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Carol Wieser (27/09)
Tô aqui, planejando minha viagem para St Marteen e Anguilla. Já apaixon...
ciça (26/09)
boquiaberta com ruinas da BOLIVia , como não sabia nadasobre isso!!!!!!!...
Luiz Leduc Júnior (26/09)
Olá, Rodrigo: Meus cumprimentos por este magnífico trabalho seu, muito ...
Rubens Werdesheim (26/09)
Estivemos em Pikillaqta , cidade Wari ,contemporâneos de Tiwanaku , pert...
samuel baker mororo aragao (25/09)
Julio e hanna, na passagem por lA PAZ, descreveram "parecia uma imensa fa...
Divertindo-se em balanço à beira de precipício, na Casa del Arbol, em Baños, no Equador
O primeiro programa do dia foi visitar a Laura na clínica onde ela está internada, quase ao lado da nossa pousada. Com o quarto todo envidraçado ela tem uma belíssima vista das montanhas que cercam Baños. A Ana aproveitou para fazer o seu exame de sangue e também descobriu estar com salmonela, mas numa dosagem bem menor e menos preocupante que a Laura. Já está se medicando para ficar 100% até Galápagos.
Placa comum em Baños, no Equador
Depois do café da manhã com salada de frutas com cereais e o delicioso "pan de yuca" (igualzinho ao nosso pão de queijo!), seguimos de Fiona montanha acima, eu a Ana e o Rafa. Queríamos chegar mais perto do majestoso vulcão Tungurahua, além de ter a belíssima vista lá de cima, da cidade e do vale.
Café del Cielo, em Baños, no Equador
Rodamos bastante pelas estradinhas na parte alta da montanha ao lado de Baños, sempre procurando o melhor ângulo para o vulcão. Na verdade mesmo, procurávamos QUALQUER ângulo em que pudéssemos vê-lo, pois o Tungurahua teimava em se esconder atrás das nuvens. E nessa procura acabamos chegando no Café del Cielo, um restaurante (e hotel) bem gostoso, localizado no alto de morro com uma visão provilegiada da cidade e, teoricamente, do vulcão também, se ele estivesse aberto.
Baños visto do Café del Cielo, no Equador
Admirando a região de Baños, no Equador
Ali lanchamos e ficamos amigo do simpático maître, que nos mostrou as piscinas de água quente ao ar livre do hotel. Tão jóias que prometemos voltar de noite para um banho e ainda sequestrar a convalescente Laura da clínica para trazê-la até ali.
A Casa del Arbol, em Baños, no Equador
Próxima parada: Casa del Arbol, ainda mais alta na montanha e com outra maravilhosa vista potencial para o Tungurahua. Ficou só no "potencial" novamente e a nossa diversão, enquanto esperávamos as nuvens darem uma trégua, foi um balanço colocado estratégicamente na beira de uma encosta bem íngrime. Parecia que estávamos voando enquanto segurávamos firmememte nas cordas do balanço, a nossa única segurança naquele momento.
Escondido entre as nuvens, o Tungurahua, o vulcão ativo de Baños, no Equador
Divertindo-se em balanço à beira de precipício, na Casa del Arbol, em Baños, no Equador
A Ana também conversou longamente com um simpático senhor que mora ali, o "guarda-vulcão". Junto com outros moradores ao redor da montanha, são esses "anjos" os responsáveis para dar o primeiro alerta em caso de sinais de atividade ou erupção desse vulcão que é o mais ativo do país nesses últimos anos. Como não é remunerado por isso, tenta fazer algum dinheiro nos finais de semana com o balanço, a bela "Casa na Árvore" e uma cervejinha gelada. Ele deu uma verdadeira aula para a Ana sobre vulcões, erupções e os diferentes tipos de cinzas que existem. Foi jóia!
Os tipos de cinza vulcânica da região de Baños, no Equador
Hora de voltar para a cidade, passamos nos famosos banhos termais da cidade para dar uma olhada nas piscinas. Não ficamos muito empolgados com o que vimos e decidimos que nosso banho seria mesmo nas apetitosas piscinas do Café del Cielo.
Com o Carlos, um dos guarda-vulcão de Baños, no Equador
E assim, apesar da noite chuvosa e nebulosa, carregamos a Laura lá para cima, para um jantar com vista para as luzes da cidade. Depois, com o frio que fazia, foram só eu e a Ana que nos animamos a entrar nas piscinas. Uma delícia! Tinha até uma Jaccuzzi. Se tivéssemos ido lá no dia anterior teríamos encontrado uma turma de motociclistas de Curitiba que vem percorrendo vários países da América do Sul. Já tínhamos ouvido falar deles pela internet e o nosso encontro aqui em Baños bateu na trave! Motociclista paranaenses... êta mundinho pequeno!
Banhos termais de Baños, no Equador
Jantando com a Laura (em recuperação!) no Café del Cielo, em Baños, no Equador
Para amanhã o médico da aura já deu alta e temos uma longa viagem para o sul do país, até a bela cidade de Cuenca. Já estávamos com saudades das estradas!
Delicioso banho de água quente ao ar livre em noite chuvosa e fria no Cafe del Cielo, em Baños - Equador
Ainda na estação de embarque do bondinho, vista do Pão de Açúcar, no Rio de Janeiro
Como já disse diversas vezes ao longo desses 1000dias, eu sou mineiro de Belo Horizonte, onde vivi até os 14 anos de idade. A família de meu pai é do interior do estado, da simpática e gloriosa Poços de Caldas, quase na fronteira com São Paulo. Nós até passamos por lá nesse nosso giro pelas Américas <[a href="http://www.1000dias.com/rodrigo/busca-pocos-de-caldas":posts aqui), a cidade onde passei tantas e tantas férias da minha infância entre primos, tios, avós, pais e irmãos. Para nós, crianças na época, uma das grandes atrações da cidade era subir o teleférico, ou bondinho, como o chamávamos, até o alto do do morro onde está a estátua do Cristo redentor da cidade.
Chegando à estação de bondinhos do Pão de Açúcar, no Rio de Janeiro
Os "dois andares" do bondinho do Pão de Açúcar, no Rio de Janeiro
Esse bondinho foi construído em meados da década de 70 e a firma responsável pela construção foi, para meu grande orgulho na época, a empresa onde meu pai trabalhava, Pohlig Heckel do Brasil. Como o nome já parece indicar, era apenas a subsidiária brasileira de uma grande multinacional alemã. Lembro-me de ver as iniciais da empresa, PHB, nos bondinhos e máquinas e pensar que éramos responsáveis por tudo aquilo! Eram cabines pequenas, para apenas 4 passageiros, mas eu já achava aquilo tudo maravilhoso, como se voássemos sobre a cidade e montanhas da região, frio na barriga e brilho nos olhos.
A caminho do primeiro andar do bondinho do Pão de Açúcar, no Rio de Janeiro
Praia Vermelha vista do bondinho do Pão de Açúcar, no Rio de Janeiro
Perguntava a meu pai sobre como tudo aquilo funcionava e sobre outros bondinhos espalhados pelo mundo. Ele me dizia que o maior de todos era um no Rio de Janeiro, também construído pela Pohlig Heckel, só que muito tempo antes, no início do século. Era um bondinho gigante onde os passageiros não iam sentados, mas em pé, dezenas ao mesmo tempo. Para mim, soava como algo de outro mundo, até difícil de imaginar. Eu tinha de ver isso com meus próprios olhos!
Exemplar dos primeiros bondinhos do Pão de Açúcar, em exibição na estação intermediária do trajeto, no Rio de Janeiro
História da primeira geração de bondinho do Pão de Açúcar, no Rio de Janeiro
Foi o que aconteceu pouco tempo depois. mas não foi ao vivo! Foi na tela grande do cinema, numa clássica cena do 007, o famosos James Bond, ainda na época em que a personagem era representada pelo canastrão Roger Moore. O herói enfrenta seu maior inimigo, o monstruoso “Dentes de Aço”, em plena Rio de Janeiro. O grande embate entre os dois se dá justamente no bondinho do Pão de Açúcar, quando Dentes de Aço quase consegue destruir o cabo de aço que sustenta os bondes com sua poderosa mordida. Depois, ele pula para o bondinho onde estava o 007 e os dois lutam sobre o teto do bondinho com a linda paisagem carioca lá embaixo. Por fim, James Bond foge com a mocinha deslizando sobre o cabo de aço numa cena que, na época, causou espanto, e hoje nos faz rir. Eu publico o video dessa batalha “épica” nesse post (para ficar ainda mais engraçado, está dublado em espanhol...)!
Depois de ver esse filme, logo estive em carne e osso lá no famoso bondinho e me maravilhei com a paisagem que nos cerca. Finalmente, conhecia o bondinho original! Saciada a vontade, foram precisos outros 20 anos para que eu lá retornasse, já na virada do milênio. E agora, nesse P.S. dos 1000dias, na nossa segunda passagem pela Cidade Maravilhosa, acompanhados dos nossos amigos gringos Álvaro e Valentín, foi a vez de nos animarmos e voltamos a este ícone da cena carioca, que disputa com o Corcovado o título de Cartão Postal oficial da cidade.
