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Pelo Centro do Rio

Brasil, Rio De Janeiro, Rio de Janeiro

Confeitaria Colombo, no Rio de Janeiro - RJ

Confeitaria Colombo, no Rio de Janeiro - RJ


Hoje cedo fomos ao supermercado. Ir em mercados, feiras e mesmo supermercados é sempre uma ótima maneira de se conhecer uma cidade, seus habitantes, hábitos, sua alma. Eu já conhecia esse supermercado de outras vezes, mas fico sempre impressionado com a qualidade dos seus produtos e de como está sempre cheio. Junto com a qualidade vem o preço, claro. Ainda mais naquele lugar, coração do Leblon. Estou falando do Hortifruti. É um dos motivos que me faz ter vontade de, um dia, morar aqui. Além dos produtos, é sempre divertido observar as pessoas locais comprando. Isso nos traz mais perto do seu dia a dia, do seu cotidiano. Consequentemente, da cultura local.

Cinelândia, no Rio de Janeiro - RJ

Cinelândia, no Rio de Janeiro - RJ


Outra coisa interessante de ir ao supermercado aqui, assim como passear com a Mel, é ter um pouco aquel sentimento de lar, de casa. Nessa viagem tão longa, faz uma falta danada. Não é possível ter essa sensação nos hoteis e pousadas que vamos ficando pelo caminho. Aqui no Rio vai ser a última chance de termos esse gostinho por um bom tempo.

Mosteiro de Santo Antônio, no centro do Rio de Janeiro - RJ

Mosteiro de Santo Antônio, no centro do Rio de Janeiro - RJ


Depois do supermercado, fomos ao principal programa do dia: um passeio no centro da cidade. Começamos com uma longa caminhada atravessando o Leblon e boa parte de Ipanema até a estação de metrô. Já estava na hora dessa linha de metrô ter avançado mais. Acho que para a Copa e Olimpíada, deve estar pronto. Enquanto isso não acontece, ela continua bem tranquila, nada lembrando o corre-corre do metrô de São Paulo. Nove estações depois estávamos no centro do Rio, em plena Cinelândia.

Azulejos portugueses do Mosteiro de Santo Antonio, no Rio de Janeiro - RJ

Azulejos portugueses do Mosteiro de Santo Antonio, no Rio de Janeiro - RJ


Aí, começou nosso tour com os pés. Teatro Municipal, Biblioteca Municipal, Museu de Belas Artes e uma curta caminhada até o Mosteiro de Santo Antônio, uma das mais antigas edificações da cidade, com seus famosos azulejos portugueses. Lá do alto, vista das proximidades e do horroroso prédio da Petrobrás. Ao lado, dentro do complexo, a bela, trabalhada e dourada igreja de São Francisco.

O belo interior da Igreja de São Francisco, no Rio de Janeiro - RJ

O belo interior da Igreja de São Francisco, no Rio de Janeiro - RJ


A fome apertava e a caminhada seguiu para a Confeitaria Colombo. Um gostoso kirche e uma saudável salada, complementado com uma deliciosa e exagerada goiabada com sorvete, provolone a outras delícias. Um pecado. Também exagerada e "saborosa" é a arquitetura do local, mais que centenária. A mais tradicional confeitaria da cidade e do país me fez sentir estar em plena Buenos Aires. Ou então, em outro século. Fazia muito tempo que queria conhecer a famosa Confeitaria Colombo e hoje foi o dia!

Interior da Confeitaria Colombo, no centro Rio de Janeiro - RJ

Interior da Confeitaria Colombo, no centro Rio de Janeiro - RJ


Saciados, seguimos para um local de nome pomposo: "Real Gabinete Portugues de Leitura". Com esse nome, só poderia ficar na rua Luis de Camões! Um bonito e clássico prédio por fora, mas o mais interessante é por dentro! Uma enorme biiblioteca de três andares, com estantes bem altas, apinhadas de livros antigos. Daquelas que só vemos em filmes. Muito legal!Tinha também uma exposição sobre a primeira travessia aérea de Lisboa ao Rio, feita em 1922 para celebrar os 100 anos da independência. Feita por pilotos luzitanos! E um deles tinha por sobrenome Cabral! O antepassado longíncuo deve ter ficado com orgulho!

Rua da Alfândega, no Rio de Janeiro - RJ

Rua da Alfândega, no Rio de Janeiro - RJ


Em seguida, um programa mais popular. Fomos ao Saara, tradicional centro de compras populares, principalmente na rua Alfândega. Depois do "banho de povo", seguimos para a Catedral, que disputa com a Petrobrás o prêmio de prédio mais feio. Por fora, porque por dentro é muito interessante, vasto e cavernoso. De lá para a Lapa, que eu só conhecia de noite. Fachadas coloridas, bares tradicionais e ruas de paralelepípedo tornam esse trecho bem interessante. Ao final da Lapa, os famosos Arcos, que traziam água do morro da Carioca para abastecer a cidade, no séc XIX. Estão em pleno processo de reforma e pintura. Bem brancos. Para mim, perderam boa parte do charme. Vai ficar bonito de novo daqui a uns quarenta anos...

Fachadas coloridas da Lapa, no Rio de Janeiro - RJ

Fachadas coloridas da Lapa, no Rio de Janeiro - RJ


Metrô de volta para Ipanema, choppes no bar da Devassa, caminhada pela praia e lar, doce lar. Um belo dia sem praias, cachoeiras e montanhas, curtindo outra face das tantas que o Rio tem a oferecer: o mundo urbano.

Dois dos mais estranhos prédios do Rio, a catedral e a sede da Petrobrás, no Rio de Janeiro - RJ

Dois dos mais estranhos prédios do Rio, a catedral e a sede da Petrobrás, no Rio de Janeiro - RJ


Amanhã, será dia de montanhas... Aqui no Rio mesmo.

Arcos da Lapa em reforma, no Rio de Janeiro - RJ

Arcos da Lapa em reforma, no Rio de Janeiro - RJ

Brasil, Rio De Janeiro, Rio de Janeiro, Cinelândia, Ipanema, Leblon, Saara

Veja todas as fotos do dia!

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Amarelos e Vermelhos

Canadá, Victoria

Detalhe do belo portal chines no coração da Chinatown de Victoria, capital da British Columbia, no oeste do Canadá

Detalhe do belo portal chines no coração da Chinatown de Victoria, capital da British Columbia, no oeste do Canadá


Ocupada há milhares de anos pelos povos nativos, Victoria e toda a Columbia Britânica são relativamente novas para o mundo ocidental. Foi apenas no final do século XVIII que esse litoral começou a ser explorado por nações como Rússia, Inglaterra, Espanha e França, todas em busca de oportunidades de comércio de pele de lontra, além da mítica “passagem noroeste”, um caminho mais curto entre o Atlântico e o Pacífico que por gerações encantou aventureiros, mas que ao final, não passava de um sonho (pelo menos em épocas pré-aquecimento global).

escola pública chinesa na Chinatown de Victoria, capital da British Columbia, no oeste do Canadá

escola pública chinesa na Chinatown de Victoria, capital da British Columbia, no oeste do Canadá


Para se ter uma ideia, isso foi 300 anos após Colombo ter chegado ao Caribe. Nessa época, os Estados Unidos já tinham conseguido sua independência, as cabeças já rolavam nas guilhotinas francesas e os primeiros movimentos revolucionários começavam a agitar a América Latina. Essa região ao noroeste da América do Norte tornou-se um novo centro das atenções e cobiça das grandes nações. A confusão política na França acabou afastando essa nação da nova “corrida” e uma enfraquecida Espanha, mesmo após tantas viagens exploratórias pela região, não ousou se contrapor à poderosa Inglaterra. Mais ao norte, russos e ingleses finalmente chegaram a um acordo sobre esferas de influência, o embrião das atuais fronteiras de Canadá e Alaska. Mas mesmo com os rivais europeus afastados, a Inglaterra não pôde respirar aliviada, pois agora era sua antiga colônia e nova aspirante à potência mundial que se interessava por essa nova fronteira: os Estados Unidos. Foi a chamada “questão do Oregon”, que quase levou as duas nações à guerra em meados do séc XIX.

Caminhada pela mais antiga Chinatown do país, em Victoria, capital da British Columbia, no oeste do Canadá

Caminhada pela mais antiga Chinatown do país, em Victoria, capital da British Columbia, no oeste do Canadá


Foi nesse contexto conturbado que nasceu a cidade de Victoria. Por décadas, toda aquela região ao norte da California tinha vivido numa espécie de “dupla nacionalidade”, com comerciantes americanos e ingleses disputando cada rota ou oportunidade. Com o crescimento do comércio, as tensões aumentavam. Parte da sociedade americana clamava por guerra (“América para americanos!”). Com suas posições mais ao sul em perigo, a Inglaterra construiu um novo forte onde hoje está Victoria, como que para afirmar: “Daqui para o norte, é meu!”. Muitas negociações se seguiram e, enfim, o território foi dividido entre as duas nações ao longo do paralelo 49, o mesmo que já separava EUA e Canadá ao leste das Montanhas Rochosas. Outro fator que também contribuiu para evitar essa guerra foi que os EUA já estavam envolvidos em outra disputa, no sul, contra o México. Não achou prudente lutar em duas frentes de batalha ao mesmo tempo, numa delas contra a mais poderosa nação no mundo daquela época. Assim, enquanto no sul os EUA levaram quase a metade do território original mexicano, no norte eles abriram mão de boa parte de suas pretensões iniciais. Foi a única disputa territorial ao longo da história americana em que eles tiveram de abrir mão de suas aspirações.

O belo portal chines no coração da Chinatown de Victoria, capital da British Columbia, no oeste do Canadá

O belo portal chines no coração da Chinatown de Victoria, capital da British Columbia, no oeste do Canadá


Voltando à Victoria, o forte virou cidade e passou a dominar todas as rotas comerciais da região, ganhando importância política e econômica. Logo se tornou a capital dessa nova província e também principal porto de entrada dos novos imigrantes, notadamente os asiáticos. Japoneses, chineses e indianos afluíam aos milhares, em busca das novas oportunidades de trabalho que se colocavam. As grandes empresas, como as mineradoras, preferiam trazer imigrantes chineses do que contratar trabalhadores locais, de origem inglesa. Esses, tinham a “péssima mania” de se reunir em sindicatos, fazer greves e exigir seus direitos enquanto os chineses, esses sim eram bons trabalhadores, sem limites de jornada de trabalho e muito menos domingos ou feriados.

Foto de antiga família da Chinatown de Victoria, capital da British Columbia, no oeste do Canadá

Foto de antiga família da Chinatown de Victoria, capital da British Columbia, no oeste do Canadá


Essa disputa acirrada pelos postos de trabalho foi um dos fatores no forte racismo que se criou contra os “amarelos”. Os chineses, hostilizados pela sociedade local, acabaram se reunindo em seus próprios guetos, formando os bairros conhecidos como Chinatown. A Chinatown de Victoria é a mais antiga e tradicional do Canadá. Foi justamente aí que nos hospedamos na cidade e onde começamos nossas explorações no dia de hoje. Hoje, ela é ocupada por imigrantes de 1ª, 2ª e 3ª geração de diversos países asiáticos, como a própria China, Coréia, Vietnã, Filipinas, etc... Diversas lojas, mercados e restaurantes compõem a paisagem, mas são mesmo as marcas e formas chinesas as que mais chamam a atenção, pela sua arquitetura e tradição.

Palácio do Governo Provincial, em Victoria, capital da British Columbia, no oeste do Canadá

Palácio do Governo Provincial, em Victoria, capital da British Columbia, no oeste do Canadá


The Empress, o hotel mais famoso de Victoria, capital da British Columbia, no oeste do Canadá

The Empress, o hotel mais famoso de Victoria, capital da British Columbia, no oeste do Canadá


Depois de uma boa caminhada por aí, seguimos para outra das grandes atrações da cidade, o Beacon Hill Park. Os planejadores ingleses de cidades na segunda metade do século XIX tinham como norma reservar uma milha quadrada para espaços públicos para cada oito milhas destinadas à ruas, avenidas e residências. Dentro dessa boa política, toda uma área no alto de uma colina (a Beacon Hill) foi reservada para um grande parque, numa região quase central da cidade.

