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Tem feito um frio úmido por aqui esses dias. Gostoso para ficar ao lado ...
Final de tarde, começo da noite. A Ana já está boa o suficiente para s...
Conforme vamos passando pela região onde os mayas desenvolveram sua civi...
Josyane Angélica (20/05)
Bom dia! cheguei hoje no seu blog e ja adorei tudo que li... Moro em BH ...
Boia Paulista (20/05)
Oi, Rodrigo. Tudo bem? :) Seu post foi selecionado para a #Viajosfera, d...
Helder Geraldo Ribeiro (18/05)
Muito bacana, Rodrigo! Parece um cidade muito interessante. Aliás, esto...
gabebritto (18/05)
Fantástico! Vocês foram pro Haiti! Fantástico! Lindo! Maravilhoso! Par...
Paulo Pereira (18/05)
Belas fotos (deve ser o elogio mais lido/ouvido/comentado por vocês), ma...
Chegando à mais famosa construção nas ruínas mayas de Uxmal, o Templo do Adivinho, no Yucatán, sul do México
Uxmal foi uma importante cidade maya do período clássico da civilização, atingindo seu auge por volta do ano 900 da nossa era. Suas ruínas são majestosas e não ficam nada a dever para outras ruínas mais conhecidas, como Chichen-Itza, Palenque ou Tikal (na Guatemala). Com uma grande vantagem: são menos visitadas que essas outras e, portanto, não temos de dividi-las com tantos outros turistas.
O famoso Templo do Adivinho visto por trás, nas ruínas mayas de Uxmal, no Yucatán, sul do México
Caminhando nas ruínas mayas de Uxmal, no Yucatán, sul do México
Na sua época de ouro, a cidade estabeleceu uma aliança com Chichen-Itza e, juntas, por mais de um século, tiveram a supremacia na parte norte da península. Mas a queda de sua aliada levou Uxmal a uma lenta decadência, até cair frente a invasores toltecas por volta de 1.100, quando novas construções deixaram de ser feitas. Quando os espanhóis chegaram á região, a cidade já tinha bem pouca importância e acabou sendo completamente abandonada na era colonial.
Entrando no Quadrângulo das Monjas", nas ruínas mayas de Uxmal, no Yucatán, sul do México
O famoso "deus narigudo" maya, nas ruínas de Uxmal, no Yucatán, sul do México
As ruínas foram “redescobertas” logo após a independência do México e passaram a atrair importantes exploradores, já a partir de 1830. As primeiras fotografias são de 1860, algumas das mais antigas de todo o mundo maya. Foi nessa época também, durante o segundo período monárquico do México, que a cidade foi visitada pela imperatriz Carlota. Antes da chagada da soberana, todos as esculturas e petroglifos com símbolos fálicos (muito comum entre os mayas!)foram retirados das ruínas, para não ofender a pureza real.
Suporte de madeira ajuda a conservar parte das ruínas mayas de Uxmal, no Yucatán, sul do México
Outra história interessante envolvendo monarcas foi na ocasião da visita da rainha da Inglaterra, em 1975, para a inauguração do show de sons e luzes noturno. Quando a apresentação chegou ao momento de homenagem a Chaac, o deus maya da chuva, uma chuva torrencial caiu sobre o local e dignitários que aí estavam, mesmo que fosse durante o mês de fevereiro, o auge da estação seca.
Caminhando pelo imponente Quadrângulo das Monjas", nas ruínas mayas de Uxmal, no Yucatán, sul do México
Uxmal está a cerca de 80 quilômetros a sudeste de Mérida e foi a nossa primeira parada num dia longo que ainda incluiria uma visita à caverna de Lon-Tun e uma viagem até a cidade de Tulum, já na costa do Caribe, do outro lado da península do Yucatán. E olha que nós não conseguimos começar cedo, ainda terminando de fazer algumas coisas em Mérida.
O "gol" ou cesta do juego de pelotas nas ruínas mayas de Uxmal, no Yucatán, sul do México
Mas, enfim, chegamos à antiga cidade-estado maya e, desde o início, já fiquei impressionado. Primeiro, com a magnitude das ruínas e, depois, com o pequeno número de turistas. Logo que entramos na cidade, damos de cara com a construção mais famosa, a chamada Pirâmide do Adivinho. Diferente de todas as outras pirâmides da civilização maya, com suas linhas retas, essa tem linhas ovaladas. Foi justamente dela que tinha visto o comparativo de fotos ontem, no Museu de Mérida. Vê-la agora, ao vivo, foi ainda mais impressionante; E por causa das fotos antigas, pude imaginar também o que viu a Imperatriz Carlota, há 150 anos. Mesmo sem os símbolos fálicos, ela deve ter ficado impressionada...
O Altar do Jaguar nas ruínas mayas de Uxmal, no Yucatán, sul do México
Atrás dessa pirâmide está o também incrível “Quadrãngulo das Monjas”. O nome foi dado pelos conquistadores espanhóis por sua semelhança com um convento, pois não existiam monjas ou freiras na civilização maya. É um grande complexo de prédios ao redor de uma praça central, dezenas de câmeras internas para serem exploradas. Só essa construção já nos dá uma boa ideia da enorme população que vivia em Uxmal.
Explorando as ruínas mayas de Uxmal, no Yucatán, sul do México
Outro importante prédio é o Palácio do Governador, com a maior fachada de qualquer construção pré-hispânica na meso América. É claro que também não faltam os sempre presentes juegos de pelota, outras pirâmides, um altar de um jaguar e um templo decorado com pictografias de tartarugas.
Encontro com brasileira e paranaense nas ruínas mayas de Uxmal, no Yucatán, sul do México
Nas nossas andanças e explorações, até encontramos uma curitibana, que hoje mora no Rio Grande do Sul, que conversou bastante tempo com a Ana. Enquanto isso, eu tratei de ir a lugares mais remotos e até inventei uma trilha até o ponto mais alto das ruínas, no topo de uma pirâmide que ainda não foi totalmente restaurada. Visão magnífica de toda a cidade, completamente a sós. Lugar ideal para tentar se comunicar com os antigos donos do lugar. Como não consegui, fui procurar a Ana para ela me ajudar.
Buscando os locais mais isolados das ruínas mayas de Uxmal, no Yucatán, sul do México
Explorando as ruínas mayas de Uxmal, no Yucatán, sul do México
Ela estava no alto da “Grande Pirâmide de Uxmal”, essa sim restaurada e frequentada por outros turistas. Levei-a para minha pirâmide, ainda mais alta que a Grande Pirâmide, de onde tiramos nossas fotos e curtimos o visual do enorme vasto cerrado que cerca a cidade e dos prédios mais famosos de Uxmal, todos abaixo de nós.
Nosso lugar secreto, o ponto mais alto das ruínas mayas de Uxmal, no Yucatán, sul do México
A bela vista do nosso lugar secreto, o ponto mais alto das ruínas mayas de Uxmal, no Yucatán, sul do México
Depois desse clímax, hora de seguir viagem. Adoramos Uxmal, seus prédios icônicos, o sossego relativo e até a chance de chegar a um lugar onde quase ninguém deve ir. Espetacular! Foram nossas últimas ruínas mayas aqui no Yucatán e não poderíamos ter fechado de melhor maneira: com chave de ouro! Agora, o negócio era acelerar a Fiona para ver se ainda conseguíamos pegar a tal caverna de Lon-Tun aberta...
Passeando nas ruínas mayas de Uxmal, no Yucatán, sul do México
Um dos aspectos que precisamos lidar quando vamos viajar, principalmente em viagens internacionais, são os aspectos burocráticos. Vistos, por exemplo! Para a Ana, que é italiana, é tudo mais simples, mas para nós, meros brasileiros... Mesmo viajando no nosso próprio continente, devemos vencer várias complicações.
Precisamos de visto para o Canadá, EUA, México e ilhas e regiões francesas. Guiana Francesa, por exemplo. Um complicador no meu caso é que, normalmente, um dos pré-requisitos para a obtenção do visto são as passagens de avião, de ida e, principalmente, de volta. Para quem vai de carro, eles acham muito estranho e ficam sem saber o que informar. Outro ponto é que o visto tem uma validade limitada depois de emitido. Para quem vai chegar só daqui a 20 meses no país, a recomendação é que se obtenha o visto pouco antes de viajar. De novo, isso não me ajuda porque eu vou estar na estrada e não em São Paulo, onde se obtem esses vistos normalmente.
Bom, na prática, como estou lidando com isso? Para começar, por sorte, eu já tenho um visto americano, válido ainda por vários anos. Que bom! Obter um novo, desempregado, sem passagens de avião, sem imóveis no Brasil, não seria fácil. Segundo, já tendo o visto americano, obter o mexicano foi moleza. Afinal, o México só exige visto de brasileiro porque muitos compatriotas iam para lá para atravessar o Rio Grande a nado. Como eu já tenho o visto americano, eles não acham que seja esse o meu caso.
