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Karina (27/09)
Olá, também estou buscando o contato do barqueiro Tatu para uma viagem ...
ozcarfranco (30/08)
hola estimado, muy lindas fotos de sus recuerdos de viaje. yo como muchos...
Flávia (14/07)
Você conseguiu entrar na Guiana? Onde continua essa história?...
Martha Aulete (27/06)
Precisamos disso: belezas! Cultura genuína é de que se precisa. Não d...
Caio Monticelli (11/06)
Ótimo texto! Nos permite uma visão um pouco mais panorâmica a respeito...
Os dois mais famosos revolucionários mexicanos (em Guadalajara, no México)
Aproveitei o dia tranquilo de hoje em Tlaquepaque para trabalhar um pouco na internet e também me ilustrar sobre a Revolução Mexicana. Ficamos curtindo nosso hotel gostoso até o início da tarde para, só então, sairmos da caverna para comermos e passearmos pelas ruas gostosas do bairro.
Praça de Tlaquepaque, bairro de Guadalajara, no México, lotada num domingo
Domingão, praça cheia por aqui. Artistas de rua tentando fazer o ganha-pão da semana, público animado em volta mas, dinheiro que é bom, pouco. Ao redor da praça, quem faz a festa são os vendedores ambulantes de comida. Toda sorte de pratos e petiscos mexicanos a venda, mas é o milho que faz mais sucesso.
Apresentação em praça de Tlaquepaque, bairro de Guadalajara, no México
Na praça dos restaurantes, ao lado da praça da igreja, quem está à toda são as bandas de mariachis. Encostam-se às mesas, oferecem seus “serviços” (uma música cantada com muita empolgação) e, num dia como hoje, sempre conseguem clientes. A demanda é granda, mas a oferta também. São várias bandas disputando o espaço e os ouvidos. De longe, só se ouve a soma de todas elas, um som confuso e indefinível que soa como México.
Mímico faz sua apresentação dominical em praça de Tlaquepaque, bairro de Guadalajara, no México
Ali do lado está a rua peatonal com suas lojas, restaurantes mais finos e galerias de arte. A gente segue junto com o fluxo, mas nos desviando do fluxo contrário. À nossa frente, um memorável entardecer. Ao lado, vamos alternando visitas a galerias com um olhar atento nos menus dos restaurantes. Escolhemos um para jantar mais tarde, nossa despedida com estilo desse bairro tão fascinante.
Espetos de milho vendidos em praça de Tlaquepaque, bairro de Guadalajara, no México
Mas antes disso ainda temos tempo para vagar pelo bairro, tirar fotos, observar pessoas, admirar casas e construções antigas. Tempo também para pensar sobre o turbulento período da história do país entre 1910 e 1920, a década da Revolução Mexicana, com mais de 2 milhões de mortos.
Igreja em Tlaquepaque, bairro de Guadalajara, no México
Difícil resumir algo que mal compreendi. São dezenas de personagens que ora são aliados, ora são inimigos, envolvidos num sem fim de batalhas, alianças, tramoias, traições e assassinatos. Entre boas intenções e ambições pessoais, o México foi se arrastando por uma década de guerras que, definitivamente, mudou a cara do país.
Rua das galerias de arte em Tlaquepaque, bairro de Guadalajara, no México
Tudo começou para desalojar do poder Porfírio Diaz, que lá havia estado por mais de 30 anos. O cara-de-pau sempre foi contra a reeleição, mas através dela foi se perpetuando na presidência. O seu regime, conhecido como “porfiriato”, trouxe estabilidade política ao país ao mesmo tempo em que o modernizava economicamente. Mas, socialmente, foi uma lástima. A concentração de terras e as diferenças sociais nunca foram tão grandes. Por fim, ao fraldar mais uma eleição, em 1910, conseguiu unir contra ele revolucionários das mais distintas matizes.
