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Karina (27/09)
Olá, também estou buscando o contato do barqueiro Tatu para uma viagem ...
ozcarfranco (30/08)
hola estimado, muy lindas fotos de sus recuerdos de viaje. yo como muchos...
Flávia (14/07)
Você conseguiu entrar na Guiana? Onde continua essa história?...
Martha Aulete (27/06)
Precisamos disso: belezas! Cultura genuína é de que se precisa. Não d...
Caio Monticelli (11/06)
Ótimo texto! Nos permite uma visão um pouco mais panorâmica a respeito...
A Fiona desbravando a estrada Top of The World Highway, já no lado canadense da rodovia
Depois do show cósmico de ontem, nos demos ao luxo de dormir até mais tarde, já que a viagem de hoje não era longa, entre Tok, no Alaska, e Dawson City, no Canadá. A estrada que liga as duas cidades tem o singelo nome de “Top of The World Highway”, certamente devido ao fato de que é uma das rodovias em latitudes mais ao norte das Américas e do mundo. Mas não é só por causa disso não, mas também porque em boa parte dela estamos sobre a crista de montanhas, com vistas maravilhosas para vales e planícies que nos rodeiam.
Percorrendo a estrada Top of The World Highway, entre Tok, no Alaska, e Dawson City, no Yukon - Canadá
Percorrendo a estrada Top of The World Highway, entre Tok, no Alaska, e Dawson City, no Yukon - Canadá
Boa parte da rodovia é em estrada de terra (ou “gravel”, como dizem aqui), tanto em território americano como canadense. Até mesmo o posto de fronteira está num trecho assim, completamente perdido no mundo, certamente a border-crossing mais roots entre esses dois países. Estados Unidos e Canadá tem a mais longa fronteira desmilitarizada do mundo, um ótimo exemplo de convivência entre dois países. Mas não foi sempre assim...
Moradia típica ao longo da estrada Top of The World Highway, ainda do lado do Alaska
Os maiores problemas se deram em 1812, quando o Canadá ainda era britânico. As escaramuças de fronteira se escalaram em guerra aberta em que ninguém ganhou e apenas os índios perderam. Os EUA tiveram sua capital federal invadida e queimada e o Canadá, diante de tanto sofrimento, formou sua identidade de nação. Nos acordos ao final da guerra, as fronteiras foram definitivamente marcadas e não houve mais problemas. Quer dizer, não nessa parte da fronteira...
Fiona bem empoeirada (nem se vê mais a América do Sul!), depois de muitos quilômetros na estrada Top of The World Highway, no Alaska
Acontece que os Estados Unidos compraram o Alaska e ganharam de brinde mais alguns milhares de quilômetros de fronteira com o país vizinho. Ao fazer a compra dos russos, os antigos “proprietários”, aceitaram os termos de um tratado que definia a fronteira num meridiano qualquer. É por isso que a fronteira entre o Alaska e o Canadá é “reta”. Foi uma divisão matemática entre britânicos e russos sobre áreas de caça, já que era o comércio de pele que movimentava a economia da região. Nas primeiras décadas após a compra, não houve problemas de fronteira, já que os americanos pouco se preocupavam com seu novo território, umas terras perdidas perto do Polo Norte. Mas tudo mudaria em 1896, com o início da Klondike Gold Rush, a última grande corrida do ouro da história.
Na verdade, estamos deixando o Alaska, na estrada Top of The World Highway
A história desse Gold Rush, vou falar no próximo post, quando contar sobre Dawson City, a cidade que foi criada do nada para abrigar as dezenas de milhares de pessoas que chegaram atrás da fortuna fácil (só no sonho...). Mas uma das consequências dessa corrida e súbito interesse na região foram novos problemas de fronteiras. Toda a região costeira onde estavam os portos que davam acesso às pessoas e mercadorias rumo ao novo El Dorado passou por um grande boom e, obviamente, atraiu os interesses das duas nações. Esta área estava no lado “canadense” do meridiano, mas tinha sido ocupada historicamente pelos russos. Felizmente, a pendência não foi resolvida por uma guerra, mas por uma arbitragem internacional que acabou favorecendo os Estados Unidos. É por isso que o Alaska tem aquela língua de terra avançando sobre o Canadá. Aí já estava a capital russa do Alaska, a cidade de Sitka, assim como os principais portos de acesso à região do Klondike, onde o ouro foi descoberto. Rapidamente, o governo do Canadá apressou-se em ocupar a região onde o próprio ouro estava sendo minerado, para não arriscar perder essa área também. Afinal, quase 70% das pessoas que chegaram à região em busca de ouro eram americanos e não demoraria muito para pedir a anexação da área à pátria amada. O exemplo do Texas (antigo território mexicano) estava apenas há poucas décadas de distância...