No caso do visto canadense, vou tentar agora em Maio. Terá de ser o visto de múltiplas entradas, válido por 3 anos, já que o visto de entrada simples, mais barato, só é válido por 6 meses. Já estou preparando a documentação para mostrar que eu não pretendo ir para lá para viver ilegalmente. Sem emprego, é sempre mais complicado. Em Maio dou notícias sobre isso.
Por fim, no caso das regiões francesas, me recomendaram que eu, a bordo da Fiona, na fronteira, negociasse com o oficial de plantão. É o que pretendo fazer. Quem sabe, passar no consulado no Amapá. Quanto às ilhas, disseram-me que não teria problemas, estando com as passagens de entrada e saída. Ao longo da viagem vou tentar me informar novamente.
Para a minha esposa italiana foi tudo mais fácil. Bastou 15 minutos na internet para conseguir o visto americano, único país que tem essa exigência.
Ainda no quesito burocracia, consegui minha carteira internacional no último dia (hoje!), para carros e motos. Eu e a Ana fizemos o curso de motos nessas últimas semanas. Foi uma corrida contra o tempo, com final feliz!
Agora, está faltando a documentação da Fiona para a fase internacional da viagem. Ainda temos tempo para isso. Basicamente, são cópias e cópias dos documentos originais, listas e listas dos aparelhos eletrônicos que estamos levando, um tal de carnet du passage e seguros de viagem. Aqui seguimos aquela máxima: "Não deixe para amanhã aquilo que pode deixar para depois de amanhã!".
Finalmente, estamos deixando o Brasil, hoje, quites com o Imposto de Renda. Já de olho na nossa restituição, sempre bem vinda. No meu caso, de olho também no meu seguro-desemprego.
E chega de burocracias...
Junto com as tartarugas gigantes de Galápagos, na Ilha de Santa Cruz
Boa parte da fama que tem Galápagos hoje no mundo vem de sua variada e exótica fauna terrestre. Observá-la e admirá-la sempre foi um dos nossos maiores objetivos nessa viagem, apesar do foco principal ser o mergulho e a observação da fauna subaquática. Tartarugas gigantes, iguanas marinhas, dezenas de tipos de aves endêmicas, entre outros, são sem dúvida uma atração imperdível e inesquecível.
Leão marinho na Ilha de San Bartolomeu (próxima a Isla de Santiago), em Galápagos
Leão-marinho brinca conosco em mergulho em Isabel, em Galápagos (foto de Henning Abheiden)
Nesses oito dias no arquipélago, tivemos algumas oportunidades para chegar perto desses animais incríveis. O primeiro bicho que vimos logo que chegamos não pode ser exatamente caracterizado como animal terrestre, mas também não deixa de ser: o leão-marinho! Presentes em quase todas as ilhas do arquipélago, eles estão completamente adaptados à presença humana e também às suas "estruturas". Adoram tomar um banho de sol nas bóias de sinalização, nos decks dos barcos e nos piers dos portos. Desajeitados e engraçados acima d'água, é incrível a graciosidade e agilidade desses animais abaixo d'água. Foram dezenas de fotos incríveis (são fotogênicos!) e é difícil escolher alguma. Na nossa página de fotos, basta colocar a palavra "leão marinho" no campo de busca e todas elas irão aparecer...
Pinguim e caranguejo socializam em Rocca Redonda, na Isla Isabel, em Galápagos
Pelicano sobrevoa Tortuga Bay, na Ilha de Santa Cruz, em Galápagos
Pássaros também estão por todo canto, em todas as ilhas. Os mais famosos são o blue footed boobie e também os pinguins. Os primeiros tem essa cor por causa da sua dieta e acabaram se tornando o símbolo das ilhas, estampados num sem número de camisetas. Já os pinguins são a única espécie que vive em águas tropicais e no hemisfério norte. Bem menores que seus primos antárticos, são como os leões marinhos: desajeitados fora d'água e um foguete dentro dela. Há também os pássaros mais "normais", como fragatas, pelicanos e gaivotas. Adoram os portos e os barcos que transitam entre eles. Durante a nossa navegação, parece ser uma diversão para eles pegarem carona conosco. Numa perfeita exibição de suas habilidades, ficam no alto, plainando sobre o ar que o barco está "cortando", sem ter de bater uma única vez as asas para nos acompanhar. Adoram as ilhas mais distantes e isoladas, como Darwin e Wolf. Ali, são os verdadeiros senhores da terra e, de tarde, confortavelmente instalado no nosso sun deck do barco, adorava ouvir a sua cantoria, o mesmo e único barulho que toca por ali há muitos milhares de anos.
As famosas tartarugas de Galápagos, na Ilha de Santa Cruz
Um preguiçoso bocejo de tartaruga gigante na Ilha de Santa Cruz, em Galápagos
Outro símbolo de Galápagos, as tartarugas gigantes (que deram nome ao arquipélago!) são mesmo incríveis! Habitam um punhado de ilhas e cada ilha tem a sua espécie. Exemplo claríssimo de seleção natural e adaptação ao meio ambiente de cada ilha. Uma incrível e inesquecível aula ao vivo e à cores! Nosso contato com elas foi na primeira visita à Ilha de Santa Cruz, onde vivem milhares delas. Nesta época do ano, elas migram das partes mais baixas da ilha para as mais altas, em busca de parceiros para a procriação. A primeira vez que as vemos é inesquecível! Uma grande rocha arredondada parada no meio de um brejo ou de um campo. Parada não, a rocha se move!!! Devagarzinho, hehehe, mas se move. São realmente enormes, vivem até duzentos anos e pesam muito! Não é à tôa que faziam a alegria de piratas e baleeiros, uma verdadeira fonte de carne e proteínas. Como não tiveram inimigos naturais (até o bicho-homem aparecer), puderam se desenvolver tranquilamente, até chegarem a ter o tamanho que tem hoje. Como viemos na época certa (sexualmente falando!), pudemos ver dezenas delas. Adoram comer uma graminha e chafurdar na lama. E, com a velocidade que tem, são o alvo perfeito para quem está aprendendo a fotografar, hehehe!
Vistosa Iguana na Playa Mansa de Tortuga Bay, na Ilha de Santa Cruz, em Galápagos
Fotografando uma iguana na praia em Tortuga Bay, na Ilha de Santa Cruz, em Galápagos
Por fim, mais um dos mágicos animais de Galápagos, as iguanas. Também são muitas espécies, mas a que mais chama a atenção pela sua unicidade são as iguanas marinhas. Nadam com desenvoltura, se alimentam de algas e depois vão passear nas areias das praias. Bicho de aparência pré-histórica, mas completamente adaptado ao meio em que vive. Vê-las enfrentando as ondas de Tortuga Bay foi inesquecível!
Uma pequena e tranquila iguana na Ilha de San Bartolomeu (próxima a Isla de Santiago), em Galápagos
Assim, apesar dos poucos dias passados em terra, conseguimos observar e interagir bastante com esses animais. Mas nem só de bichos vivem as ilhas! A sua beleza cênica é impressionante! Assunto para o póximo post...
Caranguejos na Ilha de San Bartolomeu (próxima a Isla de Santiago), em Galápagos
Mapa de Trinidad e Tobago.
A ilha de Trinidad, a maior ilha do Caribe se não considerarmos as quatro grandes (Cuba, Hispaniola, Jamaica, Porto Rico), foi batizada por Cristóvão Colombo. A cerca de 20 km de distância do continente sul-americano (Venezuela), ela permaneceu uma colônia espanhola até o finalzinho do séc XVIII, quando foi conquistada pelos ingleses. Já sua companheira Tobago permaneceu como um paraíso de piratas até cerca de 1760, quando os ingleses resolveram levar a sério sua colonização. Foi somente 120 anos mais tarde que os ingleses resolveram unir as duas ilhas numa só administração, e assim elas continuam, como duas boas vizinhas.
A Residência do Bispo, um dos "Sete Magníficos", em frente ao Queen's Park Savannah, em Port of Spain, capital de Trinidad e Tobago
A população original de índios foi praticamente dizimada, transformada em escravos e levada para as grandes fazendas do continente. Quando as fazendas chegaram às duas ilhas, foi necessário trazer escravos da África para as "plantations" de cana-de-açúcar e arroz. Com o fim da escravidão os negros saíram das fazendas e foram substituídos por imigrantes indianos, que vinham trabalhar sob uma forma de servidão. Essa imigração indiana deixou suas marcas. Hoje, 40% da população é descendente dos indianos, enquanto outros 40% tem antecedência africana. É possível encontrar templos hindus por todo o país.
