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Um Dia em Santiago - Blog do Rodrigo - 1000 dias

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Um Dia em Santiago

Chile, Santiago

Santiago, capital do Chile, em frente ao Museu de Bellas Artes

Santiago, capital do Chile, em frente ao Museu de Bellas Artes


Santiago foi fundada no início da colonização espanhola no Chile, por volta de 1540, e sempre foi a principal cidade do país, assim como sua capital, logo que o Chile tornou-se independente, no início do séc. XIX. Mesmo assim, permaneceu uma cidade pequena e tranquila até o século passado, quando passou a se desenvolver e crescer rapidamente, principalmente devido a forte imigração de chilenos do interior do país. Hoje, com mais de 5 milhões de pessoas, ele concentra um terço de todos os habitantes do Chile.

Vista de Santiago, capital do Chile, na subida do Cerro San Cristobal

Vista de Santiago, capital do Chile, na subida do Cerro San Cristobal


Vista de Santiago, capital do Chile, do alto do Cerro Santa Lucia

Vista de Santiago, capital do Chile, do alto do Cerro Santa Lucia


Localizada no chamado “Vale Central”, espremida entre os Andes e a Cordilheira da Costa, a cidade é praticamente plana. A exceção são alguns pequenos “Morros-Ilha”, cumes de antigas montanhas que sobreviveram ao processo de sedimentação que preencheu o Vale Central com material trazido das cordilheiras ao seu redor, ao longo de milhares de anos. Estes “Cerros” são, em sua maioria, parques da cidade, verdadeiros oásis verdes no meio do gigantesco vale urbanizado. Trazem um pouco de ar puro a uma cidade que tem uma das atmosferas mais poluídas da América Latina, concorrendo com São Paulo e Cidade do México. O problema daqui é que os gases produzidos pelo intenso tráfego ficam presos entre os Andes e a Cordilheira da Costa, não tendo para onde escapar, principalmente no inverno, quando o fenômeno da inversão térmica é mais comum.



Santiago não é apenas a maior cidade, mas também o principal centro administrativo, financeiro, gastronômico e cultural do país, sede de inúmeras universidades, museus, bibliotecas e onde se encontram os melhores restaurantes e os mais imponentes prédios históricos. Enfim, apesar da poluição, é uma cidade que tem muito a oferecer aos visitantes e turistas. Ninguém vai se arrepender de passar alguns dias por aqui!

Despedida da Andrea, em Santiago, capital do Chile

Despedida da Andrea, em Santiago, capital do Chile


Com o Pablo, subindo de funicular o Cerro San Cristobal, em Santiago, capital do Chile

Com o Pablo, subindo de funicular o Cerro San Cristobal, em Santiago, capital do Chile


Essa era exatamente a nossa ideia original: passar alguns dias por aqui. Mas o episódio do roubo em La Serena, assim como o belo dia que passamos no Valle del Elqui mudaram nossos planos. Só conseguimos chegar por aqui ontem no final da tarde e já voamos para a Ilha de Pascoa amanhã cedo. Restou-nos, então, o dia inteiro de hoje para explorar essa metrópole. Quer dizer, vamos ter uma segunda chance quando voltarmos de Páscoa, mas também não poderemos nos enrolar muito já que temos outro compromisso com data marcada nos esperando em Buenos Aires (o navio para a Antártida!). Enfim, tínhamos de tirar o melhor de hoje!

Subindo de funicular o Cerro San Cristobal, em Santiago, capital do Chile

Subindo de funicular o Cerro San Cristobal, em Santiago, capital do Chile


Com os amigos chilenos Pablo e Andrea no topo do Cerro San Cristobal, em Santiago, capital do Chile

Com os amigos chilenos Pablo e Andrea no topo do Cerro San Cristobal, em Santiago, capital do Chile


Para nossa sorte, não estávamos sozinhos nessa empreitada! O Pablo e a Andrea, nossos amigos chilenos, vieram até Santiago para nos guiar por aqui. Ainda vou fazer um post sobre eles, mas a sua companhia foi fundamental para que tivéssemos o dia eficiente que tivemos hoje. É sempre mais fácil conhecer uma grande metrópole como Santiago quando se está acompanhado de gente que nasceu e cresceu no lugar!

