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Blog do Rodrigo - 1000 dias

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Um Tempo em Coyhaique

Chile, Coyhaique

Delicioso jantar feito pela Ana acompanhado de bom vinho em nosso chalé em Coyhaique, a maior cidade ao longo da Carretera Austral, no sul do Chile

Delicioso jantar feito pela Ana acompanhado de bom vinho em nosso chalé em Coyhaique, a maior cidade ao longo da Carretera Austral, no sul do Chile


Coyhaique é uma cidade de porte médio, população próxima dos 50 mil habitantes. É a capital e maior povoamento da região de Aysén, essa que é cortada pela Carretera Austral, aqui no sul do Chile. Para nós, significa mais ou menos a metade do caminho nesse nosso tour pela patagônia norte chilena. Talvez por isso, até quisemos dar um tempo por aqui, passar um dia de urbanidade em meio a tanta natureza.

Carretera Austral, ligando Puerto Montt a Villa O'Higgins num percurso de cerca de 1.250 km. O objetivo é, um dia, chegar a Punta Arenas

Carretera Austral, ligando Puerto Montt a Villa O'Higgins num percurso de cerca de 1.250 km. O objetivo é, um dia, chegar a Punta Arenas


A cidade já era relativamente desenvolvida mesmo antes da construção da Carretera Austral, na década de 80. Além do aeroporto local, a distância relativamente próxima e a ligação rodoviária com o porto mais importante dessa parte do Chile ajudaram Coyhaique a ter um contato mais forte com o resto do país do que os outros pequenos povoamentos da região de Aysén.

Acolhedor restaurante em Coyhaique, a maior cidade ao longo da Carretera Austral, no sul do Chile

Acolhedor restaurante em Coyhaique, a maior cidade ao longo da Carretera Austral, no sul do Chile


Turistas almoçam em restaurante de Coyhaique, a maior cidade ao longo da Carretera Austral, no sul do Chile

Turistas almoçam em restaurante de Coyhaique, a maior cidade ao longo da Carretera Austral, no sul do Chile


A construção da Carretera deu novo impulso à cidade atraindo novos imigrantes em busca de possibilidades econômicas que se avizinham, como construção de hidrelétricas e industrialização da região. Obviamente, nem todos são a favor desse novo movimento e tensões sociais se exacerbaram em uma cidade acostumada à calma e tranquilidade, desde a sua fundação em 1929. Enfim, o crescimento não trouxe apenas problemas, mas também uma série de facilidades e modernidades, algo que eu e a Ana já estávamos com saudades.

A bela vista das janelas de nosso chalé em Coyhaique, a maior cidade ao longo da Carretera Austral, no sul do Chile

A bela vista das janelas de nosso chalé em Coyhaique, a maior cidade ao longo da Carretera Austral, no sul do Chile


Refeição própria no nosso chalé em Coyhaique, a maior cidade ao longo da Carretera Austral, no sul do Chile. A noite não deixa ver a bela vista das nossas janelas

Refeição própria no nosso chalé em Coyhaique, a maior cidade ao longo da Carretera Austral, no sul do Chile. A noite não deixa ver a bela vista das nossas janelas


Nós chegamos ontem no final do dia e achamos uma pousada bem legal em que nos hospedamos em um pequeno chalé, com direito à cozinha e a uma vista linda dos arredores da cidade. Logo fizemos compras em um supermercado e já preparamos uma bela ceia em nossas próprias instalações: strogonoff, salada, arroz e o sempre delicioso vinho chileno.

Jantando em nosso chalé em Coyhaique, a maior cidade ao longo da Carretera Austral, no sul do Chile

Jantando em nosso chalé em Coyhaique, a maior cidade ao longo da Carretera Austral, no sul do Chile


Jantas feito pela Ana em nosso chalé em Coyhaique, a maior cidade ao longo da Carretera Austral, no sul do Chile

Jantas feito pela Ana em nosso chalé em Coyhaique, a maior cidade ao longo da Carretera Austral, no sul do Chile


No dia de hoje nem saímos da cidade. Levei a Fiona para, enfim, trocar seu óleo e os filtros de ar, combustível e óleo. Eram peças que já trazíamos desde Ushuaia, mas ainda não tínhamos conseguido trocar. Além disso, aproveitando que finalmente estamos em uma região com asfalto e depois de centenas e centenas de quilômetros de rípio e poeira, demos um belo banho no nosso carro. Com ele limpo, até nos empolgamos de reorganizar e deixar bem arrumado a bagagem no porta-malas. De tempos em tempos, isso faz um bem danado para a nossa saúde e para a da Fiona também. Ao final, ela está um brinco!

Degustando uma deliciosa cerveja escura em restaurante em Coyhaique, a maior cidade ao longo da Carretera Austral, no sul do Chile

Degustando uma deliciosa cerveja escura em restaurante em Coyhaique, a maior cidade ao longo da Carretera Austral, no sul do Chile


Além da obrigação, a diversão. Caminhamos felizes e curiosos pelo centro da cidade, experimentamos cafés e testamos cervejas. Há muitos turistas por aqui, gente começando ou terminando sua viagem pela Carretera Austral. Nos cafés, se ouve várias línguas e o ar é bem cosmopolita. Encontramos um café que nos agradou mais e aí ficamos por mais de uma hora nos deliciando com as empanadas e nos deleitando com uma cerveja preta muito boa.

Deliciosa cerveja escura em restaurante em Coyhaique, a maior cidade ao longo da Carretera Austral, no sul do Chile

Deliciosa cerveja escura em restaurante em Coyhaique, a maior cidade ao longo da Carretera Austral, no sul do Chile


Deliciosas empanadas chilenas acompanhadas de cerveja preta em restaurante de Coyhaique, a maior cidade ao longo da Carretera Austral, no sul do Chile

Deliciosas empanadas chilenas acompanhadas de cerveja preta em restaurante de Coyhaique, a maior cidade ao longo da Carretera Austral, no sul do Chile


De noite, mais uma vez, jantar preparado na nossa cozinha. Dessa vez, frango crocante, arroz integral e mais salada. O acompanhamento, claro, mais vinho nacional. Depois dessas férias na cidade, amanhã estaremos prontos para mais dias no campo, dividindo nosso tempo entre florestas, geleiras e vulcões. Enfim, essas coisas típicas e tão “normais” da patagônia chilena. Exótico mesmo, por aqui, são as cidades. Por isso, quando vemos uma, temos de aproveitar!

Delicioso jantar feito pela Ana acompanhado de bom vinho em nosso chalé em Coyhaique, a maior cidade ao longo da Carretera Austral, no sul do Chile

Delicioso jantar feito pela Ana acompanhado de bom vinho em nosso chalé em Coyhaique, a maior cidade ao longo da Carretera Austral, no sul do Chile

Chile, Coyhaique, Carretera Austral, cidade, comida, Patagônia

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Fim de Tarde Cinematográfico

Chile, San Pedro de Atacama

Maravilhoso pôr-do-sol na Laguna Chaxa, no deserto do Atacama - Chile

Maravilhoso pôr-do-sol na Laguna Chaxa, no deserto do Atacama - Chile


Começamos o dia em ritmo lento. A primeira tarefa foi mudar de pousada. Uma de nossas mais tediosas rotinas desses 1000dias é exatamente isso, desarrumar e arrumar mochilas, carregá-las e descarregá-las da Fiona, ocupar e desocupar quartos. Quando chegamos em algum lugar onde pretendemos ficar mais tempo é um paraíso. O nosso quarto passa a ser o nosso lar. Infelizmente, aqui em San Pedro, onde pretendemos ficar por uns 4-5 dias, isso não ocorreu, já que tivemos de mudar de pousada pela dificuldade de encontrar vagas, ocupadas por chilenos gozando de seu fim de semana esticado pelo feriado. Bom, paciência...

Ruínas Tulor, no deserto do Atacama - Chile

Ruínas Tulor, no deserto do Atacama - Chile


Mudamos para nossa pousada mais simples, de banheiro coletivo e sem garagem e fomos passear mais um pouco na movimentada San Pedro, depois de trabalhar um pouco na internet. Pelas ruas ouve-se de todas as línguas, especialmente nos horários entre-tours, no meio do dia ou de noite. Durante as manhãs e as tardes, San Pedro fica vazia, ao contrário das vans que partem lotadas em todas as direções. Os franceses dominam (depois dos chilenos, claro!), mas também é bem fácil encontrar brasileiros. A maioria vem de avião, mas tem também aqueles que vem de moto ou de carro.

Reconstrução de moradia Tulor, no deserto do Atacama - Chile

Reconstrução de moradia Tulor, no deserto do Atacama - Chile


Reconstrução de moradia Tulor, no deserto do Atacama - Chile

Reconstrução de moradia Tulor, no deserto do Atacama - Chile


O Atacama, junto com a Patagônia, é o principal destino dos raros brasileiros que viajam para o exterior em seus próprios veículos. Com uma boa esticada, são cerca de três dias de viagem até aqui. Não é tão longe e, se o caminho for bem escolhido, as paisagens são altamente recompensadoras. É uma coisa que todos deveriam pensar em fazer. Mas, por algum motivo misterioso para mim, brasileiros não gostam de viajar de carro mais de 500 km. Principalmente para o "perigoso" mundo das estradas fora de nossas fronteiras. Enfim, dos poucos que saem, muitos vem para cá. Pudemos comprovar isso pela quantidade de adesivos de expedições brasieliras que encontramos nas cidades entre o Brasil e Atacama e também nos Pasos de Jama e San Francisco.

Vulcões vistos pela janela e pelo retrovisor da Fiona no deserto do Atacama - Chile

Vulcões vistos pela janela e pelo retrovisor da Fiona no deserto do Atacama - Chile


Depois do café da manhã misturado com almoço partimos para as atrações do dia. A primeira foram as ruínas de Tulor, bem próximas da cidade. Como quase todas as atrações famosas do Atacama, tem de se pagar ingresso. Essa é especialmente cara pelo que oferece, mas não deixa de ser interessante. Antigas casas geminadas, há muito tomadas pelo deserto. Seu povo as abandonou há séculos, junto com o rio que tomou outro curso. As condições quase estéreis do deserto contribuíram para a sua conservação e hoje só podemos tentar imaginar como era a vida neste local quando havia um rio ali por perto. Hoje, cercadas por quilômetros de areia por todos os lados, elas parecem não fazer muito sentido. Na verdade, o sentido começa a aparecer quando entramos numa das duas casas reconstruídas no mesmo adobe original. O frescor interno contrasta com o calor do deserto e nos mostra que não seria impossível morar por lá. Resta saber de onde viria a comida...

O salar do Atacama, no deserto do Atacama - Chile

O salar do Atacama, no deserto do Atacama - Chile


A próxima atração foi a lagoa Chaxa, em pleno Salar do Atacama, a pouco mais de 40 km de San Pedro. O salar é bem diferente daqueles que vimos na puna Argentina. Aqui, ele é bem rugoso, terreno nada apropriado para veículos, a não ser que você tenha um tanque de guerra que se movimente sobre esteiras. Através da rápida evaporação, a água que aflora do solo, vinda por canais subterrâneos diretamente das montanhas dos Andes, forma cristais e colunas de sais com até 70 cm de altura. Mas a água também forma grandes e rasas lagoas, verdadeiros oásis dentro do deserto. Uma dessas lagoas é a Chaxa, atração obrigatória para quem visita a região.