O Queen's Royal College, um dos "Sete Magníficos", em frente ao Queen's Park Savannah, em Port of Spain, capital de Trinidad e Tobago
A capital Port of Spain tem cerca de 50 mil habitantes, mas a região metropolitana tem 250 mil, pouco mais de vinte por cento da população do país. A cidade tem fama de perigosa e, até onde conseguimos checar, realmente não se deve caminhar por ela de noite. Mas de dia, achamos muito segura. A nossa Guest House é meio afastada do centro, então nem dá para caminhar para lá. O negócio é usar o principal meio de transporte da cidade, chamado de "route taxi". São carros-táxis que circulam em roteiros definidos e podem parar em qualquer lugar deste roteiro. Ao custo de 1 real, são muito "convenientes". O único problema é que não tem uma cor especial que os diferencie dos outros carros. A diferença está é na placa, que começa com a letra H (de Hired). Os outros carros tem placas que iniciam com P (de Private) e T (de Transport - camionetes, vans e caminhões).
O prédio futurista da NAPA (National Academy of Performing Arts) em Port of Spain, capital de Trinidad e Tobago
Hoje, após a bendita chuva passar, já perto da hora do almoço, pegamos um route taxi para o centro e descemos ao lado do Savannah, um enorme parque no meio da cidade com grandes áreas abertas e campos de cricket e futebol, os esportes nacionais. A avenida que circunda o parque só tem uma mão. Como ex-colônia inglesa, a mão é trocada e os carros giram em volta do parque em sentido horário. O pessoal daqui gosta de dizer que o Savannah, na verdade, é o maior "round-about" (rotatória) do mundo. No seu lado oeste, há uma fileira de sete prédios, os "magnificent seven", construídos no início do séc XX, que são uma das atrações da cidade. Um colégio, um prédio público, a casa do bispo, uma imitação de castelo escocês, uma casa particular, enfim, nada relacionado entre si, nenhum deles aberto à visitação, mas uma bela e interessante visão.
Encontro com brasileiros, um curitibano e um Junqueira, em Port of Spain, capital de Trinidad e Tobago
De lá seguimos, ainda em frente ao parque, a um prédio futurista, a National Galery for Performing Arts. Construção colossal! Em cartaz: West Side Story. Ao visitar o prédio, demos de cara com dois brasileiros, judeus, que vieram para uma apresentação sobre o judaísmo. Um deles é de Curitiba e o outro é primo meu, um Junqueira! Mundo pequeno, hein!
A catedral de em Port of Spain, capital de Trinidad e Tobago
Tentando driblar a chuva, que ía e voltava, fomos ver as duas grandes catedrais da cidade, a anglicana e a católica. A primeira fica na simpática Woodford Square, local de discursos e discussões inflamadas num púlpito aberto a quem queira falar. A segunda no fim da Indepence Square, na verdade um grande boulevard e local mais movimentado da cidade, um calçadão em meio a uma avenida que corta o centro financeiro de Port of Spain. Aproveitamos estarmos bem no centro para já comprar nossas passagens de ferry para Tobago, na terça de tarde. Bem baratinho, preço subsidiado pelo governo, duas horas e meia de viagem por seis dólares. A volta será de avião, também baratinho: 20 dólares para um vôo de 25 minutos.
Night no Cocoa Lounge, em Port of Spain, em Trinidad e Tobago
Fim de tarde, passamos num lugar legal de happy hour na Av. Arapina, local onde estão os bares e restaurantes. Depois, route taxi de volta ao hotel. O simpático motorista nem nos deixou pagar!
Botecão movimentado em Port of Spain, em Trinidad e Tobago
De noite quisemos voltar à cidade, para jantar e ver o agito. Mas a essa hora já não há mais route taxis. A única solução, para quem não tem carro, é combinar tudo com um taxi normal. Assim, por 30 dólares, o cara nos levou para a Arapina e combinou de nos pegar de volta à uma da manhã. Caminhar a esta hora, fora da Arapina, nem pensar! Jantamos num dos hot-spots da cidade e esticamos por lá mesmo, pista de dança e muita badalação. Mas quando estava começando a esquentar, era a hora que tínhamos marcado com o taxista. Foi até bom, porque amanhã temos um longo dia de passeios pela ilha já marcado!
Caminhando na Praça da Independência, que na verdade é um boulevard, em Port of Spain, capital de Trinidad e Tobago
Caribbean Gray Reef Sharks nadam ao nosso lado durante mergulho em Half Moon Wall, perto do Blue Hole, na grande barreira de corais de Belize
Cerca de uma hora depois de mergulharmos no Blue Hole, já estávamos na água novamente, para novo mergulho. Dessa vez, era ao largo de uma ilhota ali perto, num ponto chamado de Half Moon Wall.
Caribbean Gray Reef Sharks nadam ao nosso lado durante mergulho em Half Moon Wall, perto do Blue Hole, na grande barreira de corais de Belize
Como o próprio nome diz, era um mergulho ao longo de uma parede de corais, um tipo de mergulho que já fazia tempo que não fazíamos. Ultimamente, disseram os guias, começaram a aparecer uns tubarões durante esse mergulho, vindos das profundezas. Então, tínhamos de manter os olhos abertos, um na perde ao nosso lado e outro no azul profundo e infinito, abaixo de nós. Os tais tubarões, se aparecessem, seriam do tipo Caribbean Reef Sharks, uma espécie bem “confiável”.
Nadando lado à lado com os belíssimos Caribbean Gray Reef Sharks, durante mergulho em Half Moon Wall, perto do Blue Hole, na grande barreira de corais de Belize
Nadando lado à lado com os belíssimos Caribbean Gray Reef Sharks, durante mergulho em Half Moon Wall, perto do Blue Hole, na grande barreira de corais de Belize
Pois é, mal chegamos a tal parede e eles começaram a aparecer. Não um ou dois, mas quase dez deles! Mas, o melhor de tudo foi o quão perto de nós eles chegavam. Passavam praticamente do nosso lado, animais com cerca de dois metros de comprimento, aquela cara típica de tubarão curioso. Lindos!
Encontro com tubarões em Half Moon Wall, perto do Blue Hole, na grande barreira de corais de Belize
A Ana filma um Caribbean Reef Shark. durante mergulho em Half Moon Wall, perto do Blue Hole, na grande barreira de corais de Belize
A maioria dos mergulhadores preferiu se manter distantes, mas eu, cada vez mais apaixonado por esses animais, fio logo me metendo no azul, bem perto deles. Consegui minhas melhores fotos de tubarão até hoje, assim como filmagens que a Ana fez deles bem perto de mim. Muito joia!
Mergulhando nas paredes de corais de Half Moon Wall, perto do Blue Hole, na grande barreira de corais de Belize
Mergulhando nas paredes de corais de Half Moon Wall, perto do Blue Hole, na grande barreira de corais de Belize
A parede de corais ao nosso lado também era incrível, cheia de vales e canyons. Mas, sinceramente, eu mal podia prestar atenção nelas. O que me atraía mesmo eram os tubarões nadando conosco, eles tão interessados em nós como nós neles. Eram tantos que eu tinha de olhar para todos os lados ao mesmo tempo, principalmente quando me afastava mais da parede, para não ser surpreendido por trás. Eles são “confiáveis”, mas não vou dar bandeira para um bicho com tantos dentes, hehehe.
No final do mergulho em Half Moon Wall, perto do Blue Hole, na grande barreira de corais de Belize, ainda encontramos essa tartaruga acompanhada de dois peixes pegando carona em seu casco
No final do mergulho em Half Moon Wall, perto do Blue Hole, na grande barreira de corais de Belize, ainda encontramos essa tartaruga acompanhada de dois peixes pegando carona em seu casco
E assim foi o mergulho, quase meia hora com os tubarões, até que voltamos para uma parte mais rasa, já longe da parede. Era a hora de ver peixes menores, barracudas e até uma simpática tartaruga com dois estranhos peixes de carona. Muito interessante. Mas o do que sempre me lembrarei desse mergulho, desse dia e mesmo da grande barreira de corais de Belize será, com certeza, dos incríveis tubarões que nos deram a honra de sua companhia. Vai nadar assim bonito lá na China, viu!
Um caribbean gray reef shark se aproxima de nós durante mergulho em Half Moon Wall, perto do Blue Hole, na grande barreira de corais de Belize
Luz de fim de tarde em Real de Catorze, Pueblo Mágico ao norte do México
No ano de 2001, o governo mexicano, através da secretaria de turismo e outros órgãos federais e estaduais, resolveu criar um programa de incentivo ao turismo para mostrar ao mundo que o país não era apenas praias bonitas e caribenhas, tendo muito mais a oferecer. A ideia era valorizar e enaltecer cidades e vilas que oferecessem ao visitante “uma experiência mágica, em razão de suas belezas naturais, riquezas culturais e relevância histórica”. O nome do programa não poderia ter sido melhor escolhido: “Pueblos Mágicos”. As cidades admitidas no programa teriam de seguir certas exigências de atendimento ao turista e, em contrapartida, teriam acesso à fundos especiais.