Enormes trepadeiras com cores de Outono sobem prédio no centro de Victoria, capital da British Columbia, no oeste do Canadá

Enormes trepadeiras com cores de Outono sobem prédio no centro de Victoria, capital da British Columbia, no oeste do Canadá


No caminho para lá, sempre caminhando, passamos por três dos mais importantes marcos arquitetônicos da Victoria. O majestoso Palácio do Parlamento Provincial, escudado por uma estátua da rainha Vitória (que deu nome à cidade!), o suntuoso Empress Hotel, o mais tradicional de Victoria, construído pela companhia ferroviária para fomentar o turismo na cidade, e pelo melhor museu de toda a província (sorry, Vancouver!), o Royal BC Museum. Pelo adiantado da hora, resolvemos deixar o museu para amanhã, antes de viajarmos, e continuamos seguindo para o Beacon Hill, logo ali atrás.

As cores características do Outono no Beacon Hill Park, em Victoria, capital da British Columbia, no oeste do Canadá

As cores características do Outono no Beacon Hill Park, em Victoria, capital da British Columbia, no oeste do Canadá


O parque é realmente um oásis no meio da cidade. Adorado por seus frequentadores, agora no Outono ele ganha cores espetaculares, dignas da região da Nova Inglaterra. Não é por menos, pois foi de lá que foram trazidas várias Mapple Trees que hoje coloriam de vermelho esse belíssimo parque. E não foram só as Mapple Trees que foram “importadas”. Várias plantas de diversas partes do mundo, incluindo a maior de todas elas, as árvores sequoias, foram plantadas aqui. Aliás, no final do séc XIX, era muito chique ter a maior árvore do mundo plantada em seu jardim. Por toda a cidade foram plantadas essas gigantes avermelhadas. Hoje, apenas 120 anos mais tarde, elas ainda vivem na sua infância, mas já dão mostra do colosso que um dia serão. Quem viver mais uns 300 anos poderá conferir!

Tranquilidade em um dos lagos do Beacon Hill Park, em Victoria, capital da British Columbia, no oeste do Canadá

Tranquilidade em um dos lagos do Beacon Hill Park, em Victoria, capital da British Columbia, no oeste do Canadá


Pavão posa para fotos sobre um galho de sequoia no Beacon Hill Park, em Victoria, capital da British Columbia, no oeste do Canadá

Pavão posa para fotos sobre um galho de sequoia no Beacon Hill Park, em Victoria, capital da British Columbia, no oeste do Canadá


Demos uma boa volta pelo parque, admirando não só as cores da flora, mas também da fauna. Uma colorida coleção de aves perambula livre pelo parque, de patos à pavões. Nada mais apropriado para um parque pintado com todas as cores e tons entre o verde e o amarelo e entre o amarelo e o vermelho. As aves soltas são a evolução do antigo zoológico que ali existia, numa época em que os pobres animais viviam toda a sua vida encarcerados em jaulas diminutas. Basta ver as suas fotos para perceber a tristeza em que viviam. Felizmente, pelo menos por aqui, essa barbaridade é coisa do passado.

Passeio no belo Beacon Hill Park, em Victoria, capital da British Columbia, no oeste do Canadá

Passeio no belo Beacon Hill Park, em Victoria, capital da British Columbia, no oeste do Canadá


Uma jovem sequoia de apenas 130 anos no Beacon Hill Park, em Victoria, capital da British Columbia, no oeste do Canadá

Uma jovem sequoia de apenas 130 anos no Beacon Hill Park, em Victoria, capital da British Columbia, no oeste do Canadá


No caminho para casa, depois de passar pelo ponto mais alto do parque, de onde se pode observar o mar aberto e toda a glória do Oceano Pacífico, seguimos pela orla, mesmo caminho de vários corredores e caminhantes com seus cães. Fico sempre impressionado com a limpeza desses caminhos, nem um mísero cocô de cachorro para contar a história. Todos devidamente ensacados em sacolas de plástico biodegradável distribuídas gratuitamente em alguns pontos. Um show de cidadania do poder público e também dos donos de cachorros, pois os cães daqui fazem tanto cocô como os brasileiros. Mesmo assim, podemos andar tranquilamente pelas calçadas. Vantagens de uma sociedade mais “civilizada”, pelo menos nesse ponto.

As cores características do Outono no Beacon Hill Park, em Victoria, capital da British Columbia, no oeste do Canadá

As cores características do Outono no Beacon Hill Park, em Victoria, capital da British Columbia, no oeste do Canadá


Descanso sobre um tapete de folhas vermelhas no Beacon Hill Park, em Victoria, capital da British Columbia, no oeste do Canadá

Descanso sobre um tapete de folhas vermelhas no Beacon Hill Park, em Victoria, capital da British Columbia, no oeste do Canadá


Uma última parada antes de voltarmos à Chinatown e ao nosso hotel foi na casa onde viveu Emily Carr, uma importante pintora e escritora canadense que tão bem retratou as culturas nativas e as paisagens da Columbia Britânica. Temos visto quadros seus espalhados pelos museus das grandes cidades do país e agora que conhecemos de perto as paisagens que ela magistralmente retratou, fomos lá prestar nossas homenagens. Entre as muitas qualidades que não tenho está a arte da pintura, o que só mais me faz admirar quem tem. Ao menos, divido com ela a profunda admiração pelas paisagens fantásticas dessa parte do mundo e acabo me sentindo coautor de seus belos quadros, pelo menos na vontade, hehehe.

Casa onde viveu a famosa pintora Emily Carr, em Victoria, capital da British Columbia, no oeste do Canadá

Casa onde viveu a famosa pintora Emily Carr, em Victoria, capital da British Columbia, no oeste do Canadá

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As Palestras e a Vida Selvagem

Falkland, Atlântico Sul Falkland

Um Southern Giant Petrel (Petrel Gigante) voa sobre o Sea Spirit um dia antes de chegarmos às Ilhas Malvinas

Um Southern Giant Petrel (Petrel Gigante) voa sobre o Sea Spirit um dia antes de chegarmos às Ilhas Malvinas


Bastaram dois dias a bordo do Sea Spirit para eu já mudar duas ideias pré-concebidas que tinha dessa viagem. Primeiro, que não veríamos nada ou quase nada em alto-mar, nos percursos entre Buenos Aires e as Malvinas e depois, entre as Malvinas e a Geórgia do Sul. Segundo, que seria uma viagem de pouco aprendizado teórico e muita aprendizagem empírica, fruto da observação da vida selvagem e geologia das ilhas que vamos visitar. Pois é, tudo errado!

O irlandes Jim dá sua primeira palestra sobre pássaros do Atlântico Sul, no trecho entre Buenos Aires e as Ilhas Malvinas

O irlandes Jim dá sua primeira palestra sobre pássaros do Atlântico Sul, no trecho entre Buenos Aires e as Ilhas Malvinas


Slide informativo na palestra sobre pássaros do Atlântico Sul, no trecho entre Buenos Aires e as Ilhas Malvinas

Slide informativo na palestra sobre pássaros do Atlântico Sul, no trecho entre Buenos Aires e as Ilhas Malvinas


Slide informativo na palestra sobre pássaros do Atlântico Sul, no trecho entre Buenos Aires e as Ilhas Malvinas

Slide informativo na palestra sobre pássaros do Atlântico Sul, no trecho entre Buenos Aires e as Ilhas Malvinas


Enquanto estamos longe de terra firme, nosso tempo no navio é preenchido por diversas palestras interessantíssimas sobre os mais diversos assuntos que se relacionam com essa viagem: vida selvagem, geologia das ilhas, glaciologia (estamos indo para uma região polar!) e história política e da exploração dessas regiões isoladas do mundo. As palestras são dadas por especialistas do assunto e que são os nossos guias nessa viagem. Por exemplo, temos o Jim, um simpático irlandês que é um ornitólogo apaixonado por pássaros do mundo inteiro. Ou o inglês Damien, historiador que estava na Geórgia do Sul quando a ilha foi invadida pelos argentinos em Abril de 1982. Ou ainda a Natalie e o Colin, biólogos marinhos especialistas em mamíferos, como baleias, golfinhos e leões marinhos. O Colin foi, nada mais nada menos, que o principal responsável pelo treinamento da orca Keiko (a famosa “Free Willy” dos cinemas!) para ele se readaptar à vida selvagem, quando ele foi solto nos mares da Islândia. Enfim, estamos muito bem acompanhados!

Um pássaro dá um rasante sobre o mar no trecho entre Buenos Aires e as Ilhas Malvinas (foto de JPSalakari)

Um pássaro dá um rasante sobre o mar no trecho entre Buenos Aires e as Ilhas Malvinas (foto de JPSalakari)


Observando pássaros no trecho entre Buenos Aires e as Ilhas Malvinas (foto de Ken Haley)

Observando pássaros no trecho entre Buenos Aires e as Ilhas Malvinas (foto de Ken Haley)


Nas palestras, muitas fotos, dados e curiosidades sobre os animais que vamos e estamos encontrando no caminho, sobre o comportamento do gelo e aquecimento global, sobre como e quando os primeiros exploradores chegaram à Antártida, ou sobre as desavenças políticas e geográficas entre argentinos e ingleses. E o melhor de tudo é ter esses conhecimentos teóricos para, em seguida, observar aqueles mesmos pássaros e baleias dos slides voando e nadando ao nosso lado, ao vivo e a cores, ou pisar no mesmo pedaço de terra por onde caminharam os lendários exploradores Amundsen ou Shackleton e os soldados que lutaram e morreram na triste guerra de três décadas atrás. Teoria e prática perfeitamente combinadas!

As telas do Sea Spirit anunciam a programação do dia 05/11, com palestras de geologia e sobre cetáceos pela manhã e filmes de tarde e de noite

As telas do Sea Spirit anunciam a programação do dia 05/11, com palestras de geologia e sobre cetáceos pela manhã e filmes de tarde e de noite


Palestra sobre cetáceos no auditório do Sea Spirit, no trecho entre Buenos Aires e as Ilhas Malvinas

Palestra sobre cetáceos no auditório do Sea Spirit, no trecho entre Buenos Aires e as Ilhas Malvinas


Logo pela manhã, ou na verdade, na noite anterior, já ficamos sabendo da programação do dia, inclusive das palestras que serão proferidas. Agora no início da viagem, aprendemos muito sobre os pássaros que nos acompanham em alto mar e as baleias que migram por essas águas em busca do alimento abundante da costa da Antártida. Pouco antes de chegar ás Malvinas, aprendemos sobre a geologia e história política dessas ilhas perdidas, mas muito disputadas, no Atlântico Sul. Auditório sempre cheio, primeiro para ouvir os avisos que devem ser dados e depois, pela verdadeira aula que se segue.

Observando e fotografando aves no trecho entre Buenos Aires e as Ilhas Malvinas

Observando e fotografando aves no trecho entre Buenos Aires e as Ilhas Malvinas


Ao longe, baleias soltam seus enormes esguichos, para alegria dos viajantes do Sea Spirit, um dia antes de chegarmos às Ilhas Malvinas

Ao longe, baleias soltam seus enormes esguichos, para alegria dos viajantes do Sea Spirit, um dia antes de chegarmos às Ilhas Malvinas


Depois, com todo mundo já afiado no assunto de pássaros e baleias, é hora de subir ao deck munido de binóculos e câmeras fotográficas e começar a olhar para os céus e para o mar, em busca dos animais que acabamos de estudar. E aí é que entra aquela outra ideia que eu tinha, de que nada ou pouco veríamos em alto-mar. Ledo e grato engano!

Golfinhos nadam submersos ao lado do Sea Spirit, no trecho entre Buenos Aires e as Ilhas Malvinas

Golfinhos nadam submersos ao lado do Sea Spirit, no trecho entre Buenos Aires e as Ilhas Malvinas


Um golfinho nada ao lado do Sea Spirit no trecho entre Buenos Aires e as Ilhas Malvinas (foto de Ken Haley)

Um golfinho nada ao lado do Sea Spirit no trecho entre Buenos Aires e as Ilhas Malvinas (foto de Ken Haley)


Em primeiro lugar, conseguimos sim avistar algumas baleias ao longe, aquele esguicho de vapor característico nos chamando logo a atenção. Depois de uma longa temporada nos mares quentes da Bahia onde tem seus filhotes e os amamentam longe dos predadores, agora é a época de retornar aonde está seu alimento, nos mares gelados do sul. Passam meses quase sem se alimentar e nessa época do ano estão famintos, nadando a toda velocidade em direção à Antártida. Nós estamos um pouco cedo na temporada de baleias aqui no sul, mas devemos ver sim algumas delas, pelo menos as mais adiantadas e esfomeadas. Para quem tem esse como principal objetivo, é melhor vir um pouco mais tarde.