Laguna Chaxa, no deserto do Atacama - Chile

Laguna Chaxa, no deserto do Atacama - Chile


Flamingos na Laguna Chaxa, no deserto do Atacama - Chile

Flamingos na Laguna Chaxa, no deserto do Atacama - Chile


Nas lágoas há um pequeno crustáceo, um tipo de camarão, que faz a alegria de várias espécies de pássaros. Os mais belos entre eles são os flamingos que, de tanto comer camarão, acabam ficando rosas. Na Chaxa podemos ver centenas deles, aparentemente indiferentes à presença humana, mantida à boa distância por força de lei. Todos ficamos ali, a mais de cem metros dos principais grupos de flamingos, torcendo para que os mais corajosos se aproximem um pouco mais. E isso acontece, claro, para delírio dos turistas, todos com suas câmeras fotográficas mais ou menos potentes esperando capturar aquele momento especial, de um sobrevôo ou de um mergulho.

Vulcões refletidos na Laguna Chaxa, no deserto do Atacama - Chile

Vulcões refletidos na Laguna Chaxa, no deserto do Atacama - Chile


Flamingo sobrevoa a Laguna Chaxa, no deserto do Atacama - Chile

Flamingo sobrevoa a Laguna Chaxa, no deserto do Atacama - Chile


Por si só, esse cenário já seria inesquecível. Mas é muito mais do que isso. No horizonte, uma sequência interminável de vulcões e montanhas nevadas nos observam. A escala de tempo e de espaço dessas "criaturas" nos lembram da nossa pequeneza e insignificância. Estão ali há dezenas de milhões de anos. Seu tamanho descomunal engana completamente nossas impressões de distância. Parecem estar a 20 minutos de carro, mas alguns chegam a estar a 400 km de distância em linha reta! Parecem que podem ser escalados numa subida de final de tarde, mas muitos deles estão 4 km acima de nós, que já nos encontramos acima dos 2 mil metros. Realmente, é um horizonte alucinante, inesquecível para quem teve a chance de observá-lo.

Turistas observam pôr-do-sol na Laguna Chaxa, no deserto do Atacama - Chile

Turistas observam pôr-do-sol na Laguna Chaxa, no deserto do Atacama - Chile


Por fim, para quem vai na hora certa (é claro que as vans chegam neste horário!), ainda tem o impressionante e magnífico pôr-do-sol. Com o reflexo na lagoa, as luzes do final de tarde são maravilhosas. Coisa para nunca mais se esquecer! Gostei mais do que o pôr-do-sol visto da duna, ontem. Milhares de fotos tiradas pelas centenas de máquinas presentes. Cada "click" mais do que merecido! Fizemos os nossos também, claro! E aí, na hora de ir embora, dirigindo de volta à estrada principal, seguindo em direção aos Andes e àquele horizonte que relatei um pouco antes, eis que uma bola prateada parece nascer por detrás dos vulcões e montanhas. É a lua cheia, esplendorosa. Agora, é a vez dela lembrar aos mesmos vulcões e montanhas que são eles os insignificantes na escala de tempo e espaço. Nós, então... Mas, é a nós que cabe a honra de admirar esse espetáculo inesquecível: a lua nascendo por detrás de um vulcão nevado que desponta quilômetros acima de um dos mais belos desertos da Terra, um deserto que, entre outras coisas, possui lagoas habitadas por multidões de flamingos. Que mundo mágico vivemos...

Lua cheia nasce no deserto do Atacama - Chile

Lua cheia nasce no deserto do Atacama - Chile

Chile, San Pedro de Atacama,

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Chile, Santiago

Visita ao Museu de Direitos Humanos em Santiago, no Chile

Visita ao Museu de Direitos Humanos em Santiago, no Chile


Ontem nosso avião partiu no começo da tarde de Hanga Roa, na Ilha de Páscoa, mas só chegamos a Santiago de noite. Além das mais de quatro horas de voo, ainda tinha o fuso horário para descontar. Mas fomos muito bem recebidos pela Maria Ester em sua casa, onde também nos esperava a Fiona, já de vidro novo, surpresa preparada pelo Pablo (ver post aqui).

Com a Maria Esther, a mãe do Pablo, que nos recebeu em casa e guardou a Fiona por lá enquanto viajávamos para a Ilha de Pascoa

Com a Maria Esther, a mãe do Pablo, que nos recebeu em casa e guardou a Fiona por lá enquanto viajávamos para a Ilha de Pascoa


Durante o voo, não perdi minha segunda chance de ver o filme “No!”, que trata do plebiscito acontecido no Chile no ano de 1988 e que decidiu sobre a continuidade ou não no poder, para mais um longo termo presidencial, do general Augusto Pinochet. Este senhor havia chegado ao poder 15 anos antes, mais precisamente no dia 11 de Setembro de 1973, em um dos mais sangrentos golpes militares já ocorridos no nosso continente.

Visita ao Museu de Direitos Humanos em Santiago, no Chile

Visita ao Museu de Direitos Humanos em Santiago, no Chile


Uma das primeiras vítimas do golpe militar foi o próprio presidente na época, Salvador Allende, morto no própria sede de governo do país, o Palacio de La Moneda. Mas ele não foi o único. Ao longo dos quinze anos seguintes, mas principalmente no início, foram assassinadas mais de 3 mil pessoas, entre quase 40 mil vítimas de torturas e prisões arbitrárias. Para termos uma noção da escala da violência, o número de mortes foi mais de seis vezes superior ao ocorrido no Brasil durante nossos governos militares. Considerando que a população do Brasil é aproximadamente doze vezes maior que a do Chile, uma simples conta de padeiro nos diz que a ditadura chilena foi 72 vezes mais violenta do que a nossa.

Andando de metrô em Santiago, no Chile

Andando de metrô em Santiago, no Chile


Pudemos sentir isso um pouco mais de perto hoje, quando fomos visitar um museu em Santiago dedicado à Memória e aos Direitos Humanos. É simplesmente chocante acompanhar o que acontecia naqueles anos de chumbo. A primeira vez que visitei o país foi apenas dois anos após o general deixar o poder político (ainda controlava o exército) e lembro-me muito bem da tensão no ar. Enfim, ainda é um episódio muito recente.

Andando de metrô em Santiago, no Chile

Andando de metrô em Santiago, no Chile


De qualquer maneira, também é preciso reconhecer que o governo militar teve alguns logros, principalmente econômicos. A economia chilena dos anos 80 era infinitamente superior ao caos que vivia o país nos anos que precederam o golpe, quando o governo estatizou diversos setores da economia. A reação de setores mais conservadores à época praticamente pararam o país, com greves por todo o lado, inflação e quase um caos social. Nos anos seguintes ao golpe, sem permitir a ação da oposição ou de greves, Pinochet implementou reformas liberais sobre a batuta de economistas da escola de Chicago e o resultado foi transformar o Chile num modelo de economia na América Latina. Críticos dizem que o país enriqueceu, mas a riqueza não estava distribuída, aumentando muito a distância entre as classes sociais.

Enfim, não vou entrar nessa discussão, mas o fato é que o tal plebiscito retratado no filme foi bem acirrado, a opção pelo “não” vencendo com quase 55% dos votos. Foi uma disputa entre aqueles que defendiam as conquistas econômicas e a ordem social contra os que pediam um futuro de liberdades e pluralidade. Felizmente, a campanha pelo “Sim”, que tentou difundir o medo de uma “volta dos terroristas” foi derrotada. Para surpresa de muitos, a ditadura reconheceu sua derrota e tirou seu time de campo. Por muito tempo, a justiça chilena não ousou chegar perto de Pinochet, que acabou preso e humilhado na Inglaterra, a pedido de um juiz espanhol. De nada adiantou a ajuda de sua amiga e aliada Margaret Thatcher. Muita confusão jurídica depois, o velhinho foi definhando até morrer.

Almoço em delicioso restaurante do bairro Providencia, em Santiago, capital do Chile

Almoço em delicioso restaurante do bairro Providencia, em Santiago, capital do Chile


Mas nossa volta a Santiago não tratou apenas desse período conturbado da história chilena. Não. Também fomos passear numa parte mais chique da cidade, no bairro de Povidencia. A Fiona continuou guardada e segura no quintal da Maria Ester enquanto a gente se locomoveu de metrô mesmo. O último havia sido nos Estados Unidos!

Almoço em delicioso restaurante do bairro Providencia, em Santiago, capital do Chile

Almoço em delicioso restaurante do bairro Providencia, em Santiago, capital do Chile


Fomos a um centro comercial e fizemos compras para repor o que nos foi roubado na praia de Totoralillo. Basicamente, equipamento de camping e uma máquina fotográfica mais compacta. Lá se foram 1.200 dólares enquanto que os desgraçados que nos roubaram, duvido que tenha vendido tudo por mais de 120 dólares. Enfim, estamos loucos para começar a acampar novamente para testar o novo equipamento. A câmera nova, uma Canon, essa já está em uso nesse post mesmo!

Almoço em delicioso restaurante do bairro Providencia, em Santiago, capital do Chile

Almoço em delicioso restaurante do bairro Providencia, em Santiago, capital do Chile


Depois das compras, um delicioso almoço tardio num restaurante do bairro. Comemos na calçada mesmo, acompanhando o movimento da burguesia ao nosso redor. Um bom vinho chileno para comemorar nossa volta ao continente e a inesquecível temporada na Ilha de Páscoa. E um brinde especial ao publicitário retratado no filme que ajudou a vitória do No!

Festa de aniversário na casa da Marias Ester, em Santiago, no Chile

Festa de aniversário na casa da Marias Ester, em Santiago, no Chile


Essa não foi a única celebração do dia. Quando chegamos de volta à casa da Maria Ester, havia uma festa de aniversário de um neto seu. Como o meu próprio aniversário havia sido pouco dias atrás, também disseram que a festa era minha, com direito a bolo e tudo! Para me sentir mais em casa ainda! Foi joia! Nossa última noite chilena nessa etapa, já que amanhã voltamos à Argentina, rumo a Buenos Aires e aos mares gelados do sul. Para o Chile regressaremos, mas vai ser lá no extremo sul do país. Nossas aventuras por aqui não terminaram!

Com a Maria Ester em sua casa em Santiago, no Chile

Com a Maria Ester em sua casa em Santiago, no Chile

Chile, Santiago, história

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Paredes de Gelo

Antártida, Brown Bluff

Remando ao lado de uma grande geleira em Brown Bluff, na Antártida

Remando ao lado de uma grande geleira em Brown Bluff, na Antártida


Em 1520 o navegador português Fernão de Magalhães cruzou o estreito que hoje leva seu nome e que liga o Oceano Atlântico ao Pacífico, no extremo sul da América do Sul. Essa passagem fica entre o continente e a Terra do Fogo, uma grande ilha ao sul da América. Por quase um século ninguém sabia o que havia ao sul da Terra do Fogo e nem mesmo se ela era apenas uma ilha ou se o continente continuava mais abaixo. Até que, em 1616, o navegador holandês Willem Schouten liderou uma expedição ao sul da Terra do Fogo, o primeiro a passar pelo famoso Cabo Horn, ponto extremo das Américas. Daí para a Antártida eram apenas outros meros 800 km. Para quem já circunavegava o mundo naquela época, não parece muito. Mas foram precisos ainda outros 2 séculos até que alguém chegasse ao último continente.

Pinguins sobre um iceberg em Brown Bluff, na Antártida

Pinguins sobre um iceberg em Brown Bluff, na Antártida


Remando em frente ao cenário imponente de Brown Bluff, na Antártida continental

Remando em frente ao cenário imponente de Brown Bluff, na Antártida continental


Quem chegou mais perto de descobrir a Antártida antes disso foi um dos maiores navegadores de todos os tempos, o inglês James Cook. Em 1773, com dois navios, ele deu toda a volta na Antártida, chegando a cruzar por três vezes o Círculo Polar e a se aproximar a menos de 120 km do continente. Mas o tempo rigoroso e os icebergs no mar o impediram de ir mais ao sul e ele não chegou a ver a Antártida. O continente polar continuaria a ser apenas uma lenda até o séc. XIX.