A linda região de Real de Catorce, pueblo mágico no norte do México
Chegando à Real de Catorce, pueblo mágico no norte do México
Na nossa passagem anterior pelo México, no ano passado, conhecemos algumas delas, sempre muito charmosas. Por exemplo, San Cristobal de Las Casas, em Chiapas e Tequila, em Jalisco. E agora, por indicação do Gera, estávamos indo para a primeira delas, admitida no programa ainda em 2001, Real de Catorze. O Gera é um amigo do meu irmão que mora aqui na Cidade do México. Brasileiro, casado com uma mexicana e amante das montanhas. Meu irmão nos colocou em contato para que subamos o Pico Orizaba juntos e, já há alguns dias que trocamos e-mails e mensagens tentando organizar isso, a nossa programação para subir uma montanha que requer uma aclimatação à altitude. Aos poucos, estamos acertando tudo e logo vou falar disso.
O incrível túnel na rocha que dá acesso à Real de Catorce, pueblo mágico no norte do México
Mas não agora. O assunto é Real de Catorze. Além das montanhas, o Gera também tem viajado muito pelo país e nos disse que essa era uma ótima opção, bem no nosso caminho rumo ao sul. A gente foi ler um pouco sobre a cidade e gostamos! Assim, tratamos de inclui-la no roteiro.
Charmoso restaurante de pedra em em Real de Catorce, pueblo mágico no nordeste do México
Delicioso aperitivo feito com flores de cactus, em restaurante de Real de Catorce, pueblo mágico no nordeste do México
Bem, se gostamos quando lemos sobre ela, era porque ainda não tínhamos conhecido pessoalmente. Depois de chegar e passar dois dias por aqui, aí a palavra certa a usar é “adoramos”! Ela é uma espécie de São Thomé das Letras, toda em pedra também, mas sem aquela pedreira horrorosa que está destruindo a cidade mineira e com uma história muito mais rica. Um charme só, perdida no meio das montanhas que se erguem em pleno deserto potosino.
Manhã de ceú azul em Real de Catorce, pueblo mágico no norte do México
A origem da cidade está na exploração de prata, ainda em tempos coloniais. A mão-de-obra era indígena, pobres escravos que trabalhavam até a morte dentro das minas, sem jamais ver a luz do sol. No início do século XIX a cidade era o segundo maior centro produtor de prata do mundo. A cidade cresceu, igrejas e prédios públicos foram sendo construídos, assim como grandes fazendas de mineração. Mas, aos poucos, os veios de prata foram se esgotando e a riqueza acabando. Boa parte da população se foi e a cidade localizada a mais de 2.700 metros de altitude quase se transformou em uma “cidade-fantasma”. Foi apenas o fervor religioso como centro de peregrinação que manteve Real de Catorce viva por muito tempo. Até que ela foi redescoberta para o turismo, na década de 70. Forasteiros foram chegando e montando pousadas e restaurantes charmosos, aproveitando-se e incentivando uma demanda que apenas crescia. Há poucos anos, a cidade estava “bombando”. Mas a crise de segurança no país afastou muitos turistas e hoje Real anda bem mais calma, apesar das boas pousadas e restaurantes continuarem por lá. Melhor para os turistas que continuam indo para Real. Quem aqui chega, como nós, tem a impressão de estar no lugar certo na hora certa.
Real de Catorce, pueblo mágico no norte do México
Nós chegamos aqui no final da tarde do dia 18. Bastou começar a subir pela estrada de paralelepípedo as montanhas da região que eu já senti que iria gostar muito. O ar das montanhas sempre me faz bem. Além disso, a pureza do ar do deserto faz o horizonte ficar mais claro e distante. Iluminado pela luz de fim de tarde, é a combinação ideal. Depois de muito subir, percebi que a estrada acabaria depois da próxima curva, pelo menos no nosso GPS. E até lá, nada de cidade! “Que estranho!”, pensávamos, mas a resposta apareceu. A estrada desembocava em um túnel no meio da rocha. E não era um túnel qualquer, não! Era cavado a mão. Uma antiga mina. O túnel não é largo, mal cabia a Fiona. Cruzar com outro carro por ali seria impossível. Depois, descobrimos que só passa um carro por vez, duas pessoas por rádio, nas entradas do túnel controlando o tráfego. E precisa mesmo, pois são quase três quilômetros. A impressão que se tem é que chegaremos a um outro mundo.
Com o argentino Walter em frente ao nosso hotel em Real de Catorze, Pueblo Mágico ao norte do México
E realmente chegamos! Em Real de Catorce! Mal saímos do túnel e já entramos em suas ruas estreitas de pedra, por entre antigas igrejas e construções charmosas. Além de estreitas, as ruas formam um labirinto. Mas o instinto acabou nos levando até a praça e, depois de três tentativas, achamos um hotel joia. O negócio era estacionar logo a Fiona e passar a andar só a pé, que é o que combina com a pequena cidade. Quer dizer, a pé por aqui, mas para os passeios pela região, o melhor são cavalos! No dia 19 fizemos uma cavalgada inesquecível, um dos nossos melhores dias nesses 1000dias, mas vou falar disso no próximo post.
Real de Catorce, pueblo mágico no norte do México
Ainda no dia 18, tivemos um maravilhoso jantar em um dos restaurantes aconchegantes, com direito a um aperitivo saborosíssimo, feito de uma espécie de cactos que cresce por aqui. Enfim, depois desse jantar, da noite deliciosa no nosso hotel e da cavalgada inesquecível do dia 19, foi fácil mudar de planos e desistir de seguir viagem. Muito melhor seria passar mais um dia por aqui e foi o que fizemos. Afinal, o que quer que fosse que veríamos pela frente, não poderia ser mais legal que Real.
Real de Catorce, pueblo mágico no norte do México
Uma das charmosas casas em Real de Catorce, pueblo mágico no norte do México
Bom, na verdade, ficou até melhor, por aqui. Isso porque, quando retornamos ao nosso hotel para dizer que ficaríamos mais uma noite, eles já tinham passado nosso quarto para frente. Em compensação, colocaram-nos em outro quarto melhor ainda, mas com o mesmo preço. Esse quarto foi tão legal, mas tão legal, que também vou fazer um post só para ele, hehehe. Depois do post da cavalgada...
Com o Walter, amgo argentino que fizemos em Real de Catorze, Pueblo Mágico ao norte do México
Nós ficamos muito amigos do novo hóspede do nosso primeiro quarto, um argentino fotógrafo que mora no Canadá e que viajou para o Yucatan e Guatemala nas férias com a família e estava retornando para o norte, ele de carro enquanto a família seguiu de avião. Gente finíssima e interessantíssima, muitas conversas de viagem. Foi ótimo! Junto com o Walter (seu nome), ficamos amigos da dona do nosso hotel, que acabou por nos convidar para um jantar com amigos ali em frente. Todos forasteiros e artistas há muito radicados na cidade. O jantar e, principalmente as conversas nesse grupo, parecia que estávamos em algum filme do Almodovar. Foi sensacional!
Caminhando em Real de Catorce, pueblo mágico no norte do México
Caminhando pelas ruas de pedra de Real de Catorce, pueblo mágico no norte do México
Ainda tivemos tempo de caminhar pela cidade, conhecer outros restaurantes, ir à igrejas e praças, interagir com artesões que ali moram. Mas, o melhor de tudo era simplesmente estar ali, respirando aquele ar e vivendo aquela vida. A vontade era passar uma temporada por lá, uns dez dias talvez, entrar no clima e no ritmo. Mas temos compromissos à frente e tínhamos de seguir.
Interior da igreja matriz de Real de Catorze, Pueblo Mágico ao norte do México
A rústica estrada que sai de Real de Catorze para o vale, ao norte do México
Fomos embora na metade do dia 20. O caminho de saída, para quem tem um carro grande e tracionado, pode ser descendo uma rústica estrada que segue por dentro de um canyon. Se o carro não for assim, tem de sair pelo túnel mesmo, mas aí a volta seria bem maior, para quem segue rumo ao sul. A gente, com a Fiona, claro que seguimos pelo canyon, mais uma bela paisagem desse Pueblo Mágico. Real de Catorce foi, sem dúvida, um de nossos pontos altos aqui no México. E olha que a concorrência é forte...