Na estação intermediária do bondinho do Pão de Açúcar, podemos admirar o sol iluminando a baía de Botafogo, no Rio de Janeiro
Na estação intermediária do bondinho do Pão de Açúcar, podemos admirar o sol iluminando a baía de Botafogo, no Rio de Janeiro
O projeto desse teleférico nasceu durante as celebrações do centenário da abertura dos portos brasileiros ao comércio exterior, em 1908 (Dom João, sob pressão inglesa, tinha mandado abrir nossos portos ainda em tempos de Brasil colônia, em 1808). A idealização do projeto foi do engenheiro Augusto Ferreira Ramos. Com pouco entusiasmo estatal pela ideia e sob a gozação da imprensa e sociedade da época, o engenheiro contou com a ajuda de algumas figuras notáveis da cidade para levar o projeto adiante. Com a ajuda de operários alpinistas e sob comando da empresa alemã, a obra andou e em Outubro de 1912 o trecho entre a Praia vermelha e o Morro da urca foi inaugurado. No início do ano seguinte, foi a vez do bondinho chegar até o topo do Pão de Açúcar, mudando para sempre a paisagem carioca.
O pequeno e simpático bairro da Urca, no Rio de Janeiro
Avião decola do aeroporto santos Dummont, no Rio de Janeiro. Ao fundo, a ponte Rio-Niteroi
Até aquela época, existiam apenas dois outros teleféricos no mundo. Um na Espanha, de 1907, com extensão de 280 metros, e outra na Suíça, de 560 metros, inaugurado em 1908. A versão carioca aniquilava todos esses recordes anteriores. Afinal, são 600 metros de extensão até o “primeiro andar”, no Morro da Urca, e outros 850 metros até o topo do Pão de Açúcar, a 396 metros de altitude. Essa primeira versão do teleférico tinha apenas uma linha, que servia tanto para subir como para descer. Cada carrinho, logo apelidado de “bondinho” pelos cariocas, por sua semelhança com os bondes elétricos que naquela época já eram muito comuns nas ruas da cidade, carregava 22 passageiros em uma viagem que demorava mais de 10 minutos até o final da linha, no Pão de Açúcar. Em dias de movimento, eram pouco mais de 2 mil passageiros.
Vista do alto do Pão de Açúcar, no Rio de Janeiro
Bondinho do Pão de Açúcar, um dos ícones do Rio de Janeiro
A fama logo se espalhou pela cidade, pelo país e pelo mundo. Gente como o presidente Kennedy ou o físico Albert Einstein não perderam a chance de fazer o passeio quando estiveram na cidade. A demanda crescente superava em muito as possibilidades do antigo bondinho. Assim, aos 60 anos de idade, em 1972, ele foi revitalizado. Uma nova linha foi construída e carrinhos mais modernos desalojaram os bondinhos históricos. A capacidade por carrinho aumentou para 65 passageiros e o número de turistas que sobem a montanha a cada hora chega a 1.200. Com isso, pouco depois do centenário da inauguração do bondinho do Pão de Açúcar, mais de 40 milhões de pessoas já foram até o alto do morro se deliciar com as vistas da Cidade Maravilhosa.
Vista do alto do Pão de Açúcar, no Rio de Janeiro
Vista do alto do Pão de Açúcar, no Rio de Janeiro
Hoje foi a nossa vez. O dia não estava tão belo como ontem, mas também não podemos exigir céu azul de São Pedro todos os dias. Deixe que ele guarde o bom tempo para a nossa próxima aventura atravessando a Serra dos Órgãos. Por aqui, um pouco de chuva misturado com um pouco de sol já foi o bastante para deixar nossos amigos espanhóis de queixo caído com a beleza da paisagem. Enfrentamos o chuvisco, o vento e o preço salgado e lá fomos montanha acima.
O Corcovado visto do alto do Pão de Açúcar, no Rio de Janeiro
Do alto do Pão de Açúcar admirando a silhueta inconfundível da Pedra da Gávea, onde estivemos ontem (Rio de Janeiro)
O outro caminho para chegar ao cume dessa montanha emblemática do Rio de Janeiro é escalando. São mais de mil rotas possíveis, com todos os níveis de dificuldade e que fazem a alegria dos escaladores da cidade e dos visitantes também. Esse é um programa que ainda não fizemos, mas que está nos nossos planos. Mas não em um dia como hoje, muito mais propício à segurança e conforto do bondinho.
1000dias no Pão de Açúcar, no Rio de Janeiro
1000dias no Pão de Açúcar, no Rio de Janeiro
O Pão de Açúcar está localizado na saída da baía de Guanabara, um enorme bloco de granito reminescente da época em que América do Sul e África se separaram. Sua beleza imponente já atraía visitantes há séculos, mas fi apenas no início do séc. XIX que ele começou a ser escalado. Mas foi preciso outros 100 anos para que o acesso ao topo da montanha e às vistas que se tem lá de cima fossem democratizados. esse foi o grande mérito do bondinho idealizado por Augusto Ramos e construído pela firma alemã que empregaria meu pai meio século mais tarde.
Copacabana vista do alto do Pão de Açúcar, no Rio de Janeiro
Fim de tarde nublado no Rio de Janeiro visto do alto do Pão de Açúcar
Para mim, foi uma festa, com chuva ou com sol. Para começar, surpreendi-me que o bondinho já não é o mesmo que eu havia conhecido nos finais dos anos 70 e revisto no início desse milênio. Um novo tipo de carro foi adotado depois dessa última visita, ainda mais moderno e confortável, com uma área envidraçada bem maior. É a versão 3.0! Por falar nisso, quando chegamos à estação intermediária, no alto do Morro da Urca, lá estava exposta a histórica versão 1.0, àquela construída pela Pohlig Heckel e aposentada há 40 anos. está numa espécie de pequeno museu da história desse famoso teleférico. Aí também é possível assistir a filmes históricos e até à cenas de cinema em que o bondinho é retratado.
Visão noturna do Rio de Janeiro a partir da estação intermediária do bondinho do Pão de Açúcar
Por fim, fomos até o alto onde enfrentamos o frio e o vento para fotografar a cidade em todas as direções. Lá estava o Corcovado com seu Cristo Redentor, quase no dobro da nossa altitude. Mais longe, a silhueta inconfundível da Pedra da Gávea, mais alta ainda, onde estivemos ontem. Para baixo, de um lado a baía de Botafogo, lotada de barcos e iates. Do outro lado, a Praia Vermelha, de onde parte o teleférico, e o pequeno e simpático bairro da Urca, uma espécie de mini-cidade dentro da cidade do Rio de Janeiro.
Visão noturna do Rio de Janeiro a partir da estação intermediária do bondinho do Pão de Açúcar
Ficamos aí até o finalzinho da tare. Tanto que, ao chegarmos de volta ao Morro da Urca, as luzes da cidade já estavam acesas. Pudemos ver, então, a Rio by night. Quase tão bela como o Rio de dia, o Cristo lá no alto, a zelar pela cidade. Interessante pensar que, durante o último século, 40 milhões de pessoas fizeram o mesmo caminho que fizemos hoje, do Einstein até o Papa, do meu bisavô até mim. As pessoas voam pelo bondinho, no tempo e no espaço. Amanhã deixamos essa cidade. felizes de ter passado por essa atração turística que há tempos deixou de ser carioca e passou a ser mundial.
A caminho do Pão de Açúcar, um dos programas mais turísticos do Rio de Janeiro
Criança faz malabarismo com fogo durante festa na praia de Little Beach, ao sul de Kihei, em Maui, no Havaí
O voo entre as vizinhas Big Island e Maui, no pequeno bimotor da empresa regional, dura cerca de meia hora. Foi com tristeza que vimos a Big Island ficar para trás, tantas coisas ainda por ver e fazer, mas com felicidade sobrevoamos Maui, nossa segunda ilha nesse tour pelo Havaí. Aqui, amanhã de noite, se juntarão a nós a Laura e o Rafa, nossos queridos padrinhos e companheiros de viagem em ilhas no meio dos oceanos.
Maui e as ilhas adjacentes, no Havaí
Maui é a segunda ilha mais nova do Havaí, após a caçula Big Island. Já se afastou do hotspot que cria as ilhas do arquipélago, mas não ainda a uma distância suficiente para garantir que seus vulcões estejam extintos. Pelo menos, não tecnicamente, mas que já estão bem preguiçosos, isso estão. Tanto que a taxa com que a ilha é “derretida” pelo mar já é bem mais alta do que a taxa de criação de novas terras por seus combalidos vulcões. Tanto é assim que a erosão causada pelo oceano já dividiu a ilha original em quatro ilhas menores. Maui é o nome da maior ilha desse grupo, ainda formada por dois grandes vulcões e uma extensa planície que une esses dois gigantes. Mais algumas dezenas de milhares de anos e o mar tomará isso de volta também e a atual Maui será novamente dividida. Lá do alto, chegando de avião, dá para perceber bem essa geografia. E olhando o mapa do Hawaii, é quase possível ouvir Maui dizer para a Big island: “Você se acha grande? Aproveite o vigor da juventude, pois eu sou você amanhã...”
