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Nessa viagem dos 1000dias, por estarmos no nosso próprio carro e complet...
Nessa nossa longa viagem temos usado dois livros-guia para nos ajudar em ...
Rui Pereira (31/05)
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Bruno (30/05)
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Kely (30/05)
Que situação... :/ Que bom que não foi pior! Que bom poder se sentir e...
Jacques (30/05)
Oi Rodrigo, andavam sumidos! Olha, deu tudo certo. Aluguei uma Tiguan e ...
claudio (30/05)
Olá Rodrigo, O "chatinho" aqui se sente na obrigação de fazer uma pequ...
Subindo o rochedo Heimaklettur, ao lado de Vestmannaeyjum, na ilha de Heimaey, no sul da Islândia
Nosso dia aqui na ilha de Heimaey, no sul da Islândia, começou com um belo exercício: uma “escalaminhada” até o topo do mais alto rochedo da região, chamado Heimaklettur, com quase 300 metros de altura. Nas partes mais íngremes, principalmente no início, foram instaladas escadas de bombeiro para facilitar a subida. Depois, uma trilha estreita entre penhascos nos leva até o topo. No caminho, vistas magníficas do mar e da cidade de Vestmannaeyjar, que ficou lá embaixo.
Início da subida da montanha Heimaklettur, com ajuda de escadas nos trechos mais íngrimes (ilha de Heimaey, no sul da Islândia)
Subindo o rochedo Heimaklettur, ao lado de Vestmannaeyjum, na ilha de Heimaey, no sul da Islândia
Outra coisa que encontramos no caminho são ovelhas pastando tranquilamente a grama verde que cresce por lá. Pois é, se essas ovelhas estão lá, deve ter algum caminho mais fácil para chegar lá no alto. Afinal, não consigo imaginar elas subindo as escadas de bombeiros! Enfim, estão por lá e combinam muito bem com o ambiente, dando um tom mais bucólico à paisagem.
Ovelha pasta tranquilamente no rochedo Heimaklettur, na ilha de Heimaey, no sul da Islândia
Quem também esteve lá, mas já há mais de 1.200 anos, foi um dos últimos sobreviventes do grupo de escravos irlandeses que havia matado seu mestre na Islândia e se refugiado em Heimaey. Mas isso não os protegeu da fúria vingativa do irmão do viking assassinado. Ele os perseguiu até a ilha, matando cada um deles. Um dos últimos esconderijos foi exatamente no topo do rochedo Heimaklettur, mas o incansável viking o escalou para completar sua vingança. Entre o viking furioso e o penhasco, o desesperado escravo não teve dúvidas e se jogou lá de cima. É uma queda e tanto, posso agora dizer. Mas não seria pior que a espada do viking...
Bela vista durante a subida do rochedo Heimaklettur, na ilha de Heimaey, no sul da Islândia
No cume do rochedo Heimaklettur, na ilha de Heimaey, no sul da Islândia
Resolvemos deixar as ovelhas e o espírito do irlandês em paz e descemos de volta para a cidade. Agora era hora de visitar o museu de Vestmannaeyjar, com exposições históricas, geológicas e da vida selvagem da ilha. Com legendas em inglês, o que ajuda bastante! Tinha até uma exposição sobre como eram capturados, para depois seguirem para a panela, os pobres puffins.
Trilha para subir o Heimaklettur, montanha ao lado da cidade de Vestmannaeyjum, na ilha de Heimaey, no sul da Islândia
Mas foram outras duas exposições que nos atraíram mais. A primeira foi sobre a grande erupção de 1973, aquela que criou mais 2 km2 de terras para a ilha, sobre a qual nos caminhamos e dirigimos ontem. As fotos são espetaculares, a igreja que conhecemos hoje com uma montanha flamejante ao fundo. Mas, mais incrível que as fotos é a história. Após criar os novos terrenos para a ilha, o vulcão apontou seus torpedos contra a cidade. Um terço dela foi destruída. Mas o problema maior foi que um rio de lava corria em direção ao porto, o que o inviabilizaria para sempre. E é justamente do porto que vive a cidade e seus 4.500 habitantes. Se o porto fosse destruído, a ilha não seria mais viável economicamente. Então, durante semanas, os habitantes da ilha e o governo islandês lutaram contra a força de um vulcão. Bombeavam, sem parar, a água gelada do mar para mangueiras que eram apontadas contra o rio de lava, tentando esfriá-lo e solidificá-lo. Com muita força, determinação, planejamento e água gelada, eles conseguiram!!! Esfriaram parte do rio e conseguiram desviá-lo de seu caminho original, salvando o porto! Só por isso estamos hoje, aqui, visitando essa ilha!
No topo do rochedo Heimaklettur, bem ao lado de Vestmannaeyjum, na ilha de Heimaey, no sul da Islândia
No topo do rochedo Heimaklettur, bem ao lado de Vestmannaeyjum, na ilha de Heimaey, no sul da Islândia
A outra exposição foi sobre os ataques turcos de 1627 em busca de escravos. Pouca gente sabe, mas nos séculos XVI e XVII, havia mais escravos brancos europeus capturados e levados para trabalhar na África do que escravos negros africanos capturados e levados para trabalhar na América. Essa escravidão de europeus (e mais tarde, até de americanos!) continuou no norte da África, região conhecida na época como “Barbaric Coast” até o século XIX! Diferentemente do tráfico de escravos para a América, onde boa parte dos escravos eram homens, numa razão de 2:1 ou até 3:1, o tráfico de escravos para as províncias otomanas da Argélia, Tunísia e Marrocos era mais equilibrado, inclusive com uma maioria de mulheres. Os homens eram enviados para serviços de construção pesada e as mulheres, para trabalharem nas casas ou como concubinas.
Painel no museu de Vestmannaeyjum mostra como se fazia a captura do puffin na ilha de Heimaey, no sul da Islândia
Os navios otomanos, muitas vezes pilotados por europeus, capturavam navios em alto mar e transformavam toda a sua tripulação em escravos. Mas não era só isso. Atacavam cidades costeiras na Europa, principalmente na Espanha e na Itália, mas também na França e Inglaterra, para fazer suas capturas. Depois, pediam dinheiro de resgate para os respectivos países, enquanto os indivíduos eram escravizados, rezando para que alguém enviasse o dinheiro dos resgates. Os Estados Unidos, por exemplo, por volta de 1800, comprometeram quase 20% do seu orçamento anual para pagamento de resgates de navios e tripulantes seus capturados no norte da África. Não é a toa que foi aí que fizeram sua primeira guerra no exterior (o primeiro sinal de “imperialismo”), contra esses “estados bárbaros”.