Fiona pronta para enfrentar a estrada 4x4 wue sai de Real de Catorze, Pueblo Mágico ao norte do México
De ré, embarcando em balsa para cruzar a Caleta Gonzalo, no parque Pumalín, trecho da Carretera Austral no sul do Chile
Hoje, uma semana depois de chegarmos a Villa O’Higgins, na extremidade sul da Carretera Austral, era o dia de finalizarmos nossa jornada por essa tão famosa estrada do Chile. Partindo da cidade de Chaitén, nosso objetivo era chegar a Puerto Montt, a mais importante cidade chilena dessa parte do país e ponto inicial (no nosso caso, final!) da Carretera Austral.
A Carretera Austral no parque de Pumalín, região de Chaitén, sul do Chile
Preparando-se para embarcar em balsa para cruzar a Caleta Gonzalo, no parque Pumalín, trecho da Carretera Austral no sul do Chile
Ao todo, foram cerca de 1.250 km de rípio, asfalto e trechos de balsa na estrada principal, além de muitos quilômetros de estradas secundárias que nos levaram a lugares como Caleta Tortel e Valle Los Aventureros. Na verdade, de balsa, pelo menos até ontem, só havia tido um trecho, aquele que sai de Puerto Yungay e nos leva aos últimos 100 km de rípio até Villa O’Higgins. Como nós fizemos esse trecho ida e volta, só pelo prazer de chegar ao final da estrada (e conhecer a maravilhosa natureza de Villa O’Higgins, claro!), passamos duas vezes pela mesma balsa. Em compensação, no dia de hoje, foram três trechos distintos de balsa. E nem estou falando da quarta balsa, aquela que nos levou de Puerto Montt até a ilha de Chiloé, já no final do dia e num trecho que já nada tem a ver com a Carretera Austral. Enfim, passamos mais tempo navegando do que dirigindo...
Balsa para cruzar a Caleta Gonzalo, no parque Pumalín, trecho da Carretera Austral no sul do Chile
De balsa, navegando na Caleta Gonzalo, no parque Pumalín, trecho da Carretera Austral no sul do Chile
A estrada por aqui é muito mais movimentada do que lá no sul, onde tomamos a outra balsa. Por isso, pelo número limitado de vagas e horários restritos das balsas, é fundamental fazer a reserva do espaço para o carro com antecipação. Nem adianta querer aparecer na hora para ver se sobrou algum cantinho. Nós compramos nossas passagens e fizemos o reserva para a Fiona ainda ontem e hoje partimos de Chaitén seguros de que havia lugar para nós.
Navegando na balsa de Caleta Gonzalo, no parque Pumalín, trecho da Carretera Austral no sul do Chile
Navegando na balsa de Caleta Gonzalo, no parque Pumalín, trecho da Carretera Austral no sul do Chile
As duas primeiras balsas do percurso são para atravessar a Caleta Gonzalo e o Fiordo Largo. A primeira é uma passagem curta, não mais que 15 minutos de navegação, mas a segunda travessia é, de longe, a mais longa da Carretera Austral, algo perto de 2h 30 min navegando. A primeira, inteiramente dentro dos limites do parque Pumalín, e a segunda, pelo menos o embarque ainda é dentro do parque. O governo chileno deseja construir mais um trecho da Carretera Austral que contorne esses dois trechos de balsa, mas ele passaria bem no meio do parque. Essa é mais uma das batalhas do milionário e ecologista americano Doug Tompkins, que não quer de maneira nenhuma que a estrada atravesse o seu parque. Ele argumenta que o roteiro atual é o ideal e que os danos ecológicos causados pela nova estrada não compensariam o empreendimento. Até agora, pelo menos, ele vai vencendo mais essa disputa, para alegria de ecologistas de todo o mundo.
Nosso roteiro de hoje terminando a Carretera Austral. saímos de Chaitén, passamos pelo parque Pumalín e três balsas até Puerto Montt. Depois, mais uma balsa até a ilha de Chiloé, onde fomos para Ancud
Esperando nossa balsa em Fiordo Largo, a mais longa travessia da Carretera Austral, no sul do Chile
Nós saímos bem de manhã de Chaitén, não porque o horário da nossa reserva na balsa era cedo, mas porque ainda queríamos passear no parque e fazer a Trilha dos Alerces, como descrevi no post anterior. Dentro do parque, estradas muito bem cuidadas, mas de rípio, construídas de maneira a influenciar o mínimo possível a flora e fauna da região. Nós fizemos nossa trilha, tiramos fotos da paisagem dentro do parque, mas tratamos de chegar no horário lá no porto de embarque, em Caleta Gonzalo.
Balsa chega em Fiordo Largo, a mais longa travessia da Carretera Austral, no sul do Chile
Ciclistas desembarcam enquanto carros esperam a hora de embarcar na balsa de Fiordo Largo, no sul do Chile
Aí, entramos todos de ré no barco e, carros devidamente estacionados, passamos a aproveitar o visual exuberante ao nosso redor. água verde, calma e gelada do mar em um canal estreito cercado por encostas íngremes cobertas de mata densa e verdejante. Mas, como disse antes, a travessia é curta e logo estamos novamente dentro do carro esperando o desembarque.
A Fiona aguarda a sua ves de embarcar na balsa que vai atravessar o Fiordo Largo, na Carretera Austral, sul do Chile
A Fiona embarca na balsa que vai atravessar o Fiordo Largo, na Carretera Austral, sul do Chile
O curto trecho de estrada entre as duas travessias de balsa é feita em comboio, velocidade baixa para se evitar atropelamentos silvestres. Quando chegamos ao Fiordo Largo, a fila espera pacientemente a balsa que vem do norte trazendo aqueles que agora iniciam seus percursos na Carretera Austral. Quando ela chega, os primeiros que saem são os ciclistas, prontos para enfrentar os mais de 1.000 km a sua frente. Depois saem os carros e, aí sim, entramos na mais longa das balsas da estrada. Agora sim temos tempo para apreciar a natureza ao nosso redor ou até para dar uma cochilada.
Na balsa que atravessa o Fiordo Largo, na Carretera Austral, sul do Chile
Uma das muitas cachoeiras nas encostas que cercam o Fiordo Largo, na Carretera Austral, sul do Chile
Sentados no convés, observamos as salmoneiras, cercados no mar para criação de salmões, uma das atividades econômicas que mais crescem aqui no sul do Chile. De novo, o estreito canal é cercado por encostas íngremes. Lá no alto, bem alto, montanhas nevadas alimentam as dezenas de cachoeiras que escorrem por aquelas mesmas encostas. Difícil ver, ou mesmo imaginar, por onde passaria a estrada planejada pelo governo. Pelo menos aqui de baixo, e com o que podemos ver a partir do barco, o caminho mais sensato é mesmo esse da balsa.
Criação de salmões no Fiordo Largo, na Carretera Austral, sul do Chile
Criação de salmões no Fiordo Largo, na Carretera Austral, sul do Chile
Já eram quase seis da tarde quando chegamos ao outro lado do Fiordo largo e a sensação era de que tínhamos deixado a Carretera Austral para trás. Não sei se pelo trânsito, pela paisagem, pelos sinais cada vez mais claros de ocupação humana, o fato é que aquilo já não mais parecia a famosa estrada que atrai viajantes do mundo inteiro. Mas, enfim, tecnicamente ao menos, ainda percorríamos sim a Carretera Austral. Foram quase outros 50 km de rípio em alta velocidade, numa espécie de quase corrida com os outros motoristas, até a próxima balsa. Para essa não é preciso fazer reserva. Ela vai e volta entre as duas margens da Caleta la Arena o dia inteiro. Tudo o que é preciso é um pouco de paciência na fila.
Observando as belezas do Fiordo Largo, a mais longa travessia de balsa da Carretera Austral, no sul do Chile
Fiordo Largo, a mais longa travessia de balsa da Carretera Austral, no sul do Chile
Para nós, foi o tempo de ver e admirar o sol que chegava cada vez mais perto da lnha do horizonte. Ao embarcar e fazer o pequeno percurso, um lindo entardecer se desenhava nos céus do sul do Chile, nossa emocionante despedida da estrada em que ficamos por mais de uma semana.
Navegando no Fiordo Largo, a mais longa travessia de balsa da Carretera Austral, no sul do Chile
Montanhas altas, onde nascem diversas cachoeiras, cercam quase toda a extensão do Fiordo Largo, no sul do Chile
Do lado de lá, o asfalto da localidade de Puelche. Depois, uma estrada de 45 km ao longo do litoral até a cidade de Puerto Montt. Aí sim, o pôr-do-sol perfeito, nosso astro-rei se escondendo lentamente atrás do Oceano Pacífico já perto das 21:00. Nossa, fazia tempo que não assistíamos a um belo pôr-do-sol sobre o mar! Uma bela lembrança para o fim de um dia e de uma estrada!