Um dos vulcões que formou a ilha de Maui, no Havaí
Maui pode não ser mais a maior ilha do arquipélago, mas certamente é a mais chique. A quantidade de campos de golfe que se vê lá de cima é um bom indicativo disso. Uma das consequências (ou causas?) disso é que tudo aqui é mais caro. Dos hotéis aos restaurantes, da gasolina ao entretenimento. É a ilha dos ricos e famosos e a quantidade de ferraris que se vê nas ruas impressiona. Com muito custo, achamos um hotel um pouco mais em conta, desses das grandes cadeias americanas, localizado na cidade de Kihei, na costa oeste da ilha. Vamos usá-la como base para todas as nossas explorações de Maui, já que as distâncias aqui não são tão longas como na Big Island.
Chegando à ilha de Maui, no Havaí
Nosso avião pousou no aeroporto de Kahului, do outro lado da planície que liga (ou separa?) os dois antigos vulcões e ali mesmo pegamos o nosso carro. É um jipão do mesmo modelo do que tínhamos em Big Island, só que agora é branco. Na verdade, era um jipe menor, mas tanto choramos que eles fizeram um upgrade para nós, sem aumentar o preço. Por aqui, não precisaremos da tração, mas do tamanho sim. Afinal, a partir de amanhã à noite, seremos quatro. Quanto ao nosso roteiro na ilha, uma conversa com o rapaz da companhia de carros confirmou o que já havíamos pensado: com apenas quatro dias, nem vale a pena dar um pulo nas ilhas vizinhas de Molokai ou Lanai; Maui já tem atrações suficientes.
Chegando à Maui, no Havaí
Mal chegamos ao nosso hotel e o telefone tocou. Era o Sidney, nosso grande amigo que nos recebeu tão bem em San Francisco. Quis o destino que, mesmo sem saber, marcássemos uma viagem para o Havaí exatamente na mesma época. Ele está viajando para cá com a Ane, sua irmã com quem também estivemos em San Francisco, com o Marco, um amigo que também conhece a Ana, lá do Brasil, além de outro pessoal, americanos mesmo. Mas ao invés de viajarem pelas quatro ilhas, como nós, vão se concentrar apenas na Big island e no Kauai. A gente quase se encontrou no aeroporto de Kona, mas lá no Kauai esse reencontro não vai escapar!
Tarde movimentada na Little Beach, ao sul de Kihei, em Maui, no Havaí
Pois é, o Sidney ligava para perguntar aonde estávamos. Eles tinham acabado de chegar à Kona. Outra coincidência deliciosa, vamos chegar praticamente no mesmo horário em Kauai e o encontro já está marcado, no aeroporto mesmo. Vai ser joia! Antes de desligar, o Sidney ainda nos deu uma bela dica: ele já esteve aqui em Maui, em outra viagem, e se lembrou que todos os domingos rola uma festa noturna bem legal, numa praia chamada Little Beach. Outra vez a sorte, ela fica pertinho do nosso hotel!
Maravilhoso fim de tarde com p céu avermelhado, na Little Beach, ao sul de Kihei, em Maui, no Havaí
Assim, já tínhamos programa para hoje! Chegamos ao hotel, instalamo-nos no nosso quarto cavernoso (o preço em conta tem seu “preço”!) e fomos aproveitar um happy hour no restaurante do hotel vizinho, bem em frente à praia. Sushis pela metade do preço e cervejas com preços abaixo do extorsivo, o que não é coisa fácil por aqui. Muito bem alimentados, seguimos então para a praia da festa.
Maravilhoso fim de tarde com p céu avermelhado, na Little Beach, ao sul de Kihei, em Maui, no Havaí
A Little Beach fica no meio de um parque estadual. O carro chega até um estacionamento de onde caminhamos uns 300 metros até Big Beach, uma longa praia de areias amareladas. Já final de dia, as pessoas estavam saindo da praia, mas estranhamente, o estacionamento ainda estava bem cheio. Sinal de que os donos dos carros estavam em outro lugar! É, a tal festa faz sucesso mesmo!
Criança faz malabarismo com fogo durante festa na praia de Little Beach, ao sul de Kihei, em Maui, no Havaí
A Little Beach fica ao lado da Big Beach. Para chegar até lá, caminhamos até o fim da praia, subimos um barranco e descemos do lado de lá. É uma praia para os amantes do nudismo, mas nesse dia de festa, é invadida também por aqueles que usam sunga, bermuda ou um biquíni. Fica todo mundo ali, peladões e os vestidos, socializando como se fosse a coisa mais normal do mundo. E ali naquele ambiente, para falar a verdade, parece normal mesmo! O sol se pondo de um lado, pintando o céu com cores espetaculares, e um pessoal fazendo uma batucada bem gostosa do outro, clima totalmente Hawaii.
Garota mostra suas habilidades pirotécnicas durante festa na praia de Little Beach, ao sul de Kihei, em Maui, no Havaí
O sol de pôs e sua luz foi substituída pela luz das tochas de fogo. Homens, mulheres e até um menino se revezaram, por mais de uma hora, em malabarismos com fogo, um verdadeiro show de luzes e perícia que emprestava um tom ainda mais tropical e praiano à festa. Foi muito joia! Maui não poderia ter nos recebido de maneira mais simpática. A tal ilha mais chique do Havaí também tem o seu lado relax. Só precisamos achá-lo! E hoje, graças ao Sidney, nós achamos!
Rapaz se apresenta durante festa noturna na praia de Little Beach, ao sul de Kihei, em Maui, no Havaí
Fiona atravessando a região do Chaco, no Parguai
Nosso segundo dia de travessia pelo Chaco prometia ser mais curto que o anterior. Assim, até nos demos o luxo de não sair cedo. Calmamente tomamos nosso café, trabalhamos na última internet por centenas de quilômetros e fomos passear um pouco pela cidade. O passeio incluiu uma visita à farmácia, ao supermercado e ao parque central da cidade.
Parque urbano em Filadelfia, com árvores típicas do Chaco - Paraguai
No supermercado, todas as placas são bilíngues, alemão e espanhol. Compramos frutas, manteiga e queijo, que juntos com nosso pão alemão comprado em Asunción, serão nosso piquenique no Parque Nacional no norte do Chaco. Já no parque aqui da cidade, tudo muito bonito e arrumado, árvores e plantas típicas do Chaco e também um museu que conta a história da colonização menonita da região.
Museu na cidade de Filadelfia - Paraguai
Enfim, pegamos estrada. Os primeiros 80 quilômetros até a cidade de Mariscal Estigarribia passaram rapidamente. Ali paramos no posto, o último antes da fronteira com a Bolívia, 230 quilômetros à frente. No posto, uma camionete paraguaia que havia nos ultrapassado e buzinado na estrada parou ao nosso lado. Era uma família de brasileiros, pai, mãe e dois filhinhos! Tinham visto a Fiona nas ruas de Filadelfia e se interessado. São paranaenses de Toledo que moram por aqui, pois criam gado numa estância no Chaco. Gente finíssima, deram várias dicas para nós, desde sobre a estrada até sobre a Bolívia.
Placa bilíngue na cidade de Filadelfia - Paraguai
É... sobre a estrada disseram que ela pioraria muito daí para frente. Dito e feito! Eu, que vinha andando tranquilamente a 120-130 km/h, numa estrada quase deserta, passei a andar a 20-30 km/h, agora numa estrada completamente deserta. Asfalto terrível, todo arrebentado. Um trecho de 100 km demorou 3 horas. Finalmente, a Transchaco mostrava de onde vem a sua fama.
Início do segundo dia da travessia do Chaco, no Paraguai, na saída de Filadelfia
Bem, com muita paciência, chegamos finalmente à pequena cidade de La Patria, onde o asfalto voltou a ficar bom. Aqui, a estrada vira um pouco À esquerda e segue diretamente para a fronteira boliviana, pouco mais de 100 quilômetros à frente. Mas nós não seguimos por esse caminho. Ao contrário, continuamos seguindo no mesmo sentido, agora em estrada de terra. O objetivo era o Parque Nacional Tenente Agripino Enciso, vinte quilômetros à frente. Já era fim de tarde, mas é no parque o único lugar onde há hospedagem entre Mariscal Estigarribia e a Bolívia.
Caminhando no Parque Nacional Ten, Agripino Enciso, em La Patria, no noroeste do Chaco - Paraguai
Chegamos aqui para descobrirmos ser os únicos turistas em muitos e muitos dias. O guarda-parque nos recebeu calorosamente e nos mostrou a casa onde poderíamos dormir. Vários quartos, cozinha e banheiros apenas para nós, tudo por uma colaboração voluntária, se assim achássemos justo. A gente se instalou e ainda deu tempo de fazer a trilha de pouco mais de um quilômetro pelo parque.
