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Praia, Pitons e o Maravilhoso Snorkel

Santa Lúcia, Soufriere

As famosas montanhas Piton, em Soufriere, no sul de Santa Lúcia, no Caribe

As famosas montanhas Piton, em Soufriere, no sul de Santa Lúcia, no Caribe


Dentre todas as ilhas caribenhas, Santa Lúcia foi aquela em que os eternos rivais, franceses e ingleses, mais lutaram pela posse, resultando em dezenas de trocas de soberania. Como nas ilhas vizinhas, os índios Caribs conseguiram impedir os espanhóis de se instalarem, mas não resistiram à “onda” seguinte, 150 anos mais tarde, de colonizadores franceses. Estes fundaram diversas viras no litoral caribenho de Santa Lúcia, inclusive a cidade de Soufriere. Mais para o norte, foram colonizadores ingleses que se instalaram.

Vista para a Piton do nosso hotel em Soufriere, no sul de Santa Lúcia, no Caribe

Vista para a Piton do nosso hotel em Soufriere, no sul de Santa Lúcia, no Caribe


Dirigindo em Soufriere, região das montanhas Piton, no sul de Santa Lúcia, no Caribe

Dirigindo em Soufriere, região das montanhas Piton, no sul de Santa Lúcia, no Caribe


A partir da segunda metade do séc XVIII os ingleses viram na ilha um grande valor estratégico, principalmente por estar tão próxima da principal ilha francesa da região, Martinica. Assim, diversas vezes conquistaram Santa Lucia, mas por força de tratados ou negociações, acabavam por devolvê-la novamente aos franceses. Assim foi durante a Guerra dos 7 Anos, Revolução Americana, Revolução Francesa e Guerras Napoleônicas. A posse definitiva para a Inglaterra só veio em 1814. Mas os costumes franceses na população já estavam tão arraigados que quase todas as cidades ainda mantém seu nome francês enquanto que a língua oficial da ilha só foi mudada na metade do século. Mesmo assim, até hoje, quando conversam entre si, a língua mais falada em Santa Lúcia é o “patois”, uma espécie de francês creolle.

A deliciosa praia de Chastanet, em Soufriere, no sul de Santa Lúcia, no Caribe

A deliciosa praia de Chastanet, em Soufriere, no sul de Santa Lúcia, no Caribe


São franceses também os nomes das mais famosas montanhas de Santa Lúcia e do leste do Caribe: a Petit Piton e a Gros Piton. De origem vulcânica, tem uma forma piramidal quase perfeita, se erguendo a 750 metros de altura, dois enormes “icebergs verdes”.. Ficam na costa sudoeste da ilha, próximas à cidade de Soufriere e são o mais famoso cartão postal do país.

Snorkel em meio a cardume na praia de Chastanet, em Soufriere, sul de Santa Lúcia

Snorkel em meio a cardume na praia de Chastanet, em Soufriere, sul de Santa Lúcia


Maravilhoso snorkel na praia de Chastanet, em Soufriere, sul de Santa Lúcia

Maravilhoso snorkel na praia de Chastanet, em Soufriere, sul de Santa Lúcia


Acordamos hoje ansiosos para vê-las sob a luz solar (só a tínhamos visto de noite, maravilhosas!) e fotografá-las. Não nos decepcionamos! O dia estava lindo e, a todo momento, onde quer que estivéssemos, parávamos para vê-las e admirá-las “Puxa vida! Estamos mesmo aqui, em Santa Lúcia!” – foi minha exclamação ao longo do dia...

Maravilhoso snorkel na praia de Chastanet, em Soufriere, sul de Santa Lúcia

Maravilhoso snorkel na praia de Chastanet, em Soufriere, sul de Santa Lúcia


Logo no nosso café da manhã, já pudemos admirar a “Petit”, porque a “Gros” se escondia atrás dela. Depois, no nosso caminho para praia de Chastanet, passando por uma estrada bem alta, ali tivemos a melhor visão, dessa vez das duas montanhas. Foi só quando chegamos à bela praia que elas sumiram, escondidas por um rochedo. Mas não por muito tempo!

Snorkel na praia de Chastanet, em Soufriere, sul de Santa Lúcia, com vista para as montanhas Piton

Snorkel na praia de Chastanet, em Soufriere, sul de Santa Lúcia, com vista para as montanhas Piton


A praia é mesmo bela, mas melhor ainda é o snorkel que se pode fazer ali. Perfeito! Temperatura e visibilidade ideais, peixes coloridos e cardumes, diversos tipos de corais e de crustáceos. Além disso, a profundidade variava dos dois metros aos trinta metros. Ou seja, tinha para todo gosto! Obviamente que fui me divertir nas grandes profundidades! Com uma água limpa dessa, sem perceber e já estava ultrapassando os vinte metros. Muito legal!

Atravessando caverna submarina durante snorkel na praia de Chastanet, em Soufriere, sul de Santa Lúcia

Atravessando caverna submarina durante snorkel na praia de Chastanet, em Soufriere, sul de Santa Lúcia


Uma sereia na saída de caverna submarina durante snorkel na praia de Chastanet, em Soufriere, sul de Santa Lúcia

Uma sereia na saída de caverna submarina durante snorkel na praia de Chastanet, em Soufriere, sul de Santa Lúcia


Mas o melhor ainda estava por vir. Primeiro, nadamos até o fim do rochedo para, mais uma vez, admirar as Pitons. Visão inspiradora! Depois, no próprio rochedo, descobrimos várias cavernas submarinas. Agora, minha diversão passou a ser atravessá-las. Primeiro, com cuidado, vendo se o fôlego era suficiente. Depois, já mais seguro, parando no meio para tirar fotos. Um espetáculo! Uma delas não tinha saída. Então, nadava o mais para dentro que podia e, de lá, ao olhar para a saída, aproveitava aquela visão mágica. Mas não podia me enrolar muito não, pois o ar me esperava lá do lado de fora! Enfim, foram quase duas horas de muita diversão (e muito fôlego!).

Praia de Soufriere, no sul de Santa Lúcia, no Caribe

Praia de Soufriere, no sul de Santa Lúcia, no Caribe


Admirando a magnífica Petit Piton, em Soufriere, no sul de Santa Lúcia, no Caribe

Admirando a magnífica Petit Piton, em Soufriere, no sul de Santa Lúcia, no Caribe


No finalzinho da tarde fomos até a cidade, caminhar pelo centro. Mais vistas incríveis da Petit Piton, dessa vez com uma luz ainda mais bonita. E na praça central da cidade, um momento de silêncio para as várias pessoas que foram ali guilhotinadas. Afinal, em 1792 a ilha ainda era francesa e estávamos em plena revolução! Ai daqueles suspeitos de conspirar contra o novo regime...

Praça central em Soufriere, onde ocorriam as execuções por guilhotina durante a Revolução Francesa (em Santa Lúcia, no Caribe)

Praça central em Soufriere, onde ocorriam as execuções por guilhotina durante a Revolução Francesa (em Santa Lúcia, no Caribe)

Santa Lúcia, Soufriere, história, Mergulho, Pitons, Praia

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O Primeiro Bisão a gente Nunca Esquece

Estados Unidos, South Dakota, Badlands National Park

Encontro com bisões no Badlands National Park, em South Dakota, nos Estados Unidos

Encontro com bisões no Badlands National Park, em South Dakota, nos Estados Unidos


Além da paisagem espetacular, o maior atrativo no Parque Nacional de Badlands, em South Dakota, são os animais que lá vivem. Uma fauna selvagem para ninguém botar defeito! Bisões, veados, cabras montanhesas, prairie dogs e muito mais.

Cabra montanhesa descansa em platô no Badlands National Park, em South Dakota, nos Estados Unidos

Cabra montanhesa descansa em platô no Badlands National Park, em South Dakota, nos Estados Unidos


Isso sem contar os animais que já viveram, em outras épocas, e deixaram seus vestígios. Uma extensa fauna marinha, da época em que um mar interior cobria toda a região central dos Estados Unidos, há 70 milhões de anos, além de inúmeros exemplares da megafauna americana, do tempo em que mamutes, tigres dente-de-sabre e porcos gigantes vagavam pelas florestas e, posteriormente, savanas da região.

Cabras montanhesas no Badlands National Park, em South Dakota, nos Estados Unidos

Cabras montanhesas no Badlands National Park, em South Dakota, nos Estados Unidos


Mas nós estávamos interessados era na fauna vivinha da silva mesmo. Não demorou muito para vermos os primeiros animais, cabras montesas que, com uma habilidade tremenda, ficam correndo pelas infinitas encostas do parque. Estavam bem longe, mas deram o primeiro gostinho da vida selvagem no parque.

As pradarias do Badlands National Park, em South Dakota, nos Estados Unidos

As pradarias do Badlands National Park, em South Dakota, nos Estados Unidos


Com o entardecer, os animais foram aparecendo. Essa é a hora preferida deles, junto com o amanhecer. Enquanto o sol está alto, preferem mesmo é uma boa sombra, longe do calor que faz nessa época.

Coelho nos observa no Badlands National Park, em South Dakota, nos Estados Unidos

Coelho nos observa no Badlands National Park, em South Dakota, nos Estados Unidos


Começamos com os menores: um curioso coelho, que depois de tantos anos vivendo em um lugar onde a caça é proibida, já não aprece temer os humanos.

Coiote circula no Badlands National Park, em South Dakota, nos Estados Unidos

Coiote circula no Badlands National Park, em South Dakota, nos Estados Unidos


Um pouco mais à frente, aí sim, alguém de quem o coelho tem muito medo: um solitário e apressado coiote, de certo em busca do seu jantar. Corre, coelho!

Praire Dog no Badlands National Park, em South Dakota, nos Estados Unidos

Praire Dog no Badlands National Park, em South Dakota, nos Estados Unidos


Por fim, as centenas de prairie dogs, ou cães da pradaria, uma espécie de roedor simpático que faz sua casa em buracos na terra e vive em verdadeiras cidades, em certas partes do parque. Enquanto passávamos devagarzinho com o carro, víamos dezenas de cabecinhas nos especiando, do lado de fora de suas tocas. Alguns, mais corajosos, ficavam totalmente em pé, ou corriam para a toca de seus vizinhos, para espalhar a notícia da nossa “visita”.