Navegando no Fiordo Largo, a mais longa travessia de balsa da Carretera Austral, no sul do Chile
Travessia de balsa do Fiordo Largo, quase chegando ao início da Carretera Austral, no sul do Chile
Sim, porque ali estavam as luzes de Puerto Montt, a cidade onde, oficialmente, começa a Carretera Austral. A partir de agora, mudamos o nosso foco, que passa a se chamar Chiloé. Esse é o nome da maior ilha do litoral chileno, um local com arquitetura, cultura e culinária próprios, quase um país dentro de outro país. Foi para lá que seguimos diretamente, as luzes de Puerto Montt ficando rapidamente para trás.
Fim de tarde em Caleta La Arena, a última travessia de balsa da Carretera Austral, no sul do Chile
Fim de tarde em Caleta La Arena, a última travessia de balsa da Carretera Austral, no sul do Chile
Foram outros 60 km até o ponto onde embarcamos na quarta balsa do dia. Esse é um porto movimentado, praticamente todo o trânsito entre a ilha e o continente passando por aqui. Tanto que que já passavam das 11 da noite quando pegamos nossa balsa. Balsa moderna, com direito até a wifi. Navegando pela internet, quase nem percebemos a navegação de verdade pelo mar. Chegamos à ilha e enfrentamos os últimos 30 km de estrada da longa jornada de hoje. Finalmente, chegamos ao nosso destino, a cidade de Ancud, a maior da ilha de Chiloé. Amanhã, enquanto a Carretera Austral já se torna uma coisa do passado, temos um mundo novo para começar a explorar!
Final (ou começo) da Carretera Austral, o sol se põe perto das 21:30, quando quase chegávamos a Puerto Montt, no sul do Chile
Final (ou começo) da Carretera Austral, o sol se põe perto das 21:30, quando quase chegávamos a Puerto Montt, no sul do Chile
Chegando à Oneloa Bay, em West Maui, no Havaí
Hoje, passamos boa parte da nossa primeira manhã em Maui tentando decidir nossa programação na ilha. Sabíamos todos os lugares que queríamos ir e tínhamos de encaixá-los em três dias. Além disso, como a Laura e o Rafa só chegariam de noite e teriam um dia a menos que nós, precisávamos deixar os programas mais imperdíveis para quando eles já estivessem conosco. Para dificultar ainda mais um pouco nosso quebra-cabeça, tínhamos de considerar que, após realizar um mergulho (um dos programas que queríamos fazer), não se pode voar nas próximas 24 horas. E nem ir a grandes altitudes, o que era outro dos programas, ir no alto de um antigo vulcão assistir o nascer-do-sol.
Nosso roteiro em Maui. Hoje, demos a volta na costa oeste, saindo de Kihei (D), passando por Lahaina (B) e Kahului (C). Amanhã, já com a Laura e o Rafa, após o mergulho, vamos explorar a costa sul (E). Finalmente, no último dia, vamos subir o vulcão (F) e percorrer a costa leste, até Hana (G)
Tudo pensado e repensado, decidimos hoje explorar a parte oeste da ilha, onde está a histórica cidade de Lahaina. Amanhã bem cedo, vamos mergulhar na cratera submersa de Molokini. O Rafa e a Laura que vão ter de aguentar o tranco: após uma viagem de mais de 24 horas entre vários voos, chegarão perto das nove da noite e, na madrugada de amanhã, antes das cinco, já deverão estar de pé para o mergulho. Descanso, só de tarde! A subida ao cume do vulcão fica para a madrugada seguinte e, logo depois, teremos o resto do dia para explorar a costa leste da ilha, percorrendo a estrada considerada a mais bonita do Havaí. Tudo programado e mergulhos reservados, pudemos sair mais tranquilos para a jornada de hoje, nosso primeiro dia inteiro na ilha de Maui.
A praia em frente ao nosso hotel, em South Kihei, em Maui, no Havaí
Após um café da manhã em frente à praia do nosso hotel, enfrentamos um irritante congestionamento até a cidade histórica de Lahaina. Capital imperial no início do século XIX e depois, principal centro da indústria baleeira mundial, a cidade é a que atrai mais turistas na ilha, principalmente em seu belo e charmoso centro histórico. A gente, já meio irritado com o atraso causado pelo trânsito, só passamos rapidamente pela rua costeira e seguimos viagem. Nosso destino principal, hoje, eram as praias ao norte da cidade.
A belíssima praia de Oneloa Bay, em West Maui, no Havaí
Foi nessa região que se instalaram os primeiros resorts da ilha, aproveitando a beleza de seu litoral. Mais recentemente, o boom hoteleiro se moveu mais para o sul, para a região de Waimea, perto de Kihei, onde estamos hospedados. Mas são mesmo as praias próximas de Lahaina as mais bonitas de Maui, na nossa opinião.
O belo mar de Oneloa Bay, em West Maui, no Havaí
Entre as várias opções, acabamos escolhendo estacionar perto de Napili Bay, fazendo uma agradável caminhada pela costa até a paradisíaca praia de Oneloa Bay. Àguas azuis transparentes e areias brancas nos convenceram a ficar por ali mesmo, algumas horas entre mergulhos, fotos e simplesmente debruçados sob o sol. Uma delícia!
Mar tranquilo em Honolua Bay, em West Maui, no Havaí
As ondas estavam com tamanho ideal para a prática do bom e velho jacaré. Mas nada que se assemelhasse às imagens que vemos dos campeonatos de surfe aqui no Havaí. Apesar de estarmos na temporada das ondas grandes, isso depende muito do dia e, aparentemente, hoje não era um desses dias. Mesmo assim, ainda fomos dar uma olhada, já de carro, na baía de Honolua. Pelo menos em teoria, é um ótimo lugar para se admirar os surfistas enfrentando as ondas grandes. Pois é, para se ter uma ideia, hoje, ao invés de surfistas, as águas estavam cheias de praticantes de snorkel, o que dá uma boa ideia do quão calma estava a baía.
Surfistas em ação em baía de West Maui, no Havaí
A esperança é a última que morre e continuamos nossa volta pelo oeste de Maui. Um pouco depois de Honolua, a estrada se estreita bastante e passa a seguir pelo alto da encosta. Lá embaixo, nada de praias, apenas pedras e rochedos. É justamente aí que o mar fica mais violento, local preferido dos surfistas que vem de todas as partes do mundo para surfar em Maui. Sinceramente, eu não sei como eles conseguem chegar lá embaixo. Mas o fato é que chegam e lá passam o dia inteiro surfando e tomando cuidado para não se esborrachar nas rochas e corais, isso sim que é amor ao esporte!
Mar violento na costa noroeste de Maui, no Havaí
A costa rochosa do noroeste de Maui, no Havaí
Seguimos de mirante em mirante, ora observando surfistas, ora nos maravilhando com a paisagem grandiosa e selvagem que nos cercava. Aqui não há congestionamentos e é raro cruzar com algum outro carro. Ainda bem, pois em muitos trechos da estrada, só há espaço para um carro mesmo! Estamos na área mais isolada da ilha, completamente o oposto da urbanizada Kihei. Essa sim era a Maui que eu procurava!
Passeando com nosso jipe em West Maui, no Havaí
Aproveitando o teto solar do nosso jipe em Maui, no Havaí
Para aumentar ainda mais o clima bucólico, de tempos em tempos cruzávamos com alguma banca de comidas locais, bem “roots”. Vendiam desde caldo de cana até um delicioso bolo de banana. Aliás, desde que chegamos ao Havaí, lá na Big Island, estamos ficando viciados nesse quitute. Aqui em West Maui, paramos numa barraquinha no meio do nada que anunciava, orgulhosa, o fato de ter o melhor bolo de banana do mundo! Uma delícia, mesmo.
Barraca de beira de estada vendendo delicioso bolo de banana, muito comum emt Maui, no Havaí
Parando em tradicional banca de estrada na isolada costa noroeste de Maui, no Havaí
A pequenas estrada continuou a nos levar por vales e desfiladeiros até um pouco antes de Kahului, onde virou uma rodovia novamente. Daí seguimos de volta para nosso hotel em Kihei. Poucas horas mais tarde, voltávamos à Kahului, onde está o aeroporto da ilha. Viemos pegar nossos mais fiéis companheiros de viagem, o Rafa e a Laura, que chegavam depois de uma verdadeira epopeia pelos ares, de Curitiba para cá, via São Paulo, Cidade do México e Los Angeles. Parece que foi ontem que nos despedimos, lá em Santiago de Cuba. A Ana presenteou a Laura com um “lei”, o tradicional colar de flores havaianos. Depois, seguimos diretamente para um rápido jantar e de lá para a cama. Serão apenas poucas horas de sono até acordarmos ainda no escuro, prontos para mergulhar. Assim tem sido nossa rotina no Havaí: intensa!
