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O Apogeu do Império Inca

Peru, Cusco

Fim de tarde glorioso nas ruínas de Saqsaywamán, em Cusco, no Peru

Fim de tarde glorioso nas ruínas de Saqsaywamán, em Cusco, no Peru


Por volta do ano de 1400, enquanto cristãos ainda lutavam para expulsar os mulçumanos da Península Ibérica, numa guerra que já durava cinco séculos, o noroeste da América do Sul tinha um complicado mapa político. Essa região onde floresceram as primeiras e as mais avançadas civilizações desse continente estava toda dividida em pequenos reinos e áreas de influência. Certamente, o mais poderoso desses reinos era o Chimu, localizado onde hoje é o Equador. Entre os reinos de menor significância, estava um centrado na cidade de Cusco, no coração do altiplano peruano. Os nobres desse reino formavam uma rígida casta social conhecida como “Incas”. Séculos mais tarde, os conquistadores espanhóis generalizariam erroneamente esse nome para todo aquele povo e a civilização, destinada a se tornar a mais poderosa de todo o mundo pré-colombiano, para sempre ficou conhecida como civilização Inca.

As ruínas da antiga fortaleza de Saqsaywamán, em Cusco, no Peru

As ruínas da antiga fortaleza de Saqsaywamán, em Cusco, no Peru


Os incas haviam se estabelecido na região de Cusco há pouco menos de dois séculos e, desde então, vivam em constante guerra com seus vizinhos, sem nunca adquirir grande importância. Governados por uma monarquia autocrática e um imperador que mais se confundia com um deus, o atual governante já era o oitavo da dinastia e se chamava Viracocha. Tudo caminhava para que ele fosse sucedido pelo seu filho mais velho e os incas pareciam para sempre condenados ao anonimato e insignificância histórica. Foi quando um evento mudou para sempre a sua história.

Com o Gustavo, visitando as ruínas de Saqsaywamán, em Cusco, no Peru

Com o Gustavo, visitando as ruínas de Saqsaywamán, em Cusco, no Peru


Cusco estava sitiada pelos arquirrivais dos incas, os Chancas. Tudo parecia perdido e Viracocha e seu filho mais velho deram no pé, querendo salvar a própria pele. Coube então a outro filho do imperador, o jovem Pachacuti, liderar o exército do reino, salvar a cidade e dar uma tremenda sova nos Chancas. Viracocha reconheceu o valor do filho mais novo e tratou de mudar a linha sucessória, nomeando-o seu sucessor. Foi o grande feito de sua vida, pois Pachacuti estava destinado a ser o mais importante dos Incas, levando o obscuro reino a tornar-se o mais vasto império da Terra quando morreu, algumas décadas mais tarde.

A 'Pegada do Jaguar', nas ruínas de Saqsaywamán, em Cusco, no Peru

A "Pegada do Jaguar", nas ruínas de Saqsaywamán, em Cusco, no Peru


Os enormes monolitos das ruínas de Saqsaywamán, em Cusco, no Peru

Os enormes monolitos das ruínas de Saqsaywamán, em Cusco, no Peru


Pachacuti não só levou uma vida de conquistas, levando o império até o Pacífico, no oeste, até Bolívia, no leste, e até o Equador, no norte, como reorganizou a cidade de Cusco, transformando-a numa verdadeira capital imperial e construindo seus mais importantes marcos arquitetônicos, como palácios e templos, aqueles que ainda hoje estão de pé na cidade. Ele também institucionalizou a tradição de dar o comando do exército ao filho eleito como sucessor, para que ele já fosse aprendendo (e sendo testado!) como líder militar.

O casal 1000dias assediado por fotógrafos durante visita às ruínas de Saqsaywamán, em Cusco, no Peru

O casal 1000dias assediado por fotógrafos durante visita às ruínas de Saqsaywamán, em Cusco, no Peru


Pois seu filho não o decepcionou! Topa Inca, ainda com o pai em vida, derrotou e anexou o poderoso reino de Chimu, o único que ainda fazia frente aos Incas. Depois, já como imperador, no ano de 1480, criou uma grande frota que teria chegado às Ilhas Galápagos e, possivelmente, à Ilha de Páscoa. Mas foi no reinado de seu filho e sucessor, Huayna Capac, que o Tahuantinsuyu, como o império inca era conhecido em sua própria língua, chegou ao apogeu. Começava no norte da Argentina e do Chile e se estendia até o sul da Colômbia. Sua área de influência ia ainda mais além, descendo os Andes e entrando na Amazônia, chegando ao Acre e, muitos dizem, ao Pantanal! Não é a toa que os índios contatados pelos portugueses lá no Paraná, no início do séc. XVI, sabiam da existência de um rico e vasto império nas “montanhas ocidentais”.

A bela vista que se tem de Cusco do alto das ruínas de Saqsaywamán, no Peru

A bela vista que se tem de Cusco do alto das ruínas de Saqsaywamán, no Peru


A bela vista que se tem de Cusco do alto das ruínas de Saqsaywamán, no Peru

A bela vista que se tem de Cusco do alto das ruínas de Saqsaywamán, no Peru


O vasto império estava muito bem organizado, ligado por uma incrível rede de estradas que cortavam planícies, planaltos e montanhas. Tudo indicava que mais um século de glórias se seguiria, quem sabe o império chegando à América central, no norte, a ao Brasil, no leste. Mas um acontecimento completamente inesperado e imprevisível colocaria fim a essa expansão, de maneira abrupta e trágica. Ainda mais rápido do que havia se formado e crescido, o império se desfaleceria. Um inimigo cruel e impiedoso se aproximava, vindo do outro lado do Oceano. Seu nome: varíola. Seu portador: os conquistadores espanhóis.

O incrível encaixe das construções incas nas ruínas de Saqsaywamán, em Cusco, no Peru

O incrível encaixe das construções incas nas ruínas de Saqsaywamán, em Cusco, no Peru


Há três décadas Colombo já havia chegado ao Caribe. Há vinte anos, os europeus já tinham feito seus primeiros contados no norte da América do sul. No México, Cortez havia subjugado o Império Asteca há apenas 8 anos, botando de joelhos um reino com quase 20 milhões de habitantes. Alheio a tudo isso, Huayna Capac levava seu império até a Colômbia, junto com seu filho e provável sucessor. Ali, além de novas glórias militares, eles se encontraram com uma estranha e misteriosa peste que estava matando milhares de pessoas, muito antes que qualquer tribo sul-americana fosse atingida pelas espadas espanholas. Era a varíola, que não fazia distinção entre pobres e ricos, mulheres ou homens, simples agricultores ou poderosos imperadores. Huayna e seu filho preferido caíram doentes. No seu leito de morte, sabendo também que seu primogênito não sobreviveria, Huayna ainda teve a chance de escolher, entre os mais de cem filhos, um outro sucessor. Era costume entre os Incas ter muitas mulheres oficiais, além de dezenas de concubinas. Quanto mais filhos, melhor. Ter mais de cem deles era comum, entre imperadores e nobres poderosos. Huayna acabou dividindo seu império em dois, entre um filho “oficial”, Huascar, que ficaria com Cusco e as províncias do sul, e um filho com uma concubina, Atahualpa, que ficaria com Quito, a segunda cidade mais importante do império, e as províncias do norte. Essa divisão, somada com a impressionante mortandade causada pela varíola, marcaria o fim dessa gloriosa civilização.

Turistas visitam, no fim da tarde, as ruínas de Saqsaywamán, em Cusco, no Peru

Turistas visitam, no fim da tarde, as ruínas de Saqsaywamán, em Cusco, no Peru


Como os espanhóis sabiamente se aproveitaram disso, é um assunto que vou tratar nos próximos posts, enquanto conhecemos algumas das ruínas deixadas pelos incas, em Cusco e no Valle Sagrado. Ontem e hoje, por exemplo, visitamos duas das mais famosas ruínas dos tempos do maior de todos os Incas, o grande Pachacuti: a fortaleza de Sacsayhuaman e o Palácio de Qorikancha.

O Gustavo aproveita um escorregador natural nas ruínas de Saqsaywamán, em Cusco, no Peru

O Gustavo aproveita um escorregador natural nas ruínas de Saqsaywamán, em Cusco, no Peru


Com um nome tão complicado, Sacsayhuaman acabou ganhando um apelido dos turistas que o visitam: “sexy woman”. Desse modo, fica muito mais fácil lembrarmos do nome. Nossos amigos holandeses, por exemplo, logo disseram que estavam acampados perto do “sexy woman”, quando nos escreveram para ensinar como chegar até lá. Foi para a tal “mulher sexy” que fomos com o Gustavo, depois da visita ao acampamento dos overlanders, ontem de tarde.

Descansando em um dos muitos tronos reais nas ruínas de Saqsaywamán, em Cusco, no Peru

Descansando em um dos muitos tronos reais nas ruínas de Saqsaywamán, em Cusco, no Peru


Na verdade. Sacsayhuaman não foi uma criação de Pachacuti, pois templos e construções já existiam por lá antes mesmo dos Incas chegarem à região de Cusco no séc. XII. O beleza do local, num platô com vista para todo o vale onde hoje está a cidade já inspirava os primeiros habitantes há alguns milênios. Mas foi Pachacuti que expandiu suas fortificações e construções, transformando-a na grande fortaleza que conhecemos hoje.

O Gustavo fotografa o pátio interno do Templo Mayor Inca, o Qorikancha, em Cusco, no Peru

O Gustavo fotografa o pátio interno do Templo Mayor Inca, o Qorikancha, em Cusco, no Peru


Uma visita a este local está em todos os roteiros de quem visita Cusco. Com efeito, lá estive há 23 anos, uma das lembranças mais fortes que tinha daquela época. Daquela vez, fomos em um tour, pois Sacsayhuaman está longe demais para se ir a pé. Agora, com a Fiona, ficou mais fácil e chegamos no finalzinho da tarde, com os outros turistas já indo embora. Contratamos uma guia ali mesmo e, por uma hora, caminhamos pela fortaleza, ela nos dando as informações históricas e técnicas. O que mais impressiona é o tamanho das pedras usadas nas construções. Como foram levadas até lá encima por um povo que não utilizava a roda e nem tinha animais de carga continua um mistério. Assim como o é a precisão com que essas pesadas pedras foram cortadas e encaixadas entre si. Não é a toa que há tanta gente que ainda acredita na ajuda de seres extraterrestres para fazer isso. Pessoalmente, acredito que acabamos por desmerecer essas engenhosas antigas civilizações ao dar os créditos aos ETs, e não a elas, por essas incríveis construções.