Praire Dog no Badlands National Park, em South Dakota, nos Estados Unidos

Praire Dog no Badlands National Park, em South Dakota, nos Estados Unidos


Ainda ontem, no final da tarde, algumas vezes caminhando tranquilamente ao lado das estradas, outras muito bem acomodados em seus terraços nas encostas, vimos muitos veados e cabras montesas, com seus enormes chifres curvados. É incrível como já não temem mesmo carros e turistas com suas máquinas fotográficas. Bom para nós!

vida selvagem, visão comum no Badlands National Park, em South Dakota, nos Estados Unidos

vida selvagem, visão comum no Badlands National Park, em South Dakota, nos Estados Unidos


Faltava ver o nosso maior prêmio, o bisão, o enorme animal que existia aos milhões até a metade do século XIX, mas que quase chegou a ser extinto pela estupidez do homem branco, que os matava por puro prazer. Essas gigantescas bestas, uma versão cabeluda do nosso gado de fazendas, com um aspecto mais selvagem, foi o grande sobrevivente da chamada megafauna, que se extinguiu misteriosamente ao final da última era glacial, há 12 mil anos. Bisões eram contemporâneos dos mamutes e mastodontes. Darwinisticamente falando, foram mais “adaptáveis” que seus amigos colegas de pradaria...

Espécie de cabra montanhesa comum no Badlands National Park, em South Dakota, nos Estados Unidos

Espécie de cabra montanhesa comum no Badlands National Park, em South Dakota, nos Estados Unidos


Pois é, mesmo eles quase não resistiram ao homem branco. Mas, felizmente, à beira da extinção, o bom senso prevaleceu e eles passaram a ser protegidos. Principalmente nas áreas de parques nacionais. E aqui em Badlands é um dos lugares que hoje passeiam sem ser molestados.

Pequeno veado no Badlands National Park, em South Dakota, nos Estados Unidos

Pequeno veado no Badlands National Park, em South Dakota, nos Estados Unidos


Não conseguimos vê-los ontem, mas hoje voltamos ao parque decididos a encontrá-los. Para isso, pegamos uma estrada de terra secundária e nos embrenhamos no coração das pradarias. A emoção bateu quando vimos o primeiro grupo deles, mas muito longe para ser devidamente fotografados. Um monte de pequenas manchas escuras pastando tranquilamente em uma ravina distante.

Bisão solitário no Badlands National Park, em South Dakota, nos Estados Unidos

Bisão solitário no Badlands National Park, em South Dakota, nos Estados Unidos


Pouco depois, encontramos outro grupo, agora bem grande. Mas a emoção ainda não foi aquela, pois estavam atrás de uma cerca, o que, de certa forma, tira o aspecto selvagem do animal. De qualquer maneira, aí podemos fazer muitas fotos, observá-los de perto e realizar a força desses enormes animais.

O primeiro bisão a gente nunca esquece! (Badlands National Park, em South Dakota, nos Estados Unidos)

O primeiro bisão a gente nunca esquece! (Badlands National Park, em South Dakota, nos Estados Unidos)


Continuamos a nos embrenhar no parque quando, finalmente, vimos um bisão solitário, livre, leve e solto, sem cercas ou grades por perto, senhor absoluto da área em que estava. Aí sim, sentimo-nos felizardos de estar em meio à natureza. Foi quando bateu mais forte aquele sentimento de que o mundo não é nosso, mas compartilhado ente as milhares de espécies que vivem na Terra, nenhuma mais importante do que as outras.

Encontro com bisões no Badlands National Park, em South Dakota, nos Estados Unidos

Encontro com bisões no Badlands National Park, em South Dakota, nos Estados Unidos


Aí ficamos um bom quarto de hora, observando, fotografando, tentando nos aproximar, com o devido cuidado. Foi muito joia! O primeiro bisão, a gente nunca esquece, criatura magnífica! Encerrávamos com chave de ouro nossa visita ao parque de Badlands. Agora, rumo às Black Hills...

Tentando socializar com um bisão no Badlands National Park, em South Dakota, nos Estados Unidos

Tentando socializar com um bisão no Badlands National Park, em South Dakota, nos Estados Unidos

Estados Unidos, South Dakota, Badlands National Park, Bichos, Parque, trilha

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As Praias do Leste e do Sul de Bombinhas

Brasil, Santa Catarina, Bombinhas

Caminhando na praia deserta do Cardoso, em Bombinhas, litoral de Santa Catarina

Caminhando na praia deserta do Cardoso, em Bombinhas, litoral de Santa Catarina


Depois da nossa caminhada pelas praias do norte de Bombinhas (post anterior), resolvermos pedir ajuda para a Fiona no nosso segundo dia na cidade. Afinal, nosso destino dessa vez era bem mais distante: as praias que do lado leste da península, como Mariscal, Zimbros, Canto Grande e, especialmente, a praia da Tainha.

Em Bombinhas, no nosso 2o dia (em azul), fomos de carro até Tainha, passando por Mariscal e Zimbros. No 3o dia, fizemos a caminhada (vermelh) pelas praias da costa sul da penínsulha

Em Bombinhas, no nosso 2o dia (em azul), fomos de carro até Tainha, passando por Mariscal e Zimbros. No 3o dia, fizemos a caminhada (vermelh) pelas praias da costa sul da penínsulha


Vista do alto do Morro dos Macaccos, a caminho da praia da Tainha, em Bombinhas, litoral de Santa Catarina

Vista do alto do Morro dos Macaccos, a caminho da praia da Tainha, em Bombinhas, litoral de Santa Catarina


O formato da península de Bombinhas, quando visto lá de cima, é bem interessante. Além da área principal, onde estão as praias de Bombas e Bombinhas, a península se alonga bastante na direção sudeste. Ela vai se afinando, formando uma espécie de istmo cada vez mais estreito. No lado norte (ou nordeste!) desse istmo, estão as praias de Mariscal, Canto Grande e Conceição. São praias que estão voltadas para o oceano, quase que para o mar aberto. Por isso a rebentação é bem mais forte, atraindo surfistas e um público mais jovem. O outro lado do istmo, o lado sudeste, está voltado para o chamado “mar de dentro”, uma grande baía de águas calmas que mais parece uma lagoa. É a praia de Zimbros. Não é a toa que aí ficam ancorados todos os barcos de pescadores ou iates de bacanas. Aí também é realizada a travessia aquática (para nadadores) de Bombinhas, com distâncias de 1.500 e 3.000 metros, que tantas vezes no passado eu e a Ana já participamos.

A rústica estrada para a praia da Tainha, em Bombinhas, litoral de Santa Catarina

A rústica estrada para a praia da Tainha, em Bombinhas, litoral de Santa Catarina


A pequena baía onde se encontra a praia da Tainha, em Bombinhas, litoral de Santa Catarina

A pequena baía onde se encontra a praia da Tainha, em Bombinhas, litoral de Santa Catarina


Lá na extremidade desse istmo, onde o mar de fora e o mar de dentro quase se tocam, está uma das mais antigas comunidades da península, chamada de Canto Grande. Quem se hospeda por aí está sempre a menos de dois quarteirões do mar. Se quer sossego, vai passar o dia no mar de dentro. Se quer um mar mais agitado, segue para o mar de fora. Com mercados, peixarias, restaurantes e farmácias, é uma comunidade praticamente autossuficiente. Já o bairro mais ao norte,. Conhecido como Mariscal, é muito mais recente e está se desenvolvendo rapidamente. É impressionante a diferença que fez desde que o conheci, dez anos atrás. São loteamentos e mais loteamentos, uma praia que costumava ser selvagem e hoje caminha para se tornar uma nova Bombinhas.

Vista da praia da Tainha, em Bombinhas, litoral de Santa Catarina. Ao fundo, a ilha de Florianópolis

Vista da praia da Tainha, em Bombinhas, litoral de Santa Catarina. Ao fundo, a ilha de Florianópolis


Fazendas de ostras no litoral de Bombinhas, litoral de Santa Catarina

Fazendas de ostras no litoral de Bombinhas, litoral de Santa Catarina


Mas, o mais interessante da geografia desse istmo é que, lá no seu final, onde parece que ele iria terminar, há um grande morro e o istmo se abre novamente. É uma área protegida por um parque municipal e atrás do morro está uma das mais belas surpresas de Bombinhas: a praia de Tainhas. Para chegar até lá, ou se pega uma longa trilha ou se enfrenta uma estrada de terra, pedras e buracos com quase 3 km de extensão a partir da praia da Conceição. A estrada sobe e desce o morro e em dias de chuva forte fica quase intransitável. Mas é um esforço que definitivamente vale a pena. A praia da Tainha, de águas límpidas e muito frequentada por golfinhos, é um colírio para os nossos olhos, desde o momento que a vemos pela primeira vez, ainda no alto do morro, até a hora da triste despedida, depois de uma boa caminhada de ponta a ponta e de um mergulho recompensador em suas águas.

Chegando à praia da Tainha, em Bombinhas, litoral de Santa Catarina

Chegando à praia da Tainha, em Bombinhas, litoral de Santa Catarina


Explorando as enormes pedras no canto direito da praia da Tainha, em Bombinhas, litoral de Santa Catarina

Explorando as enormes pedras no canto direito da praia da Tainha, em Bombinhas, litoral de Santa Catarina


Esse, então, foi o nosso programa de ontem. De Fiona, saímos de Bombas e percorremos os 12 quilômetros de asfalto, sempre pela costa, até a praia da Conceição. No caminho, Mariscal e Canto Grande. Mas o que queríamos mesmo era a Tainha. Então, diretamente para a estrada de terra que cruza o morro dos Macacos. Lá de cima, uma bela vista para todos os lados. Para o norte, o lindo desenho do istmo que separa Zimbros de Mariscal. Para o sul, a ilha do Arvoredo e, mais além, a silhueta inconfundível da ilha de Florianópolis. E para baixo, a pequena baía onde está a deliciosa praia da Tainha. Lá chegando, uma cerveja e um pastel no restaurante logo na entrada da praia e depois, caminhada até as enormes pedras que marcam suas extremidades. Aí passamos algumas horas, entre mergulhos e banhos de sol. Uma delícia!