Reencontro com a Laura, no aeroporto de Kahului, em Maui, no Havaí
Jovens guatemaltecas nas escadarias do Mercado Central da Cidade da Guatemala, capital do país
Tivemos tão boa impressão da Cidade da Guatemala, ou simplesmente Guate, como é conhecida por aqui, que decidimos passar o dia inteiro de hoje aqui mesmo, na capital, e só seguir para Antigua amanhã, véspera de Ano Novo.
Café da manhã em padaria na Cidade da Guatemala, capital do país
Queríamos conhecer o centro histórico da cidade com calma, assim como outras atrações da cidade. Além disso, apareceu a oportunidade de termos um guia muito especial, disposto a nos mostrar a sua cidade. É o Pablo, um legítimo guatemalteco amante das viagens que conhecemos via internet. Há alguns meses ele passou a nos seguir no Twitter, indicação de outros viajantes que ele também havia conhecido por internet e que também nos acompanhavam pela rede mundial de computadores.
Na Praça Centenário, a Catedral da Cidade da Guatemala, capital do país
Assim é a internet nos dias de hoje: aproxima pessoas com o mesmo gosto, formando verdadeiras comunidades de pessoas que nunca se viram, mas que tem algo em comum. No nosso caso, viajar! Hoje, por e-mail, Facebook ou Twitter, a Ana conhece ou acompanha dezenas de pessoas que estão viajando, já viajaram ou querem viajar pela América e pelo mundo. Aqui, sou obrigado a reconhecer: os argentinos dão um banho nos brasileiros neste quesito. Formam a grande maioria dos viajantes de carro através do nosso continente.
Venda de artesania no Mercado Central na Cidade da Guatemala, capital do país
Pois é, há pouco mais de um ano encontrei um site de um guatemalteco que estava viajando por todos os 23 departamentos da Guatemala com sua BMW vermelha puxando um reboque feito com metade de outra BMW, pintado de vermelho também. Muito legal. Vi o site umas duas ou três vezes e depois, deixei de lado, planejando revê-lo quando chegasse por aqui. Pois é, nem precisou, pois acabamos conhecendo o próprio dono do site, o simpático Pablo. Êta mundo pequeno! Demos muita risada quando descrevi o site para ele perguntando se o conhecia e ele respondeu: “Claro! Fui eu que fiz!” Hoje, o blog mudou um pouco, mas é esse aqui, com fotos da BMW com reboque: http://bmwma.wordpress.com/
Mercado Central da Cidade da Guatemala, capital do país
Nós seguimos para o centro de táxi, diretamente para o Parque Centenario. Aí estão o Palácio do governo e a Catedral da cidade. Praça bem ampla, sempre cheia de pessoas, turistas, vendedores, crianças e pombos, muitos pombos. Passamos um tempo por aí e seguimos para o Mercado central, sempre tão cheio de vida. É sempre um dos melhores lugares para se visitar, especialmente em cidades grandes. Aí passamos uma boa meia hora, vendo pessoas, comidas, frutas, sentidos odores, ouvindo músicas, enfim, acompanhando e sentido a vida do lugar. Excelente oportunidade para fotos, que a Ana soube aproveitar muito bem!
Parte externa do Mercado central da Cidade da Guatemala, capital do país
Aí, já era hora de encontrar o Pablo na frente da Catedral, conforme marcado. Ele nos reconheceu de longe, abrindo um largo sorriso e vindo em nossa direção. A gente, que não o conhecia, vendo ele se aproximar com sorriso aberto, já sabíamos que era ele. Fomos passear pela Av 6, a rua peatonal daqui, vendo prédios históricos, pessoas andando para lá e para cá, artistas populares ganhando honestamente seu dinheiro nas ruas e conversando com o Pablo sobre viagens e sobre a Guatemala.
Com nosso amigo Pablo no mais tradicional bar da cidade, o El Portal, na Cidade da Guatemala, capital do país
O ponto alto foi a parada no mais tradicional bar da cidade, com quase 80 anos de idade, o El Portal. Lotado no meio da tarde, intelectuais, jornalistas, antigos e tradicionais frequentadores e turistas incautos como nós, todos aproveitando aquela atmosfera dos anos 30 para sorver uma boa cerveja gelada!
Com o Pablo em Ciudad Cayalá, na Cidade da Guatemala, capital do país
Foi uma cerveja só, já que ele ainda queria nos levar em passeio de carro, sua famosa BMW, pela cidade. Passamos por largas avenidas, vizinhanças famosas e fomos até um dos mirantes no alto dos morros que circulam a cidade. Daí para um chique centro comercial a céu aberto, empreendimento imobiliário atraindo a gente bacana da cidade. Por fim, ele nos levou de volta ao nosso hotel, na Zona 10. Uma tarde agradabilíssima em companhia de uma pessoa super interessante com a qual nunca tínhamos falado pessoalmente antes. Viva a internet!
Com o Pablo e nossos carros de viagem, na Cidade da Guatemala, capital do país
Monte Roraima, na Venezuela, em 2007
Santa Elena foi nossa primeira parada na Venezuela, nessa viagem de 2007. Tínhamos voado do sul do Brasil para Boa Vista e, de lá, tomado um ônibus para essa cidade na fronteira. Sabíamos que lá era a principal base para organização de grupos para a subida ao Monte Roraima, o primeiro motivo que tinha nos trazido de tão longe.
Grupo prepara-se para a subida do Monte Roraima, na Venezuela, em 2007
Em Santa Elena são várias as agências que organizam os tours, todas anunciando partidas para o dia seguinte. Mas quando vamos averiguar, não é bem assim. O grupo tem de ter um número mínimo de pessoas senão, não parte. Assim, os turistas que chegam na cidade ainda sem pacote comprado ou agendado ficam rodando de agência em agência até que uma delas consiga juntar o número mínimo de pessoas e pronto: temos um tour para amanhã!
Início da trilha para o Monte Roraima, na Venezuela, em 2007
Conosco, calhou de ser uma agência toda mística a que conseguiu juntar o grupo. O dono acredita piamente na existência ITs, ou seres “Intra-terrestres”. Eles não viriam do espaço, mas do centro da Terra. E o Monte Roraima é um dos portais para esse mundo interior. “Hmmmm... sei! Mas, tá bom, então tem um grupo amanhã?” – “Temos!” – “Ótimo! Estamos dentro!”. Só fiquei na dúvida sobre como seriam os participantes desse grupo formado pela agência mística...
Caminhando na Gran Sabana na região do Monte Roraima, na Venezuela, em 2007
Para minha surpresa, o único que era um pouco mais “místico” era um hippie mexicano, viajando vagarosamente rumo ao sul. Depois, tinham três gregos bem figuras, um casal e o amigo vela, e um japonês que estava indo de bicicleta dos Estados Unidos até a Patagônia. Junte-se a eles o casal de brasileiros de Curitiba e tínhamos o grupo completo. O guia era o Roger, um índio da Guiana que falava melhor o inglês que o espanhol. Perguntei para ele como ele viajava entre os dois países, já que não há estradas e ele respondeu: “Para nós, os índios, não há fronteiras. Temos nossos caminhos na mata, sem frescura de passaporte!”. Taí, é preciso avisar aos burocratas que Venezuela e Guiana são muito mais ligados do que eles gostariam!
Caminhando para o Monte Roraima, na Venezuela, em 2007
Juntos, seguimos de van para a aldeia indígena de Paraitepui, onde começa a trilha e o Parque do Monte Roraima. Aí, já sabíamos todos da programação da caminhada: dois dias de trilha até a base da montanha, onde dormiríamos na segunda noite. Um dia para a subida íngreme até o topo e outro dia de caminhada na parte alta do Monte Roraima. A quinta noite já seria na metade do caminho de volta e chegaríamos outra vez à Paraitepui no início da tarde do sexto dia da expedição. Cada qual levando a sua barraca e saco de dormir enquanto a comida era levada pelo Roger e seu ajudante. A exceção eram os gregos, que haviam contratado também as barracas que eram levadas e armadas pelos guias.
Caminhando para o Monte Roraima, na Venezuela, em 2007
Então, mãos à obra e pés na trilha. Até o topo do Roraima, ganharíamos pouco mais de mil metros de altitude, mas boa parte dessa elevação é feita no final do segundo dia e, principalmente, durante o terceiro dia, quando subimos a rampa nos paredões do tepui. Assim, o primeiro dia de caminhada é bem leve, ganhando pouca altitude ao longo do dia, aqui e ali descendo um pouco para atravessar algum rio ou riacho.