A Ana rema em Brown Bluff, na Antártida

A Ana rema em Brown Bluff, na Antártida


Caiaque em Brown Bluff, na Antártida

Caiaque em Brown Bluff, na Antártida


Foi em 1819 que as ilhas do arquipélago de South Shetland, já ao lado da península antártica, foram descobertas. Finalmente, um ano mais tarde, em um intervalo de poucos dias, navegantes de duas nações, Rússia e Inglaterra, avistaram as terras do próprio continente. Estava descoberta a Antártida! O primeiro teria sido o capitão russo Von Bellingshausen, em Fevereiro de 1820, 300 anos depois da histórica viagem de Fernão de Magalhães.

O cenário imponente de Brown Bluff, na Antártida continental

O cenário imponente de Brown Bluff, na Antártida continental


Gelo e pedra se misturam em Brown Bluff, na Antártida

Gelo e pedra se misturam em Brown Bluff, na Antártida


Remando ao lado de uma grande geleira em Brown Bluff, na Antártida

Remando ao lado de uma grande geleira em Brown Bluff, na Antártida


E hoje, outros 193 anos mais tarde, foi a nossa vez de avistar as terras do continente antártico pela primeira vez. Depois de muito navegar e desembarcar pelas ilhas de South Shetland, após uma maravilhoso e inesquecível caiaque em Kinnes Cove, finalmente ali estava, diante dos nossos olhos, os penhascos gelados que marcam a ponta da península antártica. Bastou ver o porte dessas enormes falésias e também das geleiras ao seu redor para termos certeza: aquilo não era mais uma ilha, estávamos diante de um continente!

Nosso roteiro e pontos de parada na região da Península Antártica

Nosso roteiro e pontos de parada na região da Península Antártica


Nosso grupo faz caiaque ao lado de uma grande parede de gelo em Brown Bluff, na Antártida

Nosso grupo faz caiaque ao lado de uma grande parede de gelo em Brown Bluff, na Antártida


A emoção tomou conta dos passageiros do Sea Spirit, mas nós, do pequeno grupo do caiaque, não iríamos diretamente para o tão sonhado desembarque em terras antárticas. Não! Iríamos aproveitar a oportunidade para mais uma sessão de caiaque, a última dessa nossa viagem pelos mares e terras do sul. Tínhamos de segurar nossas ansiedade por mais uma hora ou duas.

Fazendo caiaque ao lado de uma imponente parede de gelo em Brown Bluff, na Antártida

Fazendo caiaque ao lado de uma imponente parede de gelo em Brown Bluff, na Antártida


Caiaque em Brown Bluff, na Antártida continental

Caiaque em Brown Bluff, na Antártida continental


Remando ao lado das peredes monumentais de gelo de uma geleira em Brown Bluff, na Antártida

Remando ao lado das peredes monumentais de gelo de uma geleira em Brown Bluff, na Antártida


Há poucas centenas de metros da terra firme, fomos remar ao lado das imponentes paredes de gelo de uma gigantesca geleira que nasce nas terras altas da península antártica. A visão era de perder o fôlego. O poder que emana dessas paredes de gelo nos faz sentir minúsculas formigas em um universo infinito. Ainda mais impressionante que sua altura era sua extensão: literalmente a perder de vista!

Fazendo caiaque ao lado de uma imponente parede de gelo em Brown Bluff, na Antártida

Fazendo caiaque ao lado de uma imponente parede de gelo em Brown Bluff, na Antártida


Caverna de gelo em geleira em Brown Bluff, na Antártida

Caverna de gelo em geleira em Brown Bluff, na Antártida


Nós remamos ao longo da parede, por quase uma hora. Testando os limites dados pela nossa guia, a gente se aproximava mais ou menos da massa de gelo. Quanto mais perto, mais noção tínhamos de sua imponência ou altura. Talvez 40, 50 metros de altura, em média, com algumas pontas indo bem além disso. Em alguns lugares, cavernas de gelo se formavam em sua base e a vontade era se aproximar ainda mais. Acho que era o espírito explorador de Magalhães, Drake e Cook que ainda corre em nossas veias...

Remando ao lado das peredes monumentais de gelo de uma geleira em Brown Bluff, na Antártida

Remando ao lado das peredes monumentais de gelo de uma geleira em Brown Bluff, na Antártida


Caverna de gelo em geleira em Brown Bluff, na Antártida

Caverna de gelo em geleira em Brown Bluff, na Antártida


Uma dessas cavernas era tão perfeita e tão ampla que exalava um falso senso de segurança. Eu quase conseguia ver uma placa ali com os dizeres: “Seja bem vindo!”. Eu até brinquei com a Val sobre a tal placa. Ela riu, quase se convenceu, mas a responsabilidade falou mais alto e nós não fomos lá dentro. Mas a imagem das ondas batendo em seu interior todo de gelo, quase uma caverna de cristal, não sairão mais da minha mente.

Uma foca tenta localizar pinguins na região de Brown Bluff, na Antártida

Uma foca tenta localizar pinguins na região de Brown Bluff, na Antártida


Com muito estilo, pinguins adelie se atiram no mar na região de Brown Bluff, na Antártida

Com muito estilo, pinguins adelie se atiram no mar na região de Brown Bluff, na Antártida


E assim foi nosso último caiaque aqui no sul, dessa vez no próprio continente. Certamente, o mais imponente de todos. Dessa vez, a beleza e a emoção estavam apenas no gelo e não nos animais que vivem por aqui. Em compensação, para os outros passageiros que seguiram diretamente para terra firme nos zodiacs, a história foi outra. Passaram longe dessa parede gigantesca de gelo, mas ao lado de pequenos icebergs e blocos de gelo. E ali testemunharam parte do drama diário de focas e pinguins. Uma grande foca caçava as pequenas aves e, com sua cabeça fora da água, tentava localizá-los encima do gelo flutuante. Já os pinguins, precavidos, pensavam duas vezes antes de se atirar no mar. E quando o faziam, era em grande estilo: pulos de ponta, ao estilo dos campeões olímpicos! Ou então, como flechas, voam para fora d’água aproveitando a grande velocidade com que conseguem nadar e, assim atingir os andares mais altos do pequeno iceberg onde já descansam, seguros, seus companheiros. Este show, perdemos. Mas as fotos contam bem a história.

Com muito estilo, pinguins adelie se atiram no mar na região de Brown Bluff, na Antártida (foto de Steve Denver)

Com muito estilo, pinguins adelie se atiram no mar na região de Brown Bluff, na Antártida (foto de Steve Denver)


Pinguins adelie saltam da água para o alto de icebergs na região de Brown Bluff, na Antártida

Pinguins adelie saltam da água para o alto de icebergs na região de Brown Bluff, na Antártida

Antártida, Brown Bluff, Bichos, caiaque, geleira, história

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Querosene

Brasil, Rio Grande Do Sul, São José dos Ausentes, Cambará do Sul (P.N Serra Geral)

Gelo deixado pela forte geada em Cambará do Sul - RS

Gelo deixado pela forte geada em Cambará do Sul - RS


Ontem, na metade do caminho entre São José dos Ausentes e Cambará do Sul, acendeu uma luz no painel da Fiona. O carro continuava andando e, se não fosse pela tal luz, eu nem desconfiaria que havia algo errado. Mas a luz estava lá, "gritando" no painel. Consultando no manual, descobrimos que a recomendação era procurar a concessionária o quanto antes...

Perdidos no mundo numa estrada rural, sem sinal de celular, a única coisa que podíamos fazer era continuar. Ainda mais com o carro aparentando estar tão bem. E assim fizemos, seguindo até Cambará. Lá chegando, liguei para o SAC da Toyota e eles logo quiseram "remover" a Fiona para a concessionária mais próxima, em Caxias do Sul. Nesse caso, como iríamos aos cayons da região no dia seguinte? Resolvi que nós mesmos levaríamos a Fiona para Caxias, depois de visitar os canyons. Bem, na verdade, iríamos apenas a um dos canyons, o Fortaleza, já que o Itaimbezinho só abre de quarta à domingo. Boa do jeito que estava a Fiona, estava seguro que não haveria problemas...

Gelo deixado pela forte geada em Cambará do Sul - RS

Gelo deixado pela forte geada em Cambará do Sul - RS


Pois bem, na madrugada de domingo para segunda em Cambará, a temperatura chegou à congelantes -5 graus! Dentro do nosso quarto aconchegante, embaixo das cobertas quentinhas, nem pareceu tanto. Mas, do lado de fora, era gelo para tudo quanto é lado. Geada forte! Logo de manhã, liguei para a concessionária em Caxias e eles não viam problema em eu passar mais um dia com a Fiona com a tal luz acesa. Tranquilamente, eu e a Ana entramos no carro, já quase 10 da manhã, para irmos ao canyon Fortaleza. Foi quando tivemos a surpresa...

Gelo no alto do mirante do canyon da Fortaleza, em Cambará do Sul - RS

Gelo no alto do mirante do canyon da Fortaleza, em Cambará do Sul - RS


A Fiona estava completamente sem forças. Não conseguia subir nenhum aclive mais acentuado. A rotação, quando chegava acima dos 2 mil rpm, logo rateava. A tal luz acesa indicava uma sujeira no filtro de combustível. Seria isso a causa do problema? Depois de 40 mil km, a Fiona nos deixaria na mão? Conseguimos levá-la até um mecânico e ele também ficou na dúvida. Mas disse também que poderia ser o frio, diesel congelado no tanque. Àquela hora, a temperatura ainda era de zero grau. Será??? Ainda nem sabíamos que a temperatura mínima na madrugada tinha sido de -5...

Igreja em em Cambará do Sul - RS

Igreja em em Cambará do Sul - RS


Deixamos o motor ligado por um bom tempo, para ir esquentando. A rotação, agora, já chegava aos 4 mil rpm. Mas logo rateava. Fomos até o posto de combustível e lá o frentista foi taxativo: é o frio! E qual o remédio? Querosene! Meio ressabiados, colocamos dois litros de querosene no tanque. E não é que ela melhorou logo? O sol e o motor ligado certamente ajudaram, mas impossível não admitir que o querosene foi fundamental! Hmmmmm...

Visitando o canyon Fortaleza, em Cambará do Sul - RS

Visitando o canyon Fortaleza, em Cambará do Sul - RS


Certamente vamos passar por lugares muito mais frios na viagem. No alto dos Andes, ainda mais no inverno, temperaturas de até -15 ou -20 graus não são raras. Pelo visto, querosene será o nosso elixir. Nosso não, da Fiona, hehehe! Nesses países, o próprio díesel vendido já vem misturado com produtos anticongenlates. Mas, para temperarturas tão baixas, a "ajudinha" do querosene será sempre necessária.É isso aí, vivendo e aprendendo. Até no sul do Brasil precisamos de querosene... Com foi com a ajuda dele que pudemos, finalmente, ir para a maravilha geológica chamada Canyon da Fortaleza!

No alto do canyon Fortaleza, a mais de 1.100 metros de altura, em Cambará do Sul - RS

No alto do canyon Fortaleza, a mais de 1.100 metros de altura, em Cambará do Sul - RS

Brasil, Rio Grande Do Sul, São José dos Ausentes, Cambará do Sul (P.N Serra Geral), Estrada

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Paisagens do Açu

Brasil, Rio De Janeiro, Serra dos Órgãos

Sob a enorme rocha do Castelo do Açu, admirando a beleza do Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro

Sob a enorme rocha do Castelo do Açu, admirando a beleza do Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro


A travessia da Serra dos Órgãos tem muitos pontos altos, no sentido figurado e no literal também. No segundo caso, destacam-se a Pedra do Sino, com 2,275 metros de altitude, e o Pico do Cruzeiro, bem próximo dos 2.220 metros. Já no caso figurado, talvez o melhor exemplo seja a formação rochosa chamada Castelo do Açu, um enorme bloco de rocha já partido em blocos menores e com a forma de uma gigantesca tartaruga. E é exatamente na região do Castelo do Açu que está o melhor refúgio da travessia. Para quem vem de Petrópolis, é o local normal de se passar a primeira noite. Para quem vem de Teresópolis, seria o pouso da segunda noite na trilha.