Fim de tarde no Parque Nacional Ten, Agripino Enciso, em La Patria, no noroeste do Chaco - Paraguai
Vegetação muito parecida com a nossa caatinga, tudo com muitos espinhos. A principal diferença é uma árvore com tronco bem gordo, igual as que vimos no parque urbano de Filadelfia. De tão gordas, parecem grávidas! Era fim de tarde, sol se pondo e o passeio foi lindo! Além da vegetação, restos de trincheiras da Guerra do Chaco. Nossa... lutar no meio dessa vegetação deve ter sido um inferno. Nem consigo imaginar!
Fim de tarde no Parque Nacional Ten, Agripino Enciso, em La Patria, no noroeste do Chaco - Paraguai
Ao fim do passeio, uma deliciosa conversa com o guarda-parque e outra funcionária, bem embalada com um chimarrão de gosto diferente. Para falar a verdade, foi a primeira vez que eu gostei de chimarrão! Chimarrão paraguaio! Depois, voltamos ao nosso palacete para banho e lanche. Duas fatias do pão alemão foram mais do que o suficiente! Devidamente alimentados, tínhamos todo o tempo e tranquilidade do mundo para planejar nossos próximos dias. Mas isso é assunto para um outro post...
Preparando nosso lanche (pão preto alemão com manteiga e queijo) no chalé de visitantes do P.N Ten. Agripino Enciso, no Chaco paraguaio.
Com o Gera e a Val na crista da cratera do Nevado de Toluca, na região central do México
Eram oito horas da manhã quando, já a mais de 20 quilômetros do centro de Toluca, sentamos à mesa do restaurante na beira da estrada, bem no trevo de onde parte a estrada de acesso ao Nevado de Toluca, a montanha que iríamos subir no dia de hoje. Juntos conosco nesse café da manhã, passando a fazer parte da aventura de 1000dias por toda a América, a Valéria e o Geraldo. Nós os tínhamos encontrado na noite anterior, no hotel em Toluca, mas é claro que a história vem de bem mais longe...
Com o Gera e a Val, tomando café já na estrada, a caminho do Nevado de Toluca, na região central do México
Nas alturas, o reencontro das amigas no Nevado de Toluca, na região central do México
A Valéria, ou simplesmente Val, conhece a Ana há muito mais tempo do que eu. São amigas desde criança, lá de Curitiba, compartilhando doce lembranças infantis como se fossem da mesma família. A amizade continuou na adolescência e na vida adulta e a Val foi uma de nossas primeiras convidadas para ser nossa madrinha de casamento, selando de uma vez os laços para toda a vida. Formada em turismo, acompanha nossa viagem de perto desde o primeiro dia, sempre planejando vir nos encontrar. No início desse ano, decidiu que era chagada a hora e, quase num ímpeto, comprou a passagem para o México. Vai ficar conosco por duas semanas, entre montanhas, praias, grandes e pequenas cidades, a mais nova passageira da Fiona.
Com a Val no Nevado de Toluca, na região central do México
Com o Gera, chegando à cratera do Nevado de Toluca, na região central do México (foto de Geraldo Ozorio)
Já a amizade com o Geraldo, ou Gera, é “um pouco” mais recente. O Gera é amigo do Guto, meu irmão. Escalaram juntos várias montanhas no Chile e no Brasil. Já há algum tempo ele vivia entre Brasil e México, país de sua esposa. Recentemente, se mudou de vez para cá e tem viajado bastante no país, principalmente atrás das montanhas que tanto gosta. Sabendo da minha ideia de subir o Pico Orizaba, a montanhas mais alta do México e de toda a América do Norte, se não contarmos o Alaska, o Guto teve a ótima ideia de nos colocar em contato, já no final do ano passado. Desde então, a gente vem trocando e-mails para tentar organizar alguma coisa. Mais do que o próprio Orizaba, o Gera montou para nós um verdadeiro roteiro de aclimatação, passando por várias montanhas progressivamente mais altas e duras para que, na hora do grande teste, estejamos prontos. Melhor ainda, escolheu montanhas em lugares interessantes, como Bernal e Tepoztlán, ambas Pueblos Mágicos. E para completar, programou suas férias para este período, para que pudesse nos acompanhar nas escaladas finais, aqui no Nevado de Toluca, no Izta e no objetivo final, o Orizaba.
Com o Gera, no alto do Nevado de Toluca, na região central do México (foto de Geraldo Ozorio)
Pela primeira vez acima dos 4 mil metros, a Val na crista da cratera do Nevado de Toluca, na região central do México
Bem, a Val não veio para o México apenas para subir montanhas! Levá-la para cima dos 4 mil metros de altitude logo no seu segundo dia por aqui já foi um teste, mas passar metade de sua viagem no país subindo montanhas já era demais. Assim, eu e a Ana resolvemos nos dividir por uns poucos dias. Começamos todos juntos aqui em Toluca e assim vamos para o Iztla. Mas, de lá, as duas vão passar uns dias na Cidade do México enquanto eu, mais fanático pelas grandes altitudes, junto com o Gera, nos arriscamos no Orizaba. Depois, reencontro-me com a esposa e a madrinha e seguimos para a península do Yucatan, para uma semana de cidades históricas, ruínas maias e praias caribenhas. Desse modo, agradamos todos a gregos e troianos.
A Val chega à cratera do Nevado de Toluca, na região central do México (foto de Geraldo Ozorio)
Caminhando para a borda da cratera do Nevado de Toluca, na região central do México
Bom, terminamos nossas “quesadillas de queso” e fomos aproveitar o dia lindo de céu azul que fazia para subir uma das maiores montanhas do México, com mais de 4.600 metros de altitude. Pode parecer muito, mas boa parte do trabalho, quem faz é a Fiona. Uma estrada nos leva até os 4.200 metros e dali, mais 20 minutos de caminhada até a parte mais baixa da crista da cratera, a 4.300 metros de altura. É de onde temos a primeira verdadeira visão da beleza e magnitude dessa montanha, na verdade um vulcão dormente, quem sabe extinto.
Admirando a incrível beleza da cratera do Nevado de Toluca, na região central do México
Nessa foto aparecem os dois lagos do interior da cratera do Nevado de Toluca, na região central do México
A última erupção do Nevado de Toluca foi há 10.500 anos. Um erupção mediana, do mesmo porte da erupção do vulcão Pinatubo, na década de 90, nas Filipinas. A região onde hoje está Toluca, a 20 quilômetros de distância, ficou coberta com pouco mais de um metro de cinzas. Já a região da Cidade do México, a pouco mais de 100 quilômetros de distância, recebeu 10 cm de cinzas. A mesma erupção, hoje, teria sido um desastre. Na época, ainda na era glacial, não eram tantos os humanos que viviam nas redondezas. Não se sabe com certeza se foram afetados, mas certamente sua caça preferida foi: foram encontrados ossos de mamutes em meio às cinzas daquela erupção.
A Ana e a Val, amigas desde criança, na crista do Nevado de Toluca, na região central do México
Admirando a beleza da enorme cratera do Nevado de Toluca, na região central do México (foto de Geraldo Ozorio)
Hoje, chegando na borda da cratera, era difícil imaginar qualquer tipo de destruição em meio a uma beleza tão espetacular. O Toluca pode não ser a mais alta, mas é séria concorrente ao título de mais bonita montanha mexicana. Dentro de sua cratera, 100 metros abaixo de nós, não há um, mas dois lagos. O lago da Lua e o Lago do Sol, um verde e outro azul, tão próximos e tão distintos. Só são iguais na beleza, a neve das encostas refletida nas sua suas águas plácidas e serenas. Um verdadeiro colírio para os olhos de quem tem a chance de ver. Um espetáculo visual como há muito não tínhamos!
A incrível paisagem da cratera do Nevado de Toluca, na região central do México
A impressionante cratera do Nevado de Toluca, na região central do México
Depois de alguns minutos de pura veneração, começamos a seguir pela crista da cratera, em direção às partes mais altas. Nessa altura, com o ar muito mais rarefeito, qualquer esforço cansa bem mais, principalmente quando o organismo ainda não está aclimatado. Fomos subindo bem devagar, eu e o Gera mais à frente, a Ana e a Valéria ficando para trás. As duas tinham muita conversa para colocar em dia. Pelo menos, dois anos de histórias e novidades!
Botando o papo em dia no alto do Nevado de Toluca, na região central do México
Quase no alto Nevado de Toluca, na região central do México. Ao fundo, o Popo e o Itzla, duas das maiores montanhas do país (foto de Geraldo Ozorio)
Na frente, eu e o Gera chegamos a um platô mais alto, depois de vencer uma íngreme subida de terra solta, quase uma duna de areia. Quanto mais alto, mais belo ficava o panorama. À nossa frente, agora, uma encosta de pedras com uns cem metros de altura que tem o nome de Pico del Aguila, o segundo mais alto da montanha, com 4.640 metros de altitude. Para lá seguimos, entre neve e rochas, as mãos e nossos bastões de caminhada nos ajudando.
