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Chegando à Utila

Honduras, Utila

Passeando em Utila, ilha no litoral norte de Honduras

Passeando em Utila, ilha no litoral norte de Honduras


Começamos o dia 26 com muitas emoções. Conforme as informações obtidas no dia anterior, tínhamos decidido ir para a ilha de Utila, com mais chances de conseguir alguma acomodação em plena Semana Santa. Para isso, tínhamos de estar no porto cedinho, uma hora antes da saída do barco, para comprarmos os bilhetes e guardarmos a Fiona por lá mesmo. Tudo parecia ir bem no começo: encontramos o porto sem a ajuda do GPS, chegamos exatamente com uma hora de antecedência, passamos pela portaria, pagamos o estacionamento do carro e fomos deixar a Fiona por lá. Aí, enquanto a Ana preparava a nossa mala para os dias de ilha, inclusive alguns equipamentos de mergulho que estavam no porta-malas, eu fui até a bilheteria comprar nossas passagens, a uns 200 metros dali, Enfrentei a fila de 15 minutos e consegui espaço para nós. Só faltava voltar ao carro para ajudar a Ana. Foi aí que o céu desabou! Uma chuva fortíssima! A não ser que eu quisesse ficar completamente encharcado, tinha de esperar ela passar. Mas ela não passava! Ficava só imaginando a Ana lá no carro... E o ferry chegou e poderia partir a qualquer momento. Muitas vezes, quando o barco enche, sai até antes do horário oficial. Foi quando a chuva deu uma pequena trégua e eu consegui um guarda-chuvas emprestado. Por cima do barro mesmo, voltei até a Fiona. Para a minha surpresa, a Ana estava dentro do porta-malas do carro, a porta ligeiramente aberta para que ela pudesse respirar. Tinha passado os últimos 20 minutos por ali, primeiro arrumando o que precisava ser arrumado e, depois, esperando ajuda minha ou de São Pedro. Com a chuva já bem mais fraca, juntamos nossas coisas, deixamos a Fiona meio molhada para trás e corremos para o cais, ainda em tempo de embarcar e devolver o guarda-chuvas à ansiosa dona. Entre secos e molhados, salvamo-nos todos!

Estamos sempre atrás disso! (em Utila, ilha no litoral norte de Honduras)

Estamos sempre atrás disso! (em Utila, ilha no litoral norte de Honduras)


Nossa artística pousada em Utila, ilha no litoral norte de Honduras

Nossa artística pousada em Utila, ilha no litoral norte de Honduras


Uma hora de viagem a toda velocidade e chegamos à pequena Utila. Nossa próxima tarefa era arrumar um ligar para ficar. Logo na chegada, os vendedores de pacotes de mergulho (esse é o forte da ilha. Ainda vou falar disso...) já nos avisaram que seria difícil. Talvez, se fechássemos algum pacote com as escolas de mergulho, teríamos mais chances, pois escolas e hotéis estão sempre associados por aqui. Mas resolvemos não seguir o conselho e fomos à luta, caminhando com nossas mochilas. Depois de darmos com a cara na porta em três tentativas, eis que apareceu um quarto num hotel bem legal e diferente. Além de hotel, é também uma das trações turísticas da ilha, por causa de sua exótica arquitetura, uma coisa meio indiana e balinesca, mas bem exagerada, em meio a um grande jardim. Chalés bem charmosos se misturam com pontes e túneis cobertos por mosaicos de pedras coloridas. De início, tinham lugar só para uma noite, mas depois apareceu outro quarto para outras noites e, no fim, poderíamos ficar no mesmo quarto enquanto estivéssemos aqui. Enfim, deu tudo certo!

Nossa artística pousada em Utila, ilha no litoral norte de Honduras

Nossa artística pousada em Utila, ilha no litoral norte de Honduras


Nossa artística pousada em Utila, ilha no litoral norte de Honduras

Nossa artística pousada em Utila, ilha no litoral norte de Honduras


Oba! Tínhamos conseguido chegar até lá e tínhamos conseguido lugar para dormir! Agora, às atividades! Utila é uma verdadeira fábrica de formar mergulhadores. São mais de dez escolas que oferecem cursos básicos e avançados em diversas línguas, provavelmente com os melhores preços do planeta. Com isso, são centenas de “estudantes” continuamente, de todas as partes do mundo. Enquanto uns terminam, outros já estão chegando e as escolas nunca param. É fácil ver, nas ruas, os gringos com seus cadernos e livros. Ou então, nas próprias escolas, sempre com hotéis ao lado, jovens reunidos e conversando de... mergulho!

Muitas lojas e restaurantes sobre o mar, em Utila, ilha no litoral norte de Honduras

Muitas lojas e restaurantes sobre o mar, em Utila, ilha no litoral norte de Honduras


Nós, claro!, não estávamos interessados em curso nenhum. Pelo menos essa atividade, mergulhar, já sabemos fazer! Queríamos mesmo era mergulhar, sem professo por perto, o que eles chamam de “fun dive” por aqui. Estávamos atrás dos famosos tubarões-baleia, que começam a passar por essa região nessa época do ano, na migração que os leva até a ilha de Holbox, no México. Mas foi só assuntar um pouco para descobrirmos que, quando isso acontece, é na costa norte da ilha. E agora, com essa chuva e vento, ela está inacessível para os barcos, por causa das ondas. Ficam todos na costa sul mesmo, longe das ondas e dos peixes grandes. Previsão de melhora? Talvez na sexta-feira, e olhe lá! Pois é, justo no dia que queríamos ir embora...

Início de mergulho em Utila, ilha no litoral norte de Honduras

Início de mergulho em Utila, ilha no litoral norte de Honduras


Corais formam prateleiras em Utila, ilha no litoral norte de Honduras

Corais formam prateleiras em Utila, ilha no litoral norte de Honduras


Bom, a conversa segue e descobrimos que apenas os barcos da manhã podem ir até a costa norte, se o tempo assim o permitir. Os barcos da tarde, são todos para as aulas de mergulho e ficam aqui na costa sul, mais tranquila. Os barcos da manhã, muito procurados pelos mergulhadores já certificados, já estão lotados para muitos dias. Mas, eis que aparecem duas vagas, para sexta-feira. Seria nossa única chance! Fazemos as contas e descobrimos que o barco volta a tempo de pegarmos o barco da tarde para o continente. É... está decidido, ficamos até sexta! Teremos ao menos uma chance de ver os tubarões-baleia, se São Pedro cooperar.

Um camarão faz de um coral a sua casa, durante mergulho em Utila, ilha no litoral norte de Honduras

Um camarão faz de um coral a sua casa, durante mergulho em Utila, ilha no litoral norte de Honduras


Em uma passagem mais estreita, do meio da poeira surge a Ana, durante mergulho em Utila, ilha no litoral norte de Honduras

Em uma passagem mais estreita, do meio da poeira surge a Ana, durante mergulho em Utila, ilha no litoral norte de Honduras


Bom, já que estamos ali, resolvemos marcar um mergulho para aquela mesma tarde, junto com os estudantes, para desenferrujarmos um pouco e matarmos as saudades dos corais. Pouco mais de uma hora mais tarde, já estávamos no mar, nós e uns oito aprendizes. Não tem problema, embaixo d’água eles seguem para um lado e nós para o outro, com um guia. O mergulho foi bem meia boca, mas como diz um amigo, não existe mergulho ruim. Quando é “ruim”, é mais ou menos. Além do mais, com o preço que se paga por aqui, metade do que se paga em outros lugares, está valendo! De qualquer maneira, depois da experiência, resolvemos que não iríamos mergulhar mais, pelo menos até sexta-feira, quando haveria a chance de seguirmos à costa norte.

Um dos quartos da nossa pousada em Utila, ilha no litoral norte de Honduras

Um dos quartos da nossa pousada em Utila, ilha no litoral norte de Honduras


Movimento na prindipal rua de Utila, ilha no litoral norte de Honduras

Movimento na prindipal rua de Utila, ilha no litoral norte de Honduras


Depois do mergulho, já final de tarde, finalmente pudemos ter um merecido descanso depois da correria do dia inteiro, desde as 6 da manhã. Fazia tempo que não tínhamos um quarto tão charmoso. Foi por isso que hoje, ao descobrir que teríamos de dormir uma noite a mais em Utila, não achamos tão ruim. Pois é, só vamos embora no sábado, bem cedinho. Sexta-feira é feriado aqui, dia santíssimo. Nem os barcos funcionam! Para ir embora nesse dia, só nadando! O barco de sábado, então, promete ser concorrido. Por isso, pelo sim, pelo não, já compramos nossas passagens. Temos de estar seis da manhã no cais! Até lá, além do mergulho na sexta cedo, muito tempo para explorarmos essa pequena ilha, cheia o ano inteiro de estrangeiros querendo aprender a mergulhar e especialmente cheia essa semana pelo turismo local, hondurenhos aproveitando a semana de folga. As pequenas e estreitas ruas da cidade estão movimentadas, disputadas pelos pedestres, ciclistas, motociclistas e quadriciclos. Aliás, que coisa mais chata! Não sei por que inventaram essa porcaria! Ou, já que inventaram, porque deixaram trazer para Utila! Onde já se viu, num lugar tão pequeno desse, ficar andando nessa geringonça? Alguém nos disse que é só nessa semana que o pessoal tira eles da garagem. Questão de status, poder mostrar que tem. Bom, temos de nos acostumar... E tomar cuidado para não sermos atropelados...

Cerveja popular no país, em Utila, ilha no litoral norte de Honduras

Cerveja popular no país, em Utila, ilha no litoral norte de Honduras

Honduras, Utila, Mergulho

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Inesquecível Fim de Tarde No Crater Lake

Estados Unidos, Oregon, Crater Lake

Um fim de tarde com luzes e cores incríveis no Crater Lake, no sul do Oregon, estado da costa oeste dos Estados Unidos

Um fim de tarde com luzes e cores incríveis no Crater Lake, no sul do Oregon, estado da costa oeste dos Estados Unidos


Há cerca de 8 mil anos, a cordilheira conhecida como North Cascades, pela qual temos viajado desde que retornamos aos EUA, tinha uma montanha a mais. Montanha não, um vulcão, como de resto também são o Mount Rainier, o Mount St. Helens, o Mt. Adams e vários outros dos picos que compõe essa região lindíssima do noroeste americano. Estou falando do Mt. Mazama!

Fantástico entardecer no Crater Lake, no sul do Oregon, estado da costa oeste dos Estados Unidos

Fantástico entardecer no Crater Lake, no sul do Oregon, estado da costa oeste dos Estados Unidos


Como vários de seus “irmãos vulcões”, o Mt. Mazama era uma montanha jovem, com apenas 400 mil anos de idade. Ao longo de milênios de atividade vulcânica, ele vinha aumentando de tamanho e de porte, chegando aos 3.700 metros de altura, tornando-o uma montanha muito mais alta, por exemplo, que o vulcão St. Helens, que antes da gigantesca explosão de 1980, tinha 2.900 metros de altura.

Fantástico entardecer no Crater Lake, no sul do Oregon, estado da costa oeste dos Estados Unidos

Fantástico entardecer no Crater Lake, no sul do Oregon, estado da costa oeste dos Estados Unidos


Essa atividade vulcânica vinha em ciclos, intermediados por períodos de calmaria. Era a hora de iniciar um novo ciclo de “crescimento”, quem sabe chegar à invejável altura de 4 mil metros. Mas o Mt. Mazama, na pressa de chegar a esta marca, acabou exagerando. Foi uma erupção colossal! Para se ter uma ideia, na erupção de 1980, o St. Helens ejetou cerca de três quilômetros cúbicos de material e já foi aquele estrago. Ao invés de crescer, acabou perdendo mais de 400 metros de altura, na grande explosão. Pois bem, o Mt. Mazama ejetou nada menos que 50 km cúbicos de material, mais de 15 vezes o valor do St. Helens..

Admirando a beleza perfeita do Crater Lake, no sul do Oregon, estado da costa oeste dos Estados Unidos

Admirando a beleza perfeita do Crater Lake, no sul do Oregon, estado da costa oeste dos Estados Unidos


Os cientistas sabem disso porque cada vulcão ejeta um tipo diferente de material. Mais do que isso, mesmo num mesmo vulcão, cada ciclo eruptivo também muda a composição da lava ejetada. Ainda hoje, essa lava expelida há tanto tempo pode ser achada, identificada, ter e idade estimada e sua quantidade medida. Com isso pode ser montada a história de todos os vulcões da região. Não só pela lava, que fica nas redondezas da montanha, mas também pelas cinzas, que carregam a mesma marca química e podem ter ido parar a milhares de quilômetros de distância, levadas pelo vento.