A bela vista que se tem do alto do rochedo Heimaklettur, na ilha de Heimaey, no sul da Islândia
No museu de Vestmannaeyjum, painel mostra a última erupção na ilha de Heimaey, no sul da Islândia
Pois bem, muito antes disso, no ano de 1627, sob o comando de um pirata holandês e guiados por um escravo dinamarquês, navios da Barbaric Coast chegaram à indefesa Islândia e atacaram várias vilas na costa sul do país, inclusive a ilha de Heimaey. Na própria Islândia, seus habitantes ainda tinham para onde fugir, mas na pequena Heimaey, para onde iriam? Alguns poucos ainda conseguiram se esconder em cavernas ou no alto de penhascos, mas quase toda a população foi cercada e agrupada. Os que resistiam eram mortos, e assim foi com pouco mais de 30 deles, inclusive um dos dois reverendos de Vestmannaeyjar. O outro, junto com a esposa e dois filhos pequenos e mais 200 habitantes da ilha, foram embarcados para serem vendidos nos mercados de Algiers.
No museu de Vestmannaeyjum, a incrível história dos islandeses capturados para serem escravos no norte da África (ilha de Heimaey, no sul da Islândia)
Esse pastor luterano se chamava Ólafur Egilsson e foi através de um livro escrito por ele que sabemos detalhes do ocorrido. Ele foi liberado da escravidão no ano seguinte, com missão de voltar para casa para conseguir pagar o resgate de sua família. Sua esposa, conseguiu ela de volta 10 anos depois. Mas seus filhos, nunca mais teve notícias. De todos aqueles levados, apenas 32 conseguiram regressar à Islândia. Entre eles, a mais famosa é a bela Gudrídur Símonardóttir, que passou 10 anos como concubina na Argélia, até que teve seu resgate pago pelo rei da Dinamarca (que naquela época também reinava sobre a Islândia). Ela também perdeu seu pequeno filho e o marido islandeses. De volta à pátria, casou-se com um dos mais famosos poetas islandeses, Hallgrímur Pétursson. Sua história já foi contada em livros e filmes em seu país.
Com nossa amiga Helga, do museu de Vestmannaeyjum, na ilha de Heimaey, no sul da Islândia
Bom, para nós, a história e a natureza dessa pequena ilha já haviam sido demais. Depois de uma longa conversa com nossa mais nova amiga islandesa, a Helga, que trabalhava no museu, era hora de pegar o ferry de volta à Islândia. Nós partimos, mas um pedaço de nós ficou por ali. Terá sido o espírito? O coração? Não, foi algo bem mais “terreno” do que isso. Nossa querida Flip, uma pequena videocâmara que havia nos acompanhado desde o Brasil, resolveu que aquele seria o seu lar. E junto com a Helga, com a Gudrídur, o Olafur, os puffins, o Eldfell e toda aquela natureza exuberante, ela resolveu ficar. Tem bom gosto, a nossa Flip...
A bela vista que se tem do alto do rochedo Heimaklettur, na ilha de Heimaey, no sul da Islândia
Admirando a lua quase cheia do final de tarde no Parque Nacional de Chirripó, na Costa Rica
O dia chega cedo aqui na Costa Rica. Cinco e meia e o céu já está claro. Foi nessa hora que acordei, no nosso quarto na pousada Descanso. Aí, no friozinho das primeiras luzes, fiquei esperando o Francisco vir me chamar conforme tínhamos combinado. Seis horas e ele, depois de já ter corrido seus 40 minutos diários, bateu na porta. Vinte minutos mais tarde e eu já estava na administração do parque para pagar os extorsivos 40 dólares por pessoa. São 15 por dia, mais 10 para dormir no refúgio.
Início da caminhada de 20 km ao pico Chirripó, o mais alto da Costa Rica
Depois, foi o tempo de fazermos algumas compras de comida e tomar um saboroso café da manhã na pousada, com direiro a frutas e granola. Finalmente, o Francisco nos levou de carro até o início da trilha, 2 quilômetros acima por estrada, a pouco mais de 1.500 metros de altitude. À partir daí, ficava tudo por conta de nossas pernas. Eram 9 horas da manhã quando demos nossos primeiros passos.
Muito barro no início da trilha no Parque Nacional de Chirripó, na Costa Rica
Eu carregava uma mochila maior, com os sleepings, material de cozinha e comida, além de roupas. A Ana, com uma mochila menor, levava roupas e a máquina fotográfica. Apesar do pouco peso, a manhã nunca é a praia da Ana e o início foi bem sofrido para ela. Principalmente porque, apesar dos 40 dólares, a trilha estava, neste ponto, em péssimas condições. Muito escorregadia pela quantidade de barro. Ladeiras que ficam eternamente na sombra de árvores se transformam em verdadeiros tobogãs depois da época das chuvas. Aí ficou bem claro porque a corrida de ida e volta ao refúgio é feita em Fevereiro.
Trekking no Parque Nacional de Chirripó, na Costa Rica
Mas, aos poucos, a gente foi esquentando os músculos, a trilha foi melhorando e tudo ficou muito mais agradável. Uma longa subida através da mata, aqui e ali com pontos mais abertos onde podíamos admirar a bela paisagem tropical ao nosso lado. A cada quilômetro uma placa nos avisava do nosso avanço, na distância e na altitude. Assim, em cada curva tínhamos a esperança de ver a placa lá na frente. Quando aparecia, era um alívio, um sinal concreto do nosso avanço.
Trekking no Parque Nacional de Chirripó, na Costa Rica
Assim fomos seguindo, protegidos primeiro pela sombra e depois pela quase eterna neblina que cobre um longo trecho da mata, dando à floresta um aspecto fantasmagórico. Passamos a barreira dos 2 mil metros, motivo de celebração. Cruzamos com gente descendo, nos dando dicas valiosas sobre a trilha à frente. Finalmente, chegamos na metade do caminho, quilômetro 7, perto dos 2.500 metros de altitude. Aí há um pequeno refúgio com portas trancadas, mas com uma gostosa varanda com uma mesa para fazermos o nosso lanche. É também o primeiro ponto com água potável.