Área de barzinhos em Tlaquepaque, bairro de Guadalajara, no México
Entre tantos nomes, dois se destacam: Pancho Villa e Emiliano Zapata. O primeiro, um bandido fanfarrão que caiu nas graças do povo e foi transformado em revolucionário pelos acontecimentos. O segundo, esse sim um revolucionário legítimo, talvez meio sério demais, é dele o jargão “Tierra y libertad!” e a frase “Mais vale morrer de pé do que viver de joelhos!”. Entre os grandes feitos de Pancho está a invasão dos Estados Unidos, quando atacou a cidade de Columbus, no Novo México. Os americanos passaram quase dois anos caçando o simpático bandido pelo norte do México, mas levaram um baile.
Produtos à venda nas galerias de Tlaquepaque, bairro de Guadalajara, no México
Os dois “heróis”, assim como todos os outros grandes nomes do período morreram antes que o período revolucionário terminasse. Ou assassinados, como foi o caso de Villa e Zapata, ou no exílio, como foi com Porfírio Diaz e o General Huerta, o golpista que havia assassinado Madero, presidente que sucedeu Porfírio. Entre os assassinados também estão Carranza e Obregón. Todos esses nomes foram, em algum momento, amigos ou inimigos entre si.
Produtos à venda nas galerias de Tlaquepaque, bairro de Guadalajara, no México
Ao final de tanto sangue, ao menos, o México passou por uma grande reforma agrária, os indígenas e as mulheres tiveram parte de seus direitos reconhecidos e a Igreja Católica perdeu o grande poder que tinha até então. A contrapartida foi que o México ficou com apenas um partido político de verdade, por mais de 50 anos. Um partido cujo nome é uma contradição em termos: Partido Revolucionário Institucional. Vai entender...
Pôr-do-sol na rua peatonal de Tlaquepaque, bairro de Guadalajara, no México
Bem, chega de elucubrações, viva México! Um brinde com vinho no restaurante delicioso que encontramos ao país, à cidade que estamos e ao bairro que nos acolheu. Amanhã, o brinde será com outra bebida. Vou dar uma pista: o nome da cidade é... Tequila!
Posando para fotos em Tlaquepaque, bairro de Guadalajara, no México
O morro do Farol já está bem visível, se aproximando de Jericoacoara - CE
Hoje foi um dia "light", hehehe. Como ontem já tínhamos andado até a Lagoa da Torta e a Duna do Funil, hoje "só" precisávamos caminhar de volta para Jericoacoara. O que são 25 km, depois de ter andado 40? Como diria um querido tio meu: "Ééééééé..."
Maré bem baixa na partida de Tatajuba - CE
A gente até se deu ao luxo de sair mais tarde. Ficamos conversando com os donos da deliciosa pousada Portal do Vento. E aí, olha só a coincidência! Eles estão querendo se mudar para Moreré, lá em Boipeba-BA e até já estão vendo uma pousada para comprar... Adivinha qual? Aquela que ficamos, do simpático casal ingês. Mundinho pequeno...
Caminhando de Tatajuba para Jeri, antes de chegar à barra do Guriú - CE
Aproveitamos a maré baixa das 10:30 e atravessamos o canal de mar que separa Tatajuba do caminho para Jeri. Assim, não tivemos de atravessar o lodo do dia anterior. Depois, pé na estrada! Ou na areia... Logo no início, encontramos um figuraça, um mineiro de nome Felipe, que vinha de bicicleta de São Luís e vai seguir até Olinda. Durante uma hora andamos juntos, sob chuva e sob sol, ele relatando suas peripécias. Adorou os Lençóis Maranhenses, mas passou um perrengue por lá. O vento soprava forte contra nós neste momento e eu comentei com ele que seu longo caminho, de oeste para leste não deveria ser fácil "Pois é..." - ele respondeu - "o vento tem sido meu inimigo nessas duas semanas! Já tô até acostumado...". Que dureza!
Balsas para atravessar o rio Guriú - CE
Tentando ajudar o balseiro na travessia da barra do Guriú - CE
Ele acelerou suas pedaladas, para tentar aproveitar os últimos momentos de maré baixa enquanto nós seguimos no nosso ritmo de andarilhos. Quando chegamos na Barra do Guriú, ela já estava bem cheia e tivemos de passar de balsa. Até aprendemos a "remar"!