Caminhando pela crista do Nevado de Toluca, na região central do México (foto de Geraldo Ozorio)
Subida final para um dos picos do Nevado de Toluca, na região central do México (foto de Geraldo Ozorio)
Um último esforço e chegamos ao nosso cume de hoje, uma excelente conquista rumo ao Orizaba. De lá, vimos a Ama e a Valéria chegarem àquele platô mais alto, logo depois da tal duna de areia e de uma crista mais estreita, uma bela vista para os dois lados. Quase sem saber, tiramos fotos recíprocas, além de fotos nossas mesmo, felicidade pura de chegarmos, cada um de nós, no nosso ponto alto do dia.
O Rodrigo e o Gera, dois pequenos pontos no cume do Nevado de Toluca, na região central do México
A Ana e a val na crista do Nevado de Toluca, na região central do México (foto de Geraldo Ozorio)
A Ana na crista da cratera do Nevado de Toluca, na região central do México
Eu e o Gera descemos para nos encontrar com as meninas para nova sessão de fotos. Aí, foi z vez de eu me separar sozinho dessa vez. Acelerei para baixo, porque agora queria chegar ao centro da cratera, até a borda daqueles dois lagos maravilhosos que tínhamos visto de cima. Para minha surpresa, a água nem era tão fria e, quem sabe, num dia inspirado e com roupas de banho, até fosse possível um mergulho rápido. Um mergulho acima dos 4 mil metros de altitude deve ser bem especial! Pois é, mas não hoje...
1000dias no alto do Nevado de Toluca, na região central do México
Descendo o Nevado de Toluca, na região central do México
Um dos lagos dentro da cratera do Nevado de Toluca, na região central do México
Voltei para a crista, reencontrei os três e, agora juntos, voltamos para a sempre fiel Fiona. Na nossa apertada programação, passamos direto por Toluca e fomos, quase na mesma estrada de ontem, até Tepoztlán novamente. Mas também não paramos aí. O destino final do dia de hoje foi a pequena Amecameca, aos pés de duas montanhas (também vulcões!) ainda mais altos que o Nevado de Toluca. Estou falando do Itza e do Popo, a 3ª e a 2ª maiores montanhas do México, respectivamente. Quase frente à frente, é aqui o cenário da nossa próxima etapa de aclimatação rumo ao Orizaba. Nós já os vimos lá do alto do Nevado, imponentes, pairando sobre as nuvens. Chegou a hora de vê-los mais de perto! A caminhada de amanhã promete!
A Fiona e o Nevado de Toluca, na região central do México
O Iztla, com a forma de uma mulher deitada, visto do alto do Nevado de Toluca, na região central do México
Portas, janelas e túneis no interior da Catedral de Mármore, no lago General Carrera, região de Puerto Rio Tranquilo, na Carretera Austral, sul do Chile
Confesso que quando saímos de Curitiba, no início dos nossos 1000dias, eu nunca tinha ouvido falar das “Capillas de Marmol”, uma das mais belas e inusitadas atrações ao longo da Carretera Austral, no sul do Chile. Mas durante a nossa viagem continente afora, fomos conhecendo e conversando com muitos outros viajantes, vários deles já conhecedores do Chile. E na usual de informações entre expedicionários, vários deles citaram esse verdadeiro tesouro natural encravado nas águas do lago General Carrera, na patagônia chilena. Vimos as fotos do lugar e instantaneamente ele passou a fazer parte do nosso roteiro. Um dia, chegaríamos lá. E esse dia, finalmente, chegou!
Puerto Rio Tranquilo e o lago General Carrera, na Carretera Austral, sul do Chile
O lago General Carrera, região de Puerto Rio Tranquilo, na Carretera Austral, sul do Chile
Do alto da encosta e já na sombra, a Catedral e a Capela de Mármore parecem pequenas na imensidão do lago General Carrera, região de Puerto Rio Tranquilo, na Carretera Austral, sul do Chile
As Capillas de Marmol são o fruto de milênios e milênios de erosão de uma rocha rica em carbonato de cálcio. Essa é uma substância muito comum em seres vivos, como em formação de corais ou cascas de ovos, e em minerais presentes em cavernas, como aragonita, calcita e travertinos. Por fim, o carbonato de cálcio é o principal constituinte da popular pedra de mármore, representando praticamente 90% do seu conteúdo. Com toda a paciência do mundo, as águas do lago General Carrera vêm erodindo as encostas rochosas ao redor do lago na região de Puerto Rio Tranquilo formando uma intricada rede de tuneis, cavernas, janelas e portas através das rochas de mármore. Duas dessas formações, que acabaram por se destacar da encosta e se transformaram em ilhas isoladas, são chamadas de Capillas de Marmol, por sua semelhança com templos cristãos. A maior dessas ilhas é a Catedral de Mármore e a menor, a Capela de Mármore.
A caminho das "Capillas de Marmol", no lago General Carrera, região de Puerto Rio Tranquilo, na Carretera Austral, sul do Chile
Visitando as "Capillas de Marmol", no lago General Carrera, região de Puerto Rio Tranquilo, na Carretera Austral, sul do Chile
Chegando á Catedral de Mármore, no lago General Carrera, região de Puerto Rio Tranquilo, na Carretera Austral, sul do Chile
A visita a essas formações era o ponto alto da nossa programação de hoje. Nossa preocupação era apenas chegar a Puerto Rio Tranquilo em um horário em que ainda houvesse passeios de barco até as Capillas. Nessa época do ano, a luz do dia vai longe por aqui, mas não tínhamos certeza do horário das embarcações. Assim, quando o horário começou a chegar perto das 18:00 e a gente ainda na estrada, nossa apreensão foi aumentando. Finalmente, apequena cidade apareceu no nosso radar e a gente acelerando com a Fiona e cruzando os dedos. Agora, já até víamos a cidade lá embaixo, na orla do lago, mas o nosso GPS ainda estimava mais 20 minutos até lá. Foi quando uma placa apontava para uma pequena estrada lateral e propagandeava passeios até as Capillas de Marmol. Um pouco incrédulos, mas esperançosos, fomos ler com mais calma e a placa também avisava que atalho era apenas para carros grandes e tracionados. Opa! É nóis! E ali nos metemos com a Fiona, ladeira abaixo, até uma pequena fazenda na orla do lago.
Turistas observam a Capela de Mármore, no lago General Carrera, região de Puerto Rio Tranquilo, na Carretera Austral, sul do Chile
A Catedral de Mármore, no lago General Carrera, região de Puerto Rio Tranquilo, na Carretera Austral, sul do Chile
Turistas observam a Catedral de Mármore, no lago General Carrera, região de Puerto Rio Tranquilo, na Carretera Austral, sul do Chile
O proprietário estava fechando as portas, mas nos recebeu feliz, quem sabe uma última corrida no dia? Aquele local está muito mais perto das Capillas de Marmol do que a própria Puerto Rio Tranquilo, mais barato para ir e menos tempo para chegar lá. Como somos os últimos, ele faz um preço bem camarada, algo que só cobraria normalmente se o barco estivesse cheio, com cinco turistas. Mas éramos apenas nós e rapidamente já estávamos com nossos coletes a caminho da maravilha natural.
A formação rochosa conhecida como Capela de Mármore, no lago General Carrera, região de Puerto Rio Tranquilo, na Carretera Austral, sul do Chile
A Catedral de Mármore, no lago General Carrera, região de Puerto Rio Tranquilo, na Carretera Austral, sul do Chile
Iluminada pelo sol de fim de tarde, a Catedral de Mármore, no lago General Carrera, região de Puerto Rio Tranquilo, na Carretera Austral, sul do Chile
De longe já percebemos bem os dois blocos de rocha, as pequenas ilhas, as famosas Capillas de Marmol. Suas próprias encostas são bem claras, rocha pura, enquanto o topo é tomado por vegetação. Um barco de turistas que passeia por ali nos dá a noção de seu real tamanho. A Catedral é mesmo bem maior do que a Capela.
O labirinto de túneis sob a Catedral de Mármore, no lago General Carrera, região de Puerto Rio Tranquilo, na Carretera Austral, sul do Chile
Um dos pilares da Catedral de Mármore, no lago General Carrera, região de Puerto Rio Tranquilo, na Carretera Austral, sul do Chile
Quase flutuando sobre a água, a Capela de Mármore, no lago General Carrera, região de Puerto Rio Tranquilo, na Carretera Austral, sul do Chile
É só quando nos aproximamos mais que percebemos que a base dessas ilhas, aquela que está em contato com a água e as pequenas ondas do lago, está completamente erodida, uma rede de túneis e cavernas lá embaixo. Com a base comida e desgastada, as ilhas tem a forma de grandes cogumelos sobre as águas azuis do General Carrera.
A Capela de Mármore, nolago General Carrera, região de Puerto Rio Tranquilo, na Carretera Austral, sul do Chile
Interior da Catedral de Mármore, no lago General Carrera, região de Puerto Rio Tranquilo, na Carretera Austral, sul do Chile
Interior da Catedral de Mármore, no lago General Carrera, região de Puerto Rio Tranquilo, na Carretera Austral, sul do Chile
Esses túneis sob as ilhas são grandes o suficiente para que pequenos barcos passem por eles. Como disse, um outro barco, esse repleto de turistas, já explorava a área. Ele veio de Puerto Rio Tranquilo, da direção oposta a que viemos. Nosso simpático guia deixa que eles escolham uma das capillas para explorar para, então, nos levar a outra.