Devorando um delicioso morango na viagem pela estrada Top of The World Highway, entre EUA e Canadá
As medidas do governo canadense para se fazer notar na região foram, desde um rígido controle das fronteiras para os americanos que se dirigiam à Dawson e um autoridade policial efetiva da nova metrópole, até a construção de novas rotas de acesso àquela área. Foi dessa época o início da marcação do caminho, que acabou virando trilha, que evoluiu para uma estrada, que ganhou o nome de Top of The World Highway, ligando regiões auríferas canadenses com a fronteira com o Alaska, de onde se atingia novas áreas mineradoras. Para não ficar atrás, o governo americano também fez a sua parte da estrada e, com isso, hoje, pode-se dirigir por uma rodovia muito mais ao norte que a própria e lendária Alaska Highway. Quer dizer, só durante alguns meses do ano, pois quando o clima daqui começa a esfriar, eles rapidamente fecham a estrada, para não precisar fazer a manutenção de uma rota por onde passam tão poucos carros.
Um simpático porco-espinho atravessa a estrada Top of The World Highway, entre EUA e Canadá
Pois é, a gente passou na véspera do fechamento e, ao longo dos cerca de 270 km da rodovia, cruzamos menos de uma dezena de veículos. Ao contrário, ao invés de sinais da civilização, vimos foi muita natureza, um horizonte vasto, planícies e montanhas cortadas por rios que já foram escrutinados cuidadosamente em busca do vil metal, mas que hoje podem respirar tranquilos novamente.
As belas paisagens da rodovia Top of The World Highway
Quem pode respirar tranquilo novamente também são os caribous, caçados à exaustão nessa região, mas que agora estão protegidos. De uma manada com mais de 500 mil indivíduos na década de 30, a população encolheu para poucos milhares, com grave risco de extinção. Felizmente, o bom senso chegou à tempo e, com a ajuda de vários programas de restauração, a espécie vem se recuperando. Depois de muitas décadas sem que isso acontecesse, um pequeno grupo foi visto cruzando o rio Yukon, na antiga e milenar rota anual de migração. Na sua época áurea, dizem, esse evento, com dezenas e dezenas de milhares de caribous, chegava a parar a água do rio. Uma visão inesquecível, segundo os testemunhos da época.
Placa informativa sobre os caribous, típico animal dessa parte do Alaska e do Canadá
Desde os tempos de América Latina que não pegávamos uma estrada com tanta poeira. A Fiona matou a saudade, mas ficou suja prá burro. Mas nós três sentíamos falta disso, nessa América tão civilizada que é a do Norte. O posto de fronteira, que mencionei lá em cima, nesse post, nem parecia a linha divisória de EUA e Canadá, mas talvez, as fronteiras de Nicarágua e Honduras ou Paraguai e Bolívia. Bom, só na aparência e jamais na eficiência! Foram poucos minutos para deixarmos os EUA para trás e adentramos o Canadá pela terceira vez nesses 1000dias. Sempre muito bem recebidos, diga-se!
O posto de fronteira mais roots na longa fronteira entre EUA e Canadá
As belas paisagens da rodovia Top of The World Highway
O último obstáculo para chegar à Dawson, depois de mais uma hora de paisagens magníficas, era cruzar o rio Yukon, um dos três maiores do continente, junto com o Mississipi e o Mackenzie. Foi por ele que chegaram (ou tentaram chegar!) a enorme maioria das cerca de 100 mil pessoas que partiram do sul rumo à Dawson, durante a corrida do ouro de 115 anos atrás. A cidade fica do outro lado do rio e não há pontes para atravessá-lo, mas uma balsa. Outra vez, reminiscências da nossa América Latina, especialmente do Brasil, onde por tantas vezes cruzamos esses rios lagos em balsas.