Aproveitando uma rara e bendita sombra na longa caminhada de Tatajuba para Jericoacoara - CE
Depois, devagar e sempre, viemos até Jeri. A duna do pôr-do-sol e o Morro do Farol foram ficando cada vez maiores e mais bonitos. O sol estava quente, mas o vento e os mergulhos no mar e nos rios ajudavam.
Atravessando, na maré cheia, o último obstáculo antes de chegar em Jericoacoara - CE
Chegando em Jeri, fomos direto à creperia que tanto gostamos, a Naturalmente. Delícia! O dono, com raízes no Pará, nos deu várias dicas de lá. E, para alegria da Ana, conhecia também o famoso bar de Teresina, o Nós e Elis, sobre o qual ela devorou o livro do Joca Oeiras. Pena que o bar, que marcou época nos anos 80 e 90, não existe mais.
Fim de caminhada, final de tarde, próximo à Jericoacora - CE
Depois, pousada, merecido banho e muito trabalho na internet. Com pausa para delicioso jantar comemorativo da caminhada no Mosquito Blue. Amanhã, bye bye Jeri, seguimos em frente. Mas as doces lembranças seguem conosco...
Ao lado da Duna do Pôr-do-Sol, chegando em Jericoacoara - CE
Cachoeira Rei da Prata, na Chapada dos Veadeiros, região de Cavalcante - GO
A programação hoje foi conhecer o rio da Prata, seu canyon e sua longa sequência de cachoeiras. Para muitos, um dos pontos altos da Chapada dos Veadeiros, fica a mais de 60 km de Cavalcante, por estradas de chão.
Trilha para o rio Prata, na Chapada dos Veadeiros, região de Cavalcante - GO
Fica no mesmo sentido da comunidade do Engenho, mas bem mais distante. A viagem é bela, através das vastidões sem fim do cerrado de alta altitude, em época de floração. Um pouco mais de uma hora e já estávamos lá, no ponto onde acaba a estrada e começa a trilha.
Caminhando no rio da Prata, na Chapada dos Veadeiros, região de Cavalcante - GO
As cachoeiras estão divididas em dois grupos: parte baixa e parte alta. Esta última é de mais fácil acesso, mas são as primeiras as mais bonitas. Carros tracionados conseguem chegar mais perto, facilitando bastante a vida dos visitantes. Foi o caso da Fiona, por supuesto! Mesmo assim, ainda foi preciso caminhar quase uma hora pelos campos floridos até chegar na mais bela das cachoeiras do Prata e da Chapada, que atende pelo sugestivo nome de Rei do Prata.
Explorando a Cachoeira Rei da Prata, na Chapada dos Veadeiros, região de Cavalcante - GO
A cor da água é aquela que já estamos acostumados, o verde esmeralda. O poço é enorme e ficamos mais de uma hora nadando e mergulhando por ali. Mais uma vez, uma das minhas diversões foi admirar a força da cachoeira por baixo d'água. Como a água é transparente, é possível ver o turbilhão causado pela cachoeira, descendo a uns 3 metros de profundidade. Eu entrava no meio desse turbilhão, sentia-me como se estivesse numa máquina de lavar roupa e saía lá do outro lado, meio desorientado. Bem legal!
Canyon do Rio da Prata, na Chapada dos Veadeiros, região de Cavalcante - GO
Dessa cachoeira, seguimos rio abaixo, admirando várias outras quedas d'água até chegar num ponto onde o canyon (e a água) desabam abruptamente. A visão é magnífica, da queda d'água e do vale lá embaixo. Uma vontade louca de continuar explorando mas, à partir desse ponto, só com equipamento...
Observando o canyon da Prata, na Chapada dos Veadeiros, região de Cavalcante - GO
Mirante para o canyon da Prata, na Chapada dos Veadeiros, região de Cavalcante - GO
Voltamos para a Fiona naquela bela caminhada de 1 hora e subimos para a parte mais alta do rio, onde havia mais umas quatro ou cinco cachoeiras. Escolhemos a mais bonita e ali tivemos novo banho. A fome era enganada com deliciosas mexiricas trazidas pelo Zé Pedrão, produção própria.