Após 4 km de subida e barro, chegamos à entrada do Parque Nacional de Chirripó, na Costa Rica
Revigorados, seguimos em frente. Chegamos à temida subida do km 8 onde a inclinação da subida aumenta bastante. Depois, alguns quilômetros quase planos, já acima dos 3 mil metros, onde a vegetação se abre bastante e podemos admirar as montanhas à nossa volta. Mais uma subida rápida e árdua e chegamos ao Monte Sin Fé, 3.200 metros. Puxa... ainda falta 4 quilômetros para o refúgio e já estamos quase na altitude dele? A explicação está logo à frente. Temos de descer um vale e é aflitivo ver a trilha serpenteando morro acima lá do outro lado. Não é à tôa que, quando chegamos ao fundo desse vale, onde está o último e precioso ponto de água potável, a próxima encosta se chama "Cuesta de los Arrependitos". Aqui, não tem mais volta, não adianta se arrepender!
Lanche na metade do caminho para o campo base do pico Chirripó, na Costa Rica
Incrível como a altitude e ar mais rarefeito se fazem sentir para quem não está aclimatado (como é o nosso caso!). Os passos cansam muito mais do que cansavam poucas horas atrás. Caminhar a 3 mil metros de altitude é três vezes mais pesado do que a 1.500 metros. Ter essa experiência no mesmo dia deixa tudo muito claro! E pensar que há poucos meses, no Equador, eu estava tirando de letra os 5 mil metros. Mas essa temporada ao nível do mar acabou com a nossa aclimatação...
Placa de auto-ajuda colocada bem no meio da última grande subida (a "Encosta dos Arrependidos") para o refúgio no campo-base do Chirripó, na Costa Rica
Bom, enfim vencemos a Encosta dos Arrependidos e, daí para frente, foi um passeio até o refúgio, onde chegamos pouco depois das quatro da tarde. Visual magnífico de montanhas à nossa volta, principalmente o Pico Crestones, bem em frente ao refúgio. Bem parecido com as Prateleiras, lá no Itatiaia. Fomos recebidos por um guarda-parque que nos apresentou o enorme refúgio, a cozinha e área de convivência e o nosso quarto com dois beliches, mas apenas para nós.
Pausa para descanso depois de 10 km de subidas, no Parque Nacional de Chirripó, na Costa Rica
Não demorou muito para escurecer e esfriar. Doze graus do lado de dentro, seis graus do lado de fora. Afinal, estávamos a 3.400 metros de altitude, muito mais altos do que qualquer montanha no Brasil. A Ana cozinhou um delicioso macarrão para nós, com a ajuda do fogareiro de outras pessoas, já que o nosso teima em não funcionar em lugares mais altos. Enquanto ela cozinhava e socializava com as outras quinze pessoas no local, praticando o seu espanhol e seu inglês, eu utilizei a internet do refúgio (que chique!) escrevendo o texto que segue abaixo e que esteve postado esses dias como um post separado:
"Estamos agora a 3.400 metros. Caminhada de 15 km, saindo de 1500 metros. Nao foi facil!!!
Amanha, as 3 da madrugada, vamos ao pico ver o nascer do sol
Atualizacoes do site, talvez amanha de noite...
Brrrrrrrr, ta um gelo aqui em cima, no Parque Nacional Chirripo
Abs"
A lua paira sobre o Pico Crestones, no Parque Nacional de Chirripó, na Costa Rica
Nada como a tecnologia! Tive de escrever rápido porque já eram seis da noite, hora de fechar os computadores. As luzes (geração solar!) são apagadas às oito e, à essa hora, já estamos todos jantados e devidamente acomodados em nossas camas. Afinal, o dia amanhã vai começar cedo. Bem cedo! Para chegar ao pico em tempo de ver o nascer-do-sol, temos de começar a caminhar às três da madrugada! Para isso, temos de acordar uma meia hora antes...
Preparando o jantar no refúgio do Parque Nacional de Chirripó, na Costa Rica
O nosso problema é que não temos relógio e muito menos despertador. Os nossos vizinhos de quarto não irão partir de madrugada, então não adianta contar com o barulho deles para acordar. O único meio de saber as horas é ligar a câmera fotográfica... Bom, vou fazer a programação mental e ver o que acontece. Já funcionou outras vezes, mas apenas para horas mais "civilizadas", à partir das seis da manhã. Veremos...
Lavando a louça no refúgio do Parque Nacional de Chirripó, na Costa Rica
Eu e a Ana somos bem ambiciosos com relação ao conteúdo do nosso site. Imaginamos milhões de coisas e todos os dias temos novas idéias. Temos idéias mais rapidamente do que os nossos desenvolvedores possam implementá-las.
Mas, devagarinho, o site está entrando no ar. Não vai demorar muito e teremos a nossa página de fotos (com muito mais fotos do que temos postado) e, o mais esperado por nós, a nossa Home, com um mapa iterativo da América, seus países e ilhas, nosso roteiro e uma maneira bem inteligente de navegar pelo site.
Hoje, foi implementado uma ferramenta para postarmos nossos posts de maneira online. Antes disso, tínhamos de mandar o texto para o paciente Marcelo e ficar atazanando ele para que fosse postado. Agora, basta escrever o texto, apertar um botão e pronto, maravilha de tecnologia e internet, lá está o nosso post online.
Mas, ainda dependemos do Marcelo para postar as fotos. Isso deve ser resolvido em breve. Porém, por enquanto, os posts podem aparecer sem fotos. É só esperar um pouco e elas aparecerão por aí.
Região serrana em Gravatá - PE
Para nós, no sul, é sempre estranho pensar num clima frio no nordeste. Não combina com aquela imagem que vemos na TV do árido dertão. Pois bem, Pernambuco e os recifences também tem a sua versão de Campos de Jordão. Na verdade, mais de uma. São cidades serranas que no inverno tem mínimas de até 10 graus e que, mesmo no verão, durante a noite tem clima muito agradável, compatível com um bom vinho e mesmo um fondue!