Explorando as enormes pedras no canto direito da praia da Tainha, em Bombinhas, litoral de Santa Catarina

Explorando as enormes pedras no canto direito da praia da Tainha, em Bombinhas, litoral de Santa Catarina


A isolada praia da Tainha, em Bombinhas, litoral de Santa Catarina

A isolada praia da Tainha, em Bombinhas, litoral de Santa Catarina


Na volta, um caminho diferente. Depois de uma parada na praia da Conceição (que é a ponta sul do Canto Grande), fomos percorrer a orla de Zimbros ao invés de Mariscal. Todos os caminhos levam à Roma e acabamos por chegar no morro que separa essas praias de Bombinhas. De lá para Bombas foi rapidinho, o mesmo percurso que havia nos tomado uma hora caminhando na noite da véspera, a Fiona o fez em 10 minutos. De volta ao nosso apartamento, a Ana nos brindou com a chave de ouro para fechar nosso dia: um delicioso macarrão com molho de camarão que havíamos comprado fresquinho, pela manhã. Como é bom ter nossa própria cozinha! E como é bom ter alguém com dotes culinários! Para mim, ao final, cabe a louça para lavar! Depois do banquete, lavo tudo feliz da vida!

Praia da Conceição, observando, ao longe, a praia do Mariscal, em Bombinhas, litoral de Santa Catarina

Praia da Conceição, observando, ao longe, a praia do Mariscal, em Bombinhas, litoral de Santa Catarina


Praia do Canto Grande, em Bombinhas, litoral de Santa Catarina

Praia do Canto Grande, em Bombinhas, litoral de Santa Catarina


Já o dia de hoje, nosso terceiro e último na cidade, foi novamente de caminhadas. Mas a Fiona ajudou um pouco também! Já tínhamos visto as praias do norte e do leste da península, faltavam as do sul. São as praias menos frequentadas de Bombinhas, o que as faz muito especiais!. Lá do final de Zimbros, seguindo para a direção oeste (rumo ao continente), uma sequência de pequenas praias ao longo do costão e acessadas apenas por trilhas fazem a alegria daqueles mais aventureiros. Mas para se chegar ao início dessa trilha, a ajuda da Fiona é imprescindível!

Um delicioso macarrão com molho de camarão, obra-prima da Ana no nosso apartamento (da tia Wal) em Bombas, litoral de Santa Catarina

Um delicioso macarrão com molho de camarão, obra-prima da Ana no nosso apartamento (da tia Wal) em Bombas, litoral de Santa Catarina


Um delicioso macarrão com molho de camarão, obra-prima da Ana no nosso apartamento (da tia Wal) em Bombas, litoral de Santa Catarina

Um delicioso macarrão com molho de camarão, obra-prima da Ana no nosso apartamento (da tia Wal) em Bombas, litoral de Santa Catarina


E então, lá fomos nós, subindo e descendo o morro de carro, dessa vez diretamente de Bombas, para chegarmos a Zimbros. Daí até o final da estrada, onde encontramos um lugar para deixar a Fiona e seguir a pé. Nós já conhecíamos o início da trilha de outras vezes que aqui estivemos, mas nunca havíamos ido até as praias mais distantes. Agora, em plenos 1000dias, chegava a hora de conhecer essas últimas praias da nossa querida Bombinhas!

Praia do Cardoso, início da nossa trilha pelas praias mais isoladas de Bombinhas, litoral de Santa Catarina

Praia do Cardoso, início da nossa trilha pelas praias mais isoladas de Bombinhas, litoral de Santa Catarina


A praia de Zimbros vista da praia do Cardoso, em Bombinhas, litoral de Santa Catarina

A praia de Zimbros vista da praia do Cardoso, em Bombinhas, litoral de Santa Catarina


As primeiras delas, como já disse, já conhecíamos. São a praia do Cardoso e da Lagoinha. Por estarem mais perto do início da trilha, ainda é comum encontrar alguns gatos pingados por aqui. São praias espremidas entre a mata verde e o morro por trás e o mar tranquilo pela frente. Do Cardoso se vê bem a praia de Zimbros e suas construções do outro lado da baía. No mar, muitas daquelas “fazendas de ostras”, uma das especialidades aqui do litoral catarinense. Já na praia da lagoinha, o grande diferencial é a própria pequena lagoa que se forma na boca de um rio. Água doce e água salgada quase vizinhas, para quem quiser ficar tomando sol sem sal no corpo é um ótimo lugar e ainda relativamente próximo do início da trilha.

Fazenda de ostras na praia do Cardoso. AO fundo, a praia de Zimbros, em Bombinhas, litoral de Santa Catarina

Fazenda de ostras na praia do Cardoso. AO fundo, a praia de Zimbros, em Bombinhas, litoral de Santa Catarina


A praia Triste, na nossa trilha pelas praias do sudoeste de Bombinhas, litoral de Santa Catarina

A praia Triste, na nossa trilha pelas praias do sudoeste de Bombinhas, litoral de Santa Catarina


É a partir daí que temos de caminhar mais, enfrentando o morro e a mata. Caminhada sempre na sombra e sem chance de errar. Basta seguir adiante com o barulho do mar sempre a nossa esquerda, atrás das árvores. Cruzamos alguns riachos de água refrescante, subimos e descemos algumas vezes até que chegamos à praia Triste. A praia é linda e totalmente selvagem, muito parecida com o que deve ter sido há milhares de anos, sem intervenção humana. Não tenho ideia de onde vem esse nome, praia Triste. Talvez pelo sentimento de solidão, pois o normal é não ver ninguém por ali.

A bela e selvagem praia Triste, em Bombinhas, litoral de Santa Catarina

A bela e selvagem praia Triste, em Bombinhas, litoral de Santa Catarina


A caminho da praia Vermelha, a mais isolada de Bombinhas, litoral de Santa Catarina

A caminho da praia Vermelha, a mais isolada de Bombinhas, litoral de Santa Catarina


Nós travessamos a praia e seguimos adiante. Ainda queríamos alcançar a próxima, a chamada praia Vermelha. São mais uns 40 minutos de caminhada, mas esse é um dos trechos mais belos da trilha, bosque amplo e muitos pontos de observação. Por fim, depois de uma curva, lá apareceu a praia vermelha, ainda meio escondida pelas árvores. Um oásis no meio da mata e do verde. Poucos minutos mais tarde e chegávamos à praia, recepcionados pelos latidos de dois cachorros.

Chegando à praia Vermelha, em Bombinhas, litoral de Santa Catarina

Chegando à praia Vermelha, em Bombinhas, litoral de Santa Catarina


Casa do Seu Osnildo, o único habitante da praia Vermelha, em Bombinhas, litoral de Santa Catarina

Casa do Seu Osnildo, o único habitante da praia Vermelha, em Bombinhas, litoral de Santa Catarina


Eles são os guardiões da praia e da única casa por ali, pertencente ao seu Osnildo. Ele já mora na praia Vermelha há 15 anos, o caseiro de uma grande propriedade que existe por ali. Morando em local tão isolado, acho que sua grande diversão é receber os poucos visitantes que ali chegam. Ele nos tratou muito bem e até nos convidou para sua choupana. Disse que a vida por lá é bem tranquila, mas também tem seus perrengues. Volta e meia aparece algum “vagabundo” que foge da cidade e da polícia, gente que mexe com drogas. Mas que ele não tem medo não e logo mostra que a praia tem dono. Disse também que aqui ele está mais perto de Governador Celso Ramos do que de Bombinhas e é para lá que ela vai quando precisa de suprimentos. Consegue ir até de bicicleta. Se fosse para ir até Bombinhas pela trilha, no mesmo caminho que viemos, a bicicleta mais atrapalharia do que ajudaria.

A linda e selvagem praia Vermelha, em Bombinhas, litoral de Santa Catarina

A linda e selvagem praia Vermelha, em Bombinhas, litoral de Santa Catarina


A linda e selvagem praia Vermelha, em Bombinhas, litoral de Santa Catarina

A linda e selvagem praia Vermelha, em Bombinhas, litoral de Santa Catarina


Bom, depois da nossa visita social, fomos aproveitar a praia também. Caminhamos, tomamos banho, curtimos a natureza exuberante que nos cercava. Era a nossa despedida de Bombinhas. Agora, só nos restava o caminho de volta, um mergulho rápido em cada praia do caminho, o reencontro com a Fiona e a volta para casa, em Bombas. Não sem antes dar mais uma paradinha em Zimbros para nos fartar com um delicioso pastel. Amanhã, estrada novamente, sempre rumo ao norte. Nossa próxima parada será na metrópole dessa parte do Brasil, a famosa e badalada Balneário Camboriú. E Curitiba vai ficando cada vez mais perto...

Caminhando pela praia Vermelha, em Bombinhas, litoral de Santa Catarina

Caminhando pela praia Vermelha, em Bombinhas, litoral de Santa Catarina

Brasil, Santa Catarina, Bombinhas, Praia, Tainha, trilha, Vermelha

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Choque de Realidade

Haiti, Cabaret

O movimentado mercado de Cabaret, antiga Duvalierville, ao norte de Port-au-Prince, no Haiti

O movimentado mercado de Cabaret, antiga Duvalierville, ao norte de Port-au-Prince, no Haiti


Depois da manhã de paz e tranquilidade na praia paradisíaca do Hotel Obama, rumávamos de volta à Port-au-Prince, juntos com a Lana e o Eric no carro chamado por ele. A Lana é uma cozinheira de mão cheia, pratos exóticos aprendidos em suas viagens pelo mundo que agora fazem sucesso no hotel do casal em Pétion-Ville, bairro onde ficam os turistas que viajam à capital haitiana. Sabendo que passaríamos ao lado do mercado na cidade de Cabaret, ela insistiu que parássemos por lá para nos abastecer de ingredientes para suas deliciosas receitas.

O movimentado mercado de Cabaret, cidade ao norte de Port-au-Prince, no Haiti

O movimentado mercado de Cabaret, cidade ao norte de Port-au-Prince, no Haiti


Um taptap nas ruas de Cabaret, cidade ao norte de Port-au-Prince, no Haiti

Um taptap nas ruas de Cabaret, cidade ao norte de Port-au-Prince, no Haiti


Cabaret é a antiga Duvalierville, e retomou seu nome original depois que Baby Doc, a segunda geração da família tirana, fugiu do país, em 1986. O pai, o notório e sanguinário Papa Doc, havia mudado o nome da cidade em sua homenagem, logo depois de uma visita à Cabaret no ano de 1962. Prometeu diversos investimentos e uma nova era de progresso, o que obviamente nunca aconteceu, mudou o nome de alguns edifícios e avenidas para o de sua esposa e o nome da cidade para o seu, na maior cara de pau. Quer dizer, ele era mesmo ególatra, mas não tanto como seu colega ditador da vizinha República Dominicana, que havia sido assassinado no ano anterior. Trujillo não havia se contentado com uma cidade pequena. Não! Ele tinha mudado o nome da capital do país para auto homenagear-se. Algo que nem Stálin havia pensado em fazer. Felizmente, ditadores como Strossner, Trujillo, Duvalier e Lenin se vão e as cidades retomam seus nomes originais.

