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A previsão de tempo acertou em cheio e o dia amanheceu chuvoso hoje. Ain...
Uma semana de vida à bordo, o maior período que já passei flutuando de...
Não demorou muito, hoje pela manhã, a chegarmos à fronteira dos Estado...
mabel (24/09)
Montanhas também me impressionam .Moro bem frente ao pico do Corcovado e...
Sotero (24/09)
Rodrigo Muito bonita essa cidade que em algumas fotos me fez lembrar de ...
Sotero (24/09)
Rodrigo Agradeço as recomendações que me deu para visitas que ficam pr...
mabel (23/09)
Que imagens!!!! A montanha coberta de neve é maravilhosa. Mesmo de aviã...
Jorge Martins (23/09)
Esse caminho lembra-me qdo. passamos em Knoxville e precisei ir a um hosp...
Placa de trânsito em Foz do Iguaçu - PR
Cruzar fornteiras é sempre uma "experiência". Não estou falando daquelas de aeroporto não. Falo daquelas que cruzamos por terra, de carro, à pé ou de balsa. Principalmente para brasileiros, acostumados que são com seu enorme país, onde podemos dirigir por dias e dias e continuar no Brasil. Quando muito, estamos acostumados a viajar para Miami, Nova York ou para algum país da Europa, sempre voando, e passar aquele friozinho na barriga enquanto o cara olha nosso passaporte no aeroporto e, finalmente, nos dá aquele carimbo libertador.
Aproximando-se da fronteira Brasil-Paraguai, em Foz do Iguaçu - PR
Mas, como já disse, falo das fronteiras terrestres. Viajando na Europa, cruzamos por elas o tempo todo. Basta dirigir algumas horas e já estamos em outro país. Lá, então, com as fronteiras abertas, fica ainda mais casual, passar de um país para o outro. É como se fosse uma mera linha imaginária, passar para lá e para cá. Por isso europeus são tão acostumados em viajar por terra entre países.
Cruzando a Ponte da Amizade, com os prédios de Ciudad de Leste (Paraguai) ao fundo
Mas não é o caso aqui. Exceto em raros casos, o máximo que brasileiros fazem é dar uma "olhadinha" do lado de lá, na cidade fronteiriça. Ciudad del Leste é só o exemplo mais conhecido, mas o mesmo se repete por toda a fronteira do Brasil. de Uruguaiana até Bonfim, em Roraima. Ir um pouco mais além, ver o país que se esconde atrás daquela cidade fronteiriça é uma experiência que poucos brasileiros, percentualmete falando, tem. Claro, muitos viajam para a Argentina. mas quase sempre de avião. Para os outros países da América do Sul, então, nem pensar. Só avião mesmo, para La Paz, Lima, Quito, etc...
Chegando na aduana paraguaia em Ciudad de Leste - Paraguai
Enfim, para nós que decidimos seguir de carro por todo o continente, essa será uma experiência que teremos continuamente. Só não digo que vai virar rotina porque cada fronteira, nesse nosso continente tão diverso, tem suas peculiaridades. Por exemplo, nossa entrada na Guiana Francesa foi completamente diferente da entrada hoje no Paraguai. Processos e burocracias completamente diferentes. E assim será nos próximos países, tenho certeza. Conforme formos passando, vou relatando as experiências, boas e ruins. Ruins? Pois é, cidades fronteiriças não costumam ser das mais agradáveis, sempre com gente querendo te vender produtos, serviços e "facilidades". Vamos ter de passar por eles, de um jeito ou de outro. Mas, diz minha experiência, os maus momentos nas fronteiras são logo substituídos pelas ótimas experiências que se esondem nos páises atrás dessas cidades, onde está o povo simples, hospitaleiro e curioso que sempre nos aguarda.
Bela paisagem em estrada paraguaia, entre Santa Rita e Trinidad
By te way, cruzar a fronteira hoje foi bem simples. Do lado brasileiro, não quiseram carimbar nossos passaportes e nem dar documento algum para a saída do veículo. Quando saímos pela Guiana Francesa tínhamos uma "declaração de saída". Dessa vez, nada. Do lado paraguaio, pelo menos tivemos os passaportes carimbados. Mas do veículo, nada. Quando insisti, disseram que aqui no Mercosul o trânsito é livre. Só precisamos da Carta Verde, o seguro que vale para todos os países do bloco. Além disso, basta que o carro esteja em meu nome. E, claro, preciso seguir as regras de trânsito do país. Para o Paraguai, isso significa ter dois triângulos no carro. No caso da Argentina, também é preciso um cambão e uma mortalha (??? - um lençol serve...). Cumprido isso, é seguir em frente. É o que estamos fazendo...
Plantações floridas embelezam a estrad paraguaia entre Santa Rita e Trinidad, no sul do país
O mais difícil nessa passagem hoje foi driblar os ambulantes e, principalmente, o pessoal dos estacionamentos que queria que parássemos à todo custo. Foi até divertido. Mas, uns 20 quarteirões à frente, deixávamos para trás essa zona mais "comercial" e começávamos a ver e conhecer o Paraguai de verdade, aquele onde as pessoas tem suas vidas normais, se casam, vão à escola, aos supermercados, etc... E um pouco mais adiante, já na estrada, estava o belo Paraguai rural. Um colírio para os olhos, depois da balbúrdia da região fronteiriça.
Plantações floridas embelezam a estrad paraguaia entre Santa Rita e Trinidad, no sul do país
Show do The Hall Effect no hotel Paraíso, em Girardot, na Colômbia
Quando chegamos ao local do show, ele já havia começado. Umas 2-3 mil pessoas perambulavam pelos gramados do hotel, em frente ao palco onde se revezavam bandas mais e menos famosas. Ali do lado, numa enorme piscina, perambulavam poucas centenas que tinham pago um valor maior no ingresso. A gente, com nossa super pulseira VIP, circulava livremente por ali, assim como por trás do palco e por dentro do hotel, onde a organização nos providenciou um quarto para um rápido banho.
Com o Andres e a Viviana antes do show do The Hall Effect, em Girardot, na Colombia
A Viviana, namorada do bateirista Andres, nos ciceroneava pelo show, assim como os outros acompanhantes e equipe de apoio da banda. Há muito tempo não éramos tão bem tratados!. Aproveitamos o restante da luz do dia para tirar algumas fotos do local e fomos nos preparar para a parte noturna do show.
Preparativos para o concerto Rock in Paraíso, em Girardot, na Colômbia
Foi justo aí, início da noite, que o The Hall Effect tocou. Um verdadeiro show! Músicas muito boas, excelente qualidade técnica. Não é à tôa que vem fazendo tanto sucesso no país. A platéia foi ao delírio. E, depois do show, foi interessante ver a tietagem encima dos integrantes da banda, o Andres (bateirista), o Douglas (baixista), o Charry (guitarrista) e o Oscar (vocalista). Muitas pessoas querendo fotos e autógrafos.