Pátio interno do Templo Mayor Inca, o Qorikancha, em Cusco, no Peru

Pátio interno do Templo Mayor Inca, o Qorikancha, em Cusco, no Peru


Por fim, foi exatamente em Sacsayhuaman que se deram algumas das mais sangrentas batalhas entre incas e espanhóis, o local onde europeus sofreram grandes baixas e os incas aprenderam que seus rivais não eram invencíveis. Foi durante o famoso “Cerco de Cusco”, em que o irmão de Pizarro foi morto. Mas também foram mortos milhares de guerreiros incas que, durante dias, tiveram seus corpos comidos por aves de rapina. O nome complicado da fortaleza vem daí: “local onde se alimentam os falcões”. Alimentavam-se de pessoas mortas...

Jardins do palácio Qorikancha, em Cusco, no Peru

Jardins do palácio Qorikancha, em Cusco, no Peru


Hoje em dia, aí são feitos os festivais que comemoram o solstício de inverno, numa grande festa de cores e tradições incas. Para quem não chega justo nessa época, o maior atrativo é mesmo o encaixe das enormes pedras. Parecem coladas umas às outras e nem uma faca pode entrar entre elas. É mesmo incrível...

Foto em parede do Templo Mayor, no mesmo lugar de 23 anos atrás, em Cusco, no Peru

Foto em parede do Templo Mayor, no mesmo lugar de 23 anos atrás, em Cusco, no Peru


A mesma técnica perfeita de encaixe pode ser observada no Qorikancha, o Templo Mayor do Incas, onde estivemos hoje. Esse sim, obra de Pachacuti, desde a sua fundação. Aqui, a técnica perfeita de construção nos mostrou mais um segredo: são a prova de terremotos! E a prova disso veio num grande tremor de terra na década de 50.

Caminhando pelo Qorikancha, ou Templo Mayor Inca, em Cusco, no Peru

Caminhando pelo Qorikancha, ou Templo Mayor Inca, em Cusco, no Peru


Quando os espanhóis conquistaram a cidade, muitas das construções incas foram destruídas ou desmontadas, e suas pedras usadas para a construção de ruas, praças e grandes mansões dos conquistadores. Outras, foram simplesmente cobertas por construções espanholas, como foi o caso do Qorikancha, usado como base para uma igreja dominicana. E lá permaneceu praticamente esquecido por quase 400 anos quando um grande terremoto botou a baixo boa parte das edificações coloniais da cidade. Mas o que ruiu, eram apenas as construções espanholas. As construções incas continuaram de pé, praticamente intactas.

Caminhando pelo Qorikancha, ou Templo Mayor Inca, em Cusco, no Peru

Caminhando pelo Qorikancha, ou Templo Mayor Inca, em Cusco, no Peru


Esse acabou sendo o lado bom do grande terremoto. Foi como se a cidade se desnudasse e um grande tesouro arqueológico reapareceu. Certamente, o de maior destaque foi o Qorikancha, que hoje podemos todos visitar, um dos maiores atrativos de Cusco, reminiscência de um período de glórias que só conhecíamos pelos relatos espanhóis daquela época. Também ele faz parte das visitas “obrigatórias” para quem vem à Cusco.

Relíquia Inca no Qorikancha, ou Templo Mayor, em Cusco, no Peru

Relíquia Inca no Qorikancha, ou Templo Mayor, em Cusco, no Peru


Mas a cidade oferece muito mais, e nem tudo são ruínas. Praças, ruas charmosas e vizinhanças envolventes. Assuntos para o próximo post...

Visita ao Qorikancha, ou Templo Mayor, em Cusco, no Peru

Visita ao Qorikancha, ou Templo Mayor, em Cusco, no Peru

Peru, Cusco, história, Inca

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Os Primeiros Dias em Martinica

Martinica, Fort-de-France

Caminhando pela magnífica praia Les Salines, em Sainte Anne, no sul de Martinica

Caminhando pela magnífica praia Les Salines, em Sainte Anne, no sul de Martinica


Depois de descoberta por Colombo e ter as frágeis tentativas de ocupação por parte dos espanhóis repelidas pelos índios Caribs, a ilha teve de esperar outros 130 anos para que os europeus tentassem novamente. Dessa vez, foram os franceses, que chegaram decididos a colonizar a ilha e se instalaram no norte, fundando a cidade que seria a capital de Martinica até 1902, St. Pierre. Menos de duas décadas mais tarde, os colonizadores já haviam atravessado a ilha de norte a sul e construído um forte numa enorme baía na costa sudoeste, o que viria a se transformar em Fort-de-France, a atual capital de Martinica. No processo, foram derrubando as florestas para fazer espaço para suas plantations de cana-de-açúcar, tocadas à mão-de-obra negra escrava. Os Caribs até tentaram resistir, mas os que não foram mortos, fugiram para a vizinha Dominica.

Despedida de Roseau e de Dominica, no Caribe

Despedida de Roseau e de Dominica, no Caribe


Firmemente instalados na ilha, os franceses só viram sua supremacia ameaçada no perído entre a Revolução Francesa e as Guerras Napoleônicas, quando os ingleses ocuparam a ilha por diversas vezes. Para os proprietários das plantations, foi até um bom negócio, pois passaram a ter acesso ao rico mercado inglês e de suas colônias.

Deck superior do ferry entre Dominica e Martinica

Deck superior do ferry entre Dominica e Martinica


É dessa época a mais famosa personagem da história de Martinica. A jovem Maria Josefina era filha de um grande aristocrata local. Depois de um rápido casamento com um rico oficial do exército, quando teve duas filhas, a bela moça se engraçou com um desconhecido militar francês, sete anos mais novo do que ela, que estava servindo em Martinica. Seu nome: Napoleão Bonaparte.

Chegando em Fort-de-France, capital da Martinica, a mais urbanizada ilha do leste do Caribe

Chegando em Fort-de-France, capital da Martinica, a mais urbanizada ilha do leste do Caribe


Pois é, o tal Napoleão logo começou a se destacar como líder militar durante várias campanhas já no governo revolucionário. Ao fim, foi ele que acabou por botar ordem na casa, depois que a Revolução Francesa se deteriorou em desordem e matanças intermináveis. Nuna esqueceu seu primeiro amor e com ela se casou, em 1804, tornando-se Imperador da França e fazendo de Maria Josefina a imperatriz.

Loja de rede francesa em Sainte Anne, no sul de Martinica

Loja de rede francesa em Sainte Anne, no sul de Martinica


Consta que foi por influência dela que Napoleão reinstituiu a escravidão nas ilhas francesas do Caribe, que havia sido abolida durante o governo revolucionário. Ela estava defendendo os interesses de sua família, grande proprietária de terras. É por isso que sua figura não é muito popular na Martinica, cuja população é composta, na sua maioria, por descendentes de escravos. Pois é, já é difícil se imaginar escravo. Agora, se imaginar escravo que ganha a sua liberdade para, anos depois, ser re-escravizado, isso é mais difícil ainda...

Com nossos amigos suecos, Maria e Douglas, em Fort-de-France, capital da Martinica

Com nossos amigos suecos, Maria e Douglas, em Fort-de-France, capital da Martinica


Josefina também perdeu sua popularidade com o líder francês. Depois de cinco anos sem conseguir lhe dar um descendente, o casamento terminou em divórcio. Mas, ironia do destino, a filha do primeiro casamento de Josefina acabou se casando com o irmão de Napoleão. Eles sim tiveram filhos e foi um deles que, quatro décadas mais tarde, seria coroado imperador com o título de Napoleão III (by the way, nunca houve um “Segundo”!).

Com nossos amigos suecos, Maria e Douglas, na pousada deles em Anse Mitan, ao sul de Fort-de-France, na Martinica

Com nossos amigos suecos, Maria e Douglas, na pousada deles em Anse Mitan, ao sul de Fort-de-France, na Martinica


O fim definitivo da escravidão, nos anos de 1840, trouxeram dificuldades para a economia da ilha. Mas Martinica nunca deixou de ser a mais desenvolvida economia do leste do Caribe. Hoje, é mais urbanizada ilha da região e, tecnicamente, é um departamento francês, assim como Guadalupe e qualquer outro na França continental. Elege seus deputados, senador e vota para presidente. Enfim, aqui é a França, aqui é a Europa.

Praia de Grande Anse, no sudoeste de Martinica

Praia de Grande Anse, no sudoeste de Martinica


Nós saímos ontem cedinho de Roseau, na Dominica, de ferry. Ainda tivemos um tempo para fotografar a capital dominicana e logo já víamos a ilha do mar, suas cidades espremidas entre as montanhas e o oceano. Algum tempo depois, já chegávamos à costa de Martinica, onde duas coisas logo chamaram a atenção: o infame Mt Pelée, o vulcão responsável pela grande tragédia de 1902 (trato disso no próximo post) e a grande urbanização da ilha.

Tempo de relaxar e ler sobre o país, na praia de Grande Anse, no sudoeste da Martinica

Tempo de relaxar e ler sobre o país, na praia de Grande Anse, no sudoeste da Martinica


Desembarcados, no processo de encontrar uma locadora de automóveis, todas fechadas para almoço, ficamos amigos de outro casal que também procurava seu carro. São os simpáticos suecos Douglas e Maria. Ele é um imigrante da República dos Camarões e ela tem a aparência mais sueca possível, com uma certa influência norueguesa, para ficar ainda mais loira. Enfim, formam um casal muito interessante. Recém casados, em lua-de-mel, estamos curiosos para ver os filhos!

A bela igreja de Anse D'Arlet, no sudoeste da Martinica

A bela igreja de Anse D'Arlet, no sudoeste da Martinica


Quando as locadoras abriram, não quiseram alugar um carro para eles, já que o Douglas não tem carteira e a Maria tem menos de dois anos de direção. Assim, oferecemos uma carona para eles até a pousada que já tinham reservado, numa grande península do outro lado da baía onde está Fort-de-France. Aí nos despedimos e nós continuamos dando a volta na tal península, passando pelas simpáticas Grande Anse e Anse D’Arlet, duas pequenas e pitorescas vilas em frente ao mar.


