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Karina (27/09)
Olá, também estou buscando o contato do barqueiro Tatu para uma viagem ...
ozcarfranco (30/08)
hola estimado, muy lindas fotos de sus recuerdos de viaje. yo como muchos...
Flávia (14/07)
Você conseguiu entrar na Guiana? Onde continua essa história?...
Martha Aulete (27/06)
Precisamos disso: belezas! Cultura genuína é de que se precisa. Não d...
Caio Monticelli (11/06)
Ótimo texto! Nos permite uma visão um pouco mais panorâmica a respeito...
Estrada rural na região de Ketchikan, no sudeste do Alaska
Chegamos ontem à Ketchikan, último porto no Alaska para quem segue para o sul e a cidade mais importante do estado no início do século passado. Estava na rota de todos os americanos que seguiam para o Alaska e Yukon, durante a Corrida do Ouro de Klondike e rapidamente se transformou num importante porto e ponto de reabastecimento. Uma cidade com uma história riquíssima, mas que nos recebeu com muita chuva.
O tradicional e aconchegante New York Hotel, em Ketchikan, no sudeste do Alaska
A gente se instalou no centenário (este ano!) e mais tradicional hotel da cidade, o New York Hotel & Café, recentemente renovado, charmoso e com vista para a marina. Melhor ainda, bem ao lado da famosa Creek Street, principal atração turística de Ketchikan. Assim, mesmo com chuva, ainda pudemos sair, pelo menos para dar uma olhada nessa rua construída sobre palafitas sobre um rio que desemboca ali mesmo.
Entrada da Creek Street, a mais famosa rua de Ketchikan, no sudeste do Alaska
A fama da Creek Street também é centenária. Era ali a região dos bordéis de um dos mais movimentados portos do continente naquela época. Diversos sobrados de madeira transformados em casas do pecado e da alegria, refúgio não só daqueles que procuravam sexo, mas também o álcool, já que vivia-se em plena época da Lei Seca. Tão perto do Canadá, não era difícil “importar” uísque daquele país e a Creek Street era o melhor lugar para consumi-lo. Afinal, onde já se pratica uma contravenção, porque não duas?
Creek Street, a mais famosa rua de Ketchikan, no sudeste do Alaska
A fama da Creek Street era nacional e havia muita pressão sobre a polícia e políticos da cidade para que se coibisse as “atividades” lá praticadas. As trabalhadoras do local resistiram o quanto puderam, mas o fim da lei seca tirou de lá boa parte da clientela. Os bordeis foram sendo fechados um a um, ficando para trás as personagens que fizeram história naquela rua, verdadeiras lendas em Ketchikan. Hoje, é claro, tudo devidamente aproveitado para a indústria do turismo. Afinal, são cerca de 800 mil visitantes ao ano, a grande maioria vinda nos cruzeiros que passam por aqui por algumas horas durante a temporada. A rua e seus sobrados estão totalmente renovados e fazem a alegria dos fotógrafos. Num dia de chuva e já ao final da temporada, éramos apenas nós dois a nos deliciar com aquele visual.
Dolly, uma das personagens mais conhecidas da histórica Creek Street, em Ketchikan, no sudeste do Alaska
Depois da rápida e molhada visita à Creek Street, refugiamo-nos no charmoso bar estilo anos 30 nosso vizinho do hotel. Na verdade, eles tinham o mesmo dono até há 25 anos, quando foram vendidos. Pertenceram à mesma família por três gerações. Uma família japonesa. Chegaram ao Alaska na primeira onda de migrantes nipônicos à América, mas ao contrário de quase todos os seus conterrâneos, que seguiram para San Francisco, essa família veio para Ketchikan.
Saboreando uma Guinness em boteco retrô em Ketchikan, no Alaska
Aqui, logo botaram seu tino comercial para trabalhar, fundando um popular restaurante no centro da cidade. Mas o racismo ainda falava alto naquela época e foi decidido que a cidade seria dividida em duas, separadas pelo rio. De um lado, os brancos. Do outro, os outros, aí incluídos os negros, os índios e os asiáticos. O restaurante teve de mudar de endereço, mas a fama era muito maior que o segregacionismo e ele continuou um sucesso. Tanto que a família resolveu ampliá-lo e transformá-lo num hotel, também.
Creek Street, a mais famosa rua de Ketchikan, no sudeste do Alaska
O próximo problema para a família veio pouco mais de três décadas mais tarde. O ataque japonês à Pearl Harbour causou uma onda anti-nipônica em todo o país. Todos os japoneses que viviam nos EUA, mesmo os que já haviam nascido por aqui, foram detidos e enviados à campos de internamento. Famílias foram separadas simplesmente porque tinham o olho puxado. Era o medo da espionagem. Amigos da família aqui em Ketchikan tomaram conta de seus negócios e, quando eles finalmente puderam voltar, depois da guerra, não só estava tudo aqui como até mesmo os lucros auferidos naquele período lhes foram entregues! Isso sim é amizade!
