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Almoço Festivo Dentro de um Vulcão

Antártida, Deception Island

A neozelandesa Cheli, nossa líder de expedição, no almoço festivo de chapéus criativos no deck do Sea Spirit, na baía de Deception Island, na Antártida

A neozelandesa Cheli, nossa líder de expedição, no almoço festivo de chapéus criativos no deck do Sea Spirit, na baía de Deception Island, na Antártida


Apesar do dia ter começado cedo e já temos remado e caminhado em Deception Island, ainda tínhamos muito por fazer hoje, uma tarde de programação intensa nos esperando. Assim, quando voltamos ao Sea Spirit pouco depois do meio dia, o negócio foi respirar fundo e nos preparar para a próxima atividade.

Chegando de volta ao Sea Spirit em Deception Island, na Antártida

Chegando de volta ao Sea Spirit em Deception Island, na Antártida


Nossa amiga Kim fica tentada pela apetitosa piscina no convés do Sea Spirit, em Deception Island, na Antártida

Nossa amiga Kim fica tentada pela apetitosa piscina no convés do Sea Spirit, em Deception Island, na Antártida


Normalmente, quando voltamos ao navio, pelo menos para quem vem nas primeiras turmas, ainda dá para dar um mergulho rápido na piscina. Ainda mais hoje, com o céu azul e o ar gélido, a piscina com água renovada e aquele cenário ao nosso redor por inspiração. A tentação era grande, mas tínhamos de nos preparar para o almoço especial programado para o deck do navio.

Navio da marinha chilena na baía de Deception Island, na Antártida

Navio da marinha chilena na baía de Deception Island, na Antártida


Navegando pela baía de Deception Island, na Antártida

Navegando pela baía de Deception Island, na Antártida


Uma espécie de almoço festivo, todo mundo comendo no convés aberto ao invés do restaurante fechado no andar de baixo. A ideia era mesmo aproveitar o lindo visual ao nosso redor enquanto comíamos. O Sea Spirit iria dar uma volta em toda a baía interna de Deception Island, chamada Port Foster. É um imenso mar interno, quase um lago, com 9 quilômetros de comprimento por 6 de largura. É incrível imaginar que tudo isso era a caldeira de um vulcão. Imagina só o tamanho do vulcão! Enfim, o Sea Spirit daria a volta nessa imensa baía, uma parte dela coberta por grandes plataformas de gelo frequentadas por focas crabeater e por pinguins.

Nossos amigos tripulantes do Sea Spirit, em Deception Island, na Antártida

Nossos amigos tripulantes do Sea Spirit, em Deception Island, na Antártida


Estação de pesquisa em Deception Island, na Antártida

Estação de pesquisa em Deception Island, na Antártida


Mas o almoço não seria “apenas” isso. Seria um almoço festivo, cada passageiro devendo comparecer com algum chapéu. Como ninguém trouxe chapéu para uma viagem à Antártida, a ordem era improvisar, botar a imaginação para trabalhar. E assim foi, todos nós tentando inventar alguma coisa nessa hora entre voltarmos ao navio e o almoço começar a ser servido. E depois desse almoço à fantasia com vista de luxo para as encostas internas de um antigo e gigantesco vulcão, ainda iríamos navegar para outra ilha no arquipélago de Shetland do Sul, chamada Half Moon Island, para mais uma atividade de desembarque e, se as condições do mar ajudarem, outra sessão de caiaque. Enfim, um dia para ninguém botar defeito!

Plataforma de gelo se quebra na baía de Deception Island, na Antártida

Plataforma de gelo se quebra na baía de Deception Island, na Antártida


Focas Crabeaters descansam em plataforma de gelo na baía de Deception Island, na Antártida

Focas Crabeaters descansam em plataforma de gelo na baía de Deception Island, na Antártida


Foca crabeater desliza sobre  plataforma de gelo em Deception Island, na Antártida

Foca crabeater desliza sobre plataforma de gelo em Deception Island, na Antártida


O passeio ao redor da antiga caldeira foi mesmo espetacular. O cenário é sempre grandioso, as enormes paredes do vulcão cobertas por gelo e neve, o mar azul, penhascos e falésias e, aqui ou ali, alguma base de pesquisa muito bem instalada nesse cenário de cartão postal. Era difícil não querer se levantar da mesa para tirar mais e mais fotos.

Almoço festivo de chapéus criativos no deck do Sea Spirit, na baía de Deception Island, na Antártida

Almoço festivo de chapéus criativos no deck do Sea Spirit, na baía de Deception Island, na Antártida


Almoço festivo de chapéus criativos no deck do Sea Spirit, na baía de Deception Island, na Antártida (foto de France Dione)

Almoço festivo de chapéus criativos no deck do Sea Spirit, na baía de Deception Island, na Antártida (foto de France Dione)


Outro evento que nos atraiu foi quando navegamos ao lado de uma plataforma de gelo, uma imensa vastidão branca a se perder de vista, onde um grupo de focas descansava e tomava um bronze. Eram as tais focas crabeater, uma espécie que ainda faltava em nosso álbum de focas. Infelizmente, ainda não conseguimos vê-las de perto, mas oportunidades não faltarão amanhã.

Val, nossa guia dos caiaques, no almoço festivo de chapéus criativos no deck do Sea Spirit, na baía de Deception Island, na Antártida (foto de Senteney)

Val, nossa guia dos caiaques, no almoço festivo de chapéus criativos no deck do Sea Spirit, na baía de Deception Island, na Antártida (foto de Senteney)


O holandes Sail no almoço festivo de chapéus criativos no deck do Sea Spirit, na baía de Deception Island, na Antártida (foto de Senteney)

O holandes Sail no almoço festivo de chapéus criativos no deck do Sea Spirit, na baía de Deception Island, na Antártida (foto de Senteney)


Essa é a foca mais comum da Antártida e, possivelmente, do mundo. São focas de porte médio, pouco mais de 2 metros de comprimento, e adoram sobre e sob as plataformas de gelo flutuantes. É aí que tentam escapar de seus dois principais predadores: a foca leopardo e a orca. O primeiro ataca principalmente os filhotes. Já as orcas, o que cair na rede é peixe. Com sua inteligência, são capazes até de produzir grandes ondas para derrubar uma foca de uma plataforma de gelo e assim, poder alcançá-la.

A Cheli, líder da expedição, no almoço festivo de chapéus criativos no deck do Sea Spirit, na baía de Deception Island, na Antártida (foto de Senteney)

A Cheli, líder da expedição, no almoço festivo de chapéus criativos no deck do Sea Spirit, na baía de Deception Island, na Antártida (foto de Senteney)


Almoço festivo de chapéus criativos no deck do Sea Spirit, na baía de Deception Island, na Antártida

Almoço festivo de chapéus criativos no deck do Sea Spirit, na baía de Deception Island, na Antártida


Apesar do sugestivo nome da espécie (em português, o nome é “foca-caranguejeira”), esses animais não comem caranguejos (crabs). Elas desenvolveram dentes especiais e se alimentam de krill, ama espécie de minúsculo crustáceo muito abundante em águas antárticas. A existência de tantas crabeaters por aqui é um forte indicativo de que ainda há muito krill por essas águas!

Almoço festivo de chapéus criativos no deck do Sea Spirit, na baía de Deception Island, na Antártida

Almoço festivo de chapéus criativos no deck do Sea Spirit, na baía de Deception Island, na Antártida


Nossos disfarces no almoço festivo de chapéus criativos no deck do Sea Spirit, na baía de Deception Island, na Antártida (foto de Senteney)

Nossos disfarces no almoço festivo de chapéus criativos no deck do Sea Spirit, na baía de Deception Island, na Antártida (foto de Senteney)


Por fim, além das focas, do gelo e das estações científicas, foram as fantasias e a imaginação das pessoas que fizeram nosso almoço ainda mais animado. Houve gente usando de tudo e é mais fácil perceber isso pelas fotos desse post do que pela minha descrição. Eu usei uma pequena mochila como chapéu. Quem será que consegue identificar o que a Ana usou? E os outros passageiros? Enfim, foi uma grande festa. Mais uma aqui no nosso querido Sea Spirit...

Arrasando no almoço festivo de chapéus criativos no deck do Sea Spirit, na baía de Deception Island, na Antártida

Arrasando no almoço festivo de chapéus criativos no deck do Sea Spirit, na baía de Deception Island, na Antártida

Antártida, Deception Island, Bichos, crabeater, foca, Sea Spirit

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Despedida de Desterro

Brasil, Santa Catarina, Florianópolis

Palácio Cruz e Souza, antiga sede do governo estadual, hoje museu histórico, na Praça XV de Novembro, centro de Florianópolis, Santa Catarina

Palácio Cruz e Souza, antiga sede do governo estadual, hoje museu histórico, na Praça XV de Novembro, centro de Florianópolis, Santa Catarina


Hoje chegou o dia de deixarmos Florianópolis e seguirmos para o norte, para nossa chegada inexorável a Curitiba depois de quatro anos na estrada. Mas ainda tínhamos um último programa por aqui. Depois de passar 10 dias na ilha, depois de termos conhecido e passeado em todas as capitais brasileiras, ainda mais hospedados a apenas 15 minutos de caminhada do centro, era inadmissível que não fôssemos dar uma olhada na parte histórica da cidade. Como já disse em outro post, para nós mesmos, até agora, e para muitas pessoas que visitam Florianópolis, o centro da cidade é apenas um lugar de passagem, quando chegamos e quando partimos da ilha. Foi exatamente assim todas as outras vezes que estivemos em Florianópolis, antes dos nossos 1000dias. Mas dessa vez, não deixaríamos passar!

Mercado Público de Florianópolis, Santa Catarina

Mercado Público de Florianópolis, Santa Catarina


Foi um passeio bem gostoso. Um quilômetro até lá, duas horas explorando ruas, praças, mercados, igrejas e monumentos históricos, e a volta para casa passando pelo mirante do cais, para tirar nossas últimas fotos da ponte Hercílio Luz. Além do passeio pelo centro, foi também um passeio pela história da cidade. E confesso que essa história me surpreendeu, muito mais interessante e movimentada que eu podia imaginar.

Mercado Público de Florianópolis, Santa Catarina

Mercado Público de Florianópolis, Santa Catarina


Interior do Mercado Público, no centro de Florianópolis, Santa Catarina

Interior do Mercado Público, no centro de Florianópolis, Santa Catarina


Começamos as explorações pelo Mercado Público, algo que gostamos de fazer em todas as grandes cidades. Por aqui, como não poderia deixar de ser, a parte forte são dos produtos que vem do mar. Peixes, camarão, polvos, ostras, tudo fresquinho, todos os dias. O prédio é de 1899, portanto já é, por si só, uma atração turística. Além do interesse em ver o que se vende por ali, talvez mais interessante ainda seja ver o movimento de pessoas, desde cidadãos comuns moradores da cidade até turistas com suas máquinas fotográficas, desde os que ali trabalham até estudantes e poetas que frequentam seus restaurantes.

Venda de frutos no mar no Mercado público de Florianópolis, Santa Catarina

Venda de frutos no mar no Mercado público de Florianópolis, Santa Catarina


Venda de ostras no mar no Mercado público de Florianópolis, Santa Catarina

Venda de ostras no mar no Mercado público de Florianópolis, Santa Catarina


Do Mercado para um prédio ainda mais antigo e emblemático: a antiga alfândega, construída em 1876. Naquela época, era muito comum aportarem por aqui navios de carga e de passageiros vindos diretamente do exterior. Ao lado do prédio, onde até a década de 70 estava o mar, agora há uma praça movimentada, o Largo da Alfândega, criada sobre um trecho aterrado da baía sul.

Antigo prédio da Alfândega, no centro de Florianópolis, Santa Catarina

Antigo prédio da Alfândega, no centro de Florianópolis, Santa Catarina


Ali pertinho, a arborizada Praça XV, centro da cidade e ao redor da qual se concentram prédios históricos, como o Palácio Cruz e Souza, antiga sede do governo estadual, e a catedral metropolitana. A poucos quarteirões da praça também estão duas outras igrejas históricas e centenárias: a Igreja de São Francisco e a igreja de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito. Todas com nítidas influências açorianas.

