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Karina (27/09)
Olá, também estou buscando o contato do barqueiro Tatu para uma viagem ...
ozcarfranco (30/08)
hola estimado, muy lindas fotos de sus recuerdos de viaje. yo como muchos...
Flávia (14/07)
Você conseguiu entrar na Guiana? Onde continua essa história?...
Martha Aulete (27/06)
Precisamos disso: belezas! Cultura genuína é de que se precisa. Não d...
Caio Monticelli (11/06)
Ótimo texto! Nos permite uma visão um pouco mais panorâmica a respeito...
As casas coloridas da cidade de Adícora, no litoral da península de Paraguaná, ponto mais ao norte da Venezuela
Para nós que somos tão acostumados com a geografia paranaense, o reflexo e a tentação de dizer “Paranaguá” era grande, mas era mesmo para “Paraguaná” que estávamos indo, uma pequena península com forma de cabeça humana que fica no extremo norte da Venezuela. Há poucas dezenas de milhares de anos, era mais uma das ilhas que pontuam a costa nesse ponto, como Aruba ou Curaçao, mas a combinação de correntes marítimas e ventos tratou de construir, ao longo do tempo, uma estreita ponte que a liga ao continente. A ilha virou península!
Península de Paranaguá, extremidade norte da Venezuela, quase encostando em Aruba! Nós passamos pelas cidades históricas no centro da península, pelo balneário de Adicora e nas lagoas coloridas do norte
Falando em Aruba, do alto da maior montanha de Paraguaná, em dias de céu limpo, se pode ver muito bem a ilha holandesa. Até parece que foi ontem que estivemos por lá, e não há 17 meses. A tentação de revê-la, mesmo que de longe, foi grande, mas o dia não estava tão claro assim e a caminhada até o alto da bela montanha iria requerer umas cinco horas, tempo que não tínhamos, infelizmente. Sem essa alternativa, poderíamos nos concentrar nas outras tantas atrações que Paraguaná oferece, como as vilas históricas, as lagoas coloridas repletas de pássaros avermelhados e o litoral dos sonhos para quem gosta de kite e wind surf.
O Cerro de Santa Ana, maior montanha da península de Paraguaná, ponto mais ao norte da Venezuela. Lá do alto, pode-se ver Aruba!
Foi a proximidade com as Antilhas Holandesas que marcou a história de Paraguaná. Por aqui passava o comércio, legal e ilegal, entre as ilhas e a Venezuela, desde os tempos de colônia até os de república. Ricas comunidades de comerciantes se estabeleceram e ainda hoje se pode admirar as pequenas vilas onde eles moravam. Esse foi o caminho que decidimos seguir, dando a volta pelo interior da península, passando ao lado do morro Santa Ana, o mais alto de Paraguaná e, finalmente, seguindo para o litoral e as lagoas coloridas.
Observando a igreja de Santa Ana, cidade histórica na península de Paraguaná, ponto mais ao norte da Venezuela
A igreja de Moruy, pequena cidade na península de Paraguaná, ponto mais ao norte da Venezuela
Cada uma das vilas tinha sua pracinha central e a charmosa igreja, entre elas algumas das mais antigas ainda de pé no país. Nós fomos fazendo nosso tour, tirando nossas fotos e fazendo as contas para controlar o combustível do carro. Principalmente agora que tínhamos decidido pelo caminho mais longo, para poder passar nas pequenas vilas. Estávamos bem no limite para podermos voltar até Coro quando descobrimos um pequeno posto ali mesmo. Melhor... com diesel! Finalmente, poderíamos abastecer pela primeira vez no país e ver com os próprios olhos como é encher o tanque gastando apenas 15 centavos de dólar. Atenção! Não estou falando do preço de um litro, mas de todos os litros necessários para encher o tanque da nossa Fiona.