Esperando pelo show do The Hall Effect, em Girardot, na Colômbia
Depois do show deles, ficamos entre a piscina e o gramado, comendo, bebendo e curtindo as outras bandas como a colombiana Bomba Estereo e a venezuelana Amigos Invisibles. Tudo muito jóia. Outro ponto alto foi a participação de alguns integrantes do famoso Orixas, cubanos radicados nos EUA. Muito bons!
Junto com a banda The Hall Effect, no hotel Paraiso, em Girardot, na Colômbia
A impressão que ficamos é que se pudéssemos levar todas essas bandas para o Brasil, seria o maior sucesso. Mas aqui, conversando com nossos novos amigos músicos, confirmamos que o intercâmbio cultural entre nosso país e o resto da América Latina é praticamente nulo. São dois mundos distintos, o Brasil e o os outros países da América Latina. Por aqui não chegam músicas daí, por aí não chegam músicas daqui. Uma pena! Tirando o lixo cultural que, infelizmente, transita por todos os lugares, todos sairíamos ganhando. Quem sabe no futuro... A Ana já está fazendo mil planos para promover ese intercâmbio, hehehe. Quer criar um eixo cultural Curitiba-Bogotá. Quem sabe?
Com o Andres, a Viviana, o Sharry e a Mari depois do show do The Hall Effect, em Girardot, na Colombia
Bom, eram quase três da manhã quando fomos dormir no nosso quarto, a Fiona! O pessoal da banda já voltou nessa mesma hora para Bogotá. Afinal, o motorista reserva tinha dormido e estava pronto para trabalhar. No caso da Fiona, os dois motoristas não dormiam há 24 horas! Melhor dormir um pouco, né? Conosco ficaram o Douglas e sua esposa Clara, que trabalhou na organização do show. Amanhã cedinho, vamos todos juntos para a casa deles, onde insistiram muito que ficássemos.
Show do The Hall Effect no hotel Paraíso, em Girardot, na Colômbia
No cume do Pico da Bandeira, PN do Caparaó - MG/ES
Abril de 1990. Depois de mais de 25 anos, finalmente o Brasil é governado por um presidente eleito de forma direta, pelo povo. Logo na primeira semana de seu governo, uma de suas medidas acaba com sua popularidade, alcançada durante a campanha presidencial: o confisco das poupanças. Mas houve outra medida, pouco conhecida das pessoas, que me causou mais raiva ainda do nosso eloquaz presidente.
Cachoeira do Aurélio, na trilha capixaba de acesso ao Pico da Bandeira, no Parque Nacional do Caparaó - MG/ES
Eu, meu primo Haroldo e os amigos Renato e Sakanaka, aproveitando um feriado, rodamos 800 km lá de Campinas, onde estudávamos, até Alto Caparaó, principal porta de acesso ao Parque Nacional do Caparaó e ao Pico da Bandeira somente para descobrir que o parque havia sido fechado para uma reestruturação no IBAMA. Nenhuma visita seria permitida, apesar do parque e do tempo estarem em ótimas condições. Ordem do amado presidente.
Aproximando-se das Duas Meninas, na trilha capixaba de acesso ao Pico da Bandeira, no Parque Nacional do Caparaó - MG/ES
Após várias conversas com pessoas locais, todas insatisfeitas com o fechamento do parque, botamos em prática nosso plano B. Era madrugada quando invadimos o parque pelo rio que corre abaixo da portaria. Amanhecia e já estávamos bem acima, vencendo a enorme subida que leva até a Tronqueira, ponto mmais alto de acesso por carro. Tínhamos o parque apenas para nós, mas sempre com medo que fôssemos descobertos. Não fomos, dormimos no Terreirão, ponto de acampamento mais alto e chegamos ao pico na madrugada seguinte, bem a tempo de ver o nascer-do-sol mais bonito que já vi na minha vida. Apesar da proibição do nosso valente presidente.
Visão do acampamento da Pedra Queimada, local de início da trilha capixaba de acesso ao Pico da Bandeira, no Parque Nacional do Caparaó - MG/ES
Novembro de 1999. Quase dez anos depois daquele inesquecível nascer-do-sol, estava no cume do Bandeira novamente. O companheiro dessa vez era o primo Dadinho. Era quase meio-dia, a vista era magnífica mas as nuvens vinham se aproximando. Decidimos subir também o Pico do Cristal. No meio do caminho, atravessando a crista que liga as duas montanhas, a neblina tomou conta de tudo. Tão forte que fez desaparecer uma montanha inteira. Por mais que tentássemos, simplesmente não achamos mais o Pico do Cristal. Incrível! Resolvemos voltar e logo achamos uma bonita trilha descendo o morro. Fomos seguindo por ela, toda a paisagem escondida atrás da neblina, a trilha meio diferente, mas o importante era descer. Finalmente, a neblina se abriu um pouco e lá embaixo vimos as casinhas do Terreirão. Êpa! Não era o Terreirão! Para nossa surpresa e grande tristeza, era outro lugar. Concluímos ser a Casa Queimada, acampamento do lado capixaba do parque. Ufff... não tinha remédio, precisamos subir tudo novamente, até quase o cume do Bandeira para pegar a trilha correta e descer do lado mineiro.
Observando a paisagem e as montanhas na trilha capixaba de acesso ao Pico da Bandeira, no Parque Nacional do Caparaó - MG/ES
Outubro de 2010. Estranha coincidência; mais dez anos se passaram e cá estava eu no Bandeira novamente. Sem nunca ter planejado assim, verifiquei que essa montanha que tanto adoro me atrai a cada dez anos. Para minha felicidade, percebo que estou na mesma forma de 20 ou 10 anos atrás. Exceto pelos cabelos brancos, o tempo não tem passado muito por mim, hehehe.
Feliz da vida no cume do Pico da Bandeira, PN do Caparaó - MG/ES
Desta vez, estou acompanhado da minha amada esposa. Não precisamos invadir o parque, e optamos por subir pelo lado capixaba, pela mesma Casa Queimada que eu havia observado, decepcionado, 10 anos antes. A subida foi ótima e conto com mais detalhes no próximo post.