Arte nas ruas do centro de Florianópolis, Santa Catarina

Arte nas ruas do centro de Florianópolis, Santa Catarina


Dentro da praça, além de monumentos e bustos que homenageiam catarinenses famosos, a principal vedete é uma figueira frondosa com quase 150 anos de idade. Cantada em prosa e verso por escritores e artistas locais, é na sua sombra que se reúnem aposentados para ler, descansar e jogar conversa fora. Uma delícia de praça, para passear, explorar, fotografar ou simplesmente descansar. Há 350 anos, a cidade nascia exatamente aqui e, desde então, a história de Florianópolis, do estado e até do país, passa por ela.

Catedral Metropolitana de Florianópolis, Santa Catarina

Catedral Metropolitana de Florianópolis, Santa Catarina


A ilha já era ocupada por índios há milhares de anos e começou a ser frequentada por europeus desde os primeiros anos do séc. XVI, importante ponto de parada e referência na rota para o estuário do Prata ou mais além, até o sul do continente. Aqui eram recebidos amistosamente pelos índios carijós, da família tupi, que viviam da pesca e agricultura rudimentar. A real ocupação colonizatória só veio em 1675, quando o bandeirante paulista Francisco Dias Filho se instalou na ilha fundando o povoamento de Nossa Senhora do Desterro, mais tarde simplificado apenas para “Desterro”, bem onde hoje estão a Praça XV e a catedral.

Igreja Nossa Senhora do Rosário e São benedito, no centro de Florianópolis, Santa Catarina

Igreja Nossa Senhora do Rosário e São benedito, no centro de Florianópolis, Santa Catarina


Igreja de São Francisco de Assis, região central de Florianópolis, Santa Catarina

Igreja de São Francisco de Assis, região central de Florianópolis, Santa Catarina


Cansado da vida de expedições exploratórias e de caça aos índios, o bandeirante resolveu se fixar na ilha, trazendo consigo sua família e mais de 100 pessoas. Como chegou aqui no dia de Santa Catarina, assim foi batizada a ilha. A esta altura, os índios daqui já estavam escasseando, capturados e levados como escravos para São Vicente e São Paulo. Haviam sido presa fácil para os bandeirantes como o próprio Francisco. Afinal, numa ilha, para onde iriam fugir? Quanto ao temido Francisco, ele tinha decidido abandonar a vida de bandeirante, mas continuava o valentão de sempre. Por várias vezes, enfrentou e derrotou piratas que aportavam por aqui inadvertidamente, roubando-lhe navios e cargas. Tanto fez que eles acabaram por voltar na calada da noite, apenas para se vingar. Em 1887, o velho bandeirante foi capturado e executado em frente à igreja que havia construído, enquanto os piratas pilhavam o povoado e violentavam suas filhas.

Caminhando no centro de Florianópolis, Santa Catarina

Caminhando no centro de Florianópolis, Santa Catarina


O evento sangrento foi um golpe no desenvolvimento de Desterro que só foi retomado com o impulso de povoamento estimulado pela metrópole portuguesa em meados do século seguinte. Milhares de açorianos chegaram e se instalaram em diversas partes da ilha. A cidade de Desterro se tornou um dos principais polos de irradiação e desenvolvimento do sul do país, em tempos coloniais e imperiais. Mas o nome da cidade não agradava muito a seus habitantes. “Desterro” é a terra para onde somos enviados quando somos expulsos do nosso país, está associado à tristeza, punição e saudade. Mas políticos e governantes não conseguiam chegar a um consenso sobre um novo nome até que, em meio à discussão, eventos históricos inesperados mudariam para sempre a vida da cidade.

Palácio Cruz e Souza, antiga sede do governo estadual, hoje museu histórico, na Praça XV de Novembro, centro de Florianópolis, Santa Catarina

Palácio Cruz e Souza, antiga sede do governo estadual, hoje museu histórico, na Praça XV de Novembro, centro de Florianópolis, Santa Catarina


Vivíamos o início da nossa República, logo após o golpe militar que derrubou Dom Pedro II. Nosso primeiro presidente, Deodoro da Fonseca, não aguentou a pressão e acabou por renunciar. O seu vice, Floriano Peixoto, assumiu. Homem de temperamento forte, ele se negou a seguir a constituição e convocar novas eleições. Começou a governar com a mão-de-ferro, atraindo contra si uma série de forças políticas que nada tinham a ver entre elas, como antigos monarquistas, republicanos puros, federalistas e civilistas. O clima político ficou tenso e explodiu no sul a Revolução Federalista, a mais sangrenta já ocorrida em território nacional. Maragatos contra Pica-paus, foi uma barbárie mútua com massacres dos dois lados. A batalha se dava principalmente no Rio Grande do Sul, mas também em Santa Catarina e Paraná. Ao mesmo tempo, na capital federal, explodia a Revolta da Armada. “Armada” era o nome que se dava à Marinha antigamente. Formada principalmente por elementos da nobreza, a Armada se ressentia da perda de poder gozada nos tempos do Império para o Exército, formado majoritariamente por elementos da nascente burguesia, agora nos tempos de República. De seus navios, bombardearam fortes no Rio de Janeiro enquanto alguns poucos barcos conseguiram escapar do cerco e saíram da Baía da Guanabara. Vieram para o sul, para se juntar às tropas federalistas.

Praça XV de Novembro, no centro de Florianópolis, Santa Catarina

Praça XV de Novembro, no centro de Florianópolis, Santa Catarina


Estávamos no final de 1893 e Frederico de Lorena, comandante dessa esquadra, resolveu conquistar e se instalar em Desterro. As tropas governistas da cidade até esboçaram resistência, mas acabaram por se render. Desterro foi declarada a capital da nova República dos Estados Unidos do Brasil em 14 de Outubro daquele ano. Mas a confusão política dentro das forças de oposição eram enormes, o ódio entre elas quase tão grande como aquele em relação a Floriano Peixoto. Essa total desunião deu tempo a Floriano para se reorganizar e comprar uma nova esquadra para enfrentar a Armada rebelde.

Caminhando na praça XV de Novembro, no centro de Florianópolis, Santa Catarina

Caminhando na praça XV de Novembro, no centro de Florianópolis, Santa Catarina


O combate se deu em 16 de Abril de 1894. Na batalha entre os navios, foi até usado uma nova arma, o torpedo. Foi apenas a terceira vez na história das guerras que esse “moderno armamento” havia sido utilizado. E foi o bastante para inutilizar o Aquidaban, o maior orgulho da Armada rebelde. Sem o poderoso barco para protegê-la, Desterro caiu rapidamente, mesmo que a revolução federalista ainda continuasse por muitos meses no Rio Grande do Sul. O governo de Floriano enviou para o estado um interventor militar, Moreira Cesar, mais conhecido como o “corta-cabeças”, tal a sua ferocidade. Ele fez jus ao apelido e promoveu uma verdadeira caça às bruxas na capital catarinense. Muitas dezenas, talvez centenas de pessoas, foram fuziladas sumariamente. Por meses a fio, o clima era de medo e angústia nas ruas de Desterro, todos temendo a todos.

Leitura de livro na sombra da figueira centenária, na praça XV de Novembro, região central de Florianópolis, Santa Catarina

Leitura de livro na sombra da figueira centenária, na praça XV de Novembro, região central de Florianópolis, Santa Catarina


Aniquilada a oposição, os governistas propuseram um novo nome para a cidade: Florianópolis, para honrar o presidente da república, o mesmo que havia ordenado a sangrenta repressão. O nome foi aclamado na assembleia e ratificado pelo novo governador, Hercílio Luz, o mesmo que, décadas mais tarde, se empenharia tanto na construção da ponte que liga a ilha ao continente. Embora hoje o “puxa-saquismo” dessa mudança de nome salte aos olhos, quem na época poderia ser contra? Teria de se ver com o “corta-cabeças”. Enfim, mais de um século mais tarde, embora haja gente que defenda isso, não penso que o nome deveria ser mudado novamente. Em compensação, mais do que nunca, prefiro me referir à velha Desterro por sua simpática alcunha, Floripa, e esquecer da homenagem ao duro presidente.

A famosa e amada figueira centenária, na Praça XV de Novembro, no centro de Florianópolis, Santa Catarina

A famosa e amada figueira centenária, na Praça XV de Novembro, no centro de Florianópolis, Santa Catarina

Brasil, Santa Catarina, Florianópolis, Arquitetura, cidade, história

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No Topo do Haleakala

Hawaii, Maui-Haleakala, Maui-Hana

Um beijo no alto do vulcão Haleakala, em  Maui, no Havaí. Ao fundo, os vulcões Mauna Kea e Mauna Loa, mil metros mais altos, na Big island

Um beijo no alto do vulcão Haleakala, em Maui, no Havaí. Ao fundo, os vulcões Mauna Kea e Mauna Loa, mil metros mais altos, na Big island


Depois da tarde preguiçosa de ontem, já estávamos todos preparados para uma longa jornada no dia de hoje. Outra vez, teríamos de começar cedo, já que o plano era estar no topo do Haleakala a tempo de ver o nascer-do-sol lá de cima. Ou seja, iríamos madrugar novamente, mas ao invés de irmos para baixo do mar, como ontem, íamos para o alto da montanha. A mais alta da ilha de Maui.

Todos esperando o nascer-do-sol no topo do vulcão Haleakala em Maui, no Havaí

Todos esperando o nascer-do-sol no topo do vulcão Haleakala em Maui, no Havaí


O Haleakala é um vulcão dormente bem preguiçoso cuja última erupção deve ter sido há mais de 300 anos. A lava resultante foi aquela que vimos ontem de tarde, na La Perouse Bay. Como a ilha de Maui já se afastou (e continua se afastando) do hotspot que cria as ilhas havaianas, seus vulcões estão aos poucos se transformando em montanhas que vão sendo erodidas pela água e pelo ar. O próprio Haleakala já deve ter sido 1.000 metros mais alto do que é hoje, mas antigas geleiras e alguns milênios de chuvas, nevascas e muito vento deixaram o vulcão com “apenas” seus pouco mais de 3.000 metros atuais.

O sol começa a nascer no topo do vulcão Haleakala, em  Maui, no Havaí

O sol começa a nascer no topo do vulcão Haleakala, em Maui, no Havaí


O sol nascendo no alto do vulcão Haleakala, em Maui, no Havaí

O sol nascendo no alto do vulcão Haleakala, em Maui, no Havaí


Assistir ao nascer-do-sol lá de cima é um programa bem comum para os milhares de turistas que visitam a ilha todos os meses. A tradição de subir a montanha já é centenária, mas no início era bem mais árduo, no lombo de mulas ou por trilhas que requeriam alguns dias entre subir e descer. Mas na década de 30 foi finalizada uma estrada até o cume e já há bastante tempo ela é toda asfaltada. Pouco mais de trinta quilômetros, muitos deles em ziguezague, e estamos no topo, todo o esforço sendo feito pelo motor do carro. Para nós, resta a força de vontade de acordar antes das cinco da manhã. Sem esquecer de levar os casacos lá para cima, pois a temperatura chega, comumente, aos zero graus.

Observando o sol nascer do alto do vulcão Haleakala, em Maui, no Havaí, a mais de 3 mil metros de altitude

Observando o sol nascer do alto do vulcão Haleakala, em Maui, no Havaí, a mais de 3 mil metros de altitude


O sol nasce e nos mostra a paisagem lunar no topo do vulcão Haleakala, em  Maui, no Havaí

O sol nasce e nos mostra a paisagem lunar no topo do vulcão Haleakala, em Maui, no Havaí


E assim foi, nós quatro no nosso jipe, uma rápida errada de caminho e estávamos no alto. Nós e uma galera! Os melhores lugares já estavam tomados, ali perto do estacionamento mesmo, mas para um fenômeno cósmico dessa envergadura, tinha espaço para todo mundo. O astro-rei surgiu glorioso, por detrás das nuvens que tinham ficado para baixo. Aos poucos, sua luz e calor foram afastando o frio e iluminando a incrível paisagem lá de cima, algo mais parecido com a lua ou Marte do que com a Terra. Ou, pelo menos com aquela paisagem tropical 3 mil metros abaixo de nós, onde estávamos até pouco tempo atrás.

Observando a paisagem no topo do vulcão Haleakala, em  Maui, no Havaí

Observando a paisagem no topo do vulcão Haleakala, em Maui, no Havaí


No topo do vulcão Haleakala, em Maui, no Havaí

No topo do vulcão Haleakala, em Maui, no Havaí


Fruto de milhares de anos de erosão e do frio quase constante daquela altitude, a paisagem dentro da cratera é quase sem vida, uma enorme área de solo estéril cheia de pequenos vulcões e crateras, os “filhotes” do Haleakala. Entre os poucos que sobrevivem aos rigores desse clima, com exceção dos turistas com seus casacos coloridos, está a estranha planta Silversword (a mesma que já havíamos visto no alto dos vulcões de Big Island) e um pássaro que mais corre do que voa, uma espécie de codorna gigante mascarada chamada Nene, espécie endêmica do Havaí.