Crater Lake, o resultado de uma gigantesca explosão vulcânica sete mil anos atrás, no sul do Oregon, estado da costa oeste dos Estados Unidos

Crater Lake, o resultado de uma gigantesca explosão vulcânica sete mil anos atrás, no sul do Oregon, estado da costa oeste dos Estados Unidos


Mas, retornando à monumental erupção do Mt. Mazana, esses 50 km cúbicos ejetados acabaram por deixar vazia a enorme câmara de lava que existia embaixo da montanha, no subsolo. Essa gigantesca cavidade oca ocasionou o desabamento do Mt. Mazama sobre si mesmo e o que era uma grande montanha com 3.700 metros de altitude virou uma gigantesca cratera. Em outras palavras, a montanha virou um buraco! Estava criado o “Crater”, faltava o “Lake”!

O maravilhoso Crater Lake, no sul do Oregon, estado da costa oeste dos Estados Unidos

O maravilhoso Crater Lake, no sul do Oregon, estado da costa oeste dos Estados Unidos


Não demorou muito (em termos geológicos!)! Como estamos em um local de grandes precipitações, principalmente de neve, no inverno, foram precisos apenas 700 anos para encher a cratera com água. Água limpíssima, da mais pura qualidade! O Crater Lake não é alimentado por nenhum rio e nem um mísero córrego sai lá de dentro também. Na verdade, toda a água que está na cratera é fruto do equilíbrio entre chuvas e neve entrando e evaporação e absorção pela terra “saindo”.

Quem é mais bonito: o original, o reflexo ou a combinação dos dois?
 (no sul do Oregon, estado da costa oeste dos Estados Unidos)

Quem é mais bonito: o original, o reflexo ou a combinação dos dois? (no sul do Oregon, estado da costa oeste dos Estados Unidos)


O lago tem cerca de 8 quilômetros de largura por 10 quilômetros de comprimento (na verdade, é quase circular!) e uma profundidade média de mais de 300 metros, chegando aos 600 metros de profundidade máxima! Isso o faz o segundo lago mais profundo de todo o continente, deixando para trás todos os Great Lakes entre EUA e Canadá, que são centenas de vezes maiores do que ele. Isso dá uma boa ideia do tamanho do buraco que hoje está no lugar de uma montanha de tinha 3.700 metros de altura! Realmente, deve ter sido em evento fantástico!

Um fim de tarde com luzes e cores incríveis no Crater Lake, no sul do Oregon, estado da costa oeste dos Estados Unidos

Um fim de tarde com luzes e cores incríveis no Crater Lake, no sul do Oregon, estado da costa oeste dos Estados Unidos


Os primeiros habitantes de cidades na Mesopotâmia e Índia devem ter percebido (e sofrido!) com os invernos mais rigorosos nos anos seguintes, mas foram os índios aqui da região as únicas testemunhas oculares. Pelo menos, os que sobreviveram! E sabemos que alguns deles sobreviveram, pois foram de seus relatos que nasceram as lendas que ainda hoje contam da batalha celestial entre deuses rivais, sendo um deles completamente aniquilado (o Mt. Mazama), substituído por um lago mágico.

O belo reflexo formado pelas águas puras do Crater Lake, no sul do Oregon, estado da costa oeste dos Estados Unidos

O belo reflexo formado pelas águas puras do Crater Lake, no sul do Oregon, estado da costa oeste dos Estados Unidos


E continua mágico até hoje! Pudemos comprovar com os nossos olhos! Como a estrada que dá a volta na cratera já está fechada até o próximo verão, deixamos para chegar até aqui apenas no final da tarde, a tempo de estar no mirante sobre a crista da cratera junto com as últimas luzes do sol, pela única entrada que continua aberta. Tivemos um dia corrido e incrível, conforme descrito no post anterior e chegamos ao Crater lake, onde jaz o Mt. Mazama quase cinco da tarde.

Mágico fim de tarde no Crater Lake, no sul do Oregon, estado da costa oeste dos Estados Unidos

Mágico fim de tarde no Crater Lake, no sul do Oregon, estado da costa oeste dos Estados Unidos


Na verdade, foi um sufoco, pois ficamos muito tempo lá nas Hot Springs e, sem saber ao certo quanto tempo demoraria para chegar até a entrada do parque, fomos vendo o dia acabar antes de chegarmos lá. E olha que, na parte final, nem podíamos acelerar, pois a estrada estava cheia de neve. De fato, já tínhamos até desistido de ver a luz do sol, por ele já tinha se posto pelo lado da cratera que nos aproximávamos.

O belo reflexo formado pelas águas puras do Crater Lake, no sul do Oregon, estado da costa oeste dos Estados Unidos

O belo reflexo formado pelas águas puras do Crater Lake, no sul do Oregon, estado da costa oeste dos Estados Unidos


Mas aí, veio a surpresa. Para chegar até o alto da borda da cratera, subimos acima dos 2 mil metros de altitude!. E lá encima, o sol ainda brilhava! Pelo menos, em parte das paredes internas da cratera, formando um cenário absolutamente deslumbrante! Protegido do vento dentro das paredes de mais de 300 metros de altura, as águas do lago são calmas, formando um verdadeiro espelho gigante. Naquela altura, a atmosfera também é bem mais limpa, facilitando a nossa visão.

Fim de tarde a mais de 2 mil metros de altitude, o céu fica colorido em Crater Lake, no sul do Oregon, estado da costa oeste dos Estados Unidos

Fim de tarde a mais de 2 mil metros de altitude, o céu fica colorido em Crater Lake, no sul do Oregon, estado da costa oeste dos Estados Unidos


O resultado é o que se vê nas fotos que ilustram esse post. Coisa de cinema! Para melhorar, as nuvens foram ficando rosas e roxas, assim que o sol se pôs e o seu reflexo no lago deixava o cenário ainda mais inacreditável. Sinceramente, parecia estarmos em outro mundo! Foram 45 minutos do mais belo entardecer desses 1000dias de viagem! Nossos mais sinceros agradecimentos ao finado Mt. Mazama, cujo final apocalíptico nos possibilitou esses momentos mágicos! O agradecimento foi feito olhando para seu pequeno “filhote”, uma ilha que cresce no meio do lago e nos mostra que, quem sabe algum dia, o Mazama ressurgirá das cinzas para chegar aos 4 mil metros.. Enquanto isso não acontece, felizes daqueles que presenciam finais de tarde no Crater Lake!

Fim de tarde a mais de 2 mil metros de altitude, o céu fica colorido em Crater Lake, no sul do Oregon, estado da costa oeste dos Estados Unidos

Fim de tarde a mais de 2 mil metros de altitude, o céu fica colorido em Crater Lake, no sul do Oregon, estado da costa oeste dos Estados Unidos

Estados Unidos, Oregon, Crater Lake, Lago, Parque, vulcão

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Jenipapo e Urubu

Brasil, Piauí, Teresina, Campo Maior (Jenipapo), Esperantina (P.E. Cachoeira do Urubu)

Observando a Cachoeira do Urubu bem de perto, entre os municípios de Batalha e Esperantina - PI

Observando a Cachoeira do Urubu bem de perto, entre os municípios de Batalha e Esperantina - PI


Saímos não tão cedo de Teresina para enfrentar um pouco do trânsito de dia normal de trabalho. Estávamos meio desacostumados com isso, pois só conhecíamos a cidade na tranquilidade de fim de semana. Mas foi só sair da complicação do centro hospitalar e tudo melhorou.

Memorial à Batalha do Jenipapo, em Campo Maior - PI

Memorial à Batalha do Jenipapo, em Campo Maior - PI


Poderíamos ter seguido diretamente para Parnaíba, via Cachoeira do Urubu. Pouco mais de 300 quilômetros rumo ao norte. Mas preferímos voltar pela mesma estrada que tínhamos chegado, pelo menos até a cidade de Campo Maior, onde está o Memorial da Batalha do Jenipapo. Fizemos questão de ir lá prestar nossas homenagens a esses bravos brasileiros tão pouco conhecidos e valorizados pela nossa história.

Cemitério de combatentes no Memorial à Batalha do Jenipapo, em Campo Maior - PI

Cemitério de combatentes no Memorial à Batalha do Jenipapo, em Campo Maior - PI


Eu, por exemplo, que gosto tanto de história, não lembro de nenhuma referência a esta batalha na escola. Quando muito, ficamos sabendo que houve alguma luta na Bahia, durante o processo de independência. Tanto que o 7 de Setembro deles cai em outro dia. Mas nada sobre a guerra que houve no Piauí. Foi somente aqui que aprendi que D. João já não tinha muita esperança de evitar a independência brasileira. Mas planejava manter ao menos a parte norte do país, Piauí, Maranhão e Pará como colônia portuguesa, separada do resto do país. E seus generais bem que tentaram conseguir isso.

Painel ilustrativo da batalha no Memorial à Batalha do Jenipapo, em Campo Maior - PI

Painel ilustrativo da batalha no Memorial à Batalha do Jenipapo, em Campo Maior - PI


O principal militar português por aqui era Fidié. Enquanto ele e seus homens perseguiam revoltosos em Parnaíba, organizou-se um exército de voluntários para enfrentá-lo nas planícies alagadas de Campo Maior, os Campos do Jenipapo. Esse exército era formado por sertanejos, vaqueiros, caçadores, gente simples do campo. Quase todos armados apenas com armas brancas e muita coragem e determinação. Como se fez isso naquela época, não tenho a menor idéia. O fato é que conseguiu-se juntar alguns milhares desses voluntários que atacaram o exército bem treinado de Fidié. Armas de um lado, muita determinação do outro, o resultado foi a vitória portuguesa e cerca de 200 mortos entre os brasileiros. Mas o estrago no lado português, principalmente na moral, também foi grande. A partir dessa batalha, nunca mais estiveram na ofensiva e alguns meses mais tarde acabaram se rendendo. Era a verdadeira independência do Brasil, decidida aqui nos campos do Piauí e não nos planaltos de São Paulo, às margens do Ipiranga.

Transporte público comum no Piauí, em Campo Maior - PI

Transporte público comum no Piauí, em Campo Maior - PI


Depois de visitarmos o memorial e o cemitério, voltamos para Campo Maior e descobrimos a estrada secundária (desconhecida do nosso GPS) que seguia em direção à pequena cidade de Esperantina, onde fica a Cachoeira do Urubu. Com algum trabalho, driblamos uma feira e o movimento normal e confuso de motos, ciclistas e cavalos pelo centro da cidade e rumamos para o norte.

Carnaúbas, palmeira muito comum nesta parte do norrdeste (em Campo Maior - PI)

Carnaúbas, palmeira muito comum nesta parte do norrdeste (em Campo Maior - PI)


Observando a Cachoeira do Urubu de cima da passarela, entre os municípios de Batalha e Esperantina - PI

Observando a Cachoeira do Urubu de cima da passarela, entre os municípios de Batalha e Esperantina - PI


Na estrada, fomos desviando dos buracos, cabras, vacas, jumentos, cavalos e porcos que andam livre e tranquilamente pelas estradas daqui. Cuidadosamente superando os obstáculos, chegamos à Cachoeira, que nos surpreendeu pela força e tamanho. Já esperava algo mais forte, mas ficou muito além das nossas expectativas.

Cruzando a passarela sobre a Cachoeira do Urubu, entre os municípios de Batalha e Esperantina - PI

Cruzando a passarela sobre a Cachoeira do Urubu, entre os municípios de Batalha e Esperantina - PI


Observando a Cachoeira do Urubu de cima da passarela, entre os municípios de Batalha e Esperantina - PI

Observando a Cachoeira do Urubu de cima da passarela, entre os municípios de Batalha e Esperantina - PI


A Cachoeira do Urubu fica bem na fronteira dos municípios de Batalha e Esperantina. Nessa época do ano, muita água passa pelo rio e transforma a cascata em cachoeira e a cachoeira em catarata. Uma passarela liga os dois lados do rio, passando bem encima da queda d'água. É uma belíssima visão, todo aquele poder logo abaixo de nós. Ficamos algum tempo admirando aquela obra da natureza, primeiro ali de cima e depois de um restaurante logo em frente à cachoeira. Quem diria que no Piauí tem tanta água?