Ainda antes de nascer, o sol pinta de amarelo o céu do Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro

Ainda antes de nascer, o sol pinta de amarelo o céu do Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro


Seis e quinze da manhã, o sol está quase nascendo no Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro

Seis e quinze da manhã, o sol está quase nascendo no Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro


O sol se levanta atrás das montanhas do Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro

O sol se levanta atrás das montanhas do Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro


Além do interesse na própria formação rochosa, é a vista que se tem daí o seu maior atrativo. Em dias limpos, pode-se ver perfeitamente toda a Baía da Guanabara e as montanhas da cidade do Rio de Janeiro. Com um par de binóculos, o zoom da câmera fotográfica ou com olhos de águia, pode-se até divisar o Cristo redentor sobre o Corcovado. E olhe que ele está a 60 kms de distância em linha reta, quase 1.500 metros abaixo de nós.

Um cabo de aço nos ajudar a subir um rochedo para assistir o nascer-do-sol na região do Castelo do Açu,  Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro

Um cabo de aço nos ajudar a subir um rochedo para assistir o nascer-do-sol na região do Castelo do Açu, Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro


Um cabo de aço nos ajudar a subir um rochedo para assistir o nascer-do-sol na região do Castelo do Açu,  Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro

Um cabo de aço nos ajudar a subir um rochedo para assistir o nascer-do-sol na região do Castelo do Açu, Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro


Podemos observar também as montanhas mais famosas do parque e que marcam a direção que deveremos seguir rumo a Teresópolis. Lá estão o Dedo de Deus, o Garrafão e a Pedra do Sino, local do refúgio da segunda noite. O Dedo de Deus, maior ícone da Serra dos Órgãos e do alpinismo brasileiro, mesmo com seus 1.692 metros de altitude, está a mais de 500 metros abaixo de nós! Para quem tinha visto ele lá da estrada de Petrópolis, quando sua ponta parecia tocar o céu, o novo ângulo nos dá uma perspectiva bastante diferente.

Com frio e esperando o calor do sol que acaba de nascer no Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro

Com frio e esperando o calor do sol que acaba de nascer no Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro


Vários turistas assistem de camarote o nascer-do-sol no Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro. Eu estou à direita!

Vários turistas assistem de camarote o nascer-do-sol no Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro. Eu estou à direita!


Aproveitando os primeiros raios da manhã no Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro

Aproveitando os primeiros raios da manhã no Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro


O momento mais mágico aqui no Castelo do Açu é, sem nenhuma dúvida, o nascer-do-sol. Tremendo de frio, os turistas que tem a sorte de aqui estar durante um dia limpo, se aconchegam em alguma pedra mais alta da região e passam a assistir o céu se pintar de azul claro, amarelo, laranja e vermelho, até que o astro-rei desponta atrás das montanhas do horizonte. Junto, vem o calor tão esperado, assim como a luz que banha aqueles campos de altitude e os diversos picos que compõe a paisagem. Em uma só palavra: espetacular!

O Dedo de Deus se banha nos raios do sol que acaba de se levantar no Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro

O Dedo de Deus se banha nos raios do sol que acaba de se levantar no Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro


Mais um dia que começa no Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro

Mais um dia que começa no Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro


Início de mais um belo dia no Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro

Início de mais um belo dia no Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro


São dois os lugares prediletos dos visitantes que por aqui passam para assistir a este show da natureza. O primeiro, mais próximo e rápido de chegar, é uma das pedras que formam o Castelo do Açu, na sua extremidade leste. Um cabo de aço facilita muito a nossa chegada até o alto dessa pedra, uma das primeiras a ser atingida pelos raios solares. Durante a temporada e nos finais de semana, quem acordar mais tarde certamente não vai achar seu lugar lá em cima. Mas não tem problema, na verdade todo e qualquer lugar por ali é especial para ver o nascer-do-sol. Assim, para quem gosta de mais privacidade nesse momento mágico, é só caminhar um pouco.

A paisagem espetacular da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro

A paisagem espetacular da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro


As montanhas do Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro

As montanhas do Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro


Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro

Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro


O outro lugar preferido é o Morro do Cruzeiro. Está um pouco mais afastado, mas não muito. É considerado o ponto mais alto de Petrópolis, pois a partir daqui, entramos no município de Teresópolis. Sobre o morro, uma pequena cruz de metal não deixa dúvidas que aquele é o Morro do Cruzeiro. A cruz foi colocada ali em homenagem a um grupo de alpinistas mortos por raios durante uma grande tempestade elétrica no início dos anos 90. São uns 10 minutos de caminhada da base do castelo até lá, mas a vista compensa qualquer esforço. Com uma área maior, certamente não faltará espaço para ninguém aí, mesmo nos dias mais cheios.

No alto do Morro do Marco, no Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro. Ao fundo, a Baía da Guanabara

No alto do Morro do Marco, no Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro. Ao fundo, a Baía da Guanabara


Admirando a vista do alto do Morro do Marco, no Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro

Admirando a vista do alto do Morro do Marco, no Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro


A região montanhosa  da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro

A região montanhosa da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro


Hoje, eu e a Ana preferimos assistir o dia nascer do alto da pedra do cabo de aço. havia ali umas 10 pessoas, no máximo. Todos extasiados com o que viam. Temperatura um pouco acima de 0 grau, mas é para isso que servem os casacos. A ansiedade pelo sol que chega também ajuda a esquentar e, antes de percebermos, ele já ilumina toda aquela linda região. Os picos rochosos parecem estar se banhando nesses primeiros raios e esta é, talvez, a paisagem mais bela daquele momento.

O Castelo do Açu, no Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro

O Castelo do Açu, no Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro


O refúgio do Castelo do Açu, no Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro

O refúgio do Castelo do Açu, no Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro


Os passarinhos também se agitam e cantam com o nascer-do-sol no Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro

Os passarinhos também se agitam e cantam com o nascer-do-sol no Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro


Depois do espetáculo, as pessoas voltam para sua barracas para se prepararem para mais um dia de caminhadas. Eu e a Ana não tínhamos pressa. Resolvemos ir dar uma olhada no Morro do Cruzeiro também, para dar aquela primeira esticada nas pernas antes de colocarmos o peso em nossas costas. Depois, de volta para a base do Castelo onde uma pequena gruta foi protegida por uma parede de pedras. As pessoas podem dormir lá dentro, protegidas do vento. Mas nós ficamos do lado de fora mesmo, uma espécie de varanda natural. Aí fizemos nosso alongamento e até um pouco de ioga, a luz do sol nos esquentando e inspirando.

Esquentando-se pela manhã sob o Castelo do Açu, no Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro

Esquentando-se pela manhã sob o Castelo do Açu, no Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro


Finalmente, o sol chega à nossa barraca ao lado do Castelo do Açu, no Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro

Finalmente, o sol chega à nossa barraca ao lado do Castelo do Açu, no Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro


Esquentando-se com o sol da manhã antes de desarmar a barraca, ao lado do Castelo do Açu, no Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro

Esquentando-se com o sol da manhã antes de desarmar a barraca, ao lado do Castelo do Açu, no Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro


Só então voltamos para nossa barraca. era agora, uma hora depois do sol nascer, que os primeiros raios atingiam nossa casinha na montanha. Até então, estava gelado lá dentro. Aproveitando o novo calorzinho, tomamos nossa café da manhã tranquilamente e preparamos os sanduíches para o dia. A esta altura, todo mundo já tinha partido, mas nós resolvemos ficar outra hora por ali, agora caminhando para o sul, na direção do Rio de Janeiro.

Antes de partirmos para mais um dia de caminhada no Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro, café da manhã e preparação dos sanduíches

Antes de partirmos para mais um dia de caminhada no Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro, café da manhã e preparação dos sanduíches


Antes de partirmos para mais um dia de caminhada no Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro, café da manhã e preparação dos sanduíches

Antes de partirmos para mais um dia de caminhada no Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro, café da manhã e preparação dos sanduíches


Leitos de pedra descem do Castelo nessa direção, perdendo lentamente a altitude, até a borda da montanha. Até aí fomos, o melhor lugar para se admirar a Baía da Guanabara. Ontem de noite, tínhamos visto o mar de luzes da Baixada Fluminense, uma visão inesquecível (fotos no post anterior). Agora podíamos ver o mar e todo o contorno dessa que é uma das maiores baías do litoral brasileiro. As montanhas cariocas como o Corcovado, o Pão de Açúcar e a Pedra da Gávea pareciam minúsculas, mas, ao mesmo tempo, tão fáceis de serem reconhecidas.

Admirando a vista da Baía da Guanabara do alto do Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro

Admirando a vista da Baía da Guanabara do alto do Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro


A Baía da Guanabara, a Ilha do Governador e o Maciço da Tijuca vistos do alto do Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro

A Baía da Guanabara, a Ilha do Governador e o Maciço da Tijuca vistos do alto do Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro


O Rio de Janeiro e a Baía da Guanabara vistos do castelo do Açu, no Parque Nacional da Serra dos Órgãos

O Rio de Janeiro e a Baía da Guanabara vistos do castelo do Açu, no Parque Nacional da Serra dos Órgãos


O Corcovado, a 60 km de distância em linha reta e quase 1,5 kms abaixo de nós, no alto do Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro

O Corcovado, a 60 km de distância em linha reta e quase 1,5 kms abaixo de nós, no alto do Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro


A Ana fez uma belíssima montagem de fotos, uma grande panorâmica em que se vê todo o contorno da baía e também as cidades da região. Infelizmente, a foto não fica muito grande no formato do site e quase não se pode perceber o que há nela. Mas os programas de fotos podem fazer mágicas e uma delas é distorcer a foto no sentido vertical. É como se achatássemos as medidas horizontais e alongássemos as medidas verticais. O resultado é que a extensa baía fica bem menos ampla, ao mesmo tempo em que as montanhas crescem muito em altura. Uma paisagem quase jurássica do Rio de Janeiro! Foi a maneira que encontramos de poder mostrar um pouco do que vimos lá de cima!

Do alto do Parque Nacional da Serra dos Órgãos, em um dia limpo, é possível vislumbrar toda a Baía da Guanabara. Espetacular!

Do alto do Parque Nacional da Serra dos Órgãos, em um dia limpo, é possível vislumbrar toda a Baía da Guanabara. Espetacular!


A mesma foto da Baía da Guanabara, mas agora distorcida verticalmente. Alguém conhece reconhecer as montanhas famosas do rio de Janeiro (Pão de Açúcar, Corcovado e Gávea?)

A mesma foto da Baía da Guanabara, mas agora distorcida verticalmente. Alguém conhece reconhecer as montanhas famosas do rio de Janeiro (Pão de Açúcar, Corcovado e Gávea?)


Bom, o sol subia no horizonte e já estava mais do que na hora de retomarmos nossa travessia. Voltamos para a barraca, desmontamos e empacotamos tudo nas mochilas e pé na trilha novamente. O trecho mais belo da travessia ainda estava na nossa frente, justamente o trecho entre o Castelo do Açu e a Pedra da Mina, frente a frente com esses gigantes de pedra!