Nosso trajeto em Martinica

Mas resolvemos seguir viagem até Sainte-Anne, a cidade mais ao sul de Martinica, já na faixa central da ilha. Ali está a praia considerada a mais bonita do país, Les Salines. Depois de uma grande dificuldade em achar local para dormir (os hotéis simplesmente deixam de funcionar na época de baixa estação!), uma simpática senhora a quem pedíamos informações (meu francês já está tinindo!) simplesmente pegou o seu carro e nos guiou até um hotel que ela sabia que estava funcionando. Merci Beucoup!

Um  delicioso recanto na estrada pouco antes de chegar em Le Marin, no sul de Martinica

Um delicioso recanto na estrada pouco antes de chegar em Le Marin, no sul de Martinica


A bela praia Les Salines, em Sainte Anne, no sul de Martinica

A bela praia Les Salines, em Sainte Anne, no sul de Martinica


Hoje passamos o dia desfrutando dessa praia maravilhosa, uma longa faixa de areias brancas ladeada por uma coluna de árvores e coqueiros, e em frente a um mar azul típico do Caribe. Ali pertinho, a famosa “Diamond Rock”.

A famosa 'Diamond Rock', usada como 'navio' pelos ingleses, em suas guerras contra Napoleão (sul da Martinica)

A famosa "Diamond Rock", usada como "navio" pelos ingleses, em suas guerras contra Napoleão (sul da Martinica)


Essa ilha, na verdade um grande rochedo a poucos quilômetros da costa, foi tomada por ingleses na época napoleônica. Aí instalaram uma base e menos de duas centenas de marujos a fizeram inexpugnável. Tratavam-na, mesmo oficialmente, como um navio, o “unsinkable HMS Diamond Rock”. De lá, ficavam atacando os navios comerciais franceses que tentavam transitar por aquela movimentada costa. Depois de muitas tentativas infrutíferas de desalojá-los, um comandante francês teve a brilhante ideia: fez chegar à ilha alguns barris do exelente rum produzido em Martinica. Na mesma noite, estavam todos bêbados e não conseguiram resistir ao ataque francês. O “navio” não foi afundado, mas ao menos, foi conquistado!

Vendedora de praia com estilo, em Sainte Anne, no sul de Martinica

Vendedora de praia com estilo, em Sainte Anne, no sul de Martinica


Tarde preguiçosa na praia Les Salines, em Sainte Anne, no sul de Martinica

Tarde preguiçosa na praia Les Salines, em Sainte Anne, no sul de Martinica


Bom, como ia dizendo, nós passamos um dia delicioso na praia, ora caminhando, ora nadando, ora não fazendo absolutamente nada, numa das muitas sombras na praia. Uma delícia! Aproveitamos também para trabalhar e tentar botar um pouco o site em dia, tarefa nada fácil! Muito bem acompanhados de queijos e vinho nacionais, sempre inspiradores, trabalhamos nos nossos respectivos computadores, para relatar o passado e planejar o futuro. Amanhã, seguimos para St. Pierre, no norte, aos pés do Mt. Pelée. E nossa passagem para Sta Lúcia também já está comprada. Vamos no dia 17.

Hora de trabalhar, com ajuda de queijos e vinhos, em Sainte Anne, no sul de Martinica

Hora de trabalhar, com ajuda de queijos e vinhos, em Sainte Anne, no sul de Martinica

Martinica, Fort-de-France, história, Praia

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Mercados e Estradas

Equador, Quito

Lanche rápido no Mercado de Comidas de Otavalo, no Equador

Lanche rápido no Mercado de Comidas de Otavalo, no Equador


Hoje resolvemos explorar a região ao norte de Quito, já chegando bem perto da fronteira com a Colômbia. Nossos planos eram ambiciosos: viajar até Otavalo, onde está um dos mais famosos mercados andinos do continente, explorar um pouco da bela natureza ao seu redor, seguir por estradas secundárias até Mindo, o melhor local do país para se observar pássaros e, na volta para Quito, passar por "Mitad del Mundo", onde há um museu e um monumento marcando o local por onde passa a linha do Equador. Aí, quem sabe, se ainda chegássemos à tempo, subir o teleférico para se ter as melhores vistas de Quito.

O famoso mercado de Otavalo, no Equador

O famoso mercado de Otavalo, no Equador


Logo no início já deu para perceber que seria meio difícil fazer isso tudo. A rodovia Panamericana, que liga Quito à Otavalo é completamente atravancada. Muitas curvas, muitas subidas, muitos caminhões, pista simples. Com muita paciência, fomos seguindo, felizes que a volta não seria por ali, mas pelas tais "estradas secundárias". O GPS sugeria que voltássemos para Quito pela Panamericana e, de lá, fôssemos para Mindo. Mas, de posse do mapa rodoviário do país, estava decidido a fazer o caminho alternativo e não ter de pegar aquela estrada outra vez.

O famoso mercado de Otavalo, no Equador

O famoso mercado de Otavalo, no Equador


O mercado de Otavalo ocorre diariamente, mas é no sábado que é maior e atrai milhares de turistas. Depois de Galápagos, é considerado a maior atração turística do país. Nós resolvemos ir na sexta mesmo, para fugir das multidões. Em dias de semana é bem mais tranquilo e ocupa "apenas" uma praça. Cheio daquelas malhas e casacos coloridos que são a cara dos Andes. Passeamos um pouco por ali e a Ana, a Laura e o Rafa não resistiram e compraram todos um belo chapéu Panamá, para protegê-los do sol. No resto do dia, estavam todos uniformizados, uma mistura de Indiana Jones e do boto do Ricceli.

A Laura experimenta chapéu no mercado de Otavalo, no Equador

A Laura experimenta chapéu no mercado de Otavalo, no Equador


Chapéu novo comprado no mercado de Otavalo, no Equador

Chapéu novo comprado no mercado de Otavalo, no Equador


Outra atração é o mercado de comida, cheio de cores, cheiros e formas, uma experiência para nossos sentidos. Passamos um bom tempo experimentando frutas, comidas exóticas e, claro, fotografando e socializando com os locais.

Amoras e morangos no Mercado de Comidas de Otavalo, no Equador

Amoras e morangos no Mercado de Comidas de Otavalo, no Equador


Um rápido almoço num charmoso restaurante vegetariano e estávamos prontos para seguir em frente. Próxima parada: a laguna de Cuicocha, formada numa antiga caldeira de vulcão. É possível percorrer uma trilha de 4 horas ao redor da laguna, mas nós fizemos só um pedacinho, o bastante para tirar fotos desse lugar incrível.

Visitando a laguna Cuicocha, uma antiga caldeira de vulcão, na região de Otavalo - Equador

Visitando a laguna Cuicocha, uma antiga caldeira de vulcão, na região de Otavalo - Equador


Aí, era hora de acelerar para a próxima atração, a pequena cidade de Mindo, no limite entre as terras altas e a floresta tropical, ecossistema preferido de centenas de espécies de pássaros e paraíso dos "birdwatchers". Mas as estradas secundárias eram, na verdade, terciárias e quaternárias e o nosso ritmo de deslocamento caiu bastante. Principalmente com a forte neblina que não nos deixava ver mais de 3 metros à frente.

Visitando a bela Laguna Cuicocha, uma antiga caldeira de vulcão, na região de Otavalo, no Equador

Visitando a bela Laguna Cuicocha, uma antiga caldeira de vulcão, na região de Otavalo, no Equador


Bem devagarzinho fomos descendo a serra até chegar abaixo do nível das nuvens. A paisagem era de um verde exuberante, rios e montanhas, matas e pequenas vilas. Nossa estrada de terra passava de uma vale para o outro, ziguezagueava encostas e ribanceiras, cruzava estreitas pontes de madeira. O visual era maravilhoso, bucólico e tropical. Para nós, acostumados agora com os desertos do Chile e Peru, o contraste era maior ainda.

Atravessando uma fortíssima neblina na região ao norte de Quito, no Equador

Atravessando uma fortíssima neblina na região ao norte de Quito, no Equador


Mas o tempo foi passando, passando, passando e Mindo se foi pelos ares. Nosso objetivo, agora, era chegar na Mitad del Mundo antes que fechasse, às 18:00. Pura ilusão. O relógio avançava inclementemente. Já estava escuro quando lá chegamos, enfim de volta ao asfalto. Teremos de voltar aqui alguma hora, possivelmente depois de Galápagos. O mesmo vale para a subida ao teleférico.

Procurando caminhos nas montanhas verdes ao norte de Quito, no Equador

Procurando caminhos nas montanhas verdes ao norte de Quito, no Equador


Voltamos ao nosso hotel e, de noite, fomos conhecer a agitada noite da Plaza Foch, o coração de Mariscal. Dezenas de bares, restaurantes e boates, todos lotados numa noite de sexta-feira. Por sugestão de um amigo, escolhemos o Tapas e Vinhos, bem em frente à praça.

Jantando em restaurante na Plaza Foch, em Mariscal, Quito - Equador

Jantando em restaurante na Plaza Foch, em Mariscal, Quito - Equador


Amanhã cedo vamos tentar marcar nossas subidas nos vulcões Cotopaxi e Timborazo, os maiores do mundo em suas respectivas "categorias" (vulcão ativo e vulcão extinto). Depois, é partir para o sul, às cidades de Baños e Cuenca e o que mais der tempo antes de partirmos para Galápagos, no dia 25 pela manhã. Vamos que vamos!

Mercado de Otavalo - Equador

Mercado de Otavalo - Equador

Equador, Quito, Cuicocha

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Au Voir, Martinica

Martinica, Fort-de-France, Santa Lúcia, Castries, Saint-Pierre, Soufriere

Catedral de Fort-de-France, capital da Martinica

Catedral de Fort-de-France, capital da Martinica


Hoje a Ana acordou animada para um banho de lama. A lama trazida lá do Desolation Valley, em Dominica. Então, aqui na Martinica, com lama da Dominica, na nossa última manhã antes de seguirmos para Santa Lucia, fomos pegar uma praia na frente do hotel, ela toda cinza, enlameada. As pessoas não entendiam nada, ver aquele estranho ser cruzando a estrada, hehehe.

Indo para a praia coberta de lama vulcânica, em St. Pierre, na Martinica

Indo para a praia coberta de lama vulcânica, em St. Pierre, na Martinica


Bem, passamos uma hora por lá, nadamos e caminhamos e seguimos viagem para a capital, Fort-de-France, de onde parte o ferry para Santa Lucia.