Caminhada para o Monte Roraima, na Venezuela, em 2007
O bonito é ver as paredes do Roraima ficarem cada vez mais perto de nós. Aos poucos, vamos tendo a noção do quão grandes e imponentes elas são. São como as montanhas da Chapada Diamantina, mas numa escala bem maior. Algumas vezes, o topo fica coberto de nuvens, mas depois elas somem e podemos admirar toda a extensão da montanha. É de encher os olhos!
Monte Roraima, na Venezuela, em 2007
Ao final do dia, chegamos ao local do acampamento, ao lado de um riacho. Dá até tempo de um banho rápido, para depois o grupo se reunir ao redor da comida. Recolhidos na barraca, apenas os sons da natureza e a luz das estrelas do lado de fora, é quando realmente sentimos que estamos indo para o Roraima, a civilização já bem longe de nós. A vontade é que amanheça logo para retomarmos a caminhada!
Banho de rio em acampamento no final do 1o dia de caminhada para o Monte Roraima, na Venezuela, em 2007
No meio da manhã do segundo dia, um último trecho de descida para chegarmos ao maior dos rios da trilha. Aí, um último e merecido mergulho, pois apenas uma longa subida nos espera. Um último lanchinho ali do lado, mochilas nas costas é pé na trilha!
Na barraca, primeira noite na caminhada para o Monte Roraima, na Venezuela, em 2007
Agora sim, na tarde do segundo dia, sentimos que estamos subindo. As paredes do Roraima estão enormes e agora, elas não apenas enchem nossos olhos, como enchem também o horizonte. Paramos mais cedo hoje, pois é preciso descansar bastante para a caminhada de amanhã, a mais dura da expedição. Armamos as barracas, jantamos e nos deliciamos com o céu estrelado. São Pedro está cooperando!
Acordando para o 2o dia de caminhada para o Monte Roraima, na Venezuela, em 2007
Doce ilusão! No meio da noite, o tempo vira e o céu desaba sobre nós. Nossa barraquinha de 80 reais resiste o quanto pode, mas meia hora de aguaceiro são demais para ela, que começa a fazer, literalmente, água. Começamos a ficar ilhados dentro da nossa própria barraca e, pior, a ilha está cada vez menor. Enquanto tentamos salvar nossos pertences de ficarem molhados, ouvimos nossos companheiros de grupo reclamando também. Não éramos os únicos em apuros. Na verdade, tinha gente pior do que nós. Com o dia raiando e a chuva amainando, abrimos nossa porta e percebemos o pobre mexicano. Ele tinha armado sua barraca justamente encima do que virou um riacho de água. Sua barraca era um lago e ele, com um copinho de chá, tentava tirar a água lá de dentro. Quem tinha se dado bem era o Jung, o japonês. Sua barraca mais parecia um disco voador e ele saiu bem sequinho lá de dentro. Mas tarde, durante o café, nos perguntou com curiosidade, com aquele sotaque típico dos nipônicos: “Isn’t your tent waterproof?”. - “Não, acabamos de saber que não...”.
Capela no caminho para o Monte Roraima, na Venezuela, em 2007
Bom, a chuva, na verdade, ainda não havia parado e nós arrumamos nossas mochilas e barracas do jeito que deu. O paredão do Roraima tinha mudado bastante desde a tarde aprazível de ontem. Ao invés da única cachoeira que havia anteriormente, agora eram umas cinco. E nós teríamos de passar por todas elas!
Cada vez mais perto do Monte Roraima, na Venezuela, em 2007
Então, outra vez mais, pé na trilha, enfrentar a subida e a chuva. O caminho tinha se transformado em um rio e nossos calçados já estavam encharcados antes de virarmos a esquina. Meia hora de subida molhada e cruzamos com duas expedições voltando. Tinham partido antes de nós, mas a fúria das cachoeiras os fez dar meia volta. Disseram-nos que estava impossível de passar. Preocupados, perguntamos ao Roger o que faríamos. Ele não titubeou: “It may be impossible for them, but not for Roger!”.
Cada vez mais perto do Monte Roraima, na Venezuela, em 2007
E assim, confiando no nosso guia, seguimos adiante. As cachoeiras realmente impediam o caminho e teríamos de passar embaixo delas. E foi assim que fizemos, literalmente. Podia sentir o peso da água caindo sobre a mochila nas costas, as mãos buscando desesperadamente algum apoio para não escorregar. Com cuidado e presteza, fomos passando, uma a uma, o Roger nos orientando. Ao final, entre mortos e feridos, passamos todos, mas absolutamente encharcados. Nós, as mochilas e tudo o que havia dentro delas.
Acampamento do 2o dia, aos pés do Monte Roraima, na Venezuela, em 2007
O problema, agora, era o frio. Roupas molhadas e, naquela altitude, sem sol, um vento congelante. O negócio era continuar andando. Mas aí, com ritmos diferentes, o grupo se dispersou, alguns chegando no alto bem antes dos outros. Lá encima, quase não se vê mais a trilha, e quem chegou antes deveria esperar os outros, para seguirmos com o guia. A temperatura baixava mais ainda, perto dos 10 graus, e nós molhados.
Enfrentando muita chuva para subir o Monte Roraima, na Venezuela, em 2007
Sem dúvida, foi o momento mais difícil. A Ana batia o queixo de frio, quase um início de hipotermia. Eu resolvi descer em busca do resto do grupo, para ajuda-los a subir. A Ana ficou lá encima junto com o grego solteiro, o Panakotis. Foi quando, no meio da tragédia, aconteceu o momento cômico do dia. O pobre Panakotis veio ao Roraima enganado pelo seu casal de amigos. Na verdade, quando o convidaram para uma viagem à Venezuela, só falaram da Isla Margarita, onde poderia bailar salsa e conhecer as latinas calientes. Chegando no país, disseram que a programação incluía esse trekking ao Roraima. Mas isso não foi tudo. Disseram para ele que, no alto da montanha, havia hotéis. “Hoteles” é como os guias e agências chamam as pequenas tocas na rocha, quase umas cavernas, onde todos montamos nossas barracas. Até aquele momento, o Panakotis ainda acreditava que os hoteles eram mesmo hotéis. O casal de gregos já havia nos dito antes que ele achava isso e que não tinham tido a coragem de contar que não era bem aquilo...
Passando por baixo de cachoeira para subir o Monte Roraima, na Venezuela, em 2007
Pois bem, no auge do frio e do desespero da Ana, o Panakotis, tentando ser encorajador, veio dizer para ela se animar, que logo chegaríamos a um hotel, quiçá até com água caliente. Diante do absurdo que ouvia, a Ana até se esqueceu de suas agruras e se compadeceu do Panakotis. Disse que não havia hotel nenhum nos esperando, mas o grego insistiu que sim. “É... tem gente pior do que eu”, pensou.
Acampamento nos "hoteles" no topo do Monte Roraima, na Venezuela, em 2007
Enfim, cheguei ao pessoal de baixo, reparti um pouco do peso e, pouco tempo depois, estávamos todos juntos novamente. Caminhando, esquentamos um pouco, apesar do frio continuar. A chuva finalmente passou e ainda tivemos direito a um entardecer sensacional, o céu pintado de vermelho. Chegamos aos “hoteles” que, para tristeza do Panakotis, não eram mais do que fendas e tocas na rocha. Armamos nossas barracas e abrimos nossas mochilas para descobrir se havia sobrado algo seco. Aí, quem se deu melhor nesse quesito foi a Ana, que sempre organiza suas coisas em sacos plásticos. Quem estava pior eram os gregos, tudo totalmente encharcado. Nas horas seguintes, vestidos apenas com suas roupas de baixo, eles tentavam secar suas roupas em pequenas fogueiras. E eu, tive de me acostumar com a ideia de dormir com a ponta do meu saco de dormir molhada. Pior para meus pés...
Pôr-do-sol na primeira noite no topo do Monte Roraima, na Venezuela, em 2007
Bom, agruras à parte, estávamos todos instalados e cansados. Não tinha sido um dia fácil. Em reunião, o Roger nos explicou sobre as possibilidades para amanhã. Um passeio longo até o marco da fronteira tríplice que deveria durar o dia inteiro, ou um passeio mais curto, pelas redondezas mesmo. A maioria, depois do stress de hoje, optou pelo passeio mais curto, mas eu e o Jung não abrimos mão do passeio longo. Assim, combinou-se que o grupo se dividirá amanhã. Eu e o Jung vamos até o marco fronteiriço e os gregos e o mexicano ficarão aqui por perto. A Ana, ainda naquele estado de espírito, exausta e gelada, optou pelo passeio curto também. Mas amanhã é um novo dia. Veremos...
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