Aproximando-se cuidadosamente da Cachoeira do Urubu, entre os municípios de Batalha e Esperantina - PI

Aproximando-se cuidadosamente da Cachoeira do Urubu, entre os municípios de Batalha e Esperantina - PI


Bem próximo do 'coração' da Cachoeira do Urubu, entre os municípios de Batalha e Esperantina - PI

Bem próximo do "coração" da Cachoeira do Urubu, entre os municípios de Batalha e Esperantina - PI


Finalmente, era hora de partir. Uma forte chuva atrasou ainda mais nossa viagem e logo escureceu. Com vacas e cavalos cruzando a estrada o tempo todo, não dava para acelerar muito. Chegamos em Parnaíba muito mais tarde do que tínhamos imaginado ontem. A fome apertava e, depois de descobrirmos um hotel, mesmo antes de descarregar a bagagem já seguimos para o restaurante mais famoso da cidade, o La Barca. Devoramos um peixe delicioso e viemos nos instalar no Hotel Cívico. Amanhã, é dia de passear pelo delta. Seja de avião, de lancha ou de barco. Temos de organizar tudo pela manhã, bem cedinho, para não perder mais tempo. Delta, aí vamos nós!

Cachoeira do Urubu, entre os municípios de Batalha e Esperantina - PI

Cachoeira do Urubu, entre os municípios de Batalha e Esperantina - PI

Brasil, Piauí, Teresina, Campo Maior (Jenipapo), Esperantina (P.E. Cachoeira do Urubu), Batalha, Jenipapo

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Música Eletrônica

Estados Unidos, Washington State, Seattle

O movimentado show do DJ Paul van Dyke, em Seattle, estado de Washington, nos Estados Unidos

O movimentado show do DJ Paul van Dyke, em Seattle, estado de Washington, nos Estados Unidos


Estou ficando velho. Música eletrônica não é da minha época. Acho que começou a aparecer nos últimos anos de faculdade, quando já não tinha muito tempo para baladas. Depois, o tempo foi passando, a moda veio chegando, nomes se consagrando, grandes festivais, as famosas raves, mas nunca participei do movimento.

Chegando à Foundation para assistir o show do  DJ Paul van Dyke, em Seattle, estado de Washington, nos Estados Unidos

Chegando à Foundation para assistir o show do DJ Paul van Dyke, em Seattle, estado de Washington, nos Estados Unidos


Mas, quis o destino, casei-me com alguém que sempre gostou da bendita música eletrônica. A convivência com a Ana começou a me fazer aturar esse novo tipo de “arte”. Depois, com o tempo, até comecei a gostar um pouco também, mas sem entender patavínia. Os grandes nomes desse tipo de música, para mim, são como os nomes da nova geração de atores da Globo ou essas modelos que aparecem todos os dias na capa do UOL ou do Terra: nunca vi mais gordos. Talvez por isso, nem me importei quando a Ana, há poucos dias, exclamou entusiasmada: “O Paul van Dyke vai tocar aqui em Seattle!!!”

Fantasias de Halloween na noite do show do DJ Paul van Dyke, em Seattle, estado de Washington, nos Estados Unidos

Fantasias de Halloween na noite do show do DJ Paul van Dyke, em Seattle, estado de Washington, nos Estados Unidos


Diante da minha reação pouco entusiasmada, ela pacientemente explicou. É um dos maiores DJs da história. Nascido e crescido na antiga Alemanha Oriental, só conseguia ouvir música pirateada por baixo do Muro de Berlin. O muro caiu e van Dike foi um dos precursores dessa nova arte, ganhador de inúmeros prêmios e cultuado mundo afora!

Fantasias de Halloween na noite do show do DJ Paul van Dyke, em Seattle, estado de Washington, nos Estados Unidos

Fantasias de Halloween na noite do show do DJ Paul van Dyke, em Seattle, estado de Washington, nos Estados Unidos


Bom, diante disso, tratamos de refazer nossa agenda. Saímos de Seattle para uma volta pelos parques nacionais próximos e voltamos a tempo de assistir o show na noite de hoje, 31, em pleno Halloween. Com direito a voltar ao “nosso” Hyatt pelo mesmo ótimo preço conseguido pelo PriceLine, menos da metade do preço de balcão. E ainda tivemos a sorte de, ao retornar à cidade, reencontrar nossos amigos colombianos, que rodam a América na Lunita, a simpática Kombi verde.

Reencontro com nossos amigos Kombianos em jantar no restaurante giratório da Space Needle, em Seattle, no estado de Washington, nos Estados Unidos

Reencontro com nossos amigos Kombianos em jantar no restaurante giratório da Space Needle, em Seattle, no estado de Washington, nos Estados Unidos


Jantamos todos no restaurante giratório da Space Needle, com direito a vinho e uma vista fantástica das luzes da cidade. Depois, novas despedidas (acho que já é a quarta vez!) e um até breve nesse pequeno continente que ambas as expedições exploram incansavelmente.

Prontos para o show do DJ Paul van Dyke, em Seattle, estado de Washington, nos Estados Unidos

Prontos para o show do DJ Paul van Dyke, em Seattle, estado de Washington, nos Estados Unidos


Dali para o hotel e de lá, após nos “esquentarmos” no delicioso rum de Barbados que tem viajado bastante conosco, de van para a boate onde ocorreria o show. Foi ali que percebemos que estaria todo mundo fantasiado. De bruxas, vampiras, motoqueiros, monstros, jogadores e o que for. Afinal, era noite de Halloween!

O movimentado show do DJ Paul van Dyke, em Seattle, estado de Washington, nos Estados Unidos

O movimentado show do DJ Paul van Dyke, em Seattle, estado de Washington, nos Estados Unidos


Depois de 10 minutos na fila nos divertido com as fantasias, na nossa vez de entrar, fomos barrados. Ali, só com passaporte, nada de carteiras de motorista ou cédulas de identidade. Não tem problema! Ligamos para o hotel, eles vem nos buscar, pegamos nosso passaporte, a Ana improvisa um disfarce também e nós finalizamos o Mount Gay (o já saudoso rum de Barbados). Voltamos para o show mais prontos do que nunca.

DJ Paul van Dyke em ação, em Seattle, estado de Washington, nos Estados Unidos

DJ Paul van Dyke em ação, em Seattle, estado de Washington, nos Estados Unidos


Agora, o simpático porteiro nos passa na frente da fila e logo nos divertimos lá dentro. A música não demora a começar e, perto da meia-noite, aparece o alemão em grande estilo. Para minha agradável surpresa, ele parece uma pessoa normal. Nada de estrelismos ou esquisitices. Melhor ainda, faz uma música de excelente qualidade!

Mulheres fantasiadas de 5o Elemento animam o show do DJ Paul van Dyke, em Seattle, estado de Washington, nos Estados Unidos

Mulheres fantasiadas de 5o Elemento animam o show do DJ Paul van Dyke, em Seattle, estado de Washington, nos Estados Unidos


A Ana me dizia: “Tá vendo? Isso é música eletrônica de verdade! É bom ou não é?”. Não tinha como negar, era muito boa mesmo. E assim continuou pelas próximas duas horas ininterruptas. Muita música, muitas luzes, muita gente feliz. No alto da boate, para animar ainda mais a noite, uma punhado de mulheres cheias de saúde, fantasiadas de 5º elemento, pouca roupa e muita pele, dançavam sem parar. Na pista, vampiras e anjas disputavam um bruxo enquanto um motoqueiro flertava com a diaba.

Show do famoso DJ Paul van Dyke, em Seattle, estado de Washington, nos Estados Unidos

Show do famoso DJ Paul van Dyke, em Seattle, estado de Washington, nos Estados Unidos


Pena que, como tudo nesse país, regras são regras. Duas da manhã e fim de show. A galera pediu bis. O simpático alemão voltou e queria tocar. Percebe-se logo que faz aquilo por amor e não só por dinheiro ou profissionalismo. Mas os donos da casa não deixaram. Luzes acesas, hora de voltar, sem choradeiras. Não demorou muito e nossa van já vinha nos buscar. A música eletrônica, pelo menos no padrão Paul van Dike, ganhou mais um fã...

Estados Unidos, Washington State, Seattle, Paul van Dike

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Inside Passage

Alaska, Haines, Juneau, Sitka, Ketchikan

Admirando as pasisagens da Inside Passage, trecho entre Sitka e Ketchikan, no sudeste do Alaska

Admirando as pasisagens da Inside Passage, trecho entre Sitka e Ketchikan, no sudeste do Alaska


Nesses últimos dias, assim como nos próximos, estamos viajando de barco por uma das mais belas paisagens do continente: a chamada Inside Passage. É um longo caminho pela costa noroeste do Oceano Pacífico, partindo das cidades de Haines ou Skagway e seguindo rumo ao sul, quase sempre por canais protegidos do mar aberto por ilhas costeiras (daí o nome “Inside Passage”), até a Ilha de Vancouver, quase na fronteira entre Canadá e Estados Unidos. No caminho, várias cidades e algumas paradas, numa região que não tem acesso rodoviário, apenas por ar ou mar, como tem sido o nosso caso.

Os muitos caminhos da Inside Passage, ao longo do sudeste do Alaska. O nosso caminho sai de Haines, passa por Juneau e Sitka e segue para Ketchkan, antes de passar ao Canadá

Os muitos caminhos da Inside Passage, ao longo do sudeste do Alaska. O nosso caminho sai de Haines, passa por Juneau e Sitka e segue para Ketchkan, antes de passar ao Canadá


Essa viagem pode ser feita a bordo de luxuosos cruzeiros, durante a temporada turística, ou nos ferries, que transitam por aí o ano inteiro. Basicamente, percorrem o mesmo caminho, mas com uma grande diferença de preços. Para nós, acostumados aos ferries de outros países do continente, logo imaginamos que a diferença de preços estaria relacionada à diferença de conforto também. Que nada! Os ferries são bem chiques, com vários salões, cabines (por uma preço extra, claro!), restaurantes, bares e cinemas. E ainda levam o seu carro junto! De qualquer maneira, nós não tínhamos escolha: tínhamos de levar a Fiona conosco! Além disso, estamos bem no fim da temporada e já não há mais cruzeiros. Mesmo os ferries, agora são bem menos barcos. Em compensação, o preço caiu também.

Fiona embarcada para a viagem de ferry em Haines, no sudeste do Alaska

Fiona embarcada para a viagem de ferry em Haines, no sudeste do Alaska


A viagem pode ser feita de uma vez só, com cerca de três dias de duração, ou com escalas. Nós tivemos um pouco de sorte e conseguimos montar um caminho e uma agenda com direito a paradas em todas as cidades que desejávamos: na capital Juneau, na cidade “russa” de Sitka e no importante porto de Ketchikan. Além disso, como queríamos parar ao longo do Canadá também, fizemos metade do caminho com a companhia americana e a outra, nos próximos dias, com a companhia canadense. Quem segue pela americana, depois da parada em Prince Rupert, primeira cidade do Canadá para quem vem do norte, deve seguir diretamente à Bellingham, ao lado de Seattle, sem a chance de parar em Vancouver. Por isso, será nessa cidade que trocaremos de companhia.

O deck principal do nosso ferry na Inside Passage, entre Junau e Sitka, no sudeste do Alaska

O deck principal do nosso ferry na Inside Passage, entre Junau e Sitka, no sudeste do Alaska


O primeiro trecho da nossa viagem foi todo noturno, entre Haines e Juneau. Depois, mais umas seis horas de barco entre a capital do Alaska e Sitka, dessa vez durante o dia. O tempo estava meio nublado, meio chuvoso, com uma ou outra mancha de azul no horizonte, para nos dar um pouco de esperanças. Foi o bastante para admirarmos um pouco dessa paisagem gloriosa. Todos os ferries têm uma área no teto do barco, metade coberta e metade não, chamada de “Solarium”. É de onde temos as melhores vistas e também o lugar onde vários passageiros armam suas barracas durante o verão. Agora, nessa época mais vazia e com frio e vento, além da chuva, todo mundo prefere mesmo é o conforto do aquecimento nos decks fechados. Aliás, o nosso apelido para o solarium era “chuvarium”. Mas sempre que podíamos, corríamos para lá para tirar umas fotos. Depois, de volta ao ar quentinho do interior do barco!

Hora do lanche no ferry na Inside Passage, entre Junau e Sitka, no sudeste do Alaska

Hora do lanche no ferry na Inside Passage, entre Junau e Sitka, no sudeste do Alaska


O terceiro trecho, entre Sitka e Ketchkan foi o mais longo. Vinte e quatro horas de viagem. Dessa vez, o tempo estava mais limpo e pudemos ver melhor a paisagem grandiosa dos canais que compões a Inside Passage, sempre com muita mata próxima ao mar e montanhas nevadas ao fundo. Lindo! Só faltou ver as baleias que, na época certa, estão sempre dando seu show ao longo da rota. Mas agora, já estão um pouco mais ao sul (ainda chegaremos lá!). Ainda conseguimos ver duas, mas sem tempo suficiente para fotografá-las. Divinos animais! A melhor maneira de encontrá-las é observar a movimentação dos pássaros. Eles estão sempre atrás delas, buscando os mesmos peixes que os gigantescos cetáceos. Balbúrdia e gritaria de pássaros na água, só pode ter baleia ali embaixo!