Diferentes espécies de pássaros acompanham o Sea Spirit um dia antes de chegarmos às Ilhas Malvinas

Diferentes espécies de pássaros acompanham o Sea Spirit um dia antes de chegarmos às Ilhas Malvinas


Diferentes espécies de pássaros acompanham o Sea Spirit um dia antes de chegarmos às Ilhas Malvinas

Diferentes espécies de pássaros acompanham o Sea Spirit um dia antes de chegarmos às Ilhas Malvinas


Além das baleias, também vimos alguns golfinhos, esses muito mais próximos do barco. São espécies bem diferentes das que estamos acostumados, que preferem as águas quentes de Fernando de Noronha ou do Havaí. Mas são igualmente belos, ágeis e curiosos, dando seus pulos ao lado do Sea Spirit e tentando averiguar do que se trata esse enorme monstro de metal locomovendo-se em seu território. E ainda aproveitam para achar e comer algum peixe que esteja também curioso pelas águas mexidas pelo movimento do barco.

Muitas aves voam próximas do Sea Spirit no trecho entre Buenos Aires e as Ilhas Malvinas

Muitas aves voam próximas do Sea Spirit no trecho entre Buenos Aires e as Ilhas Malvinas


Muitas aves voam próximas do Sea Spirit no trecho entre Buenos Aires e as Ilhas Malvinas

Muitas aves voam próximas do Sea Spirit no trecho entre Buenos Aires e as Ilhas Malvinas


É esse mesmo movimento que atrai centenas de pássaros ao nosso encontro. Muito mais do que golfinhos e baleias, são eles que nos acompanham, mais de dez espécies diferentes, de todos os tamanhos e com uma categoria impressionante de simplesmente planar no ar, raramente usando suas asas. O movimento do barco mexe com o plâncton, o que atrai os pequenos peixes e seus predadores. Os pássaros já sabem disso e vêm de longe dar uma olhada no navio e no rastro que deixa para trás. E nós, lá no nosso deck de observação, a mais de 1.000 km de qualquer terra firme, ficamos cercados por pássaros. É impressionante!

Pássaros voam perto do Sea Spirit no trecho entre Buenos Aires e as Ilhas Malvinas

Pássaros voam perto do Sea Spirit no trecho entre Buenos Aires e as Ilhas Malvinas


Pássaro se aproxima do Sea Spirit no trecho entre Buenos Aires e as Ilhas Malvinas (foto de Mitch Jasechko)

Pássaro se aproxima do Sea Spirit no trecho entre Buenos Aires e as Ilhas Malvinas (foto de Mitch Jasechko)


Não fosse pela palestra da manhã com o Jim, lá estaríamos admirando tudo, mas sem entender nada. Mas aprendemos que várias dessas espécies de pássaros, que para olhos e mentes menos treinadas parecem estar perdidas no meio do nada, na verdade vivem por aqui. São pássaros que passam meses a fio em alto mar, nem sombra de terra por perto. Voam e planam por milhares de quilômetros, quase sem gastar energia e se alimentando de peixes. Volta e meia, pousam na água, refrescam-se e descansam um pouco para, em seguida, alçar voo novamente. A facilidade com que planam minutos sem uma única batida de asas é mesmo incrível. Parecem ver as correntes de ar e de vento e usam sua força para flutuar no ar. Um completo domínio de seu centro de gravidade, inclina daqui, inclina dali e conseguem acelerar ou frear, virar a esquerda e a direita sem nenhum esforço aparente. Um verdadeiro show de aeromodelismo!

Um Black-browed Albatross (Albatroz de Sobrancelha) voa sobre o Sea Spirit um dia antes de chegarmos às Ilhas Malvinas

Um Black-browed Albatross (Albatroz de Sobrancelha) voa sobre o Sea Spirit um dia antes de chegarmos às Ilhas Malvinas


Muitos Southern Giant Petrel (Petrel Gigante) acompanham o Sea Spirit um dia antes de chegarmos às Ilhas Malvinas

Muitos Southern Giant Petrel (Petrel Gigante) acompanham o Sea Spirit um dia antes de chegarmos às Ilhas Malvinas


O mar é seu ambiente natural. Vão para terra firme apenas para se reproduzir e os que nascem, aí passam a sua infância. Mas adolescentes e adultos, esses ficam mesmo, boa parte do tempo, no oceano. Pássaros marcados com radiotransmissores indicam que eles tem a mais perfeita noção de onde estão, apesar de que, no mar, sem terra a vista, tudo parece igual. Não para eles que, além de “ver” o vento, parecem “ver” também o campo magnético da Terra. E assim conseguem se orientar, algumas vezes voando mais de 2 mil km em linha reta até alguma ilha, outros mil até outra ilha e ouros dois mil até o ponto inicial, descrevendo um perfeito triângulo de enormes proporções sobre esse mundo formado de água. Olhar esse traçado no mapa chega a ser emocionante, uma inteligência cercada de habilidades se escondendo atrás de penas e bicos. Incrível!

Um magnífico Black-browed Albatross (Albatroz de Sobrancelha) plana sobre o Sea Spirit um dia antes de chegarmos às Ilhas Malvinas

Um magnífico Black-browed Albatross (Albatroz de Sobrancelha) plana sobre o Sea Spirit um dia antes de chegarmos às Ilhas Malvinas


O belo Great Shearwater (Pardela de Bico Preto) sobrevoa o Sea Spirit um dia antes de chegarmos às Ilhas Malvinas

O belo Great Shearwater (Pardela de Bico Preto) sobrevoa o Sea Spirit um dia antes de chegarmos às Ilhas Malvinas


Como eu já disse, são várias espécies de pássaros que tem esse comportamento semelhante e a nossa diversão é tentar identificá-las em pleno voo. É claro que o Jim, nosso ornitólogo preferido, ajuda bastante. Sua presença ali no deck e a animação com que identifica e descreve cada um desses pássaros nos contagia. Alguns dos pássaros que ali vemos são os maiores do mundo, pelo menos em envergadura. São os albatrozes e, de ponta a ponta das asas, chegam quase a incríveis 4 metros! Muitos desses pássaros que vimos por aqui, acabamos aprendendo primeiro seus nomes em inglês (com sotaque irlandês, hehehe), para só depois, com ajuda da internet, descobrir seus nomes em português. Vimos vários tipos de albatrozes (Black-Browed, Grey Headed, Southern e Northern Royal), pardelas (Great, Manx, Sooty, Southern Fulmar) e petrels (Northern e Southern Giant, Cape, White-chinned, Wilson, Atlantic, Soft-plumaged, Black-bellied, Thin-billed). Até mesmo pinguins, mas esses, como todos sabem, não voam. Eram pinguins-de-magalhães e ainda vamos ver centenas deles, dessa e das outras espécies de pinguins, a ave-símbolo da Antártida. É só chegarmos mais perto de terra firme.

Muitas aves voam próximas do Sea Spirit no trecho entre Buenos Aires e as Ilhas Malvinas

Muitas aves voam próximas do Sea Spirit no trecho entre Buenos Aires e as Ilhas Malvinas


O belo Great Shearwater (Pardela de Bico Preto) sobrevoa o Sea Spirit um dia antes de chegarmos às Ilhas Malvinas

O belo Great Shearwater (Pardela de Bico Preto) sobrevoa o Sea Spirit um dia antes de chegarmos às Ilhas Malvinas


Enfim, a brincadeira é fazer uma lista de todas as espécies que vemos e ir aumentado a tal lista todos os dias. Ao final do terceiro dia, já tínhamos 4 espécies de mamíferos e 22 de aves. É um bom começo, não? Por enquanto, as aves vão dando um show, ainda mais agora que nos aproximamos das Malvinas. Elas estiveram conosco toda a manha e principalmente pela tarde. Embelezaram ainda mais o pôr-do-sol e, mesmo com a tímida luz da lua, continuavam a nos acompanhar. É o paraíso para os amantes dos pássaros, sem dúvida!

Durante o entardecer, os pássaros continuam a nos acompanhar um dia antes de chegarmos às Ilhas Malvinas

Durante o entardecer, os pássaros continuam a nos acompanhar um dia antes de chegarmos às Ilhas Malvinas


Um pássaro, já com a lua brilhando, voa sobre o Sea Spirit um dia antes de chegarmos às Ilhas Malvinas

Um pássaro, já com a lua brilhando, voa sobre o Sea Spirit um dia antes de chegarmos às Ilhas Malvinas

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USVI

Ilhas Virgens Americanas, St John - Cruz Bay

Mapa das Ilhas Virgens Americanas (USVI) e Britânicas (BVI)

Mapa das Ilhas Virgens Americanas (USVI) e Britânicas (BVI)


United States Virgin Islands ou, mais fácil, USVI. Os americanos gostam de chamar tudo pelos seus acrônimos e, em alguns casos, facilita bastante! USVI é um arquipélago de ilhas a leste de Porto Rico, a menos de 100 km de distância dessa ilha. Área somada das ilhas de 350 km2 (como um quadrado de 19 km de lado) com uma população de pouco mais de 100 mil pessoas, na maioria negros.

São três ilhas principais: St. Thomas, St. John e St. Croix. A últma fica bem mais afastada, ao sul. As outras duas estão bem próximas entre si e próximas também do quase-país vizinho, as Ilhas Virgens Britânicas, ou BVI. A maioria da população está em St. Thomas e St. Croix. St. John tem umas 5 mil pessoas e foi para cá que viemos, após pousarmos em St. Thomas, onde está o aeroporto internacional do arquipélago.

Interessante é a história dessas ilhas. Pelo menos, eu achei. Quando pensamos na colonização do continente, sempre lembramos dos portuguêses (afinal, somos brasileiros!), espanhóis e inglêses. Francêses (Quebeq e Guiana Francesa) e holandêses (Suriname e Nova York) já são algo mais... exótico. Pois bem, quem diria, houve também outros povos colonizando ilhas por aqui! Dinamarqueses e suecos. No caso das USVI, foram os primeiros. Apesar de nos parecerem povos mais "civilizados", eram iguaizinhos a seus irmãos europeus: grandes plantações tocadas com mão-de-obra escrava, negra. Só não consegui descobrir se os escravos daqui falavam dinamarquês. Isso sim, seria ainda mais exótico.

Bom, os dinamarqueses chegaram aqui no final do séc XVI, logo após a Espanha, descobridora das ilhas, ter tomado aquela sova da lnglaterra na Europa (a tal Invencivel Armada, destruída logo na sua primeira batalha, lembram?). Com isso, perderam várias de suas colônias, inclusive Santa Úrsula e suas 11 Mil Virgens (primeiro nome daqui, dado por Colombo). Então, dinamarqueses, franceses e ingleses fizeram a festa nessas 11 mil virgens (quem não faria?). Um século mais tarde, os franceses venderam suas virgens (St. Croix - daí o nome!) para os dinamarqueses, formando assim a atual USVI, antigamente, Ilhas Virgens Dinamarquesas.

Os dimamarqueses quiseram passar suas virgens no cobre, no final do séc. XIX, mas os americanos acharam muito caro e o negócio não foi feito. Mas, bons de negócio, tentaram novamente, por ocasião da 1a Guerra Mundial. Aproveitaram o medo dos americanos que a Alemanha invadisse a Dinamarca e, por tabela, essas ilhas paradisíacas aqui, e enfiaram a faca. Dessa vez, os americanos toparam. Nascia as USVI.

Hoje, têm uma situação semelhante à de Porto Rico. São um "estado associado", não votam para presidente mas têm cidadania americana. O dólar reina por aqui, assim como as marcas americanas mais famosas, da Texaco à Coca-Cola. Aparentemente, só um detalhe escapou dos olhos do Tio Sam: os carros são dirigidos na mão inglêsa! Por quê? Não sei... será que para marcar uma identidade? Vou pesquisar...