Feliz com mais um dia de céu azul no Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro. Ao fundo, a Baía da Guanabara

Feliz com mais um dia de céu azul no Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro. Ao fundo, a Baía da Guanabara

Brasil, Rio De Janeiro, Serra dos Órgãos, Parque, Petrópolis, Serra dos Órgãos, trilha

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Os Quilmes e as Termas

Argentina, Cafayate, Fiambalá

Admirando a região das ruínas de Quilmes, próximo à Cafayate - Argentina

Admirando a região das ruínas de Quilmes, próximo à Cafayate - Argentina


Saímos de Cafayate, umas das principais regiões produtoras de vinho na Argentina, com destino a Fiambalá. Mas antes de chegar lá, outro importante compromisso: conhecer as ruínas de Quilmes, a 60 km ao sul de Cafayate, bem no nosso caminho.

Placa da Rota do Vinho na região de Cafayate - Argentina

Placa da Rota do Vinho na região de Cafayate - Argentina


Os Quilmes eram o povo que vivia nesta área na época da chegada dos conquistadores espanhóis. Sem nenhuma intenção de se deixar serem escravizados, eles foram os indígenas que mais resistiram à conquista. A arquitetura da cidade em que moravam ajudou bastante essa resistência. Habitavam a encosta de uma montanha e nela construíram várias fortalezas e torres de observação. Lá do alto, além de poderem observar a aproximação do inimigo pela vasta planície à frente, a defesa também era bem mais eficiente, já que a gravidade jogava a seu favor.

As ruínas de Quilmes, próximo à Cafayate - Argentina

As ruínas de Quilmes, próximo à Cafayate - Argentina


Infelizmente para eles, essas vantagens não foram suficientes. Resistiram até a metade do séc XVII, caíndo frente à tecnologia superior dos espanhóis. Os sobreviventes dessa última batalha foram levados em marcha forçada até a distante Buenos Aires. Muitos morreram na árdua caminhada e os dois mil sobreviventes foram alojados num subúrbio da cidade que hoje tem o nome de Quilmes. E é lá que nasceu a famosa cerveja tão admirada pelos brasileiros que viajam pelo país. Eu, por exemplo, que já era fã, agora sempre tenho a quem brindar, quando tomo essa saborosa cerveja. Viva esse povo valente e guerreiro!

No alto de fortaleza nas ruínas de Quilmes, próximo à Cafayate - Argentina

No alto de fortaleza nas ruínas de Quilmes, próximo à Cafayate - Argentina


Nós passamos algumas horas explorando as ruínas e a montanha onde elas se localizam. Do alto de suas fortalezas observamos a planície à nossa frente, tentando imaginar o que sentiam seus habitantes vendo aproximar os exércitos espanhóis. Imaginamos suas preces para que seus deuses os ajudassem à preservar sua cidade, sua cultura, suas famílias. Infelizmente, a história não é uma novela da Globo nem um filme de Hollywwod e são pouco as vezes em que a justiça prevalece.

As ruínas de Quilmes, próximo à Cafayate - Argentina

As ruínas de Quilmes, próximo à Cafayate - Argentina


Bom, após o passeio, os devaneios e as lindas paisagens era hora de seguir viagem. Uma longa viagem. Estradas de asfalto em infinitas retas, estradas de terra com poeira infinita e fomos dando a volta numa pequena cordilheira (se fizessem um túnel, economizaríamos uns 100 km!) até chegarmos em Tinogasta.

As ruínas de Quilmes, próximo à Cafayate - Argentina

As ruínas de Quilmes, próximo à Cafayate - Argentina


Aí, tomamos uma dura da polícia, com direiro a cão farejador. Com toda a educação, como tem sido todas as vezes que temos contato com policiais. Como andamos com tudo encima, não tivemos nenhum problema. É, problema não tivemos, mas eles nos deram uma informação meio triste: o Passo de São Francisco estava fechado do lado chileno, por excesso de neve. Talvez abrisse, mas eles não sabiam quando. É, um dia deve abrir...

Observando as ruínas de Quilmes, próximo à Cafayate - Argentina

Observando as ruínas de Quilmes, próximo à Cafayate - Argentina


Com essa ducha de água fria seguimos até Fiambalá. Ali, após obtermos informações na Oficina de Turismo, seguimos diretamete para as termas, uns 15 km montanha acima. na verdade, vulcão acima. Vulcão extinto, mas com força suficiente para esquentar as águas que nascem em sua antiga caldeira. Ali foram construídas piscinas termais e também um hotel, onde fomos nos hospedar.

Venda de artesanato nas ruínas de Quilmes, próximo à Cafayate - Argentina

Venda de artesanato nas ruínas de Quilmes, próximo à Cafayate - Argentina


Para nossa alegria, havia vagas para nós. Melhor que isso, as piscinas são incríveis, água bem limpa e quente mesmo. São várias piscinas e a temperatura vai abaixando conforme nos afastamos da fonte. Na hora que chegamos, já de noite, ninguém mais estava por lá e tínhamos aquele paraíso todo só para nós. Tratamos de aproveitar, começando com a piscina de 38 graus e subindo até a de 44, já do lado da nossa Cabana VIP, uma verdadeira casa com dois quartos, varanda, banheiro e cozinha. Um conforto que não esperávamos, à um preço ótimo. Assim, mesmo com o Paso São Francisco fechado, já valeu a viagem, hehehe! Falando em Paso, a esperança é a última que morre e amanhã vamos para lá! Depois de mais um banho nas piscinas, claro!

Banho noturno nas deliciosas termas de Fiambalá - Argntina

Banho noturno nas deliciosas termas de Fiambalá - Argntina


Ahhh... já ía esquecendo! Imagina se não tomamos e brindamos uma Quilmes dentro daquela piscina de água quente na noite de lua quase cheia com vistas para as encostas de um antigo vulcão? MARAVILHOSO!

Argentina, Cafayate, Fiambalá,

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Cap-Haitien

Haiti, Cap-Haitien

Arquitetura colorida no centro de Cap-Haitien, cidade na costa norte do Haiti

Arquitetura colorida no centro de Cap-Haitien, cidade na costa norte do Haiti


Cap-Haitien, ou Cabo Haitiano, como ela é conhecida pelos dominicanos, é a mais importante cidade do norte do Haiti. Durante a época colonial, foi a capital do país até 1770, quando os franceses decidiram transferir o centro do poder para Port-au-Prince. Tinha então o nome de Cap-Français e, claro, logo teve o nome mudado após a revolução haitiana, uma maneira simbólica de mostrar ao mundo que o país havia se tornado independente.

Vendedora de frutas, em Cap-Haitien, cidade na costa norte do Haiti

Vendedora de frutas, em Cap-Haitien, cidade na costa norte do Haiti


Barco na vega na orla de Cap-Haitien, cidade na costa norte do Haiti

Barco na vega na orla de Cap-Haitien, cidade na costa norte do Haiti


Aliás, foi durante essa guerra de independência que centenas de franceses que viviam na cidade se mudaram para New Orleans, então uma cidade francesa. Não é à toa que a arquitetura das duas cidades é tão parecida, os franceses daqui levando para lá o estilo de Cap-Haitien. A diferença, claro, fica no estado de conservação dessa bela arquitetura. Aqui, os sinais de decadência são claros. O que não deixa de tornar tudo ainda mais charmoso.

Caminhando pelas ruas de Cap-Haitien, cidade na costa norte do Haiti

Caminhando pelas ruas de Cap-Haitien, cidade na costa norte do Haiti


Cap-Haitien, cidade na costa norte do Haiti

Cap-Haitien, cidade na costa norte do Haiti


Cap-Haitien era um grande destino turístico até a década de 80, recebendo diversos cruzeiros e turistas independentes. Ainda se percebe a estrutura que havia para recebê-los, como lojas e mercados, hoje meio às moscas. Aqui disseram que a cidade estava sempre movimentada, gringos andando para lá e para cá. Os vizinhos dominicanos, agentes de turismo e do governo, até vinham para cá, para aprender o know-how. Tempos idos e passados. O aparecimento da AIDS naquela década estigmatizou o Haiti como uma das fontes da doença, afastando os turistas. Depois, foi a instabilidade política, os diversos golpes, a crise econômica aguda, a desordem social e os desastres naturais. O resultado é essa bela cidade, com um potencial turístico tão grande, ainda mais quando se considera as atrações aqui por perto, como a Citadelle e algumas das mais belas praias do mundo, estranhamente vazia.

Catedral de Cap-Haitien, cidade na costa norte do Haiti

Catedral de Cap-Haitien, cidade na costa norte do Haiti


Interior da catedral de Cap-Haitien, cidade na costa norte do Haiti

Interior da catedral de Cap-Haitien, cidade na costa norte do Haiti


A cidade é bem grande, mas a parte histórica pode ser feita toda à pé. Ao contrário de Port-au-Prince, o trânsito é bem tranquilo, as ruas formam um grid regular e é bem fácil se orientar. Mais do que isso, é agradável andar pelas ruas de casas coloridas, de dois ou três andares e com varandas se debruçando sobre as calçadas. Como herança da época da ocupação americana, essas ruas tem nomes de letras (norte-sul) e números (leste-oeste), o que torna ainda mais fácil a navegação.

Meninas no interior da catedral de Cap-Haitien, cidade na costa norte do Haiti

Meninas no interior da catedral de Cap-Haitien, cidade na costa norte do Haiti


Amigável desse jeito, nós caminhamos bastante por ela. Enfim, uma cidade com cara de cidade, com esquinas, padarias, restaurantes, praça central. Aliás, nessa praça está uma enorme igreja, a catedral, a maior do país, com o sugestivo nome de Notre-Dame. Aì dentro encontramos umas simpáticas adolescentes que se divertiram conosco, a rara visão de turistas em sua cidade.

Orla de Cap-Haitien, cidade na costa norte do Haiti

Orla de Cap-Haitien, cidade na costa norte do Haiti


O grande terremoto não será esquecido! (Cap-Haitien, cidade na costa norte do Haiti)

O grande terremoto não será esquecido! (Cap-Haitien, cidade na costa norte do Haiti)


Elas não se lembram de como era antes, pois nem eram nascidas. Mas ficamos bem amigos do Felipe, o proprietário de um dos mais agitados bares da cidade, o La Kay, que se lembra nostalgicamente do movimento que aqui existia, três décadas atrás. Ele e outros esperam que esses bons tempos retornem a até começam a ver sinais disso. Para eles, a nossa presença por lá foi animadora. Quem sabe seja um início... Enquanto isso não acontece, os estrangeiros que se veem na cidade são os funcionários das diversas ONGs que operam por aqui, além, claro, dos militares das forças de estabilização da ONU.

Com o Felipe, dono do nosso bar preferido em Cap-Haitien, o La Kay (Haiti)

Com o Felipe, dono do nosso bar preferido em Cap-Haitien, o La Kay (Haiti)


O bar do Felipe fica em frente ao mar, assim como o hotel onde nos hospedamos. Uma bela visão da baía, mas não há uma praia. Para isso, é preciso caminhar um pouco, cerca de um quilômetro, por uma estrada de terra, ao lado do mar. É onde o Felipe tem sua casa e ele até nos deu uma carona até lá. No caminho, antigos fortes dos franceses, ainda com seus canhões. A praia é meio sem graça, com muitas pedras, e o mais interessante foi ver um grupo de garotas, com sabonete e tudo, tomar banho por ali.