Tomando sol com lama vulcânica, em praia de St. Pierre, na Martinica

Tomando sol com lama vulcânica, em praia de St. Pierre, na Martinica


A cidade, ou pelo menos o centro, fica completamente morto aos domingos. Nós caminhamos um pouco em frente ao Fort Saint Louis, que deu origem à cidade, atravessamos o parque La Savane e fomos ver e fotografar a catedral e o prédio da biblioteca, o principal marco arquitetônico da cidade.

Prédio da biblioteca, marco arquitetônico de Fort-de-France, capital da Martinica

Prédio da biblioteca, marco arquitetônico de Fort-de-France, capital da Martinica


Na verdade, há outro também, uma igreja que fica na parte alta da cidade, na periferia. Uma réplica em menor escala da Sacre Coeur de Paris. Tínhamos passado por lá na nossa viagem entre o sul e o norte da ilha, há dois dias.

A igreja Sacre Coeur de Balate, muito parecida com a original parisiense, na periferia de Fort-de-France, capital da Martinica

A igreja Sacre Coeur de Balate, muito parecida com a original parisiense, na periferia de Fort-de-France, capital da Martinica


Interior da igreja Sacre Coeur de Balate, em Fort-de-France, na Martinica

Interior da igreja Sacre Coeur de Balate, em Fort-de-France, na Martinica


Por fim, deixei a Ana muito bem instalada num dos poucos restaurantes abertos na cidade e segui para o aeroporto, para devolver o carro. Tudo porque, no Domingo, até as lojas de aluguel de carro estão fechadas no centro. Sem nenhum trânsito, pouco mais de meia hora e eu já estava de volta, de táxi. Juntos, mochilas nas costas, atravessamos novamente o Savane e fomos para o terminal.

Atravessando o parque La Savane, o principal de Fort-de-France, capital da Martinica

Atravessando o parque La Savane, o principal de Fort-de-France, capital da Martinica


Menos de duas horas mais tarde chegávamos à Castries, capital de Santa Lucia. Outra ilha bastante montanhosa no nosso caminho! Entre as montanhas, as famosas “Pitons”, duas incríveis montanhas com formato piramidal, o cartão postal mais famoso do país. Ficam no sul, na cidade de Soufriere, e foi para lá que seguimos diretamente, logo após alugar um carro no aeroporto “local” de Castries.

Atravessando o parque La Savane, o principal de Fort-de-France, capital da Martinica

Atravessando o parque La Savane, o principal de Fort-de-France, capital da Martinica


Era o único local com locadoras abertas num domingo de tarde. De lá partem os voos para as outras ilhas do Caribe e será daí que voaremos para Saint Vincent dia 23. Teremos um bom tempo por aqui e começaremos pela parte sul da ilha, onde estão as Pitons e o turismo de aventura. A parte norte, onde estão a maioria dos resorts que atraem milionários do mundo inteiro, visitaremos mais tarde.

O Fort S. Luis, que deu origem á cidade de Fort-de-France, capital de Martinica

O Fort S. Luis, que deu origem á cidade de Fort-de-France, capital de Martinica


Chegamos em Soufriere já de noite e na praia em frente ao hotel havia uma festa local. Logo tentamos nos misturar, mas não tinha jeito de não chamarmos a atenção. Eu era o único moreno na festa. De loira, tinha a Ana. Os outros, eram como se estivéssemos na Tanzânia ou na Nigéria. Muito legal, o nosso pedaço da África na América!

O Fort S. Luis, que deu origem á cidade de Fort-de-France, capital de Martinica

O Fort S. Luis, que deu origem á cidade de Fort-de-France, capital de Martinica


No escuro, lá estava o impressionante vulto da Petit Piton, do outro lado da praia. Tentamos, de todas as maneiras, fotografá-la. Mas não conseguimos. Mas a visão era maravilhosa! Estamos ansiosos pela luz do sol, para podermos ver essa incrível montanha com as cores que o dia traz. Agora de noite, já deu para ver que vai ser muito mais bonito que imaginávamos!

Praia ao lado do Fort S. Louis, em Fort-de-France, capital de Martinica

Praia ao lado do Fort S. Louis, em Fort-de-France, capital de Martinica

Martinica, Fort-de-France, Santa Lúcia, Castries, Saint-Pierre, Soufriere, Praia

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Au Coeur de L'Amérique Française

Canadá, Quebec

Rua movimentada no centro histórico de Quebec, no Canadá

Rua movimentada no centro histórico de Quebec, no Canadá


Geralmente, imaginamos o nosso continente americano colonizado por portugueses (Brasil), ingleses (EUA e Canadá) e espanhóis (os outros países, da Argentina até o México). Franceses e holandeses seriam apenas “curiosidades históricas”. Na verdade, essa denominação deveria ser dada a suecos e dinamarqueses, que também estiveram por aqui (quem acompanhou nossa passagem por St. Barth e Ilhas Viirgens Americanas sabe disso!), enquanto holandeses e franceses, esses sim, tiveram uma participação bem importante na formação do nosso continente. Os primeiros, em várias ilhas do Caribe, além de uma importante passagem pelo Nordeste do Brasil e na criação da cidade de Nova York, e os últimos, também no Caribe e em boa parte da América do Norte.

Pessoas fantasiadas passeiam pelo centro histórico de Quebec, no Canadá

Pessoas fantasiadas passeiam pelo centro histórico de Quebec, no Canadá


Pois é, os gauleses tem uma rica participação na história, não só do Canadá, mas também dos Estados Unidos. Foram os seus exploradores os primeiros a se aventurar pelo interior do continente, chegando aos Grandes Lagos, navegando pelo Mississipi e cruzando as Montanhas Rochosas. Fundaram importantes cidades como Quebec e Montreal, no Canadá, Chicago e New Orleans, nos Estados Unidos e até hoje o francês é a língua falada por milhões de habitantes da América do Norte, especialmente no leste do Canadá.

Pessoas fantasiadas passeiam pelo centro histórico de Quebec, no Canadá

Pessoas fantasiadas passeiam pelo centro histórico de Quebec, no Canadá


Depois do primeiro ímpeto exploratório no início do séc XVI, o que trouxe os franceses ao Canadá 100 anos mais tarde foi o lucrativo comércio de peles, principalmente de castor A demanda europeia por chapéus gerava tanta riqueza que foi capaz de sustentar a vinda de milhares de famílias para o novo continente., estabelecidas na região ao sul da província de Quebec, principalmente na cidade de mesmo nome.

Pessoas fantasiadas passeiam pelo centro histórico de Quebec, no Canadá

Pessoas fantasiadas passeiam pelo centro histórico de Quebec, no Canadá


Mas o comércio de peles era tão lucrativo que atraiu as ambições de outra nação: a Inglaterra. Um pouco depois dos franceses, eram os ingleses que chegavam, proclamando-se também senhores daquelas novas terras. Enquanto a rivalidade e disputa entre as duas nações europeias aumentavam, os franceses foram fazendo uma rede de alianças com as populações indígenas locais. E foram esses índios que ensinaram a seus aliados os caminhos e rotas do novo continente. Não demorou muito para que os franceses chegassem aos Grandes Lagos, quase um oceano de água doce em pleno coração do continente. Dos lagos, chegaram ao Mississipi e, descendo o rio, atravessaram a região central dos Estados Unidos, chegando ao Golfo do México. No caminho, foram fundando entrepostos comerciais e fortes que deram origem às cidades de Detroit, Chicago, St. Louis e New Orleans.

Pessoas fantasiadas passeiam pelo centro histórico de Quebec, no Canadá

Pessoas fantasiadas passeiam pelo centro histórico de Quebec, no Canadá


Mais ao norte, as disputas com os ingleses culminaram com a Guerra dos 7 Anos, vencida pela Inglaterra em 1763. A batalha lutada ao lado dos muros da cidade de Quebec, nas “Plains of Abraham”, em 1759, definiu os rumos da guerra, do continente e, quiçá, do mundo. Foi tão sangrenta e decisiva que os comandantes dos dois exércitos morreram na luta. A suada vitória inglesa, consolidada no Tratado de Paris em 1764, fez com que a França reconhecesse a soberania inglesa em todo o Canadá. Em troca, pôde manter a posse de Guadalupe, no Caribe. Na época, a ilha era mais importante para os planos coloniais franceses do que o Canadá...

A guarda da Citadela de Quebec, no Canadá

A guarda da Citadela de Quebec, no Canadá


Os ingleses colocaram em prática, então, o seu plano de suprimir a cultura francesa da região. Católicos (franceses eram católicos e ingleses, anglicanos) eram proibidos de ocupar cargos públicos, a imigração de franceses para fora do Canadá era incentivada (e às vezes, forçada) e o uso da língua, reprimido. Essas medidas tiveram o efeito contrário ao desejado, a comunidade francófona se unindo ainda mais na defesa de sua cultura e modo de vida. Foi nessa hora que acontecimentos mais ao sul do continente fizeram os ingleses mudar sua política.

Pessoas fantasiadas caminham pelo centro de Quebeq, no Canadá

Pessoas fantasiadas caminham pelo centro de Quebeq, no Canadá


Era a Guerra de Independência das 13 colônias. Cientes de que a confusão chegaria até lá, os ingleses trataram de ganhar a simpatia dos habitantes franceses, revogando a política de supressão da sua cultura. Estavam certos! Não demorou muito para que revolucionários americanos ocupassem Montreal e tentassem o mesmo em Quebec. Mas, para sua surpresa, os franceses ainda se sentiam menos simpáticos a eles do que aos ingleses. Nem a lábia de Benjamim Franklin, nem o fato dos exércitos da própria França lutarem ao lado dos revolucionários americanos comoveram os franco-canadenses. Eles não se juntaram à revolução, repeliram os americanos em Quebec e os expulsaram de Montreal, com a ajuda dos exércitos ingleses que chegaram à região.

O interessante Museu da América Francesa, num seminário em Quebeq, no Canadá

O interessante Museu da América Francesa, num seminário em Quebeq, no Canadá


Bom, ao final da guerra, os Estados Unidos eram um país livre e o Canadá permanecia inglês, agora com a população reforçada por milhares de realistas (fiéis ao rei) que emigraram das colônias rebeldes. Enquanto isso, ao oeste do Mississipi, a região conhecida como Louisiana permanecia uma colônia francesa. Essa região era muito maior que o atual estado da Louisiana, no sul dos Estados Unidos. Ela se estendia do Mississipi até as Montanhas Rochosas, e da fronteira do Canadá até o golfo do México. Com exceção das cidades ao longo do rio e na costa do Golfo, era povoada basicamente por povos indígenas, que desconheciam seu status de “súditos do rei da França”. Na verdade, de Napoleão, que era quem mandava na França naquela época.