As estranhas plantas que crescem a 3 mil metros de altitude, no topo do vulcão Haleakala, em  Maui, no Havaí

As estranhas plantas que crescem a 3 mil metros de altitude, no topo do vulcão Haleakala, em Maui, no Havaí


Um raro Nene, pássaro típico do arquipélago, caminha tranquilamente em trilha no alto do vulcão Haleakala, em  Maui, no Havaí

Um raro Nene, pássaro típico do arquipélago, caminha tranquilamente em trilha no alto do vulcão Haleakala, em Maui, no Havaí


É possível adentrar e explorar essa mundo extraterrestre percorrendo alguma das trilhas que descem pela cratera, há muito transformada em vale pela erosão e pela ação de antigas geleiras. Infelizmente, não tínhamos tempo para isso, pois é um programa de muitas horas e nós ainda queríamos ir até a cidade de Hana, na costa leste de Maui. Restou admirar lá de cima mesmo aquela beleza toda e, com muita inveja, ver os poucos corajosos que se aventuravam trilha abaixo.

Desalentado, olhando a trilha que não iria fazer, em meio à encosta do vulcão Haleakala, em Maui, no Havaí

Desalentado, olhando a trilha que não iria fazer, em meio à encosta do vulcão Haleakala, em Maui, no Havaí


Minúsculos e insignificantes na paisagem, turistas percorrem trilha que entra na cratera do vulcão Haleakala, em  Maui, no Havaí

Minúsculos e insignificantes na paisagem, turistas percorrem trilha que entra na cratera do vulcão Haleakala, em Maui, no Havaí


Magnífico também foi observar no horizonte, bem acima da linha das nuvens, os gigantescos vulcões irmãos, Mauna Kea e Mauna Loa, na vizinha Big island. Pouco mais de mil metros mais altos que o primo mais velho, o Haleakala, eles parecem poder conversar entre si, numa frequência inaudível para nós, reles humanos. Uma semana antes e estávamos no cume do Mauna Kea, olhando para cá e observando o Haleakala, apenas uma pontinha acima das nuvens.

Após o nascer-do-sol, fazendo festa a mais de 3 mil metros de altitude, no cume do vulcão Haleakala, em  Maui, no Havaí

Após o nascer-do-sol, fazendo festa a mais de 3 mil metros de altitude, no cume do vulcão Haleakala, em Maui, no Havaí


Do alto do vulcão Haleakala, em  Maui, admirando o Mauna Kea, na Big island, no Havaí

Do alto do vulcão Haleakala, em Maui, admirando o Mauna Kea, na Big island, no Havaí


Ficamos lá encima o tempo que pudemos, mas a apertada programação nos chamava. Descemos o vulcão e, assim que saímos do parque, encontramos um lugar bem simpático para nosso merecido café da manhã, uma fazenda de lavanda com uma lanchonete que fazia seus sanduíches quentinhos e sucos naturais.

Uma plantação de lavanda nas encostas do vulcão Haleakala, em Maui, no Havaí

Uma plantação de lavanda nas encostas do vulcão Haleakala, em Maui, no Havaí


Local do nosso café da manhã, nas encostas do vulcão Haleakala, em Maui, no Havaí

Local do nosso café da manhã, nas encostas do vulcão Haleakala, em Maui, no Havaí


De lá, pegamos a estrada para Hana, destino predileto dos alternativos que vem para Maui. O caminho para chegar até lá já é uma super atração turística, uma linda estrada que serpenteia a costa, espremida entre o mar de um lado e a floresta tropical do outro, cheia de rios e cachoeiras. Várias delas formam piscinas naturais, então é fácil passar da água salgada para a água doce.

Belíssima paisagem na estrada para Hana, na costa leste de Maui, no Havaí

Belíssima paisagem na estrada para Hana, na costa leste de Maui, no Havaí


Muitas cachoeiras na estrada para Hana, na costa leste de Maui, no Havaí

Muitas cachoeiras na estrada para Hana, na costa leste de Maui, no Havaí


Ao longo da estrada, além das várias cachoeiras, existe também a tentação de parar em uma das inúmeras bancas de comida. Como já tínhamos tomado o café da manhã, paramos apenas para a sobremesa, um delicioso e caro sorvete caseiro servido dentro de um coco.

Parada estratégica em uma banca de sorvetes na estrada para Hana, na costa leste de Maui, no Havaí

Parada estratégica em uma banca de sorvetes na estrada para Hana, na costa leste de Maui, no Havaí


Um delicioso sorvete na estrada para Hana, na costa leste de Maui, no Havaí

Um delicioso sorvete na estrada para Hana, na costa leste de Maui, no Havaí


Depois do sorvete, seguimos até Hana, o Rafa na direção e nós curtindo o luxo de poder trafegar no banco de trás, despreocupados com a direção e apenas curtindo o lindo visual. A cidade, talvez por ser mais isolada e de difícil acesso, está livre ods grandes resorts que infestam o resto do litoral. Por aqui, apenas casas, mercadinhos de interior e um clima de paz e tranquilidade. Não é a toa que em Hana a freguesia é outra, gente que aluga uma casinha por uma semana e fica por aqui na maior tranquilidade, longe do glamour de ferraris, lojas de marca ou campos de golfe.

Sossego no banco de trás do nosso jipe, enquanto o Rafa dirige na estrada para Hana, na costa leste de Maui, no Havaí

Sossego no banco de trás do nosso jipe, enquanto o Rafa dirige na estrada para Hana, na costa leste de Maui, no Havaí


A caminho de Hana, na costa leste de Maui, no Havaí

A caminho de Hana, na costa leste de Maui, no Havaí


A gente achou uma praia logo depois do centro da cidade e aí ficamos, quase sem companhia. Na próxima vez que voltarmos a Maui, será aqui que vamos ficar, alternado praias com cachoeiras! Mas, dessa vez, foram só mesmo algumas horas, suficientes para descobrirmos que aqui é nosso lugar. Agora, tínhamos mesmo era de voltar para Kihei, uma longa viagem através da estrada estreita e curvilínea. Outra vez, aproveitei o banco de trás para uma boa e relaxante soneca.

A cidade de Hana, na costa leste de Maui, no Havaí

A cidade de Hana, na costa leste de Maui, no Havaí


Feliz com a vida, em praia de Hana, na costa leste de Maui, no Havaí

Feliz com a vida, em praia de Hana, na costa leste de Maui, no Havaí


Ainda deu tempo de pararmos rapidamente em uma praia próxima à famosa Jaws, local das maiores ondas do Havaí. E olha que ganhar esse título num lugar como o Havaí não é pouco! Mas as ondas grandes ainda não chegaram e a gente, do mirante, teve se se satisfazer com ondas pequenas mesmo. No mar, dezenas e dezenas de surfistas buscavam o seu espaço, entre eles várias mulheres. No meu tempo, as mulheres ficavam só no body board, mas hoje elas querem a surfar de pé mesmo! Com muita graça e beleza! Felizes de nós, espectadores...

Surfistas se espremem na Norh Shore de Maui, perto de Jaws, no Havaí

Surfistas se espremem na Norh Shore de Maui, perto de Jaws, no Havaí


Muitas surfistas mulheres em Maui, no Havaí

Muitas surfistas mulheres em Maui, no Havaí


Ainda de noite, um último compromisso, mais um reencontro aqui no Hawaii. Essas ilhas são tão especiais que, além de praias, vulcões, ondas e mergulhos inesquecíveis, ainda tivemos a sorte (ou o destino?) de reencontrar vários amigos por aqui. O Rafa e a Laura, o Sidney e a Ane (vamos vê-los amanhã), o Marcos Amend e, essa noite, nossos queridos amigos de Seattle, o David, Corinne e a filha Talia. Eles são aqueles americanos que moraram no Brasil e voltaram dirigindo para os Estados Unidos. A gente se conheceu em um posto no meio do estado de Washington e depois nos vimos outra vez em Seattle, onde moram. Estão passando uma temporada aqui em Maui, justo quando estamos passando por aqui! Não podíamos perder a oportunidade e marcamos um encontro numa sorveteria de Kihei. Uma hora agradabilíssima de muita conversa e brincadeiras com a Talia. E amanhã cedo tem mais, quando reencontrarmos nossos amigos em Kauai. Desse modo, uma viagem que já era maravilhosa vai ficando anda mais doce!

O alegre reencontro com os amigos de Seattle, o David, a Corinne e a espevitada Talia, em sorveteria de Kihei, em Maui, no Havaí

O alegre reencontro com os amigos de Seattle, o David, a Corinne e a espevitada Talia, em sorveteria de Kihei, em Maui, no Havaí

Hawaii, Maui-Haleakala, Maui-Hana, Haleakala, Hana, Maui, Praia, vulcão

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Chateação de Fronteira

Estados Unidos, Washington State, Winthrop

Visto de permanência do Rodrigo nos EUA (6 meses de permanência)

Visto de permanência do Rodrigo nos EUA (6 meses de permanência)


Para voltar aos Estados Unidos, faltava passar na fronteira. Apesar das dezenas e dezenas de fronteiras que cruzamos nesses 1000dias, várias delas entrando nos EUA, sempre me dá um frio na barriga ao me aproximar de uma delas. Nunca acho uma situação agradável. Os oficiais que ali trabalham tem todo o poder em suas mãos e, se acordam com dor de barriga ou resolvem te escolher para Cristo, haja paciência. Verdade seja dita foram raríssimas as dificuldades que tivemos até hoje nessas travessias. Sorte ou não, passamos rapidamente em todas as “temidas” fronteiras rodoviárias da América Central, nos aeroportos americanos e , lá em Tijuana, num dia épico, passamos cinco vezes a fronteira onde a única chateação foram as filas.

Passaporte italiano da Ana

Passaporte italiano da Ana


Boa parte desse sucesso se explica pelo fato de sempre estarmos com os devidos vistos. Assim como estávamos hoje, mas com um pequeno “detalhe” a resolver. A Ana viaja com o passaporte italiano dela, enquanto eu vou com o único que tenho, o brasileiro mesmo. Na América do Sul e Central, nosso passaporte azul é pau para toda obra, não necessitando de nenhum visto (exceto para a Guiana Francesa, juridicamente parte da Europa). Mas na América do Norte, precisamos de visto para os três países. Com o italiano é mais fácil. Só precisa de visto para os EUA e se pode consegui-lo num ágil processo pela internet mesmo. Não demora 10 minutos. Pois é, mas apesar dessa desvantagem de precisarmos de visto (os brasileiros), temos uma grande vantagem: quando entramos no país, ganhamos seis meses de permanência, enquanto os europeus (inclusive minha esposa “italiana”) só ganham três meses, NÃO renováveis. Para viagens curtas, não é problema. Mas a nossa viagem não é curta...

Passaporte brasileiro do Rodrigo

Passaporte brasileiro do Rodrigo


Uma solução para este problema é sair e entrar novamente do país. Só que, infelizmente, dependemos também do bom humor do oficial. Ele pode alegar que o visto de permanência anterior ainda está válido (nem que seja por poucos dias) e não renová-lo. Vai depender dele ter acordado bem ou não, ou se ele vai com a sua cara ou não. Felizmente, é bem difícil encontrar alguém que não vá com a cara da Ana. Enfim, nossos dois vistos de permanência haviam sido dados no final de Julho, quando voltamos das Bermudas. O meu válido até Janeiro de 2013 e o da Ana até o final de Outubro, agora. Quando voltamos aos EUA, lá perto de Chicago, o oficial até se ofereceu para extender o visto da Ana, mas achamos melhor deixar para mais tarde. E o “mais tarde” chegou hoje. Era agora ou nunca. E se fosse “nunca”, teríamos de atravessar o país até o México em uma semana. Adeus Califórnia, Hawaii, Seattle, Yosemite e muitas coisas mais...