Descansando no cune do Pico da Bandeira, PN do Caparaó - MG/ES
Na chegada ao lado mineiro, fim da nossa travessia, eu vinha pensando nessa história de vir a cada 10 anos, e me vangloriando pela boa forma. Foi quando encontramos com dois senhores, perto dos seus 60 anos, em ótima forma. Conversa vem, conversa vai, um deles me conta sobre o seu pai, o Seu Jaber Werner, de 94 anos! Ele também estava ali e quando o filho o chamou, veio correndo, literalmente, até nós. Conversamos bastante com ele, que nos contou que sobe o Bandeira desde 1930, há 80 anos! A última vez tinha sido com quase 80 anos de idade. Desde então, não foi mais tão alto no parque, mas continua frequentando. Vendo ele se movimentando lá na Tronqueira, e conversando animadamente conosco, não tive dúvidas. Se ele quiser subir mais uma vez, sobe!
Com os novos amigos, Cícero, Ademar e o nonagenário Jaber Werner (esbanjando saúde), na Tronqueira, na trilha mineira de acesso ao Pico da Bandeira, no PN do Caparaó - MG/ES
E assim, as minhas três subidas, a cada 10 anos, perderam boa parte do seu charme e valor. Percebi que estou ainda no início da caminhada, que tenho muito por fazer até realmente poder me orgulhar da minha boa forma. No mínimo, mais quatro subidas ao pico, sempre a cada 10 anos. Para quem me conhece, sabe que agora isso virou um desafio. Podem me cobrar daqui a dez anos...
Visão das montanhas quase chegando à Tronqueira, na trilha mineira de acesso ao Pico da Bandeira, no PN do Caparaó - MG/ES
Enfim, sinto-me muito aventurado de ter estado no cume do Bandeira mais uma vez, agora com a Ana. E mais ainda de ter conhecido este senhor, o Jaber, que se tornou um exemplo de vivacidade e boa forma, já nonagenário. É como quero estar quando chegar lá.
Nudismo na praia de Tambaba, em Jacumã, distrito de Conde - PB
Três ou quatro vezes estive ao lado de uma praia de nudismo e não entrei. Às vezes por falta de vontade, às vezes por falta de companheira, já que normalmente essas praias tem regras rígidas e só entram casais e mulheres desacompanhadas. Homens sozinhos, potenciais tarados, ficam de fora.
Visão do mirante da praia de Tambaba em Jacumã, distrito de Conde - PB
Mas dessa vez não deu para escapar. A Ana queria, a curiosidade bateu, obrigações da viagem, hehehe, tudo isso junto e lá fomos nós. A praia de Tambaba fica bem perto daqui, 10 min de carro. Quando chegamos, o estacionamento estava cheio. Xiiiii, praia lotada de gente pelada, pensei. Que nada! A maioria absoluta das pessoas fica no pedacinho da praia que é permitida para as pessoas com as vergonhas de dentro. Ficam ali, só vendo quem vai entrar... Lá dentro, com as vergonhas de fora, bem poucas pessoas. Uma praia linda e quase vazia.
O trecho "vestido" da praia de Tambaba, em Jacumã, distrito de Conde - PB
A gente passa por uma "portaria", onde uma simpática moça avisa sobre as regras: ninguém além de nós mesmos podem aparecer nas nossas fotos e as roupas devem ser retiradas imediatamente após a escada que temos de subir para passar para o lado de lá. Tudo mundo pelado, essa é a regra de ouro!
Entrada da praia de Tambaba, em Jacumã, distrito de Conde - PB
Logo notamos que a grande maioria dos "naturistas" são pessoas idosas. Gente que aderiu ao movimento quando ele virou moda, há uns 25-30 anos, e que se manteve firme em sua opção. Gente nova, poucos. Geralmente curiosos para ver como é uma praia desse jeito. Apesar da minha idade meio avançada, incluo-me neste segundo grupo, hehehe.
Praia de Tambaba, em Jacumã, distrito de Conde - PB
A gente logo se acostuma. Só é meio estranho ir no bar e conversar com o garçom, que permanece vestido. A gente pelado, pedindo cerveja; ele finge naturalidade e pega uma pra nós. Interessante é ver gente surfando pelada. Eu até me inspirei e fui pegar jacaré peladão também. Com os devidos cuidados, claro!
Placa na praia de Tambaba, em Jacumã, distrito de Conde - PB
Devidamente bronzeados e curiosidade saciada, era tempo de ir. Na saída, as mesmas pessoas que vigiavam quem entra lá estavam, vigiando quem sai. Rostos desconhecidos, não tem problema. Meio constrangedor seria cruzar algum familiar ou amigo por ali. Mas como não vivemos numa novela da Globo, ninguém pareceu. Ufa!
A linda praia de Obama, perto de Cabaret, antiga Duvalierville, no litoral central do Haiti
Nosso plano original, quando viemos ao Haiti, era passar dois dias na capital e depois seguir para a cidade de Jacmel, na costa sul. Duas décadas atrás, quando o Haiti ainda fazia parte das rotas dos viajantes, ela era um grande polo turístico, por sua história e arquitetura. Seria uma viagem rápida para nós, pois já estávamos com a passagem aérea comprada para o norte do país, para a manhã do dia 24. Mas Jacmel não é tão longe de Port-au-Prince e imaginamos que daria tempo.
O trânsito sempre complicado de Port-au_Prince, capital do Haiti
Nas ruas de Port-au-Prince, no Haiti, muito equilíbrio na cabeça
Bom, acho que tempo, daria mesmo. Aliás, foi para lá que seguiu o nosso amigo viajante italiano, na manhã de hoje. Mas algumas horas de conversas e interações com o Eric e a Lana, os donos do hotel Le Perroquet, onde estamos hospedados, nos fizeram mudar de ideia. Eles nos convenceram a fazer um caminho alternativo e seguir com eles para passar o dia de hoje numa praia aqui perto, ao norte da cidade de Cabaret, a antiga Duvalierville. Pois é, domingão combina mais com praia do que com rodoviária e ônibus lotados. Além do mais, eles até nos ofereceram uma carona para lá. Com isso, a bela Jacmel ficou para nossa próxima viagem ao Haiti e lá fomos nós, junto com o casal amigo, todos no carro de uma outra amiga, rumo á praia. Atravessamos a bagunça do centro da cidade pela primeira vez, suas ruas de trânsito caótico, nossos olhos ávidos em captar cada detalhe, e seguimos em boa estrada para a praia.
A deliciosa e pacata praia de Obama, perto de Cabaret, antiga Duvalierville, no litoral central do Haiti
A deliciosa e pacata praia de Obama, perto de Cabaret, antiga Duvalierville, no litoral central do Haiti
Atravessamos a pequena e movimentada Cabaret e um pouco mais para frente chegamos ao Hotel Obama, uma homenagem de seu proprietário ao presidente americano, que ele tanto admira. O hotel está de frente à praia e aí fomos passar o dia. Na verdade, o dia e a noite, se quiséssemos. O Eric e a Lana planejavam ficar por lá e voltar no dia seguinte. A Elise, a dona do carro, voltaria hoje mesmo, e nós éramos benvindos a voltar com quem quiséssemos. Com nossas coisas lá no Le Perroquet, o Eric apressou-se em dizer que, caso ficássemos na praia, ele não cobraria a diária de hoje no seu hotel.