Enchendo o tanque com 2,80 bolívares, ou 12 centavos de dólar, na península de Paraguaná, ponto mais ao norte da Venezuela
Praça central da pequena Santa Ana, cidade histórica na península de Paraguaná, ponto mais ao norte da Venezuela
O preço do combustível é uma das facetas do chavismo, bolivarianismo ou socialismo do século XXI, alguns dos termos usados para descrever o sistema político e econômico implantado no país por Hugo Rafael Chávez, o carismático e polêmico líder que governou a Venezuela por quase quinze anos, desde 1998 até sucumbir frente ao câncer no final do ano passado.
A igreja de Buena Vista, cidade na península de Paraguaná, ponto mais ao norte da Venezuela
Após uma pujante década de 70, alavancada pelos altos preços do petróleo, a Venezuela enfrentava uma grave crise econômica na década de 80, depois da derrocada dos preços do barril de óleo enquanto os gastos internos continuavam os mesmos. A Venezuela se endividou e não tinha como pagar seus débitos. Na campanha presidencial do final da década, o tradicional político Carlos Andrés Perez prometeu repelir políticas neoliberais de corte de gastos, mas assim que venceu e assumiu o governo, parece ter mudado de ideia e recorreu ao FMI. O trágico resultado foi um aumento da pobreza e descontentamento social que culminou com manifestações em Caracas, reprimidas com violência e que resultaram em mais de cem mortos.
Propaganda nos muros de Moruy, pequena cidade na península de Paraguaná, ponto mais ao norte da Venezuela
Foi nesse clima cada vez mais tenso que um até então desconhecido militar, o Coronel Chávez, tentou um golpe militar no início de 1992. Várias instalações militares foram tomadas no interior do país, mas o objetivo de capturar o presidente Andres Peres e tomar as principais bases da capital falharam. Chávez acabou desistindo do golpe, ordenando a rendição dos revoltosos e evitando um banho de sangue. Mas negociou em troca um pronunciamento na TV quando, enfim, tornou-se conhecido na nação e conseguindo a simpatia de amplos setores da sociedade, decepcionados com os níveis de corrupção e ineficiência então vigentes no governo.
Flamingos e culhereiros na Laguna de Tiraya, na península de Paraguaná, ponto mais ao norte da Venezuela
Culhereiros na Laguna de Tiraya, na península de Paraguaná, ponto mais ao norte da Venezuela
Mesmo preso, Chávez ajudou na organização de uma nova tentativa de golpe, no final daquele ano. Dessa vez, os revoltosos foram mais aguerridos e o número de mortes aumentou bastante. O governo conseguiu controlar a situação, mas o desgaste político era cada vez maior. Com forte pressão da sociedade, Carlos Andres Perez sofreu um processo de impeachment dois anos mais tarde.
Um culhereiro na Laguna de Tiraya, na península de Paraguaná, ponto mais ao norte da Venezuela
Nas eleições seguintes, foi eleito outro político tradicional, Rafael Caldeira. Entre as promessas de campanha, uma ampla anistia aos revoltosos de 1992. Promessa cumprida, Chávez e outros líderes foram postos em liberdade, mas impedidos de voltar ao exército. O governo de Caldeira também fracassou em melhorar a situação econômico-social da Venezuela e, nas próximas eleições, o agora político Chávez foi o grande vencedor. Agora de forma legal, chegava ao poder, com amplo apoio das classes menos abastadas, inclusive da classe média.
Culhereiro sobrevoa a Laguna de Tiraya, na península de Paraguaná, ponto mais ao norte da Venezuela
Chávez não perdeu tempo. Convocou eleições para uma assembleia constituinte e obteve uma grande vitória eleitoral para composição dessa assembleia. Em pouco tempo, o país tinha uma nova constituição, o primeiro passo rumo ao “bolivarianismo”. Ao mesmo tempo, preços internacionais favoráveis para o petróleo possibilitaram ao governo multiplicar os gastos sociais, melhorando a vida das camadas mais pobres e, ao mesmo tempo, consolidando seu apoio. Ao mesmo tempo, as enormes receitas de exportação de petróleo lhe permitiram praticamente zerar o preço do combustível no mercado interno, aumentando ainda mais sua popularidade. O chavismo que se iniciava agradava a muita gente. Mas também incomodava, produção de alimentos em plena derrocada...