A famosa estátua de Nossa senhora no topo do Cerro San Cristobal, em Santiago, capital do Chile

A famosa estátua de Nossa senhora no topo do Cerro San Cristobal, em Santiago, capital do Chile


Em dia de muito fog e poluição, quase não se vê as montanhas andinas que circundam Santiago, capital do Chile, do topo do Cerro San Cristobal

Em dia de muito fog e poluição, quase não se vê as montanhas andinas que circundam Santiago, capital do Chile, do topo do Cerro San Cristobal


Nessa nossa primeira noite na cidade, ficamos hospedados no Hostel Forestal, muito bem localizado, a uma quadra da Alameda, a principal avenida de Santiago. Ontem de tarde ainda deu tempo de ir caminhar um pouco por ela, passar ao lado do Cerro Santa Lucia, onde a cidade foi fundada, percorrer o centro financeiro, passar em frente a um Palácio de La Moneda (sede do governo) em reformas e observar os estudantes saindo da universidade. Mas o grande passeio estava mesmo prometido para hoje e, logo cedo, o Pablo e a Andreia já nos encontraram no nosso hostel.

Caminhando pelo Parque Forestal, em Santiago, capital do Chile

Caminhando pelo Parque Forestal, em Santiago, capital do Chile


Prédio do Museu de Bellas Artes, em Santiago, capital do Chile

Prédio do Museu de Bellas Artes, em Santiago, capital do Chile


Ainda cheios de energia da noite bem dormida, começamos nossas explorações com o Cerro San Cristóbal, o mais alto daqueles “Morros-Ilha” no coração da cidade. Dez minutos de caminhada através do bairro Bellavista nos levaram até o pé do morro, onde pegamos o funicular, uma espécie de trenzinho, até o alto da montanha. Aí está a estátua de Nossa Senhora que é um dos cartões-postais mais conhecidos da cidade, um dos pontos que eu mais me lembrava da minha visita de 20 anos atrás. O monumento é de 1905 e tem pouco mais de dez metros de altura.

O imponente saguão do Mercado Central, em Santiago, capital do Chile

O imponente saguão do Mercado Central, em Santiago, capital do Chile


Restaurantes de mariscos no Mercado Central de Santiago, capital do Chile

Restaurantes de mariscos no Mercado Central de Santiago, capital do Chile


Do alto do San Cristóbal, em dias claros, tem-se uma das mais belas vistas de Santiago e das montanhas ao fundo. Mas esse não era o caso de hoje! A inversão térmica estava mais forte do que nunca e mal conseguíamos ver a silhueta das montanhas nevadas ao fundo. O que se podia ver, com toda a clareza, era a nuvem de fumaça que cercava a cidade. O ar que estávamos respirando... Enfim, pela manhã esse fenômeno tende a ser pior, a brisa do final de tarde dando um “respiro” para os santiaguinos.

Venda de patas de caranguejo no Mercado Central de Santiago, capital do Chile

Venda de patas de caranguejo no Mercado Central de Santiago, capital do Chile


Venda de lagostas no Mercado Central de Santiago, capital do Chile

Venda de lagostas no Mercado Central de Santiago, capital do Chile


Bom, se subimos o San Cristóbal de funicular, para descer fomos caminhando mesmo. Muitas trilhas cortam a mata refrescante e propiciam belos mirantes para os diversos lados da cidade, o Pablo e Andreia nos explicando a geografia de Santiago, assim como a divisão econômica entre os diversos bairros da cidade, ricos para lá e pobres para cá. Nada que já não tenhamos visto no Rio, São Paulo, Buenos Aires, ou Lima. Por aqui, o grande divisor de águas, ou de classes, é a Plaza Italia.

Passeio no mercado La Vega, em Santiago, capital do Chile

Passeio no mercado La Vega, em Santiago, capital do Chile


Passeio no mercado La Vega, em Santiago, capital do Chile

Passeio no mercado La Vega, em Santiago, capital do Chile


Meia hora de caminhada e chegamos ao nível da cidade novamente, quase ao lado de uma casa conhecida como La Chascona. Aí viveu Pablo Neruda, e a nossa visita à casa, que hoje é um museu, e ao restaurante onde almoçamos, também muito frequentado pelo escritor, vão merecer um post próprio.