Visto de permanência da Ana nos EUA (3 meses de validade)

Visto de permanência da Ana nos EUA (3 meses de validade)


Então, chegamos na fronteira e, apesar da surpresa do oficial em ver um carro brasileiro por ali, acho que teríamos passado rapidamente. Não fosse o pedido de extensão para a Ana. Aí, complicou! Fomos enviados para a “inspeção secundária”. Apareceram outros oficiais, determinados em seguir o procedimento padrão tipo: “Mãos ao volante aonde eu possa vê-las!” Nossa... precisa isso? Depois de perguntar umas duzentas vezes de quem era o carro, fomos instados a deixar a Fiona levando apenas o dinheiro. Lá dentro, nos deram formulários para preencher, depois de sermos revistados. Engraçado foi quando perguntaram quanto dinheiro eu tinha para viajar pelos Estados Unidos e eu mostrei todos os meus 10 dólares, hehehe. Enfim, apareceu um oficial mais simpático e o sorriso da Ana começou a fazer efeito. Ele passou uns 15 minutos examinando o nosso site, outros quinze na Fiona, onde confiscou duas laranjas e depois, venho conversar conosco. Desculpou-se pela demora, explicou que não é todo dia que passam por ali dois brasileiros desempregados, com seu próprio carro, querendo ficar três meses no país e que, por isso, tiveram que fazer uma averiguação mais detalhada. Mas estava tudo em ordem e podíamos seguir viagem.


Nosso roteiro pelos parques nacionais de North Cascades e Olympics, antes de seguir para Seattle

Viva! Uma fronteira a menos na minha frente! E um país enorme e lindo para ser explorado! Agora, pelos próximos 80 dias, nada mais desse frio na barriga. Quiçá, um dia, teremos um continente sem fronteiras, muros e arames ou, como diz a música, “um mundão grande sem porteiras”. Enquanto esse tempo não chega, agora é pensar no nosso roteiro nos EUA. O roteiro até Seattle já está definido. No caminho, muita natureza e dois parques nacionais. Vamos que vamos!

Estados Unidos, Washington State, Winthrop,

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O Rio é Novo mas a Cachoeira é Velha

Brasil, Tocantins, Mateiros

Manhã saudável no Rio Novo, no Jalapão - TO

Manhã saudável no Rio Novo, no Jalapão - TO


Chegamos na escada que dá acesso à Prainha do Rio Novo nos últimos minutos de luz do dia. Aí, foi aquela corrida. Pegamos as coisas principais do acampamento no bagageiro do carro, como barraca, sleepings e fogareiro e descemos correndo para armar a nossa "casa". Barraca montada sob uma vasta lona que também serviria como nossa varanda, já no escuro da noite, começamos a dar falta de coisas como nossos isolantes, um pano, toalhas, etc... Tudo lá encima, na Fiona. A Ana já foi agilizando nosso jantar e eu subi, em busca desses "detalhes" que garantiriam nosso conforto pela noite.

Noite de acampamento na Prainha do Rio Novo, no Jalapão - TO

Noite de acampamento na Prainha do Rio Novo, no Jalapão - TO


Noite, aliás, bem escura, já que a lua ainda não tinha nascido e as nuvens cobriam os céus Descendo as escadas novamente, breu total e aquele barulho gostoso do rio e da mata a minha volta, a sensação era de estar no litoral. Afinal, lá embaixo tinha uma praia, e o barulho das corredeiras do rio Novo pareciam ondas do mar. Na mata à minha volta, macacos e aves disputam quem gritava mais alto. Mais natureza, impossível.

Noite de acampamento na Prainha do Rio Novo, no Jalapão - TO

Noite de acampamento na Prainha do Rio Novo, no Jalapão - TO


Enquanto jantávamos, as nuvens se foram e o céu se encheu de estrelas. Milhares delas! A temperatura estava super agradável, nem calor nem frio. O rio, logo ali na frente, era um convite mas, ao mesmo tempo, escuro como estava, era meio amedrontador. Resolvemos esperar pela lua para arriscar um banho. Como ela não nascia, aproveitamos para dormir um pouco...

Acampamento em noite de lua cheia, na Prainha do Rio Novo, no Jalapão - TO

Acampamento em noite de lua cheia, na Prainha do Rio Novo, no Jalapão - TO


Noite clara de lua cheia, na Prainha do Rio Novo, no Jalapão - TO

Noite clara de lua cheia, na Prainha do Rio Novo, no Jalapão - TO


Acordamos com aquele forte clarão no nosso rosto. Parecia dia, mas era só a lua reinando no céu. Aí, não tínhamos mais desculpas; direto para o rio! Nossa, que delícia! Sensação total de comunhão com a natureza, nadar sob a lu do luar no Rio Novo, em pleno Jalapão, a dezenas de quilômetros de qualquer outra pessoa. Experiência inesquecível!

De manhã bem cedo, em acampamento na Prainha do Rio Novo, no Jalapão - TO

De manhã bem cedo, em acampamento na Prainha do Rio Novo, no Jalapão - TO


A vista da varanda da nossa barraca, na Prainha do Rio Novo, no Jalapão - TO

A vista da varanda da nossa barraca, na Prainha do Rio Novo, no Jalapão - TO


De banho tomado, voltamos para a barraca. Dormir em barraca com travesseiros é um luxo, hehehe. Mais luxo ainda é acordar com aquele cenário, aquela praia maravilhosa só para nós! E começamos o dia da forma mais saudável possível:banho de rio seguido de café da manhã à base de frutas! Em seguida, uma caminhada pela orla do rio, primeiro até uma praia vizinha, logo ali do lado e, depois, através das pedras, galhos e vegetação da orla, por uns 15 minutos, até conseguirmos vislumbrar uma outra praia, do outro lado de uma baía circular formada pelo rio.

Caminhando pela orla do Rio Novo, no Jalapão - TO

Caminhando pela orla do Rio Novo, no Jalapão - TO


Nadando para praia no Rio Novo, no Jalapão - TO

Nadando para praia no Rio Novo, no Jalapão - TO


Aí, ao invés de circunda a baía, simplesmente deixamos nossas coisas nas pedras e atravessamos a baía nadando, até essa terceira e imaculada praia, certamente muito pouco visitada, É a mais bela das très e forma um banco de areia submerso e raso que é uma delícia. Por aí ficamos por algum tempo até chegar a hora de voltar ao acampamento para desmontar a barraca. Foi a hora que as mutucas chegaram. Nada pode ser perfeito, não é? Sorte que esses bichos não primam muito pela agilidade e, com uma certa habilidade, eram duas mutucas mortas a cada tapa, hehehe.

Nadando na prainha do Rio Novo, no Jalapão - TO

Nadando na prainha do Rio Novo, no Jalapão - TO


Estacionamento na Prainha do Rio Novo, no Jalapão - TO

Estacionamento na Prainha do Rio Novo, no Jalapão - TO


Barraca desarmada e um último banho de rio de despedida e subimos com todo o material para a Fiona. Nas escadas, um último olhar para baixo, para aquela praia que nos deu momentos tão maravilhosos. Difícil partir, mas foi exatamente na hora certa. Afinal, foi entrar na Fiona e dirigir por trezentos metros que cruzamos com três carros de uma mesma companhia, abarrotados de turistas. Vinham da Cachoeira da Velha, para onde estávamos indo, para a Prainha. Parece que foi até combinado, hehehe!

Rio Novo, um pouco acima da Cachoeira da Velha, no Jalapão - TO

Rio Novo, um pouco acima da Cachoeira da Velha, no Jalapão - TO


Cachoeira da Velha, no Rio Novo, no Jalapão - TO

Cachoeira da Velha, no Rio Novo, no Jalapão - TO


Assim, chegamos na Velha sem ninguém também. Uma belíssima cachoeira! Tinha estado lá uma vez antes, há onze anos, mas agora o acesso está bem facilitado, com uma plataforma de madeira que nos leva até lá. Ali, observando aquela força da natureza, a Ana não se conteve: " Mas, se o rio é novo, como é que a cachoeira pode ser velha?" Hehehe, fico imaginando quantas vezes a respeitável cachoeira já teve de ouvir este trocadilho infâme...

Cachoeira da Velha, no Rio Novo, no Jalapão - TO

Cachoeira da Velha, no Rio Novo, no Jalapão - TO

Brasil, Tocantins, Mateiros, Cachoeira da Velha, Rio Novo

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Visitando as Cataratas

Brasil, Paraná, Foz do Iguaçu

Visitando o P.N do Iguaçu (Foz do Iguaçu - PR)

Visitando o P.N do Iguaçu (Foz do Iguaçu - PR)


Quem vem à Foz tem de ver as cataratas. Se não, é como ir à Paris e não ver a Torre Eiffel ou ir à Roma e não ver o papa! E não é por menos, afinal esta é uma atração de renome mundial, um dos pontos mais visitados do Brasil, nosso cartão postal mais conhecido ao lado do Cristo do Rio.

Na fila da bilheteria do P.N. do Iguaçu(Foz do Iguaçu - PR)

Na fila da bilheteria do P.N. do Iguaçu(Foz do Iguaçu - PR)


Placa informativa do P.N. do Iguaçu (Foz do Iguaçu - PR)

Placa informativa do P.N. do Iguaçu (Foz do Iguaçu - PR)


O primeiro visitante em tempos modernos foi o explorador espanhol Cabeza de Vaca que, assim como seus colegas da época, procurava incansavelmente pelo Eldorado, a lendária terra do ouro e maior engodo da história. Fico imaginando a cara dele ao se deparar com essa visão absolutamente fantástica, mais de um milhão de metros cúbicos de água despencando ao mesmo tempo através de centenas de cachoeiras de 30, 40, 60 metros causando um estrondo contínuo que se ouve à dezenas de quilômetros.

Trilha em passarelas de madeira na mata do P.N do Iguaçu (Foz do Iguaçu - PR)

Trilha em passarelas de madeira na mata do P.N do Iguaçu (Foz do Iguaçu - PR)


Andando de trenzinho em meio à Mata Atlântica no P.N do Iguaçu (Foz do Iguaçu - PR)

Andando de trenzinho em meio à Mata Atlântica no P.N do Iguaçu (Foz do Iguaçu - PR)


Bem, não sei a cara dele, mas os índios da região, que usavam a área das cataratas como terreno sagrado para enterrar seus antepassados não gostaram nada da "visita" daqueles conquistadores. Ofereceram suas canoas para que eles atravessassem o rio caudaloso mas, no meio da travessia, tiraram tampões que cobriam alguns buracos na madeira, deixando que a água entrasse nos barcos. Eles, índios, sem roupa e bons nadadores, simplesmente nadaram para as margens. Os conquistadores por sua vez, vestidos com suas pesadas roupas de metal, foram direto para o fundo. Foi o primeiro embate entre índios e europeus nas cercanias das cataratas do Iguaçu, que na língua indígena significa "água grande".

No barco para ver as cataratas pelo lado de baixo, no P.N. do Iguaçu (Foz do Iguaçu - PR)

No barco para ver as cataratas pelo lado de baixo, no P.N. do Iguaçu (Foz do Iguaçu - PR)


Barco se dirige às Cataratas do Iguaçu (Foz do Iguaçu - PR)

Barco se dirige às Cataratas do Iguaçu (Foz do Iguaçu - PR)


Centenas de anos depois, os índios já desaparecidos da região, quem visitou as cataratas e se impressionou foi nosso conterrâneo famoso, Santos Dummont. Não sei se ele voou com o 14 bis por cima das quedas (claro que não, hehehe), mas ficou maravilhado com elas e propôs a criação de um parque para protegê-las. Isso foi em 1919. Onze anos mais tarde foi criado um parque estadual na área e em 1939 foi a vez do governo federal criar um parque para proteger esse patrimônio mundial.

Próximos às cataratas durante o Macuco Safari, no P.N do Iguaçu (Foz do Iguaçu - PR)

Próximos às cataratas durante o Macuco Safari, no P.N do Iguaçu (Foz do Iguaçu - PR)


Barco do Macuco Safari dá um banho de cachoeira em turistas, no P.N do Iguaçu (Foz do Iguaçu - PR)

Barco do Macuco Safari dá um banho de cachoeira em turistas, no P.N do Iguaçu (Foz do Iguaçu - PR)


Agora, em 2011, foi a nossa vez de visitá-las. Não foi a primeira vez minha e nem da Ana, mas foi nossa primeira vez juntos! Uma atração dessa magnitude, visitada por tanta gente, já se rendeu ao "esquemão" faz muito tempo. Parque Nacional de 1o mundo, atração cinco estrelas no Guia 4rodas, não há muita chance de se fugir das regras, caminhos, lugares-comum. Enfim, é um preço barato que se paga para se ter acesso à essa maravilha natural. Bem, falando em preço, din-din, aí não é tão barato não. Pelo menos, para brasileiros custa a metade dos 48 reais cobrados dos gringos (será uma boa propaganda, essa?). Esse aí nem é tão caro assim. Mas se somar o estacionamento de 12 reais, os preços extorsivos dos passeios extras e até a capa de chuva para quem vai de barco até as cachoeiras, aí fica caro sim. A Trilha do Poço Preto custa uns 120 reais, o Macuco Safari outros 120 reais e o rapel com vista para as cataratas, nem perguntei...

