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Karina (27/09)
Olá, também estou buscando o contato do barqueiro Tatu para uma viagem ...
ozcarfranco (30/08)
hola estimado, muy lindas fotos de sus recuerdos de viaje. yo como muchos...
Flávia (14/07)
Você conseguiu entrar na Guiana? Onde continua essa história?...
Martha Aulete (27/06)
Precisamos disso: belezas! Cultura genuína é de que se precisa. Não d...
Caio Monticelli (11/06)
Ótimo texto! Nos permite uma visão um pouco mais panorâmica a respeito...
Admirando a caverna de Lol-Tun, no Yucatán, no sul do México
O dia 15 de Julho de 1562 foi um dos mais terríveis para o estudo da história maya, pré-colombiana e mesmo, mundial. Foi nessa data que, sob o comando do bispo espanhol para o Yucatán, Diego de Landa, realizou-se o auto de fé em que foram queimados 20 mil imagens de culto mayas e, o pior, cerca de 40 raros livros dessa incrível civilização (os chamados “códices”), destruindo para sempre nossas chances de um maior entendimento do mundo e cultura mayas. O bispo, que desconfiava de uma revolta contra a igreja católica liderada por velhos sacerdotes da antiga religião, instaurou a Inquisição na península e, após um laborioso trabalho para se encontrar e juntar todo esse inestimável material sobre a cultura maya, queimou-o em praça pública.
Entrada da caverna de Lol-Tun, no Yucatán, no sul do México. À direita, há petroglifos com 4 mil anos de idade!
Por uma ironia do destino, o mesmo homem responsável pela destruição desse verdadeiro tesouro histórico é também uma das maiores fontes de informação sobre a cultura maya. Com exceção de míseros três códices que sobraram (espalhados por museus americanos e europeus) e de todas as inscrições mayas em pirâmides, templos, estelas e outras construções, a grande fonte de informação dos estudiosos dessa civilização são os relatos e estudos feitos por cronistas espanhóis daquela época, do séc XVI. Entre eles, destaca-se o próprio Diego de Landa. No seu afã de converter todos os indígenas, ele achou que a melhor maneira seria compreendendo sua própria cultura para assim encontrar a melhor maneira de chegar aos seus corações e mentes. Um dos livros de Landa, “Relação das Coisas do Yucatán” é, ainda hoje, a mais completa fonte de informações sobre esta civilização, sua religião, cultura, língua, organização social e meio de vida.
Caminhando pela caverna de Lol-Tun, no Yucatán, no sul do México
É claro que muita coisa se perdeu com a queima de tantos livros sagrados e, na melhor das hipóteses, podemos classificar nosso conhecimento de hoje sobre essa cultura de superficial. Na religião, por exemplo, sabemos nomes de deuses e o que representavam e sabemos que a realidade se dividia em várias dimensões, ao contrário do mundo católico, que é dividido em inferno, terra e céu. Para os mayas, eram nada menos de 12 níveis de “céu” e outros 5 de “infernos”. Coloco entre aspas porque, obviamente, isso é uma simplificação grosseira. Os mundos inferiores, apesar de serem associados à morte e à doenças, não eram como o nosso “inferno”, pois não se associavam à punição. Ao contrário, fazim parte de um ciclo natural.
Nosso guia nos mostra antigas moendas de famílias mayas que viviam dentro da caverna de Lol-Tun, no Yucatán, no sul do México
Tanto que os mayas os respeitavam e veneravam. Esses mundos inferiores eram chamados de “Inframundo” ou Xibalba. E a entrada ou passagem para ele eram as cavernas ou cenotes (cavernas alagadas), que são muito comuns no Yucatán. Cavernas eram locais de culto, de veneração e de respeito, um elo direto com essa outra dimensão, com esses outros níveis.
Caminhando pela caverna de Lol-Tun, no Yucatán, no sul do México
Hoje fomos conhecer uma dessas “passagens”, a caverna de Lol-Tun. Saímos correndo das ruínas de Uxmal, com medo de perdermos a hora e, realmente, perdemos. Chegamos quinze minutos depois do horário regulamentar, mas vendo nossa cara de decepção, um simpático guia convenceu a administração a nos deixar entrar, acompanhado por ele. As visitas tem sempre de ser acompanhadas de um guia.
A caverna de Lol-Tun, no Yucatán, no sul do México
A caverna de Lol-Tun tem uma história de ocupação humana de mais de 10 mil anos de idade. No seu interior, foram encontrados ossos de animais há muito desaparecidos, como mamutes, que um dia serviram de almoço para nossos antepassados. Logo na entrada da caverna, pictografias dos primórdios da civilização maya, com cerca de 4 mil anos de idade, já nos mostram que o local era sagrado há muito tempo.
O guia nos leva pela caverna de Lol-Tun, no Yucatán, no sul do México
O trecho aberto a visitas é todo iluminado e nem precisamos de lanternas. Nosso guia foi nos dando aulas de religião e costumes e, para minha surpresa, nos disse que mais de 200 famílias chegaram a morar dentro da caverna. É realmente surpreendente, já que caminhamos para bem longe da entrada, onde há luz natural, e eles só tinham tochas naquela época, nada de lanternas de led ou carburetos. Mas, o fato é que foram encontradas centenas de moendas, onde se moía o milho, principal fonte de alimentos dos mayas. E sabe-se que cada família tinha a sua moenda própria. Prova que muita gente morava por lá mesmo, mais perto de seus deuses e do Inframundo.
Uma antiga escultura de características olmecas na caverna de Lol-Tun, no Yucatán, no sul do México
Uma mancha caverna de Lol-Tun lembra muito a figura de Nossa Senhora (no Yucatán, no sul do México)
Além das moendas, foram encontrados centenas de outros artefatos e pinturas nas paredes. Para mim, chamou a atenção uma enorme escultura de cabeça, marca registrada da civilização Olmeca, a mais antiga da mesoamérica. Sinal claro que já havia muitos intercâmbios comerciais naquela época, entre esses povos antigos.
Uma grande rocha em forma de leão, na saída da caverna de Lol-Tun, no Yucatán, no sul do México
A própria caverna também é muito bonita e a iluminação artificial nos ajuda a admirar as formas e formações encontradas por ali. Lá estão a mancha com a forma da Virgem Maria ou a pedra com a forma de um lobo ou de um leão. Muito joia!
Saída em forma de enorme clarabóia na caverna de Lol-Tun, no Yucatán, no sul do México
Mas, joia mesmo foi ter ido até lá, para chegarmos um pouco mais perto dessa civilização, suas crenças e seu Inframundo. Ainda bem que, pelo menos as cavernas, os espanhóis não destruíram. Agora, pelos próximos dias, continuaremos a explorar esse mundo interior, só que agora será a vez das cavernas alagadas, os famosos e maravilhosos cenotes. Afinal, nosso próximo destino é a cidade de Tulum, principal base para quem quer mergulhar nas mais belas cavernas submarinas do mundo. Um incrível e misterioso mundo de explorações nos aguarda!
Nosso caminho de hoje, saindo de Mérida, passando pelas ruínas de Uxmal, a caverna de Lol-Tun e chegando à Tulum, na costa do Caribe
Demais, muito boa a matéria!!
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