Passeio no mercado La Vega, em Santiago, capital do Chile

Passeio no mercado La Vega, em Santiago, capital do Chile


Passeio no mercado La Vega, em Santiago, capital do Chile

Passeio no mercado La Vega, em Santiago, capital do Chile


Já alimentados, seguimos nossa caminhada pelo Paseo Forestal, uma deliciosa alameda toda sob a sombra de árvores que mais se parece um parque. Fomos até o Museu de Bellas Artes, um dos mais imponentes de Santiago. Como não tínhamos tempo para explorar o museu, foram só alguns minutos para ver seu salão central e tirar algumas fotos do seu bonito entorno. Foi nesse ponto que nos despedimos da Andrea, que está grávida e tinha consulta marcada com um médico na cidade onde vivem hoje, pouco mais de 100 km ao sul de Santiago. Ainda passaremos por lá antes de deixarmos o Chile definitivamente, então foi só um “Até logo!”. Ela se foi e o Pablo continuou conosco.

Antiga estação de trem de Santiago, capital do Chile

Antiga estação de trem de Santiago, capital do Chile


Admirando a estação Mapocho, antiga estação de trens de Santiago, hoje transformada em grande espaço de eventos, no Chile

Admirando a estação Mapocho, antiga estação de trens de Santiago, hoje transformada em grande espaço de eventos, no Chile


A próxima parada foi no charmoso Mercado Central. Hoje, ele é muito menos um mercado e mais um local cheio de restaurantes para turistas. Por falar neles, aí estavam às centenas, deliciando-se com os frutos do mar que fazem a fama do lugar. Ficamos impressionados com a quantidade de brasileiros no local, algo que não víamos há muito tempo. O prédio é muito bonito, centenário também, e um ponto de visita obrigatório para quem quer conhecer Santiago Melhor vir com fome, mas se já tiver almoçado, só a arquitetura e o clima do lugar já valem a pena!

caminhando na estação Mapocho, antiga estação de trens de Santiago, hoje transformada em grande espaço de eventos, no Chile

caminhando na estação Mapocho, antiga estação de trens de Santiago, hoje transformada em grande espaço de eventos, no Chile


Descansando na estação Mapocho, antiga estação de trens de Santiago, hoje transformada em grande espaço de eventos, no Chile

Descansando na estação Mapocho, antiga estação de trens de Santiago, hoje transformada em grande espaço de eventos, no Chile


Depois do mercado de mentira, fomos ao mercado de verdade, não muito longe dali, o Vega. Uma das melhores maneiras de se conhecer uma cidade ou país é visitando seus mercados. Aí temos noção do que se come, das frutas que crescem, dos hábitos das pessoas, como se vestem e até das flores que gostam nesse país/cidade que estamos visitando. É muito interessante também ver as pessoas que vivem na cidade fazendo suas compras, parte da rotina do seu dia-a-dia. É uma maneira de fugirmos dos turistas e vermos a cidade real. Enfim, foi meia hora de pura diversão e fotos entre os stands de frutas, verduras, queijos, flores e carnes, nos espremendo entre vendedores e compradores.

Arte nas ruas de Santiago, capital do Chile

Arte nas ruas de Santiago, capital do Chile


O tradicional bar La Piojera, em Santiago, capital do Chile

O tradicional bar La Piojera, em Santiago, capital do Chile


Depois desse caos inspirador, foi a hora de procuramos um lugar mais tranquilo, Afinal, a paz também inspira! O local escolhido foi a antiga estação de trens Mapocho, hoje transformada num magnífico espaço de eventos. Quase não havia visitantes e tivemos todo aquele imenso prédio para nós. A paz do presente contrastava com a balbúrdia do passado, quando milhares de pessoas passavam por ali diariamente, muitos deles migrantes chegando cheios de esperança a enorme capital que não arava de crescer. As fotos de uma exposição permanente que há ali nos deram uma boa ideia desses antigos e movimentados tempos.

O tradicional bar La Piojera, em Santiago, capital do Chile

O tradicional bar La Piojera, em Santiago, capital do Chile


E agora, já inspirados pelo caos e pela paz, faltava outro tipo de inspiração. A próxima parada foi em um dos mais tradicionais bares da cidade, o “Piojera”, um galpão no fundo de um beco onde centenas de santiaguinos fazem ponto diariamente, todo final de tarde. O estranho nome veio da fala de um antigo presidente do país, que uma vez foi convidado a vir aqui, para uma reunião política, lá nos distantes anos 20. Enojado com a aparência do local, reclamou: “Quem teve a ideia de vir nesta piojera?”. Sim, “piojera” quer dizer local cheio de piolhos! Enfim, o apelido pegou, a aparência do bar continuou a mesma e, ainda hoje, ele tem a fama e o movimento que tem, local preferido de estudantes, poetas, artistas e outros tipos boêmios.