Jangada singra os mares perto de Cabaret, antiga Duvalierville, no litoral central do Haiti
Ao chegar na beira da praia, deparamo-nos com uma beleza digna de cartão postal. O mar com aquela cor indefinível entre o verde e o azul e a praia de pequenas pdedras branas, ao invés de areia. Águas tranquilas e quentes. Em qualquer outo lugar do mundo, esperaríamos encontrar a praia cheia, mas aqui, a lana e o eric haviam nos dito que era sempre vazio. Pois é, eles erraram. Nunca tinham estado no Obama Hotel num domingão. Bom, a praia não estava cheia mesmo, mas o pátio do hotel, em frente ao mar, estava bem movimentado. E o cheiro de churrasco logo denunciou de onde eram todas aquelas pessoas...
Encontro com brasileiros (e com um legítimo churrasco!) na praia Obama, perto de Cabaret, antiga Duvalierville, no litoral central do Haiti
Um verdadeiro churrasco brasileiro na praia Obama, perto de Cabaret, antiga Duvalierville, no litoral central do Haiti
Pois é, um grande grupo de brasileiros preparava um saboroso e cheiroso churrasco enquanto se lubrificavam com cerveja gelada, a deliciosa Prestige. A surpresa deles foi ainda maior que a nossa de encontra-los, quando nos identificamos como compatriotas. Conforme já havíamos imaginado, eram todos militares, membros das forças de paz da ONU. São do batalhão de engenharia, responsável por várias obras de infraestrutura no país.
Confraternização com militares brasileiros da força de paz da ONU, na praia Obama, perto de Cabaret, antiga Duvalierville, no litoral central do Haiti
Brasão do batalhão de engenharia brasileira no MINUSTAH, as forças de paz da ONU no país (perto de Cabaret, antiga Duvalierville, no litoral central do Haiti)
A partir do momento que souberam que éramos brasileiros, passaram a nos mimar sem parar. Além da cerveja, fomos alimentados com um legítimo churrasco brasileiro, pois até os cortes eram nacionais. Carne trazida diretamente do Brasil! Carne brasileira, churrasqueira brasileira, churrasqueiros brasileiros, farinha brasileira, não queríamos mais nada!
Confraternização com militares brasileiros da força de paz da ONU, na praia Obama, perto de Cabaret, antiga Duvalierville, no litoral central do Haiti
Eles nos contaram de sua rotina por aqui e nos convidaram para visitar a base brasileira. Vamos tentar fazer isso na terça, depois de amanhã. Foram horas de diversão com eles, gente vinda dos quatro cantos do Brasil, uma salada total de sotaques, piauienses, gaúchos e cariocas na mesma roda de conversa, música para nossos ouvidos. Entre uma cerveja e outra, entre uma carne e outra, entre uma história e outra, deliciosos e refrescantes mergulhos naquele mar paradisíaco.
Confraternização com militares brasileiros da força de paz da ONU, na praia Obama, perto de Cabaret, antiga Duvalierville, no litoral central do Haiti
Além dos brasileiros, o maior grupo, também haviam paraguaios, argentinos e uruguaios por ali. Cada um em seu grupo, todos aproveitando o dia de folga na difícil rotina que têm por aqui. Conversamos com vários deles, mas o dia era mesmo dos brasileiros. Dos brasileiros e dos nossos simpáticos e interessantes amigos haitianos, além da Lana, claro! Tão gostoso estava tudo por lá que não titubeamos em decidir dormir por ali mesmo, agora na tranquilidade total do hotel depois que todos se foram, para suas casas ou bases.
Tarde gostosa com amigos no hotel Obama, perto de Cabaret, antiga Duvalierville, no litoral central do Haiti
Com o Eric, numa tarde gostosa com os amigos no hotel Obama, perto de Cabaret, antiga Duvalierville, no litoral central do Haiti
O jantar foi delicioso, apenas os dois casais no hotel, além de uma energética americana que trabalha para uma ONG no país. No dia seguinte, o café da manhã seguiu o mesmo padrão de qualidade e tranquilidade e nós tivemos tempo o suficiente para ficarmos amigos também dos funcionários e do simpático proprietário, aquele que é fã do Obama.
Nadando pela primeira vez nas águas quentes e caribenhas do litoral do Haiti, perto de Cabaret, antiga Duvalierville
A Ana tem todo o mar para si na praia Obama, perto de Cabaret, antiga Duvalierville, no litoral central do Haiti
Fim de tarde na praia de Obama, perto de Cabaret, antiga Duvalierville, no litoral central do Haiti
Eram onze da manhã quando chegou no hotel o carro chamado pelo Eric para nos levar de volta à Port-au-Prince. Depois de tanta vida mansa e mordomia, estava mais do que na hora de vermos o outro Haiti, aquele que estamos acostumados a ver na TV. Chega de mares paradisíacos, rumo aos mercados lotados e ruas barulhentas, enfim, o Haiti que viemos conhecer....
Com um dos simpáticos funcionários do Hotel Obama, perto de Cabaret, antiga Duvalierville, no litoral central do Haiti
A imponente Devil's Tower, em Wyoming, nos Estados Unidos
Hoje de manhã foi a nossa despedida da belíssima região de Black Hills. Percorremos uma estrada cênica ao longo da parte norte, por entre lagos e florestas. A cada curva, uma nova pintura. O céu azul ajudava e a vontade que dava era a de percorrer algumas trilhas e fazer um piquenique na orla de um dos lagos e rios cristalinos da região.
A linda paisagem de uma estrada cênica no norte de Black Hills, em South Dakota, nos Estados Unidos
Pausa em viagem pelo norte das Black Hills, em South Dakota, nos Estados Unidos
Mas precisávamos continuar. Deixamos para trás não apenas as Black Hills, mas também o estado de South Dakota. Chegávamos ao Wyoming, um dos estados com natureza mais exuberante do país. Aqui, por exemplo, estão os parques nacionais de Yellowstone e Grand Tetons, além de diversos parques estaduais, que protegem rios e canyons.
A linda paisagem de uma estrada cênica no norte de Black Hills, em South Dakota, nos Estados Unidos
Exposição no excelente Centro de Boas Vindas do Wyoming, nos Estados Unidos
Como em todos os outros estados que entramos por alguma das grandes rodovias interestaduais, logo encontramos um “Wellcoming Center”, ou Centro de Boas-vindas. A diferença foi que, pela primeira vez, resolvemos parar para dar uma olhada. Isso porque queríamos saber informações sobre o nosso primeiro destino no estado, uma enorme torre de pedra conhecida como Devil’s Tower.