O movimentado mercado de Cabaret, antiga Duvalierville, ao norte de Port-au-Prince, no Haiti

O movimentado mercado de Cabaret, antiga Duvalierville, ao norte de Port-au-Prince, no Haiti


Mais tarde, buscando informações na internet sobre a cidade, li artigos escritos por jornais americanos logo depois da fuga de Baby Doc e da volta do nome da cidade para o original. Foi triste ver as entrevistas dadas em 86, as pessoas esperançosas de um tempo melhor e mais próspero, com o fim da ditadura. Mal sabiam as agruras e dificuldades que os esperavam pelos próximo 25 anos, ou seja, até hoje.

O movimentado mercado de Cabaret, antiga Duvalierville, ao norte de Port-au-Prince, no Haiti

O movimentado mercado de Cabaret, antiga Duvalierville, ao norte de Port-au-Prince, no Haiti


Bem, foi por essa Cabaret de hoje que passamos, seu mercado de rua completamente lotado, ali do lado da estrada. “Quem compra tanta coisa?”, é tudo o que me vem à cabeça quando vejo esses movimentados mercados haitianos. Foi o nosso carro encostar no acostamento que fomos cercados por dezenas de ávidos vendedores, todos curiosos com aquele carro cheio de pessoas brancas que ali estava.

Uma elegante vendedora no mercado de Cabaret, cidade ao norte de Port-au-Prince, no Haiti

Uma elegante vendedora no mercado de Cabaret, cidade ao norte de Port-au-Prince, no Haiti


O Eric, no banco de passageiros, logo abriu sua janela e mandou ver no seu creolle fluente, para surpresa dos vendedores (na verdade, vendedoras, já que as mulheres formavam a grande maioria). Recobradas da surpresa inicial, elas logo partiram para o “ataque”, tentando enfiar todos os tipos de produto. AO mesmo tempo, a Lana, que não fala uma palavra da língua local, notava algo mais que queria comprar e pedia ao Eric que providenciasse. Bombardeado por todos os lados, ele passou a lista de compras ao motorista e pediu que ele descesse e se virasse. Eu e a Ana, de camarote, no banco de trás, observando toda a cena que se desenrolava em frente aos nossos olhos, o gostinho de Haiti finalmente chegando às nossas bocas.

Detalhes de haitianos no mercado de Cabaret, antiga Duvalierville, ao norte de Port-au-Prince, no Haiti

Detalhes de haitianos no mercado de Cabaret, antiga Duvalierville, ao norte de Port-au-Prince, no Haiti


O motorista desceu e se perdeu naquele mar de gente. Eu respirei fundo, peguei a nossa máquina fotográfica e saí do carro. Era onde eu queria estar, no meio daquela gente e bagunça toda, o único branquinho no meio daquela África americana. Mais curiosos do que eu com eles, eram eles comigo.

Detalhes de haitianos no mercado de Cabaret, antiga Duvalierville, ao norte de Port-au-Prince, no Haiti

Detalhes de haitianos no mercado de Cabaret, antiga Duvalierville, ao norte de Port-au-Prince, no Haiti


Fotos para lá e para cá, situação intensa, quase inebriante, imagens, sons e cheiros cercando-me por todos os lados. Lá estava eu em meus devaneios quando alguém me toca nas costas. Era o motorista e nós já estávamos prontos para partir. Voltamos para o carro e seguimos em frente, eu saboreando aqueles cinco minutos de Haiti que tinha acabado de vivenciar. A experiência tinha valido o dia!

Um taptap, forma mais comum de transporte no país (no mercado de Cabaret, antiga Duvalierville, ao norte de Port-au-Prince, no Haiti)

Um taptap, forma mais comum de transporte no país (no mercado de Cabaret, antiga Duvalierville, ao norte de Port-au-Prince, no Haiti)

Haiti, Cabaret,

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Terra das Cachoeiras Gigantes

Brasil, Paraná, Curitiba, Prudentópolis

O enorme Salto Barão do Rio Branco, em Prudentópolis - PR

O enorme Salto Barão do Rio Branco, em Prudentópolis - PR


Bem cedinho hoje deixamos Curitiba rumo à Prudentópolis, primeira parada de uma longa jornada pelo continente que nos levará até o Alaska e a Groelândia, no norte, e à Terra do Fogo e à Antártida, no sul. Como já dizia o sábio, todo grande caminho começa com o primeiro passo, hehehe.

Nossos cães entristecidos, pois já tinham percebido que sairíamos de viagem (em Curitiba - PR)

Nossos cães entristecidos, pois já tinham percebido que sairíamos de viagem (em Curitiba - PR)


O difícil desse primeiro passo foi se despedir dos cachorros da casa. De alguma maneira eles perceberam muito bem que estávamos partindo por um bom tempo. Em tempo de cachorro, uns dez anos... Ficaram lá no cantinho deles, tristonhos, e não queriam se despedir não. Enfim...

Prontos para partir de Curitiba - PR

Prontos para partir de Curitiba - PR


E assim viemos, eu, a Ana e a Patrícia, mãe da Ana e nossa companheira de viagem pela próxima semana. São cerca de 200 km até Prudentópolis, seguindo sempre para o oeste, onde o sol se põe. Essa é a terra das cachoeiras gigantes, tanto em altura como em volume d'água. Terra também de colonização ucraniana, o que nos faz lembrar da diversidade cultural de nosso país. Já se percebe logo pelo sotaque que o português daqui é mais... eslavo. Principalmente nas propriedades rurais, onde estão os acessos às cachoeiras. As crianças que saem correndo de campos ou estábulos parecem vindas de algum filme passado por ali, na Polônia, Ucrânia ou Lituânia, loiras do cabelo branco e olhos bem claros. Mas são tão brasileiras como todos nós.

O impressionante Salto Barão do Rio Branco, em Prudentópolis - PR

O impressionante Salto Barão do Rio Branco, em Prudentópolis - PR


O enorme Salto Barão do Rio Branco, em Prudentópolis - PR. A Ana e a Patrícia aparecem, minúsculas, no alto da foto, à esquerda

O enorme Salto Barão do Rio Branco, em Prudentópolis - PR. A Ana e a Patrícia aparecem, minúsculas, no alto da foto, à esquerda


Ainda antes de chegarmos à zona urbana do município, já paramos em duas de suas atrações: o Salto do Barão do Rio Branco e o Salto da Rickli. Essas grandes cachoeiras, por aqui, são chamadas de "Salto". Os dois saltos, pelo volume de água que tem, foram aproveitados para a construção de PCHs, Pequenas Central Hidrelétrica, e fornecem energia para indústrias e para a própria cidade. São visões impressionantes, uma quantidade enorme de água desabando quase 100 metros de altura num canyon profundo. Cachoeiras para serem vistas e admiradas, mas não para se nadar. Muita água e muito frio, agora no inverno.

Observando o canyon abaixo do Salto Barão do Rio Branco, em Prudentópolis - PR

Observando o canyon abaixo do Salto Barão do Rio Branco, em Prudentópolis - PR


Enfrentando as centenas de degraus que levam à parte baixa do Salto Barão do Rio Branco, em Prudentópolis - PR

Enfrentando as centenas de degraus que levam à parte baixa do Salto Barão do Rio Branco, em Prudentópolis - PR


No Salto Barão do Rio Branco, o maior deles, é possível descer por uma escada de ferro com centenas de degraus até o fundo do canyon, de onde temos visão privilegiada da enorme queda d'água. Lá de baixo, fotografei a Ana e a Patrícia no alto da cachoeira. Quase não é possível vê-las, diminutas que ficam naquela paisagem gigantesca.

Igreja São Josafat, em Prudentópolis - PR

Igreja São Josafat, em Prudentópolis - PR


De lá viemos nos instalar na cidade, no Hotel Burak. Fomos conhecer a mais bela igreja da cidade que estava fechada, infelizmente. É a São Josafat e faremos nova tentativa amanhã. Por enquanto, apenas fotos do seu exterior.

Mirante do magnífico Salto São João, em Prudentópolis - PR

Mirante do magnífico Salto São João, em Prudentópolis - PR


Depois do almoço, hora de conhecer mais saltos. O primeiro foi o impressionante Salto São João. AInda mais alto que os que conhecemos pela manhã e com um grande volume de água, é uma visão cinematográfica para quem o enxerga de um mirante de uma estrada rural do município. Lindo mesmo!

Olha a força da água no Salto São João, em Prudentópolis - PR

Olha a força da água no Salto São João, em Prudentópolis - PR


Mas, mais incrível ainda é caminhar até ele. É possível chegar até uma pedra bem ao lado da queda, um precipício de 85 metros de altura! A grandeza daquele lugar preenche todos os nossos sentidos. Uma coisa monstruosa, no bom sentido!!! Ali, tão perto daqueles milhares de litros de água se atirando no vazio por entre paredes de mais de 100 metros de altura, a gente percebe que o mundo é muito maior e mais belo que um shopping center, uma engarrafamento ou um escritório. Fiquei pensando que Curitba é tão perto daqui mas, das duas milhões de pessoas que lá vivem, quantas já estiveram nesse lugar matavilhoso? Talvez, menos de 0,1% da população. Um número muito maior das pessoas já viram esse tipo de paisagem nas telas de cinema mas, ao vivo, tão perto de casa, quase ninguém. Uma pena...

O melhor ponto para se observar o rio desabando 85 metros com enorme força, no Salto São João, em Prudentópolis - PR

O melhor ponto para se observar o rio desabando 85 metros com enorme força, no Salto São João, em Prudentópolis - PR


A última parada do dia, depois de um grande tour por estradas rurais, foi o Salto São Sebastião. Bem alto também, mas com uma quantidade de água infinitamente menor, a maior beleza desse salto é que, ao descermos lá embaixo, no fundo do canyon, descobrimos que não é uma, mas são duas cachoeiras, uma em frente à outra, é que caem nos poços lá do fundo. Difícil é chegar lá, pois a trilha é muito íngrime e escorregadia. Mas, com jeito, vai. Eu desci enquanto a Ana e a Patrícia socializavam com a interessante família proprietária do local. De certo, no seu post, a Ana vai relatar melhor essa conversa.