Uma das mais belas cachoeiras no Rio da Prata, na Chapada dos Veadeiros, região de Cavalcante - GO
Belo poço no rio da Prata,na Chapada dos Veadeiros, região de Cavalcante - GO
Eram 5 da tarde quando deixamos as cachoeiras para trás e chegamos à casinha sede da propriedade. Ali, um saboroso almoço caseiro, feito no fogão à lenha. Bela maneira de terminar um dia saudável. Aí, já no escuro, retornamos para Cavalcante. Amanhã é dia de seguirmos para o sul, para a famosa Alto Paraíso, principal destino turístico da Chapada e místico de todo o planalto central. Veremos...
Belo fogão à lenha, na casa onde almoçamos no Rio da Prata, na Chapada dos Veadeiros, região de Cavalcante - GO
Eva Perón, a famosa "Evita", um dos ícones da história argentina, em Buenos Aires, na Argentina
O dia hoje começou com arrumação de malas, roupas de frio ficando com a gente e as de calor indo direto para a Fiona. Isso porque hoje, no final do dia, vamos nos encontrar com o Marcelo e a Carola, que vão guardar o carro para gente enquanto estivermos viajando para a Antártida. Vou guardar esse assunto para o próximo post, quando for falar do nosso encontro e combinação com eles, além da pequena viagem até Pilar, onde ficará muito bem protegida nossa querida amiga de quatro rodas.
Prédio da Fundação Eva Perón, em Buenos Aires, na Argentina
Enfim, foi só no final da manhã que saímos para mais uma caminhada de explorações, dessa vez bem mais curta que a de ontem. Fomos até a Recoleta, bairro muito mais próximo de Palermo do que o centro da cidade, onde estivemos ontem, e presença obrigatória em todos os roteiros turísticos pela cidade de Buenos Aires. Mas antes de chegarmos lá, ainda em Palermo, tivemos uma outra parada, num local que eu ainda não conhecia de minhas visitas prévias à cidade: o museu da Evita Perón.
Uma das frases famosas de Evita, na Fundação Eva Perón, em Buenos Aires, na Argentina
Eva Duarte Perón, ou simplesmente Evita, personifica tanto este país como o tango ou o futebol. Uma personagem real, histórica, que acabou engolida pelo mito de uma vida curta, marcante e trágica e que acabou elevada quase à condição de santa, apesar de ter também gerado tanto ódio em alguns de seus contemporâneos.
Cenas do funeral de Evita, na Fundação Eva Perón, em Buenos Aires, na Argentina
Eva nasceu e cresceu em uma família simples do interior e teve um início de vida duro. Na verdade, seu pai era rico, mas sua mãe não era sua esposa oficial. Assim, ela e seus irmãos eram considerados ilegítimos, o que naquela época, na década de 30, na Argentina, era algo muito pesado. O pai morreu cedo e a vida de sua família, que já era difícil, piorou ainda mais, sem direito nenhum sobre a herança. Enfim, Eva cresceu e aos 15 anos foi morar na capital, buscando o que sempre sonhara: a vida artística.
Vestidos usados por Evita, na Fundação Eva Perón, em Buenos Aires, na Argentina
Trabalhou em teatros, rádio e até cinema, mas sempre em produções de 2ª grandeza. Mas um terremoto devastador na distante San Juan mudaria a sua vida. O militar Juan Carlos Perón foi incumbido pelo governo de organizar a ajuda à cidade destruída. Para arrecadar fundos, ele pediu a ajuda da comunidade artística para organizar shows e espetáculos beneficentes. Assim conheceu Evita e foi amor a primeira vista. A campanha em prol de San Juan lhe trouxe popularidade e ele acabou sendo eleito presidente, agora já casado com Evita.
Evita no seu auge, visitando trabalhadores mineiros, em foto na Fundação Eva Perón, em Buenos Aires, na Argentina
Ao contrário das antigas primeiras-damas, Evita se envolveu com o governo, sempre ajudando seu marido, mas rapidamente ganhando luz própria. Liderou a campanha pela aprovação do voto feminino nas eleições e abraçou a bandeira dos mais trabalhadores, protegendo sindicatos e direitos. Mais do que isso, lançou diversas campanhas assistencialistas para os “descamisados”, como chamava a população menos favorecida.