O interessante Museu da América Francesa, num seminário em Quebeq, no Canadá

O interessante Museu da América Francesa, num seminário em Quebeq, no Canadá


Mas Napoleão, após ter seu exército derrotado pela febre amarela no Haiti e, com isso, ver cair por terra seus sonhos de um império colonial na América, achou por bem vender suas posses da Louisiana para os Estados Unidos. Além de precisar de dinheiro para sustentar suas guerras contra os ingleses, ele não via possibilidade de defender suas vastas e despopuladas terras na América do Norte contra as futuras ameaças. Foi assim que cidades francesas como New Orleans e St. Louis passaram a ser americanas.

O muro que cerca o centro histórico de Quebec, no Canadá

O muro que cerca o centro histórico de Quebec, no Canadá


Uma outra guerra, que este ano completa 200 anos, ainda marcaria a relação de americanos e canadenses. Vou falar mais sobre ela quando passar em Toronto, mas o fato é que ela serviu de vez para criar um sentido de “identidade canadense”, ajudando a cimentar os laços entre dois povos para a criação de uma só nação. Enquanto isso, na poderosa nação que se formava no sul, foram “guias franceses” que ensinaram aos americanos os tortuosos caminhos que levavam do Mississipi à Califórnia e ao Pacífico, principalmente as secretas passagens pelas Montanhas Rochosas. A ligação com o oeste da América continuava forte entre os franco-canadenses até a época da grande corrida do ouro, na metade do século XIX. Entre os primeiros imigrantes, estavam aqueles de língua francesa e, no auge do boom, Los Angeles e San Francisco tinham 20% de sua população falando francês, além de prefeitos oriundos da província de Quebec. Também para a região da Nova Inglaterra eles migraram (o nome Vermont vem do francês “Verdes Montes”) e apenas no estado do Maine, na virada dos séc XIX para o XX, mais de 100 jornais e revistas eram editados na língua francesa.

Altar da Catedarl Holy Trinity, em Quebec, no Canadá

Altar da Catedarl Holy Trinity, em Quebec, no Canadá


Já no Canadá, a relação entre os habitantes de língua inglesa e francesa sempre teve seus altos e baixos. A política atual, de valorização de culturas diferentes, é relativamente recente e os francófonos sempre reclamaram de uma certa perseguição. Mesmo bem recentemente, falava-se e defendia-se abertamente a separação da província e a criação de um novo país. Por duas vezes foram realizados referendos, o último deles em 1995, perguntando à população sobre o desejo de um país independente. Uma diferença menor que 1% manteve o país unido. Felizmente, desde então as novas gerações tem tido outras preocupações enquanto o país se preocupa cada vez mais em valorizar suas diferenças culturais. Aprendeu que, com isso, só tem a ganhar, a começar pelo turismo, nacional e internacional.

O famoso Chateau Frontenac, um dos mais fotografados hoteis do mundo, em Quebec, no Canadá

O famoso Chateau Frontenac, um dos mais fotografados hoteis do mundo, em Quebec, no Canadá


Nós, por exemplo, estamos maravilhados com a cultura que encontramos por aqui, desde estilos arquitetônicos até a culinária saborosa, passando pela música, vestuário e, enfim, todo um modo de vida característico. E a cidade de Quebec, ou Ville de Quebec, é o melhor exemplo disso, o centro irradiador da cultura francesa na América, a prova viva de que nós, americanos, também sabemos fazer queijo e vinho, falar francês e fazer biquinho. É uma delícia se sentir em Paris estando no nosso continente. Depois da verdadeira aula que tivemos no Museu da América Francesa e das refeições deliciosas que estamos tendo na cidade, só podemos dizer, am alto e bom francês: “Vivre L’Amérique Française!”

Show de fogos animam mais uma noite de verão em Quebec, no Canadá

Show de fogos animam mais uma noite de verão em Quebec, no Canadá

Canadá, Quebec, história

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Um City Tour de Despedidas

Argentina, Buenos Aires

Um lindo dia de sol na Plaza de Mayo, em Buenos Aires, capital da Argentina

Um lindo dia de sol na Plaza de Mayo, em Buenos Aires, capital da Argentina


Acordamos hoje excitados! Afinal, era o dia do embarque, momento tão esperado nas últimas semanas de contagem regressiva mental. Um sonho prestes a se tornar realidade. Um barco rumo aos mares do sul, à Antártida. Antes mesmo de descermos para o café, as malas já estavam arrumadas e deixadas na porta do quarto, conforme havíamos sido orientados a fazer, na véspera. Enquanto tomássemos tranquilamente nosso café, a equipe da expedição se encarregaria de descer as malas para o saguão do hotel. Depois de tudo conferido e do okay de cada passageiro sobre sua mala, elas iriam para o ônibus e seguiriam diretamente para os nossos quartos no barco. Sim, elas iriam diretamente, nós não.

Em dia de sol, volta ao Cemitério da Recoleta, em Buenos Aires, capital da Argentina

Em dia de sol, volta ao Cemitério da Recoleta, em Buenos Aires, capital da Argentina


Túmulos e mausoléus no Cemitério da Recoleta, em Buenos Aires, capital da Argentina

Túmulos e mausoléus no Cemitério da Recoleta, em Buenos Aires, capital da Argentina


Ainda tínhamos um último compromisso na cidade. O pacote para a Antártida incluía também um rápido city tour por Buenos Aires, na manhã de hoje. Alguns poucos passageiros mais ansiosos optaram por pular isso e seguir para o barco diretamente. Mas a grande maioria quis sim fazer o belo passeio. Nós também! Apesar de já termos ido a boa parte das atrações do city tour nos últimos dias, havia dois bons motivos para seguirmos com eles. Em primeiro lugar, o dia estava lindo, céu azul e sol radiante. Ótimo para fotos, ao contrário do dia em que estivemos na Recoleta, que estava bem nublado. Em segundo lugar, o tour incluía uma passagem por La Boca, o tradicional bairro operário de Buenos Aires, onde está o famoso “Caminito” e também o estádio da Bombonera, casa do poderoso Boca Juniors. Como já sabíamos de antemão que o tour passaria por lá, não fizemos essa visita antes, aguardando o passeio de hoje.

Túmulos e mausoléus no Cemitério da Recoleta, em Buenos Aires, capital da Argentina

Túmulos e mausoléus no Cemitério da Recoleta, em Buenos Aires, capital da Argentina


Mausoléus e túmulos sempre bem trabalhados no Cemitério da Recoleta, em Buenos Aires, capital da Argentina

Mausoléus e túmulos sempre bem trabalhados no Cemitério da Recoleta, em Buenos Aires, capital da Argentina


Então, todos nos dois ônibus e lá fomos nós, a simpática guia com um inglês bem cucaracha tentando dar explicações pelo péssimo sistema de som e que pouca gente queria entender ou prestar atenção. Percorremos a grandiosa 9 de Julio, alguns grandes prédios históricos sendo rapidamente apontados até que, vira aqui, vira ali, chegamos ao Cemitério da Recoleta, a primeira parada agendada, como não poderia deixar de ser.

Nosso grupo caminha no Cemitério da Recoleta, em Buenos Aires, capital da Argentina

Nosso grupo caminha no Cemitério da Recoleta, em Buenos Aires, capital da Argentina


Em dia de sol, visitando o cemitério da Recoleta, em Buenos Aires, na Argentina

Em dia de sol, visitando o cemitério da Recoleta, em Buenos Aires, na Argentina


O dia estava realmente muito mais bonito que da outra vez e eu e a Ana tratamos de nos desvencilhar do grupo compacto que acompanhava a guia para tirarmos nossas fotos. Confesso que três dias atrás mal tive paciência de caminhar dentro do cemitério, pois já havia estado aqui em outras viagens. Mas hoje, com o sol ajudando, foi até divertido me perder no labirinto de ruelas e me ver cercado por tantos túmulos e mausoléus bem trabalhados, alguns uma verdadeira obra de arte, outros pequenos castelos macabros prontos para servir de cenário em algum filme B de terror sobre vampiros.

Cemitério da Recoleta, em Buenos Aires, capital da Argentina

Cemitério da Recoleta, em Buenos Aires, capital da Argentina


Mausoléus e túmulos sempre bem trabalhados no Cemitério da Recoleta, em Buenos Aires, capital da Argentina

Mausoléus e túmulos sempre bem trabalhados no Cemitério da Recoleta, em Buenos Aires, capital da Argentina


Cemitério é sempre uma coisa meio engraçada, serve para nos colocar um pouco em perspectiva, nossa insignificância na realidade das coisas. Aqui, não importa o quão importante você tenha sido na sua época, ou o quão anônimo e irrelevante para a história, todos passam a ser iguais, enterrados sob sete palmos de terra, muitas vezes vizinhos pela eternidade, apenas uma pequena placa para nos lembrar o nome que quem ali está. Pessoas que nunca se viram, ou que viveram em épocas diferentes, que tinham idade para ser pai e filho, ou tataravô e tataraneto, agora “vivem” juntos, como se fossem da mesma turma, do mesmo saco. Um grande presidente e líder da sua época, como Sarmiento, ao lado de um João Ninguém, um Zé Ruela qualquer. Hoje, para a grande maioria dos que caminham por aquela ruela e tem preguiça de ler o nome das placas, os dois são anônimos.

O mausoleu da família Duarte e de Evita, no Cemitério da Recoleta, em Buenos Aires, capital da Argentina

O mausoleu da família Duarte e de Evita, no Cemitério da Recoleta, em Buenos Aires, capital da Argentina


Homenagens a Evita no Cemitério da Recoleta, em Buenos Aires, capital da Argentina

Homenagens a Evita no Cemitério da Recoleta, em Buenos Aires, capital da Argentina


Quem dificilmente ficará anônima por ali, pelo menos por mais umas poucas gerações, é a Evita. Seu mausoléu é sempre muito concorrido e é difícil passar por ele sem perceber que ali está alguém que foi importante. Ao perceber o nome, prestamos nossas homenagens e a tentação para fotografar também é grande. Além da interessante história em vida, também a história em morte é digna de um romance, com seu corpo sumindo e reaparecendo algumas vezes, viajando para a Europa secretamente e retornando com honras para depois quase sumir outra vez. Enfim, hoje ela está aqui e que descanse em paz. Tenho certeza que também ela, dê tempo ao tempo, será promovida a anônima algum dia.