Completamente encharcado aós o Macuco Safari, no P.N do Iguaçu (Foz do Iguaçu - PR)

Completamente encharcado aós o Macuco Safari, no P.N do Iguaçu (Foz do Iguaçu - PR)


Turistas caminham nas passarelas próximas às catartas no P.N do Iguaçu(Foz do Iguaçu - PR)

Turistas caminham nas passarelas próximas às catartas no P.N do Iguaçu(Foz do Iguaçu - PR)


Andar 9 km pela mata pagando essa fortuna, acabamos desistindo, afinal o que mais temos feito é andar na mata sem pagar nada. Para quem nunca fez, talvez valha à pena. O Macuco Safari, resolvemos encarar. Uma delícia, mas eu esperava que o barco fosse mais longe, até a boca da famosa Garganta do Diabo. Mas, fui informado que isso só ocorre quando o rio está mais vazio. A visão lá de baixo é espetacular, mas não vale os 120 reais cobrados.

Turistas caminham nas passarelas próximas às catartas no P.N do Iguaçu(Foz do Iguaçu - PR)

Turistas caminham nas passarelas próximas às catartas no P.N do Iguaçu(Foz do Iguaçu - PR)


Toda encapada nas passarelas do parque nacional nas cataratas do Iguaçu, em Foz do Iguaçu - PR

Toda encapada nas passarelas do parque nacional nas cataratas do Iguaçu, em Foz do Iguaçu - PR


O que vale, e vale muito mesmo, é a caminhada pela trilha das cataratas. Essa já está incluída no preço de entrada do parque e, de cada ângulo, de cada curva, é um verdadeiro show visual. Que coisa mais esplendorosa! Que poder da natureza! Impressionante!

Bem próximo das cataratas do Iguaçu (Foz do Iguaçu - PR)

Bem próximo das cataratas do Iguaçu (Foz do Iguaçu - PR)


Bem próxima das cataratas do Iguaçu (Foz do Iguaçu - PR)

Bem próxima das cataratas do Iguaçu (Foz do Iguaçu - PR)


Foi uma manhã e tanto! Uma manhã que se estendeu até o início da tarde, quando tivemos de sair correndo para não perder o outro espetáculo do dia, a visita técnica à Usina de Itaipu. Deixamos o parque às pressas, com a sensação de que queríamos ficar mais, admirar mais, contemplar mais. Fica para amanhã, quando o visitaremos novamente, dessa vez do lado argentino. É quando se pode chegar ainda mais perto da Garganta do Diabo, o ponto mais dramático desse verdadeiro templo das águas.

A famosa Garganta do Diabo, no P.N do Iguaçu (Foz do Iguaçu - PR)

A famosa Garganta do Diabo, no P.N do Iguaçu (Foz do Iguaçu - PR)

Brasil, Paraná, Foz do Iguaçu, cachoeira, Parque, trilha

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Rios e Cavernas de Gelo

Argentina, El Chaltén

Foto na entrada de uma caverna de gelo azul no glaciar Viedma, no Parque Nacional Los Glaciares, região de El Chaltén, no sul da Argentina

Foto na entrada de uma caverna de gelo azul no glaciar Viedma, no Parque Nacional Los Glaciares, região de El Chaltén, no sul da Argentina


Com o fim da nossa temporada de trilhas aqui em El Chaltén (em breve estaremos caminhando novamente em Torres del Paine, no Chile!), o nosso foco hoje foi escalada em gelo. Contratamos um curso de um dia, ministrado nas paredes de gelo do glaciar Viedma, bem próximo de El Chaltén, só para sentir o gostinho. E aproveitamos também para caminhar sobre esse verdadeiro rio de gelo que desce lá do Campo de Gelo Sul e desagua no lago Viedma, um dos maiores do país.

Em Bahia Tunel, a bela visão que se tem das montanhas do Parque Nacional Los Glaciares, região de El Chaltén, no sul da Argentina

Em Bahia Tunel, a bela visão que se tem das montanhas do Parque Nacional Los Glaciares, região de El Chaltén, no sul da Argentina


Navegando nas águas do lago Viedma, no Parque Nacional Los Glaciares, região de El Chaltén, no sul da Argentina

Navegando nas águas do lago Viedma, no Parque Nacional Los Glaciares, região de El Chaltén, no sul da Argentina


Chegando ao glaciar Viedma, no lago de mesmo nome, no Parque Nacional Los Glaciares, região de El Chaltén, no sul da Argentina

Chegando ao glaciar Viedma, no lago de mesmo nome, no Parque Nacional Los Glaciares, região de El Chaltén, no sul da Argentina


A agência oferece também o transporte até o porto no lago de onde tomamos o barco que nos leva até a geleira. Mas como o porto já fica para o lado da saída de El Chaltén e nós seguiremos no fim da tarde, depois do curso, para El Calafate, já fomos de Fiona com a bagagem carregada até Bahia Tunel, o nome do embarcadeiro. São 17 quilômetros, metade disso em terra. O céu estava azul, sensacional, e tínhamos uma vista magnífica, não só do lago Viedma, mas também do Fitz Roy. Foi a nossa bela despedida dessa montanha magnífica.

Chegando à geleira Viedma, no Parque Nacional Los Glaciares, região de El Chaltén, no sul da Argentina

Chegando à geleira Viedma, no Parque Nacional Los Glaciares, região de El Chaltén, no sul da Argentina


A imponente parede de gelo do glaciar Viedma, no Parque Nacional Los Glaciares, região de El Chaltén, no sul da Argentina

A imponente parede de gelo do glaciar Viedma, no Parque Nacional Los Glaciares, região de El Chaltén, no sul da Argentina


A imponente parede de gelo do glaciar Viedma, no Parque Nacional Los Glaciares, região de El Chaltén, no sul da Argentina

A imponente parede de gelo do glaciar Viedma, no Parque Nacional Los Glaciares, região de El Chaltén, no sul da Argentina


Para Bahia Tunel seguem todas as excursões de turistas para conhecer a geleira. São vários barcos por dia, mas a maioria é apenas para ver o gelo, talvez dar uma pequena caminhada sobre ele. São poucos os que, como nós, iríamos fazer o curso de escalada. Mas estávamos todos felizes, turistas ou aspirantes de alpinistas, pelas condições do tempo. Ontem mesmo, os barcos que saíram daqui tiveram de retornar assim que chegaram a uma parte mais aberta do lago, por causa do forte vento. Hoje não, apenas uma brisa leve e as águas do Viedma bem tranquilas e seguras para a navegação.

O glaciar Viedma se choca com um leito rochoso no Parque Nacional Los Glaciares, região de El Chaltén, no sul da Argentina

O glaciar Viedma se choca com um leito rochoso no Parque Nacional Los Glaciares, região de El Chaltén, no sul da Argentina


As marcas deixadas na rocha pelo glaciar Viedma, no Parque Nacional Los Glaciares, região de El Chaltén, no sul da Argentina

As marcas deixadas na rocha pelo glaciar Viedma, no Parque Nacional Los Glaciares, região de El Chaltén, no sul da Argentina


Nosso barco nos espera no lago Viedma, no Parque Nacional Los Glaciares, região de El Chaltén, no sul da Argentina

Nosso barco nos espera no lago Viedma, no Parque Nacional Los Glaciares, região de El Chaltén, no sul da Argentina


Foram uns 40 minutos de navegação até chegarmos à linha de frente da geleira. O glaciar Viedma é o segundo mais longo da América do Sul e também um dos maiores. São cerca de 70 quilômetros desde o coração do Campo de Gelo Sul, a mais de 1.300 metros de altitude, até as águas geladas do lago Viedma, mil metros abaixo. Ao chegar no lago, conta com 2,5 quilômetros de largura e suas paredes se erguem 50 metros acima do nível da água. É uma vista colossal que faz a alegria dos turistas que aqui chegam.

A Ana admira o lago Viedma, no Parque Nacional Los Glaciares, região de El Chaltén, no sul da Argentina

A Ana admira o lago Viedma, no Parque Nacional Los Glaciares, região de El Chaltén, no sul da Argentina


Pedaços de gelo se desprendem o glaciar Viedma, no Parque Nacional Los Glaciares, região de El Chaltén, no sul da Argentina

Pedaços de gelo se desprendem o glaciar Viedma, no Parque Nacional Los Glaciares, região de El Chaltén, no sul da Argentina


O glaciar Viedma, no Parque Nacional Los Glaciares, região de El Chaltén, no sul da Argentina

O glaciar Viedma, no Parque Nacional Los Glaciares, região de El Chaltén, no sul da Argentina


Eu e a Ana, depois de mais de mil dias viajando pela Américas, já temos uma certa experiência com glaciares. Vimos, admiramos e chegamos perto deles no Canadá, Alaska, Groelândia e Islândia, no hemisfério norte, e no Perú, Equador, Argentina, Geórgia do Sul e Antártida, aqui no hemisfério sul. Em duas ocasiões, uma no Columbia Icefield, no Canadá, e outra na maior geleira da Europa, a Vatnajokull, na Islândia, caminhamos um bom tempo sobre o gelo também. Na Islândia, inclusive, com direito a grampões, capacetes e piquetas. Mas nem por isso deixamos de ficar sempre impressionados quando chegamos perto de um desses gigantes. Ainda mais hoje em que, pela primeira vez, treinaríamos técnicas de escalada no gelo.

Caminhando no glaciar Viedma, no Parque Nacional Los Glaciares, região de El Chaltén, no sul da Argentina

Caminhando no glaciar Viedma, no Parque Nacional Los Glaciares, região de El Chaltén, no sul da Argentina


Caminhando na geleira Viedma, no Parque Nacional Los Glaciares, região de El Chaltén, no sul da Argentina

Caminhando na geleira Viedma, no Parque Nacional Los Glaciares, região de El Chaltén, no sul da Argentina


Caminhando no glaciar Viedma, no Parque Nacional Los Glaciares, região de El Chaltén, no sul da Argentina

Caminhando no glaciar Viedma, no Parque Nacional Los Glaciares, região de El Chaltén, no sul da Argentina


Caminhar sobre uma geleira não é uma atividade simples. O terreno é extremamente irregular, traiçoeiro e escorregadio. Por baixo dos seus pés pode estar escondida uma fenda ou uma caverna gelada. E como ela está em constante movimento, a paisagem está sempre mudando, assim como os trechos que até ontem eram seguros, hoje pode ser que não sejam mais. Por isso, precisamos estar sempre atentos, de preferência acompanhados com alguém com experiência nesse tipo de terreno, e vestidos apropriadamente, com grampões e capacetes. Cordas e piquetas também podem ser de grande valia.

Caminhando na geleira Viedma, no Parque Nacional Los Glaciares, região de El Chaltén, no sul da Argentina

Caminhando na geleira Viedma, no Parque Nacional Los Glaciares, região de El Chaltén, no sul da Argentina


Nossos guias procuram um local apropriado para nosso curso de escalada no gelo no glaciar Viedma, no Parque Nacional Los Glaciares, região de El Chaltén, no sul da Argentina

Nossos guias procuram um local apropriado para nosso curso de escalada no gelo no glaciar Viedma, no Parque Nacional Los Glaciares, região de El Chaltén, no sul da Argentina


Caminhando no glaciar Viedma, no Parque Nacional Los Glaciares, região de El Chaltén, no sul da Argentina

Caminhando no glaciar Viedma, no Parque Nacional Los Glaciares, região de El Chaltén, no sul da Argentina


Mas por que será que a superfície de uma geleira é esse verdadeiro labirinto e emaranhado de gelo retorcido, torres e fendas, vales e montanhas? Por duas forças muito simples e conhecidas: gravidade e atrito. Todas as geleiras nascem em pontos de acumulação de neve em terrenos mais altos, como os planaltos centrais da Antártida e Groelândia ou os Nades, aqui na Argentina/Chile. Nesses terrenos, a neve vem se acumulando por milênios e milênios e é compactada de tal maneira por seu próprio peso que acaba se tornando gelo. Nesses locais de acumulação, a superfície da geleira é plana e seria até possível dirigir um carro por ali (desde que com correntes, claro!).