A imponente Devil's Tower, em Wyoming, nos Estados Unidos
Além de conseguirmos as informações, ainda ficamos impressionados com a qualidade do Centro, uma casinha muito bem construída no meio do nada, repleta de folhetos e painéis de todas as atrações do estado, além de funcionários simpáticos e dispostos a ajudar. Foi de tirar o chapéu! Isso sim que é desenvolvimento de turismo!
Chegando à incrível Devil's Tower, em Wyoming, nos Estados Unidos
Seguimos então para a Devil’s Tower, que com seus quase 400 metros de altura sobre o terreno que a rodeia, pode ser vista de longe. O nome não faz muito sentido, e decorre de uma tradução mal feita de um de seus nomes indígenas. A pedra era sagrada para várias tribos e tinha, portanto vários nomes. Vários relacionados a ursos, que eram frequentes por aqui. A razão para isso é que as ranhuras da enorme rocha parecem ter sido feitas por um urso gigante. Aliás, o original da tal tradução mal feita era “Abrigo do Urso”.
Homenagens indígenas, muito comum na mata ao redor da Devil's Tower, em Wyoming, nos Estados Unidos
Não é difícil entender porque a pedra era (e continua!) sagrada para os indígenas. Quando a vemos de longe, e ainda mais quando nos aproximamos, a vontade que ela inspira é a de contemplação e adoração. Magnífica, crescendo para o céu como um gigantesco monumento. É mesmo impressionante!
Visita à impressionante torre de pedra chamada Devil's Tower, em Wyoming, nos Estados Unidos
A vantagem de estarmos nesse país é que uma maravilha dessa é protegida. Foi declarado o primeiro Monumento Nacional, já há mais de 100 anos! E chegando ao sopé dela, dezenas de painéis explicativos nos mostram como ela foi formada. A história geológica da Terra, por causa da sua escala de tempo, sempre nos faz ver como somos insignificantes e como o período de nossas vidas é absolutamente ridículo.
As colunas que formam a Devil's Tower, em Wyoming, nos Estados Unidos
Devil’s Tower, assim como várias primas suas que vimos em nossas andanças pelo Espírito Santo ou em Quixadá, interior do nosso querido Ceará, foram formadas por “intrusão”. Alguns milhões de anos atrás, uma grande quantidade de lava ascendeu de grandes profundidades, por entre camadas de rochas sedimentares, tudo isso ainda bem abaixo da superfície. Aí, ela se esfriou rapidamente, contraindo-se e rachando internamente. Essas rachaduras são a origem das “colunas” que vemos hoje. Em seguida, alguns milhões de anos de erosão pela água e pelo ar levaram embora toda a rocha sedimentar (mais mole) que envolvia essa “intrusão” de rocha granítica, desenterrando ela do solo. Por ser mais dura, resiste muito mais à erosão e continua lá, de pé, embora também se desgaste com o tempo, de forma muito mais lenta.
Alpinistas escalam a Devil's Tower, em Wyoming, nos Estados Unidos
Alpinistas escalam a Devil's Tower, em Wyoming, nos Estados Unidos
O resultado é essa maravilha que vemos hoje, imponência e delicadeza ao mesmo tempo. Além de sagrada para os indígenas, também é para os alpinistas, que vem de todo o país para escalar alguma de suas vias de acesso. Os primeiros a chegar lá encima foram dois rancheiros locais, no final do séc XIX. Construíram escadas e foram encaixando elas entre as fissuras e completaram a façanha. É muito legal ver as fotos em preto e branco dessa aventura centenária. Hoje, são usadas técnicas modernas e nós pudemos observar vários desses corajosos pendurados nas paredes da pedra.
Visita à impressionante torre de pedra chamada Devil's Tower, em Wyoming, nos Estados Unidos
Quanto a nós, limitamos a dar a volta na base por uma trilha de poucos quilômetros. Muitas fotos e a devida reverência. Ao ir embora, e pedra continuou aparecendo no retrovisor da Fiona durante muito tempo. Parecia dizer: “Boa viagem! Mas voltem aqui, algum dia”. Voltaremos...
A Devil's Tower fica no retrovisor da Fiona, em Wyoming, nos Estados Unidos
Belíssimo pôr-do-sol nas estradas de Wyoming, nos Estados Unidos
O resto do dia foi cruzando esse estado de paisagens espetaculares. Não conseguimos chegar até o outro lado de Wyoming, onde estão os parques que visitaremos nos próximos dias, já na fronteira com Idaho e Montana. Mas chegamos bem perto e amanhã, já estaremos no Grand Tetons. Até lá, as imagens que ficarão em nossas mentes serão do magnífico Bear’s Lodge (o nome correto da Devil’s Tower) e do pôr-do-sol cinematográfico com o qual fomos presenteados no coração do Wyoming.
Belíssimo pôr-do-sol nas estradas de Wyoming, nos Estados Unidos
Visão do Farol em Cabo Rojo - Porto Rico
Hoje completamos um mês de viagem! Um Mês! Como passa rápido! Daqui a pouco, lá se foram os mil dias... Nossa... Bom, pensando bem, ainda tem chão. Nem começamos a dirigir ainda. Quer dizer, não a Fiona. Por aqui, vamos dirigindo sim.
Nosso carro em Porto Rico e as caixas de mergulho
Olhando para trás, já se foram o litoral do Paraná, um pouco da Flórida, Bahamas, Turks e Caicos e um tanto de Porto Rico. Mais um pouco, e lá se vão também as Ilhas Virgens, Americanas e Britânicas. Depois, vamos nos embrenhar nesse Brasilsão. Aí é que eu quero ver...
Se preparando para o mergulho em La Parguera
Por aqui, para celebrar o "aniversário", tivemos um dia ótimo. O mergulho, apesar da visibilidade ser bem menor que em Provo, foi muito bom. Duas moréias enormes, bem verdes, entocadas e outra, vista de cima, nadando entre corais. Ver moréia nadando não é muito comum e é sempre um deleite visual, a graça com que se movem. Deleite visual também foi ver o maior nurse shark (como se fala em português?) que já vi. Mais de dois metros! Um bichão! É a raça de tubarão com a cara mais boazinha que conheço. Mas ele logo se encheu de nós e foi nadando lá para o fundo, se perdendo no azul. Sabe que nós, manés humanos,não podemos segui-lo!