Antigo forte francês em Cap-Haitien, no norte do Haiti

Antigo forte francês em Cap-Haitien, no norte do Haiti


Garotas tomam banho na água do mar, em praia de Cap-Haitien, no norte do Haiti

Garotas tomam banho na água do mar, em praia de Cap-Haitien, no norte do Haiti


A alguns quilômetros na direção leste estão algumas das mais belas praias do Caribe. Mas estão longe demais para se ir à pé. Nós vamos de taptap, depois de amanhã. É ali que está a famosa Labadee, uma praia fechada e exclusiva da empresa de cruzeiros Royal Caribbean. Vamos poder ver de perto, mas antes ainda vamos na Citadelle, aquela fortaleza que sobrevoamos pela manhã. Como eu disse logo acima, Cap-Haitien, além do próprio charme, ainda tem atrações de primeira linha no seu entorno. Vamos conferir!

Fim de tarde na beira-mar em Cap-Haitien, no norte do Haiti

Fim de tarde na beira-mar em Cap-Haitien, no norte do Haiti

Haiti, Cap-Haitien, história

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Playa Blanca, After Hours

Colômbia, Cartagena, Playa Blanca

Um magnífico castelo de areia na Playa Blanca, em Baru, na Colômbia

Um magnífico castelo de areia na Playa Blanca, em Baru, na Colômbia


Praias não são o ponto forte de Cartagena. O mar é meio escuro, a faixa de areia é pequena e há muitas pedras. Enfim, a população local se diverte, principalmente nos finais de semana, mas ninguém viaja para cá em busca delas, principalmente os estrangeiros. Mas a história começa a ficar diferente quando nos afastamos um pouco da cidade...

Barcos se alinham no cais em Cartagena para levar centenas de turistas à Playa Blanca, na Colômbia

Barcos se alinham no cais em Cartagena para levar centenas de turistas à Playa Blanca, na Colômbia


Desde que fizemos nossos primeiros amigos colombianos, lá em Cali, muito antes de chegarmos aqui na primeira vez, que eles já nos disseram: “Quando forem à Cartagena, não deixem de ir à Playa Blaca1” . Conselho de gente local, devemos sempre levar a sério. E nós levamos! Não fomos a tal praia na nossa primeira passagem pela cidade porque naquele mês de festas, ela estaria lotadíssima. Mas agora, numa [época mais tranquila, ela não nos escaparia. Ainda mais que tínhamos um “dia de folga” antes de começarmos o processo de resgate da Fiona. Assim, ontem de manhã nos despedimos dos nossos amigos suíços e do Hostel Mamallena e, de mala e cuia, viemos para Playa Blanca.

Turista aguardam  a sua vez de abordar no cais em Cartagena, para seguirem à Playa Blanca, na Colômbia

Turista aguardam a sua vez de abordar no cais em Cartagena, para seguirem à Playa Blanca, na Colômbia


Nosso barco, no caminho de Cartagena à PLaya Blanca, na Colômbia

Nosso barco, no caminho de Cartagena à PLaya Blanca, na Colômbia


Uma visita à praia e também às vizinhas Islas Rosario é um dos mais populares day-tours oferecidos aos turistas que visitam Cartagena. Pode-se chegar à praia de carro também, depois de passar pela fila da balsa, mas 99% dos visitantes vem mesmo de barco, nesses day-tours organizados em Cartagena. O esquema é profissional mesmo. São umas vinte lanchas rápidas que saem do cais turístico da cidade, cada uma levando uma vinte pessoas. Caminhando para o porto, bem cedinho, a gente já vê os turistas vindo de todas as direções, assim como também vans e micro-ônibus que os trazem de hotéis mais distantes. Antes de chegar ao cais, vendedores já nos empurram os ticktes, cerca de 30 dólares já incluindo almoço, taxas do parque e o transporte para a praia e também as Islas Rosario. Para quem só vai na Playa Blaca, um pouco mais barato.

Chegando à Playa Blanca, na Colômbia

Chegando à Playa Blanca, na Colômbia


A movimrntada Playa Blanca, na Colômbia

A movimrntada Playa Blanca, na Colômbia


Já dentro do porto, sentamos em nossas cadeiras e esperamos que chamem nossos nomes para embarcarmos em uma das lanchas. Lancha cheia, seguimos à toda velocidade, passando por Boca Grande e Boca Chica (as duas entradas de mar que dão acesso à Cartagena, o sonho de todo o pirata que se ´preze nos séc. XVII e XVIII), damos uma paradinha para observar os fortes que protegiam essas passagens e seguimos para a Playa Blanca.

Playa Blanca, na Colômbia

Playa Blanca, na Colômbia


Aí, nossa lancha praticamente se esvaziou, pouca gente disposta a seguir para as Islas Rosario. Essas ilhas formam um parque nacional destinado a proteger flora, fauna e os corais que fazem a fama do local. Apenas a maior das ilhas é pública, enquanto que a grande maioria dos cayos menores é tomada por hotéis exclusivos e mansões.

Muito bem instalado em quiosque na Playa Blanca, em Baru, na Colômbia

Muito bem instalado em quiosque na Playa Blanca, em Baru, na Colômbia


Um belo fim de tarde na Playa Blanca, em Baru, na Colômbia

Um belo fim de tarde na Playa Blanca, em Baru, na Colômbia


Lá chegando, o espertão do motorista do barco quis nos vender, por outros 13 dólares por cabeça, a chance de fazer snorkel. Incluído no preço, máscara, nadadeira, colete salva vida e um guia para nos mostrar os peixinhos. Os outros poucos passageiros reclamaram do preço, barganharam uns 15% de desconto a compraram o “pacote”. Nós, que tínhamos levado nossas máscaras, indignados, recusamos terminantemente qualquer acordo. Afinal, já estávamos sobre o mar e certamente não precisávamos de guia e colete. Além disso, para nós, já estava tudo incluído no preço que pagamos lá em Cartagena. O capitão disse que não, que o preço só incluía nos deixar na praia da ilha e não ali, no mar, pronto para o snorkel. “Okay, nos deixe na praia, então!”. E assim foi, deixados na praia, nadamos os cem metros até o ponto de snorkel, ficamos por lá uns quarenta minutos e voltamos para a praia, para que ele pudesse nos pegar novamente. Guia para snorkel, só me faltava essa...

Nossa casa e nossas 'camas' (as redes com mosquiteiro) na Playa Blanca, em Baru, na Colômbia

Nossa casa e nossas "camas" (as redes com mosquiteiro) na Playa Blanca, em Baru, na Colômbia


Hora de acordar, na Playa Blanca, em Baru, na Colômbia

Hora de acordar, na Playa Blanca, em Baru, na Colômbia


Bom, fim da primeira etapa do passeio, seguimos (ou voltamos!) para a seguinte: a Playa Blanca. Praia linda, mas com boa parte dela totalmente tomada por turistas e vendedores. Esquema farofa, O almoço incluído é servido em esquema industrial, nos diversos quiosques que existem na praia. A cada barco que chega, os donos de quiosques fazem uma divisão e levam três ou quatro para seus restaurantes. Com direito à limonada. Qualquer coisa fora disso, preço extra. Para quem gosta de lagosta, por exemplo, e disposto a pagar, não vai se arrepender.

Pela manhã, turistas começam a chegar à Playa Blanca, em Baru, na Colômbia

Pela manhã, turistas começam a chegar à Playa Blanca, em Baru, na Colômbia


Bom, terminado o almoço, terminava também nosso vínculo com o barco. Afinal, preciosa dica dos amigos colombianos lá de Cali, não voltaríamos hoje para a cidade. Eles bem disseram: “A Playa Blanca é maravilhosa! Mas tem de ser depois dos turistas irem embora e, no dia seguinte, antes deles voltarem!”. Então, com nossas mochilas para uma troca de roupa, caminhamos o mais longe possível da farofa e esperamos o tempo passar. Nesse meio tempo, decidimos aonde dormir: a casa da Dona Ana, nas redes com mosquiteira colocadas no avançado da casa, sobre a areia mesmo. E ela ainda nos emprestou uma das cabines para guardar e trancar nossas coisas.

Venda de cocos na Playa Blanca, em Baru, na Colômbia

Venda de cocos na Playa Blanca, em Baru, na Colômbia


Daí para frente, foi só alegria! Areias brancas, mar de águas claras e mornas, cerveja gelada. Melhorou mais ainda a partir das três da tarde, quando as lanchas começaram a partir. Às cinco, foi-se a última e a praia era de uma tranquilidade total, restando apenas uns poucos turistas que, como nós, tiveram a brilhante ideia de vir para ficar, todos com sorrisos de orelha à orelha. Depois da música alta durante o dia, o barulho do mar era um refresco para nossos ouvidos.

Ana, dona da nossa 'pousada' na Playa Blanca, em Baru, na Colômbia

Ana, dona da nossa "pousada" na Playa Blanca, em Baru, na Colômbia


Já de noite, caminhando para o canto da praia, descobrimos duas ou três pousadas de verdade. Ali descobrimos que alguns mochileiros vem para passar a semana toda e que, naquele canto da praia, os barcos de turistas não chegam. Cada vez mais explicado a fama de paraíso que essa praia tem entre os mais descolados. No meio daquela muvuca, ainda durante o dia, estava difícil de entender. Mas agora, sob o céu estrelado e aquele clima tranquilo de praia, nossos pés na areia enquanto tomávamos nossa cerveja, tudo fez sentido.

Junto com o vendedor de driques na Playa Blanca, em Baru, na Colômbia

Junto com o vendedor de driques na Playa Blanca, em Baru, na Colômbia


Carrinho de bebidas na Playa Blanca, em Baru, na Colômbia. Até 'Kay Piriña' eles vendem!

Carrinho de bebidas na Playa Blanca, em Baru, na Colômbia. Até "Kay Piriña" eles vendem!


Voltamos para as nossas redes e dormimos protegidos dos mosquitos. Mas, para azar da Ana, um grupo de colombianos chegou de carro na praia e resolveu se instalar justo ali, na casa da Dona Ana. Vieram na última balsa e estavam dispostos a pegar a primeira balsa do dia seguinte, às cinco da manhã. Para isso, resolveram não dormir e beber toda a noite. Pior para a Dona Ana, que ficou servindo as bebidas e para a minha Ana, que não conseguia dormir por causa do barulho. Eu, confesso, dormi como uma pedra.

O Alonso mostra a sua arte nas areias da Playa Blanca, em Baru, na Colômbia

O Alonso mostra a sua arte nas areias da Playa Blanca, em Baru, na Colômbia


No dia seguinte, aproveitamos as primeiras horas da manhã quando a praia era só nossa. Quer dize, quase só nossa, pois haviam outros poucos por ali. Entre eles, o Alonso, um colombiano que já morou muito tempo no Rio. Ele é escultor (ou arquiteto) de castelos de areia e vivia disso na Cidade Maravilhosa. Por aqui, também tinha feito um castelo, uma verdadeira obra de arte. Estava até com dois alunos ingleses. Bateu um longo papo com a Ana, cheio de histórias e aventuras para contar. Incrível história de vida!

Turistas tomam a Playa Blanca, em Baru, na Colômbia

Turistas tomam a Playa Blanca, em Baru, na Colômbia


Aos poucos, os turistas foram chegando e a tranquilidade, sumindo. A gente tratou de se acostumar ao novo ritmo, aproveitamos o mar ao máximo e, no meio da tarde, pegamos uma lancha de volta à Cartagena, felizes como nunca por ter dado essa escapada. Para quem vai à Cartagena e tem um pouco de tempo, não perca a chance de passar uma noite na Playa Blanca! Quanto a nós, estávamos prontos para começar o processo de tirar a Fiona do porto. Não vemos a hora de estar na estrada novamente, à bordo da nossa saudosa e queridíssima companheira!