A Ana com a família proprietária da área do Salto São Sebastião, em Prudentópolis - PR

A Ana com a família proprietária da área do Salto São Sebastião, em Prudentópolis - PR


O Salto São Sebastião, em Prudentópolis - PR

O Salto São Sebastião, em Prudentópolis - PR


Quanto à mim, lá embaixo, pude ter meus momentos de contemplação diante dessa beleza dupla, mas tive também meus momentos de frustração. Afinal, é quase impossível tirar uma foto que mostre as duas cachoeiras ao mesmo tempo. Aos trancos, barrancos e escorregões, consegui seguir rio abaixo para, de longe, tentar. O resultado está numa das fotos desse post.

Cachoeira em frente ao Salto São Sebastião, em Prudentópolis - PR

Cachoeira em frente ao Salto São Sebastião, em Prudentópolis - PR


Amanhã, visitaremos o mais alto dos saltos da região e do estado do Paraná: o Salto São Francisco. E, de lá, nossa idéia já é chegar em Foz do Iguaçu, bem no fim do dia. Parace que ali também tem uma quedinha d'água, coisa pequena, hehehe. Vamos conferir!

Frente à frente, duas enormes e lindas cachoeiras, no Salto São Sebastião, em Prudentópolis - PR

Frente à frente, duas enormes e lindas cachoeiras, no Salto São Sebastião, em Prudentópolis - PR

Brasil, Paraná, Curitiba, Prudentópolis, cachoeira, Salto São João

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Brazilian Day!

Estados Unidos, Flórida, Cape Canaveral, Saint Augustine

Comendo uma legítima feijoada brasileira em St Augustine, na Flórida - EUA

Comendo uma legítima feijoada brasileira em St Augustine, na Flórida - EUA


Depois de passarmos duas semanas como os “únicos brasileiros do mundo”, na nossa viagem pela Islândia e Groelândia, hoje foi o dia de voltar à realidade. Começamos a manhã na casa do Marcelo e da Su, em Key Biscayne, no meio de três gerações de brasileiros. Mas isso foi só o começo...

No meio do caminho para Cabo Canaveral, precisamos parar num posto. Como meus cartões não funcionam na bomba, fui pagar no caixa da loja. Vi que ele ficou reparando no meu sotaque. Um minuto depois, veio conversar comigo ao lado da Fiona. Brasileiríssimo da Silva, super feliz de ver um conterrâneo com um carro nacional visitando o seu posto. Fez a maior festa!

Uma hora mais tarde, estávamos visitando o Kennedy Space Center. Nós e uma enorme excursão de brazucas, uniformizados a caráter, vindos diretamente de Orlando. Eram umas vinte pessoas, pelo menos.

Depois, já na estrada para St. Augustine, a mais de 120 km/h, o carro do nosso lado que nos ultrapassava abaixa a janela e uma bela moça começa a fazer festa do lado de lá. Abaixo a janela também e conversamos rapidamente, aos gritos, para superar o barulho do vento. Brasileira, surpresa e feliz de ver um carro brasileiro transitando nas estradas da Flórida. Já estava acessando o site pelo celular e até tirou uma foto para nos enviar.

Por fim, chegamos à St. Augustine e fomos logo procurar mais um brasileiro, amigo do meu irmão, que se mudou para lá recentemente. Não o achamos, pois só vai chegar amanhã. Em compensação, comemos num restaurante da terrinha, uma legítima feijoada para matar as saudades. O dono é italiano. Mas casado com uma brasileira, que é que faz as comidas. Quem nos serviu foi o genro, brasileiro também.

Pois é, ainda mais depois que o Obama facilitou os vistos, acho que a Flórida já pode ser considerada nosso 28º estado. Será que posso colocar nas estatísticas do site?

Estados Unidos, Flórida, Cape Canaveral, Saint Augustine,

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Fim de Tarde em El Bolsón

Argentina, El Bolsón

Estamos na belíssima El Bolsón, na Argentina

Estamos na belíssima El Bolsón, na Argentina


Chegamos à El Bolsón já no meio da tarde, devido a partida tardia de Bariloche. Não importa, o dia vai longe por aqui e ainda tínhamos muitas horas de luz. Pelo que havíamos lido da cidade, a simpatia já era imediata e nossa ideia era passar um bom tempo em El Bolsón. Então, a primeira tarefa foi encontrar uma boa pousada. Não demorou e encontramos uma, a casa toda cercada de flores, quarto aconchegante e a promessa de um café da manhã delicioso e sadio. Tudo o que queríamos! Uma conversa com o proprietário sobre os programas ao redor da cidade e o tempo necessário para fazer cada um deles nos ajudou a fazer nossa programação. Deixamos o longo trekking à imponente montanha Piltriquitrón para a manhã seguinte e hoje saímos de carro em direção à zona campestre de El Bolsón.

Plaza Pagano, no centro de El Bolsón, na Argentina

Plaza Pagano, no centro de El Bolsón, na Argentina


O colossal Cerro Piltriquitrón visto do centro de El Bolsón, na Argentina

O colossal Cerro Piltriquitrón visto do centro de El Bolsón, na Argentina


Essa cidade com cerca de 20 mil habitantes é uma espécie de antítese de Bariloche. Enquanto aquela se caracteriza por um excessivo comercialismo, El Bolsón prima por um modo de vida sustentável, ligado à natureza e à vida em comunidade. Desde a década de 70 que essa região atrai aqueles que buscam uma vida mais tranquila e sadia, longe da correria dos grandes centros urbanos. Hippies e naturalistas ajudaram a desenvolver a agricultura orgânica e comunitária por aqui, a cidade se auto declarou “zona livre de energia nuclear”, parques e reservas foram criadas ao redor do centro para preservar a natureza. Uma parte considerável da população vive na zona rural e o centro da cidade não tem prédios ou shopping centers. As ruas são largas e arborizadas e uma grande praça, na verdade um pequeno parque, atrai jovens e idosos todos os finais de tarde justo no centro da cidade.

Monumento na PLaza Pagano, em El Bolsón, na Argentina

Monumento na PLaza Pagano, em El Bolsón, na Argentina


Na Plaza Pagano, o mapa turístico de El Bolsón, na Argentina

Na Plaza Pagano, o mapa turístico de El Bolsón, na Argentina


El Bolsón fica em um vale profundo escavado por uma enorme geleira na última era glacial. Embora esteja tão longe do oceano, sua altitude é de apenas 300 metros, em marcante contraste com as montanhas que a cercam. De um lado, as montanhas pré-andinas quase sempre com os cumes nevados. Do outro, o maciço rochoso conhecido como Piltriquitrón que, com seus quase 2.300 metros de altitude, domina a paisagem e atrai nossos olhares como um poderoso ímã quando passeamos na Plaza Pagano, aquele parque central a que me referi há pouco. Amanhã, se der tudo certo, vamos vê-lo mais de “perto”.

Admirando a Cascata Escondida, perto de El Bolsón, na Argentina

Admirando a Cascata Escondida, perto de El Bolsón, na Argentina


Turistas visitam a Cascata Escondida, perto de El Bolsón, na Argentina

Turistas visitam a Cascata Escondida, perto de El Bolsón, na Argentina


A Cascata Escondida, a poucos quilômetros de El Bolsón, na Argentina

A Cascata Escondida, a poucos quilômetros de El Bolsón, na Argentina


Mas hoje nosso programa era outro, bem mais light. Armados com um mapa da região que conseguimos no centro de informações turísticas, nós nos embrenhamos nas estradas de rípio que levam às diversas comunidades rurais e bairros afastados de El Bolsón. Buscávamos por duas belas cachoeiras que fazem parte do diversificado patrimônio natural da cidade: a cascata Escondida e a cascata Mallín Ahogado.

No meio do bosque, onde chega a luz do sol, um verdadeiro jardim de flores! (região de El Bolsón, na Argentina)

No meio do bosque, onde chega a luz do sol, um verdadeiro jardim de flores! (região de El Bolsón, na Argentina)


No meio do bosque, onde chega a luz do sol, um verdadeiro jardim de flores! (região de El Bolsón, na Argentina)

No meio do bosque, onde chega a luz do sol, um verdadeiro jardim de flores! (região de El Bolsón, na Argentina)


Ambas ficam na direção norte, onde está também está uma extensa rede de refúgios espalhados pelas montanhas pré-andinas, bases para formidáveis trekkings pela região. Nós acabamos optando pelo Piltriquitrón, amanhã, e hoje só tínhamos tempo para caminhadas curtas. Mas dirigir por essa área e observar essas montanhas de longe só nos fez aumentar a vontade de, um dia, retornar para fazer esses caminhos com calma.

Trilha que leva à base da Cascata Mallin Ahogado, região de El Bolsón, na Argentina

Trilha que leva à base da Cascata Mallin Ahogado, região de El Bolsón, na Argentina


Chegando à Cascata Mallin Ahogado, região de El Bolsón, na Argentina

Chegando à Cascata Mallin Ahogado, região de El Bolsón, na Argentina


A Cascata Escondida, desde que se tenha o mapa e as orientações, não está tão escondida assim. No fundo de um vale estreito que atingimos com 10 minutos de caminhada, a esta hora que chegamos lá já não havia mais sol. Difícil então encarar a temperatura da água. Mas cruzamos um grupo que havia chegado antes de nós e havia tomado um belo banho. Para nós, serviu para refrescar nossas mentes e respirar o ar puro daquele bosque. Depois da viagem rápida à Ilha do Mel, começamos a entrar no nosso ritmo novamente!

Cascata Mallin Ahogado, região de El Bolsón, na Argentina

Cascata Mallin Ahogado, região de El Bolsón, na Argentina


Água gelada, só molhamos os pés na Cascata Mallin Ahogado, região de El Bolsón, na Argentina

Água gelada, só molhamos os pés na Cascata Mallin Ahogado, região de El Bolsón, na Argentina


De volta à Fiona, seguimos para a próxima cascata, alguns quilômetros rio acima. Ao contrário da outra, que ficava dentro de um parque municipal, a Mallín Ahogado fica em uma propriedade particular. Pagamos uma módica taxa, deixamos a Fiona estacionada e vamos caminhar por uma trilha cercada de flores. Basa estarmos um pouco aqui na patagônia para nos lembrar que estamos na primavera. A quantidade de flores não nos deixa esquecer!