Caminhando na praça Justo Jose de Urquiza, em Buenos Aires, na Argentina
O sempre movimentado Centro Cultural da Recoleta Buenos Aires, na Argentina
Tanta popularidade obteve que a população a queria como vice-presidente num possível 2º mandato do marido. No maior comício já realizado no país, cerca de 2 milhões de pessoas gritaram pelo seu nome, pressionando-a para que aceitasse a indicação. Ela titubeou, pois sabia também do ódio que lhe tinha a classe mais abastada e os militares, assustados com tanto poder conferido para uma mulher, algo inédito naquela sociedade. Mas a esta altura, já com 31 anos de idade, ela também já sabia que algo não ía bem na sua saúde, com desmaios frequentes. Acabou não aceitando a indicação em um emocionante discurso transmitido ao vivo na rádio.
Chegando ao Centro de Exposições da Recoleta, em Buenos Aires, na Argentina
Interior do Centro Cultural da Recoleta Buenos Aires, na Argentina
Era o câncer. Mesmo escondendo a gravidade da doença, ela definhou em público. Quando o marido foi reeleito de forma avassaladora, ela pesava apenas 38 kg. Alguns meses depois, faleceu, fazendo o país parar e chorar por vários dias. Seu corpo foi embalsamado e colocado em exposição, virando ponto de peregrinação. Um enorme monumento, maior do que a Estátua da Liberdade, seria construído e o corpo embalsamado ali ficaria, assim como Lenin, no Kremlin. Mas dois anos depois, antes do monumento ficar pronto, um golpe militar derrubou seu marido. Ele fugiu do país, mas não teve tempo de resgatar sua esposa. Os militares, em campanha para extirpar o movimento peronista da história do país, sequestraram seu corpo e sumiram com ele.
A Petrobrás, uma das patrocinadoras da exposição de fotos no Centro Cultural da Recoleta, em Buenos Aires, na Argentina
Exposição de fotos no Centro Cultural da Recoleta, em Buenos Aires, na Argentina
O corpo de Evita só reapareceu 16 anos mais tarde, num pequeno túmulo em Milão, na Itália. Como foi parar lá, ainda é matéria controversa. O fato é que seu marido, então exilado na Espanha e casado com Isabelita, recuperou o corpo e o levou para casa, onde ficou guardado na sala de estar. Seu exílio terminou em 73 e ele voltou à Argentina para ser reeleito presidente. Antes que pudesse repatriar o corpo da antiga esposa, faleceu, mas sua nova esposa e nova presidente do país o fez. Evita foi enterrada no famoso cemitério da Recoleta, em um túmulo super protegido e, ainda hoje, é a maior atração do lugar, mesmo com tantos outros famosos enterrados por ali.
Chegando ao Cemitério da Recoleta, em Buenos Aires, na Argentina
Entrada do famoso Cemitério da Recoleta, em Buenos Aires, na Argentina
Tudo isso vimos no museu, além de fotos e filmes da época. E também toda uma sala com os vestidos que usava, desde seus tempos de radio e atriz, até o guarda-roupa que levou em sua aclamada viagem à Europa, já como primeira-dama, quando foi recebida por Franco, na Espanha, pelo papa, no Vaticano, e na França. Só desistiu de ir à Inglaterra porque a família real inglesa se recusou a recebê-la. Afinal, uma plebeia ilegítima entre a realeza?
Caminhando nas ruelas do Cemitério da Recoleta, em Buenos Aires, na Argentina
Túmulos e esculturas no Cemitério da Recoleta, em Buenos Aires, na Argentina
Enfim, ainda com Evita na cabeça, seguimos nosso caminho através dos parques da Recoleta até o Centro Cultural, onde visitamos uma interessante exposição de fotografias patrocinada pela Petrobrás e American Express. Era um favor que fazíamos ao Che Toba, que necessitava de umas fotos de lá para terminar um post que faria sobre a exposição.