Despedida da Playa Blanca, em Baru, na Colômbia

Despedida da Playa Blanca, em Baru, na Colômbia

Colômbia, Cartagena, Playa Blanca, Praia

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Santa Helena

Estados Unidos, Washington State, Saint Helens

As encostas do Mt. St. Helens, no estado de Washington, oeste dos Estados Unidos

As encostas do Mt. St. Helens, no estado de Washington, oeste dos Estados Unidos


Colombo ainda tentava convencer os reis espanhóis a financiar seu “estranho projeto” de chegar às Índias pelo lado leste quando, em 1480, um vulcão ainda sem nome (pelo menos, para o mundo ocidental), no lado oeste de um continente desconhecido, explode com fúria incomum. Haviam sido 700 anos de descanso e apenas antigas lendas indígenas alertavam sobre o perigo da montanha. Do outro lado do mundo, a rainha Izabel e o navegante genovês perceberam que o pôr-do-sol ficou mais avermelhado e bonito pelos próximos meses, mas aceitaram aquilo como um fenômeno natural, sem necessidade de maiores explicações.

Chegando ao Mt. St. Helens, a estrada cruza as árvores mortas pela erupção de 1980, no estado de Washington, oeste dos Estados Unidos

Chegando ao Mt. St. Helens, a estrada cruza as árvores mortas pela erupção de 1980, no estado de Washington, oeste dos Estados Unidos


Trezentos anos mais tarde, a América já está descoberta, colonizada e começa a se libertar do antigo continente. A mais nova nação do mundo, os Estados Unidos, começa a se expandir para o oeste, rumo ao Pacífico. Essa região do continente havia escapado dos impulsos exploratórios e colonizadores dos últimos séculos, mas chegava agora a sua vez. Os americanos disputavam a região com espanhóis, russos e, principalmente, ingleses. Foram esses que enviaram àquela costa ainda desconhecida do mundo o grande explorador George Vancouver. Foi ele o primeiro europeu a reconhecer as grandes montanhas da região (na verdade, vulcões!) e a batizá-las com o sobrenome de amigos seus. Foi assim que o Rainier ganhou o seu nome. E também aquele desconhecido vulcão que explodira em 1480. Vancouver chamou a “mais bela” das montanhas de Saint Helens, ou Santa Helena, em português.

As árvores mortas pela erupção do Santa Helena, em 1980 (estado de Washington, oeste dos Estados Unidos)

As árvores mortas pela erupção do Santa Helena, em 1980 (estado de Washington, oeste dos Estados Unidos)


Foi um curto intervalo de apenas 10 anos entre a passagem de Vancouver e a chegada ali, por terra, dos grandes exploradores americanos, Lewis e Clark. Eles lideravam uma expedição comissionada pelo presidente iluminista Thomas Jefferson e tinham a missão de mapear todo o oeste americano, para a futura expansão territorial do país. Ingleses e americanos viviam uma corrida para a ocupação do vasto território conhecido como Oregon, onde hoje estão os estados do noroeste dos EUA e sudoeste do Canadá. Ao chegarem aos pés do Saint Helens, Lewis e Clark não tiveram dúvidas em afirmar que aquela era a mais bela e, provavelmente, a mais alta montanha da América. A primeira parte da afirmação era, provavelmente, correta, mas a segunda, pura empolgação diante daquela montanha em forma de cone perfeito, refletida no lindo lago aos seus pés, o Lake Spirit. Com seu cume permanentemente nevado, não demorou muito para que ela fosse apelidada de “o Monte Fuji das Américas”.

O famoso quadro pintado pelo canadense Paul Kane, em 1847, retratando uma erupção noturna do Santa Helena (no estado de Washingtob, nos EUA)

O famoso quadro pintado pelo canadense Paul Kane, em 1847, retratando uma erupção noturna do Santa Helena (no estado de Washingtob, nos EUA)


Lewis e Clark não tinham ideia de que, apenas dois anos antes, aquela montanha paradisíaca explodira com força. Não tanto como em 1480, mas ainda forte o suficiente para relembrar aos índios da região o quão violenta ela poderia ser. Pela próxima metade de século, o Saint Helens fumegaria e, vez ou outra, derramaria fogo e lava pelas suas encostas, em pequenas erupções. Agora, o homem branco já habitava a região e um deles, um canadense, fez uma pintura de uma erupção noturna que ganhou notoriedade pela sua beleza e realismo. Poucos anos mais tarde, o vulcão se acalmaria de vez, EUA e Inglaterra assinariam o tratado de dizia ser aquela região um território americano e o pintor retornaria ao seu país, levando consigo a pintura famosa.

A paisagem idílica do Lake Spirit e vulcão Santa Helena, antes da erupção de 1980, no estado de Washington, nos EUA

A paisagem idílica do Lake Spirit e vulcão Santa Helena, antes da erupção de 1980, no estado de Washington, nos EUA


Gerações foram se passando e a memória sobre uma montanha viva foi se perdendo. Setenta anos depois da última erupção, no final da década de 20, chegava aos pés da montanha o jovem Harry Trumann. Diante daquele cenário idílico e do turismo que começava a aumentar por ali, viu uma oportunidade de negócios: abrir um lodge na beira daquele lago maravilhoso para receber as pessoas que vinham de longe para conhecer a montanha mais bela do continente. De nada adiantou os avisos de um velho senhor que dizia que seu falecido avô sempre o alertara sobre os perigos daquela montanha. Trumann olhou para o cone nevado a sua frente, refletido com perfeição no lago e apenas calma e serenidade emanavam daquela linda paisagem.

Harry Truman poucas semanas antes da grande erupçãao do Santa Helena, em seu lodge aos pés da montanha, no estado de Washington, oeste dos Estados Unidos

Harry Truman poucas semanas antes da grande erupçãao do Santa Helena, em seu lodge aos pés da montanha, no estado de Washington, oeste dos Estados Unidos


Outros cinquenta anos se passaram e Trumann era a figura mais popular da região. Junto com sua esposa, administraram um lodge que, por décadas, recebeu e acomodou dezenas de milhares de pessoas, gerações de americanos que iam ali se esquecer das dificuldades da vida nas cidades e viver a beleza da natureza no seu estado mais puro. Trumann alugava botes para que as pessoas remassem pelas águas plácidas do Lake Spirit, ou cavalos, para passear pelas trilhas ao redor da montanha. Os mais aventureiros podiam até subir ao seu cume, um antigo vulcão, provavelmente adormecido por muitos séculos vindouros.

O vulcão Santa Helena, antes de sua erupção em Maio de 1980, no estado de Washington, nos EUA

O vulcão Santa Helena, antes de sua erupção em Maio de 1980, no estado de Washington, nos EUA


Não era o que dizia um relatório assinado por alguns dos mais importantes geólogos americanos, naquele ano de 1978. Ali se dizia que a montanha estava bem viva e que uma grande erupção era muito provável nos próximos 100 anos. Na verdade, poderia ser muito antes disso, talvez até mesmo antes que terminasse o século XX. Não sabiam o quanto estavam certos... Mas o relatório foi recebido com grande ceticismo pela comunidade frequentadora do popular Spirit Lake, entre eles o agora viúvo Harry Trumann. Como aqueles cientistas poderiam saber mais do que ele, que ali viveu os últimos 50 anos, em perfeita harmonia com a mais bela e calma montanha do continente?

O vulcão Santa Helena, depois de sua erupção em Maio de 1980, no estado de Washington, nos EUA

O vulcão Santa Helena, depois de sua erupção em Maio de 1980, no estado de Washington, nos EUA


Cinco de Março de 1980. Diversos pequenos tremores são sentidos na região. Podem ter passado desapercebidos para muitas pessoas, mas não aos sismógrafos ali instalados. O que era mais preocupante é que a origem deles estava bem abaixo da montanha. Aparentemente, após 150 anos, o Santa Helena parecia acordar. A notícia se espalha como um pavio entre a comunidade científica. Para lá correm especialistas de todo o país. Novos sismógrafos são instalados. Um dos primeiros a chegar é o jovem vulcanologista David Johnston, um cientista brilhante de apenas 30 anos de idade. De postura bastante proativa, ele logo passa a chefiar a equipe do departamento de geologia americano na área.

O vulcanologista Dave Johnston na véspera da erupção do Santa Helena, em posto de observação em frente à montanha, no estado de Washington, oeste dos Estados Unidos

O vulcanologista Dave Johnston na véspera da erupção do Santa Helena, em posto de observação em frente à montanha, no estado de Washington, oeste dos Estados Unidos


A quantidade de tremores aumenta e uma pequena coluna de fumaça começa a aparecer no topo da montanha. Os cientistas são unânimes em recomendar evacuação geral, pelo menos para fora de um limite de segurança. O governador do estado resiste, afinal, são muitos interesses econômicos em jogo. A região tem forte apelo turístico, além de ser importante polo de exploração de madeira. Mas os tremores aumentam, a fumaça no topo fica mais espessa e o governador é obrigado a ceder. Quem não cede é o simpático e teimoso Harry Trumann. Ele se recusa terminantemente a ser “evacuado”. “Aqui vivi, aqui está minha esposa, esse é o meu mundo. Daqui não saio, daqui ninguém me tira!”. Ele, que já era a figura mais popular entre os frequentadores da região, agora ganha fama nacional. Figura constante nos noticiários televisivos cobrindo a história que se desenrolava.

O vulcão Santa Helena, no estado de Washington, oeste dos Estados Unidos

O vulcão Santa Helena, no estado de Washington, oeste dos Estados Unidos



Os meses passam e os tremores continuam. Mas, o mais alarmante é um “caroço” que apareceu no lado norte da montanha. Ele cresce a uma razão de um metro e meio por dia. Para termos geológicos, isso é impressionante. Razão mais do que suficiente para manter a ordem de evacuação. Mas a opinião pública esta ansiosa e insatisfeita. De certa maneira, já se acostumaram com os tremores e acham que não vai passar disso. Além disso, milhares de moradores evacuados querem voltar, ou pelo menos ter a chance de recuperar bens em suas propriedades. Isso sem falar das dezenas de milhares de turistas que querem a chance de chegar um pouco mais perto para ver o vulcão de verdade. Aqueles mais ricos fretam pequenos aviões para sobrevoar a montanha. Uma companhia de cervejas chega a pousar um helicóptero no cume para filmar um comercial de TV.

Spirit Lake e a planície formada pela erupção de 1980 do vulcão Santa Helena, no estado de Washington, oeste dos Estados Unidos

Spirit Lake e a planície formada pela erupção de 1980 do vulcão Santa Helena, no estado de Washington, oeste dos Estados Unidos


Contra a opinião dos cientistas, o governador cede. No dia 17 de Maio, uma grande caravana de antigos moradores entra na zona de exclusão. Por algumas horas, elas podem ir até suas casas recuperar o que pudessem. Voltam desalentados. A cinza acumulada nos telhados está quase derrubando as casas. O que era verde, nos jardins e terrenos, está tudo cinza. Enfim, até eles começam a acreditar que algo vai mal. Enquanto isso, Harry Trumann recebe milhares de cartas de crianças de todo o país, pedindo que saia de lá. Mas continua irredutível. Ele e seus dezessete gatos ficariam no lodge que construiu com sua esposa.

As árvores mortas na erupção de 1980 formam um tapete macabro no Spirit lake, aos pés da montanha, no estado de Washington, oeste dos Estados Unidos

As árvores mortas na erupção de 1980 formam um tapete macabro no Spirit lake, aos pés da montanha, no estado de Washington, oeste dos Estados Unidos


Os cientistas, meio irritados com a liberação para a entrada da caravana, continuam seu trabalho. Johnston é levado até o alto da montanha onde arrisca sua vida para coletar gases expelidos pelo vulcão. Ele é de uma geração de cientistas que acha que seu trabalho deve ser no campo, às vezes se arriscando, com o objetivo maior de salvar vidas dos civis. Ele sabe que hoje terá uma dupla jornada. Além da arriscada coleta dos gases, terá que substituir um aluno seu, Harry Glicken, no posto de observação montado em Coldwater, dez quilômetros ao norte do vulcão. Glicken permaneceu por lá por duas semanas e agora precisaria se ausentar por um período. Seu substituto imediato tinha um compromisso inadiável para esse domingo e pediu que Johnston o substituísse. O energético vulcanologista aceitou de bom grado. No final da tarde do dia 17, um colega de trabalho se despede dele, risonho, em seu trailer em Coldwater. Tira uma fotografia daquele momento e parte, deixando Johnston sozinho no posto de observação.