PLaza de Mayo com sol, em Buenos Aires, capital da Argentina

PLaza de Mayo com sol, em Buenos Aires, capital da Argentina


Prédio do Cabildo, na Plaza de Mayo, em Buenos Aires, capital da Argentina

Prédio do Cabildo, na Plaza de Mayo, em Buenos Aires, capital da Argentina


A Casa Rosada, sede do governo em Buenos Aires, capital da Argentina

A Casa Rosada, sede do governo em Buenos Aires, capital da Argentina


Todos de volta ao ônibus para a próxima parada: a monumental Plaza de Mayo e todos os seus prédios históricos que a cercam. De novo as condições do tempo estão muito melhores que da outra vez, quando estivemos aqui no final da tarde e início da noite. Agora a Casa Rosada é rosa por seus próprios méritos e não pela iluminação noturna. Como sempre, muitos turistas a sua volta, assim como os intermináveis protestos, desde o das famosas “Madres da Plaza de Mayo”, com mais de 35 anos de luta ininterrupta, até os mais recentes, dos parentes de soldados da Guerra das Malvinas que querem suas pensões.

Na Plaza de Mayo, a Catedral Metropolitana de Buenos Aires, capital da Argentina

Na Plaza de Mayo, a Catedral Metropolitana de Buenos Aires, capital da Argentina


Interior da Catedral Metropolitana de Buenos Aires, capital da Argentina

Interior da Catedral Metropolitana de Buenos Aires, capital da Argentina


Aproveitamos para fotografar novamente o Cabildo, o bicentenário prédio da prefeitura e governo local, e para entrar na Catedral Metropolitana, o que ainda não tínhamos feito. É só uma visita rápida, dentro de uma parada rápida, para voltarmos aos ônibus e seguirmos para a última parada, justamente a que mais nos interessava, no bairro de La Boca. Dali, já estaríamos quase no porto de embarque, onde já nos esperava o navio e as malas já acomodadas em nossas cabines.

Chegando ao Caminito, no bairro La Boca, em Buenos Aires, capital da Argentina

Chegando ao Caminito, no bairro La Boca, em Buenos Aires, capital da Argentina


Cartão postal de La Boca, em Buenos Aires, capital da Argentina

Cartão postal de La Boca, em Buenos Aires, capital da Argentina


A região da Boca, ao longo do rio Riachuelo e bem perto das docas, foi ocupada no final do séc. XIX por milhares de imigrantes italianos e espanhóis. Eles vieram trabalhar no porto e, principalmente, na indústria de processamento de carne que se localizava nessa região. Já nessa época criou-se o costume de pintar as paredes metálicas das casas com cores fortes e vivas, o que se tornou marca registrada do bairro e um dos principais cartões postais da cidade e do país. Infelizmente, também já é daquela época a fama de vizinhança perigosa e violenta. Ao contrário do Cemitério da Recoleta, não é um lugar para se vagar despreocupadamente pelo labirinto de ruelas...

Arte a venda, em La Boca, Buenos Aires, capital da Argentina

Arte a venda, em La Boca, Buenos Aires, capital da Argentina


Venda de arte nas ruas de La Boca, em Buenos Aires, na Argentina

Venda de arte nas ruas de La Boca, em Buenos Aires, na Argentina


Na verdade, La Boca não está tão longe do centro. Ali de San Telmo, seriam quinze minutos mais de caminhada. Mas não é recomendável. Melhor ir de táxi ou tour, como nós, e ficar apenas nos locais mais turísticos, sempre de olho na carteira e na câmera. Fora essa “preocupação”, ´um passeio bem gostoso e fotogênico, não apenas pelas casas coloridas, mas também pelos artistas populares que ali se apresentam, principalmente os pintores e dançarinos de tango. Tudo completamente voltado ao turismo e aos turistas, claro. Mas não deixa de ser interessante.

A conhecida arquitetura colorida de La Boca, em Buenos Aires, na Argentina

A conhecida arquitetura colorida de La Boca, em Buenos Aires, na Argentina


A conhecida arquitetura colorida de La Boca, em Buenos Aires, na Argentina

A conhecida arquitetura colorida de La Boca, em Buenos Aires, na Argentina


Passamos ali uma meia hora caminhando e fotografando pelo “Caminito”, a rua mais famosa (e turística!) do bairro. Infelizmente, ainda não foi dessa vez que visitamos o estádio da Bombonera. Sempre um bom motivo para retornar a Buenos Aires. Preferencialmente, em dia de jogo, claro! Não era o caso, hoje. Então, todos de volta ao ônibus, nenhuma câmera ou carteira perdida e duas garrafas de vinho compradas e embaladas para serem devidamente consumidas em algum lugar e oportunidade especial. Ao que parece, serão muitas nas semanas que se seguem. Antártida, agora sim, aí vamos nós!

Uma pose que vale dinheiro, em La Boca, bairro de Buenos Aires, na Argentina

Uma pose que vale dinheiro, em La Boca, bairro de Buenos Aires, na Argentina

Argentina, Buenos Aires, Arquitetura, cidade

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Los Roques 2007 - 2a Parte

Venezuela, Los Roques

Nossa praia 'particular' em um dos cayos de Los Roques, no litoral venezuelano

Nossa praia "particular" em um dos cayos de Los Roques, no litoral venezuelano


Como disse no post anterior, Los Roques é um arquipélago com mais de 300 pequenas ilhas. A principal delas, onde está a única vila do arquipélago, é Gran Roque. Aí estão as pousadas, os restaurantes, as lojas, a igreja, o aeroporto, enfim, a civilização. Mas aquilo que todos viemos atrás, as praias paradisíacas que aparecem nos pôsteres das agências de viagem, essas estão nas outras 299 ilhas, e não em Gran Roque.

Viajando de um cayo a outro, no arquipélago de Los Roques, no litoral venezuelano

Viajando de um cayo a outro, no arquipélago de Los Roques, no litoral venezuelano


Viajando de um cayo a outro, no arquipélago de Los Roques, no litoral venezuelano

Viajando de um cayo a outro, no arquipélago de Los Roques, no litoral venezuelano


Para chegar até elas, é necessário pegar um barco. Pode ser o seu iate ou um dos inúmeros “táxis”, pequenas voadeiras que são o ganha-pão de muitos moradores do arquipélago. Para as ilhas mais próximas de Gran Roque, sempre haverá outros turistas dispostos a rachar o preço do barco para te levar até lá. Para aquelas mais distantes, especialmente fora de temporada, talvez você tenha de arcar com todos os custos do barco.

Lanchas são o principal meio de transporte entre os cayos de Los Roques, no litoral venezuelano

Lanchas são o principal meio de transporte entre os cayos de Los Roques, no litoral venezuelano


Coqueiros, mar azul, areias brancas, muita tranquilidade. Isso é Los Roques, no litoral venezuelano

Coqueiros, mar azul, areias brancas, muita tranquilidade. Isso é Los Roques, no litoral venezuelano


Em compensação, quando você chegar na tal ilha ou praia isolada, ela será apenas sua. E são praias absolutamente maravilhosas, dessas de tirar o fôlego, dessas que nossos olhos não querem acreditar. O piloto do barco nos leva até lá, arma um guarda-sol para nós, descarrega o isopor com a água, cerveja e comida do dia e combina um horário para nos buscar. Ele se vai e ficamos sós no paraíso. Parece que estamos sonhando...

Caminhando em praia em um dos pequenos cayos de Los Roques, no litoral venezuelano

Caminhando em praia em um dos pequenos cayos de Los Roques, no litoral venezuelano


Caminhando em praia em um dos pequenos cayos de Los Roques, no litoral venezuelano

Caminhando em praia em um dos pequenos cayos de Los Roques, no litoral venezuelano


Nesses dias em Los Roques, depois de resolvermos a questão do dinheiro (ver post anterior), fizemos vários passeios às ilhas vizinhas, tanto às próximas como às mais isoladas. Fomos às praias cheias (uma multidão de 15-20 pessoas) e fomos às praias vazias (eu e a Ana). Fomos às praias de areia e fomos às praias de concha. Fomos em uma lancha só para nós, fomos em lanchas divididas e fomos também no barco de mergulho.

Um pouco de sombra e uma das inúmeras praias de Los Roques, no litoral venezuelano

Um pouco de sombra e uma das inúmeras praias de Los Roques, no litoral venezuelano


Uma das praias paradisíacas de Los Roques, no litoral venezuelano

Uma das praias paradisíacas de Los Roques, no litoral venezuelano


Pois é, como não poderia deixar de ser, o mergulho em Los Roques é espetacular, com corais em excelentes condições, vida marinha colorida e água cristalina. Além de curtir o visual abaixo d’água, aproveitamos também o caminho para nos embasbacar com o visual acima d’água.

Estação de pesquisa de tartarugas, em um dos cayos do arquipélago de Los Roques, no litoral venezuelano

Estação de pesquisa de tartarugas, em um dos cayos do arquipélago de Los Roques, no litoral venezuelano


Pesquisador nos mostra tartaruga na estação de pesquisas em Los Roques, no litoral venezuelano

Pesquisador nos mostra tartaruga na estação de pesquisas em Los Roques, no litoral venezuelano


Outro programa popular é visitar a estação de estudo e proteção das tartarugas marinhas, uma espécie de projeto TAMAR daqui. Se eu fosse tartaruga, esse seria um dos meus lugares prediletos, sem dúvida!

Uma das praias paradisíacas de Los Roques, no litoral venezuelano

Uma das praias paradisíacas de Los Roques, no litoral venezuelano


A incrível praia com duas orlas, em um dos cayos de Los Roques, no litoral venezuelano

A incrível praia com duas orlas, em um dos cayos de Los Roques, no litoral venezuelano


Mas o principal, são mesmo as praias. E entre elas, se destaca Cayo de Água, uma pequena ilha onde não temos uma, mas duas praias só para nós. Uma estreita e longa faixa de areia divide o mar em dois, duas praias na mesma praia, cada uma com aquela cor de água indescritível. Com certeza, é uma das lembranças mais fortes que temos desses dias incríveis no arquipélago.