Todos os mamíferos que costumam frequentar os mares de Sitka, no sudeste do Alaska

Todos os mamíferos que costumam frequentar os mares de Sitka, no sudeste do Alaska


Com tanto tempo no barco, podemos fazer várias outras coisas além de procurar baleias pela janela. Podemos trabalhar no computador, socializar com outros passageiros, ver algum filme, ler, comer e passar algum tempo no bar, refrescando a garganta. Os americanos são muito estritos e o bar fecha pontualmente às 23:30. Além disso, consumo de álcool, só ali naquele espaço. Nada de fazer como fazíamos na inesquecível barca da Ilha do Mel, cervejinha gelada ali no terraço mesmo. As refeições no restaurante também, só nos horários pré-determinados.

Viajando de ferry pela Inside Passage, entre Junau e Sitka, no sudeste do Alaska

Viajando de ferry pela Inside Passage, entre Junau e Sitka, no sudeste do Alaska


Outra coisa interessante a se fazer é ler os diversos painéis explicativos distribuídos pelo barco, desde nas mesas do restaurante até em cartazes nos decks e corredores. Falam de história, geografia, da fauna e da flora. Incrível a quantidade de mamíferos aquáticos que frequentam essas águas, desde focas e golfinhos até os vários tipos de baleias. Um verdadeiro zoológico!. Mas as informações que mais me interessaram foram as históricas. Aprendi mais um monte de coisas sobre a Klondike Gold Rush, a incrível corrida do ouro para o Alaska e Yukon no final do século XIX.

Paisagens magníficas, apesar do tempo nublado na Inside Passage, entre Junau e Sitka, no sudeste do Alaska

Paisagens magníficas, apesar do tempo nublado na Inside Passage, entre Junau e Sitka, no sudeste do Alaska


Chuva na Inside Passage, entre Junau e Sitka, no sudeste do Alaska

Chuva na Inside Passage, entre Junau e Sitka, no sudeste do Alaska


Depois da descoberta de ouro nos riachos próximos à Dawson, no início do inverno de 1896, as notícias ficaram contidas por ali mesmo, devido ao isolamento da região durante os meses de frio. Mas algum burburinho começou a chegar á costa oeste americana em meados da primavera do ano seguinte. Num mundo sem internet, facebook, twitter ou telefone, fico imaginando (e viajando!) sobre como era a dinâmica desse “burburinho”. O fato é que o burburinho já era grande o suficiente para deixar a cidade de Seattle em estado de tensão, no final de Julho de 1897. Foi quando se aproximava do porto da cidade um navio que vinha do norte, quem sabe com notícias mais concretas. A expectativa era tanta que repórteres dos principais jornais se anteciparam e viajaram até o barco, antes que ele chegasse ao porto. Ali, fizeram suas entrevistas, viram com os próprios olhos a “bagagem dourada” de quem chegava e, no dia seguinte, antes mesmo do barco aportar, seus jornais anunciavam, em letras garrafais: “Ouro descoberto no Canadá!”

Paisagens magníficas, apesar do tempo nublado na Inside Passage, entre Junau e Sitka, no sudeste do Alaska

Paisagens magníficas, apesar do tempo nublado na Inside Passage, entre Junau e Sitka, no sudeste do Alaska


Foi um “Deus nos acuda”. Em questão de horas, todas as passagens para o norte foram vendidas. As companhias trataram de trazer todos os seus barcos para lá e redirecioná-los aos portos do Alaska. Os preços aumentaram. De nada adiantou. Mesmo os barcos extras lotaram rapidamente. As pessoas simplesmente abandonavam seus empregos, vendiam o que tinham e, de alguma maneira, seguiam para o novo El Dorado. Entre essas pessoas, nada menos que o prefeito de Seattle. Ele renunciou ao cargo e partiu em Agosto para o Alaska. Isso dá uma boa ideia da verdadeira febre que tomou conta da nação.

O solarium do nosso barco, apelidado de 'chuvarium', na Inside Passage, trecho entre Sitka e Ketchikan, no sudeste do Alaska

O solarium do nosso barco, apelidado de "chuvarium", na Inside Passage, trecho entre Sitka e Ketchikan, no sudeste do Alaska


Navegando na Inside Passage, trecho entre Sitka e Ketchikan, no sudeste do Alaska

Navegando na Inside Passage, trecho entre Sitka e Ketchikan, no sudeste do Alaska


Os mais pobres seguiam de barco até Haines ou Skagway. Aí, empacotavam sua tonelada de mantimentos, exigência parra que entrassem no Canadá, e seguiam por terra morro acima, até uma das passagens pelas montanhas. Esse era o trecho mais épico, retratado por fotografias históricas de jornalistas de toda a nação. Para carregar tanto peso, os suprimentos que lhe garantiriam a vida pelo próximo ano, tinham de fazer várias viagens morro acima. Milhares de cavalos foram enviados para lá, num novo tipo de negócio que floresceu. Qualquer cavalo serviria, então todos aqueles que já estavam “aposentados” em Seattle foram recolocados na ativa. O resultado não poderia ser outro: as trilhas foram logo apelidadas de “Dead Horse Trails”, dada a quantidade de animais que morriam por ali, devido ao enorme esforço para fazer de seus donos um pouco mais ricos.

Um avião? Um helicóptero? Não, é a Ana no teto do nosso ferry na Inside Passage, trecho entre Sitka e Ketchikan, no sudeste do Alaska

Um avião? Um helicóptero? Não, é a Ana no teto do nosso ferry na Inside Passage, trecho entre Sitka e Ketchikan, no sudeste do Alaska


Aproveitando o calor do sol na Inside Passage, trecho entre Sitka e Ketchikan, no sudeste do Alaska

Aproveitando o calor do sol na Inside Passage, trecho entre Sitka e Ketchikan, no sudeste do Alaska


Uma vez lá no alto, construíam rudimentares barcos de madeira e desciam o rio Yukon até a área de Dawson, em outro trecho muito perigoso, já que não conheciam as armadilhas do rio e devido à precariedade de suas jangadas. Ao todo, eram jornadas de até seis meses. Dos 100 mil que tentaram, apenas 40 mil chegaram ao destino. Pior, a grande maioria deles, quando chegou, deu de cara com uma terra já toda ocupada por aqueles que chegaram antes. O sucesso foi a exceção. O fracasso e a tristeza foram a regra. Tanto esforço e o sonho de quase todos durou poucos anos. Logo estavam de volta ou seguindo para novos locais de descoberta de ouro, em terrenos ainda mais inacessíveis. A população de Dawson, que em dois anos saiu do zero para 30 mil, poucos anos mais tarde tinha se estabilizado em 5 mil pessoas.

Passando por pequena cidade na Inside Passage, trecho entre Sitka e Ketchikan, no sudeste do Alaska

Passando por pequena cidade na Inside Passage, trecho entre Sitka e Ketchikan, no sudeste do Alaska


Passando por Petersburg, na Inside Passage, trecho entre Sitka e Ketchikan, no sudeste do Alaska

Passando por Petersburg, na Inside Passage, trecho entre Sitka e Ketchikan, no sudeste do Alaska


Para quem era mais rico, como o prefeito de Seattle, o caminho era, pelo menos em teoria, mais fácil. Seguiam de barco ao redor da península do Alaska, até a foz do rio Yukon. Aí, trocavam de barco e seguiam rio acima, até Dawson. Mas, como eu disse, isso era apenas a teoria. Na prática, e isso aconteceu com o barco do ex-prefeito, o rio congelava no início do inverno e quem estivesse nos barcos ali deveria permanecer por longos meses, até que o sol voltasse a brilhar forte. O ex-prefeito passou meses de frio e na escuridão a mais de 500 milhas do destino final, esperando que o gelo derretesse.

Aproveitando o calor do sol na Inside Passage, trecho entre Sitka e Ketchikan, no sudeste do Alaska

Aproveitando o calor do sol na Inside Passage, trecho entre Sitka e Ketchikan, no sudeste do Alaska


Na prática, foi essa desenfreada corrida do ouro que abriu os caminhos da Inside Passage, que agora percorremos, no conforto do nosso ferry. As viagens de turismo se iniciaram logo que a corrida amainou, até como uma maneira de manter viva a economia das novas cidades que foram criadas. Melhor para nós, que hoje podemos percorrer essa linda paisagem. Mas devemos agradecer àqueles loucos que passaram por aqui sonhando com a riqueza que jamais chegaria. Seus sonhos ainda pairam pelo ar puro que respiramos por aqui...

Desembarque em Ketchikan, após longa viagem na Inside Passage, no sudeste do Alaska

Desembarque em Ketchikan, após longa viagem na Inside Passage, no sudeste do Alaska

Alaska, Haines, Juneau, Sitka, Ketchikan, Corrida do Ouro, Gold Rush, história

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Ushuaia e o Reencontro com a Fiona

Argentina, Buenos Aires, Ushuaia, Pilar

O porto de Ushuaia, na Terra do Fogo, sul da Argentina

O porto de Ushuaia, na Terra do Fogo, sul da Argentina


Acordamos na manhã de ontem, dia 23, já navegando no tranquilo canal marítimo entre as ilhas ao sul da Terra do Fogo. Mais um pouco e chegávamos a Ushuaia, a cidade mais austral do mundo, ponto de referência para qualquer aventureiro que se preze. Ainda tínhamos tempo para um saudável café da manhã e as últimas arrumações de nossas malas que seriam coletadas enquanto tomássemos nosso café.

A cidade de Ushuaia, na Terra do Fogo, sul da Argentina

A cidade de Ushuaia, na Terra do Fogo, sul da Argentina


Pois é... era chegada a hora do fim da nossa viagem à Antártida. De volta ao continente americano, mas ainda bem longe da nossa querida e saudosa Fiona. Ele nos esperava muito ao norte, em Pilar, cidade ao norte de Buenos Aires. Infelizmente não pudemos apresentá-la ao Sea Spirit, hehehe. Ainda vamos trazê-la até aqui, mas duvido que o barco navio esteja no porto daqui a mais de um mês...

O Sea Spirit é preparado para nova viagem em poucas horas, no porto de Ushuaia, na Terra do Fogo, sul da Argentina

O Sea Spirit é preparado para nova viagem em poucas horas, no porto de Ushuaia, na Terra do Fogo, sul da Argentina


Quando compramos nosso pacote para a Antártida e decidimos que a Fiona ficaria em Buenos Aires, precisamos decidir como seria nosso roteiro sem o carro aqui no sul, como e quando voltaríamos para a capital argentina. A decisão foi a de voltar o mais rápido possível para ficarmos logo motorizados e aí, com calma, ir descendo o país até Ushuaia. Queremos chegar ao fim do continente com nossas quatro rodas mais queridas do mundo e não de barco, com todo o respeito ao Sea Spirit! Explorações próximas a Ushuaia, também resolvemos deixar para depois. Então, compramos nossas passagens aéreas logo para o dia seguinte, hoje, dia 24. Na verdade, poderíamos ter comprado até para o dia 23, mas ficamos com medo do navio atrasar e perdermos a passagem. Inocência nossa, claro! Faça chuva ou faça sol, independente do tamanho das ondas e do mar na Drake Passage, o Sea Spirit chega sim na data marcada. Até porque, nessa mesma tarde de ontem ela já está saindo novamente de viagem com 100 novos passageiros. Mas nós não sabíamos disso...

Desembarcando do Sea Spirit em Ushuaia, na Terra do Fogo, sul da Argentina

Desembarcando do Sea Spirit em Ushuaia, na Terra do Fogo, sul da Argentina


O adeus de nossos guias na expedição à Antártida no porto de Ushuaia, na Terra do Fogo, sul da Argentina

O adeus de nossos guias na expedição à Antártida no porto de Ushuaia, na Terra do Fogo, sul da Argentina


Então, chegou a hora do desembarque. Nossos queridos guias se perfilaram ao lado do navio para um último adeus. Também foi a última despedida de todos aqueles passageiros que acreditaram na data de regresso e compraram suas passagens para hoje mesmo. Seguiram diretamente para o aeroporto. Para os outros, que reservaram um dia ou mais por aqui, sempre restava a chance de mais um reencontro pelas ruas e hotéis da simpática Ushuaia. Quase todos eles já tinham seus hotéis reservados, o que não era o nosso caso nem de outros poucos gatos pingados. Assim, nossa primeira tarefa foi encontrar um lugar para ficar.