Uma névoa entre as árvores mortas torna o cenário ainda mais mágico, no caminho para o Mt. St. Helens, no estado de Washington, oeste dos Estados Unidos

Uma névoa entre as árvores mortas torna o cenário ainda mais mágico, no caminho para o Mt. St. Helens, no estado de Washington, oeste dos Estados Unidos


O domingo amanhece esplendoroso. Uma nova caravana se forma numa pequena cidade ao norte do Santa Helena. Se não houver uma surpresa, às 10 da manhã mais algumas centenas de pessoas serão liberadas para entrar na zona de exclusão e recuperar seus pertences. Em Coldwater, Johnston já está de pé e reporta suas primeiras observações do dia ao escritório central, na cidade de Vancouver (não no Canadá, mas na fronteira entre Washington e Oregon!). Tudo estava bem e, melhor ainda, o tal gigantesco caroço que crescia na montanha parecia estar diminuindo seu ritmo de crescimento.

Algumas das fotos tiradas por Gary Rosenquist da erupção do Santa Helena, em 1980 (estado de Washington, oeste dos Estados Unidos)

Algumas das fotos tiradas por Gary Rosenquist da erupção do Santa Helena, em 1980 (estado de Washington, oeste dos Estados Unidos)


São 8:32. No lado sul da montanha, uma equipe de park rangers sente um forte tremor. Com o rádio na mão e olhando para a coluna de fumaça no alto da montanha, o líder exclama: “This is a big one! We are evacuating, NOW!”. Eles estavam do lado certo da montanha. No lado leste do Santa Helena, a 30 milhas de distância, no cume do Mount Adams, dois alpinistas que escalaram a tempo de ver o nascer-do-sol assistem, estatelados, ao Santa Helena se desfazer numa grande nuvem de fumaça. Eles estavam na distância certa da montanha.

Alpinista assiste, estatelado e incrédulo, a erupção do vulcão Santa Hehena, no estado de Washington, nos EUA

Alpinista assiste, estatelado e incrédulo, a erupção do vulcão Santa Hehena, no estado de Washington, nos EUA


Na mesma direção, mas muito mais perto do vulcão, quase no limite da zona de exclusão, estavam Gary Rosenquist e dois amigos. Tinham chegado até ali de carro e acampado pela noite. Pela manhã, esperavam ver o Santa Helena e a pequena coluna de fumaça que saía dele. Num dia de sol como aquele domingo, certamente teriam boas fotos. Rosenquist aponta a máquina e tira uma foto. Algo parece estranho, a imagem treme um pouco, parece sem foco. Ele olha para baixo e tentar mudar as regulagens. É quando ouve o grito do amigo. Olha para frente e começa a fotografar aquilo que vê, mas que não acreditar estar vendo. Um desabamento de proporções colossais. Metade da montanha parece deslizar sobre si mesma. Em seguida, uma gigantesca explosão por detrás do desabamento e uma espessa coluna de fumaça avança rapidamente para o norte. Em menos de quarenta segundos, ele tira vinte fotografias. Até perceberem que estavam, eles mesmos, em perigo. Correm para o carro a fogem em disparada. Não demora muito e o céu fica negro. Pedras começam a cair no capô e, em seguida, cinzas cobrem o parabrisas. Com muito cuidado, chegam à cidade mais próxima. Suas fotos, reveladas no dia seguinte, ajudarão os cientistas a entender melhor a tragédia.

Sequência de fotos da erupção do vulcão Santa Hehena, em Maio de 1980, no estado de Washington, nos EUA

Sequência de fotos da erupção do vulcão Santa Hehena, em Maio de 1980, no estado de Washington, nos EUA


E no lado norte da montanha? Ali, Johnston, a dez quilômetros da montanha, pode ver com os próprios olhos o gigantesco caroço desabar e iniciar um desabamento ainda maior, levando toda a face norte do Santa Helena. A caldeira de lavas, logo abaixo, entra em contato com o mundo exterior e explode instantaneamente. O processo é o mesmo de uma garrafa de champagne ou coca-cola. Quando tiramos a tampa, a diferença de pressão tira do equilíbrio os gases que estavam dissolvidos no líquido e eles se expandem rapidamente, de forma explosiva. A mais de 300 km/h, rochas e gases incandescentes chegam ao Spirit Lake. Harry Trumann e seus dezessete gatos morrem incinerados, antes de serem soterrados por milhões de toneladas de material. Hoje, jazem sob uma camada de 100 metros de terra, abaixo de outros 40 metros de água do Spirit Lake, que mudou de configuração após a erupção. O lago, assim que foi atingido pelo colossal desabamento, formou uma onda com 150 metros de altura que varreu todas as encostas ao seu redor, destruindo as florestas que já haviam sido atingidas pelos gases ferventes. Quando a água retornou ao lago, trouxe consigo dezenas de milhares de troncos que até hoje continuam por lá, testemunhas da tragédia de três décadas atrás.

Placa mostra como o vulcão Santa Helena perdeu mais de 400 metros de altura na grande erupção de 1980, no estado de Washington, oeste dos Estados Unidos

Placa mostra como o vulcão Santa Helena perdeu mais de 400 metros de altura na grande erupção de 1980, no estado de Washington, oeste dos Estados Unidos


Tudo isso assistiu Johnston, nos poucos segundos mais fascinantes de sua vida. Sua mente treinada e científica observava os rápidos acontecimentos tentando entender tudo o que via. Após o susto inicial, correu para o rádio para dizer suas últimas célebres palavras: “Vancouver! Vancouver! This is it!” Já não tinha dúvidas que sua morte era iminente. Os dez quilômetros que o separavam da montanha foram cobertos pelas nuvens destruidoras em menos de dois minutos. Elas não tiveram nenhuma dificuldade em vencer o lago, os vales e a densa floresta de pinheiros para chegar em Coldwater.

A floresta de árvores mortas, chegando ao Mt. St. Helens, no estado de Washington, oeste dos Estados Unidos

A floresta de árvores mortas, chegando ao Mt. St. Helens, no estado de Washington, oeste dos Estados Unidos


Duas milhas adiante, no limite da zona de exclusão, o fotógrafo Reid Blackburn, da National Geographic, tirou as melhores fotos de sua vida. Profundo conhecedor daquela montanha que já havia subido várias vezes, ele havia se voluntariado para cobrir aquela história. Com terror, ele observou as nuvens assassinas engolfarem Coldwater. Correu para o seu carro e observou que a nuvem já quase o alcançava. Era inútil tentar ligar o veículo. Ele certificou-se que as janelas estavam bem fechadas. Ganhou com isso mais uns poucos segundos de vida. Tudo ficou escuro. Os vidros se estilhaçaram. Ele, sua máquina e suas fotos se perderam para sempre.

As árvores mortas na erupção de 1980 formam um tapete macabro no Spirit lake, aos pés da montanha, no estado de Washington, oeste dos Estados Unidos

As árvores mortas na erupção de 1980 formam um tapete macabro no Spirit lake, aos pés da montanha, no estado de Washington, oeste dos Estados Unidos


Quem viu isso tudo foi o operador de rádio-amador Gerry Martin. Trabalhando como voluntário para o Serviço Nacional de Emergências, ele tinha seu posto cerca de 3 milhas ao norte de Coldwater. Conforme a tragédia foi se desenrolando em frente à seus olhos atentos, ele foi descrevendo o que via pelo rádio. Era esse o seu trabalho. Suas últimas palavras: “Gentleman, the camper and the car sitting over to the South of me is covered. It´s gonna get me too. I can´t get out of here”.

Por essas encostas, uma onda de 150 metros avançou, destruindo todas as árvores que aí existiam (estado de Washington, oeste dos Estados Unidos)

Por essas encostas, uma onda de 150 metros avançou, destruindo todas as árvores que aí existiam (estado de Washington, oeste dos Estados Unidos)


Prontamente, as equipes de socorro começam a trabalhar. Graças ao trabalho dos cientistas liderados por Johnston, poucas pessoas se encontravam perto da montanha. Pouco mais de cinquenta morrem. Poderiam ter sido milhares. Os pilotos de helicóptero que vinham voando sobre a região há semanas se impressionam com o tamanho da destruição. Eles simplesmente não reconhecem mais a paisagem abaixo. A montanha estava quatrocentos metros mais baixa. Spirit Lake tinha mudado de lugar, seu azul profundo substituído por um marrom acinzentado com cheiro de morte. Florestas desapareceram. Assim como vales e colinas. No seu lugar, uma paisagem lunar, sem vida. Seus pontos de referência simplesmente não mais existiam. A bordo dos helicópteros, o estudante Harry Glicken, aquele que havia ocupado Coldwater por duas semanas e saído na véspera, tomado de injusto sentimento de culpa, procurava desesperadamente seu antigo mestre. Johnston foi o primeiro dos dois únicos vulcanologistas americanos a morrer no cumprimento da profissão. O segundo, por ironia macabra do destino, seria exatamente o próprio Glicken, numa erupção vulcânica no Japão, onze anos mais tarde.

Floresta de milhares de árvores derrubada pela erupção do vulcão Santa Helena, no estado de Washington, nos EUA

Floresta de milhares de árvores derrubada pela erupção do vulcão Santa Helena, no estado de Washington, nos EUA


Alheio a todos esses dramas pessoais, a quinze mil quilômetros de distância, um jovem garoto assistia ao noticiário pela TV, em Belo Horizonte, no Brasil. Com pouco mais de 10 anos de idade, o menino começava a se interessar pelos acontecimentos mundiais. A história do vulcão antes da erupção tinha perdido espaço no noticiário para a morte do Marechal Tito, na Iugoslávia e, principalmente, para a invasão da embaixada americana em Teerã, por estudantes radicais. Mas hoje, dia da erupção, foi o Santa Helena a principal notícia e assunto do Jornal Nacional, com suas grossas e espessas colunas de fumaça atingindo mais de vinte quilômetros de altura. As imagens de florestas inteiras derrubadas e rios carregando árvores e casas destruindo pontes pelo seu caminho também eram impressionantes. No dia seguinte, na escola, ele não teve dúvidas em dar um novo apelido ao menino mais forte da sala, dono de um incrível petardo de direita na hora de bater o tiro de meta, no futebol do recreio. O nome dele era Marcelo Vulcano. O novo apelido: Santa Helena. Felizmente, ele gostou da nova alcunha, senão “alguém” certamente teria sofrido as consequências por tal impertinência...

Mais de 30 anos depois, as árvores mortas pela erupção do Santa Helena continuam de pé (estado de Washington, oeste dos Estados Unidos)!

Mais de 30 anos depois, as árvores mortas pela erupção do Santa Helena continuam de pé (estado de Washington, oeste dos Estados Unidos)!


Trinta e dois anos mais tarde, chegou a hora daquele jovem garoto conhecer a área do vulcão que tinha visto pela TV, tanto tempo atrás e pelo qual arriscou levar um corretivo. Essa emocionante visita é assunto do próximo post...

Admirando o vulcão Santa Helena, no estado de Washington, oeste dos Estados Unidos

Admirando o vulcão Santa Helena, no estado de Washington, oeste dos Estados Unidos

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