Hotel em Triunfo - PE
O ponto mais alto do estado, com quase 1.300 metros de altitude, fica na cidade de Triunfo, a quase 500 km de Recife. E foi para lá que nós seguimos depois de nossa visita ao Vale dos Dinossauros, perto de Sousa, no sertão paraibano. Com uma combinação de estradas de asfalto em bom e mal estado e também de estradas de terra cruzando a serra entre os dois estados, chegamos em Triunfo já de noite. Três estados num só dia, já que tínhamos amanhecido em Juazeiro do Norte, no Ceará.
Casario colorido em Triunfo - PE
Em Triunfo ficamos no hotel do Sesc, no alto do morro. Friozinho gostoso que a Ana aproveirou para usar manga comprida! De manhã cedo, até umas dez da manhã, tudo o que víamos era neblina. Impossível se imaginar em pleno sertão pernambucano! Aí, finalmente, ela se levantou e pudemos observar o centro da cidade lá embaixo. Ainda demos uma volta de carro por lá para fotografar o belo casario colorido, marca registrada da cidade.
Museu em Serra Talhada - PE
Nosso próximo objetivo foi a cidade vizinha de Serra Talhada. Para chegar lá descemos uma bonita serra. A temperatura muda bruscamente enquanto descemos e logo voltamos àquele calor característico do sertão. Em Serra Talhada queríamos visitar o museu do Cangaço para aprender mais de Lampião e Maria Bonita. Mas demos azar de chegar lá perto do meio dia, horário que o museu fecha. Só deu para dar uma olhadinha em algumas fotos da época.
Pub trazido da Inglaterra em nosso hotel em Gravatá - PE
Aí, uma longa viagem em direção ao leste, atravessando boa parte deste comprido estado. Chegamos a 80 km de Recife, na cidade de Gravatá. Esta é a "Campos de Jordão" preferida dos pernambucanos. Muitos hoteis e resorts que lotam na temporada (inverno!). Nós escolhemos o Hotel Highlander, em meio a uma linda paisagem serrana. Já no final de tarde, fizemos amizade com o simpático proprietário do hotel, o Fonseca, e com ele tivemos uma longa conversa sobre viagens, hotéis e outros assuntos. Muito jóia!
Com o Cláudio Fonseca, o simpaticíssimo proprietário do Hotel Highlander, em Gravatá - PE
Por fim, com o frio aumentando e para comemorar nossos 19 meses de casados, comemos um fondue de queijo acompanhado de um bom vinho chileno. Uma ótima e estratégica passagem pelas montanhas de Pernambuco para nos preparar para outra longa temporada praiana que começa amanhã num lugarzinho bem "mais ou menos": Fernando de Noronha.
Celebrando o 19o mês de casamento com um fondue de queijo em Gravatá - PE
Flôr do cerrado, na Chapada dos Veadeiros, região de Cavalcante - GO
Para quem gosta de flores, esta é a época certa para visitar e caminhar pela Chapada dos Veadeiros. O cerrado está cheio de vida, de cores e perfumes. Um espetáculo! Nas longas trilhas que fizemos ontem, a caminho da Ponte de Pedra, e hoje, para o Rio da Prata, as flores foram um espetáculo à parte! Mesmo que não houvesse cachoeiras no final da trilha, apenas a caminhada já teria valido à pena!
Flôr do cerrado, na Chapada dos Veadeiros, região de Cavalcante - GO
Flôr do cerrado, na Chapada dos Veadeiros, região de Cavalcante - GO
Flores do cerrado, na Chapada dos Veadeiros, região de Cavalcante - GO
Mesmo do carro podemos admirá-las também. Mas é caminhando que elas podem ser melhor observadas, tocadas, cheiradas... De todas as cores, tamanhos e formas, o cerrado realmente é diferente nesta época. Chega de palavras, neste caso as fotos falam mais alto...
Época de flores no cerrado da Chapada dos Veadeiros, região de Cavalcante - GO
Época de flores no cerrado da Chapada dos Veadeiros, região de Cavalcante - GO
Época de flores no cerrado da Chapada dos Veadeiros, região de Cavalcante - GO
Época de flores no cerrado da Chapada dos Veadeiros, região de Cavalcante - GO
Época de flores no cerrado da Chapada dos Veadeiros, região de Cavalcante - GO
Parque Colón, na Zona Colonial de Santo Domingo, capital da República Dominicana
Desde quando idealizamos o projeto de conhecer todos os países da América que conhecer as ilhas do Caribe virou uma “questão”. Afinal, para os países continentais, não havia dúvida: basicamente, chegaríamos a todos eles de Fiona, um atrás do outro. Não são muitas as possibilidades de roteiro, vamos até o norte e voltamos para o sul, tratando de não deixar nenhum país para trás. Mas os países do Caribe, ilhas isoladas no meio do oceano, para esses não poderíamos dirigir. A alternativa era usar barcos e aviões. Mas, desse modo, deixa de haver, necessariamente, um encadeamento lógico, podemos voar sobre um deles e simplesmente voltar mais tarde, se assim for preciso.
Chegando à Santo Domingo, capital da República Dominicana
Logo percebemos que tentar fazer todas as ilhas de uma só vez, em uma só sequência, não era uma boa ideia. Além de não ser mais econômico do que fazer a região em várias etapas, a tendência era de começarmos a enjoar pois, apesar de todas as suas peculiaridades, as ilhas também tem muito em comum. Assim, resolvemos “dividir” nossa experiência caribenha em várias etapas, partindo sempre de algum lugar próximo à região para diminuirmos os custos. Assim, achávamos um lugar seguro para a Fiona passar uns dias de férias e voamos de cidades como Paramaribo, Miami, Bogotá, entre outras. A cada vez, liquidávamos um grupo de ilhas e, de pouco em pouco, fizemos todo o Caribe.
Viagem à ilha de Hispaniola, a única que faltava para nós na região do Caribe
Todo mesmo? Não! Faltou uma ilha, uma das únicas duas que é dividida em dois países (a outra é a pequena Saint Martin/Sint Marteen). Estou falando de Hispaniola, a segunda maior do Caribe, atrás de Cuba, dividida entre a República Dominicana e o Haiti. Justamente a ilha caribenha mais visitada por brasileiros (Punta Cana!), aquela onde está o ponto mais alto do Caribe (Pico Duarte), a nação com a maior economia da região (República Dominicana) e o país mais pobre do hemisfério (Haiti).