A capela do Cemitério da Recoleta, em Buenos Aires, na Argentina
A gigantesca e centenária figueira da Recoleta, em Buenos Aires, na Argentina
Depois, finalmente, ao ponto mais famoso do bairro, o cemitério! O elegante bairro foi ocupado originalmente pelos monges da Ordem dos Recoletos, ainda no séc. XVIII, quando aquilo era uma área afastada da cidade. Tinham sua igreja, monastério e cemitério. A Ordem foi desmantelada em 1822 e o cemitério passou a ser público. A cidade cresceu e a área passou a ser ocupada pela fina flor da sociedade portenha, os vivos e os mortos! Presidentes, intelectuais, artistas, todos disputavam um lugar naquele cemitério. As famílias que conseguiam seu espaço, tratavam de enfeitá-lo bem com estátuas e criptas bem elaboradas.
A gigantesca e centenária figueira da Recoleta, em Buenos Aires, na Argentina
Hoje, além de ser considerado um dos mais belos do mundo, virou atração turística. O interessante é entrar lá e se perder em seu labirinto de ruelas, sempre atento para encontrar alguém famoso e, principalmente, encontrar a Evita. Acaba sendo fácil, pois a quantidade de turistas ao redor do seu túmulo é sempre uma boa pista. A gente, que já havia estado lá outras vezes, fez o circuito rapidinho, apenas por desencargo de consciência, e fomos logo para os belos cafés que existem ali perto, quase em frente ao cemitério.
A gigantesca e centenária figueira da Recoleta, em Buenos Aires, na Argentina
Ainda antes de nos sentarmos, pagamos nossos respeitos à centenária figueira que há no jardim e que foi testemunha de todos os enterros que por ali passaram e também de todas as outras vezes que estive em Buenos Aires. Já me chama pelo nome, o que é uma grade honra para mim, hehehe! Depois, um delicioso lanche acompanhado de bom vinho para celebrar estamos ali, naquele lugar delicioso, perto daquela árvore mágica, na cidade que adoramos. Um brinde à Evita, que conhecemos melhor hoje. Um brinde à Fiona, de quem vamos nos separar amanhã. Um brinde à Antártida, que mercê sempre ser brindada. E de brinde em brinde, a tarde passou e já era hora de irmos encontrar a Carola e o Marcelo, assunto do próximo post!
Lanche com vinho na Recoleta, em Buenos Aires, na Argentina
Chá no final da tarde em San Marcos Sierra, na Argentina
Nós, que já viajamos tanto pelo Brasil, sabemos muito bem a quantidade de lugares maravilhosos e dignos de visita que existem em nosso país. Ao mesmo tempo, tendo viajado por tantos países e conhecido tanta gente interessada em visitar o Brasil, sabemos que o nosso país é muito “menor” na cabeça de quase todos eles. Não estou falando de área, mas de atrações turísticas. Para eles, ou quase todos eles, o Brasil é o Rio, Salvador, Foz do Iguaçu, Pantanal e Amazônia. Quem sabe, até dá para ver em uma semana. Nós estivemos em todos esses lugares e adoramos! Mas há dezenas de outros lugares tão interessantes como esses mais famosos, e os estrangeiros não fazem a menor ideia disso.
O mesmo raciocínio vale para os outros países, principalmente os maiores, como México, Canadá, Estados Unidos e a Argentina que estamos visitando agora. Por isso, uma das nossas prioridades quando vamos a um país desses é nos informar e tratar de sair do lugar comum. Sim, vamos aos lugares famosos também, mas temos e queremos conhecer o “resto” do país. Afinal, se sabemos o que os gringos estão perdendo quando não vão à Chapada Diamantina, Jericoacoara ou Ilha do Mel, não queremos passar pelo mesmo aqui na Argentina! Buenos Aires, Bariloche, Mendoza, Patagônia e Salta são os preferidos de brasileiros na terra dos hemanos, mas bastou um mês por aqui que já tivemos gostinho da outra Argentina. E ainda vamos ver muito mais!
Caminhando na bucólica San Marcos Sierra, na Argentina
Por exemplo, a região das Missiones foi uma surpresa incrível, um dos pontos altos neste país. E nos últimos dois dias, a gente se maravilhou com os parques de Ischigualasto e Talampaya. Hoje seria o dia de conhecer mais uma dessas joias escondidas nas terras hermanas, a pequena cidade de San Marcos Sierras, encravada no meio das serras cordobenses. Chegamos aqui ainda ontem de noite, depois de viajar muitas horas diretamente de Talampaya. Bastou acordar cedo e caminharmos um pouco pelas pacatas ruas de terra do local para termos certeza que o esforço tinha valido a pena.