Chegamos a Ushuaia, na Terra do Fogo, sul da Argentina

Chegamos a Ushuaia, na Terra do Fogo, sul da Argentina


Com a Kim (África do Sul) e a Pam (Austrália) em Ushuaia, na Terra do Fogo, sul da Argentina

Com a Kim (África do Sul) e a Pam (Austrália) em Ushuaia, na Terra do Fogo, sul da Argentina


Ainda no início da temporada, não foi tão difícil achar lugar para nós. A procura serviu também para já caminharmos um pouco pelas ruas da cidade. O centro é compacto e não demora muito para nos acharmos na cidade. Mais difícil mesmo é nos acostumarmos a estar novamente na civilização. Ver outras pessoas nas ruas, carros, motos, prédios, essas coisas típicas do ser humano. Por um bom tempo, ainda nos sentimos peixes fora d´água. Mas, enfim, temos de nos acostumar. Atravessar uma rua toma mais tempo, mas reaprendemos isso também.

Anúncios de viagens 'baratas' à Antártida em murais de hostels em Ushuaia, na Terra do Fogo, sul da Argentina

Anúncios de viagens "baratas" à Antártida em murais de hostels em Ushuaia, na Terra do Fogo, sul da Argentina


Nos hotéis, vários anúncios nos murais anunciam viagens baratas à Antártida. São promoções de última hora, para partida amanhã ou depois. Por 3-4 mil dólares é possível ir até lá e voltar numa viagem de 10 dias. Quarto coletivo. Não deixa de ser um bom negócio. A Ana já estava se animando, mas ela também sabe que muitas outras aventuras nos esperam...

Um magnífico céu sobre a orla de Ushuaia, na Terra do Fogo, sul da Argentina

Um magnífico céu sobre a orla de Ushuaia, na Terra do Fogo, sul da Argentina


Depois de instalados, a Ana foi passear pela cidade com a Kim e eu fiquei no hostel fazendo bom uso da internet, coisa que já não via há 3 semanas. Mais tarde, fui me juntar a elas. Era engraçado caminhar pelas ruas do centro e reconhecer, de longe, os outros passageiros do Sea Spirit que estavam na cidade, quase todos ainda com a jaqueta amarela que ganhamos da expedição. Trocávamos sorrisos ou abraços, mesmo com aqueles que mal havíamos falado antes. Uma espécie de cumplicidade nos une agora, a jaqueta amarela funcionando como elo de ligação.

Um magnífico céu sobre a orla de Ushuaia, na Terra do Fogo, sul da Argentina

Um magnífico céu sobre a orla de Ushuaia, na Terra do Fogo, sul da Argentina


De noite, nos reunimos alguns em um dos bares da cidade. No grupo, a Rowan, aquela escocesa que viajou conosco. Embora não tenhamos conversado muito durante a viagem, sempre a achei simpática. Agora ele nos contava dos seus planos: tinha alguns dias para viajar pela Argentina e seguiria a viagem sozinha, de ônibus. Uma das poucas a não sair daqui de avião. Então, combinamos de nos encontrar em Bariloche daqui a uns dias e, quem sabe, viajarmos juntos por alguns dias naquela região. Vamos ver se dá certo...

Indo para o aeroporto e observando as montanhas nevadas ao redor de Ushuaia, na Terra do Fogo, sul da Argentina

Indo para o aeroporto e observando as montanhas nevadas ao redor de Ushuaia, na Terra do Fogo, sul da Argentina


A baía de Ushuaia, na Terra do Fogo, sul da Argentina

A baía de Ushuaia, na Terra do Fogo, sul da Argentina


Despedimo-nos da Kim, a melhor amiga da Ana e companheira fiel das baladas no Sea Spirit e voltamos para o hostel. Hoje cedinho repartimos um táxi com a australiana Pam e fomos para o aeroporto, de onde se tem uma bela vista de Ushuaia e as montanhas nevadas ao fundo. Em breve estaremos de volta, de carro, para explorar essa linda cidade e seus arredores! No saguão do aeroporto, novos encontros com passageiros do Sea Spirit e logo já estávamos voando nos céus da Argentina atravessando o país de sul a norte.



Pouco mais de 3 horas de voo e pousamos no Aeroparque, o aeroporto no centro de Buenos Aires. De lá, táxi para Belgrano, onde moram o Marcelo e a Carola, os “periodistas viajeros” que tanto nos ajudaram com a Fiona. No carro deles seguimos para Pilar, cerca de uma hora de viajem a noroeste do centro da capital portenha. Ali mora a mãe da Carola e ali estava nossa querida Fiona, devidamente estacionada no jardim do quintal deles, em meio a um chique condomínio.

Junto com o Marcelo, a Carola e sua família na casa de seus pais em Pilar, ao norte de Buenos Aires, na Argentina. Aí ficou a Fiona nas 3 semanas que viajamos à Antártida

Junto com o Marcelo, a Carola e sua família na casa de seus pais em Pilar, ao norte de Buenos Aires, na Argentina. Aí ficou a Fiona nas 3 semanas que viajamos à Antártida


É sempre uma delícia rever nossa companheira de viagens! Ela também parece bem feliz e o motor pegou logo na primeira tentativa. Acho que está com saudades da estrada. Tiramos fotos e contamos muitas histórias para nossas amigos argentinos, mas tínhamos logo de tomar nosso rumo. Um longo caminho nos espera e já queríamos comer um pedaço dele ainda hoje. Então, mais uma vez, um muito obrigado aos nossos amigos periodistas viajeros, vocês nos salvaram e a Fiona e nós lhe seremos eternamente gratos. Esperamos vocês de braços abertos no Brasil! E agora, de volta a estrada, vamos tratar de nos esquecer do balaço do Sea Spirit e nos reacostumar ao doce sacolejar da Fiona!

Reencontro com a Fiona na casa dos pais da Carola, em Pilar, norte de Buenos Aires. Ela e o Marcelo, os 'Periodistas Viajeros' nos levaram até lá de BS

Reencontro com a Fiona na casa dos pais da Carola, em Pilar, norte de Buenos Aires. Ela e o Marcelo, os "Periodistas Viajeros" nos levaram até lá de BS

Argentina, Buenos Aires, Ushuaia, Pilar, Fiona, Sea Spirit

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Magníficos!

Estados Unidos, Califórnia, Los Angeles

Com Kobe Bryant, o melhor jogador de basquete da atualidade, na saída do jogo do Lakers em Los Angeles, na Califórnia, nos Estados Unidos

Com Kobe Bryant, o melhor jogador de basquete da atualidade, na saída do jogo do Lakers em Los Angeles, na Califórnia, nos Estados Unidos


Descemos a colina onde está o letreiro de Hollywood, demos uma volta e subimos outra colina vizinha, onde está o Griffith Observatory. Localizado em um dos pontos mais altos da cidade e no meio de um parque, com uma incrível vista da metrópole logo abaixo, certamente é um dos pontos mais interessantes de Los Angeles.

O Griffith Observatory, um dos pontos mais altos de Los Angeles, na Califórnia - Estados Unidos

O Griffith Observatory, um dos pontos mais altos de Los Angeles, na Califórnia - Estados Unidos


Toda a enorme área foi comprada por um magnata da cidade, no início do século passado. Ela havia feito sua fortuna em Los Angeles e sentia que deveria retribuir à cidade que o acolheu. Naquela época, Los Angeles ainda não tinha um grande parque e o milionário resolveu presenteá-la com um. Comprou uma enorme área na periferia e doou-a à Los Angeles, desde que ali fosse feito um parque. O problema é que, na época, a área estava tão longe do centro que os vereadores quase recusaram o presente, com medo dos custos de se construir uma estrada até lá. Griffith não se acanhou e bancou a estrada ele mesmo. O parque foi feito e a área foi salva da especulação imobiliária que, um dia, certamente chegaria até ali. Felizes dos habitantes da cidade e de nós, turistas, que hoje temos essa incrível área verde com uma vista privilegiada.

Interior do Griffith Observatory, em Los Angeles, na Califórnia - Estados Unidos

Interior do Griffith Observatory, em Los Angeles, na Califórnia - Estados Unidos


Na parte mais alta do parque foi construído um observatório astronômico, que também leva o nome do milionário benfeitor. Hoje, além de observatório, também é um museu e lá podemos ver exposições e muita informação sobre ciências, principalmente a astronomia. Para mim, que adoro coisas do espaço, pura diversão. Mas tem outros assuntos também e pudemos ver uma experiência demonstrando os raios de energia de Tesla e também um monitor que vê em infravermelho, como a visão da personagem alienígena Predator, que vem à Terra caçar humanos. Até tiramos uma foto, eu e a Ana, em infravermelho. O ponto mais frio, que aparece em azul, é o nariz dela, hehehe!

Imagem térmica do casal 1000dias, no Griffith Observatory, em Los Angeles, na Califórnia - Estados Unidos

Imagem térmica do casal 1000dias, no Griffith Observatory, em Los Angeles, na Califórnia - Estados Unidos


Um maravilhoso pôr-do-sol sobre Los Angeles, na Califórnia - Estados Unidos

Um maravilhoso pôr-do-sol sobre Los Angeles, na Califórnia - Estados Unidos


Mas o mais belo lá de cima, sem dúvida, é o entardecer. Hoje, então, estava absolutamente magnífico. De tão belo, parecia de mentira, o céu vermelho sobre a cidade de Los Angeles, lá embaixo. Foi, provavelmente, a cena mais bonita que vimos na cidade, nesses quase quatro dias que passamos por aqui.

As luzes de Los Angeles se acendem com a chegada da noite ((na Califórnia - Estados Unidos)

As luzes de Los Angeles se acendem com a chegada da noite ((na Califórnia - Estados Unidos)


Logo depois desse espetáculo, refugiamo-nos do frio intenso na santa Fiona e aceleramos para o centro. Estava na hora de outro espetáculo, um jogo de basquete do Lakers. A equipe é uma instituição em Los Angeles e nós demos a sorte de estar aqui durante a temporada de basquete, justamente quando eles recebiam um dos adversários da NBA para jogar em sua casa, o Staples Stadium. Conseguimos ingressos e fomos ver o jogo ao vivo e a cores.

Chegando à casa do Los Angeles Lakers em Los Angeles, na Califórnia, nos Estados Unidos

Chegando à casa do Los Angeles Lakers em Los Angeles, na Califórnia, nos Estados Unidos


Los Angeles tem duas equipes de basquete. A outra é o Clippers, mas esses só se mudaram para a cidade no início da década de 80. Os Estados Unidos tem disso: os times mudam de cidade e de casa, tanto no basquete como no beisebol e no futebol americano. Los Angeles, por exemplo, hoje em dia não tem mais nenhum time de futebol. O aluguel do estádio ficou muito caro e os dois times da cidade se mudaram daqui, já há alguns anos. Mas, voltando ao basquete, é o Lakers que nasceu por aqui e a cidade o venera.

Lakers, uma verdadeira instituição em Los Angeles, na Califórnia, nos Estados Unidos

Lakers, uma verdadeira instituição em Los Angeles, na Califórnia, nos Estados Unidos


Eu comecei a me interessar pelo basquete profissional americano na década de 80, um pouco antes da Bandeirantes começar a mostrar os jogos de lá e o esporte virar uma febre no Brasil. Parentes haviam se mudado para Boston e, poucos anos depois, foi a vez da minha irmã. Na época, o melhor time de basquete dos EUA era o Boston Celtics, com o cestinha Larry Bird. Obviamente, meus tios e também a minha irmã viraram seus fãs e ardorosos torcedores. Por tabela, todos nós ficamos, lá no Brasil. O grande rival do Celtics, o único que conseguia lhe fazer frente, era o Lakers do Magic Johnson e Kareem Abdul-Jabbar. O jogo entre as duas equipes era como se fosse um Fla-Flu e quem torcia por um, odiava o outro.

O ginásio do Lakers ainda vazio, uma hora antes do jogo em Los Angeles, na Califórnia, nos Estados Unidos

O ginásio do Lakers ainda vazio, uma hora antes do jogo em Los Angeles, na Califórnia, nos Estados Unidos


Ou seja, para mim, o Lakers era o inimigo. Mas lá se vão mais de vinte anos. De lá para cá, o Celtics minguou, o Lakers teve outros grandes momentos e o basquete americano foi dominado por quase dez anos pelo Chicago Bulls do Michael Jordan. Os brasileiros foram jogar na NBA e hoje são personagens importantes da liga. O nível do basquete em todo mundo melhorou, buscando a perfeição atingida pelos super jogadores e equipes americanas.