Visão do Farol em Cabo Rojo - Porto Rico
Depois, seguimos para a Playa del Faro, no extremo sudoeste de Porto Rico, à meia hora de La Parguera. Já sabíamos que era bonita mas ficamos agradavelmente surpresos. É uma região cheia de salinas e mangues onde o mar forma uma baía bem fechada, águas calmas e quentes, verde-esmeralda. Um primor da natureza. Lembrei da baía do Sueste, em Noronha. Ma a praia aqui é mais gostosa. Além disso, o morro do Farol oferece lindas visões de toda a região. Tiramos fotos muito legais.
Restaurante de hotel em Cabo Rojo - Porto Rico
De lá, viemos para Ponce, onde vamos dormir hoje. Ponce é uma das maiores cidades de Porto Rico, com umas 300 mil pessoas. É uma cidade histórica, a mais velha do país, e seu centro histórico é uma gracinha. A praça central se chama Delícia, assim como o nosso hotel. Uma praça com esse nome só poderia ser especial. E é, tirando o pastor evangélico que ficou lá gritando durante um tempo. Fora isso, muito legal, toda rodeada de fachadas antigas, com fontes luminosas, igreja centenária e até um museu dos bombeiros. Amanhã cedo vamos tirar umas fotos.
Para celebrar a data, comemos muito bem num restaurante argentino. Carne, por supuesto! E um bom vinho tinto californiano para acompanhar.
E, para eu deixar escrito para nunca mais esquecer. Achar o estacionamento do hotel, a duas quadras daqui, foi um parto. Fui e voltei várias vezes. Até fui abordado pela polícia, tentando abrir o cadeado de um terreno. Foi uma luta. No fim, depois de uma meia hora e muito treino de castelhano, me entendi com os atendentes do hotel e achei o tal terreno. Quem tem boca, chega a Roma. Mas custa.
Admirando o oceano na trilha do Kalalau, na Na'Pali Coast, costa norte do Kauai, no Havaí
Acordamos hoje com aquela vontade de passar mais um dia por ali, apenas curtindo as belezas e o clima do Kalalau. Mas nossa comida já estava no fim, assim como uma intensa programação nos chamava adiante. Para uma próxima vez, certamente planejaremos mais dias por aqui.
Corridinha básica na praia de Kalalau, na Na'Pali Coast, costa norte do Kauai, no Havaí
Hoje, o mar estava mais tranquilo em Kalalau Beach, na Na'Pali Coast, costa norte do Kauai, no Havaí
Barracas desmontadas, tudo nas mochilas, fomos aproveitar uma última vez aquela praia maravilhosa. Corridinha na areia e até um mergulho. O mar já estava bem mais tranquilo hoje. Ainda eram poucos os que entravam, mas eu estava entre os felizardos. Uma delícia!
Início do caminho de volta de Kalalau Beach, na Na'Pali Coast, costa norte do Kauai, no Havaí
Em seguida, pé na trilha! O dia estava ensolarado hoje. Mais uma boa lembrança para levar daqui. Depois de cruzarmos o primeiro rio, subimos uma enorme ladeira. É onde o suor e o cansaço aparecem pela primeira vez, apenas a primeira das onze milhas a caminhar. Mas a recompensa é, lá do alto, poder admirar a praia pela vez derradeira.
A enorme ladeira no início da trilha de volta do Kalalau, na Na'Pali Coast, na costa norte de Kauai, no Havaí
Despedida da maravilhosa praia de Kalalau, na Na'Pali Coast, costa norte do Kauai, no Havaí
Depois, foi seguir pela trilha estreita, serpenteando entre os penhascos nossos velhos conhecidos. Quando já se conhece o caminho, tudo muda de figura. Agora, já sabemos o que esperar depois da próxima curva, depois do próximo morro. Mentalmente, para vencer o calor e o cansaço, imaginamos o próximo ponto conhecido, um mirante ou um riacho, e para lá seguimos, ao mesmo tempo concentrados e curtindo a beleza a nossa volta.
Percorrendo a trilha entre os penhascos da Na'Pali Coast, costa norte do Kauai, no Havaí
A maravilhosa Na'Pali Coast, costa norte do Kauai, no Havaí
Outra vez, segui na frente. Meu objetivo maior era a metade do caminho. O rio que ali existe prometia alguma surpresa. Na vinda, já do alto, por entre as folhagens, avistei algo que se parecia com uma grande piscina natural. Na pressa que estávamos, não tive tempo de investigar. Tinha deixado para a volta. A volta chegou.
Em meio às encostas da na Na'Pali Coast, onde está Wally? (costa norte do Kauai, no Havaí)
A Ana quase desaparece na grandiosa paisagem ao longo da trilha do Kalalau, na Na'Pali Coast, na costa norte de Kauai, no Havaí
Assim, lá cheguei, deixei a mochila no ponto onde a trilha cruza o rio sobre pedras e segui o curso dele para baixo, cheio de esperanças. Dito e feito! Bastaram dois minutos numa trilha mais rústica e cheguei à tal piscina. De bônus, uma pequena cachoeira e até uma corda pendurada, em formato de cipó. Pronto, tinha achado meu lugar! Segundos depois já estava dentro d’água, o suor da pele sendo substituído pelo frescor da água.
Diversão com um cipó em piscina natural na metade do caminho da trilha do Kalalau, na Na'Pali Coast, costa norte do Kauai, no Havaí
Pausa para um mergulho na metade do caminho da trilha do Kalalau, na Na'Pali Coast, costa norte do Kauai, no Havaí
Não demorou muito e chegavam a Ana, o Rafa e a Laura. Minha mochila atravessada na trilha tinha sido a dica para o desvio. Agora, éramos os quatro na água, aproveitando mais esse segredo do Kalalau. Brincadeiras com o cipó e massagem gratuita na cachoeira foram a melhor quebra possível na trilha de 11 milhas.
Um banho merecido e revitalizante na metade do caminho da trilha do Kalalau, na Na'Pali Coast, costa norte do Kauai, no Havaí
Mergulho com direito à massagem, na metade do caminho da trilha do Kalalau, na Na'Pali Coast, costa norte do Kauai, no Havaí
Muitas subidas e descidas mais tarde, chegávamos à praia das duas milhas, até onde vão as pessoas que só vem passar o dia. Apesar do mar mais calmo, ninguém no mar. Também, com a placa deixada lá “aconselhando” que ninguém se atreva, fica todo mundo na areia mesmo.
Placa alerta e exagera no intuito de evitar que turistas incautos entrem no mar da Na'Pali Coast, na costa norte de Kauai, no Havaí
Por fim, esses últimos três quilômetros. Na vinda, pareceram mais fáceis. Agora, com outras nove milhas nas costas, a mochila parecia muito mais pesada e as subidas muito mais íngremes. Ilusão ótica? Vai saber... Só sei que foi dureza!