Ilhas Virgens Americanas, St John - Cruz Bay, história, St John

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Fim do Caminho, Fim do Mergulho

Peru, Huaraz

Passagem pelo paso de 4.750 metros no último dia do trekking Santa Cruz, na Cordillera Blanca, região de Huaraz - Peru

Passagem pelo paso de 4.750 metros no último dia do trekking Santa Cruz, na Cordillera Blanca, região de Huaraz - Peru


Ontem a noite foi de despedidas. Nosso grupo se separaria. Afinal, todos os outros estão fazendo o trekking em quatro dias, enquanto nós optamos por três. A despedida foi ontem, mas a separação foi hoje. Eu e a Ana acordamos mais cedo e, junto com o Tiburço, partimos antes para já chegar ao final do percurso. O Tiburço deixou seus serviços de cozinheiro do grupo para hoje, pelo menos durante um período, ser nosso guia a também o arriero de uma mula que levaria nossa mochila e também a dele. Ele iria conosco até a última subida, quando voltaria para se encontrar com o grupo e nós continuaríamos, dessa vez com o peso, até a estrada em busca de transporte público para voltar à civilização.

A magnífica paisagem no início do último dia do trekking Santa Cruz, na Cordillera Blanca, região de Huaraz - Peru

A magnífica paisagem no início do último dia do trekking Santa Cruz, na Cordillera Blanca, região de Huaraz - Peru


A primeira etapa da caminhada de hoje era cruzar o paso de 4.750 metros de altitude. Com paciência e aproveitando cada minuto naquela paisagem grandiosa chegamos lá encima. Ali, além da vista, fomos recompensados com uma neve bem fina que caía. Foi apenas a nossa segunda neve da viagem, depois daquela neve noturna na Quebrada de Humahuaca, na Argentina. Para nós, brasileiros, é sempre um momento mágico ver esses flocos caindo do céu. Bem fininho, mas neve é neve, hehehe!

Lagunas com águas mais escuras do outro lado do paso, no último dia do trekking Santa Cruz, na Cordillera Blanca, região de Huaraz - Peru

Lagunas com águas mais escuras do outro lado do paso, no último dia do trekking Santa Cruz, na Cordillera Blanca, região de Huaraz - Peru


Passado esse obstáculo, aí só tínhamos descida à nossa frente. No caminho, paisagens fantásticas, lagunas com um tom de azul bem mais escuro e turistas que caminhavam no sentido contrário, rostos exaustos que não tinham idéia do quanto ainda teriam de subir. Para nós, descida, um verdadeiro passeio.

Belíssimas paisagens no alto do vale que conhecemos no último dia do trekking Santa Cruz, na Cordillera Blanca, região de Huaraz - Peru

Belíssimas paisagens no alto do vale que conhecemos no último dia do trekking Santa Cruz, na Cordillera Blanca, região de Huaraz - Peru


Atravessando bosque no último dia do trekking Santa Cruz, na Cordillera Blanca, região de Huaraz - Peru

Atravessando bosque no último dia do trekking Santa Cruz, na Cordillera Blanca, região de Huaraz - Peru


Cruzamos bosques, passamos por mais lagunas, pelo local do acampaneto da terceira noite e seguimos até a cidade no fundo do vale. Ali foi a vez de nos despedirmos do simpático Tiburço, assumirmos o peso da mochila e fazermos um último esforço para subir a encosta do lado de lá e chegarmos à Vaqueria, por onde passa a estrada.

Paisagem bucólica no último dia do trekking Santa Cruz, na Cordillera Blanca, região de Huaraz - Peru

Paisagem bucólica no último dia do trekking Santa Cruz, na Cordillera Blanca, região de Huaraz - Peru


Duas horas de espera e nada de transporte público, Aliás, quase nenhum movimento, dois ou três carros e um caminhão. Dormir por ali seria dureza, mas a sorte finalmente sorriu para nós e apareceu uma carona (paga). Foram duas horas de viagem numa estrada de terra cheia de buracos e chegamos à Yungay, a cidade que foi soterrada pelo Huscaran há 40 anos. No caminho, ainda passamos pela Laguna de Llanganuco, a mais famosa e visitada da região, a única que eu tinha conhecido quando estive por aqui em 1990.

Com o Tiburço, cozinheiro e nosso guia e companheiro no último dia do trekking Santa Cruz, na Cordillera Blanca, região de Huaraz - Peru

Com o Tiburço, cozinheiro e nosso guia e companheiro no último dia do trekking Santa Cruz, na Cordillera Blanca, região de Huaraz - Peru


Em Yungay pegamos uma van para Huaraz. De parada em parada ela foi se abarrotando, mas ao final chegamos em Huaraz. Ainda antes do hotel, uma parada estratégica num restaurante do centro, pois a fome apertava. Depois, o chuveiro quente há tanto aguardado. Final do dia, final de trekking fantástico e queríamos estar prontos para a maratona de amanhã, um passeio de carro atré as ruínas de Chavin e de lá para a cidade de Trujillo, no litoral norte do país. Essa corrida toda para chegar à tempo em Guayaquil para pegar nosso avião para Galápagos.

Agora, sem as mulas, carregando o peso no último dia do trekking Santa Cruz, na Cordillera Blanca, região de Huaraz - Peru

Agora, sem as mulas, carregando o peso no último dia do trekking Santa Cruz, na Cordillera Blanca, região de Huaraz - Peru


Mas foi chegarmos na civilização para sermos recebidos pela triste notícia: nosso barco de mergulho em Galápagos não tinha ficado pronto e o nosso tour tinha sido cancelado! Ainda precisamos decidir o que fazer, mas uma coisa é certa: já não há tanta pressa de se chegar no Equador e amanhã poderemos dormir um pouco mais, viajar a Chavin com calma e dormir novamente em Huaraz. Trujillo pode esperar mais um dia...

A laguna llanganuco, último dia do trekking Santa Cruz, na Cordillera Blanca, região de Huaraz - Peru

A laguna llanganuco, último dia do trekking Santa Cruz, na Cordillera Blanca, região de Huaraz - Peru

Peru, Huaraz, Cordillera Blanca, Santa Cruz, trilha

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San Ignacio e a Inacreditável ATM Cave

Belize, San Ignacio-BEL

Entrando na ATM Cave, na região de San Ignacio, em Belize (foto da internet)

Entrando na ATM Cave, na região de San Ignacio, em Belize (foto da internet)


No início da década de 90, um explorador resolveu entrar em uma caverna misteriosa na região de San Ignacio, conhecida localmente como Xibalba. A boca da caverna já era conhecida há muito tempo, mas ninguém se animava a entrar naquele buraco nadando pelo rio que saía dele. Apesar de suas águas limpas, era muito escuro lá dentro. Mal sabia o tal explorador que ele estava para fazer uma das maiores descobertas arqueológicas recentes na América Central.

Espeleotemas na ATM Cave, na região de San Ignacio, em Belize (foto da internet)

Espeleotemas na ATM Cave, na região de San Ignacio, em Belize (foto da internet)


Depois de uns 300 metros caminhando pelo rio, já na escuridão total, passando por passagens estreitas por entre enormes rochas e lindas formações de espeleotemas, uma passagem levava a uma parte mais alta da caverna, longe do rio. Ali, a passagem se abria em um grande salão, intensamente decorado e, para surpresa do explorador, algumas dessas formações pareciam moldadas por algum escultor, formando imagens de animais e figuras humanas. A sua dúvida sobre se aquilo era mesmo natural ou não terminou quando ele começou a ver, no chão, centenas de resquícios arqueológicos, como cerâmicas e potes de aparência maya. E isso não era tudo! Um pouco mais adiante, começaram a aparecer ossos e esqueletos inteiros, calcificados pela ação do tempo. Eram claramente vítimas de antigos sacrifícios realizados ali mesmo. Os ossos pareciam de cristal!

Uma das caveiras de pessoas sacrificadas na ATM Cave, na região de San Ignacio, em Belize (foto da internet)

Uma das caveiras de pessoas sacrificadas na ATM Cave, na região de San Ignacio, em Belize (foto da internet)


Após essa maravilhosa descoberta, a caverna ganhou um novo nome: “Cave of Crystal Sepulchre”, ou “Actun Tunichil Muknal”, no dialeto maya falado na região. As iniciais formam o nome mais conhecido atualmente, simplesmente ATM Cave.

Potes e vasilhas mayas na ATM Cave, na região de San Ignacio, em Belize (foto da internet)

Potes e vasilhas mayas na ATM Cave, na região de San Ignacio, em Belize (foto da internet)


Os arqueólogos resolveram manter todos os artefatos e ossos no exato lugar em que foram encontrados e o governo de Belize decidiu abrir a caverna ao turismo, como forma de arrecadar dinheiro para sua melhor conservação. Hoje, a ATM Cave é uma das grandes atrações da região e do país, atraindo centenas de turistas que se maravilham com o que veem lá dentro. Além da incrível beleza cênica da caverna e da sensação de aventura de se caminhar e nadar por um rio embaixo da terra, ainda temos essa chance maravilhosa de ver esse verdadeiro tesouro arqueológico em seu local de origem, e não no ar condicionado de algum museu. É impressionante!

Câmeras fotográficas só seguem até aqui, no início da trilha para a ATM Cave, região de San Ignacio, em Belize

Câmeras fotográficas só seguem até aqui, no início da trilha para a ATM Cave, região de San Ignacio, em Belize


Mas, nem tudo é perfeito. Apesar do número controlado de pessoas que podem entrar lá diariamente, sempre acompanhados por guias, alguns turistas, no afã de conseguir os melhores ângulos e fotos, derrubaram suas máquinas fotográficas sobre os achados arqueológicos, inclusive encima de um crâneo, quebrando-o. Como medida de segurança, desde o meio de 2012, máquinas fotográficas são proibidas por lá e nós não pudemos tirar fotos do que vimos. Algumas teriam sido fantásticas... Enfim, tudo o que se pode fazer é buscar fotos na internet, de quando era permitido levar câmeras para lá. São algumas dessas fotos que ilustram esse post.

No final da trilha da ATM Cave, região de San Ignacio, em Belize, com nosso guia e o casal de um indiano e uma chinesa, nossos companheiros de tour

No final da trilha da ATM Cave, região de San Ignacio, em Belize, com nosso guia e o casal de um indiano e uma chinesa, nossos companheiros de tour


Nós fomos de carro até o início da trilha de uma hora pela mata que leva á boca da caverna. No início da trilha, nos reunimos com o resto do grupo, entre eles um simpático e interessante casal formado por um indiano e uma chinesa, que vivem hoje nos Estados Unidos, Naquele casal, 2,5 bilhões de pessoas representadas, mais de um terço da população mundial, hehehe. Esses dois povos geralmente não se batem, mas o casal se dava muito bem, apesar do indiano ficar sempre chateando sua esposa chinesa. Foi muito legal a companhia!

Observando antigos potes mayas, no mesmo local onde foram encontrados, na ATM Cave, na região de San Ignacio, em Belize (foto da internet)

Observando antigos potes mayas, no mesmo local onde foram encontrados, na ATM Cave, na região de San Ignacio, em Belize (foto da internet)


Enfim, o guia nos levou através da selva e atravessando três vezes o mesmo rio com água na cintura até chegarmos á entrada da ATM. Ali, luzes na cabeça, entramos todos com água no pescoço. Quase uma hora seguindo rio acima entre passagens apertadas ou mais largas, cruzando os diversos outros grupos que encontrávamos e chegamos á parte seca da caverna, onde todos tiram seus sapatos e caminham apenas com meias e em trechos marcados por fitas. Tudo para proteger esse tesouro arqueológico que agora, víamos com os próprios olhos.

Esqueleto de mulher sacrificada na ATM Cave, na região de San Ignacio, em Belize (foto da internet)

Esqueleto de mulher sacrificada na ATM Cave, na região de San Ignacio, em Belize (foto da internet)


O guia nos explicou que cavernas eram um local sagrado para os mayas, entradas para o Inframundo, onde viviam vários de seus deuses, inclusive um dos mais importantes, Chac, o deus da chuva. Com suas tochas, os sacerdotes mayas se aventuravam até aqui, para prestar suas homenagens e render seus sacrifícios, sempre para tentar conquistar a boa sorte dos deuses. Cerâmicas eram deixadas como presentes e sacrifícios eram feitos para apaziguar a sua ira.