Admirando a Cascata Mallin Ahogado, região de El Bolsón, na Argentina

Admirando a Cascata Mallin Ahogado, região de El Bolsón, na Argentina


Em meio à vegetação, a Cascata Mallin Ahogado, região de El Bolsón, na Argentina

Em meio à vegetação, a Cascata Mallin Ahogado, região de El Bolsón, na Argentina


Numa área mais ampla e sem as encostas de um vale por perto, o sol ainda batia nas águas da cascata e aqui, ao menos, molhamos nossos pés e mãos. Essa cascata é mais bela que a Escondida, forma uma pequena piscina e faltou só um pouco de coragem para um mergulho. Mas os minutos de contemplação já fizeram valer o passeio. Mas resolvemos retornar à cidade pois ainda queríamos ver o final de tarde na Plaza Pagano.

No fim de tarde, muito movimento na PLaza Pagano, parque central de El Bolsón, na Argentina

No fim de tarde, muito movimento na PLaza Pagano, parque central de El Bolsón, na Argentina


Piquenique em família na PLaza Pagano, em El Bolsón, na Argentina

Piquenique em família na PLaza Pagano, em El Bolsón, na Argentina


Exatamente como haviam nos dito, a praça estava mesmo cheia, famílias levando seus cães para passear, músicos se apresentando, casais fazendo um piquenique e o majestoso Piltriquitrón nos observando a todos. Foi uma delícia de fim de tarde, bem preguiçoso, aliás, todos inspirados pelo sol que demora um tempão para se abaixar atrás do horizonte. De alma elevada e espírito sossegado, só faltava finalizar nossa jornada com um belo jantar. E assim foi, uma deliciosa sopa de abóbora acompanhada de pão e bom vinho. Complementado por uma noite muito bem dormida no nosso quartinho aconchegante, dificilmente o Piltriquitrón nos escapa amanhã...

A bela vista que se tem de PLaza Pagano, no centro de El Bolsón, na Argentina

A bela vista que se tem de PLaza Pagano, no centro de El Bolsón, na Argentina

Argentina, El Bolsón, cachoeira

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Viajando ao Haiti

República Dominicana, Santo Domingo, Haiti, Port-au-Prince

Fazendo a imigração para entrar no Haiti

Fazendo a imigração para entrar no Haiti


Deixamos boa parte da nossa bagagem guardada no hotel em Santo Domingo e hoje, logo cedo, estávamos prontos para viajar ao Haiti. Vamos passar uns oito dias no país e retornar à República Dominicana pelo norte. Depois de alguns dias por lá, voltamos à capital dominicana para recuperar nossas coisas e daqui, seguimos para uns dias de descanso em Punta Cana. Como vamos viajar muito de ônibus nesse período, resolvemos seguir mais “leves” para facilitar nossos deslocamentos.


Viagem de ônibus entre Santo Domingo (Rep. Dominicana) e Port-au-Prince (Haiti)

O primeiro desses deslocamentos era exatamente o mais longo e aguardado deles: quase oito horas de viagem entre as capitais dos dois países, num trecho de pouco menos de 400 quilômetros e algumas burocracias a serem vencidas na fronteira. Ônibus confortável, mas bem cheio, com direito à filmes na televisão e um “saboroso” café da manhã, com macarrão, carne e feijão, servido logo na saída de Santo Domingo. Até por isso, no início da viagem, a rodomoça pede, em três línguas, que o banheiro seja usado apenas para fazer pipi. Qualquer coisa mais “grave”, deve-se avisar ao motorista e ele vai parar no primeiro banheiro disponível, na estrada. Foi com esse singelo aviso que pudemos começar a praticar nosso francês e também o “creolle”, a língua mais falada no Haiti e aparentada com o francês. Falada lentamente ou lida, até dá para entender. Mas falada rapidamente, é como se fosse grego...

Em Santo Domingo (Rep. Dominicana), abordando nosso ônibus para Port-au-Prince, capital do Haiti

Em Santo Domingo (Rep. Dominicana), abordando nosso ônibus para Port-au-Prince, capital do Haiti


Café da manhã servido no ônibus entre a República Dominicana e o Haiti

Café da manhã servido no ônibus entre a República Dominicana e o Haiti


Boa parte dos passageiros era haitiana, de modo que já quase não mais ouvíamos a língua espanhola. Quase todos eles trabalham na República Dominicana, país que ainda oferece muito mais oportunidades que o Haiti. Mas o coração ainda permanece do lado de lá da fronteira e é fácil ver a alegria estampada no rosto deles por estarem voltando para o Haiti, para visitar parentes ou cuidar de alguma coisa. Não apenas a língua diferencia os povos dos dois países. Bastaram dois dias em Santo Domingo para aprendermos a reconhecer, na população negra, quem é haitiano ou dominicano. No nosso ônibus, isso estava, literalmente, na cara. A miscigenação entre brancos e negros foi muito maior do lado dominicano, ao longo da história. Mas, mesmo entre a população negra, as feições africanas são muito mais marcantes na população haitiana.

Lendo sobre o Haiti no ônibus entre a República Dominicana e Port-au-Prince, a capital do país

Lendo sobre o Haiti no ônibus entre a República Dominicana e Port-au-Prince, a capital do país


O ônibus entre a República Dominicana e o Haiti teve até exibição de filme com Antonio Banderas

O ônibus entre a República Dominicana e o Haiti teve até exibição de filme com Antonio Banderas


O tempo passou rápido, com tanta coisa para ver na TV, ler nos livros ou simplesmente refletir sob o país que estávamos prontos para conhecer. Logo estávamos na fronteira, uma região bonita, na orla de grandes lagos. Foi só ao passar pelo lado dominicano que recebemos nossos passaportes de volta, que vinham em poder da rodomoça. No lado haitiano, a desorganização já esperada, nada muito diferente do que encontramos em tantas outras fronteiras latino-americanas. Pode ser desorganizado, mas não foi demorado. Logo tínhamos o tão esperado carimbo haitiano em nossos passaportes, assim como os primeiros “gourdes”, a moeda local. Por fim, podíamos cantar bem alto, pensando no Caetano: “O Há-i-tiiiiiii, é a-quiiiii!”.

Posto de fronteira entre a Rep. Dominicana e Haiti

Posto de fronteira entre a Rep. Dominicana e Haiti


Chegando ao posto de fronteira entre a Rep. Dominicana e Haiti

Chegando ao posto de fronteira entre a Rep. Dominicana e Haiti


Começamos a passar por povoados e é fácil perceber que mudamos de país. As habitações são mais rústicas, a população é basicamente negra e os mercados de rua são lotados. Aos poucos, aprendemos a ver a ordem naquela aparente desordem total. Um país que tanto vi pela TV, sempre em meio ao caos e à pobreza, começa a ganhar vida, um lado real. Pessoas moram aqui. Pessoas vivem aqui. Pode,e é, um país mais pobre, mas há ruas e estradas, há casas e igrejas, há vilas e cidades, há comércio e dinheiro, há carros e motos. O Haiti existe fora da TV e podemos ver isso com os nossos olhos!

Passageira do nosso ônibus aguarda em seu assento, durante nosso tempo na imigração

Passageira do nosso ônibus aguarda em seu assento, durante nosso tempo na imigração


Veículo da ONU na fronteira do Haiti

Veículo da ONU na fronteira do Haiti


No ônibus, o único gringo além de nós era um italiano. Também viajava a turismo, mas iria explorar apenas a parte sul do país. Achei bem interessante, viajando só e falando um inglês, espanhol e francês piores do que os nossos. Espero que seja uma amostra de que os viajantes começam a retornar ao país, que tanto necessita da ajuda do turismo para ajudar a reerguer sua economia. O Haiti já foi a colônia mais rica do Caribe, antes de se tornar o país mais pobre do hemisfério. Ainda vou falar um pouco da história do país, que o fez ir de um extremo ao outro, mas agora, mais do que nunca, é hora dele se recuperar. Haitianos que migraram para o mundo inteiro estão retornando para a pátria, sentindo também que o pior, finalmente, já passou. O turismo pode e deve ser parte importante dessa recuperação, não só um indicativo de que ela começa a ocorrer.

Parados na imigração, conversando com um haitiano companheiro na viagem da Rep. Dominicana á Port-au_Prince, capital do país

Parados na imigração, conversando com um haitiano companheiro na viagem da Rep. Dominicana á Port-au_Prince, capital do país


Mas, voltando ao italiano, ele pode até falar menos as línguas do que nós, mas estava muito melhor informado e organizado sobre a viagem. Por exemplo, já tinha hotel reservado, coisa que nós não tínhamos. Nossa ideia era seguir até o centro da cidade e, de lá, pegar um táxi para um dos mais tradicionais hotéis de Port-au-Prince, o Oloffson. Até tentamos nos comunicar antes com eles, mas não conseguimos. Nos bons tempos, recebia muita gente importante, como Mick Jagger e escritores famosos. Hoje, tempo de maré seca, tem bons preços para visitantes menos ilustres. Já o italiano, ficaria em um hotel em Petion-Ville, o bairro chique de Port-au-Prince, a 15 minutos de moto ou carro do centro, no alto das colinas.

Condução do lado haitiano da fronteira com a Rep. Dominicana

Condução do lado haitiano da fronteira com a Rep. Dominicana


Sem muitas atrações turísticas, Petion-Ville é um bairro um pouco mais organizado (ou menos desorganizado) e seguro, quando comparado às outras regiões da capital. Na verdade, era o lugar certo para ficar. Então, numa decisão rápida, descemos do ônibus com o italiano e decidimos seguir junto com ele para seu hotel, em Petion-Ville mesmo. Ele já trazia um mapinha impresso da internet e não foi difícil nos localizarmos e acharmos o caminho para o hotel. O meu francês começou a esquentar para nos livrar dos simpáticos taxistas que teimavam em nos tentar levar. Mas eram poucos quarteirões e estávamos loucos para caminhar um pouco pelas ruas da cidade.

Nossas primeiras imagens de Port-au_Prince, atravessando um dos muitos mercados de rua da capital

Nossas primeiras imagens de Port-au_Prince, atravessando um dos muitos mercados de rua da capital


Dez minutos depois, chegávamos ao Le Perroquet, o hotel do Eric e da Lana, um haitiano casado com uma russa (tecnicamente, ucraniana), amantes das viagens e que, até pouco tempo, moravam em Bali. Mas eles estão entre os haitianos da chamada “Diáspora” que estão retornando ao país, para aqui investir e ajudar na sua reconstrução. Esse amável casal que nos recebeu tão bem em seu oásis em meio à balbúrdia da capital haitiana certamente será assunto de um post futuro. Mas antes, queria falar do próprio Haiti, que tem uma das histórias mais interessantes e trágicas do continente. A seguir...