Chegando à praia das duas milhas, na trilha do Kalalau, na Na'Pali Coast, costa norte do Kauai, no Havaí
Cheguei, encontrei amigos feitos no dia anterior, pedi que olhassem minha mochila e dei aquela corrida gostosa para soltar os músculos. Um quilômetro até o carro e depois, ar condicionado à toda força, de volta para a cabeceira da trilha, onde os companheiros estavam por chegar.
Fim (ou início) da trilha do Kalalau, de volta à civilização, na Na'Pali Coast, costa norte do Kauai, no Havaí
Ainda tivemos tempo para um delicioso banho de chuveiro, ali mesmo. Como todo parque americano, um show de infraestrutura e essa inclui até chuveiros. Estão ali para atender o pessoal que pega praia ali mesmo. A Ana ainda foi até lá, para tomar um banho de água salgada antes da água doce. Começava a escurecer, os músculos doíam e o Kalalau tinha mesmo ficado para trás. Não no espírito! Mas nossos corpos, esses precisavam e queriam voltar para casa, para uma cama, para um lençol limpo e cheiroso.
Fim de tarde glorioso na Na'Pali Coast, costa norte do Kauai, no Havaí
Voando de asa delta no Rio de Janeiro - RJ
Dez anos atrás fiz meu único salto de asa delta, vôo duplo, até hoje. Foi aqui no Rio e as lembranças são ainda bem fortes. Eu também já saltei de paraquedas, parapente, bunge jump, voei de ultraleve e planador. Mas, é o vôo de asa delta que nos dá a mais gostosa sensação de estar voando. Acho que é o doce barulho do vento, mais o fato de estarmos na horizontal e o modo suave como a asa voa que nos dá essa sensação, aquela que imaginamos que teríamos se voássemos de verdade, assim como nos nossos sonhos.
Vista da Pedra Bonita, na rampa para saltos de Asa Delta, no Rio de Janeiro - RJ
Dessa vez, fomos para São Conrado para a Ana voar. Eu seria apenas expectador, fingindo um certo ar de experiência nos diversos procedimentos. Já tínhamos acertado com o Ricardo por telefone e foi só a Ana se inscrever na associação lá no finzinho da praia e seguirmos juntos para o alto da Pedra Bonita. Confesso que lá no alto, tirando fotos da rampa de decolagem e observando um casal voando um pouco antes da Ana, fiquei com uma vontade danada. Mas já tinha tomado minha decisão de ser apenas um fotógrafo e expectador.
Voando de asa delta no Rio de Janeiro - RJ
Deixei a ansiosa Ana lá em cima e voltei com o motorista para poder assistir ao pouso, nas areias da praia. Uma tensa meia hora se seguiu. Tensa porque o prazo de decolagem se esgotava e o vento não favorecia o vôo. Lá em baixo, eu ficava imaginando a aflição da Ana vendo os ponteiros do relógio passando. Faz muito tempo que ela queria fazer esse vôo e, mais uma vez, parecia que algo não daria certo. Mas o Ricardo, nos minutos finais, achou uma brecha no vento e saltaram. Lá de praia, acompanhei o rápido vôo, cheio de idas e vindas, voltas e viradas e trouxeram minha feliz esposa sã e salva para terra firme. Mal cabia em seu sorriso e já queria voar de novo...
Tudo bem após o salto de Asa Delta, no Rio de Janeiro - RJ
De volta para casa e após o jantar em família, resolvemos que, após os ares de São Conrado iríamos experimentar os ares da Lapa. Já era mais de meia noite quando chegamos no famoso Rio Scenarium, uma espetacular casa de Samba no coração da Lapa, o local que ajudou a mudar a cara do então decadente e perigoso bairro, transformando-o no principal centro de diversões noturnas do Rio.
Música ao vivo no Rio Scenarium, na Lapa, no Rio de Janeiro - RJ
A casa é enorme, usando o belo espaço reformado de uma antiga casa local, com a decoração toda feita de móveis e utensílios antigos, um verdadeiro antiquário. Comporta milhares de pessoas que ficam navegando entre seus diversos ambientes, cada um com vida própria. Uma balada imperdível para qum quer conhecer o Rio de Janeiro. Ontem estava muito jóia pois não estava lotado, dando espaço para a gente dançar e transitar sem problemas. No verão, principalmente aos sábados, a fila para entrar é gigantesca e esperas de mais de duas horas são normais. Nós mesmos já tínhamos tentado duas vezes e desistido. Há várias outras opções no bairro, sempre com muito samba de gafiera. Mas é o Scenarium a maior e mais famosa. Desta vez, finalmente, conseguimos. Foi muito jóia!
Matando a fome no Cervantes no fim de madrugada, em Copacabana, no Rio de Janeiro - RJ
Já no final da madrugada, no caminho de volta para casa, uma parada estratégica no popular Cervantes, em Copacabana. Naquela hora da madrugada, nada melhor que um sanduíche de carne, queijo, patê e abacaxi para recuperar as energias e poder dormir de barriga cheia. Foi um belo dia na cidade maravilhosa!
Vista da Pedra Bonita, na rampa para saltos de Asa Delta, no Rio de Janeiro - RJ
Rearrumação da bagagem antes da viagem para o Havaí (no estacionamento do nosso hotel no Big Sur, ao sul de Carmel, na costa da Califórnia, nos Estados Unidos)
Chegou finalmente o dia de viajarmos ao Havaí, ou Hawaii, ou Hawai’i, ou Rau-ai, ou Ra-uai, Não importa como se escreva ou se fale (a 3ª grafia é a mais correta), faz tempo que esse arquipélago localizado no meio do Oceano Pacífico está nos meus planos, sonhos e imaginação.
Eu tinha uns cinco anos de idade quando começou, lá em casa, uma misteriosa ideia de que a família iria se mudar para o Havaí, daí a dois anos. Não sei de onde nasceu essa ideia, só sei que ela era apropriadamente usada na hora das refeições, como uma espécie de “estímulo” para que as crianças (eu e meus irmãos) terminassem seus pratos: “Se não comer direito, não vai para o Havaí”. O nome evocava uma terra mágica, vida boa, ondas grandes e verão sem fim.