Ponte que dá acesso à San Ignacio, em Belize

Ponte que dá acesso à San Ignacio, em Belize


O belo rio que divide San Ignacio em duas, em Belize

O belo rio que divide San Ignacio em duas, em Belize


Aparentemente, o ritmo desses sacrifícios veio aumentando em meados do século X, quando grandes secas se abateram sobre essa região do mundo. Eram os estertores do período Clássico da civilização maya e os sacerdotes tentavam, desesperadamente, reconquistar a confiança do deus da chuva, irritado por algum motivo. Sacrifícios de mulheres e crianças, aquilo que havia de mais sagrado entre os mayas, foram oferecidos aos deuses. Bebês eram deixados ali para que chorassem até a morte. O som de puras crianças era a melhor maneira de sensibilizar os deuses, mas nada pareceu funcionar. Pobres vítimas, felizes de nós que tempos a chance de ver e conhecer um pouco mais dessa incrível civilização e do desespero por que passaram. Aquelas cerâmicas e, mais ainda, aqueles esqueletos em perfeitas condições (fora aquele que o desastrado turista avariou...), parecem mais vivos do que nunca e quase podemos ver o momento em que foram deixados ali por sacerdotes em suas roupas pomposas e soldados iluminando tudo com suas tochas. É emocionante!

Meninas se divertem no rio de San Ignacio, em Belize

Meninas se divertem no rio de San Ignacio, em Belize


O belo rio que divide San Ignacio em duas, em Belize

O belo rio que divide San Ignacio em duas, em Belize


Depois dessa inesquecível experiência, dirigimos e volta à San Ignacio, a movimentada cidade que é a porta de entrada para quem chega da Guatemala. A cidade é dividida em duas por um belo rio e uma das metades é, na verdade, uma outra cidade, chamada Santa Helena. É no rio que se congregam os locais, seja para as crianças brincarem em suas águas, seja para as mulheres lavarem suas roupas. É uma visão bucólica e pitoresca.

O movimentado mercado de San Ignacio, em Belize

O movimentado mercado de San Ignacio, em Belize


Mercado de San Ignacio, em Belize

Mercado de San Ignacio, em Belize


O único ponto mais movimentado é o mercado, principalmente na manhã de sábado. É quando mais facilmente percebemos o verdadeiro caldeirão de culturas que forma a sociedade desse país, diversas etnias do povo maya, imigrantes recentes chineses, imigrantes quase centenários americanos, guatemaltecos, garifunas (negros) e todas as misturas possíveis entre esses diversos povos. Certamente, é o programa mais interessante a se fazer dentro da cidade.

Rose Apple, um tipo de maçã aguada no mercado de San Ignacio, em Belize

Rose Apple, um tipo de maçã aguada no mercado de San Ignacio, em Belize


Mercado de San Ignacio, em Belize

Mercado de San Ignacio, em Belize


Foi uma ótima despedida para nós, que partimos amanhã para a Guatemala, entrando de vez na América Latina, para nos fazer sentir ainda mais perto do Brasil. Mas ainda tem muita coisa para se ver e fazer antes de chegarmos até lá... Um passo de cada vez e o próximo se chama Flores, uma cidade em uma ilha lacustre, principal base para se visitar a mais famosa cidade maya de todos os tempos, a gloriosa Tikal.

Han-nah, nosso restaurante preferido em San Ignacio, em Belize

Han-nah, nosso restaurante preferido em San Ignacio, em Belize

Belize, San Ignacio-BEL, ATM Cave, Caverna, mayas

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Na Serra do Cipó

Brasil, Minas Gerais, Serra do Cipó (P.N da Serra do Cipó), Lapinha

Vale no Parque Nacional da Serra do Cipó - MG

Vale no Parque Nacional da Serra do Cipó - MG


Após uma noite curta demais numa cama deliciosa e um café da manhã com muitos tipos de pães e geléias (e até requeijão), estávamos quase prontos para enfrentar os 20 km do terceiro dia da "maratona do Cipó". Só faltava agilizar os transportes de ida e de volta.

Na parte alta do Parque Nacional da Serra do Cipó - MG

Na parte alta do Parque Nacional da Serra do Cipó - MG


Para resolver a volta, eu fui com a Fiona até a portaria secundária do parque, deixar ela lá. É o ponto final da caminhada e a Fiona nos esperaria por lá. O Felipe, funcionário da pousada em que estávamos, a deliciosa Rio das Pedras, foi de moto me mostrando o caminho e me trouxe de volta, de carona. Resolvido a "volta", partimos para a "ida". Eu, a Ana e o Daniel, mais conhecido como Pretinho, fomos para a estrada pegar um busão. Qualquer um vindo de BH em direção ao norte. PorR$ 3,70 o busão nos levou 12 km morro acima, para um lugar chamado Palácio. Lá saltamos e iniciamos a caminhada.

Observando aviões cruzando os céus do Parque Nacional da Serra do Cipó - MG

Observando aviões cruzando os céus do Parque Nacional da Serra do Cipó - MG


Há mais de dez anos atrás, junto com o irmão e primos, eu conheci a parte baixa do parque. Numa longa caminhada de 25 quilômetros, entramos pela portaria principal e fomos até o Canyon, a Cachoeira da Farofa e outras pelo caminho ou em pequenos desvios. Foi um dia puxado e memorável. Lembro-me da vontade de explorar o canyon, mas não havia tempo hábil para isso. Agora, com apenas um dia programado por aqui, optamos pela parte alta do parque, que eu ainda não conhecia. Para a Ana, que não conhecia nenhuma das duas, qualquer coisa seria lucro. De qualquer maneira, quando apertei o Gustavo da Estrada Real para que ele escolhesse entre as partes alta ou baixa do parque, ele não titubeou. Assim, juntando o conselho dele com a minha vontade, optamos pelo passeio na parte alta mesmo.

Entrando na Cachoeira do Guedes, no Parque Nacional da Serra do Cipó - MG

Entrando na Cachoeira do Guedes, no Parque Nacional da Serra do Cipó - MG


E assim, a partir do Palácio por cinco quilômetros caminhamos cortando os campos de altitude, na parte alta do Parque Nacional da Serra do Cipó. Céu azul, cenário inesquecível de tão bonito. Uma vastidão para todos os lados, colinas, montanhas, nascentes de rios, ar puríssimo, tudo lindo. O Pretinho tem um ótimo papo e os cinco quilômetros passaram voando.

Entrando na Cachoeira do Gavião, no Parque Nacional da Serra do Cipó - MG

Entrando na Cachoeira do Gavião, no Parque Nacional da Serra do Cipó - MG


Aí, começamos a descer junto com um rio em direção ao vale lá embaixo. O rio vai formando cachoeiras desde lá de cima. As mais imponentes são a Cachoeira do Guedes (ou Congonhas de Cima), a Congonhas e a maravilhosa Cachoeira do Gavião. Em cada uma delas, uma parada para fotos e banho. Águas geladas não mais nos asssustam e o dia ensolarado ajudou muito. A água desse rio era bem diferente da água lá do Intendente. Ao invés da coloração amarelada, um tom esverdeado, bem transparente. Uma pintura! Também ao contrário dos dois dias anteriores, as cachoeiras são menores, de um tamanho mais civilizado. Nada de megacachoeiras de cem metros ou mais.

Rio encachoeirado no Parque Nacional da Serra do Cipó - MG

Rio encachoeirado no Parque Nacional da Serra do Cipó - MG


Descendo pelo próprio leito do rio ou pela encosta da montanha, já avistávamos todo o vale à frente e também a montanha do outro lado. Por ela descia um outro rio, também cheio de cachoeiras. A mais baixa delas, a Cachoeira da Andorinha seria o nosso destino, após a Cachoeira do Gavião. O engraçado foi perceber que, dois rios tão vizinhos, tão próximos, tem águas tão distintas. As duas são geladas, por supuesto, mas um é esverdeado e o outro é amarelado.

Escalando os paredões da Cachoeira da Andorinha, no Parque Nacional da Serra do Cipó - MG

Escalando os paredões da Cachoeira da Andorinha, no Parque Nacional da Serra do Cipó - MG


Depois de muito banho de cachoeira, seguimos pelo vale abaixo em direção à Fiona, já com o finalzinho de tarde. Sensação de saúde total!. Mais oito quilômetros que passarm rapidinho, só se divertindo em conversas com o Pretinho, um figuraça!

Saltando no poço da Cachoeira da Andorinha, no Parque Nacional da Serra do Cipó - MG

Saltando no poço da Cachoeira da Andorinha, no Parque Nacional da Serra do Cipó - MG


Sempre-Vivas, no Parque Nacional da Serra do Cipó - MG

Sempre-Vivas, no Parque Nacional da Serra do Cipó - MG


A Fiona nos esperava pacientemente e nos levou de volta para a pousada num rápido pitstop e de lá para cá, na Lapinha da Serra ou simplesmente Lapinha. Cinquenta quilômetros de estradas, pouco mais da metade delas de terra. Chegamos aqui no escuro, sem poder admirar o famoso visual da região. Estamos curiosos de olhar pela janela amanhã cedo. Dizem ser maravilhoso. Estamos numa pousada super charmosa chamada Travessia. Muito felizes de ter terminado o terceiro dia da maratona e já com o quarto engatilhado, guias e roteiros já agendados... Que venha o quarto dia!

Maravilhado com a paisagem do Parque Nacional da Serra do Cipó - MG

Maravilhado com a paisagem do Parque Nacional da Serra do Cipó - MG

Brasil, Minas Gerais, Serra do Cipó (P.N da Serra do Cipó), Lapinha, cachoeira, Parque, Serra do Cipó, Trekking, trilha

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Plaza Francia e a Face Sul do Aconcágua

Argentina, Aconcágua

1000dias em Plaza Francia, em frente à mítica parede sul do Aconcágua, a 4.300 metros de altitude (Parque Provincial Aconcágua, região de Mendoza, no oeste da Argentina)

1000dias em Plaza Francia, em frente à mítica parede sul do Aconcágua, a 4.300 metros de altitude (Parque Provincial Aconcágua, região de Mendoza, no oeste da Argentina)


O Aconcágua é a maior montanha do mundo fora da Ásia. Ligeiramente abaixo dos 7 mil metros, é também a alta montanha mais fácil de ser escalada. Essas duas características se combinam para fazer dela um cume bastante popular e foi apenas o aumento acentuado das tarifas para se entrar no parque e ter o direito de tentar subi-la que conseguiu controlar o número cada vez maior de alpinistas ou simplesmente turistas que queriam se arriscar nas altas altitudes. Com os preços atuais, muita gente já começa a preferir pagar um pouco mais e ir até o Himalaia, onde as montanhas são ainda mais altas.

O belo cenário do Parque Provincial do Aconcágua, perto do acampamento Confluencia, região de Mendoza, no oeste da Argentina

O belo cenário do Parque Provincial do Aconcágua, perto do acampamento Confluencia, região de Mendoza, no oeste da Argentina


Início da caminhada do acampamento Confluencia para Plaza Francia, campo base da parede sul do Aconcágua (região de Mendoza, no oeste da Argentina)

Início da caminhada do acampamento Confluencia para Plaza Francia, campo base da parede sul do Aconcágua (região de Mendoza, no oeste da Argentina)


O problema maior é que a facilidade em se chegar ao cume é extremamente relativa. É verdade que é possível caminhar até o alto, sendo desnecessário qualquer conhecimento mais técnico de alpinismo, pelo menos para quem segue pela rota normal. Mas só chegará ao cume quem tiver passado pelo adequado processo de aclimatação às grandes altitudes, algo que requer muitos dias na região. Alguns organismos não se adaptarão e quem não souber reconhecer isso e insistir é um forte candidato a entrar no rol de estatísticas de mortos nessa montanha. Além disso, mesmo para quem estiver aclimatado, o cume só será atingido em condições favoráveis de tempo e o tempo na montanha é notório por sua instabilidade. Em condições excepcionalmente boas, pessoas já chegaram ao cume do Aconcágua calçando apenas um tênis e até cães foram até lá também, acompanhando seus donos. Mas em dias de clima ruim, e eles são a maioria, ninguém chega ao alto, nem o mais experiente dos alpinistas.