Começa o jogo entre Lakers e Bobcats em Los Angeles, na Califórnia, nos Estados Unidos

Começa o jogo entre Lakers e Bobcats em Los Angeles, na Califórnia, nos Estados Unidos


Pois bem, hoje foi dia de ir à casa do antigo inimigo. Antigo, pois hoje fui como verdadeiro fã. Do basquete, do profissionalismo e da organização com que tudo é feito por aqui. O estádio é um show por si só, quase um shopping center. Todo mundo tem suas cadeiras de onde se pode ver perfeitamente o jogo. No meio do espaço, gigantescos telões nos mostram os melhores momentos em diversos ângulos e velocidades. A torcida grita o tempo todo, animada pelo locutor oficial e por músicas que tocam durante a partida.

Nos intervalos do jogo, o show das cheerleaders no ginásio em Los Angeles, na Califórnia, nos Estados Unidos

Nos intervalos do jogo, o show das cheerleaders no ginásio em Los Angeles, na Califórnia, nos Estados Unidos


Realmente, um verdadeiro show. E um show que não pode parar. Nos intervalos ou tempos pedidos pelos técnicos, entra uma mulherada sarada para dançar e animar a torcida. São as cheerleaders. Ou então, gente da plateia é escolhida para descer na quadra e tentar algum arremesso de longe. Quem acerta é premiado.

Nos intervalos do jogo, o show das cheerleaders no ginásio em Los Angeles, na Califórnia, nos Estados Unidos

Nos intervalos do jogo, o show das cheerleaders no ginásio em Los Angeles, na Califórnia, nos Estados Unidos


O jogo foi equilibrado o tempo todo, durante os quatro quartos. Ainda em início de temporada, com alguns de seus jogadores machucados, o Lakers não está no melhor da sua forma. A equipe liderada pelo melhor jogador da atualidade Kobe Bryant andou o tempo todo atrás, mas virou nos últimos minutos e conseguiu manter a vantagem de um ponto no final. Foi emocionante para a torcida e para os turistas que lá estavam.

Por um mísero ponto, vitória do Lakers em Los Angeles, na Califórnia, nos Estados Unidos

Por um mísero ponto, vitória do Lakers em Los Angeles, na Califórnia, nos Estados Unidos


Torcida comemora aliviada a vitória apertadíssima do Lakers, em Los Angeles, na Califórnia, nos Estados Unidos

Torcida comemora aliviada a vitória apertadíssima do Lakers, em Los Angeles, na Califórnia, nos Estados Unidos


Apesar de toda a emoção, o estádio esteve sempre em ordem, do início ao fim. Nada de cavalaria da polícia na saída do estádio, passando em cima dos torcedores mais exaltados. Com muita ordem e tranquilidade, (mas com frio!!!), caminhamos até o estacionamento e pegamos a Fiona para sair da cidade. Mesmo tarde assim, nossa intenção já era dormir fora de Los Angeles, no nosso longo caminho até o Grand Canyon. Nas próximas horas madrugada afora, deixando a cidade para trás e entrando interior adentro, tudo o que conversamos foi sobre o magnífico dia que tivemos hoje. E sobre os magníficos dias que nos esperam adiante...

Assistindo a jogo do Lakers em em Los Angeles, na Califórnia, nos Estados Unidos

Assistindo a jogo do Lakers em em Los Angeles, na Califórnia, nos Estados Unidos

Estados Unidos, Califórnia, Los Angeles, basquete, Lakes

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Pipa

Brasil, Rio Grande Do Norte, Praia da Pipa

Praia do Amor, em Praia da Pipa - RN

Praia do Amor, em Praia da Pipa - RN


Pipa foi "descoberta" em fins dos anos 80 e começou a "bombar" na metade da década seguinte. Desde então, as mudanças tem sido rápidas. A primeira vez que estive aqui foi em 93. Vim numa excursão de Kombi, partindo de Natal. Estava aproveitando minhas férias de Julho para conhecer um pouco do nordeste. Viajando só e de ônibus, tinha chegado há poucos dias na capital potiguar e no albergue, indicaram-me um passeio ao litoral norte e outro ao sul. Lembro-me que o passeio para o litoral norte (Genipabu) já era todo estruturado e concorrido. Eram dezenas de bugues cruzando as praias e dunas daquela região. Já para o sul, foi custoso encher uma mísera kombi com turistas. O guia (que era o próprio motorista) veio glorificando as belezas da região, mas eu fiquei até com uma certa pena dele: "Coitado, aquele movimento todo para o norte e ele tendo de inventar para arrastar alguém para cá...".

Avenido dos Golfinhos, em Praia da Pipa - RN

Avenido dos Golfinhos, em Praia da Pipa - RN


Pois é, tempos idos e passados. A avenida dos Golfinhos, única rua de então, era de terra. Uma pousada aqui e outra ali. E só. Lembro-me de achar lindo e quente. Principalmente numa kombi sem ar condicionado. Aí, algo aconteceu. Sete anos depois, quando cheguei aqui dirigindo a "Maria" (minha valente Pampa 4x4), a rua já estava com paralelepípedos. Mas era mão-dupla. Um inferno! Meia hora para atravessar um quilômetro de cidade. Muitas pousadas, restaurantes e guias na rua enchendo nossa paciência. Segui viagem!

Criança brinca na Praia do Amor, em Praia da Pipa - RN

Criança brinca na Praia do Amor, em Praia da Pipa - RN


Agora, dez anos mais tarde, a cidade cresceu mais. Mas também se organizou. A enorme afluência e influência de viajantes, brasileiros e gringos, muitos dos quais aqui resolveram ficar, aumentou muito a qualidade dos serviços. Hoje é posível dormir e comer em grande estilo. A concorrência não deixou os preços subirem demais e quem ganha são os visitantes. A população local ficou mais safa, meio blazé. Ao contrário das pequenas cidades vizinhas, onde impera a música brega, axé de 3a categoria e sertanejo, aqui se ouve reagge, boa MPB e lounge. Nossos ouvidos agradecem!

Praia do Amor, em Praia da Pipa - RN

Praia do Amor, em Praia da Pipa - RN


Hoje eu e a Ana passamos boas horas numa praia que antes tinha o nome de Afogados, já que é uma praia de ondas fortes. Nada bom para o marketing de uma cidade que crescia e queria atrair mais turistas. O nome foi mudado para algo mais singelo: Praia dos Amores. Certo... Na maré baixa, é uma caminhada pela areia de uns 10 minutos. É o que basta para nos tirar da muvuca da praia do Centro para nos levar à beleza e tranquilidade dos Amores.

Igreja na Praia da Pipa - RN

Igreja na Praia da Pipa - RN


Depois, comida de boa qualidade no centro e mais um passeio pela night agitada, mais uma vez enfrentando os rigores de uma greve etílica. Aumenta a provação, hehehe. Amanhã, vamos dar um pulo rápido no interior do Rio Grande do Norte, fronteira com a Paraíba. Um lugar que também usa o nome como ferramenta de marketing: "Passa e Fica".

Piscina natural na Praia da Pipa - RN

Piscina natural na Praia da Pipa - RN

Brasil, Rio Grande Do Norte, Praia da Pipa,

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Onças!

Brasil, Mato Grosso, Porto Jofre

Uma magnífica onça nos observa enquanto navegamos no rio Cuiabá, região de Porto Jofre, no final da rodovia Transpantaneira, no Pantanal Norte, no Mato Grosso

Uma magnífica onça nos observa enquanto navegamos no rio Cuiabá, região de Porto Jofre, no final da rodovia Transpantaneira, no Pantanal Norte, no Mato Grosso


Nessas nossas andanças pelas Américas, uma das coisas que sempre procuramos é o contato com a natureza. Por isso, fazemos longas caminhadas em parques nacionais, subimos montanhas, mergulhamos em mares e rios, exploramos cavernas, cruzamos matas e desertos. As paisagens são sempre magníficas, em suas formas mais distintas, mas é o encontro com a vida selvagem, os verdadeiros habitantes dessas regiões lindas que visitamos, que nos dá a sensação verdadeira de estar ainda mais perto da natureza. Afinal, são eles que vivem ali há milhares de anos e encontrá-los nos deixa ainda mais perto do que era o mundo antes de chegarmos por aqui. São sempre encontros marcantes e inesquecíveis.

Pegada de onça em praia do Rio Cuiabá, região de Porto Jofre, no final da rodovia Transpantaneira, no Pantanal Norte, no Mato Grosso

Pegada de onça em praia do Rio Cuiabá, região de Porto Jofre, no final da rodovia Transpantaneira, no Pantanal Norte, no Mato Grosso


Emoção ao avistar nossa primeira onça em barranco no rio Cuiabá, região de Porto Jofre, no final da rodovia Transpantaneira, no Pantanal Norte, no Mato Grosso

Emoção ao avistar nossa primeira onça em barranco no rio Cuiabá, região de Porto Jofre, no final da rodovia Transpantaneira, no Pantanal Norte, no Mato Grosso


Normalmente, são os encontros com os bichos “grandes”, sempre em seu habitat natural, os mais emocionantes. Assim foi com as diversas espécies de tubarões no mar do Caribe e, mais ainda, com os gigantescos tubarões-baleia em Galápagos. Assim foi com golfinhos em Noronha e com baleias no México e no Alaska. Assim foi com tartarugas gigantes em Galápagos e Nicarágua ou com uma enorme sucuri na Venezuela. Assim foi com ursos e alces no Canadá e no Alaska. Esses e muitos outros encontros fizeram a nossa viagem pelo continente muito mais emocionante, interessante e verdadeira.

Onça descansa em praia no rio Cuiabá, região de Porto Jofre, no final da rodovia Transpantaneira, no Pantanal Norte, no Mato Grosso

Onça descansa em praia no rio Cuiabá, região de Porto Jofre, no final da rodovia Transpantaneira, no Pantanal Norte, no Mato Grosso


Mas há um tipo de animal que vinha nos despistando desde o início da viagem, por mais que o procurássemos: os grandes felinos. Basicamente, aqui na América temos duas espécies desses maravilhosos animais, que recebem os mais diferentes nomes conforme a região. O maior deles é a onça pintada, também conhecida por jaguar em todos os países de língua espanhola. O outro é o puma, cougar ou onça parda, nome dado aqui no Brasil. As duas espécies habitavam originalmente da Argentina aos Estados Unidos, embora já tenham sido extintos em muitas regiões, desde a chegada do homem branco.

Onça nos observa em praia no rio Cuiabá, região de Porto Jofre, no final da rodovia Transpantaneira, no Pantanal Norte, no Mato Grosso

Onça nos observa em praia no rio Cuiabá, região de Porto Jofre, no final da rodovia Transpantaneira, no Pantanal Norte, no Mato Grosso


Embora no Brasil as duas espécies sejam chamadas de “onças”, elas são apenas parentes distantes, pertencendo inclusive a gêneros distintos. A onça parda é do gênero “puma” e não sabe rugir. Já a onça pintada é do gênero “panthera”, o mesmo de tigres, leões e leopardos, os maiores gatos do mundo. Assim, é correto dizer que nossa onça pintada está muito mais próxima de um tigre asiático ou leão africano do que da sua vizinha onça parda. Esses dois animais convivem em muitas partes, mas a onça pintada é mais forte, alimenta-se de animais maiores e tende a afastar a onça parda de seu território. Já a onça preta, ou pantera, é apenas uma onça pintada de pele escura, uma variação genética que pode ocorrer até mesmo entre irmãos, assim como na espécie humana irmãos nascem com olhos claros ou escuros, filhos dos mesmos pais.

Uma magnífica onça nos observa enquanto navegamos no rio Cuiabá, região de Porto Jofre, no final da rodovia Transpantaneira, no Pantanal Norte, no Mato Grosso

Uma magnífica onça nos observa enquanto navegamos no rio Cuiabá, região de Porto Jofre, no final da rodovia Transpantaneira, no Pantanal Norte, no Mato Grosso


Um enorme bocejo de onça em barranco no rio Cuiabá, região de Porto Jofre, no final da rodovia Transpantaneira, no Pantanal Norte, no Mato Grosso

Um enorme bocejo de onça em barranco no rio Cuiabá, região de Porto Jofre, no final da rodovia Transpantaneira, no Pantanal Norte, no Mato Grosso


Em vários pontos da nossa viagem, estivemos em territórios desses dois animais. Chegamos a ver muitas pegadas de onças pardas, seja no Vale do Ribeira, seja num parque americano, mas isso foi o mais perto que chegamos deles. No Yucatán e na Guatemala, os jaguares estavam ali, pertinho, mas não os vimos. Na Península de Osa, na Costa Rica, por questão de meia hora perdemos a chance de ver um puma, que muitos outros turistas no mesmo parque puderam ver e fotografar. Ele ficou ali, parado, posando para fotos, mas nós íamos por outra trilha. Mais recentemente, na Amazônia, na reserva do Mamirauá, encontramos um especialista em onças pintadas, que nos ensinou muito sobre o animal, mas não tivemos a chance de sair com ele e seu radio transmissor para encontrar um desses vistosos animais dependurado em um galho da floresta alagada.