Chegando ao majestoso rio Yukon, onde está Dawson City, no Canadá
Uma balsa faz a travessia de veículos através do rio Yukon, em Dawson City, no Canadá
Chegamos em Dawson, a única cidade com personalidade nessa parte do mundo, no final da tarde. Na temporada, ouvimos falar, ela fica repleta de turistas em busca da rica história da região. Mas agora não, era apenas a verdadeira Dawson, com seus saloons, suas calçadas de madeira e sua arquitetura de faroeste. Nós nos instalamos em um hotel num prédio quase centenário e saímos em busca de um bar para celebração de uma data importantíssima: o aniversário da Ana.
O rio Yukon, ao lado de Dawson City, no noroeste do Canadá
Prédio em Dawson City, no Yukon Territory, noroeste do Canadá
Pois é, esse também foi um dos motivos que nos fez mudar de roteiro. Queríamos estar em uma cidade com alma para poder celebrar o aniversário dela. E por aqui, Dawson era o melhor lugar para isso, com certeza! Assim, a comemoração que começou com o presente cósmico lá em Tok, terminou com cervejas geladas em um dos muitos bares de Dawson, cidade com 115 anos de tradição nesse setor. Foi uma maneira de tornar inesquecível a terceira passagem de anos na estrada da minha esposa amada e aventureira. Tin-tin!
Celebrando em grande estilo a chegada à Dawson City, no Yukon Territory, noroeste do Canadá
Olá Rodrigo...parabens pelo blog, muito legal. Estou pensando em ir para o canada e fazer um tour, conhecer lugares assim como voces fizeram. Uma curiosidade, Em Dawson City, plas foto parece nem ter fiscalizacao da imigração por lá. Como foi essa passagem por aquelas bandas??? Quais outras cidades mais perto dos lados canadense e americano. É fáceil aquisição de combustivel para o carro. Me fale um pouco sobre essa área. Espero resposta...abraços
Jura.
Resposta:
Oi Jurandir
Existe sim um controle de imigração em um pequeno posto na estrada se terra que faz a ligação entre o Canadá e Alaska naquela latitude. O posto e a estrada ficam fechados de setembro até o início do verão, por causa da neve e do frio.
Não há cidades lá perto. Fairbanks no Alaska e Yellowstone Knife no Canadá. Mesmo assim, com bom planejamento, não há problemas de combustível. Só não pode entra na estrada com o tanque meio vazio!
A região é muito linda. Vale a pena chegar até lá!
Um abraço e não hesite em perguntar se tiver mais dúvidas
Mais uma vez aprendi muito. Além das fotos maravilhosas, um texto muito bom. Também gosto de saber "coisas" dos lugares por onde passo.
Mais uma vez, muitas felicidades para a Ana , que venham mais e mais viagens.
Abraços
Resposta:
Oi Mabel
O texto sempre fica mais interessante quando, além de fotos, conseguimos colocar informações e curiosidades sobre aquele local. Então, quando aprendemos algo, tratamos de repassar isso também, hehehe
Abs
Parabéns ao casal antes de tudo ! Muito legal a viagem e o registro dessa aventura de vocês, estou me sentindo como um integrante dessa "trupi" maravilhosa. Ana, Parabéns pelo aniversário, tudo de bom para você, muitas felicidades. Ao Rodrigo, parabéns pelo trajeto e pelo desvio, para localizar um lugar agradável para celebrar o aniversário da Ana, que atitude 10. Felicidades ao casal.
Resposta:
Olá Tuba
Seja bem vindo à "trupi"! Qualquer dica, crítica , ideia ou elogio será sempre muito bem vindo!
Um grande abraço e a Ana manda um beijo
A Ana desejamos outros milhares de dias de muita felicidade, juntamente com muita saúde para poder aproveitar com Rodrigo todo este espírito aventureiro que voces tem.
Abraços de Silvan e Claudinha
Resposta:
Olá Silvan e Claudinha
Muito obrigado pelos votos e seguimos todos em frente!!!
Um grande abraço para vocês
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