Ponto onde a trilha se bifurca, um lado seguindo para Plaza de Mulas, na rota normal, e o outro seguindo para Plaza Francia, a nossa opção, onde está a parede sul do Aconcágua. (região de Mendoza, no oeste da Argentina)

Ponto onde a trilha se bifurca, um lado seguindo para Plaza de Mulas, na rota normal, e o outro seguindo para Plaza Francia, a nossa opção, onde está a parede sul do Aconcágua. (região de Mendoza, no oeste da Argentina)


Ponto onde a trilha se bifurca, um lado seguindo para Plaza de Mulas, na rota normal, e o outro seguindo para Plaza Francia, a nossa opção, onde está a parede sul do Aconcágua. (região de Mendoza, no oeste da Argentina)

Ponto onde a trilha se bifurca, um lado seguindo para Plaza de Mulas, na rota normal, e o outro seguindo para Plaza Francia, a nossa opção, onde está a parede sul do Aconcágua. (região de Mendoza, no oeste da Argentina)


O topo do Aconcágua foi atingido pela primeira vez em 1897. Antes disso, os Incas usavam suas encostas mais altas como local de adoração e sacrifício. Múmias já foram encontradas acima dos 5 mil metros, mas não há indícios que tenham chegado ao cume da montanha. Foi apenas a partir do séc. XX que os 6.962 metros de altitude dessa montanha começaram a ser visitados com uma frequência cada vez maior por seres humanos. Estabeleceu-se uma “rota normal”, um caminho em que se podia chegar ao cume apenas caminhando. É claro que os verdadeiros alpinistas não iriam se satisfazer com isso e novos caminhos, cada vez mais difíceis, foram sendo estabelecidos. Agora sim, rotas apenas para profissionais, paredes de gelo e rocha que só seriam vencidos com muita técnica, bons equipamentos e a aquiescência de São Pedro. Enquanto a face noroeste da montanha, onde está a rota normal, foi deixada para os turistas interessados em caminhar até o topo do continente, a magnífica face sul virou território dos melhores e mais famosos alpinistas do mundo. E mesmo entre eles, a taxa de sucesso é baixíssima. Enquanto do lado de lá, o Aconcágua é considerada a mais fácil montanha de alta atitude do mundo, do lado de cá, ela está entre as mais desafiadoras.

Um pequeno descanso na caminhada até Plaza Francia, no Parque Provincial do Aconcágua, na região de Mendoza, no oeste da Argentina

Um pequeno descanso na caminhada até Plaza Francia, no Parque Provincial do Aconcágua, na região de Mendoza, no oeste da Argentina


Grandes pináculos de rocha fazem parte do cenário do Parque Provincial do Aconcágua, região de Mendoza, no oeste da Argentina

Grandes pináculos de rocha fazem parte do cenário do Parque Provincial do Aconcágua, região de Mendoza, no oeste da Argentina


A face sul do Aconcágua é uma enorme parede com cerca de 2,5 quilômetros de altura. Não é um paredão único, mas uma sequência de pequenas paredes, algumas de gelo, outras de rochas, muitas delas com gelo e rocha misturados. Técnicas e equipamentos para essas duas superfícies são distintos e os escaladores que quiserem enfrentar essa rota terão que dominar todas essas técnicas e levar para cima o peso de todos esses equipamentos. Essa é a parte fácil da história. A difícil são os constantes desabamentos e avalanches, tanto de gelo como de rocha. Por isso, os caminhos tentam passar longe das canaletas, onde a queda de rocha e gelo é mais comum. Mas eles ocorrem por toda a parede e o melhor para os alpinistas é passar o menor tempo por lá, fazer a escalada o mais rapidamente possível. Mesmo com pressa, é impossível acelerar muito nessas altitudes e condições, com o frio chegando a trinta graus negativos durante a noite, ventos de quase 200 km/h. São escaladas que levam cerca de 4-5 dias e, em muitos momentos, o alpinista estará exposto ao bom ou mau humor da natureza.

O relevo pintado de vermelho e amarelo na região do monte Aconcágua, região de Mendoza, no oeste da Argentina

O relevo pintado de vermelho e amarelo na região do monte Aconcágua, região de Mendoza, no oeste da Argentina


Caminhando no Parque Provincial Aconcágua, região de Mendoza, no oeste da Argentina

Caminhando no Parque Provincial Aconcágua, região de Mendoza, no oeste da Argentina


Com todas essas dificuldades, não é difícil entender porque mais de mil pessoas chegam ao cume a cada ano, tentando pela rota normal, enquanto que, pela face sul, são comuns os anos em que absolutamente ninguém chega ao topo da parede. O número de alpinistas que tentam fica entre uma e duas dúzias, mas, muitas vezes, devido às condições de tempo desfavoráveis, muitos deles nem chegam de fato a iniciar suas tentativas. Ficam no acampamento base, chamado de Plaza Francia, admirando aquele enorme paredão, ouvindo o som quase constante de avalanches e prestando atenção nas previsões climáticas no rádio. Alguns dos mais famosos alpinistas brasileiros já passaram pela experiência, voltando para casa de mãos vazias, mas vivos para poder tentar algum outro ano.

Muitas cores e até uma cachoeira de gelo em um paredão de rocha no Parque Provincial Aconcágua, região de Mendoza, no oeste da Argentina

Muitas cores e até uma cachoeira de gelo em um paredão de rocha no Parque Provincial Aconcágua, região de Mendoza, no oeste da Argentina


Trilha entre Plaza Francia e Confluencia, no Parque Provincial Aconcágua, região de Mendoza, no oeste da Argentina

Trilha entre Plaza Francia e Confluencia, no Parque Provincial Aconcágua, região de Mendoza, no oeste da Argentina


Infelizmente, nem todas as histórias terminam bem. Quando eu estive no Aconcágua da outra vez, na temporada 98/99, estava fazendo um ano uma das mais tristes tragédias do alpinismo brasileiro. No ano anterior, Mozart Catão, o primeiro brasileiro a chegar ao cume do Everest junto com Waldemar Nicleviz, liderava uma expedição para vencer a face sul do Aconcágua. Nunca uma expedição brasileira havia chegado tão perto disso. Dos cinco alpinistas, dois haviam desistido e esperavam no campo base. Os outros três, liderados por Mozart, estavam a menos de 800 metros do cume. Entre eles, Othon Leonardos, um jovem alpinista que meu irmão havia conhecido dois anos antes, no mesmo Aconcágua, mas na rota normal. Costumavam jogar ping-pong no refúgio que há em Plaza de Mulas e Othon se destacava por sua animação e bom humor constantes. Agora, ele seguia de perto um dos maiores alpinistas brasileiros, Mozart, quase já ao fim de mais um dia de escaladas na face sul, talvez o penúltimo antes de chegar ao cume. Mas a natureza tinha outros planos. Uma pequena avalanche atingiu Mozart em cheio e ele despencou da montanha para nunca mais ser achado. Othon e o outro alpinista, Alexandre Oliveira, também haviam caído vários metros, mas estavam pendurados em uma corda que havia se enroscado em uma pedra. Alexandre estava mais abaixo, quase inconsciente, enquanto Othon havia quebrado suas duas pernas. Mesmo pendurado, conseguiu buscar o rádio em sua mochila nas costas e pedir ajuda ao campo base. Infelizmente, naquele lugar e naquelas condições, não havia ajuda possível. Othon ainda ficou conversando por duas horas com seus colegas em Plaza Francia, que tentavam animá-lo de todas as formas. Mas acabou por sucumbir ao terrível frio da montanha, não sem antes enviar mensagens para os pais e entes queridos.

Uma rocha e os rastros de seu deslizamento nas encostas de uma montanha no Parque Provincial Aconcágua, região de Mendoza, no oeste da Argentina

Uma rocha e os rastros de seu deslizamento nas encostas de uma montanha no Parque Provincial Aconcágua, região de Mendoza, no oeste da Argentina


Caminhando entre Plaza Francia e Confluencia, no Parque Provincial Aconcágua, região de Mendoza, no oeste da Argentina

Caminhando entre Plaza Francia e Confluencia, no Parque Provincial Aconcágua, região de Mendoza, no oeste da Argentina


Quatro anos depois, foi a vez de Rodrigo Ranieri e Vitor Negrete finalmente conquistarem a temida parede para o alpinismo brasileiro. Na subida, por incrível que pareça, acabaram passando pelos corpos congelados e ainda pendurados de Othon e Alexandre. Rodrigo, que já esteve no Himalaia e no topo do Everest diversas vezes, sempre disse que o maior desafio vencido da carreira foi mesmo a face sul do Aconcágua, menos pelas dificuldades técnicas, mas principalmente pelo perigo constante das avalanches e deslizamentos. Agora, tantos anos mais tarde, o mais provável é que a corda que sustentava Othon e Alexandre tenha finalmente se rompido, devido ao frio e envelhecimento. Mas, para mim, é impossível olhar essa parede e não me lembrar dessa triste história, assim como também do sucesso dos meus amigos Rodrigo e Vítor, contemporâneos da minha época de Unicamp.

Uma prima da urtiga, adaptada às grandes altitudes do Parque Provincial do Aconcágua, na região de Mendoza, no oeste da Argentina

Uma prima da urtiga, adaptada às grandes altitudes do Parque Provincial do Aconcágua, na região de Mendoza, no oeste da Argentina


Uma prima da urtiga, adaptada às grandes altitudes do Parque Provincial do Aconcágua, na região de Mendoza, no oeste da Argentina

Uma prima da urtiga, adaptada às grandes altitudes do Parque Provincial do Aconcágua, na região de Mendoza, no oeste da Argentina


Hoje pela manhã, aqui no acampamento de Confluencia, todas essas histórias estavam em minha cabeça. Assim como a vontade de chegar pela primeira vez à Plaza Francia e ver de perto essa paisagem espetacular, a tão famosa face sul da maior montanha do continente. Da outra vez que estive aqui (vou contar a história no próximo post), segui diretamente para Plaza de Mulas e de lá para o cume. Plaza Francia foi apenas uma vontade, adiada por quinze anos. Hoje, dia de céu azul, nada mais me impediria de vê-la de perto, de frente, de baixo.

Vegetação adaptada ao frio a grandes altitudes da região do Aconcágua,  Província de Mendoza, no oeste da Argentina

Vegetação adaptada ao frio a grandes altitudes da região do Aconcágua, Província de Mendoza, no oeste da Argentina


Vegetação adaptada ao frio a grandes altitudes da região do Aconcágua,  Província de Mendoza, no oeste da Argentina

Vegetação adaptada ao frio a grandes altitudes da região do Aconcágua, Província de Mendoza, no oeste da Argentina


Eu e a Ana saímos cedo, mas sem pressa. Tínhamos todo o dia para chegar até lá, observar e fotografar, lanchar, e voltar para Confluencia, onde ficaria nossa barraca e sacos de dormir. Caminharíamos leves, apenas o lanche, a máquina fotográfica e um par de casacos na mochila. Quase onze quilômetros para ir e o mesmo percurso de volta. Sairíamos dos 3.400 metros de altitude de Confluencia para chegar aos 4.250 metros de Plaza Francia, numa longa subida, lenta e gradual, em meio a algumas das mais belas paisagens do Parque Provincial do Aconcagua. Apenas aqueles que pretendem (e pagam por isso) subir a face sul é que podem acampar em Plaza Francia. Os outros, como nós, só podem passar o dia por lá, mas devem retornar e dormir em Confluencia.

Arbusto com flores amarelas no nosso caminho para Plaza Francia, quase aos 4 mil metros de altitude, no Parque Provincial do Aconcágua, região de Mendoza, no oeste da Argentina

Arbusto com flores amarelas no nosso caminho para Plaza Francia, quase aos 4 mil metros de altitude, no Parque Provincial do Aconcágua, região de Mendoza, no oeste da Argentina


Perfil da caminhada até Plaza Francia, campo base para quem for enfrentar a famosa Parede Sul do Aconcágua, nos Andes argentinos, região de Mendoza

Perfil da caminhada até Plaza Francia, campo base para quem for enfrentar a famosa Parede Sul do Aconcágua, nos Andes argentinos, região de Mendoza


Logo no início da caminhada chegamos à bifurcação da trilha. Para a esquerda, Plaza de Mulas, o campo base da rota normal. Para a direita, Plaza Francia, nosso objetivo de hoje. As duas trilhas seguem pelos braços do rio Horcones, o Superior e o Inferior, que se juntam exatamente nessa bifurcação, conforme se vê muito bem no mapa da região que mostrei no post anterior.