A incrível beleza da pele de onça, em barranco do rio Cuiabá, região de Porto Jofre, no final da rodovia Transpantaneira, no Pantanal Norte, no Mato Grosso

A incrível beleza da pele de onça, em barranco do rio Cuiabá, região de Porto Jofre, no final da rodovia Transpantaneira, no Pantanal Norte, no Mato Grosso


Uma magnífica onça nos observa enquanto navegamos no rio Cuiabá, região de Porto Jofre, no final da rodovia Transpantaneira, no Pantanal Norte, no Mato Grosso

Uma magnífica onça nos observa enquanto navegamos no rio Cuiabá, região de Porto Jofre, no final da rodovia Transpantaneira, no Pantanal Norte, no Mato Grosso


Enfim, apostávamos todas as nossas fichas em ter esse “encontro” aqui no Pantanal Norte que, nessa época do ano, é o melhor lugar do mundo para se avistar uma onça pintada. Esse fato se tornou ainda mais real para nós quando, alguns dias atrás, cruzamos e conversamos com outros turistas na trilha das cachoeiras, na Chapada dos Guimarães. Eles estavam vindo daqui e tinham presenciado uma cena incrível: uma onça caçando um jacaré! Se tivessem apenas nos contado, ficaria meio desconfiado, mas o felizardo conseguiu fotografar toda a cena, a onça se aproximando sorrateiramente pelas costas, em uma praia do rio, e avançando sobre o jacaré. A luta não demorou muito, o jacaré de porte médio, quase cem quilos, sem nenhuma chance. A onça vitoriosa ainda carregou sua presa para o outro lado do rio. Tudo isso numa incrível sequência de fotos que nos deixou com a mais pura e positiva inveja.

Uma onça ruge para nós no rio Cuiabá, região de Porto Jofre, no final da rodovia Transpantaneira, no Pantanal Norte, no Mato Grosso

Uma onça ruge para nós no rio Cuiabá, região de Porto Jofre, no final da rodovia Transpantaneira, no Pantanal Norte, no Mato Grosso


Pois bem, essa era a nossa chance! Por isso, não titubeamos em pagar o passeio de barco pelo rio Cuiabá. Com as águas mais baixas, aparecem praias e barrancos nas margens e é aí que se veem os animais, inclusive as onças. Nós ficamos no conforto e segurança do barco e podemos nos aproximar até poucos metros desses enormes felinos, se eles assim o permitirem. Os barqueiros já sabem onde esses encontros tem mais chance de ocorrer, pelo histórico dos últimos dias. Além disso, falam-se constantemente, ao longo do dia, para trocar informações, formando uma verdadeira rede.

Um enorme bocejo de onça em barranco no rio Cuiabá, região de Porto Jofre, no final da rodovia Transpantaneira, no Pantanal Norte, no Mato Grosso

Um enorme bocejo de onça em barranco no rio Cuiabá, região de Porto Jofre, no final da rodovia Transpantaneira, no Pantanal Norte, no Mato Grosso


Mesmo sabendo de tudo isso e também de todo o histórico de onças dos dias anteriores, a gente fica sempre com medo que hoje não seja o dia. Há casos de pessoas que tem a sorte de ver até 10 onças na mesma jornada, mas há o caso daqueles que não veem nenhuma! É sempre aquela questão de estar no lugar certo na hora certa. O que diferencia o Pantanal nessa época do ano, principalmente aqui no norte, é que há mais “lugares certos e horas certas”. Nossa chances são maiores.

A inconfundível silhueta de uma onça entre as folhagens de um barranco no rio Cuiabá, região de Porto Jofre, no final da rodovia Transpantaneira, no Pantanal Norte, no Mato Grosso

A inconfundível silhueta de uma onça entre as folhagens de um barranco no rio Cuiabá, região de Porto Jofre, no final da rodovia Transpantaneira, no Pantanal Norte, no Mato Grosso


Onça nos observa em praia no rio Cuiabá, região de Porto Jofre, no final da rodovia Transpantaneira, no Pantanal Norte, no Mato Grosso

Onça nos observa em praia no rio Cuiabá, região de Porto Jofre, no final da rodovia Transpantaneira, no Pantanal Norte, no Mato Grosso


Então, todos disfarçávamos a tensão até que, enfim, depois de mais de uma hora no rio, veio a notícia dada por um outro barqueiro: há uma onça na margem esquerda algumas curvas a frente. O Tatu, nosso barqueiro, acelera para lá enquanto a gente parece não acreditar que seja mesmo verdade. Até que os olhos treinados do Tatu a localizam, ele nos indica onde ela está e nós vemos, com os próprios olhos, o elusivo animal. É mesmo uma onça, enorme, linda, imponente, senhora de si, sagrada. Como diz o anúncio, a primeira onça, a gente nunca esquece!

Onça macho descança ao lado de onça fêmea em barranco do Rio Cuiabá, região de Porto Jofre, no final da rodovia Transpantaneira, no Pantanal Norte, no Mato Grosso

Onça macho descança ao lado de onça fêmea em barranco do Rio Cuiabá, região de Porto Jofre, no final da rodovia Transpantaneira, no Pantanal Norte, no Mato Grosso


Depois da primeira, ficamos mais relaxados. O que vier agora, é lucro. Bom, se pensarmos dessa maneira, posso dizer que ficamos milionários hoje! A segunda onça estava muito mais próxima, e essa pudemos nos aproximar e fotografar à vontade. Ela ficou ali, posando para fotos, bocejando, abrindo sua enorme boca, nos mostrando a língua e até rugindo um pouco, coisa que só as espécies do gênero panthera sabem fazer. É um animal enorme, que pode chegar aos 150 quilos! É menor que leões e tigres, mas é maior que o leopardo. Em compensação, tem a mordida mais forte na sua família, deixando tigres e leões para trás. Por isso, é o único felino que também costuma matar suas presas mordendo diretamente o crâneo, transformando-o em pedacinhos. Leões, tigres e leopardos preferem morder o pescoço, sufocando a vítima. A onça também sabe fazer isso, dependendo do tipo de presa. Para outras menores, como cães, basta um tapa para matar, nem precisando usar a potente mandíbula.

Onça macho descança ao lado de onça fêmea em barranco do Rio Cuiabá, região de Porto Jofre, no final da rodovia Transpantaneira, no Pantanal Norte, no Mato Grosso

Onça macho descança ao lado de onça fêmea em barranco do Rio Cuiabá, região de Porto Jofre, no final da rodovia Transpantaneira, no Pantanal Norte, no Mato Grosso


Aliás, vendo de perto esse animal, deu para ver que a chance que uma pessoa teria contra ela é absolutamente zero. Ela corre mais, nada mais, sobe melhor em árvores e é muito mais forte. Nós estaríamos na classe dos cães, um simples tapinha para nos mandar dessa para melhor. Felizmente para nós, elas parecem gostar de cachorros, mas não de seres humanos. Os casos de ataque a pessoas geralmente estão relacionados a defesa de filhotes ou a indivíduos velhos e desdentados, já sem forças para caçar presas normais. É o desespero da fome que os levar a baixar seu nível de paladar.

Onça macho descança ao lado de onça fêmea em barranco do Rio Cuiabá, região de Porto Jofre, no final da rodovia Transpantaneira, no Pantanal Norte, no Mato Grosso

Onça macho descança ao lado de onça fêmea em barranco do Rio Cuiabá, região de Porto Jofre, no final da rodovia Transpantaneira, no Pantanal Norte, no Mato Grosso


Ao longo do dia, tivemos vários outros encontros. Foram seis encontros no total, em praias ou barrancos. Num deles, vimos apenas a silhueta entre as folhagens, graças aos olhos treinados do Tatu. Mas quando ele nos aponta, fica inconfundível! Espero nunca ter esse encontro em terra firme, hehehe. Numa hora dessas, não podemos correr. A tática é levantar os braços, para parecer maiores, falar com firmeza, não tirar os olhos do animal e andar vagarosamente de costas, afastando-se aos poucos. Mas, mais do que tudo, reze! Pois se ela quiser te pegar, vai ficar difícil. Por sorte, na grande maioria das vezes, a onça se desinteressa e segue em caminho contrário.

Casal de onças 'namora' em barranco do Rio Cuiabá, região de Porto Jofre, no final da rodovia Transpantaneira, no Pantanal Norte, no Mato Grosso

Casal de onças "namora" em barranco do Rio Cuiabá, região de Porto Jofre, no final da rodovia Transpantaneira, no Pantanal Norte, no Mato Grosso


Dois dos encontros foram os mais especiais. Num deles, não havia uma, mas duas onças! Era um macho e uma fêmea e nós pudemos observar o namoro entre eles, a famosa “corte”. A fêmea fazia-se de desinteressada, mas não ia embora. O macho a rodeava, brincava um pouco com ela e se afastava. Alguns minutos de descanso e voltava à carga. Nós estivemos nesse lugar por três vezes, num período de quase duas horas. Pelo visto, o pobre macho tem de ser bem paciente enquanto a fêmea faz doce, hehehe.

Ainda despercebida, onça avança sobre grupo de capivaras em barranco no rio Cuiabá, região de Porto Jofre, no final da rodovia Transpantaneira, no Pantanal Norte, no Mato Grosso

Ainda despercebida, onça avança sobre grupo de capivaras em barranco no rio Cuiabá, região de Porto Jofre, no final da rodovia Transpantaneira, no Pantanal Norte, no Mato Grosso


O outro encontro foi ainda mais especial, o ponto alto do dia, da semana e do mês. Tivemos a chance de ver uma caçada! Do outro lado do rio, observamos com perfeição toda a ação, que durou uns poucos minutos. Uma família de capivaras estava no alto do barranco, descansando na sombra. A poucos metros dali, uma enorme onça espreitava, se aproximando silenciosamente. Nós víamos tudo, coração na mão e tentando abafar o barulho até da respiração. Uma parte da mente torcia para ver o ataque e sucesso da onça enquanto o outro queria, desesperadamente, avisar as pobres capivaras do perigo iminente. Nossa, o que fazer? Na dúvida, câmera e filmadora nas mãos, prontos para registrar tudo.

Ao perceberem a chegada da onça, capivaras se atiram no rio Cuiabá, região de Porto Jofre, no final da rodovia Transpantaneira, no Pantanal Norte, no Mato Grosso

Ao perceberem a chegada da onça, capivaras se atiram no rio Cuiabá, região de Porto Jofre, no final da rodovia Transpantaneira, no Pantanal Norte, no Mato Grosso


De repente, uma capivara se levantou, preocupada. Ela não sabia de onde vinha o perigo, mas sabia que estava por lá. Começou a emitir sons altos, quase um latido. Algo que nunca tinha visto, mesmo depois de já ter visto milhares de capivaras por toda a América. As outras capivaras se levantaram também enquanto a onça continuava a se aproximar, sem ruídos, escondida pelas folhagens.

Ao perceberem a chegada da onça, capivaras se atiram no rio Cuiabá, região de Porto Jofre, no final da rodovia Transpantaneira, no Pantanal Norte, no Mato Grosso

Ao perceberem a chegada da onça, capivaras se atiram no rio Cuiabá, região de Porto Jofre, no final da rodovia Transpantaneira, no Pantanal Norte, no Mato Grosso


Onça observa capivaras se jogarem no rio Cuiabá, região de Porto Jofre, no final da rodovia Transpantaneira, no Pantanal Norte, no Mato Grosso

Onça observa capivaras se jogarem no rio Cuiabá, região de Porto Jofre, no final da rodovia Transpantaneira, no Pantanal Norte, no Mato Grosso


Foi a hora do bote. A onça avançou em disparada os poucos metros que restavam, mas as capivaras tiveram tempo de se atirar ao rio, um salto de cinco metros de altura, toda a família em uníssono. Muita poeira se levantou, filtrando os raios de sol que já eram filtrados pela folhagem acima. A onça ficou um pouco confusa enquanto as capivaras se estatelavam nas águas do rio. Elas trataram de afundar e só reaparecer muitos metros adiante, enquanto a onça perdeu segundos preciosos pensando se pulava atrás delas ou não. No fim, desistiu, reconheceu a derrota e voltou para a mata. O Tatu nos disse que já viu onças pularem no rio e alcançarem as capivaras, mas essa avaliou que tinha perdido muito tempo. Não valia o esforço.