Carruagem nas ruas do centro histórico de Santo Domingo, capital da República Dominicana
Como dois países dividindo uma mesma ilha podem ser tão diferentes? Durante esses 1000dias, estivemos a ponto de ir lá tentar descobrir várias vezes. Na verdade, no plano inicial, Hispaniola estava logo na nossa primeira etapa caribenha, ainda em 2010. Só que, dois meses antes de iniciarmos nossa viagem, uma catástrofe se abateu sobre o Haiti. O terremoto de Janeiro de 2010 matou mais gente que o tsunami na Ásia: mais de duzentas mil pessoas morreram nos escombros de Port-au-Prince, a capital do país, no momento do choque os nos dias de agonia que se seguiram. Certamente, aquele não era o momento de ir se fazer turismo no Haiti...
A antiga arte Taino, em Santo Domingo, capital da República Dominicana
Mais tarde, ao longo desses três anos, Hispaniola esteve na nossa mira várias vezes. Mas dificuldades logísticas e monetárias foram adiando nosso visita até que, aqui do Panamá, chegou a hora de ir visitar a mais antiga colônia das Américas, o lugar onde Colombo estabeleceu suas primeiras bases, o ilha de onde os europeus se espalharam para ocupar todo o continente.
A antiga arte Taino, em Santo Domingo, capital da República Dominicana
Quando eles chegaram à ilha, Hispaniola já era ocupada pelos índios Tainos, o nome local dado aos Arawaks, a etnia que ocupou todas as ilhas caribenhas partindo da Venezuela, há mais de dois mil anos. Eram cerca de 400 mil habitantes que receberam Colombo e seus homens de maneira amistosa, o primeiro contato entre europeus e americanos desde que os vikings passaram pelo Canadá cinco séculos antes. Mal sabiam o que os esperava, pobres Tainos. A combinação mortal das doenças trazidas pelos europeus e das duras condições de trabalho impostas por eles reduziram o número de Tainos a 10 mil pessoas uma geração mais tarde. Outra geração se passou e os Tainos se foram, perdidos para sempre no tempo e no pouco de sangue que se mesclou com negros trazidos da África para ocupar o seu lugar como mão de obra escrava. Ficaram os fantasmas, parte da rica cultura que os negros souberam guardar na forma de nomes e da arte e o péssimo exemplo de como se extermina todo um povo que aqui havia vivido por mais de um milênio.
A antiga arte Taino, em Santo Domingo, capital da República Dominicana
Quanto aos espanhóis, após descobrirem as riquezas do enorme continente aqui do lado, passaram a concentrar seus esforços colonizatórios em países como México e Peru, enquanto Hispaniola foi ficando em segundo plano. A ilha passou a ser alvo frequente de piratas franceses, ingleses e holandeses e, para facilitar a defesa da população local, os espanhóis ordenaram que todos os habitantes de deslocassem para as proximidades da capital, Santo Domingo. Na verdade, isso apenas facilitou o acesso de colonos franceses à parte oeste da ilha, agora desabitada. Cem anos de ocupação informal e os espanhóis acabaram admitindo, em um tratado de paz, a posse francesa do terço ocidental da ilha, conhecida então como Saint Domingues, o futuro Haiti.
A Ponte das Américas, em Santo Domingo, capital da República Dominicana
Certamente, ainda vou falar da história dos dois países nos próximos posts. Mas o fato é que os problemas e diferenças entre Haiti e República Dominicana existiram desde então. Na época colonial, enquanto a República Dominicana era uma dependência espanhola de 2ª importância, o Haiti, com sua produção de açúcar, era conhecido como a “pérola do Caribe”, a colônia mais rica da região. Possuía uma população muito maior que seu vizinho de ilha e a França o via como o centro de um poderoso império colonial nas Américas, que ia da Guiana Francesa, ao sul, à Louisiana e Quebec no norte. Aliás, foi a independência do Haiti, em 1804, e o fracasso retumbante da tentativa de reocupá-lo que fez Napoleão vender a Louisiana aos americanos. Para Napoleão, aquele imenso e desocupado território não fazia nenhum sentido sem o Haiti. Gostaria de ver sua opinião hoje, duzentos anos depois...
Antiga residência da família Colombo, em Santo Domingo, capital da República Dominicana
Enfim, o Haiti tornou-se o segundo país livre das Américas. Duas décadas depois, quando a República Dominicana conseguiu a sua independência, o Haiti ocupou o novo país por mais de 20 anos, começando a nutrir o sentimento de discórdia que perdura até hoje. Esse sentimento chegou ao máximo 100 anos mais tarde quando, na década de 30, mais de 20 mil haitianos étnicos que viviam do lado de lá da fronteira foram assassinados a machadadas por ordem do governante dominicano, em um dos maiores e menos conhecidos massacres do nosso continente. As barbaridades da 2ª Guerra Mundial, alguns anos mais tarde, fizeram o mundo esquecer do que havia se passado em Hispaniola, mas não os haitianos.
O Panteão dos Herois da República, em Santo Domingo, capital da República Dominicana
Até a década de 70 os dois países tinham economias equivalentes. Mas enquanto o Haiti se afundou em uma ditadura sangrenta seguida de governos medíocres e uma sequência de desastres naturais, a República Dominicana achou o seu caminho, explorando ao máximo o turismo e consolidando-se como uma democracia estável. Hoje, são milhares de haitianos vivendo como imigrantes ilegais e mão-de-obra barata na República Dominicana, em busca de melhores oportunidades de vida. Obviamente, isso gera tensões e preconceitos, mas os dois povos e países continuam a buscar a melhor maneira de coexistir na mesma ilha que repartem há tanto tempo. É um processo demorado, com ainda muitas feridas a cicatrizar...
O Panteão dos Herois da República, em Santo Domingo, capital da República Dominicana
Por aí viajaremos, duas semanas na prima rica, uma semana no primo pobre. Voamos para Santo Domingo, onde passaremos alguns dias. Daí, de ônibus para Port-au-Prince, onde passamos alguns dias nas redondezas. Voamos para o norte do Haiti, para a cidade de Cap-Haitiens, perto de algumas das mais belas praias do país. Ônibus de volta à República Dominicana, agora à região do Pico Duarte, ponto culminante do Caribe. Alugamos um carro para conhecer a costa norte do país e, finalmente, vamos passar alguns dias em Punta Cana, tão famosa nas agências de viagem do mundo inteiro. Acho que será um roteiro que nos dará uma boa ideia dessa terra de contrastes, dos resorts às favelas, das praias às montanhas. Prontos para fechar nossas explorações caribenhas com chave de ouro. Vamos que vamos que já estávamos com saudades dessa incrível região da nossa querida América!