A imponente Parede Sul do Aconcágua começa a aparecer por detrás de uma montanha mais baixa, no nosso caminho para Plaza Francia (Parque Provincial Aconcágua, região de Mendoza, no oeste da Argentina)

A imponente Parede Sul do Aconcágua começa a aparecer por detrás de uma montanha mais baixa, no nosso caminho para Plaza Francia (Parque Provincial Aconcágua, região de Mendoza, no oeste da Argentina)


A imponente Parede Sul do Aconcágua começa a aparecer por detrás de uma montanha mais baixa, no nosso caminho para Plaza Francia (Parque Provincial Aconcágua, região de Mendoza, no oeste da Argentina)

A imponente Parede Sul do Aconcágua começa a aparecer por detrás de uma montanha mais baixa, no nosso caminho para Plaza Francia (Parque Provincial Aconcágua, região de Mendoza, no oeste da Argentina)


Bom, como disse, eu e a Ana pegamos o caminho da direita, sempre ao lado do rio. Passamos por cachoeiras coloridas e a estranha flora de altitude. Vegetação rasteira, mas com muitas flores nessa época do ano. Brancas, amarelas, vermelhas. Tem até uma parente da urtiga e, com tantos espinhos em suas folhas, caules e flores, dá até medo de chegar perto. Mas são lindas e ajudam a dar cor a um ambiente que é quase estéril, principalmente quando vamos ganhando mais altitude.

O glaciar Horcones, quase escondido por terra e rocha que traz consigo desde a Parede Sul do Aconcágua (Parque Aconcágua, região de Mendoza, no oeste da Argentina)

O glaciar Horcones, quase escondido por terra e rocha que traz consigo desde a Parede Sul do Aconcágua (Parque Aconcágua, região de Mendoza, no oeste da Argentina)


O glaciar Horcones, quase escondido por terra e rocha que traz consigo desde a Parede Sul do Aconcágua (Parque Aconcágua, região de Mendoza, no oeste da Argentina)

O glaciar Horcones, quase escondido por terra e rocha que traz consigo desde a Parede Sul do Aconcágua (Parque Aconcágua, região de Mendoza, no oeste da Argentina)


Pode não haver muita vida por lá, mas a beleza é grandiosa. Picos e paredões coloridos para onde quer que se olhe. Diferentes camadas geológicas, compostas de diferentes minérios e expostas pelo tempo, tem cores distintas, os tons variando entre o amarelo e o vermelho e as dezenas de combinações possíveis entre eles. Tudo isso com pitadas de branco e marrom. É lindo, quase uma paleta de cores.

Cada vez mais próximos de Plaza Francia e da parede sul do Aconcágua, na região de Mendoza, no oeste da Argentina

Cada vez mais próximos de Plaza Francia e da parede sul do Aconcágua, na região de Mendoza, no oeste da Argentina


Finalmente, ainda antes de chegarmos à Plaza Francia, o Aconcágua aparece com todo o seu esplendor! (Parque Provincial Aconcágua, região de Mendoza, no oeste da Argentina)

Finalmente, ainda antes de chegarmos à Plaza Francia, o Aconcágua aparece com todo o seu esplendor! (Parque Provincial Aconcágua, região de Mendoza, no oeste da Argentina)


É muito estranho pensar, principalmente quando já estamos acima dos 4 mil metros, que tudo isso estava abaixo do mar, não há muito tempo em termos geológicos. Mas os fósseis marinhos incrustados nas rochas estão ali para nos lembrar disso. Mesmo no cume do Aconcágua já foram encontrados exemplares de antigas criaturas marinhas. Foi o choque de placas tectônicas que começou a levantar os Andes nas últimas dezenas de milhões de anos. O que era leito marinho, com o tempo, se tornou a mais alta montanha dessa parte do globo. E algum dia, tudo vai estar no leito do mar novamente, enquanto outras montanhas serão criadas em outros lugares. Perto da eternidade, o Aconcágua é tão passageiro como nós.

Finalmente, ainda antes de chegarmos à Plaza Francia, o Aconcágua aparece com todo o seu esplendor! (Parque Provincial Aconcágua, região de Mendoza, no oeste da Argentina)

Finalmente, ainda antes de chegarmos à Plaza Francia, o Aconcágua aparece com todo o seu esplendor! (Parque Provincial Aconcágua, região de Mendoza, no oeste da Argentina)


A Ana tendo ao fundo a imponente parede sul do Aconcágua, pouco antes de chegarmos à Plaza Francia, no Parque Provincial Aconcágua, região de Mendoza, no oeste da Argentina

A Ana tendo ao fundo a imponente parede sul do Aconcágua, pouco antes de chegarmos à Plaza Francia, no Parque Provincial Aconcágua, região de Mendoza, no oeste da Argentina


Falando nele, após algumas horas de caminhada, ele finalmente começou a aparecer, escondido ainda atrás de montanhas muito mais baixas, porém muito mais próximas de nós. Era a mitológica parede sul, cada vez mais perto de nós. Agora, já estávamos acima dos 4.200 metros, bem mais altos que o cume do Lanín, a última montanha que havíamos subido, poucos dias atrás (post aqui). Enquanto lá, 300 metros abaixo da altitude em que nos encontrávamos agora, a sensação era a de se estar no topo do mundo, aqui era o contrário. Ao nosso redor, apenas montanhas mais altas. E à nossa frente, uma parede com mais de dois quilômetros de altura! Estávamos praticamente no fundo do vale!

O glaciar Horcones, disfarçado sob entulho, que nasce nas encostas do Aconcágua, região de Mendoza, no oeste da Argentina

O glaciar Horcones, disfarçado sob entulho, que nasce nas encostas do Aconcágua, região de Mendoza, no oeste da Argentina


Prestando a devida reverência à imponente parede sul do Aconcágua, a 4.300 metros de altitude, na região de Mendoza, no oeste da Argentina

Prestando a devida reverência à imponente parede sul do Aconcágua, a 4.300 metros de altitude, na região de Mendoza, no oeste da Argentina


Ao nosso lado, o rio Horcones havia se transformado no glaciar Horcones, um rio de gelo praticamente escondido sob toneladas de rochas e detritos. É o material que ele arranca e carrega das altas montanhas, especialmente da face sul do Aconcágua, onde nasce. Vendo todas aquelas rochas sendo trazidas lá de cima, fica mais fácil acreditar que a montanha está mesmo se desfazendo e que, um dia, voltará a estar abaixo do mar. Mas não enquanto o choque de placas tectônicas continuar a empurrá-la para cima. É a natureza agindo dos dois lados ao mesmo tempo, criando e erodindo montanhas. Nesse balanço de forças, por enquanto, o Aconcágua continua a subir.

Chegando à Plaza Francia, acampamento para os poucos alpinistas que se arriscam na parede sul do Aconcágua, região de Mendoza, no oeste da Argentina

Chegando à Plaza Francia, acampamento para os poucos alpinistas que se arriscam na parede sul do Aconcágua, região de Mendoza, no oeste da Argentina


Uma das muitas geleiras penduradas na parede sul do Aconcágua, região de Mendoza, no oeste da Argentina

Uma das muitas geleiras penduradas na parede sul do Aconcágua, região de Mendoza, no oeste da Argentina


Nós chegamos ao mirante de observação da montanha. Visão absolutamente magnífica! Há outros excursionistas por aqui. A maioria deles não segue adiante, lancha no mirante mesmo e retorna para Confluencia. Nós queríamos ir um pouco mais adiante. Plaza Francia está ainda mais perto da base da montanha. A visão que se tem de lá do Aconcágua nem é tão bela como a que se tem do mirante, mas a sensação de se estar ainda mais perto, esta é imbatível. Além do mais, agora que já chegamos até aqui, quero ver de perto o local onde acampam os bravos alpinistas que enfrentam a face sul.

Admirando os dois quilômetros de altura da imponente parede sul do Aconcágua, a 4.300 metros de altitude, na região de Mendoza, no oeste da Argentina

Admirando os dois quilômetros de altura da imponente parede sul do Aconcágua, a 4.300 metros de altitude, na região de Mendoza, no oeste da Argentina


A Ana admira a impressionante parede sul do monte Aconcágua, em Plaza Francia, região de Mendoza, no oeste da Argentina

A Ana admira a impressionante parede sul do monte Aconcágua, em Plaza Francia, região de Mendoza, no oeste da Argentina


Continuamos a contornar o glaciar, que aqui faz uma curva bem aberta. Já podemos observar e ouvir alguns pequenos desabamentos na parede. Lembro-me perfeitamente da descrição feita pelo Rodrigo e o Vítor em uma palestra deles em que estive presente. Uma palestra depois de uma tentativa que fizeram de subir a montanha e que desistiram, acho que em 2001. Sempre as avalanches, o maior temor dos alpinistas que vem até aqui. A cada vez que ouvíamos um barulho, o coração disparava. E olha que estávamos longe! Fico só imaginado como é estar naquela parede e ouvir esse barulho dezenas de vezes ao dia, ao seu lado. Não deve ser fácil... Essa não é a minha praia! A minha praia termina exatamente em Plaza Francia, demarcada por uma placa, local ainda totalmente seguro de deslizamentos, pelo menos nos meses de verão.

1000dias em Plaza Francia, em frente à mítica parede sul do Aconcágua, a 4.300 metros de altitude (Parque Provincial Aconcágua, região de Mendoza, no oeste da Argentina)

1000dias em Plaza Francia, em frente à mítica parede sul do Aconcágua, a 4.300 metros de altitude (Parque Provincial Aconcágua, região de Mendoza, no oeste da Argentina)


A Ana admira a impressionante parede sul do monte Aconcágua, em Plaza Francia, região de Mendoza, no oeste da Argentina

A Ana admira a impressionante parede sul do monte Aconcágua, em Plaza Francia, região de Mendoza, no oeste da Argentina


Em Plaza Francia, fizemos nosso lanche, essa paisagem maravilhosa à nossa frente, trilha sonora de avalanches. Foi de tirar o fôlego, um dos pontos altos (no caso, literalmente!) dos 1000dias. O ponto mais alto do continente que temos explorado nos últimos quatro anos, sem parar, bem ali na nossa frente, quase ao nosso alcance, a uns meros quilômetros. Chegar até aqui, foi fácil. Difícil mesmo foi dar as costas e iniciar o caminho de volta...

Área de acampamento conhecida como Paza Francia, em frente à parede sul do Aconcágua, região de Mendoza, no oeste da Argentina

Área de acampamento conhecida como Paza Francia, em frente à parede sul do Aconcágua, região de Mendoza, no oeste da Argentina


Solo cristalizado na região de Plaza Francia, no Parque Provincial Aconcágua, na província de Mendoza, no oeste da Argentina

Solo cristalizado na região de Plaza Francia, no Parque Provincial Aconcágua, na província de Mendoza, no oeste da Argentina


Mas tínhamos de fazê-lo. A tarde chegava e a temperatura caía, a sombra tomando conta do vale. Iniciamos a volta, a paisagem bem diferente da ida, pois agora olhávamos para o lado oposto. Paisagem distinta, luz diferente, já no final de tarde. Céu azul, tudo lindo, nítido, colorido. Distraídos e inebriados, mal vimos o tempo e a distância passarem. Logo estávamos chegando de volta à nossa “casa” em Confluencia. No caminho de volta, ficamos amigos de uns poloneses. Depois de Plaza Francia, amanhã eles seguirão para Plaza de Mulas. De lá, tentarão o cume. Infelizmente, não é o nosso caminho. Adoraríamos seguir para lá também, principalmente a Ana que ainda não conhece. Mas amanhã nossa rota é para baixo, de volta à Fiona. Mas nos próximos posts, como numa viagem no tempo, vamos para cima também, para Plaza de Mulas e ao cume do Aconcágua. Foi o caminho que fiz 15 anos atrás. Como num passe de mágica, ele também vai fazer parte desses 1000dias por toda a América. Merece!