Nossas primeiras imagens de Port-au_Prince, atravessando um dos muitos mercados de rua da capital

Nossas primeiras imagens de Port-au_Prince, atravessando um dos muitos mercados de rua da capital

República Dominicana, Santo Domingo, Haiti, Port-au-Prince,

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Brasil, Maranhão, Alto Parnaíba

A estreita e longa estrada de areia corta o cerrado no sul do Maranhão, região de Alto Parnaíba - MA

A estreita e longa estrada de areia corta o cerrado no sul do Maranhão, região de Alto Parnaíba - MA


Chegou o dia da travessia pela pouco conhecida rota norte do Jalapão, atravessando o Parque Nacional das Nascentes do Parnaíba. Nós acordamos cedo e fomos encontrar uma pessoa no posto da cidade que nos daria dicas do caminho, comprar alguma comida e mexer um pouco na internet numa Lan House. Aproveitamos também para ir até o rio Parnaíba, que já conhecíamos do delta e também de Teresina. Como não poderia deixar de ser, aqui ele é bem menor, e lá do outro lado da margem está o nosso querido estado do Piuaí.

O rio Parnaíba, em Alto Parnaíba - MA. Do lado de lá é o Piauí!

O rio Parnaíba, em Alto Parnaíba - MA. Do lado de lá é o Piauí!


No posto, o Zé Batista, que uma vez por mês vai no seu caminhão até umas comunidades bem isoladas fazer um comécio nos deu dicas valiosas. Teríamos de pegar a estrada para Lizarda, já no Tocantins. Aliás, ele aconselhou que fôssemos até lá e depois, para São Félix. É uma estrada toda de terra e areia, mas bastante usada. Mas essa estrada dá uma grande volta e não passa no parque, que era o que queríamos. Então ele nos ensinou que deveríamos ir nesta estrada até a pequena comunidade de Morrinhos e, de lá, pegar uma trilha para Riozinho, outra comunidade uns 40 km à frente. Lá, deveríamos nos informar sobre os outros 100 km até São Félix

Delegacia e igreja, lado a lado, em Alto Parnaíba - MA

Delegacia e igreja, lado a lado, em Alto Parnaíba - MA


Okay, com água, bolachas, amendoim, bananas e maçãs, partimos. Os primeiros 35 km foram de estradão, passando por grandes fazendas de soja e algodão. Praticamente nenhum tráfego. Passadas as fazendas, a estrada foi piorando e a areia ficando mais pesada. Nenhum problema para a Fiona, mas para carros baixos é outra história...

Plantação de soja à perder de vista, na estrada para Lizarda, região de Alto Parnaíba - MA

Plantação de soja à perder de vista, na estrada para Lizarda, região de Alto Parnaíba - MA


Pois é, topamos com um Fiat Strada preso na areia há mais de uma hora e o pessoal, de pá, tentando tirá-lo de lá. Encostamos a Fiona, amarramos uma corda e começamos a puxá-lo, de ré. O carro saiu, mas quem ficou foi toda a frente do carro, que desmontou como se fosse de papel, agarrada na areia. Isso não tirou o ânimo das simpáticas pessoas no carro, pai e filho pela primeira vez naquela estrada, e de um amigo que os acompanhava num pequeno caminhão. Eles colocaram a frente do carro desmontada na caçamba e resolveram seguir viagem. A gente se despediu com aquela sensação de que nos veríamos novamente.

Momento em que o Fiat Strada perde toda a frente, presa na areia (na região de Alto Parnaíba - MA)

Momento em que o Fiat Strada perde toda a frente, presa na areia (na região de Alto Parnaíba - MA)


No quilômetro 57 o GPS mandou que mudássemos de estrada, entrando numa pequena trilha. Estávamos quase em Morrinhos (o Zé Batista disse que eram 60 km) e resolvemos "obedecê-lo". Muita areia na trilha mas a Fiona passava bem. Até que chegamos numa erosão mais cabeluda onde tivemos de pelejar por uns 20 minutos para passar. Passamos e essa trilha nos levou para bem próximo da estrada principal novamente, de onde começava a se afastar logo depois. Mas, quando chegamos neste ponto, percebemos as casas de Morrinhos e, numa delas, os carros dos nossos amigos. Fomos lá bater um papo e fizeram a maior festa. Melhor ainda, pudemos conversar com o dono da casa, que nos disse que essa estrada apontada pelo GPS não era mais usada e que deveríamos pegar outra, um pouco mais adiante, para chegar até Riozinho.

Fiat Strada sem a frente o carro, na região de Alto Parnaíba - MA

Fiat Strada sem a frente o carro, na região de Alto Parnaíba - MA


Assim fizemos, para pegar uma trilha com bastante areia novamente, mas sem muitas erosões. Uma hora mais tarde chegávamos à Riozinho, uma comunidade com sete ou oito casas. Logo na primeira, um menino nos orientou sobre o caminho à frente, uma ladeira meio complicada e uma tal bifurcação à direita. Andamos mais um pouco e vimos uma casinha simples, mas muito arrumadinha. Resolvemos fotografá-la, para postar no site como são as casas daqui.

Casa na comunidade de Riozinho. AInda não sabíamos que era exatamente ali que iríamos dormir! (região de Alto Parnaíba - MA)

Casa na comunidade de Riozinho. AInda não sabíamos que era exatamente ali que iríamos dormir! (região de Alto Parnaíba - MA)


Poucos quilômetros à frente a tal ladeira apareceu. Nos trechos mais erodidos haviam desvios e, com carro alto e traçado, passamos sem problemas. Lá em cima, já observando todo o chapadão e aquela linda vastidão, ficamos com a impressão que o pior já tinha passado. Doce ilusão...

A Chapada das Mangabeiras, no P.N. das Nascentes do Parnaíba, extremo sul do Maranhão

A Chapada das Mangabeiras, no P.N. das Nascentes do Parnaíba, extremo sul do Maranhão


Quando apareceu a bifurcação, o GPS foi enfático: à esquerda! A estrada para lá aparentava mesmo ser melhor e eu desconfiei que a tal bifurcação que o menino falou era mais à frente. E assim, seguimos à esquerda. Andamos por uns quarenta minutos, sempre com muita areia e alguma erosão até um lugar onde a estrada entrou numa mata. Mais adiante, ela simplesmente acabou! Voltamos um pouco e achamos uma variante, que contornava a mata. Aí, felizmente, apareceu uma casa com uma senhora. A única alma viva em quilômetros! Ela nos informou que aquela estrada que estávamos, que aparecia no GPS, era para Porto Alegre, outra minúscula comunidade. De lá, até seria possível seguir para São Félix, mas ela nos aconselhou retornar e, logo depois da mata, pegar um atalho que nos levaria de volta à estrada correta. Ou então, voltar até a bifurcação, lá atrás.

A estrada vai ficando mais rústica, próximo à comunidade de Morrinhos, região de Alto Parnaíba - MA

A estrada vai ficando mais rústica, próximo à comunidade de Morrinhos, região de Alto Parnaíba - MA


Resolvemos pegar o atalho. Nunca o quebra-mato da Fiona foi tão usado. Acho que já não passava carro lá há meses. Mas, com bastante paciência, cruzando o meio do cerrado e vendo araras e siriemas, conseguimos chegar à outra estrada, bem na altura de uma cancela. Pela lógica, viramos à esquerda, atravessamos a cancela e, numa primeira bifurcação, seguimos à esquerda novamente. Isso porque essa estrada parecia seguir na direção da outra que o GPS nos mostrava, lá longe, que ía de Porto Alegra para São Félix. Essa estrada cruzou um charco e muitas erosões até que chegou numa grande ponte de madeira com uma outra cancela. Crizamos a ponte, andamos mais um quilômetro e chegamos numa erosão mais cabeluda. Com aquela dúvida atroz sobre se estávamos ou não na estrada certa, resolvemos voltar...

Fiona enfrenta estrada de areia no P.N das Nascentes do Parnaíba, no extremo sul do Maranhão

Fiona enfrenta estrada de areia no P.N das Nascentes do Parnaíba, no extremo sul do Maranhão


De volta à primeira cancela, seguimos no sentido oposto, na esperança de logo encontrar a estrada de verdade, aquela da primeira bifurcação à direita. Que nada! Apenas meia hora depois chegamos à própria bifurcação. Ou seja, aquela era mesmo a estrada correta. Só não sabíamos se deveríamos virar a esquerda ou direita naquela bifurcação logo depois da cancela.

Feliz em ter uma casa no final do dia, na comunidade de Riozinho, região de Alto Parnaíba - MA

Feliz em ter uma casa no final do dia, na comunidade de Riozinho, região de Alto Parnaíba - MA


Agora já eram mais de quatro da tarde. O juízo bateu na cabeça e resolvemos voltar mais um pouco, descer a ladeira e ir até Riozinho. O melhor seria dormir por lá e obter melhores informações sobre a estrada adiante. Lá, numa casa bem em frente àquela que fotografamos, encontramos o Nilvan. Ele nos deu dicas valiosas da estrada adiante e confirmou que o caminho certo seria passar pela ponte com a cancela e por aquela erosão que não tínhamos passado. Disse também que estávamos bem na metade do caminho: 100 km para Alto Parnaíba, 100 km para São Félix do Tocantins. Quando perguntamos se havia ali algum lugar onde pudéssemos dormir, ele não titubeou: poderíamos dormir na casa em frente, aquela arrumadinha que fotografamos! Era do seu irmão que não estava ali esses dias!

Com o Jaime, qie nos recebeu na comunidade de Riozinho, região de Alto Parnaíba - MA

Com o Jaime, qie nos recebeu na comunidade de Riozinho, região de Alto Parnaíba - MA


E assim, ganhamos uma casa só para nós. Com um rio no quintal, para tomarmos um belo banho! Inacreditável! Depois do banho, quando já tinha escurecido, a gente com luz de velas (o Luz Para Todos não chegou em Riozinho!!!), apareceu o Jaime, outro irmão do Nilvan. A única coisa que poderíamos oferecer para eles era uma pinga deliciosa que a gente vem carregando desde a Bahia, na Chapada Diamantina. Está há meses no carro, "curtindo" dentro de uma garrafa pet. Foi conosco até as Guianas, cruzou a Amazônia, tem história para contar.