Nossos objetivos na ilha de Hispaniola: Voamos para Santo Domingo (A), capital da Rep. Dominicana. Daí, ônibus para Port-au-Prince (B), capital do Haiti. Voo para Cap. Haitiens (C), no norte. De ônibus para a região do Pico Duarte (D), montanha mais alta do Caribe, já de volta à Rep. Dominicana. Com carro alugado, costa norte do país (E). Para terminar, um hotel em Punta Cana (F)
Passando pelo centro mineiro de El Callao, a caminho da Gran Sabana, na Venezuela
Ainda ontem, viemos pela moderna autoestrada de Ciudad Bolívar até Ciudad Guyana, outra metrópole na beira do Orinoco. Ciudad Guyana é uma cidade nova, pouco mais de 50 anos, e a metrópole que mais cresce no país, apesar de mesmo ela ter diminuído seu passo com as dificuldades econômicas da era chavista. Ela se localiza bem na confluência do rio Caroni, que vem lá de Canaima, com o grande Orinoco. Também passamos aqui em 2007 e lembro de ter ficado animado com uma competição de natação que consiste em atravessar o enorme rio. Pena que em nenhuma das duas vezes, estive aqui na época da competição, pois ficaria bem tentado... A cidade é, na verdade, uma junção de duas outras cidades, cada uma delas em um lado do Caroni. A colonial (só na idade!) San Félix e a moderna Puerto Ordaz. Seus respectivos habitantes não se bicam muito e nenhum deles adotou o nome de Ciudad Guyana. Na verdade, mesmo em itinerários de ônibus e avião, são os nomes das antigas cidades que aparecem, e não da nova metrópole.
Ontem, viajamos de Ciudad Bolívar (A) até El Callao (B). Hoje, após passarmos pela vila garimpeira de El Dorado (C), entramos na Gran Sabana e nos desviamos para o Salto Aponwao (D). O Brasil já está no horizonte!
Mas não foi aí que passamos a noite. Seguimos adiante, agora já na direção sul, até a cidade de El Callao, uma hora a mais de estrada. El Callao é o centro da região exploradora de ouro da Venezuela, quase uma cidade garimpeira, embora já tenha mais de 150 anos. No centro, são dezenas de lojas que compram e vendem ouro, atividade que atrai muitos estrangeiros, embora seja proibido pelo regime do país.
Morador do centro garimpeiro de El Dorado, antes de entrar na Gran Sabana, na Venezuela
Desde que os espanhóis chegaram à América, eles tinham uma forte intuição que o famoso “El Dorado” estava localizado em terras venezuelanas. Embora não tenham achado nada nos quase 300 anos de período colonial, sua intuição estava, de certa forma, correta. Mas o destino não os ajudou e foi apenas em 1849, quando a Venezuela já era um país livre, que ricos veios de ouro foram encontrados nessa região, ao norte da Gran Sabana. Uma grande corrida do ouro se formou, atraindo gente de todo o país e mesmo dos vizinhos. Em pouco tempo, a Venezuela se tornou o maior produtor mundial do metal, mais de 70% do ouro do mundo vindo daqui. Foi apenas no início do século XX que a África do Sul a desbancou da liderança do ranking, ao mesmo tempo que, internamente, foi o petróleo que passou a ser o principal motor da economia. Mas isso não quer dizer que a produção de ouro tenhas parado e, até hoje, ela ainda movimenta milhões de dólares e milhares de pessoas. Basta dar uma passeada em El Callao para perceber isso.
Passando pelo centro mineiro de El Callao, a caminho da Gran Sabana, na Venezuela
Outra consequência da descoberta de ouro em El Callao foi o aumento da tensão fronteiriça entre o país e a Inglaterra, então senhora da Guiana Inglesa. A fronteira entre as colônias nunca foi demarcada entre as antigas metrópoles, Espanha e Holanda, e a tensão fronteiriça foi herdada pela Venezuela e Inglaterra, que havia comprado da Holanda sua antiga colônia, no início do séc. XIX. Agora, com a descoberta do ouro, as rivalidades se acirraram, já que El Callao estava na área reclamada pela Inglaterra. Na verdade, praticamente metade do território da Guiana Inglesa era reclamado pela Venezuela e vários mapas, até hoje, mostram essa área como sendo venezuelana. Quando estivemos aqui em 2007, eu olhava esses mapas e pensava: “Ué... mas não era assim que eu conhecia!”. Foi quando fiquei sabendo dessa questão. Aliás, é por causa disso que, até hoje, não há estradas ligando os dois países. Para quem quer ir da Venezuela à Guiana, ou vice-versa, só dando a volta pelo Brasil.
Atravessando o centro garimpeiro de El Dorado, antes de entrar na Gran Sabana, na Venezuela
Pois bem, a Inglaterra sequer aceitava discutir a soberania dessas terras com a Venezuela. Foi quando, em 1895, através do eficiente trabalho de um lobista contratado pelo país nos EUA, os venezuelanos conseguiram envolver os americanos na questão. Foi invocada a famosa Doutrina Monroe, “América para americanos”, e as tensões entre as duas maiores potências da época começaram a se escalar. Agora, como a “conversa” era com os Estados Unidos, a Inglaterra acabou aceitando uma discussão internacional. O mundo era bem mais interessante naquela época, quando havia quatro ou cinco potências de mesma grandeza no cenário internacional, e não apenas essa entediante supremacia de uma única superpotência! Enfim, foi estabelecido um tribunal e, aí sim, a Inglaterra fez valer seus séculos a mais de experiência nesse tipo de coisa que os novatos americanos. Deram um banho no Tio Sam no tribunal politico que se instalou e acabaram levando quase todo o território em disputa, para tristeza dos venezuelanos. Mas estes mantiveram a posse sobre El Callao e, mais importante ainda, sobre a foz do Orinoco. De qualquer maneira, apenas o fato da Inglaterra ter sido obrigada a se sentar para negociar foi um marco na consolidação dos EUA como potência mundial e, principalmente, como poder hegemônico nas Américas.