Répilca de antiga moradia de clã Tinglit, em Ketchikan, no sudeste do Alaska
Isso tudo vimos ontem. Hoje, o sol resolveu aparecer e nós pudemos passear bastante pela cidade e região e, com isso, aprender sobre um outro lado da história que também tem a ver com os japoneses. Afinal, estivemos no parque onde viveram os habitantes das Ilhas Aleutas durante a 2ª Guerra. Foram retirados de lá compulsoriamente, justamente pelo medo de uma invasão japonesa.
Painel explicativo sobre a significação dos totens na cultura indígena na área de Ketchikan, no sudeste do Alaska
Exposição de totens Tinglits e Haidas, em parque de Ketchikan, no sudeste do Alaska
Pois é, muito pouca gente, mesmo aqui nos EUA, sabe que o país foi efetivamente invadido durante a guerra. Foram duas pequenas ilhas, tomadas pelos japoneses em 1942. Além disso, bombardearam a maior das cidades das Aleutas, Dutch Harbour. Os americanos decidiram, então, retirar os habitantes das outras ilhas. Pior, enquanto eles eram retirados, todas as propriedades eram queimadas. Não queria deixar nada para o inimigo, a famosa tática da “terra arrasada”. Essa retirada forçada acabou sendo mais letal para os Aleuts que a própria invasão japonesa. O índice de sobrevivência entre aqueles capturados e enviados ao Japão foi quase o mesmo que entre aqueles enviados para longe de suas terras, em outras terras do Alaska.
Praia de pedras e água gelada em Ketchikan, no sudeste do Alaska
Caminhando na praia em Ketchikan, no sudeste do Alaska
Aqui para Ketchikan foi enviado um grande grupo. Sem nunca ter visto uma árvore antes em suas vidas (nada maior do que uma moita cresce nas Aleutas), aqui foram colocados em meio à uma floresta. A sensação era de confinamento. As rações de comida eram exíguas, assim como a possibilidade de trabalho. Muitos morreram antes que a guerra terminasse e pudessem voltar para a sua ancestral terra sem árvores. Tristes histórias perdidas no meio da enorme tragédia que foi a 2ª Guerra Mundial.
Passeio por mata úmida na região de Ketchikan, no sudeste do Alaska
Bom, além dessas histórias, também aprendemos muito sobre os indígenas da região e seus totens. Visitamos dois parques cheios dessas enormes e belas esculturas em madeira, sempre com muitos painéis explicativos sobre significados das figuras e sobre o modo como viviam por aqui. Uma vida semi-nomádica, o inverno perto do litoral, em enormes casas divididas por um clã (composto de várias famílias), e o verão no interior, com caça abundante. Um estilo de vida que durou 100 séculos, até ser destruído pelo contato com a cultura branca. Felizmente, algo da cultura permaneceu e os totens estão aí para nos mostrar que eles passaram por aqui. Também parecem nos lembrar: “Nada é para sempre, nem nós, nem vocês...”.
caminhando em bosque em Ketchikan, no sudeste do Alaska
Admirando árvore em mata na área de Ketchikan, no sudeste do Alaska
Por fim, um belo passeio pela natureza ao redor de Ketchikan. Praias de pedra e água gelada e florestas úmidas e verdejantes. Fizemos uma trilha por uma e parecia que andávamos sobre um tapete de musgos e liquens, sempre cercados de árvores frondosas. Será mesmo o Alaska? Talvez, não aquele que eu conhecia por clichês. Mas é o Alaska sim senhor, terra de muita história, belíssimas paisagens e florestas de verdade!
Fiona entre as grandes árvores de mata na região de Ketchikan, no sudeste do Alaska
Lindo lugar! Aprendi muito!
Resposta:
Oi Mabel
Nós também, nós também!
E, como sempre, tentamos passar os conhecimentos para frente, hehehe
Abs
ALASKA é um SONHO, um dia ainda viver esta aventura e conhecer pelo menos um pouco do Alaska.
Não é a toa que muita gente foi para lá passear e ficou.
http://charliephillips.net/videos/theater-2/alone-in-wilderness.html veja este video. história fantástica de um americano que foi viver até o fim da vida no Alaska sozinho.
Cuidado: Espero que Vocês voltem.
Resposta:
Oi Virgílio
Realmente, o Alaska é lindo! Acabamos ficando muito mais lá do que tínhamos pensado inicialmente. Um verdadeiro show de natureza!
Mas nós tivemos de seguir viagem sim. Tem muita coisa bela nesse continente nos esperando, hehehe Mas, de qq maneira, mesmo numa viagem como a nossa, o Alaska foi um lugar muito especial
Espero que vc tambem possa conhecer esse lugar incrível. Vale muito a pena
Abs
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