o Haiti, a alegria não durou muito: novos golpes e ditaduras se seguiram. Até que, em 1956, chegou ao poder François Duvalier.

Dirigindo pelas ruas de Cap-Haitien, a segunda maior cidade do Haiti

Dirigindo pelas ruas de Cap-Haitien, a segunda maior cidade do Haiti


Mais conhecido como “Papa Doc”, o até então pacato médico se transformou em um dos mais sanguinários e terríveis ditadores que esse continente já conheceu (e olha que não foram poucos...). Ele governou com mão-de-ferro por 15 anos, contando com a ajuda da polícia secreta, uma verdadeira milícia armada de bandidos conhecida como Tonton Macoutes, o nome dado ao “bicho-papão” na religião vudu. Agindo com total impunidade, matavam adversários políticos e oposicionistas, praticavam extorsão contra empresários, torturavam e violentavam.

Dirigindo pelas ruas de Cap-Haitien, a segunda maior cidade do Haiti

Dirigindo pelas ruas de Cap-Haitien, a segunda maior cidade do Haiti


Com um “apoio” desse, Papa Doc não foi desafiado até a sua morte, em 71. O poder foi herdado pelo seu filho de apenas 19 anos, Baby Doc, uma versão mais branda de seu pai. Ele manteve o poder também por 15 anos quando, em uma grave crise econômica e sob grande pressão internacional, deixou o país. Ele se foi, mais milionário do que nunca. Mas o país estava em frangalhos. O Haiti tinha chegado ao fundo do poço? Não, nada está tão ruim que não possa ser piorado... Nova sequência de juntas militares, governos corruptos e instabilidade política levaram o país ao caos econômico e social, com as forças policiais não conseguindo mais manter a ordem nas ruas. Foi pedida a intervenção da ONU.

Dirigindo pelas ruas de Cap-Haitien, a segunda maior cidade do Haiti

Dirigindo pelas ruas de Cap-Haitien, a segunda maior cidade do Haiti


Os primeiros contingentes das Nações Unidas chegaram há dez anos, capitaneados por forças brasileiras. Inicialmente, eram forças de manutenção da ordem, mas depois as funções se ampliaram para obras de infraestrutura e saúde. Houve enfrentamentos armados, principalmente na “pacificação” de Cite Soleil, a maior e mais perigosa favela de Port-au-Prince, tarefa dos soldados brasileiros (estavam “treinando” para o Complexo do Alemão...). A ordem começou a voltar ao país e a esperança reapareceu. Mas ainda não era a hora. Pelo menos, não para a mãe-natureza. Em 2010, o mais mortífero terremoto dos últimos séculos atingiu em cheio a capital, matando mais de 200 mil pessoas e jogando o país em uma crise humanitária sem precedentes. Com ajuda das forças da ONU estacionadas no país e de doações internacionais o país, mais uma vez, começou a se levantar. Será que agora vai?

Dirigindo pelas ruas de Cap-Haitien, a segunda maior cidade do Haiti

Dirigindo pelas ruas de Cap-Haitien, a segunda maior cidade do Haiti


Em meados de 2011 assumiu o último presidente eleito, um popular músico conhecido como “Sweet Micky”. Dois anos depois de sua posse, pelo que pudemos notar, o governo é bem popular. Aparentemente, Micky está jogando todas as suas forças na educação e nós somos testemunhas da enorme quantidade de crianças nas ruas indo e voltando uniformizadas de suas escolas. É uma visão alentadora! Nessa viagem, acho que nunca tínhamos visto tantas crianças indo estudar. Além disso, pelo menos nas conversas que tivemos por aqui, conhecemos vários haitianos que estão regressando do exterior para ajudar a reconstruir a economia do país. Foi gente que saiu na época dos anos de chumbo de Duvalier e que venceram na vida em outros países. Agora, sentem que é a hora de voltar. Há um sentimento no ar que as coisas vão melhorar.

Dirigindo pelas ruas de Cap-Haitien, a segunda maior cidade do Haiti

Dirigindo pelas ruas de Cap-Haitien, a segunda maior cidade do Haiti


Será que vão mesmo? Olhando a história do país, é difícil acreditar. Mas, pensando bem, a história não precisa se repetir! A efervescência cultural que vemos nas ruas, a quantidade de arte produzida e vendida nas esquinas, as crianças indo para as escolas, os haitianos que voltam da diáspora trazendo na bagagem a experiência de ter vivido e vencido em outros países e culturas, a presença de um sem-número de ONGs que estão aqui para ajudar e cooperar, tudo isso pode se somar para criar um círculo virtuoso de crescimento em uma terra tão cheia de oportunidades e com um “material humano” tão rico. Pode ser inocência ou empolgação nossa, na linha de frente de um turismo que começa a renascer no país, mas achamos, sinceramente, que agora vai. Viva o Haiti!

Dirigindo pelas ruas de Cap-Haitien, a segunda maior cidade do Haiti

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Haiti, Port-au-Prince, história

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