Produção em série de 'Terremotos', no balcão do La Piojera, bar tradicional de Santiago, capital do Chile

Produção em série de "Terremotos", no balcão do La Piojera, bar tradicional de Santiago, capital do Chile


A famosa bebida 'Terremoto', no La Piojera, bar tradicional de Santiago, capital do Chile

A famosa bebida "Terremoto", no La Piojera, bar tradicional de Santiago, capital do Chile


A bebida mais vendida é o “terremoto”. É um coquetel leva vinho pipeño (ou vinho branco), sorvete de abacaxi, Fernet, Granadina, Rum e Conhac! Enfim, é uma mistura e tanto, quase explosiva, que faz jus ao nome do coquetel. Quem está na chuva, é para se molhar e nós tomamos o nosso terremoto enquanto nos divertíamos com a fauna local e com a arte nas paredes internas e externas do bar. Sem contar os garçons, que já são uma atração própria!

Servindo o famoso 'Terremoto', drinque típico do La Piojera, bar tradicional de Santiago, capital do Chile

Servindo o famoso "Terremoto", drinque típico do La Piojera, bar tradicional de Santiago, capital do Chile


Experimentando um 'Terremoto', a mais famosa bebida servida no La Piojera, bar tradicional de Santiago, capital do Chile

Experimentando um "Terremoto", a mais famosa bebida servida no La Piojera, bar tradicional de Santiago, capital do Chile


Mas nosso tour ainda não tinha terminado. Animados depois do terremoto, seguimos caminhando para a Plaza de Armas, onde fomos a catedral e caminhamos calle Ahumada, só para pedestres. Neste horário, estava lotada de santiaguinos voltando para casa e de turistas em busca de uma boa foto. No meio da rua, os artistas populares em busca do seu ganha pão. Assistimos a uma apresentação de danças típicas, a cueca (não confundir com a palavra em português!), que imita a corte que um galo faz a uma galinha.

A Catedral Metropolitana de Santiago, capital do Chile

A Catedral Metropolitana de Santiago, capital do Chile


Interior da Catedral Metropolitana de Santiago, capital do Chile

Interior da Catedral Metropolitana de Santiago, capital do Chile


O que não poderia faltar também, estando no Chile, são os chinchineros, artistas que são praticamente uma orquestra ambulante, não só de música, mas de dança. Pulando para lá e para cá, com seus tambores nas costas, são uma das cenas mais típicas deste país, principalmente nas ruas mais movimentadas de Santiago!

Show de cueca, dança típica, na calle Ahumada, no centro de Santiago, capital do Chile

Show de cueca, dança típica, na calle Ahumada, no centro de Santiago, capital do Chile


Os famosos músicos que cantam e dançam ao mesmo tempo, típicos de Santiago, capital do Chile

Os famosos músicos que cantam e dançam ao mesmo tempo, típicos de Santiago, capital do Chile


Acabou? Não! Ainda tínhamos tempo para subir o Cerro Santa Lúcia, ali do lado, para uma última vista da cidade, aproveitando que o ar estava mais limpo e que o sol ainda brilhava. Este Cerro é bem mais baixo que o San Cristóbal e não precisamos de funicular para subi-lo. É só apertar o passo. O esforço recompensou, não só com a vista da capital, mas agora sim, das montanhas nevadas no horizonte. Foi espetacular!

Pórtico de entrada do Cerro santa Lucia, em Santiago, capital do Chile

Pórtico de entrada do Cerro santa Lucia, em Santiago, capital do Chile


Vista de Santiago, capital do Chile, do alto do Cerro Santa Lucia

Vista de Santiago, capital do Chile, do alto do Cerro Santa Lucia


Agora sim, sensação de missão cumprida, caminhamos tranquilamente de volta ao nosso hostel. Recolhemos nossas coisas e pegamos a Fiona para seguir para a casa da mãe do Pablo, a Maria Ester. Ela nos convidou para passar a noite lá antes de viajarmos para a Ilha de Pascoa. A Fiona vai ficar guardada no seu quintal! Tudo parecia estar perfeito nesse nosso dia em Santiago. Infelizmente, ele ainda não havia terminado...

Muito romantismo no alto do Cerro Santa Lucia, em Santiago, capital do Chile

Muito romantismo no alto do Cerro Santa Lucia, em Santiago, capital do Chile

Chile, Santiago, Arquitetura, cidade, Cerro San Cristobal, Cerro Santa Lucia

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