Nossos guias procuram um local apropriado para nosso curso de escalada no gelo no glaciar Viedma, no Parque Nacional Los Glaciares, região de El Chaltén, no sul da Argentina

Nossos guias procuram um local apropriado para nosso curso de escalada no gelo no glaciar Viedma, no Parque Nacional Los Glaciares, região de El Chaltén, no sul da Argentina


A superfície totalmente irregular do glaciar Viedma, no Parque Nacional Los Glaciares, região de El Chaltén, no sul da Argentina

A superfície totalmente irregular do glaciar Viedma, no Parque Nacional Los Glaciares, região de El Chaltén, no sul da Argentina


Caminhando no gelo sujo do glaciar Viedma, no Parque Nacional Los Glaciares, região de El Chaltén, no sul da Argentina

Caminhando no gelo sujo do glaciar Viedma, no Parque Nacional Los Glaciares, região de El Chaltén, no sul da Argentina


Mas esses reservatórios de neve e gelo não param de crescer e acabam “derramando” nas bordas. São as geleiras, os grandes rios de gelo que descem das alturas em direção a algum lago ou oceano. Eles descem por vales e encostas e, com sua força descomunal, acabam alargando seus caminhos, remodelando o terreno e a paisagem. Geleiras são uma das maiores forças de erosão da natureza. Os rios descem preguiçosamente, uns poucos metros por dia, mas sua marcha é irresistível.

Passeio na geleira Viedma, no Parque Nacional Los Glaciares, região de El Chaltén, no sul da Argentina

Passeio na geleira Viedma, no Parque Nacional Los Glaciares, região de El Chaltén, no sul da Argentina


Encontro com gelo azul na geleira Viedma, no Parque Nacional Los Glaciares, região de El Chaltén, no sul da Argentina

Encontro com gelo azul na geleira Viedma, no Parque Nacional Los Glaciares, região de El Chaltén, no sul da Argentina


O gelo azul do glaciar Viedma, no Parque Nacional Los Glaciares, região de El Chaltén, no sul da Argentina

O gelo azul do glaciar Viedma, no Parque Nacional Los Glaciares, região de El Chaltén, no sul da Argentina


Pois bem, as geleiras saem lá do alto tão planas como os campo de gelo onde foram criadas. A partir daí, é a força da gravidade que a trás para baixo. Quanto mais inclinado o terreno, mais rápido será a geleira. Mas se um pedaço da geleira está em uma ladeira enquanto outro está em um terreno mais plano, eles terão velocidades diferentes. E isso é o que vai gerar torsões no leito do rio de gelo, a parte mais rápida se esticando, a parte mais lenta se contraindo, o gelo que vem de trás subindo sobre o gelo que está na frente. Outras forças de torsão vão ocorrer nas curvas. O gelo na parte de dentro da curva precisa percorrer um trecho mais curto que o gelo na parte de fora da mesma curva. Novamente, a geleira vai se partir e se desarrumar mais ainda. Por fim, o trecho da geleira que entra em contato com a rocha de uma montanha, penhasco ou solo vai sofrer atrito e frear seu ritmo enquanto que o gelo no meio do glaciar, sem atrito, fluirá com mais velocidade. Uma vez mais, a tendência é que o gelo se amontoe, se disperse, se desarrume. Não é a toa que, aqui na parte final de uma geleira que é onde caminhamos, a sensação de caos é total. Difícil acreditar que aquilo já foi, algum dia, organizado.

Curso e passeio no glaciar Viedma, no Parque Nacional Los Glaciares, região de El Chaltén, no sul da Argentina

Curso e passeio no glaciar Viedma, no Parque Nacional Los Glaciares, região de El Chaltén, no sul da Argentina


Geleira passa sobre rocha e deixa cicatrizes, no Parque Nacional Los Glaciares, região de El Chaltén, no sul da Argentina

Geleira passa sobre rocha e deixa cicatrizes, no Parque Nacional Los Glaciares, região de El Chaltén, no sul da Argentina


Pequenos icebergs que se soltaram da geleira Viedma, no Parque Nacional Los Glaciares, região de El Chaltén, no sul da Argentina

Pequenos icebergs que se soltaram da geleira Viedma, no Parque Nacional Los Glaciares, região de El Chaltén, no sul da Argentina


Este atrito entre as geleiras e as montanhas é uma briga de titãs. Em tempos de aquecimento global e com os glaciares se retraindo, antigos leitos de rocha que antes estavam sob o peso e a força das geleiras hoje estão ao ar livre e podemos observá-los. As cicatrizes e marcas deixadas pelo atrito de enormes blocos de gelo sobre eles é visível. Foi o que pudemos observar assim que chegamos à Viedma e desembarcamos. Rochas aparentemente indestrutíveis foram moídas por água. Água sólida, mais popularmente conhecida como gelo!

Encontrando uma caverna de gelo no glaciar Viedma, no Parque Nacional Los Glaciares, região de El Chaltén, no sul da Argentina

Encontrando uma caverna de gelo no glaciar Viedma, no Parque Nacional Los Glaciares, região de El Chaltén, no sul da Argentina


Preparando-se para examinar de perto uma caverna de gelo no glaciar Viedma, no Parque Nacional Los Glaciares, região de El Chaltén, no sul da Argentina

Preparando-se para examinar de perto uma caverna de gelo no glaciar Viedma, no Parque Nacional Los Glaciares, região de El Chaltén, no sul da Argentina


Já vestidos para nossas aulas de escalada, caminhamos um bom tempo sobre a geleira, procurando um bom lugar para nossas classes. Foi a chance de ver de perto esse cenário de outro mundo, gelo retorcido, gelo trazendo material de montanhas a centenas de quilômetros daqui, gelo sujo de cinzas de antigas erupções vulcânicas e o mais belo de todos, o gelo azul. O gelo fica com essa cor quando a pressão sobre ele é tão grande que todo o ar que estava aí é expulso. O gelo normal que conhecemos, esse da geladeira, é branco por que está cheio de ar microscópico. Sem ar, ele fica azul. Lindo! Essa cor é a prova de que aquele pedaço de gelo já esteve dezenas, senão centenas de metros abaixo da superfície, sob um peso colossal. Mas depois de tanta bagunça criada pela ação da gravidade e do atrito nas geleiras que descem a montanha, ele acabou vindo parar aqui em cima. Realmente, é um pedaço de água que tem história para contar!

A Ana fotografa caverna de gelo no glaciar Viedma, no Parque Nacional Los Glaciares, região de El Chaltén, no sul da Argentina

A Ana fotografa caverna de gelo no glaciar Viedma, no Parque Nacional Los Glaciares, região de El Chaltén, no sul da Argentina


Explorando uma caverna de gelo no glaciar Viedma, no Parque Nacional Los Glaciares, região de El Chaltén, no sul da Argentina

Explorando uma caverna de gelo no glaciar Viedma, no Parque Nacional Los Glaciares, região de El Chaltén, no sul da Argentina


Seguindo sempre nossos guias, subimos e descemos essas ladeiras de gelo, demos voltas em fendas mais profundas, fotografamos riachos gelados que correm sobre e sob a superfície. Mas o ponto alto mesmo é quando encontramos alguma caverna no gelo, uma estrutura que se formou em algum soerguimento do gelo e que depois, já perto da superfície, sob influência do vento e de riachos, se expandiu ainda mais. Pode desabar a qualquer momento, pois não é estável, ou nada nos garante que seja. Mas, com todo o cuidado, podemos nos aproximar e examinar mais de perto.

A entrada de uma caverna de gelo no glaciar Viedma, no Parque Nacional Los Glaciares, região de El Chaltén, no sul da Argentina

A entrada de uma caverna de gelo no glaciar Viedma, no Parque Nacional Los Glaciares, região de El Chaltén, no sul da Argentina


A entrada de uma caverna de gelo no glaciar Viedma, no Parque Nacional Los Glaciares, região de El Chaltén, no sul da Argentina

A entrada de uma caverna de gelo no glaciar Viedma, no Parque Nacional Los Glaciares, região de El Chaltén, no sul da Argentina


Uma caverna de gelo azul no glaciar Viedma, no Parque Nacional Los Glaciares, região de El Chaltén, no sul da Argentina

Uma caverna de gelo azul no glaciar Viedma, no Parque Nacional Los Glaciares, região de El Chaltén, no sul da Argentina


Dentro delas, o gelo ainda é mais azul. Para nós, uma chance única de fotografar. Para os guias, a obrigação de ficarem mais atentos do que nunca para garantir nossa segurança. Entre mortos e feridos, todos muito contentes. Não podemos entrar muito fundo, mas basta colocar a cabeça lá dentro para termos a sensação de entrar em um outro mundo. Luzes, cores e sons nos hipnotizam. Que coisa mais bela!

Examinando de perto uma caverna de gelo azul no glaciar Viedma, no Parque Nacional Los Glaciares, região de El Chaltén, no sul da Argentina

Examinando de perto uma caverna de gelo azul no glaciar Viedma, no Parque Nacional Los Glaciares, região de El Chaltén, no sul da Argentina


Uma ampla caverna de gelo no glaciar Viedma, no Parque Nacional Los Glaciares, região de El Chaltén, no sul da Argentina

Uma ampla caverna de gelo no glaciar Viedma, no Parque Nacional Los Glaciares, região de El Chaltén, no sul da Argentina


Apesar de toda a nossa experiência prévia com geleiras, foi só aqui na Viedma que chegamos tão perto dessas cavernas mágicas. Foi um momento incrível desse dia que também teve muito suor para escalarmos as paredes, o que vou contar no próximo post. Mas são as fotos que tiramos das cavernas as lembranças mais mágicas desse dia explorando um pedacinho desse maravilhoso glaciar chamado Viedma.

Foto na entrada de uma caverna de gelo azul no glaciar Viedma, no Parque Nacional Los Glaciares, região de El Chaltén, no sul da Argentina

Foto na entrada de uma caverna de gelo azul no glaciar Viedma, no Parque Nacional Los Glaciares, região de El Chaltén, no sul da Argentina


O interior quase mágico, surreal, de uma caverna de gelo azul no glaciar Viedma, no Parque Nacional Los Glaciares, região de El Chaltén, no sul da Argentina

O interior quase mágico, surreal, de uma caverna de gelo azul no glaciar Viedma, no Parque Nacional Los Glaciares, região de El Chaltén, no sul da Argentina

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Curtindo Cape Wireless Cod

Estados Unidos, Massachusetts, Cape Cod

Bricadeiras e muita farra aproveitando o dia de sol na praia de Marconi Beach, em Cape Cod, litoral sul de Massachusetts, nos Estados Unidos

Bricadeiras e muita farra aproveitando o dia de sol na praia de Marconi Beach, em Cape Cod, litoral sul de Massachusetts, nos Estados Unidos


Com apenas um dia para explorar a península de Cape Cod, já que amanhã iremos para a ilha de Marta´s Vineyard, não tínhamos tempo a perder. Por falar em tempo, ele amanheceu lindo, céu azul e ensolarado. Era a dica: tínhamos de ir para a praia!

Estudando o mapa da península de Cape Cod, litoral sul de Massachusetts, nos Estados Unidos

Estudando o mapa da península de Cape Cod, litoral sul de Massachusetts, nos Estados Unidos


As mais belas praias da região estão na costa leste da península, onde um reserva criada por John Kennedy ajudou a preservar as belíssimas paisagens da especulação imobiliária que já ameaçava a península na década de 60. O famoso ex-presidente não era bobo, e o fato de sua família possuir uma casa em Cape Cod, região que já frequentavam fazia tempo deve tê-lo ajudado na decisão pela preservação desse belo litoral!


Nosso roteiro por Cape Cod

A história de Cape Cod começa muitos milhares de anos antes disso, durante as grandes glaciações. Há 20 mil anos atrás, enormes geleiras vindas do norte chegavam até aqui. O nível do mar era muito mais baixo (já que muita água estava na forma de gelo!), e as geleiras carregavam milhares de toneladas de rochas e detritos para o que é hoje mar aberto, mas na época ainda era terra firme.