Após visitar Plaza Francia, retornando ao acampamento de Confluencia, no Parque Provincial Aconcágua, região de Mendoza, no oeste da Argentina

Após visitar Plaza Francia, retornando ao acampamento de Confluencia, no Parque Provincial Aconcágua, região de Mendoza, no oeste da Argentina

Argentina, Aconcágua, Montanha, Parque, Plaza Francia, trilha

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Curtindo o Frio

Brasil, Santa Catarina, Urubici

Gelo na estrada da Serra do Rio do Rastro, região de Urubici - SC

Gelo na estrada da Serra do Rio do Rastro, região de Urubici - SC


Frio lá fora, tempo nublado, quarto quentinho, já viu a vontade que dá de sair da cama, né? O estímulo maior é o café da manhã, que se encerra às 09:30. Diante desse imperativo, não tem remédio. Mas logo já estávamos de volta ao quarto para trabalhar um pouco, dando um tempo para o tempo melhorar.

Estrada bucólica na região de Urubici - SC

Estrada bucólica na região de Urubici - SC


Mas as nuvens eram insistentes e resolvemos sair assim mesmo. Resolvemos fazer um circuito pela região, dando uma volta na serra e no Parque Nacional de São Joaquim. É no ponto mais alto desse parque (e de toda a região sul do país), o Morro da Igreja, que foi medida a temperatura mais baixa do Brasil. Algo próximo de 17 graus NEGATIVOS! Isso mesmo, coisa de primeiro mundo, hehehe.

A gelada Cachoeira do Avencal, em Urubici - SC. Nadar, nem pensar!

A gelada Cachoeira do Avencal, em Urubici - SC. Nadar, nem pensar!


Bem, hoje estava frio, mas nem tanto assim! Fomos primeiro na mais bela cachoeira da região, bem pertinho de Urubici, chamada Avencal. Cachoeira mais para ser vista do que para ser nadada. Principalmente no inverno. A parte de baixo é atingida por uma trilha de pouco menos de um quilômetro que nos leva à garganta onde chega a cachoeira depois de uma queda de mais de 100 metros. Paisagem cinematográfica! E a água é geladíssima. Com o céu nublado e a temperatura de 10 graus do lado de fora, não sobrou estímulo nenhum para entrar na água... Na parte de cima da cachoeira, de onde temos uma visão magnífica do canyon por onde corre a água, pode-se chegar de carro. O máximo que temos de andar é uns 100 metros, até os dois mirantes de observação.

Pinturas rupestres e a Cachoeira do Avencal ao fundo, em Urubici - SC

Pinturas rupestres e a Cachoeira do Avencal ao fundo, em Urubici - SC


No caminho para a parte alta da cachoeira, ainda passamos numa parede cheia de pinturas rupestres. Na verdade, pintura não, arte rupestre, já que eles não usavam tinta, era tudo técnica de baixo relevo. A mais bela delas é uma espécie de máscara, que já está ali há uns 3 mil anos, a admirar e guardar aquela linda paisagem à sua frente. Como sempre acontece quando vejo arte rupestre, fico imaginando o momento em que foram feitas, quem eram e como viviam aqueles artistas. Esse elo direto entre nós e eles, a arte na minha frente, ganha contornos quase mágicos, um tipo de máquina do tempo.

A majestosa Cachoeira do Avencal, em Urubici - SC

A majestosa Cachoeira do Avencal, em Urubici - SC


Dali seguimos para Bom Jardim da Serra, onde está a famosa Serra do Rio do Rastro. No caminho, chuva, placas pedindo cuidado com o gelo na pista (muito estranho ver placas assim no Brasil!) e caminhões transpotando enormes peças na carroceria, o que atravancou o trânsito e nos fez perder uns 40 minutos preciosos na estrada. Enfim, chegamos ao mirante de onde se pode observar os paredões da serra despencando abruptamente até a planície lá embaixo, já quase no nível do mar. É uma visão magnífica que fica ainda mais linda com a estrada serpenteando por entre os paredões para vencer a montanha. Essa estrada é uma das grandes obras de engenharia rodoviária do país, certamente uma das mais belas do Brasil.

A famosa estrada da Serra do Rio do Rastro, na região de Urubici - SC

A famosa estrada da Serra do Rio do Rastro, na região de Urubici - SC


Enfrentando o frio no mirante da Serra do Rio do Rastro, região de Urubici - SC

Enfrentando o frio no mirante da Serra do Rio do Rastro, região de Urubici - SC


Apertados pelo tempo, ficamos lá em cima bem menos do que gostaríamos e fomos logo descendo a estrada. Mas não demorou muito e já estávamos parados novamente. Desta vez, embasbacados diante de uma cascata de gelo enorme que se formou em uma das encostas. Afinal, não é todo dia que temos esse tipo de visão no Brasil, um país que era para ser tropical. Nova sessão de fotos e já fomos acelerando novamente, afinal ainda tínhamos de completar a nossa volta do parque, subindo por outra serra igualmente famosa, a Serra do Corvo Branco.

Cascata de gelo na Serra do Rio do Rastro, região de Urubici - SC

Cascata de gelo na Serra do Rio do Rastro, região de Urubici - SC


Fiona na Serra do Rio do Rastro, região de Urubici - SC

Fiona na Serra do Rio do Rastro, região de Urubici - SC


Atravessamos rapidamente a planície lá em baixo em direção ao norte, até a tal serra. A Corvo Branco é bem menos utilizada que a Rio do Rastro, pois não é asfaltada. Muitos dizem ser até mais bonita. À bordo da nossa Fiona, certamente a terra não seria problema. E não foi mesmo, perto do que já passamos antes. A paisagem é realmente belíssima, mesmo em um fim de tarde ainda mais escuro pela falta de sol. Foi o tempo de completarmos a subida, com uma ou outra parada para tentativas de fotos, que a noite tomou conta do céu. Lá no alto, a subida termina de forma apoteótica, no maior corte em rocha já feito no Brasil, com quase cem metros de altura. Ficamos só imaginando a beleza daquilo tudo num dia de céu azul. Não tivemos essa sorte, mas o que vimos, na penumbra da quase-noite já foi incrível!

Chegando num fim de tarde nublado na Serra do Corvo Branco, região de Urubici - SC

Chegando num fim de tarde nublado na Serra do Corvo Branco, região de Urubici - SC


De lá, já no rumo de Urubici, passamos na entrada da estrada para o Morro da Igreja. Era sete da noite, estávamos a 1.100 metros de altura e a temperatura era de 8 graus. Quem sabe, por um milagre, não estaria nevando lá encima? Fomos subindo acompanhando atentamente os marcadores de nosso GPS e da Fiona. Uma marcava a altitude e o outro, a temperatura. 1300, 1400, 1500; 7 graus, 6 graus, 5 graus. E nós na maior torcida! Enfim, chegamos aos 1.800 metros com 2 graus de temperatura. Mas, ao invés de neve, tinha era muita névoa e vento. Vento forte e frio!!! Brrrrrrr A temperatura aparente deveria ser quase uns 10 graus abaixo de zero! Minhas orelhas congelaram rapidinho! Felizmente, o conforto da Fiona estava ali do lado...

Trecho final e asfaltado da subida da Serra do Corvo Branco, região de Urubici - SC

Trecho final e asfaltado da subida da Serra do Corvo Branco, região de Urubici - SC


Depois desse frio todo, do longo percurso ao redor do parque e para seu ponto mais alto e das lindas paisagens do dia, só nos restava voltar para Urubici. Um chuveiro quente delicioso nos aguardava. E uma cama quentinha também. Amanhã, com pilhas novas, vamos atrás do frio novamente...

O maior corte feito em rocha no Brasil, com quase 100 metros, no alto da Serra do Corvo Branco, região de Urubici - SC

O maior corte feito em rocha no Brasil, com quase 100 metros, no alto da Serra do Corvo Branco, região de Urubici - SC

Brasil, Santa Catarina, Urubici, Avencal, Corvo Branco, Rio do Rastro

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A Incrível Inhotim

Brasil, Minas Gerais, Caraça

Mosaico de Rodrigos, em Inhotim, Brumadinho, próximo à Belo Horizonte - MG

Mosaico de Rodrigos, em Inhotim, Brumadinho, próximo à Belo Horizonte - MG


Um esforço tremendo para sair da cama gostosa cedinho. Mas tínhamos muito para ver e fazer. Nada melhor que um super café da manhã, com o tradicional pão de queijo, uma vista de encher os olhos e frutas, muitas frutas! Até carambola, junto com morango, pêra, kiwi, melão, mamão e uva eu coloquei no meu iogurte com granola. Quanta saúde! Para completar, dois sucos maravilhosos: laranja com maçã e morango com abacaxi. É, foi uma overdose de frutas...

Café da manhã cheio de frutas da Pousada Mirante da Serra, em Brumadinho, próximo à Belo Horizonte - MG

Café da manhã cheio de frutas da Pousada Mirante da Serra, em Brumadinho, próximo à Belo Horizonte - MG


Bem patrão na Pousada Mirante da Serra, em Brumadinho, próximo à Belo Horizonte - MG

Bem patrão na Pousada Mirante da Serra, em Brumadinho, próximo à Belo Horizonte - MG


Depois, seguimos para Inhotim, atração cinco estrelas de BH, Minas e do Brasil. Um enorme museu, ou área de exposições numa propriedade que bem podia ser uma fazenda. Cheia de lagos e com jardins que devem estar entre os mais belos do mundo, as trilhas nos levam de galeria em galeria, de obra de arte em obra de arte. Uma experiência em todos os sentidos.

A galeria de Adriana Varejão, em Inhotim, Brumadinho, próximo à Belo Horizonte - MG

A galeria de Adriana Varejão, em Inhotim, Brumadinho, próximo à Belo Horizonte - MG


Difícil dizer o que mais chama a atenção em Inhotim. Para mim, foram os jardins e as "experiências sonoras" em algumas das galerias. É incrível a sensação de caminhar por uma floresta de caixas de som, todas de alta qualildade, reproduzindo os sons de uma orquestra ou de um coro. Cada uma delas reproduzindo um instrumento ou uma voz. A sensação é de se estar no meio de tudo e o nosso caminhar acrescenta movimento, o que torna a experiência ainda mais interessante. Em outra galeria, são os sons que se movem de uma caixa para outra, o que de certa forma engana o nosso cérebro. É fascinante ser "enganado", neste caso.

Observando a arte de Inhotim, Brumadinho, próximo à Belo Horizonte - MG

Observando a arte de Inhotim, Brumadinho, próximo à Belo Horizonte - MG


Outra experiência de arrepiar é ouvir o "som da Terra". Num poço com mais de 200 metros de profundidade foram colocados microfones de captação que ampliam e equalizam o som captado para que possamos ouvi-lo. Parece que a Terra está gemendo. Como os sons aumentam e diminuem, parece mesmo uma espécie de linguagem, que a Terra está querendo falar conosco. Impressionante.

Caminhando em Inhotim, Brumadinho, próximo à Belo Horizonte - MG

Caminhando em Inhotim, Brumadinho, próximo à Belo Horizonte - MG


Deliciados com Inhotim, seguimos para outro patrimônio cultural mineiro. Este, mais voltado ao passado. É o Santuário do Caraça, que funcionou como colégio, talvez o melhor do Brasil por muito tempo. Ele está localizado no alto da Serra do Espinhaço, no meio das montanhas. O visual deve ser maravilhoso, mas eu e a Ana só poderemos ver amanhã, já que chegamos de noite. Chegamos a tempo de nos instalar no próprio colégio, que agora recebe visitantes e aproveitar a noite de lua cheia e o ar puro do local. Só não conseguimos ver os lobos que, muitas vezes, vem se alimentar na frente da igreja da carne deixada lá para eles. Bem que enfrentamos a noite fria para vê-los, mas acho que eles estavam meio preguiçosos.

A Ana esperando a aparição dos lobos no Caraça - MG

A Ana esperando a aparição dos lobos no Caraça - MG


Amanhã, caminhada pela região, pelo próprio santuário e museu. Depois, partimos para Mariana e Ouro Preto, em busca do mergulho na Mina e também do sobrinho Lulu, que está viajando com o seu colégio. Passaram pelo Caraça um dia antes de nós...

Visão noturna da centenária igreja do Caraça - MG

Visão noturna da centenária igreja do Caraça - MG

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