Filmando o interior da Capela de Mármore, no lago General Carrera, região de Puerto Rio Tranquilo, na Carretera Austral, sul do Chile
Visita á Capela de Mármore, no lago General Carrera, região de Puerto Rio Tranquilo, na Carretera Austral, sul do Chile
Visita á Capela de Mármore, no lago General Carrera, região de Puerto Rio Tranquilo, na Carretera Austral, sul do Chile
É assim que começamos pela Capela de Mármore, a menor delas. Aí não há túneis, mas apenas portas e janelas naturais escavadas no mármore branco. Nosso barco entra cuidadosamente sob o cogumelo e aí sem temos a noção exata das cores envolvida na paisagem de outro mundo. O mármore branco e as manchas causadas por impurezas na rocha ficam quase azuis devido ao reflexo da água do lago. Essa é mesmo de uma cor azul bem forte, quase igual a cor do céu. Mas apenas aonde a luz do sol ainda bate com força. Nas partes em sombra, onde o fundo branco do mármore está raso, a cor da água fica esverdeada.
Visão do interior da Capela de Mármore, no lago General Carrera, região de Puerto Rio Tranquilo, na Carretera Austral, sul do Chile
Visão do interior da Capela de Mármore, no lago General Carrera, região de Puerto Rio Tranquilo, na Carretera Austral, sul do Chile
O mais estreito pilar da Catedral de Mármore, no lago General Carrera, região de Puerto Rio Tranquilo, na Carretera Austral, sul do Chile
Extasiados com o que vemos, ficamos ali tirando fotos, nosso barqueiro tentando estabilizar o melhor possível nosso barco naquela pequena caverna. Ao mesmo tempo, através das janelas naturais, ele observa o outro barco com turistas. Quando eles terminam sua observação da Catedral e vem para a capela, é a nossa vez de seguir para a maior das formações.
Observando o interior da Catedral de Mármore, no lago General Carrera, região de Puerto Rio Tranquilo, na Carretera Austral, sul do Chile
Nosso guia manobra o barco no interior da Catedral de Mármore, no lago General Carrera, região de Puerto Rio Tranquilo, na Carretera Austral, sul do Chile
Portas, janelas e túneis no interior da Catedral de Mármore, no lago General Carrera, região de Puerto Rio Tranquilo, na Carretera Austral, sul do Chile
A Catedral sim é cheia de túneis, quase um labirinto de passagens, portas e janelas, tudo isso no mais puro mármore e sobre a mais azul das águas. Parece que estamos em um sonho. Não é fácil captar toda essa beleza com as fotos. É uma luz difícil, de um lado muito claro e de outro, muito escuro. Ana tenta, se esforça, mas este não é o melhor horário. Dizem que de manhã é melhor, a luz entrando nos túneis de forma mais enviesada.
A Ana fotografa as formações de mármore sob a Catedral de Mármore, no lago General Carrera, região de Puerto Rio Tranquilo, na Carretera Austral, sul do Chile
Portas, janelas e túneis no interior da Catedral de Mármore, no lago General Carrera, região de Puerto Rio Tranquilo, na Carretera Austral, sul do Chile
Portas, janelas e túneis no interior da Catedral de Mármore, no lago General Carrera, região de Puerto Rio Tranquilo, na Carretera Austral, sul do Chile
Enfim, a máquina pode não captar, mas nossos olhos e sentidos sim. Não é apenas a visão, mas também a audição que nos ajuda a dar o real sentido de onde estamos. O barulho da água batendo escorrendo sobre o mármore polido e o seu eco ressoando em cada uma das cavidades complementam nossa visão desse mundo azulado de túneis escavados na rocha branca.
Atravessando um túnel na Catedral de Mármore, no lago General Carrera, região de Puerto Rio Tranquilo, na Carretera Austral, sul do Chile
Os muitos túneis da Catedral de Mármore, no lago General Carrera, região de Puerto Rio Tranquilo, na Carretera Austral, sul do Chile
Turistas atravessam um túnel na Catedral de Mármore, no lago General Carrera, região de Puerto Rio Tranquilo, na Carretera Austral, sul do Chile
É até estranho quando deixamos os recintos limitados dos túneis sob o cogumelo e voltamos às águas abertas do lago, limitadas apenas pelo céu e pelo horizonte. Era o que acontecia quando transitávamos novamente entre a Capela e a Catedral, entre a Catedral e a Capela. E assim foram dois ou três ciclos de explorações e de fotos, um barco para lá e outro para cá, a gente bem feliz de estarmos sós no nosso enquanto os outros estavam repletos de gente.
Uma piscina interior na Catedral de Mármore, no lago General Carrera, região de Puerto Rio Tranquilo, na Carretera Austral, sul do Chile
Interior da Catedral de Mármore, no lago General Carrera, região de Puerto Rio Tranquilo, na Carretera Austral, sul do Chile
Interior da Catedral de Mármore, no lago General Carrera, região de Puerto Rio Tranquilo, na Carretera Austral, sul do Chile
Outra vantagem de termos vindo da fazenda mais próxima é que, como leva menos tempo para chegarmos aqui, sobra muito mais tempo para explorarmos e desfrutarmos das Capillas. Para os que vêm da cidade, eles dão uma volta e logo retornam. Enquanto ficamos por aqui transitando entre a Capela e a Catedral, vários barcos de lá chegaram e se foram.
Turistas observam a Catedral de Mármore, no lago General Carrera, região de Puerto Rio Tranquilo, na Carretera Austral, sul do Chile
Nosso guia nos leva de volta após a visita às "Capillas de Marmol", no lago General Carrera, região de Puerto Rio Tranquilo, na Carretera Austral, sul do Chile
Mas chegou também a nossa vez e partimos. Felizes por ter conhecido mais essa joia do nosso continente, mas já pensando em nosso próximo desafio: encontrar um lugar para dormirmos no Valle Exploradores, a oeste de Puerto Rio Tranquilo, entre geleiras gigantes, a meio caminho da famosa laguna San Rafael e bem longe da Carretera Austral.
Uma tentativa de foto subaquática sob a Catedral de Mármore, no lago General Carrera, região de Puerto Rio Tranquilo, na Carretera Austral, sul do Chile
Chegando ao Equador
Deixamos Mancora com um sol bem gostoso que parecia perguntar: "Por que estão indo?" Oras... porque sempre foi assim, desde que me conheço por gente! No dia que vamos embora da praia, o sol nasce radiante! Pode ser no Brasil, pode ser no Peru...
Despedida com sol da bela praia de Mancora, no litoral norte do Peru
Seguimos pelo litoral, passando por outras praias famosas da região, como Zorritos. Por fim, passamos ao lado de Tumbes, o local onde Francisco Pizarro e seus "Conquistadores" aportaram, há quase 480 anos. A minha vontade é, num passe de mágica, voltar àquele tempo levando uma bazuca, algumas granadas e uma Uzzi. Acabar com a raça deles em cinco minutos e assim, mudar a história. Como teria evoluído a América do Sul sem os europeus? Quanto tempo duraria o Império Inca? Eles chegariam até o Brasil? Haveria um encontro de Incas e Astecas? Perguntas que nunca terão respostas, graças a uma combinação de Colombo com Cortez com Pizarro, com Sífilis com Varíola com Gripe. Essa combinação, pouca gente sabe disso, matou mais gente aqui nas Américas no séc XVI que todas as guerras e ditaduras juntas mataram em todo o mundo no séc XX. Basta ver o excelente filme "Invasões Bárbaras" para ver os números...
Cenas típicas do sul do Equador, região de Mashala: bananeiras com os cachos devidamente ensacados
Deixamos Tumbes e a trágica história para trás e chegamos à fronteira. Ao contrário das últimas passagens fronteiriças, essa foi rapidinha. Na aduna do Equador, pela primeira vez desde a entrada no Suriname, nos foi pedido o seguro para o automóvel. Para a nossa alegria, o seguro contratado no Brasil foi considerado válido e pudemos seguir viagem. Ainda bem que não chegamos aqui em meados da década de 90 quando Equador e Peru chegaram a ter escaramuças na fronteira, com morte de soldados em ambos os lados. Aparentemente, está tudo resolvido, embora tenhamos achado o trafégo pela fronteira extremamente pequeno. Ou porque era domingo ou porque peruanos e equatorianos ainda não se frequentem muito.
Iguanas dormem em árvore da Plaza Bolívar, em Guayaquil, no Equador
Bom, foi entrar no Equador e a paisagem mudou completamente. Muito verde, muita mata, rios caudalosos, muita banana. Não parecia que tínhamos mudado só de país, mas de planeta. Lembra muito algumas regiões do Brasil, especialmente o interior do Rio de Janeiro.
