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Karina (27/09)
Olá, também estou buscando o contato do barqueiro Tatu para uma viagem ...
ozcarfranco (30/08)
hola estimado, muy lindas fotos de sus recuerdos de viaje. yo como muchos...
Flávia (14/07)
Você conseguiu entrar na Guiana? Onde continua essa história?...
Martha Aulete (27/06)
Precisamos disso: belezas! Cultura genuína é de que se precisa. Não d...
Caio Monticelli (11/06)
Ótimo texto! Nos permite uma visão um pouco mais panorâmica a respeito...
O famoso "Castillo", a mais emblemática construção de Chichen-Itza, na península do Yucatán, no México
Dentre as centenas de sítios arqueológicos da cultura maya no Yucatán, nenhum se compara em fama e esplendor à antiga cidade de Chichen-Itza. Com seus enormes templos e palácios de pedra, ela vem cativando viajantes, exploradores e turistas desde a metade do século XIX, mas sua história é muito mais antiga do que isso, da época do apogeu da cultura maya, ainda no primeiro milênio da nossa era, até o período da conquista espanhola, quando suas construções de pedra serviram de refúgio, durante meses, para os conquistadores espanhóis sitiados pela população local.
A placa não deixa dúvidas: estamos na península do Yucatán, no México
A cidade começou a ser ocupada nos primeiros séculos depois de Cristo, mas foi só no ano de 600 ela começou a adquirir uma proeminência regional. Com a decadência ou queda das cidades-estado mayas da Guatemala. Chichen-Itza chegou ao auge de seu poder entre os anos 900 e 1.000, controlando o comércio e a economia de toda a região central do Yucatán, estendendo sua influência até o litoral. É dessa época a forma final de todos os prédios importantes que conhecemos hoje, como o Castillo, o Grande Jogo de Pelotas e o Grupo das Monjas.
Com a Val, caminhando nas ruínas mayas de Chichen-Itza, na península do Yucatán, no México
Depois do auge, a decadência, Chichen-Itza foi perdendo seu poder, população e influência até que, em meados do século XIII, foi conquistada pelo poder emergente de Mayopan. Perdeu força política, mas continuou um importante centro religioso, o seu “cenote sagrado” atraindo peregrinos de todo o mundo maya. Tamanha ainda era a sua importância na época da conquista espanhola que os ibéricos planejaram fazer dela a sua “capital imperial” na península.
O famoso "Castillo", a mais emblemática construção de Chichen-Itza, na península do Yucatán, no México
A primeira tentativa de conquista da península, empreendida por um companheiro de Cortes na conquista do império asteca, falhou fragorosamente no ano de 1528, a resistência maya muito mais aguerrida que o esperado. O velho Montejo tentou novamente, três anos mais tarde, agora com um exército muito maior. Após o sucesso inicial, quando conquistou e estabeleceu sua capital na cidade portuária de Campeche, o velho conquistador enviou seu filho para conquistar o interior da península. O jovem Montejo marchou sobre Chichen-Itza, declarando-a sua capital. Pouco tempo depois, os mayas resolveram contratacar e sitiaram os espanhóis na antiga cidade. Aí eles resistiram por dois meses, mas por fim, se retiraram para o sul, até Honduras. Empolgados após vencerem o filho, os mayas se voltaram para o pai, forçando os espanhóis a se retirarem de toda a península. Mais uma vez, tinham resistido a uma tentativa de conquista.
As ruínas mayas de Chichen-Itza, na península do Yucatán, no México
Boa parte desse sucesso pode ser explicada pelo fato de que os mayas tinham, como estrategista, um espanhol. Gonzalo Guerrero foi um náufrago que chegou à região vinte anos antes. Acabou se integrando à sociedade local, inclusive casando-se com uma maya. Quando o momento chegou, preferiu aliar-se ao povo que o adotou contra seus irmãos de sangue. O caminho contrário tomou um outro náufrago, Aguilar, companheiro de barco de Guerrero. Oito anos depois de estar entre os mayas, teve a chance de unir-se a Cortes, no início de sua expedição. Tornou-se seu tradutor e conselheiro, de valor inestimável para o mais famoso dos conquistadores espanhóis, na sua epopeia de conquista do império asteca.
"Grupo de las mil Columnas", em Chichen-Itza, na península do Yucatán, no México
O jovem Montejo voltou mais uma vez, em 1540, agora determinado a conseguir a conquista. Aproveitando-se das disputas internas entre as diversas etnias mayas, conseguiu o seu intento, boa parte pela ajuda dos mayas Xiu, os primeiros a se converter ao cristianismo. Ninguém sabe ao certo o destino de Gonzalo Guerrero mas, muito provavelmente, morreu lutando ao lado de seus companheiros mayas. Montejo, dessa vez, escolheu fundar uma nova capital, Mérida, e Chichen-Itza ficaria esquecida pelos próximos séculos.
As ruínas mayas de Chichen-Itza, na península do Yucatán, no México
Foi só a partir da segunda metade do século XIX que aventureiros e exploradores a redescobriram. Suas descrições e fotos logo se espalharam pelo mundo, atraindo a curiosidade de um número cada vez maior de pessoas sobre aquelas enormes construções de pedra escondidas por uma densa vegetação, sinais de uma misteriosa civilização perdida e, quem sabe, muitos tesouros.
A Plataforma de los Craneos, em Chichen-Itza, na península do Yucatán, no México
Mesmo com a fama da região aumentando, o cônsul americano no Yucatán foi capaz de comprar a fazenda onde se localizava as ruínas, em 1894. Por quase 30 anos ele desenvolveu extensas pesquisas arqueológicas no local, inclusive no Cenote Sagrado, enviando várias de suas descobertas para museus americanos. Seus planos de construir um hotel por ali só foram adiados pela Revolução Mexicana e, mais tarde, pela 1ª Guerra Mundial.