Uma das muitas mansões na península de Cape Cod, litoral sul de Massachusetts, nos Estados Unidos

Uma das muitas mansões na península de Cape Cod, litoral sul de Massachusetts, nos Estados Unidos


O clima esquentou, as geleiras se retraíram, o gelo derreteu, mas as rochas que elas trouxeram serviram de “base” para essa estranha península que parece avançar mar adentro nos dias de hoje. Aos poucos, o mar está reconquistando seu espaço e, cientistas dizem, Cape Cod estará desaparecida em poucos milhares de anos. Mas, enquanto isso, o mesmo mar que destrói trouxe também muita areia, formando as belas praias que vemos hoje.

Magnífica paisagem do Salt Pond, em Cape Cod, litoral sul de Massachusetts, nos Estados Unidos

Magnífica paisagem do Salt Pond, em Cape Cod, litoral sul de Massachusetts, nos Estados Unidos


Outra característica interessante de “Cape”, como a região é conhecida para os íntimos, são os lagos de água doce, de forma circular, que pontilham pela região. Sua origem também vem da era glacial! Enormes blocos de gelo, alguns com o tamanho de bairros de uma cidade, foram deixados para trás pelas geleiras que retrocediam. Aos poucos, derreteram também, não sem antes afundar o solo com o seu enorme peso e formar enormes buracos, que encheram com sua própria água. Por aqui, são chamados de “ponds”.

Um dos muitos faróis espalhados pela península de Cape Cod, litoral sul de Massachusetts, nos Estados Unidos

Um dos muitos faróis espalhados pela península de Cape Cod, litoral sul de Massachusetts, nos Estados Unidos


Nós atravessamos a parte sul da península, em busca das praias que estão na costa leste. No caminho, além desses “ponds” reminiscentes das glaciações, muitas mansões dos milionários que tem aqui sua casa de praia. Estradas bem feitas, jardins bem cuidados, campos de golfe, tudo bem combinado numa paisagem elegante e bem conservada!

A praia de Marconi Beach, em Cape Cod, litoral sul de Massachusetts, nos Estados Unidos

A praia de Marconi Beach, em Cape Cod, litoral sul de Massachusetts, nos Estados Unidos


Antes das praias, ainda passamos no centro de visitantes do parque, onde aprendemos muito da história, geologia e geografia desse lugar especial. Escolhemos também quais praias visitar, e aonde passaríamos boa parte do nosso dia. Antes disso, ainda deu tempo de fotografar outra das marcas de Cape Cod, alguns dos muitos faróis que ajudam a orientar os navios que há séculos navegam pela região.

Painel informativo sobre Marconi e a primeira comunicação wireless entre continentes, em Cape Cod, litoral sul de Massachusetts, nos Estados Unidos

Painel informativo sobre Marconi e a primeira comunicação wireless entre continentes, em Cape Cod, litoral sul de Massachusetts, nos Estados Unidos


Passamos rapidamente pela Costal Guard Beach, mas decidimos que seria na Marconi Beach que faríamos acampamento. A praia tem esse nome em homenagem ao eminente cientista italiano. Com apenas 20 anos de idade, nos últimos anos do séc XIX, ele já fazia os primeiros experimentos na garagem da sua casa, na Itália, com comunicação sem fio. Sem nenhum apoio ou estímulo em seu país, mudou-se para a Inglaterra e, em 1899, conseguiu mandar um sinal através do canal da Mancha!

Com a Bebel, no alto de praia em Cape Cod, litoral sul de Massachusetts, nos Estados Unidos

Com a Bebel, no alto de praia em Cape Cod, litoral sul de Massachusetts, nos Estados Unidos


Único trecho movimentado da praia de Marconi Beach, em Cape Cod, litoral sul de Massachusetts, nos Estados Unidos

Único trecho movimentado da praia de Marconi Beach, em Cape Cod, litoral sul de Massachusetts, nos Estados Unidos


Mas a grande conquista veio dois anos mais tarde, quando venceu o Atlântico, mandando uma mensagem de Labrador (Canadá) para a Inglaterra, ainda em fase experimental. O local escolhido para tentar fazer algo em escala comercial foi a península de Cape Cod. Aqui montou seu enorme aparato e, em 1903, conseguiu transmitir um longo telegrama de saudações do presidente Roosevelt para o Rei George, na Inglaterra. A breve, a nova e incrível tecnologia wireless transformou em obsoleta os cabos de telégrafo que saíam da mesma Cape Cod em direção ao outro lado do Atlântico. Hoje, acostumados que estamos com internet, Skype e Facebook, é difícil imaginar o valor dessa conquista tecnológica. Mas, para a época, certamente deve ter parecido a mais incrível, maravilhosa e inacreditável invenção: poder escrever algo nos EUA e ser lido, um segundo mais tarde, na Europa, que coisa mais assombrosa!

A belíssima paisagem de Marconi Beach, em Cape Cod, litoral sul de Massachusetts, nos Estados Unidos

A belíssima paisagem de Marconi Beach, em Cape Cod, litoral sul de Massachusetts, nos Estados Unidos


Banho de mar em Marconi Beach, em Cape Cod, litoral sul de Massachusetts, nos Estados Unidos

Banho de mar em Marconi Beach, em Cape Cod, litoral sul de Massachusetts, nos Estados Unidos


Depois dessa visita e de prestarmos nossas sinceras homenagens a essa conquista, finalmente era a hora da praia. Pra chegar lá, é preciso descer uma longa escadaria de madeira, que vence o barranco de areia que é protegido por lei, mas comido inexoravelmente pelo mar. Lá embaixo, uma multidão de americanos, felizes com seus poucos meses de sol e mar de água quente o suficiente para se nadar. A partir do início do Outono, só com muita roupa para entrar nas águas geladas!

Curtindo o lindo dia em Marconi Beach, em Cape Cod, litoral sul de Massachusetts, nos Estados Unidos

Curtindo o lindo dia em Marconi Beach, em Cape Cod, litoral sul de Massachusetts, nos Estados Unidos


Como multidões não são a nossa praia, bastou andarmos uns poucos minutos para acharmos o nosso espaço na areia. A partir daí, foi diversão pura! Mar delicioso, com água bem limpa! Sol quente, vento refrescante, areia excelente para uma boa caminhada ou corrida.

caminhando pela belíssima Marconi Beach, em Cape Cod, litoral sul de Massachusetts, nos Estados Unidos

caminhando pela belíssima Marconi Beach, em Cape Cod, litoral sul de Massachusetts, nos Estados Unidos


Relaxando em Marconi Beach, em Cape Cod, litoral sul de Massachusetts, nos Estados Unidos

Relaxando em Marconi Beach, em Cape Cod, litoral sul de Massachusetts, nos Estados Unidos


Melhor de tudo, a maré baixa forma várias piscinas, verdadeiros lagos no meio da praia. Misteriosamente, a multidão prefere ficar aglomerada lá embaixo da escada (acho que multidão é igual em todos os lugares do mundo!), enquanto essas piscinas maravilhosas, a dez minutos de distância, ficam praticamente vazias. Aí a Bebel se esbaldou, amante que é dos corpos líquidos. Não só ela, mas todos nós, que voltamos a ser crianças a aí brincamos sem parar.

Brincando com a afilhada em piscina natural na praia de Marconi Beach, em Cape Cod, litoral sul de Massachusetts, nos Estados Unidos

Brincando com a afilhada em piscina natural na praia de Marconi Beach, em Cape Cod, litoral sul de Massachusetts, nos Estados Unidos


Brincando com a afilhada em piscina natural na praia de Marconi Beach, em Cape Cod, litoral sul de Massachusetts, nos Estados Unidos

Brincando com a afilhada em piscina natural na praia de Marconi Beach, em Cape Cod, litoral sul de Massachusetts, nos Estados Unidos


Enfim, foi uma tarde maravilhosa em Marconi Beach, quase no mesmo lugar de onde partiram as primeiras mensagens wireless dos EUA à Europa, há 110 anos. Muitas fotos para imortalizar os momentos inesquecíveis que ai passamos.

Refrescando-se em piscina natural na praia de Marconi Beach, em Cape Cod, litoral sul de Massachusetts, nos Estados Unidos

Refrescando-se em piscina natural na praia de Marconi Beach, em Cape Cod, litoral sul de Massachusetts, nos Estados Unidos


Por fim, com o sol já perto do horizonte, era hora de voltar. Mas fizemos um pequeno detour, em direção à Chatham, outro dos centros turísticos da península. Chegamos bem em tempo de ver um enorme bando de leões-marinhos cruzar o canal em busca do jantar. E nós também, em busca do nosso, achamos um belo restaurante por ali, indicados para nós por uma simpática ciclista que também assistia à passagem dos leões-marinhos.

Bricadeiras e muita farra aproveitando o dia de sol na praia de Marconi Beach, em Cape Cod, litoral sul de Massachusetts, nos Estados Unidos

Bricadeiras e muita farra aproveitando o dia de sol na praia de Marconi Beach, em Cape Cod, litoral sul de Massachusetts, nos Estados Unidos


Agora sim, de barriga cheia, de volta ao nosso hotel em Falmouth. Aliás, ontem jantamos aqui mesmo, uma deliciosa lasanha servida por uma simpaticíssima garçonete brasileira, muito feliz por nos encontrar ali. Hoje, seguimos direto para o quarto. Amanhã cedo, A Fiona fica por aqui enquanto, de barco, seguimos para outra das maravilhas da região, a ilha de Marta´s Vineyard.

1000dias na praia de Marconi Beach, em Cape Cod, litoral sul de Massachusetts, nos Estados Unidos

1000dias na praia de Marconi Beach, em Cape Cod, litoral sul de Massachusetts, nos Estados Unidos

Estados Unidos, Massachusetts, Cape Cod, história, Marconi Beach, Praia

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O Mississipi e o Blues

Estados Unidos, Tennessee, Memphis

Admirando o incrível entardecer no rio Mississipi, em Memphis, no Tennessee - EUA

Admirando o incrível entardecer no rio Mississipi, em Memphis, no Tennessee - EUA


Fomos caminhando do nosso hotel central pelas ruas tranquilas de Memphis até a mais famosa rua da cidade: Beale Street. Aí nasceu e se consolidou uma das músicas que é símbolo não só da cidade, mas de todo o país, o Blues.

A famosa rua Beale, em em Memphis, no Tennessee - EUA

A famosa rua Beale, em em Memphis, no Tennessee - EUA


Esse ritmo tem origem nos ritmos africanos trazidos pelos escravos aqui para os estados do sul. O fim da escravidão e as árduas condições de vida que se seguiram no regime segregacionista contribuíram para a melodia marcante do Blues. Foi exatamente aqui, na Beale Street, que os negros começaram a ter sucesso em uma sociedade dominada e voltada para os brancos, onde eles, os negros, estavam fadados a serem, para sempre, cidadãos de segunda classe.

A famosa rua Beale, onde nasceu o Blues e o Rock! (em em Memphis, no Tennessee - EUA)

A famosa rua Beale, onde nasceu o Blues e o Rock! (em em Memphis, no Tennessee - EUA)


Já nos finais do séc XIX e início do séc XX a Beale St. Se tornava uma rua musical, bandas se apresentando na rua e nas casas de espetáculo que começavam a aparecer. Logo ela se tornaria centro de referência e pessoas vinham de longe para tocar ou ouvir essa nova música que fazia sucesso por ali: o blues. Nas décadas seguintes, por ali passaram gente do calibre de Louis Armstrong, B.B King e Rufus Thomas. Outro fã ardoroso da rua e da música que ali tocava foi o próprio Elvis Presley, antes que a fama chegasse

Uma saborosa Guiness em bar da Beale Street, em Memphis, no Tennessee - EUA

Uma saborosa Guiness em bar da Beale Street, em Memphis, no Tennessee - EUA


A rua, como tantas outras, entrou em decadência e depois, por uma revitalização. Hoje voltou a ser um grande centro turístico, três quarteirões repletos de restaurantes e bares onde sempre se apresentam bandas de blues. Ali chegamos no começo da tarde, nas nossas explorações pelo centro da cidade.