O Havaí fica, literalmente, no meio do Oceano Pacífico
Essa atmosfera de uma terra misteriosa era alimentada também por um seriado americano que fazia sucesso na época. Os mais velhos se lembrarão. Chamava-se “Havaí 5-Zero” e tratava da rotina policial da ilha. Passava de noite, hora em que eu já deveria estar na cama. Nunca assisti a nenhum episódio, mas a música da abertura e as imagens das grandes ondas, nunca mais iria esquecer. Hoje, graças ao YouTube, é fácil matar as saudades! Para quem quiser ouvir a música ou ver as imagens do Havaí na década de 70, segue o vídeo abaixo:
O tempo passou e a infância virou adolescência. Agora, aquela história de e mudar para o Havaí em dois anos já não me pegava. Em compensação, meu interesse por astronomia e coisas ligadas ao espaço, alimentados pela premiada série de TV e livro Cosmos, de Carl Sagan, me levaram de volta ao Havaí. Tanto por causa das incríveis imagens de erupções vulcânicas como pelo observatório astronômico de Mauna Kea, a maior montanha do mundo, bem no coração da Big island, a maior ilha do arquipélago. A minha noção do Havaí se ampliava. Além de ondas, também tinham vulcões! Na TV, já não mais passava o antigo seriado policial. Em compensação, chegava às telas outro enlatado americano, que também era ambientado nas ilhas do Pacífico. Já mais velho, agora eu podia assistir os episódios também, além da abertura. Estou falando do Magnun, do Tom Sellek.
Por fim, cheguei à vida adulta e os interesses continuaram a mudar. Agora, eu gostava de Triatlo e me impressionava com os atletas que encaravam um Iron Man. Pois essa prova nasceu justamente no Havaí, mais precisamente na Big island. Kona continua sendo a referência do esporte e eu passei a sonhar em, um dia, quem sabe, me classificar para fazer essa prova. O sonho teve de ser adiado por causa dos 1000dias, mas nunca é tarde para tentar!
Mas antes de chegar lá por causa do triatlo, chegamos ao Havaí por causa da nossa viagem mesmo! Nossos planos originais eram ter viajado para as ilhas logo que chegamos aos EUA, em Março passado. Mas acabamos mudando de ideia e o sonho teve de esperar mais alguns meses. Foi difícil esperar, mas o dia chegou. Passagens compradas, era a hora de planejar o circuito por lá.
O arquipélago do Hawaii e suas principais ilhas
Quem fez isso foi a Ana. Laboriosamente, ela passou a ler os posts da Lucia Malla (brasileira que mora por lá e tem um estilo delicioso de se ler!), que foram a base para nosso roteiro. Optamos por conhecer as quatro ilhas principais e tínhamos de encaixar isso em 17 dias. Obviamente, não daria para conhecer tudo, mas daríamos uma boa pincelada nas maravilhas do arquipélago, sua história e geologia, suas praias e montanhas, vulcões e cachoeiras, abaixo e acima d’água. Melhor, vamos ter a companhia de nossos infalíveis amigos e padrinhos, o Rafa e a Laura, os mesmos que vieram nos encontrar em Galápagos e em Cuba. Vão estar conosco em três das quatro ilhas visitadas.
Localizado literalmente no meio do Oceano Pacífico, longe de tudo e de todos, o Havaí é uma verdadeira “fábrica de ilhas”. Ele está bem acima de um chamado “hot spot”, local onde o magma do centro da Terra escapa para a superfície, furando a crosta terrestre e cuspindo fogo e lava para aliviar a pressão. Ocorre que, bem nesse ponto, acima da crosta terrestre, estão seis quilômetros de água, que é a profundidade do Oceano Pacífico naquele ponto. Não tem problema! Milhares e milhares de anos de erupções subaquáticas vão criando uma montanha submarina que, eventualmente, chega à superfície. Chega e continua crescendo, outros quatro mil metros. Está formado uma ilha! Enquanto isso, a placa tectônica do Pacífico vai se movendo lentamente, poucos centímetros ao ano, em direção noroeste. Depois que algumas dezenas de milhares de anos nesse ritmo, a nova ilha, que se move junto com a placa, já está longe da Hot Spot que a criou, que ficou paradinha lá trás. A ilha, então, para de crescer. Pior, passa a ser consumida pela erosão do ar e do mar. Literalmente, se desmancha. Do pó viemos, ao pó retornaremos. Essa máxima vale até para as montanhas! Mas, enquanto uma ilha se desmancha lentamente, ao mesmo tempo em que se move para o noroeste, uma outra, novinha em folha, está sendo formada alguns quilômetros para trás, lá encima daquela nervosa Hot Spot.
O processo de formação vulcânica das ilhas havaianas
Isso é o Havaí: uma sequência de ilhas no sentido sudeste-noroeste, algumas se formando, outras se acabando. As mais antigas já não são mais ilhas, descansando em paz abaixo do nível do mar. Outra, já está quase chegando à superfície, faltando “apenas” mil metros para chegar lá. No meio delas, as ilhas atuais. As principais,por faixa etária crescente, são a Big Island, Maui, Oahu e Kauai. Quanto mais nova (Big island), mais ativo o vulcanismo. Quanto mais velha (Kauai), mais tempo teve a vegetação de tomar conta da ilha. Por isso, Kauai é conhecida como a “Green Island”, tomada por florestas.
Nosso circuito aéreo entre as ilhas do Havaí, chegando na Big island, voano para Maui, Kauai, Oahu e daí, de volta à Los Angeles
Nós seguiremos primeiro para a Big Island, também conhecida como Hawaii. Loucos para ver vulcões em atividade! Daí seguimos para Maui, a ilha mais chique. Será onde encontraremos o Rafa e a Laura. Daí, voaremos para Kauai, onde as mais belas paisagens do arquipélago nos esperam. Por fim, Oahu, onde está a capital Honolulu, a famosa praia de Waikiki e as ondas gigantes de Waimea e Pipeline. Entre as ilhas, o caminho é sempre voar, pois não há barcos que fazem o trajeto (estranho! Será que têm medos das ondas?). Dentro de cada ilha, vamos alugar carros para nos ajudar a chegar nos lugares mais interessantes. Transporte público, com raras exceções, não é o forte da pátria do automóvel.
A famosa rodovia One, no Big Sur, ao sul de Carmel, na costa da Califórnia, nos Estados Unidos
Enfim, é isso aí. Hawaii, aí vamos nós! Na verdade, já viemos! Saímos hoje cedo do nosso simpático hotel dos Yurts no Big Sur, dirigimos até Los Angeles, deixamos a Fiona num estacionamento ao lado do aeroporto (por menos de 10 dólares por dia!) e enfrentamos as 5 horas até Hilo, na Big island. O relógio se atrasou duas horas e agora já estamos oito horas atrás do Brasil! Chegamos de noite, então ainda não deu para ver nada! Já estamos de posse do nosso jipão vermelho (amanhã tem fotos dele!) e agora, dormiremos mais ansiosos do que nunca para começar a ver e conhecer esse paraíso que frequenta minha imaginação há tanto tempo. Ainda bem que comia tudo direitinho, na minha tenra infância. Mas que esses “dois anos” demoraram para passar, isso demoraram!
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