Onça observa capivaras escaparem de seu ataque em barranco no rio Cuiabá, região de Porto Jofre, no final da rodovia Transpantaneira, no Pantanal Norte, no Mato Grosso

Onça observa capivaras escaparem de seu ataque em barranco no rio Cuiabá, região de Porto Jofre, no final da rodovia Transpantaneira, no Pantanal Norte, no Mato Grosso


Fugindo de onça, capivaras nadam no rio Cuiabá, região de Porto Jofre, no final da rodovia Transpantaneira, no Pantanal Norte, no Mato Grosso

Fugindo de onça, capivaras nadam no rio Cuiabá, região de Porto Jofre, no final da rodovia Transpantaneira, no Pantanal Norte, no Mato Grosso


Para nós, foram vários segundos sem respirar, segundos que pareceram uma eternidade, o drama da vida passando em frente aos nossos olhos. Momentos que fizeram anos de procura valerem a pena. Tivemos a chance de ver um ataque e, ao final, entre mortos e feridos, salvaram-se todos! Na hora de ir embora, ainda passamos ao lado do grupo de capivaras, já no lado de cá do rio. Se nós estávamos excitados, imagina elas! Podia-se ver nos olhos. Tinham nascido novamente! Prontas para mais um dia de vida dura. Não deve ser fácil viver sabendo que, a qualquer momento, você pode virar comida de onça. De alguma maneira, esse medo ainda está escrito nos nossos códigos genéticos, afinal, foram duzentos mil anos fugindo dos grandes gatos nas planícies africanas. Hoje, deu para sentir de perto esses genes perdidos que todos carregamos desde então.

Do outro lado do rio Cuiabá, capivaras respiram aliviadas depois de escaparem de ataque de onça, na região de Porto Jofre, no final da rodovia Transpantaneira, no Pantanal Norte, no Mato Grosso

Do outro lado do rio Cuiabá, capivaras respiram aliviadas depois de escaparem de ataque de onça, na região de Porto Jofre, no final da rodovia Transpantaneira, no Pantanal Norte, no Mato Grosso


Enfim, voltamos para o hotel no fim do passeio plenamente satisfeitos. Tínhamos conseguido muito mais do que imaginávamos. O dia perfeito no Pantanal. Uma experiência que nunca mais esqueceremos, um momento que se destaca mesmo entre os tantos que vivemos todos os dias nessa jornada maravilhosa pelas Américas.

Onça observa capivaras se afastarem no rio Cuiabá, região de Porto Jofre, no final da rodovia Transpantaneira, no Pantanal Norte, no Mato Grosso

Onça observa capivaras se afastarem no rio Cuiabá, região de Porto Jofre, no final da rodovia Transpantaneira, no Pantanal Norte, no Mato Grosso

Brasil, Mato Grosso, Porto Jofre, Bichos, onça, Pantanal

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Para Hopkins e Mais Além...

Belize, Hopkins

Praia em Hopkins, no litoral sul de Belize

Praia em Hopkins, no litoral sul de Belize


Voltamos ontem de Caye Caulker para Corozal, para reencontrar nossa querida Fiona e também para decidir nosso futuro nesse pequeno país. Depois de conhecermos o principal cartão postal de Belize, a barreira de corais e o Blue Hole, o que mais fazer por aqui? Quais são as outras atrações e destinos turísticos do país?

Casas coloridas em Corozal, no norte de Belize

Casas coloridas em Corozal, no norte de Belize


As duas principais cidades, Belize City e a capital Belmopan, não têm a melhor fama. Belmopan é uma cidade planejada, construída depois que um furacão arrasou a antiga capital, Belize City, no início da década de 60. Acharam por bem proteger melhor as repartições públicas no interior do país. Ainda hoje, para o turista, é só um lugar para trocar de ônibus. Já Belize City, conversando com as pessoas daqui e também com os estrangeiros que vieram morar em Belize, é um lugar para ser evitado. Muito perigosa e sem atrações. Até para simplesmente deixar a Fiona por lá para ir à grande barreira, disseram-me ser arriscado. Por isso, optamos pelo caminho marítimo mais longo, partindo de Corozal mesmo. Valeu a pena, pois quando voltamos, a Fiona estava inteirinha, nos esperando.

Atravessando ponte em Belize City, a maior cidade do país

Atravessando ponte em Belize City, a maior cidade do país


Portanto, não há turismo de cidades interessante por aqui. Mas, quem vem para Belize atrás de urbanidade? Só se for outra, de algumas centenas ou milhares de anos atrás: a urbanidade maya! O país tem várias ruínas impressionantes e bem menos concorridas que as do Yucatán e da Guatemala. As mais famosas são Altun-Ha e Lamanai, as duas no norte do país. Mesmo mais tranquilas que suas congêneres em outros países, para padrões belizenhos, são elas as mais movimentadas, pela facilidade de acesso. Para boa parte dos turistas que aqui chegam, vindos por pacote turístico, uma visita a uma dessas duas ruínas está no roteiro. Nós, depois de tantas visitas à antigas cidades mayas, estávamos meio enfadados. Mas até nos interessamos por visitar Lamanai, o que envolveria também um interessante passeio fluvial, pois a maneira mais fácil de chegar lá é de barco. Mas esse barco só sai de manhã e nós perdemos o horário para pegá-lo. Não quisemos esperar mais um dia inteiro no norte do país para isso e nem enfrentar a longa estrada de terra, o caminho alternativo para se chegar às ruínas. Além disso, descobrimos que, na verdade, os achados arqueológicos mais impressionantes de Belize não estão nessas ruínas mais famosas, mas em Caracol, quase na fronteira com a Guatemala. A dificuldade de acesso faz com que muito poucas pessoas lá cheguem e nós resolvemos que essa seria a nossa “ruína maya de Belize”.


Ver mapa maior

Resolvido isso, estávamos prontos para viajar para o sul do país. Olhando o mapa rodoviário de Belize, só há uma entrada e uma saída (ou vice-versa, claro!). Uma fronteira no norte, com o México, por onde entramos, e uma fronteira no oeste, com a Guatemala, nossa porta de saída. Essa porta de saída fica na parte central do país. Então, se fôssemos para o sul, teríamos de retornar. O que a maioria dos viajantes Overland que passam pelo país fazem é simplesmente ignorar essa parte sul. Já para os aventureiros que chegam aqui de mochila, cruzando a América Central, existe também a possibilidade de se chegar até o extremo sul de Belize, à cidade de Punta Gorda e, daí, pegar um barco para Guatemala ou mesmo Honduras. Esse barco é só para pessoas, carros, apenas naquelas saídas que falei acima.

Longo trecho de estrada de terra no caminho para o sul de Belize

Longo trecho de estrada de terra no caminho para o sul de Belize


Indo para o sul de Belize por uma estrada secundária

Indo para o sul de Belize por uma estrada secundária


Nossa decisão, curiosos que somos, foi por conhecer também o sul do país, bem menos visitado. Especialmente as pequenas cidades fora do circuito dos ônibus. Escolhemos começar pela pequena Hopkins, localizada entre as maiores e mais populares Dangriga e Placencia. Hopkins é uma pequena vila de origem garifuna (ainda vou falar deles!), em frente ao mar, ruas de areia e longe do circuito turístico principal.

Praia de Hopkins, no litoral sul de Belize

Praia de Hopkins, no litoral sul de Belize


Meninas garifunas vendem artesanato para turistas em Hopkins, no litoral sul de Belize

Meninas garifunas vendem artesanato para turistas em Hopkins, no litoral sul de Belize


Para ir até lá, fizemos questão de realizar um desvio e passar por dentro de Belize City, ao menos para vê-la com nossos próprios olhos. Não nos pareceu tão mal como havia sido pintada. Ruas estreitas, mas pouco movimentadas, casas coloridas, estrutura viária em reforma, uns poucos gringos caminhando perdidos perto do mar e dos hotéis mais chiques e um rio que divide a cidade em duas. Cumprida nossa “obrigação moral” de ver a maior cidade do país, seguimos em frente.

Noite em praia de Hopkins, no litoral sul de Belize

Noite em praia de Hopkins, no litoral sul de Belize


O caminho de asfalto para o sul dava uma longa volta, seguindo na direção oeste até Belmopan, para depois virar para baixo. Resolvemos pegar um atalho, enfrentar uma estrada de terra mesmo para não dar a grande volta. Cruzamos uma região quase deserta de pessoas, mas com muita vegetação, rios e montanhas ao longe. Aliás, depois do Yucatán, é até estranho ver montanhas no horizonte.

Frente do nosso hotel em Hopkins, no litoral sul de Belize

Frente do nosso hotel em Hopkins, no litoral sul de Belize


Nosso hotel em Hopkins, no litoral sul de Belize

Nosso hotel em Hopkins, no litoral sul de Belize


Finalmente, encontramos novamente a estrada principal, deixamos Dangriga para trás e chegamos ao acesso de Hopkins, uma estrada de 10 quilômetros de terra, cruzando planícies e charcos litorâneos. Chegamos ao povoado e nos instalamos na pousada Kismet, em frente ao mar. A Trisha, a dona, é uma figuraça, uma senhora nova-iorquina que já rodou o mundo, tem ou teve negócios na Jamaica e no Harlem, mas que está por aqui, atualmente.

Cães (incluindo o Chími - o marrom) brincam em praia de Hopkins, no litoral sul de Belize

Cães (incluindo o Chími - o marrom) brincam em praia de Hopkins, no litoral sul de Belize


A Cher, o galo do nosso hotel em Hopkins, no litoral sul de Belize

A Cher, o galo do nosso hotel em Hopkins, no litoral sul de Belize


Chegamos na tarde de ontem e ainda deu para caminhar um pouco pela praia, estreita e com vegetação abundante. O mar é meio escuro, influenciado pelos rios que aqui perto desembocam. O clima é de algum lugarejo perdido no litoral do nordeste brasileiro, de algumas décadas atrás. Alguns poucos turistas, crianças garifunas vendendo pulseiras ou bolinhos, e pouca coisa para se fazer além de sentar, olhar para o mar e beber alguma cerveja.

Tarde preguiçosa em praia de Hopkins, no litoral sul de Belize

Tarde preguiçosa em praia de Hopkins, no litoral sul de Belize


Trabalhando no nosso quarto de hotel em Hopkins, no litoral sul de Belize

Trabalhando no nosso quarto de hotel em Hopkins, no litoral sul de Belize


Nós resolvemos passar o dia de hoje por aqui, de barriga para o ar. Interagimos com a Trisha, com as crianças garifunas, com os cães na praia e até com a Cher, um galo que manda no terreiro da Trisha, refestelando-se nas muitas galinhas que também vivem por ali. Eram seus cacarejos que nos acordavam pela manhã, ou antes dela.

Nossa primeira foto do Gaston, antes mesmo de conhecê-lo (em Hopkins, no litoral sul de Belize)

Nossa primeira foto do Gaston, antes mesmo de conhecê-lo (em Hopkins, no litoral sul de Belize)


Quem nós conhecemos também foi o holandês Gaston, que mora em seu veleiro há mais de 15 anos, quase todos eles aqui na América Central, entre Panamá, Honduras, Guatemala e Belize. Nesses dias, estava estacionado bem em frente à pousada da Trisha. Figura muito interessante também, papo vai, papo vem, mudamos completamente nosso roteiro para os próximos dias. Vamos com o Gaston velejar até a Grande Barreira de Corais novamente. Ele nos convenceu que tínhamos de conhecer Tobacco Caye, uma ilhota encima da barreira, um lugar paradisíaco e tranquilo, cercado por água transparente. Então, amanhã cedinho, eu vou dar um pulo rápido em Dangriga para pegar dinheiro enquanto ele e a Ana fazem compras em Hopkins, para podermos passar três dias no mar. São mudanças de plano assim que fazem a nossa jornada ficar mais interessante. E imprevisível...

Barco ancorado em frente ao nosso hotel em Hopkins, no litoral sul de Belize. Ainda não conhecíamos o 'The Rob'...

Barco ancorado em frente ao nosso hotel em Hopkins, no litoral sul de Belize. Ainda não conhecíamos o "The Rob"...

Belize, Hopkins, Belize City

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