Visita às ruínas mayas de Chichen-Itza, na península do Yucatán, no México
Na década de 30 o governo mexicano tentou recuperar aquelas terras e a confusão se prolongou até o final da 2ª Guerra quando, finalmente, os herdeiros do cônsul venderam a fazenda para um empresário mexicano que queria investir em turismo. O que começou com dezenas de visitantes por mês, passou a centenas, milhares, milhares por semana, por dia e hoje, segundo estimativas, são mais de um milhão de turistas por ano a visitar as ruínas.
Chegando às concorridas ruínas mayas de Chichen-Itza, na península do Yucatán, no México
Muitos vendedores ambulantes em Chichen-Itza, na península do Yucatán, no México
Hoje, alguns dessa verdadeira multidão éramos nós. Além de abrir caminho entre tantos visitantes, também é preciso driblar os vendedores, que circulam livremente pelo local. Mas todo esse trabalho vale a pena para poder conhecer uma das novas sete maravilhas do mundo, escolhida em votação mundial pela internet. Para quem não acredita muito nessa classificação, Chichen-Itza é também um patrimônio da humanidade escolhido pela Unesco, essa sim uma classificação com mais credibilidade.
O Maracanã do mundo maya, El Gran Juego de Pelota, em Chichen-Itza, na península do Yucatán, no México
Sem dúvida, a construção de maior impacto visual é mesmo o Castillo, um primor arquitetônico, matemático e astronômico do povo maya. Foi construída com tal perfeição que os equinócios de primavera e outono são perfeitamente marcados por suas sombras. Além disso, o número de terraços somados nos quatro lados, mais o templo acima do pirâmide equivalem a 365, o número de dias do ano. O templo é dedicado ao deus Kukulkan, a versão maya de Quetzalcoatl, a serpente emplumada dos toltecas e astecas. Nos equinócios, e somente aí, uma sombra de serpente se forma sobre os degraus da face norte, um ritual que atrai dezenas de milhares de visitantes nesses dois dias do ano.
Uma das cestas do Gran Juego de Pelota, em Chichen-Itza, na península do Yucatán, no México
Infelizmente, não se pode mais subir no El Castillo. O acesso aos grandes prédios de Chichen-Itza foi sendo progressivamente fechado para turistas, e o Castillo foi exatamente o último deles, em 2006. A gota d’água foi a queda fatal sofrida por uma turista americana naquele ano. Pinturas e relevos famosos do templo que está acima da pirâmide podem apenas ser imaginados, hoje em dia. Ou então, admirados através de fotos antigas.
"Grupo de las mil Columnas", em Chichen-Itza, na península do Yucatán, no México
Outra construção que chama a atenção é o Grande Jogo de Pelotas, o maracanã do mundo maya. Essa espécie de precursor de futebol misturado com basquete era muito popular naquela época, um jogo de, literalmente, vida ou morte. Pode-se encontrar campos em que ele era jogado em diversos lugares do México, mas o maior de todos os “estádios” era aqui em Chichen-Itza. A gente passa por ele e imagina as multidões que vinham assistir, assim como os pobres integrantes do time perdedor, que tinham seu capitão sacrificado em seguida.
Os mayas também sabiam jogar jogo da velha! (em Chichen-Itza, na península do Yucatán, no México)
Passamos algumas horas passeando nas ruínas, uma parte dos prédios completamente restaurada, o que nos dá a noção de como eram na época de seu apogeu mas, ao mesmo tempo deixando de ser autênticas, já que foram remontadas. Visualmente, fica lindo e imponente, mas perde-se em veracidade. Além disso, temos de ter paciência com as outras centenas de turistas, a maioria deles vindos em excursão de Cancun, todos procurando os melhores ângulos para suas fotos.
Uma autêntica e simpática representante dos mayas, em Chichen-Itza, na península do Yucatán, no México
Enfim, com jeitinho dá. A área das ruínas é bem grande e sempre é possível achar um local mais tranquilo. Escapar de vendedores e grandes grupos de turistas seguindo bovinamente algum guia. Um pouco de asas à imaginação e podemos no teletransportar para o passado, quando os templos eram coloridos e sagrados, sacerdotes vigiavam atentamente os céus e jogadores jogavam por suas vidas. Que mundo diferente não terá sido! Tudo se passando naquele exato lugar, naquelas exatas construções, separado apenas por um mísero lapso de tempo.
Momento de descanso e leitura em um dos gramados de Chichen-Itza, na península do Yucatán, no México
Aproveitamos até os últimos momentos por ali, a luz de fim de tarde fazendo tudo ficar mais bonito, a maioria dos turistas já tendo partido, seus ônibus de turismo sem muita flexibilidade de horário. Sentados no gramado em frente ao Castillo, foi o ponto alto da nossa visita. Até sermos enxotados pelos seguranças, loucos para poder voltar para casa depois de mais um dia de trabalho duro. Imagino que já estejam acostumados a, todos os dias, ter de lidar com algum chato que quer ficar lá até depois do horário.
Luz de fim de tarde no El Castillo, em Chichen-Itza, na península do Yucatán, no México
Enfim, cumprimos da melhor maneira possível o nosso “dever de casa” ao visitar Chichen-Itza, programa obrigatório para quem viaja pelo Yucatán. Agora, vamos em busca de outras ruínas, menos visitadas, menos restauradas, menos glamorosas. Mas, até para melhor admirar e entender essas outras ruínas, nada melhor do que passar uma tarde em Chichen-Itza que, com todos os seus poréns, não deixa de ser um espetáculo.
A Fiona em pleno mundo maya, em Chichen-Itza, na península do Yucatán, no México
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