Missa na Catadral de Guayaquil, no Equador
Passamos por Machala, a quarta maior cidade do país e autoploclamada capital mundial da banana e seguimos para a maior de todas as cidades equatorianas, Guayaquil. Chegando num final de domingão, o trânsito no centro dessa cidade com mais de 2 milhões de habitantes estava bem tranquilo, o que facilitou bastante nossa vida. Achamos logo um hotel a um quarteirão da Plaza Bolívar, bem central e famosa pelas centenas de iguanas que lá moram. Mesmo no escuro não resistimos e fomos dar uma olhada. Estavam dormindo, boa parte delas nos galhos de uma árvore. Amanhã, com a luz do sol que as deixa mais ativas, retornaremos.
Placas de vidro com milhares de nomes "flutuantes", em Guayaquil, no Equador
Caminhamos bastante também no Malecon 2000, a orla do caudaloso rio Guaya. Na virada do milênio essa área foi reurbanizada e seus antigos frequentadores, ladrões, traficantes e prostitutas foram desalojados para dar lugar a um enorme espaço para a comunidade. Hoje, mesmo de noite, são crianças, idosos e namorados que passeiam por lá tranquilamente, sob os olhos atentos de uma vistosa força policial. Pelo Malecon seguimos até o Bairro da Penha, um morro com uma ótima vista para a cidade. Um belo passeio que deverá ser repetido amanhã também. Antes de partirmos para a pequena Montañitas, uma famosa praia que atrai turistas e surfistas de todo o mundo. Vamos lá conferir o porquê!
Vista noturna da cidade do alto do morro da Penha, em Guayaquil, no Equador
Bisões, símbolo do Yellowstone National Park, no Wyoming, nos Estados Unidos
Começamos o dia de hoje como havíamos feito ontem: do mesmo lugar onde tínhamos parado no dia anterior. A diferença foi que, dessa vez, saímos de mala e cuia do nosso simpático hotel na pequena West Yellowstone, na entrada do parque voltada ao estado de Montana. A ideia era, depois da programação no parque, já seguir para o norte, na direção do Glacier National Park, nosso próximo destino, já na fronteira com o Canadá.
A Upper Falls, no Grand Canyon of Yellowstone, no Yellowstone National Park, no Wyoming, nos Estados Unidos
Escadaria para o mirante das Lower Falls, no Grand Canyon of Yellowstone, no Yellowstone National Park, no Wyoming, nos Estados Unidos
Assim, como havíamos terminado o dia de ontem no fantástico Grand Canyon of Yellowstone, foi para lá que seguimos. O lugar é tão lindo que faríamos tudo de novo com prazer. Mas o que queríamos mesmo era ir aos mirantes onde não havíamos estado, além de poder ver aquela maravilha da natureza iluminada com o sol da manhã, ao invés daquela luz do fim de tarde.
as magníficas Lower Falls, no Grand Canyon of Yellowstone, no Yellowstone National Park, no Wyoming, nos Estados Unidos
Hoje fomos ao outro lado do rio (os americanos colocam estradas e trilhas em todos os lados possíveis) e pudemos ver mais de perto as Upper Falls, que ontem só tínhamos visto de bem longe. Mas, mais legal ainda, foi poder descer as centenas de degraus de uma escada de metal pendurada nas encostas do canyon para poder ver, quase de frente, as imponentes Lower Falls.
No mirante das Lower Falls, no Grand Canyon of Yellowstone, no Yellowstone National Park, no Wyoming, nos Estados Unidos
Por fim, seguimos para o mais famoso dos mirantes, o “Artist Point”, de onde se tem uma visão ampla do canyon amarelo com a cachoeira ao fundo. O nome do mirante vem dos incontáveis pintores que já passaram por ali, tentando retratar aquela paisagem impressionante que se tem diante dos olhos. Nós, mais modernos e menos pretensiosos, tentamos “retratar” mesmo com a nossa Nikon. Fica menos artístico da nossa parte, mas deixamos toda a arte nas mãos da natureza. E que natureza!
Uma verdadeira pintura, o Grand Canyon of Yellowstone, no Yellowstone National Park, no Wyoming, nos Estados Unidos
Após esses momentos de puro êxtase visual, seguimos em frente pelas estradas do parque, explorando a parte norte de Yellowstone. É uma área menos visitada por turistas e, por isso mesmo, com mais chances de ver animais. Dito e feito, lá estavam os bisões, em diversas manadas.
Manada de bisões no Yellowstone National Park, no Wyoming, nos Estados Unidos
Bisão entra na frente da Fiona no Yellowstone National Park, no Wyoming, nos Estados Unidos
Algo faz bem ao nosso espírito quando vemos esses grandes animais vagando pelos campos, tranquilamente, aqui em Yellowstone. A mesma imagem que se via há milhares de anos, é como se voltássemos ao passado. Eles parecem combinar muito mais com a paisagem do que os carros e turistas que se movimentam pelas estradas. Aqui, pelo menos, são eles que tem a preferência e hoje, por mais de uma vez, fomos testemunhas de grandes grupos de bisões cruzando as pistas de rodagem enquanto carros e turistas aguardavam, pacientemente e com suas máquinas fotográficas em ação, que eles voltassem para a relva.
Tronco de Redwood petrificado há 30 milhões de anos, no Yellowstone National Park, no Wyoming, nos Estados Unidos
Outro ponto visitado (parece que as atrações de Yellowstone não tem fim!) foi a da floresta petrificada. Na verdade, é uma floresta de uma árvore só, uma Redwood, parente daquelas árvores da Califórnia que são as mais altas do mundo. Essa daqui vivia muito bem até 30 milhões de anos atrás, quando foi enterrada por uma erupção vulcânica. Não foi uma super erupção, pois essas só começaram há dois milhões de anos, nesta área. Uma erupção “normal”, o bastante para soterrar rapidamente toda uma floresta de árvores gigantes. Algumas acabaram se fossilizando e, quando foram descobertas, eram três exemplares, há cerca de 100 anos. Dois deles se foram, graças aos caçadores de relíquias e lembranças. A última foi protegida, pelo exército e por uma grande cerca, e continua de pé, como se ainda fosse nova. Nós já estivemos em outros lugares admirando árvores petrificadas, mas esta foi a primeira que vimos na sua posição original, ainda plantada ao chão. Sem folhas ou galhos, apenas a parte de baixo do tronco, parece que foi incendiada há poucos meses, e não que tenha sido vítima de um vulcão há 30 milhões de anos. Impressionante!
Mammouth Springs, no Yellowstone National Park, no Wyoming, nos Estados Unidos
Algumas poucas cachoeiras depois e chegamos na última grande atração do parque que ainda não havíamos visitado, a Mammouth Springs. O nome vem do grande tamanho dessa fontes termais que construíram, literalmente, uma montanha de terraços de calcita. Para nós, acostumados a ver essas formações em cavernas, foi impressionante ver algo desse porte.
Incríveis terraços de calcita na região das Mammouth Springs, no Yellowstone National Park, no Wyoming, nos Estados Unidos
A paisagem das gigantescas Mammouth Springs, no Yellowstone National Park, no Wyoming, nos Estados Unidos
Novamente, o que chama a atenção são as cores fortes da paisagem. Amarelo, vermelho e branco formam um caleidoscópio de cores bem definidas nos diversos andares de terrações, alguns formados nos últimos meses, outros nos últimos anos e outros ao longo dos últimos séculos. As fontes mudam constantemente de lugar, criando novos terraços e deixando outros secos. A vegetação avança sobre os antigos, mas perece onde crescem os novos. Como tudo em Yellowstone, um incansável processo de nascimento, crescimento, morte e renovação, seja da vida, seja da geologia. Difícil imaginar algum outro lugar do planeta onde esse processo fique mais claro.
A impressionante paisagem de Mammouth Springs, no Yellowstone National Park, no Wyoming, nos Estados Unidos
Novas fontes termais matam árvores em Mammouth Springs, no Yellowstone National Park, no Wyoming, nos Estados Unidos
Agora, já no final da tarde, deixamos esse parque espetacular e o belo estado de Wyoming para trás. É o típico do lugar que tenho aquela forte sensação de que, um dia, voltaremos. Seja com os filhos, netos ou sós. Aliás, Yellowstone é um lugar que todas as pessoas deveriam ver antes de morrer. Como dizem em inglês: “A must see destination”
Feliz e impressionado com o Grand Canyon of Yellowstone, no Yellowstone National Park, no Wyoming, nos Estados Unidos
Praia de El Tunco, litoral de El Salvador
Meio “avariado” pela mistura de bebidas da noite anterior, a minha manhã foi bem longa hoje. A falta de energia elétrica fez que o ar condicionado desligasse logo cedo e, um pouco mais tarde, já estávamos sem água no banheiro também. “No worries!”, como diriam os australianos. Fui para a piscina e cair na água fria foi como entrar no paraíso. Depois, na brisa fresca da manhã, achei uma cadeira de balanço bem confortável na sombra de um coqueiro e lá fiquei, até que a energia elétrica voltasse. Daí pude observar que o hotel e a praia estavam bem diferentes do sossego de ontem. Centenas de pessoas chegavam para aproveitar o dia ou o início da temporada praiana, depois de passarem o natal em casa. Mais um motivo para eu voltar à tranquilidade do meu quarto, agora com ar condicionado.