A colorida Laguna Cumaraguas, na península de Paraguaná, ponto mais ao norte da Venezuela
Enfim, assunto para um próximo post. O fato é que, apesar dos inúmeros problemas derivados do tal socialismo do século XXI, encher o tanque com apenas 15 centavos nos faz bem felizes. E foi com o tanque cheio que seguimos para o litoral, para a cidade de Adicora. Antes de descermos por lá, seguimos mais ao norte, para lagoas famosas por suas cores e pelas cores dos pássaros que neles vivem. A alimentação rica em camarões pinta as penas dos flamingos e colhereiros de vermelho. É nessa hora que sentimos mais falta de um bom zoom na nossa máquina fotográfica, mas, enfim, “fazemos o que podemos”!
A colorida Laguna Cumaraguas, na península de Paraguaná, ponto mais ao norte da Venezuela
Além dos pássaros, também a água ganha cores, dependendo do ângulo de incidência da luz do sol. Um espetáculo, quase um arco-íris avermelhado nas águas salgadas da lagoa que também é uma salina.
Chegando à Adícora, cidade no litoral da península de Paraguaná, ponto mais ao norte da Venezuela
Agora sim, de volta à Adicora, a praia onde o vento nunca para. Para aqueles que sabem ler o vento, difícil imaginar lugar melhor. A cidade está em uma pequena península e, embora o vento esteja dos dois lados, as ondas ficam apenas do lado sul. Nesse lado ficam os praticantes de kite surf, enquanto os amantes do Wind surf preferem as águas mais calmas da parte norte.
O farol de Adícora, no litoral da península de Paraguaná, ponto mais ao norte da Venezuela
Depois de passearmos um pouco pelas areias e admirar os esportes náuticos e a arquitetura da pequena vila, acabamos tomando a decisão de continuar a viagem. A ideia original era dormir por ali mesmo, mas resolvemos voltar para Coro e seguir para o sul, para a Serra de San Luis, região que exploraremos amanhã. Do mar para a montanha, do calor para o frescor, ainda conseguimos chegar a tempo de observar o pôr-do-sol lá de cima, numa paisagem e ambiente completamente diversos daqueles onde tínhamos passado todo o dia de hoje. E olha que são apenas 100 quilômetros entre um lugar e outro, dois mundos completamente diferentes.
As casas coloridas da cidade de Adícora, no litoral da península de Paraguaná, ponto mais ao norte da Venezuela
Há apenas três dias no país e já andamos por metrópoles e cidades históricas, o maior lago do continente e um autêntico deserto, uma praia onde o vento nunca para e montanhas úmidas onde cresce vegetação tropical e precisamos de casacos. A viagem na Venezuela, onde encher o tanque do carro não custa nada, está mais intensa do que nunca!
O belíssimo entardecer na Sierra de San Luis, ao sul de Coro, no noroeste da Venezuela
Rodrigo, que bom atualizações dos blogs, ja estávamos com saudade, me tire uma duvida: sou ambientalista, amo a natureza, e no blog do JULIO E HANNA, na passagem pela Venezuela, eles deram ênfase, a "o país mais sujo da viagem" com lixo, sacos plastico espalhados por todos os lugares, vc acha que melhorou esse triste relato? pois em sua fotos vejo um país maravilhoso, claro que vc não iria publicar fotos de lugares sujos, mais no Blog da Ana, tem uma observação lá no delta do piauí, para cuidar mos melhor da natureza, e uma foto que ilustra minha visão da Venezuela, na perspectiva de JULIO E HANNA! abraços. e continue atualizando nosso blog dos 1000 dias....
Resposta:
Oi Samuel
Sinceramente, não vi nada que chamasse minha atenção negativamente. Há sujeira sim, infelizmente, mas nada diferente de outros países latinos, inclusive do Brasil. Na verdade, precisamos TODOS melhorar.
Desculpe pela demora em responder, mas agora estamos na corrida para tentar tirar o atraso dos blogs, hehehe
Um grande abraço
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