Caminhando pela famosa rua Beale, em em Memphis, no Tennessee - EUA

Caminhando pela famosa rua Beale, em em Memphis, no Tennessee - EUA


Comemos muito bem (ao som de blues, por supuesto!) em um dos inúmeros restaurantes e brindamos à Beale com uma legítima Guiness irlandesa. Depois, seguimos nosso caminho, com a promessa de voltar pela noite, claro! Passamos pelo parque onde está a famosa estátua de Elvis Presley e seguimos pela bela Main Street, onde corre um simpático bonde. A Main St, corre paralela ao rio Mississipi, alguns quarteirões à nossa esquerda, no vale ao lado. Decidimos que viraríamos na próxima esquina, em direção ao famoso rio.

Bonde passa pela charmosa Main Street, em Memphis, no Tennessee - EUA

Bonde passa pela charmosa Main Street, em Memphis, no Tennessee - EUA


Qual não foi nossa surpresa quando, ao chegarmos a esta esquina e virarmos, darmos de cara com um dos mais fantásticos entardeceres dessas últimas semanas. O sol se punha de forma gloriosa atrás do mais importante rio do país. O Mississipi nasce lá perto dos Grandes Lagos, atravessa o país de norte a sul por 4 mil quilômetros, recolhendo água dos 31 estados localizados entre os Apalaches e as Montanhas Rochosas, vindo a desembocar no Golfo do México, ao lado da cidade de New Orleans.

O espetacular pôr-do-sol em Memphis, no Tennessee - EUA

O espetacular pôr-do-sol em Memphis, no Tennessee - EUA


O rio foi descoberto e explorado pelos pioneiros espanhóis, mas foram os franceses que se estabeleceram e colonizaram a região, conhecida como Louisiana. Com a derrota para os ingleses na Guerra dos Sete Anos, nos anos de 1760, eles acabaram cedendo a região. Tudo a leste do rio seria dos ingleses, enquanto a parte oeste seria dos espanhóis (que não souberam ocupar a região). A parte britânica foi “herdada” pelos americanos, quando estes conquistaram sua independência. A parte espanhola foi passada novamente para os franceses, quando esses conquistaram a Espanha, no regime de Napoleão. Mas o famoso general francês nada queria com o continente americano e logo vendeu essas terras à noção nação-potência que nascia. O Mississipi era todo americano!

Admirando o incrível entardecer no rio Mississipi, em Memphis, no Tennessee - EUA

Admirando o incrível entardecer no rio Mississipi, em Memphis, no Tennessee - EUA


Esse controle só se consolidou na guerra de 1811, quando os americanos conseguiram repelir um forte ataque inglês à boca do rio, em New Orleans. Anos de paz e progresso se seguiram, os famosos vapores subindo e descendo o rio levando pessoas e mercadorias. Mas a violência chegou novamente durante a Guerra de Secessão quando os Confederados e a União lutaram arduamente pelo controle do rio. Foi a vitória aqui que levou à vitória final das tropas da União contra os estados rebeldes.

O céu se pinta de laranja sobre o rio Mississipi, em Memphis, no Tennessee - EUA

O céu se pinta de laranja sobre o rio Mississipi, em Memphis, no Tennessee - EUA


Enfim, o rio transpira história, economia e até literatura, como no clássico de Mark Twain. E nós tivemos uma meia hora memorável por ali, vendo as águas passando calmamente, refletindo o incrível céu dourado do final da tarde. Um verdadeiro espetáculo que a nós só coube admirar!

Guitarras expostas em loja da Beale Street, em Memphis, no Tennessee - EUA

Guitarras expostas em loja da Beale Street, em Memphis, no Tennessee - EUA


Depois, de volta para o hotel para o banho e, de lá, novamente para a agitada Beale Street. Ali fomos passando de bar em bar, de show em show, sempre um Blues da melhor qualidade a tocar. Um verdadeira sequência de shows de solos de guitarras, baixos e saxofones, a juventude mostrando que sabe tocar tão bem como seus antepassados pelos últimos 100 anos, nessa mesma rua. É uma delícia constatar como ainda existe boa música pelo mundo. É só procurar um pouco. E para quem não quiser ter o trabalho de procurar, basta vir diretamente à Beale Street, em Memphis, Tennessee!

banda de blues em bar da Beale Street, em Memphis, no Tennessee - EUA

banda de blues em bar da Beale Street, em Memphis, no Tennessee - EUA

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De Volta para Casa

Hawaii, Kauai-Kalalau

Admirando o oceano na trilha do Kalalau, na Na'Pali Coast, costa norte do Kauai, no Havaí

Admirando o oceano na trilha do Kalalau, na Na'Pali Coast, costa norte do Kauai, no Havaí


Acordamos hoje com aquela vontade de passar mais um dia por ali, apenas curtindo as belezas e o clima do Kalalau. Mas nossa comida já estava no fim, assim como uma intensa programação nos chamava adiante. Para uma próxima vez, certamente planejaremos mais dias por aqui.

Corridinha básica na praia de Kalalau, na Na'Pali Coast, costa norte do Kauai, no Havaí

Corridinha básica na praia de Kalalau, na Na'Pali Coast, costa norte do Kauai, no Havaí


Hoje, o mar estava mais tranquilo em Kalalau Beach, na Na'Pali Coast, costa norte do Kauai, no Havaí

Hoje, o mar estava mais tranquilo em Kalalau Beach, na Na'Pali Coast, costa norte do Kauai, no Havaí


Barracas desmontadas, tudo nas mochilas, fomos aproveitar uma última vez aquela praia maravilhosa. Corridinha na areia e até um mergulho. O mar já estava bem mais tranquilo hoje. Ainda eram poucos os que entravam, mas eu estava entre os felizardos. Uma delícia!

Início do caminho de volta de Kalalau Beach, na Na'Pali Coast, costa norte do Kauai, no Havaí

Início do caminho de volta de Kalalau Beach, na Na'Pali Coast, costa norte do Kauai, no Havaí


Em seguida, pé na trilha! O dia estava ensolarado hoje. Mais uma boa lembrança para levar daqui. Depois de cruzarmos o primeiro rio, subimos uma enorme ladeira. É onde o suor e o cansaço aparecem pela primeira vez, apenas a primeira das onze milhas a caminhar. Mas a recompensa é, lá do alto, poder admirar a praia pela vez derradeira.

A enorme ladeira no início da trilha de volta do Kalalau, na Na'Pali Coast, na costa norte de Kauai, no Havaí

A enorme ladeira no início da trilha de volta do Kalalau, na Na'Pali Coast, na costa norte de Kauai, no Havaí


Despedida da maravilhosa praia de Kalalau, na Na'Pali Coast, costa norte do Kauai, no Havaí

Despedida da maravilhosa praia de Kalalau, na Na'Pali Coast, costa norte do Kauai, no Havaí


Depois, foi seguir pela trilha estreita, serpenteando entre os penhascos nossos velhos conhecidos. Quando já se conhece o caminho, tudo muda de figura. Agora, já sabemos o que esperar depois da próxima curva, depois do próximo morro. Mentalmente, para vencer o calor e o cansaço, imaginamos o próximo ponto conhecido, um mirante ou um riacho, e para lá seguimos, ao mesmo tempo concentrados e curtindo a beleza a nossa volta.

Percorrendo a trilha entre os penhascos da Na'Pali Coast, costa norte do Kauai, no Havaí

Percorrendo a trilha entre os penhascos da Na'Pali Coast, costa norte do Kauai, no Havaí


A maravilhosa Na'Pali Coast, costa norte do Kauai, no Havaí

A maravilhosa Na'Pali Coast, costa norte do Kauai, no Havaí


Outra vez, segui na frente. Meu objetivo maior era a metade do caminho. O rio que ali existe prometia alguma surpresa. Na vinda, já do alto, por entre as folhagens, avistei algo que se parecia com uma grande piscina natural. Na pressa que estávamos, não tive tempo de investigar. Tinha deixado para a volta. A volta chegou.

Em meio às encostas da na Na'Pali Coast, onde está Wally? (costa norte do Kauai, no Havaí)

Em meio às encostas da na Na'Pali Coast, onde está Wally? (costa norte do Kauai, no Havaí)


A Ana quase desaparece na grandiosa paisagem ao longo da trilha do Kalalau, na Na'Pali Coast, na costa norte de Kauai, no Havaí

A Ana quase desaparece na grandiosa paisagem ao longo da trilha do Kalalau, na Na'Pali Coast, na costa norte de Kauai, no Havaí


Assim, lá cheguei, deixei a mochila no ponto onde a trilha cruza o rio sobre pedras e segui o curso dele para baixo, cheio de esperanças. Dito e feito! Bastaram dois minutos numa trilha mais rústica e cheguei à tal piscina. De bônus, uma pequena cachoeira e até uma corda pendurada, em formato de cipó. Pronto, tinha achado meu lugar! Segundos depois já estava dentro d’água, o suor da pele sendo substituído pelo frescor da água.

Diversão com um cipó em piscina natural na metade do caminho da trilha do Kalalau, na Na'Pali Coast, costa norte do Kauai, no Havaí

Diversão com um cipó em piscina natural na metade do caminho da trilha do Kalalau, na Na'Pali Coast, costa norte do Kauai, no Havaí


Pausa para um mergulho na metade do caminho da trilha do Kalalau, na Na'Pali Coast, costa norte do Kauai, no Havaí

Pausa para um mergulho na metade do caminho da trilha do Kalalau, na Na'Pali Coast, costa norte do Kauai, no Havaí


Não demorou muito e chegavam a Ana, o Rafa e a Laura. Minha mochila atravessada na trilha tinha sido a dica para o desvio. Agora, éramos os quatro na água, aproveitando mais esse segredo do Kalalau. Brincadeiras com o cipó e massagem gratuita na cachoeira foram a melhor quebra possível na trilha de 11 milhas.

Um banho merecido e revitalizante na metade do caminho da trilha do Kalalau, na Na'Pali Coast, costa norte do Kauai, no Havaí

Um banho merecido e revitalizante na metade do caminho da trilha do Kalalau, na Na'Pali Coast, costa norte do Kauai, no Havaí


Mergulho com direito à massagem, na metade do caminho da trilha do Kalalau, na Na'Pali Coast, costa norte do Kauai, no Havaí

Mergulho com direito à massagem, na metade do caminho da trilha do Kalalau, na Na'Pali Coast, costa norte do Kauai, no Havaí


Muitas subidas e descidas mais tarde, chegávamos à praia das duas milhas, até onde vão as pessoas que só vem passar o dia. Apesar do mar mais calmo, ninguém no mar. Também, com a placa deixada lá “aconselhando” que ninguém se atreva, fica todo mundo na areia mesmo.

Placa alerta e exagera no intuito de evitar que turistas incautos entrem no mar da Na'Pali Coast, na costa norte de Kauai, no Havaí

Placa alerta e exagera no intuito de evitar que turistas incautos entrem no mar da Na'Pali Coast, na costa norte de Kauai, no Havaí


Por fim, esses últimos três quilômetros. Na vinda, pareceram mais fáceis. Agora, com outras nove milhas nas costas, a mochila parecia muito mais pesada e as subidas muito mais íngremes. Ilusão ótica? Vai saber... Só sei que foi dureza!

Chegando à praia das duas milhas, na trilha do Kalalau, na Na'Pali Coast, costa norte do Kauai, no Havaí

Chegando à praia das duas milhas, na trilha do Kalalau, na Na'Pali Coast, costa norte do Kauai, no Havaí


Cheguei, encontrei amigos feitos no dia anterior, pedi que olhassem minha mochila e dei aquela corrida gostosa para soltar os músculos. Um quilômetro até o carro e depois, ar condicionado à toda força, de volta para a cabeceira da trilha, onde os companheiros estavam por chegar.

Fim (ou início) da trilha do Kalalau, de volta à civilização, na Na'Pali Coast, costa norte do Kauai, no Havaí

Fim (ou início) da trilha do Kalalau, de volta à civilização, na Na'Pali Coast, costa norte do Kauai, no Havaí


Ainda tivemos tempo para um delicioso banho de chuveiro, ali mesmo. Como todo parque americano, um show de infraestrutura e essa inclui até chuveiros. Estão ali para atender o pessoal que pega praia ali mesmo. A Ana ainda foi até lá, para tomar um banho de água salgada antes da água doce. Começava a escurecer, os músculos doíam e o Kalalau tinha mesmo ficado para trás. Não no espírito! Mas nossos corpos, esses precisavam e queriam voltar para casa, para uma cama, para um lençol limpo e cheiroso.

Fim de tarde glorioso na Na'Pali Coast, costa norte do Kauai, no Havaí

Fim de tarde glorioso na Na'Pali Coast, costa norte do Kauai, no Havaí

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