Posto de gasolina absolutamente lotado no centro garimpeiro de El Dorado, antes de entrar na Gran Sabana, na Venezuela
Bem, de volta aos problemas mais mundanos, nós dormimos em El Callao e, na manhã de hoje, abastecemos o carro e seguimos em frente. Algumas horas depois, chegamos à vila garimpeira de El Dorado, uma das últimas chances de se abastecer por muito tempo. Mas aí, postos absolutamente lotados nos impediram de comprar combustível. Nas vilas seguintes, todos os postos fechados. A quantidade que tínhamos era a medida certa para chegarmos à fronteira do Brasil e, quando muito, fazer um passeio ou outro alternativo.
Gran sabana, na Venezuela. O Brasil é logo ali!
E foi assim que chegamos à Gran Sabana, um vasto platô coberto de relva e ponteado de tepuis, horizonte quase infinito e paisagens de tirar o fôlego: preocupados com nosso combustível, mas cada vez mais animados por saber que o Brasil era logo ali, país que deixamos há 23 meses!
Entrando nas vastidões da Gran Sabanana, na Venezuela
O feliz reencontro com a Fiona no porto de Manzanillo (Colón), no Panamá
Documentação em mãos, segui com nosso amigo taxista Julio para o porto novamente enquanto a Ana, dessa vez, ficou no hotel para ter tudo pronto para a nossa partida, com ou sem a Fiona, assim que eu voltasse. A minha maior preocupação era o tempo, já que meio dia o porto fechava e a Maria, da administração da alfândega, só me receberia às 10 da manhã.
A cidade de Colón (Panamá) faz justa homenagem a um de seus mais ilustres filhos
Vinte minutos antes disso eu já estava lá, just in case. Dei com a porta fechada e luzes apagadas. Mas dez minutos mais tarde ela chegou, acompanhada da filha pequena, vestimentas típicas de quem só vai dar um pulo no escritório durante um feriado. Depois de muito pelejar para encontrar alguém que abrisse a sala, passar por três computadores preenchendo meus documentos e, finalmente fazendo a impressora funcionar, consegui os meus papéis para poder seguir em frente nessa gincana burocrática.
Colón, no Panamá, em tempos de celebraçao da independência do país
Já eram 11 horas quando segui com o Julio alguns quilômetros à frente, para outra parte do porto para as "novas tarefas". Felizmente, as próximas três etapas eram próximas entre si. Com os papéis conseguidos na administração, consegui uma bendita autorização, paguei a fumegação ("desinfecção" da Fiona - 3 dólares) e os serviços do porto (55 dólares). Tudo isso disputando a fila com algumas dezenas de camioneiros e despachantes. Ainda bem que a Ana tinha ficado no hotel, o ambiente não era dos mais propícios para uma mulher...
Típico ônibus urbano em Colón, no Panamá
Tudo pago, segui com o Julio outros poucos quilômetros para o pátio aonde estava a Fiona. Passei por mais duas "ventanillas", consegui mais uns carimbos e assinaturas e tomei o último chá de cadeira até que fossem buscar a Fiona. Eram 12:15 quando ela finalmente apareceu, já nos descontos do 2o tempo da prorrogação!!! Vivaaaa!!!
Código de barras na janela da Fiona com as especificações do "local de entrega" (no porto de Manzanillo - Colón, no Panamá). Funcionou!!!
Eu, na minha loucura particular de atribuir vida ao nosso carro, quando a vi, pude claramente perceber sua felicidade ao realizar que estava sendo buscada. Sua alegria parecia a de um cachorro quando vamos buscá-lo depois de um banho no veterinário. Rabo abanando sem parar, agitação desenfreada e vontade de sair logo dali. O limpador de para-brisas ligado (estava chovendo) e o pisca-pisca acendido só colaboravam para essa minha deliciosa fantasia. Até os sizudos funcionários da alfândega foram contaminados pela minha alegria e deram seus primeiros sorrisos depois de quase meia hora de convívio.
Trânsito congestionado em Colón, no Panamá
Bem, finalmente motorizado, em plena América Central, despedi-me do Julio e fui buscar a Ana no hotel, enfrentando o pesado trânsito de caminhões ao redor do porto e depois, o congestionamento do centro de Colón. A Ana já estava com tudo pronto e logo estávamos na autopista que corta o continente do Caribe ao Pacífico, rumo à Cidade do Panamá. A única baixa foi que a Ana esqueceu o nosso livro guia da América Central numa farmácia e chegamos à capital do país meio "cegos".
Uma das entradas da gigantesca Zona Livre de Colón, no Panamá
Cidade grande e trânsito organizado (nossa... há quanto tempo eu não via essa combinação!!!), a gente seguiu para a região de Cangrejo, que sabíamos ser uma das mais bacanas. Ali, quase em frente ao Marriot, achamos um Bed & Breakfast jóia, o São Roque, e aqui nos instalamos. A celebração de estarmos os três reunidos novamente, prontos para explorar um novo continente, foi num restaurante libanes, com direito à muita dança do ventre. Aliás, a cultura árabe aqui na Cidade do Panamá é fortíssima! Os próximos dois dias devem ser por aqui mesmo, um para visitarmos o famoso Canal do Panamá e o outro para explorar a cidade. Depois, retomamos nossa jornada para o norte. Alaska, estamos chegando! E, a partir de agora, só dependemos das rodas da Fiona. Nada mais de portos pela frente...
Chegando à fronteira entre Honduras e El Salvador. Lá vem o cara correndo para nos "ajudar" nos trâmites...
Mantendo a tradição, saímos umas duas horas mais tarde do que o planejado, mas ainda dispostos a enfrentar as duas fronteiras de hoje. Somoto está a menos de vinte quilômetros da fronteira com Honduras. De lá, o plano era atravessar diretamente para El Salvador, uns duzentos quilômetros à frente.
Mapa da América Central mostrando nossas rotas de ida e de volta pela região
Como vamos passar duas vezes pela América Central, subindo e descendo, resolvemos ir mais pelo lado do Pacífico e voltar pelo lado do Atlântico. Nessa época do ano ainda chove muito do lado caribenho enquanto no Pacífico o sol predomina. Na volta, pelo menos em teoria, teremos tempo bom no lado do Atlântico. Honduras tem apenas uma pequena saída para o Pacífico, justamente o trecho que estamos cruzando. O país está muito mais voltado para seu lado caribenho. El Salvador, o menor país da região, por outro lado, está todo do lado do Pacífico. Só passaremos por ele agora. Mais ao norte está Belize, exatamente ao contrário de El Salvador, só tem costa para o Caribe. Vai ficar para a volta...