Nosso hotel La Guitarra, em El Tunco, litoral de El Salvador
Mais umas duas horas de sono e um Engov que a Ana me deu e eu já estada tinindo e com fome. Voltamos ao nosso café preferido na surf town, bem ao lado do rio que marca o fim de El Tunco e com vista para a praia e o mar e tivemos o nosso brunch saudável, salada de frutas com iogurte e granolas e sanduíche em baguete crocante. Saúde e paz nos cercavam de todos os lados, natureza exuberante e pessoas se divertindo ao fundo, música agradável nos altofalantes do café. Difícil imaginar cena mais tranquila e relaxante.
Domingão, praia cheia em El Tunco, litoral de El Salvador
Mais difícil ainda imaginar que esse país viveu uma longa e sangrenta guerra civil até pouco tempo. Pelo menos para mim, do alto dos meus quarenta e poucos anos. Fico imaginando que a maioria dos turistas daqui, ainda nos seus vinte e poucos, pouco ou nada sabem da história de El Salvador e só querem saber de pegar suas ondas no início do dia ou final da tarde. Alguns poucos devem ter lido algumas linhas sobre a guerra dos anos 80, mas linhas de livros são frias e vazias quando comparadas à realidade.
Felizmente, eu também não vivi essa realidade. Pelo menos, não de perto. Mas lembro-me de, quase diariamente, acompanhar as imagens e notícias da guerra, seja pelo Jornal Nacional, quando ainda era mais jovem, ou por jornais e revistas, já adolescente. Uma guerra sem fim e que parecia ser a eterna realidade desse pequeno país. Guerrilhas de esquerda tentando desapear do poder uma direita corrupta e violenta, sem nenhum apego aos direitos humanos, mas com apoio logístico e financeiro americano. O governo Reagan, na sua luta para vencer a Guerra Fria, principalmente aqui no seu “quintal”, tinha decidido que não queria uma outra Nicarágua na região. Nem que para isso precisasse sustentar um governo pavoroso como tinha o país naquela época. Sem esse apoio, certamente o governo teria caído e sabe-se lá o que teria ocorrido à El Salvador. Mas, na visão americana da época, certamente Honduras e Guatemala passariam a ser as bolas da vez, o “comunismo” chegando às portas dos Estados Unidos. Por isso, aqui, nesse pequeno país, se jogavam as grandes apostas de um mundo dividido. E eram os salvadorenhos que pagavam o pato.
Almoço saldável de Natal, em El Tunco, litoral de El Salvador
Dois lances marcaram essa guerra, um no seu início e outro já perto do seu fim. Em 1980 era assassinado a sangue frio, em plena celebração da missa, o arcebispo de San Salvador, Oscar Romero. Inicialmente um clérigo conservador, o arcebispo começou a vociferar em alto e bom tom contra as torturas, esquadrões da morte e o governo que as acobertava quando um padre jesuíta, seu amigo pessoal, foi vítima dessa guerra suja. Como nada foi apurado e a imprensa censurada era proibida de noticiar qualquer coisa sobre o assunto, Oscar Romero começou a usar suas missas para cobrar mudanças nessa política. Alguns meses depois, sem cerimônia, foi assassinado no púlpito. Governos de todo o mundo reagiram, a imprensa mundial veio cobrir o funeral e todos fomos testemunhas, via TV, do massacre ocorrido durante o enterro, transformado em grande manifestação. Dezenas de pessoas caindo mortas frente a tiros indiscriminados desferidos por agentes à paisana. Nada disso impediu que os EUA aumentassem a sua ajuda militar ao governo, já que para eles a alternativa seria ainda pior. Já no final da década, o governo Reagan mergulhado no escândalo Irã-Contras, a ajuda minguando para as ditaduras centro-americanas, a guerrilha resolveu apostar na “Ofensiva Final”. Chegaram à periferia da capital, o governo por um fio, mas a ajuda americana não falhou nessa hora e o poderio das armas falou mais alto. Novo empate técnico, guerra sem vitoriosos, promessa de mais anos turbulentos pela frente.
Domingão, praia cheia em El Tunco, litoral de El Salvador
Felizmente, vivíamos o fim da Guerra Fria, vencida pelos EUA de Reagan e Bush. Isso acabou possibilitando um grande acordo regional que pôs fim não só à guerra em El Salvador, mas também na Nicarágua. Timidamente, a democracia voltava também à Honduras e Guatemala. De lá para cá, muito melhorou nesses países, mas sem dúvida o caminho a percorrer ainda é longo.
Mas, enfim, a guerra foi substituída pela paz. Certamente, não a paz nos padrões de países de primeiro-mundo. Mas, se comparado à situação de anarquia anterior, certamente podemos chamar de paz, sim senhor. E foi essa “paz” que possibilitou a volta do turismo a esses belos países. Hoje aqui, na praia de El Tunco, o cenário era de paz. A guerra só estava na cabeça de um turista ainda meio ressacado e que procurava, nos olhos dos salvadorenhos mais velhos que encontrava, algum resquício, algum sinal da situação anterior. “Como será que esse pacato senhor que vende cocos na praia viveu a década de 80?”. “Como terá sido o natal de 1985 na praia de El Tunco?”. Perguntas para as quais não tenho resposta. Só duvido que tenha havido o belo show de jazz que tivemos aqui no La Guitarra, esta noite. Vantagens de se viver na paz...
El Tunco, litoral de El Salvador
O rio Cali e uma das igrejas de Cali, na Colômbia
Nesse nosso primeiro dia em Cali, São Pedro resolveu dar uma forçinha para o site (e não para nós!) e enviou chuva para o dia inteiro. Não tivemos escolha: tivemos todo o tempo do mundo para tentar recuperar um pouco dos posts e fotos atrasados.
Só saímos para uma rápida caminhada, com chuva mesmo, pelo centro novo da cidade, na popular Avenida 6, onde estão vários dos clubes de Salsa da cidade, e pela requintada Avenida 9, onde se encontram muitos restaurantes e lojas mais caras. Aqui na Colômbia, ruas e Avenidas não tem nome, apenas números. Meio sem graça mas, ao mesmo tempo, muito mais fácil de se localizar e ter noção da distância das coisas, mesmo para quem não conhece a cidade.
A avenida chique de Cali, na Colômbia
Terceira maior cidade do país, com cerca de 2,5 milhões de pessoas, a cidade não tem um histórico muito favorável sobre violência. Mas, é aquela velha história: se você sabe por onde andar, não há problema. Não era nosso caso ontem de noite quando, guiados pelo GPS, passamos por umas áreas bem casca grossa. Mas hoje, muito bem instalados em uma boa região, pudemos andar tranquilamente. Enfim, cidade grande como tantas outras da América Latina.
Para quem viveu e se lembra da década de 80 e início de 90, o nome "Cali" logo traz à mente o famoso cartel da cidade. O Cartel de Cali foi uma das mais poderosas organizações criminosas da história e chegou a dominar mais de 70% do comércio mundial de cocaína. Não é pouco! Tinham um PIB maior que o de muitos países. Aliás, a Colômbia não era um país fácil de se viver naquela época. Ao mesmo tempo, além do Cartel de Cali, tinha também o de Medellin, do afável Pablo Escobar, os grupos paramilitares de direita e três grupos terroristas importantes: as Farc, a ELN e o M-19. Gente ruim para todo lado!
Festival de Salsa em Cali, na Colômbia
O interessante é que todos esses grupos, além de "atormentarem" a sociedade colombiana, também se relacionavam entre si, às vezes como aliados, às vezes como inimigos mortais. Os cartéis de Cali e Medellin, por exemplo, para enfrentar os sequestradores das Farc (sequestravam parentes dos líderes dos cartéis), criaram um "eficiente" grupo de caça aos terroristas. Sua tática era simples: combater fogo com fogo. Quando as Farcs sequestravam um dos seus, os cartéis sequestravam vinte dos deles, entre líderes de sindicatos, políticos de partidos de esquerda, etc.... Aparentemente, as Farc levaram a pior neste embate. Mas a aliança entre os cartéis não durou muito. Logo estavam em guerra aberta e foi um grupo criado pelo Cartel de Cali, os "Los Pepes" que ajudou decisivamente a polícia a localizar e matar Pablo Escobar. Bom, o profissionalismo e eficiência do Cartel de Cali ajudou-os a se manter por cima durante muito tempo. Mas hoje, boa parte dos seus líderes estão presos, alguns deles nos EUA, extraditados por Uribe.
Enfim, essas histórias valem vários livros, mas não são o foco desse blog, hehehe. Amanhã temos mais um dia para explorar essa cidade, com ou sem a ajuda de São Pedro. Afinal, a fila tem de andar o que, no nosso caso, significa Bogotá!
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