Dedo de prosa com o Jaime e o Nilvan, que nos receberam tão bem na comunidade de Riozinho, região de Alto Parnaíba - MA

Dedo de prosa com o Jaime e o Nilvan, que nos receberam tão bem na comunidade de Riozinho, região de Alto Parnaíba - MA


Pois bem, não poderia haver melhor hora e local para ser consumida. Nós quatro, dentro da casa do Nilvan, com luz de velas, comendo um arroz com abóboras, matamos a pinga. Com um dedo de prosa maravilhoso. Experiência para levar para o resto da vida! Dois mundos completamente diferentes se encontrando ali, ao redor de uma vela regada à pinga baiana da melhor qualidade, empatia total. Muito, muito legal!

Hora de se recolher na 'nossa' casa, na comunidade de Riozinho, região de Alto Parnaíba - MA

Hora de se recolher na "nossa" casa, na comunidade de Riozinho, região de Alto Parnaíba - MA


Depois, nos recolhemos à nossa casa. Uma simpatia, dois quartos, sala e uma grande cozinha. No quintal, porcos, galinhas e gado. Além do Rambo, o cachorro protetor. E um gato, devorador de ratos e cobras. Dormimos felizes e cansados. O dia de amanhã promete...

Dedo de prosa com o Jaime e o Nilvan, que nos receberam tão bem na comunidade de Riozinho, região de Alto Parnaíba - MA

Dedo de prosa com o Jaime e o Nilvan, que nos receberam tão bem na comunidade de Riozinho, região de Alto Parnaíba - MA

Brasil, Maranhão, Alto Parnaíba, Morrinhos, Nascentes do Parnaíba, Parque, Riozinho

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Viajando para as Bermudas

Estados Unidos, New Jersey, Princeton Junction, Bermuda, Hamilton

Chegando á Bermuda, em pleno Oceano Atlântico

Chegando á Bermuda, em pleno Oceano Atlântico


Quase todo mundo já ouviu falar das Bermudas, principalmente por causa do famoso “Triângulo”, mas poucos saberiam apontá-la no mapa. Eu, por exemplo, não sabia, pelo menos até iniciarmos nossa jornada pela América. E olha que fui um leitor inveterado dos livros sobre o misterioso e fatal Triângulo, quando estava entrando na adolescência.

Mapa mostrando o famoso 'Triângulo das Bermudas', onde navios e aviões somem sem deixar pistas, segundo a lenda...

Mapa mostrando o famoso "Triângulo das Bermudas", onde navios e aviões somem sem deixar pistas, segundo a lenda...


Bermuda (ou “Bermudas”, no plural, em português) deve seu nome ao seu descobridor, o espanhol Juan de Bermudez, que aportou na ilha em 1505. Os espanhóis não deram muita bola para a ilha e foram os ingleses, um século mais tarde, que a ocuparam e colonizaram. Desde então a ilha manteve-se unida à Grã-Bretanha e à Rainha e hoje continua sendo território britânico, embora goze de grande autonomia. Ao longo do tempo, os ingleses aprenderam a lidar com o calor, reduzindo o tamanho de suas calças, para que ficassem mais ventiladas, Nascia aí o short conhecido como “Bermuda”, vestimenta preferida de dez entre dez surfistas.

Mapa de Bermuda, uma ilha no meio do Atlântico, em forma de camarão

Mapa de Bermuda, uma ilha no meio do Atlântico, em forma de camarão


Ao contrário do que muita gente pensa, Bermuda não faz parte do Caribe, estando muito mais ao norte, na altura do estado americano da Carolina do Norte, do qual dista cerca de 1.000 km. É a terra firme mais próxima da ilha. Geograficamente, então, pertence à América do Norte. E se está na América do Norte (ou mesmo se estivesse no Caribe...), está no nosso roteiro.

Em meio à névoa e ao Oceano Atlântico, aparecem as misteriosas Bermudas!

Em meio à névoa e ao Oceano Atlântico, aparecem as misteriosas Bermudas!


Não é caro voar para lá, saindo de Nova York. O problema maior é arrumar algum lugar para ficar, principalmente nessa época do ano, considerada a alta estação. Nós compramos nossas passagens há poucos dias, saindo hoje e voltando dia 28. Mas não conseguimos vaga em nenhum dos hotéis que tentamos, via internet. Então, a solução era conseguir por lá mesmo.

Navio-cruzeiro ancorado em Hamilton, capital de Bermuda

Navio-cruzeiro ancorado em Hamilton, capital de Bermuda


A Anita nos deixou na estação de trem de Princeton Junction pela manhã, antes de levar as crianças para o summer camp. Mais uma vez, dissemos apenas um “Até logo!”, ao invés do “Adeus!”. Muito mais fácil assim! Foram 50 minutos até Newark, onde quase perdemos a estação. Teria sido um vexame, passar reto por lá e só descobrir depois, mais para frente. O trem para só por uns 30 segundos e nós saímos esbaforidos pela porta, carregando nossas mochilas, com 35 segundos, apenas porque o cobrador percebeu nossa corrida e segurou as portas. Uffff, foi por pouco!

Uma das tranquilas ruas centrais de Hamilton, capital de Bermuda

Uma das tranquilas ruas centrais de Hamilton, capital de Bermuda


Enfim, o trecho de aero-trem foi muito mais tranquilo e logo já estávamos fazendo check-in e esperando o nosso voo. Ainda estava difícil acreditar que realmente viajaríamos para as enigmáticas Bermudas. Na minha fase crédula, aos 12 anos, não conseguia entender como alguém poderia viver em Bermuda. Afinal, chegar lá de avião ou de barco era tarefa perigosíssima, arriscando-se a ser abduzido por extraterrestres ou simplesmente desaparecer em algum buraco do espaço-tempo. Achava essas hipóteses mais críveis do que as que diziam que algum antigo cristal da civilização perdida da Atlântida estava destruindo os barcos.

Front Street, a principal avenida de Hamilton, capital de Bermuda

Front Street, a principal avenida de Hamilton, capital de Bermuda


Já um pouco mais velho, o ceticismo foi tomando conta da minha personalidade. O mundo ficou mais em graça. Mas ficou mais seguro também. Comecei a duvidar do que lia em livros ou jornais (ainda era uma época pré-internet, então, quando apareceu a wikipedia, eu já não acreditava em nada mesmo, hehehe) e o bom senso passou a ser meu guia maior. No caso do triângulo das Bermudas, por exemplo, essa é uma das áreas com tráfego mais movimentado de barcos e aviões do mundo. Ou seja, seria até normal o número de acidentes ser maior por aqui do que em outra parte. Não é porque há mais atropelamentos na Av. Paulista do que em uma rua de uma pequena vila no interior do Piauí que poderemos dizer que exista uma maldição na movimentada avenida de São Paulo, certo? Pior, boa parte dos misteriosos acidentes no Triângulo não passavam de invenções ou “romantizações” de fatos que não ocorreram, ou ocorreram sim, em outra parte do globo.

Palácio do Governo em Hamilton, capital de Bermuda

Palácio do Governo em Hamilton, capital de Bermuda


Enfim, voamos tranquilamente sobre o tal triângulo e, duas horas mais tarde, em meio à névoa e ao oceano, lá apareceram as pequenas ilhas que formam as Bermudas. Lá de cima, apesar do céu encoberto, já deu para ver a beleza do mar que cerca uma pequena ilha completamente urbanizada.

Catedral Anglicana em Hamilton, capital de Bermuda

Catedral Anglicana em Hamilton, capital de Bermuda


Passamos pelo alfândega sem problemas, apesar da oficial ter feito questão de verificar nossas passagens aéreas saindo do país. No campo “endereço”, simplesmente colocamos o nome de um hotel qualquer, da lista que tínhamos pesquisado. Já no saguão do aeroporto, como não havia nenhum quiosque de informações turísticas para nos ajudar a achar um hotel de verdade, apelamos para o motorista de taxi. Ele ficou estupefato de termos entrado no país sem uma reserva de hotel. Disse que já tinha visto vários turistas sendo mandados de volta para casa, por causa disso. Quando soube do nosso “artifício” de ter colocado um hotel qualquer, aí disse que foi isso que nos salvou...

Marina em Hamilton, capital de Bermuda

Marina em Hamilton, capital de Bermuda


Bom, passado o susto e três ligações telefônicas mais tarde, enquanto já estávamos a caminho de Hamilton, a capital de Bermuda, encontramos o nosso Inn. Finalmente, estava tudo certo para nossa temporada “bermudesa”.

Um dos parques de Hamilton, capital de Bermuda

Um dos parques de Hamilton, capital de Bermuda


Hoje, pelo adiantado da hora, tudo o que pudemos fazer foi caminhar pela simpática capital, que se pode conhecer em menos de uma hora caminhando. A organização e limpeza da cidade, o modo como as pessoas se vestem e se portam e outros detalhes, tudo mostra que realmente não estamos no Caribe. Em compensação, o enorme cruzeiro ali aportado mostra que pode não ser o Caribe, mas que se parece, parece!

Escultura em meio a jardim de parque em Hamilton, capital de Bermuda

Escultura em meio a jardim de parque em Hamilton, capital de Bermuda


Além do passeio pelas ruas da cidade, seus parques, monumentos e igrejas, a gente também definiu nossa programação por aqui. Bermuda é o único país do nosso roteiro, além de Groelândia, que não era coberto por nenhum dos livros-guia que tínhamos. Então, foi só aqui que começamos a conhecer mais profundamente o país e o que ele oferece. Como era de se esperar, muitas praias e oportunidades de mergulho! E se gostássemos de golfe, as opções também seriam muitas. Mas, não é o caso, hehehe. Amanhã, de ônibus, vamos para as praias mais bonitas daqui. No dia seguinte, mergulho, de ônibus também. Isso porque, uma das coisas interessantes que acabamos de descobrir, não existe aluguel de carros por aqui. Acho que tem medo que estrangeiros não saberiam dirigir, na mão contrária, pelas estradas estreitas da ilha. Para quem quiser alugar seu próprio transporte, ou é um carro com motorista ou uma scooter. Quem sabe não alugamos uma?

Estátua pensativa, em parque de Hamilton, capital de Bermuda

Estátua pensativa, em parque de Hamilton, capital de Bermuda

Estados Unidos, New Jersey, Princeton Junction, Bermuda, Hamilton, Bermudas, história, ilha, Triângulo das Bermudas

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