Novo prédio da imigração hondurenha na fronteira com a Nicarágua
Nossa primeira missão foi sair da Nicarágua. Trâmites rápidos, dois dólares por pessoa para carimbar o passaporte mais um dólar por pessoa de imposto municipal. Bem suspeito, mas não iríamos encrencar por um dólar. Agora a vez de Honduras, o país com a pior fama de trâmites de fronteira. Mas por sorte, coincidência, pelo espírito natalino ou tranquilidade dessa fronteira específica, também não tivemos nenhuma dificuldade burocrática. Problema mesmo foi o preço. Três dólares por pessoa (até aí tudo bem!) e extorsivos 35 dólares para a Fiona. Nos outros países até agora, pagávamos por volta de 15 dólares, mas isso valia um seguro de até três meses. Aqui, ficamos sem o seguro e ainda morremos nos 35 dólares. Pior, a cada vez que formos entrar no país vamos ter de pagar essa taxa. E nós estamos planejando entrar mais duas vezes no país. Uma vez na volta, daqui a uns 8 meses e outra daqui a uns 10 dias, entrada rápida vindo da Guatemala só para visitar as ruínas de Copan. Diante disso, nossa ideia é entrar em Copan sem a Fiona, que ficaria na Guatemala nos esperando. Vamos ver como é...
Poderia ser em qualquer lugar o mundo, mas foi em Honduras, na nossa rápida passagem pelo país
A passagem de pouco mais de duas horas por Honduras foi tranquila, com uma rápida parada para encher o tanque da Fiona e também os nossos estômagos. Com o advento do cartão de crédito, essa questão de câmbio e moedas ficou muito mais fácil! De qualquer maneira, eu peguei um troco em Lempiras, a moeda do país. Assim, elas se juntaram aos nossos Colóns (Costa Rica), Córdobas (Nicarágua) e Balboas (Panamá) na nossa coleção de moedas centro-americanas. Em El Salvador a moeda é o bom e velho dólar mesmo.
Trânsito nas estradas hondurenhas
Chegamos à nossa próxima fronteira um pouco depois das duas da tarde, ainda bem esperançosos que conseguiríamos chegar de dia no nosso destino final, as praias da Costa do Balsamo, em El Salvador. Quanta inocência! Ao contrário da fronteira anterior, essa de agora é bem movimentada, fila para tudo e um monte de gente querendo nos “ajudar” no processo. E só ver a Fiona se aproximando que um monte deles já vem correndo em nossa direção. Quando chegam mais perto e veem a Ana, aí já abrem um sorrisão e começam com seu parco inglês a nos dar instruções. Para tristeza geral, respondemos em alto e fluente espanhol que não precisamos de ajuda, que já sabemos como tudo funciona. Depois de insistirem um pouco, acabam desistindo.
Estrada em El Salvador, próximo à San Miguel
Bom, enfrentamos a longa fila, carimbamos nosso passaporte e entregamos a papelada da Fiona. Dessa vez, sem pagar nada! Rumo ao lado salvadorenho, então! Mais fila, mais paciência e já estamos legalizados no país. Falta a Fiona, ainda. A aduana é alguns quilômetros para frente. Achamos o local e passamos a papelada. Aí, a má notícia: o “sistema” está com problemas. Lá passamos quase uma hora e meia até o bendito papel de importação temporária sair. Minutos importantes de luz do dia perdidos ali, infelizmente. Com isso, desistimos de chegar até a praia, duas horas à frente. O nosso destino final passou a ser San Miguel, localizada na estrada para San Salvador e quarta maior cidade do país.
O imponente vulcão de San Miguel, com mais de 2 mil metros de altura, em El Salvador
Assim, junto com a noite chegamos aqui, para nos instalar num hotel Comfort Inn. A bela imagem da silhueta característica de um enorme vulcão ao lado da cidade vai ser a imagem que vamos guardar de San Miguel, muito melhor que a lembrança do trânsito pesado da cidade, que vamos logo esquecer, hehehe! Praia, só mesmo amanhã. Junto com papai Noel!!!
Estamos em El Salvador!
A Luiza, sobrinha querida, em Curitiba - PR
Desde que iniciamos nossa viagem, já tínhamos o compromisso de estar em Curitiba no dia 04 de Setembro, para uma festa de casamento. Imaginávamos que, a essa altura, já estaríamos longe demais para vir de carro. Mas, com a ida a Goiânia e Brasília, e o tempo maior em Minas, ainda estamos aqui por perto e resolvemos vir de carro mesmo. O plano é ficar poucos dias, três ou quatro.
O caminhão ficou pequeno perto do guindaste, na entrada da Marginal Tietê, em São Paulo - SP
A viagem de pouco mais de 700 quilômetros transcorreu sem problemas. A Fiona é bem confortável. Até chegarmos em São Paulo, o trânsito era todo no sentido contrário, os paulistanos escapando mais cedo do trabalho para fugir dos engarrafamentos da saída do feriado prolongado. Principalmente com o bom tempo prometido. A travessia de São Paulo foi mais tranquila que o esperado. As marginais mais largas estavam dando conta do recado. Depois, de São Paulo para Curitiba, só é chato a descida da serra. Incrível, uma vergonha, que até hoje esse trecho da Régis não esteja duplicado. Aparentemente, as obras finalmente começaram. Será que agora vai?
Dani e a filhota em Curitiba - PR
Em Curitiba, fomos direto para a casa da Dani e Dudu ver a Luiza que já vai fazer dois meses. Nossa, como o tempo passa!!! Ela está linda, super crescida, muito boazinha. Impossível não virar um tio coruja...
Paparicando a Luiza em Curitiba - PR
Muito gostoso rever a família. O Mário, pai da Ana, foi nos encontrar na casa da Dani. E mais tarde, fomos muito bem recebidos na casa da Patrícia, mãe da Ana. É a "nossa" casa aqui em Curitiba. Home, sweet home.
Paparicando a Luiza em Curitiba - PR
Amanhã, tem casamento. Descansamos no domingo e tentamos zarpar na segunda. Vamos ver...
Mamãe e Luiza, em Curitiba - PR
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