A incrível praia com duas orlas, em um dos cayos de Los Roques, no litoral venezuelano

A incrível praia com duas orlas, em um dos cayos de Los Roques, no litoral venezuelano


Paisagem de cinema em Los Roques, no litoral venezuelano

Paisagem de cinema em Los Roques, no litoral venezuelano


Los Roques foi nossa primeira investida ao Caribe e, vocês sabem, o “primeiro Caribe”, a gente nunca esquece. Fico imaginando como teria sido se só tivéssemos ido lá depois dos 1000dias, após termos conhecido todos os países da região. Será que o impacto seria o mesmo? Tenho certeza que não. Mas estou certo também que, depois de conhecer tantas ilhas nessa região, das Bermudas às Antilhas, das Bahamas à Cayman, das pequenas às grandes, das francesas e espanholas às inglesas e americanas, das civilizadas às selvagens, depois de conhecer todas elas, posso afirmar que a beleza de Los Roques é mesmo especial. Por um golpe de sorte, nós iniciamos nossas viagens pelo Caribe com o pé direito. Los Roques será sempre especial para nós.

Quem não estaria feliz em um lugar como esse? (Los Roques, arquipélago no litoral venezuelano)

Quem não estaria feliz em um lugar como esse? (Los Roques, arquipélago no litoral venezuelano)

Venezuela, Los Roques, Caribe, Praia, ViagemAntiga

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Atravessando o Salar de Uyuni

Bolívia, Salar de Uyuni

A Fiona em pleno Salar de Uyuni, na Bolívia

A Fiona em pleno Salar de Uyuni, na Bolívia


Finalmente, chegou o dia de cruzar o mítico Salar de Uyuni. Essa gigantesca planície de sal a 3.600 metros de altitude tem a superfície tão lisa que podemos dirigir sobre ela em todas as direções de olhos fechados por vários minutos e o único perigo é bater o carro em outro carro cujo motorista também esteja com os olhos fechados! Hehehe, seria como ganhar na loteria, mas já aconteceu!

Primeiras horas da manhã no infinito Salar de Uyuni, na Bolívia

Primeiras horas da manhã no infinito Salar de Uyuni, na Bolívia


Saímos de Puerto Chuvica em direção norte. O caminho? Simplesmente miramos no vulcão Tunupa, do outro lado do salar, e fomos para lá. "Mas não vamos para a ilha Incahuasi?" - perguntei ao Cristobal. "Vamos!" - respondeu - " Daqui a pouco ela aparece aí na frente."

Mildias no Salar de Uyuni, na Bolívia

Mildias no Salar de Uyuni, na Bolívia


Salar de Uyuni, na Bolívia

Salar de Uyuni, na Bolívia


E assim fomos seguindo, algumas vezes parando para tirar fotos da imensidão branca, outras vezes dirigindo com os olhos fechados e sem as mãos no volante, outras vezes acelerando para ultrapassar os 100 km/h. O Tunupa ía crescendo preguiçosamente no horizonte quando, de repente, uma pequena mancha apareceu na mesma direção. A mancha também foi crescendo e agora parecia uma minúscula montanha. Mais alguns minutos e podíamos finalmente distingui-la: era uma ilha! Uma ilha perdida no meio do oceano branco, a ilha de Incahuasi, nosso primeiro destino.

Chegando à ilha Incahuasi, no Salar de Uyuni, na Bolívia

Chegando à ilha Incahuasi, no Salar de Uyuni, na Bolívia


Ao contrário do Tunupa, Incahuasi cresceu rapidamente no nosso horizonte e logo estávamos lá. Ela é um dos principais pontos turísticos do Salar e quando lá chegamos já haviam mais alguns jipes com seus turistas. Advinha quem? Da excursão dos brasileiros que conhecemos na primeira noite! Hehehe, o salar pode ser grande mas o mundo é pequeno!

A Isla Incahuasi, no Salar de Uyuni, na Bolívia

A Isla Incahuasi, no Salar de Uyuni, na Bolívia


No alto da Isla Incahuasi, no Salar de Uyuni, na Bolívia. Atrás não é neve nem nuvens, é sal!

No alto da Isla Incahuasi, no Salar de Uyuni, na Bolívia. Atrás não é neve nem nuvens, é sal!


Deixamos a Fiona estacionada em frente à ilha e fomos fazer a trilha que nos leva até o topo de Icahuasi, a uns 50 metros de altura. A vista lá de cima é magnífica, 360 graus de oceano branco à nossa volta. Além disso, a paisagem da própria ilha também é interessante, repleta de cactus por todos os lados, alguns deles milenares. Mas, mais interessante que os cactus são as formações rochosas, claramente coralíneas. Isso mesmo, antigos corais! Tem até um enorme arco que podemos caminhar por baixo e por cima. Prova que o altiplano boliviano, antes dos Andes, já foi bem mais baixo e de que o mar já andou por lá, conforme tínhamos visto nos cartazes do Parque Cretáceo lá de Sucre. Incahuasi já foi uma grande formação de corais no meio do mar. O tal arco teria sido um excelente ponto de mergulho!

Admirando o salar do alto da Isla Incahuasi, no Salar de Uyuni, na Bolívia

Admirando o salar do alto da Isla Incahuasi, no Salar de Uyuni, na Bolívia


Um grande arco de coral na Isla Incahuasi, no Salar de Uyuni, na Bolívia. Prova de que tudo isso já foi mar!!!

Um grande arco de coral na Isla Incahuasi, no Salar de Uyuni, na Bolívia. Prova de que tudo isso já foi mar!!!


Feita a visita e tiradas as fotos, voltamos para a Fiona e seguimos agora em direção leste, para a cidade de Uyuni, aonde deixaríamos a Krasna e o Cristobal. Mais uma vez, para seguir o caminho a chave era marcar um ponto no horizonte e seguir para lá. Quase uma hora mais tarde cruzando as vastidões brancas chegamos perto do fim (ou começo?) do salar. Alí está o mais tradicional Hotel de Sal e, em seguida, uma parte mais molhada do salar, com pequenas poças d'água que o fazem ainda mais bonito. O pequeno povoado de Colchani marca o início de "terra firme" e de lá são mais uns 20 km para Uyuni. Ali deixamos nossos companheiros, almoçamos e buscamos informações que nos ajudem a chegar até o Chile.

Em verde a nossa rota desde a Laguna Colorada até as travessias pelo Salar de Uyuni

Em verde a nossa rota desde a Laguna Colorada até as travessias pelo Salar de Uyuni


Pois é, ainda queríamos chegar até o Chile, mas logo percebemos que já tinha ficado tarde demais para se chegar lá hoje. Assim, o nosso destino passou a ser o pequeno povoado de Llica, na extremidade oeste do salar. Seriam mais 150 km de travessia pelas vastidões brancas, dessa vez só nós dois a bordo da Fiona. É uma rota muito menos usada do salar, já que bem poucos turistas seguem para lá, e portanto quase sem marcas de pneu.

Adesivo do 1000dias no Salar de Uyuni, na Bolívia

Adesivo do 1000dias no Salar de Uyuni, na Bolívia


Mesmo assim, seguimos em frente. Sabíamos mais ou menos o rumo. O Tunupa ficaria à nossa direita, lá pela metade do caminho. Primeiro, seguimos até o Hotel de Sal tradicional. Compramos umas cervejas para comemorar (ainda não tem bafômetro no salar!), apontamos o nariz para frente e seguimos. Num ambiente desse, onde as referências são montanhas a centenas de quilômetros de distância e todo o resto é uma planície branca e sem formas, tempo e distância enganam bem. Cinquenta minutos numa direção e topamos um jipe. O gentil motorista corrigiu um pouco nossa rota e apontou umas montanhas no horizonte: "É para lá!". E para lá seguimos. Outros 50 minutos no meio do nada, sem viva alma pela frente (nem por trás, nem para os lados!), já perto de umas ilhas bem próximas da borda do salar e cruzamos mineradores de sal. Mais informação, mais uma correção de prumo e, dessa vez, apontamos para o lugar certo. Finalmente, encontramos rastros que aos poucos se tranformavam em estrada e, mais alguns minutos, chegamos à Llica. Tínhamos atravessado o salar de ponta à ponta! Experiência absolutamente inesquecível!

Parte molhada do Salar de Uyuni, na Bolívia

Parte molhada do Salar de Uyuni, na Bolívia


Em Llica, instalamo-nos na simples e única hospedaria aberta da cidade e descolamos os últimos pollos con papas fritas do restaurante local. Só dançamos com o chuveiro do hotel, que estava queimado. Só água fria (gelada!). Mais um dia sem banho... Ainda bem que no frio a gente não sua, hehehe. Estamos quase no fim da nossa jornada. Falta, amanhã, conseguir seguir a confusa rota que leva à fronteira com o Chile, cruzando mais um salar, o Coipasa, bem menor que o gigantesco Uyuni, mas ainda de tamanho de meter respeito. Vamos ver como nos saímos...

Exploração de sal no Salar de Uyuni, na Bolívia

Exploração de sal no Salar de Uyuni, na Bolívia

Bolívia, Salar de Uyuni, Incahuasi, Llica, Uyuni

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Caminhando entre Gigantes

Estados Unidos, Califórnia, Three Rivers

Junto a um imponente grupo de enormes sequoias no Sequoia National Park, na Califórnia - EUA

Junto a um imponente grupo de enormes sequoias no Sequoia National Park, na Califórnia - EUA


Bem agasalhados, lá fomos nós de volta ao Sequoia National Park. Queríamos ver a General Grant mais uma vez, agora durante o dia. Além disso, ainda tínhamos esperanças de fazer algumas das trilhas lá encima, nem que fosse sobre a neve. Principalmente aquela que leva ao alto da Moro Rock, um enorme rochedo de onde se tem uma vista magnífica de toda a região.

Uma das atrações da parte baixa do Sequoia National Park, na Califórnia - EUA

Uma das atrações da parte baixa do Sequoia National Park, na Califórnia - EUA


No caminho para o parque já deu para perceber que hoje o visual seria ainda mais bonito. Afinal, o sol brilhava num céu azul quase sem nuvens. Hoje, segunda-feira, certamente o número de visitantes seria menor, mesmo nas atrações mais famosas.

As primeiras sequoias quando se chega na parte alta do Sequoia National Park, na Califórnia - EUA

As primeiras sequoias quando se chega na parte alta do Sequoia National Park, na Califórnia - EUA


Outra vez, paramos no centro de visitantes para inquirir sobre as trilhas. Outra vez, a resposta foi de que haveria muita neve e que não era recomendável. Mas, também outra vez disseram: “A trilha é livre. Se você quiser tentar, não tem problema!”.

A Fiona fica pequenina perto das gigantescas sequoias do Sequoia National Park, na Califórnia - EUA

A Fiona fica pequenina perto das gigantescas sequoias do Sequoia National Park, na Califórnia - EUA


E lá fomos nós. O primeiro bom sinal foi quando, ainda na parte baixa do parque, passamos por uma das mais fotografadas atrações do parque, um túnel que passa sob uma enorme rocha. Ontem, quando passamos aí, havia umas vinte pessoas por lá tirando fotos. Hoje, ela estava só, esperando por nós. Hehehe!

Muita neve no Sequoia National Park, na Califórnia - EUA

Muita neve no Sequoia National Park, na Califórnia - EUA


O segundo sinal já foi o resultado de um cálculo meio arriscado que eu fiz. A estrada que atravessa o parque está em obras de ampliação justo no trecho de subida. Só abre por 10 minutos a cada hora, para deixar passar os turistas. Então, se forma uma grande fila nesse bloqueio e, quando ele abre, todos partem em fila para a parte alta do parque. Lá no alto, as primeiras sequoias que aparecem são maravilhosas. Mas não há onde parar o carro e as fotos tiradas em movimento não ficam legais.

Ursos, só vimos nas placas do Sequoia National Park, na Califórnia - EUA

Ursos, só vimos nas placas do Sequoia National Park, na Califórnia - EUA


Pois bem, meu cálculo foi o de ser o último da fila a conseguir passar no bloqueio. Assim, teria todo o tempo do mundo, lá encima, para tirar as fotos, pois não chegaria nenhum outro carro nos próximos 50 minutos. O risco era a gente perder o período de passagem e ter de esperar até a próxima hora. Pois é, apesar da aflição da Ana, o cálculo foi perfeito e passamos em último na fila, um minuto antes do bloqueio fechar novamente!!!

Gigantesca sequoia caída no Sequoia National Park, na Califórnia - EUA

Gigantesca sequoia caída no Sequoia National Park, na Califórnia - EUA


E assim, o plano deu certo! Tiramos ótimas fotos dessas árvores maravilhosas que formam um imponente portão logo no início da “floresta das árvores gigantes”.

Caminhando na neve no Sequoia National Park, na Califórnia - EUA

Caminhando na neve no Sequoia National Park, na Califórnia - EUA


Aproveitando a maré de sorte, resolvemos enfrentar a trilha para a Moro Rock, com neve mesmo. A estrada de acesso estava fechada para carros, o que significava 2,5 milhas a mais de caminhada. Não poderia ter sido melhor! Pelo desaconselhamento dos park rangers e pela estrada fechada, quase ninguém estava fazendo o caminho. Assim, eram pouquíssimas as pessoas por lá, todos maravilhados com a energia que parece pairar naquela floresta mágica.

Admirando as árvores gigantes no Sequoia National Park, na Califórnia - EUA

Admirando as árvores gigantes no Sequoia National Park, na Califórnia - EUA


A estrada está toda limpa, sem neve, enquanto na mata que nos cerca todo o solo está branco. No caminho, passamos por sequoias solitárias, sequoias em grupo, sequoias caídas e sequoias cercadas de pinheiros. É impossível não parar para admirar cada uma delas. No meio daquela neve toda, o vermelho do seu tronco parece se destacar ainda mais. E nos trechos onde elas não estão, a gente começa a reparar nos pinheiros e pensar: “Nossa, eles são grandes também!”. Mas aí, uma sequoia aparece novamente e a realidade volta com força: perto delas, os pinheiros parecem brincadeira de criança!

Enorme raíz de sequoia no Sequoia National Park, na Califórnia - EUA

Enorme raíz de sequoia no Sequoia National Park, na Califórnia - EUA


No final da estrada está a trilha propriamente dita. Aí sim, como não foi limpa, temos de caminhar sobre a neve. Para brasileiros acostumados apenas com areia das praias, é diversão pura! A neve era fresca, bem fofa, um convite para brincadeiras como deitar sobre ela ou atacar um ao outro com bolas de neve. Tudo sobre a sombra das sequoias gigantes, no silêncio daquela floresta sagrada. Difícil imaginar momentos mais perfeitos...

Brincando na neve no Sequoia National Park, na Califórnia - EUA

Brincando na neve no Sequoia National Park, na Califórnia - EUA


Vinte minutos de caminhada e brincadeiras depois e chegamos à base da Moro Rock. Uma estreita escada nos leva rochedo acima. Se o piso estivesse congelado ou com mais neve, seria mesmo perigoso. Mas não estava! Pouco mais de duzentos degraus nos levam ao topo dela, um mirante incrível de onde se pode admirar a cordilheira nevada ao fundo e o vale verde abaixo.

Escadas para o alto da Moro Rock, no Sequoia National Park, na Califórnia - EUA

Escadas para o alto da Moro Rock, no Sequoia National Park, na Califórnia - EUA


Como estamos nos EUA, lá estão um monte de painéis explicativos, com informações sobre o parque, sobre as montanhas em volta, sobre a história da ocupação do vale e até mesmo sobre a trilha que acabávamos de subir. Já tem quase um século! Os caras já faziam turismo com esse tipo de organização no início do século passado! É de tirar o chapéu!

Chegando no alto da Moro Rock, no Sequoia National Park, na Califórnia - EUA

Chegando no alto da Moro Rock, no Sequoia National Park, na Califórnia - EUA


Ficamos lá nos inspirando na beleza da paisagem e na pureza do ar por um bom quarto de hora. Lá estava também um casal de alemães, que também teimou em fazer a trilha. Assim, pudemos tirar as fotos uns dos outros e seguirmos com nosso passeio.

Mirante no alto da Moro Rock, no Sequoia National Park, na Califórnia - EUA

Mirante no alto da Moro Rock, no Sequoia National Park, na Califórnia - EUA


Voltamos por um caminho diferente, mas nos divertindo da mesma maneira com a neve. Passamos por uma enorme sequoia caída por onde passam carros em um túnel! Com a estrada fechada, hoje só passavam por aí os turistas que chegaram até aqui a pé!

Magnífica paisagem no alto da Moro Rock, no Sequoia National Park, na Califórnia - EUA

Magnífica paisagem no alto da Moro Rock, no Sequoia National Park, na Califórnia - EUA


De volta à Fiona, seguimos em direção a General Grant, mas paramos antes em uma outra trilha que nos leva por um circuito cheio de sequoias e painéis explicativos sobre essas árvores gigantes. Uma verdadeira aula prática que terminou em um local onde duas sequoias cresceram juntas, fundindo-se numa grande árvore e formando uma gruta embaixo delas. Fantástico!

Estrada passa em tunel dentro de uma sequoia no Sequoia National Park, na Califórnia - EUA

Estrada passa em tunel dentro de uma sequoia no Sequoia National Park, na Califórnia - EUA


O dia passou rápido e já estávamos no fim de tarde. Achamos melhor ficarmos com as inesquecíveis lembranças do encontro de ontem com a General Grant do que voltar lá e encontrá-la novamente, dessa vez com mais gente. O encontro havia sido especial o bastante, assim como o dia de hoje, explorando outras atrações do parque.

Explorando uma gruta dentro de uma sequoia no Sequoia National Park, na Califórnia - EUA

Explorando uma gruta dentro de uma sequoia no Sequoia National Park, na Califórnia - EUA


Voltamos “saciados” para nosso hotel e, para amanhã, temos longa viagem atravessando o sul da California, dando a volta pelo sul da Sierra Nevada em direção ao deserto de Mojave e, de lá, para o Death Valley. Pois é, da neve, das alturas e dessa umidade toda, vamos diretamente para o deserto que detém o recorde da maior temperatura do continente, assim como o ponto mais baixo de todo o hemisfério ocidental. Vai ser um contraste...

Abraçando uma gigantesca sequoia no Sequoia National Park, na Califórnia - EUA

Abraçando uma gigantesca sequoia no Sequoia National Park, na Califórnia - EUA

Estados Unidos, Califórnia, Three Rivers, Parque, Sequoia National Park, trilha

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Despedindo-se de TCI

Turks e Caicos, Providenciale - Provo

Trataruga Voadora - Foto tirada por David Volkert

Trataruga Voadora - Foto tirada por David Volkert


Hoje foi nosso último dia em TCI (Turks and Caicos Islands). Para se despedir, o que o país oferece de melhor: mergulhos! Quem nos levou novamente foi a Provo Turtle Divers, que nos ofereceu um excelente serviço e que tem uma tripulação e staff, incluindo 3 cães(!) muito simpáticos e competentes. Recomendamos!

Os mergulhos de hoje foram, para variar, excelentes. Sem peixes grandes mas com duas tartarugas voando livres pelo azul infinito. Tive o prazer de ficar brincando com uma muito tempo. A água, parece que não está lá, de tão limpa. Os corais, enormes, formam verdadeiras prateleiras e arranjos nos paredes que exploramos. É um outro mundo, onde tudo se passa silenciosamente, num estranho ritmo hipnotizante. A geologia do local também é incrível. Vai ser duro mergulhar daqui para frente, depois de ter passado por Turks e Caicos.

A caça ao Lion Fish deu um quê diferente a esses mergulhos. Essa linda praga invasora está detonando o ecossistema local e o Dave, dono da operadora e nosso guia hoje, não perde uma chance de exterminá-los. Foram uns dez por mergulho, alguns apontados por mim ou pela Ana. Viramos cúmplices! Tudo pelo bem do Mar do Caribe. Mas que dá uma certa pena, dá.

Nosso equipamento de mergulho secando ao lado da piscina, em Provo

Nosso equipamento de mergulho secando ao lado da piscina, em Provo


Agora de tarde, passamos no nosso gostoso hotel, na beira da piscina, secando nosso equipamento e escrevendo para o site. Isso dá um trabalho... Vou escrever um post sobre isso.

Piscina do nosso hotel em Provo - Turks e Caicos

Piscina do nosso hotel em Provo - Turks e Caicos


Amanhã, cedinho, partimos para Porto Rico, via Miami. Vamos dar um tempo em praias e mergulhos maravilhosos e ver um pouco de cidades e montanhas. Mas haverá praias também, tenho certeza. E boa música!

Turks e Caicos, Providenciale - Provo, Mergulho, Praia

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