Igreja na praça de San Marcos Sierra, na Argentina
A pequena San Marcos ganhou fama nacional no final da década de 60 e início de 70 quando se tornou uma das mecas hippies do país. Como todos sabemos, esse era o movimento do “faça amor, não faça guerra” e tudo o que eles queriam era fugir do stress da cidade grande e encontrar um lugar bonito e perto da natureza que pudessem dividir com seus companheiros. Costumavam ter muito bom gosto, como atestam os nossos próprios hippies brasileiros, que naquela época chegaram à lugares como Arembepe ou São Thomé das Letras. Pois bem, os daqui chegaram a San Marcos, no alto da serra, cercado por vales férteis, rios encachoeirados e muita vegetação.
Árvores e casas coloridas em San Marco Sierra, na Argentina
O movimento hoje já não é tão forte, mas a filosofia e aspectos saudáveis ficaram. A região é conhecida pela produção de comida orgânica e mel; a cidade continua pacata, casas coloridas e ruas de terra; nas esquinas, encontram-se muitas lojas de artesanato e restaurantes de comida natural; o ar é puro, o barulho que se ouve é o dos pássaros e o programa predileto é ir tomar banho de rio ou assistir o pôr-do-sol.
Arquitetura de San Marcos Sierra, na Argentina
Fiona na pacata praça central de San Marcos Sierra, na Argentina
Enfim, tudo o que queríamos para passar um dia bem tranquilos e relaxados. A sensação é a de estarmos em alguma cidade do interior de Minas, talvez lá perto de Diamantina. Aliás, como nas cidades mineiras, aqui se come muito bem e a gente já percebeu isso logo no jantar de ontem quando encontramos uma pizzaria com massa caseira frequentada por vários dos bacanas da cidade.
Uma das muitas piscinas naturais na região de San Marcos Sierra, na Argentina
Hoje, começamos com um café da manhã bem natureba que logo emendamos com uma caminhada pelas ruas pacatas e a bucólica praça central. Aí, descolamos um mapa das atrações nas redondezas e, já a bordo da Fiona, tratamos de ir buscá-las. A minha saudade de Minas só seria satisfeita depois de um bom banho de rio! Ainda mais depois da aridez dos parques onde estivemos nos dois dias anteriores.
Um delicioso mergulho em um dos rios da região de San Marcos Sierra, na Argentina
No caminho para o rio, demos carona para três hippies da atualidade. Eles (no caso, elas!) continuam vindo para cá para frequentar alguma das muitas comunidades alternativas que se espalham por aqui. Algo no estilo Alto Paraíso, lá de Goiás. Dizem que a região é muito “energética” e, como não poderia deixar de ser, as visões de duendes e discos voadores não são incomuns. Também tem muito bom gosto esses simpáticos seres de outros planetas ou dimensões!
Uma das muitas piscinas naturais na região de San Marcos Sierra, na Argentina
Nós nos divertimos uma boa hora numa piscina natural formada por um dos rios da região. Na alta temporada, certamente teríamos concorrência por lá, tendo até de pagar entrada. Mas hoje, estávamos sós e a sensação de estar em Minas ficou ainda mais forte, sol brilhando, céu azul, águas limpas e com temperatura agradável.
Um delicioso mergulho em um dos rios da região de San Marcos Sierra, na Argentina
Essa sensação ficou ainda mais forte quando voltamos para a cidade e nos instalamos em um dos restaurantes em frente à praça. Passamos mais de hora por ali, começando com um chá e pulando para cerveja, tudo acompanhado de saudáveis sanduíches, só vendo a vida passar bem devagar à nossa frente.
Chá no final da tarde em San Marcos Sierra, na Argentina
O cruzeiro de San Marcos Sierra, na Argentina
Por fim, eu me animei e fui fazer uma das caminhadas mais populares da cidade, que é subir o Morro do Cruzeiro. A Ana ficou lá embaixo enquanto eu acelerei morro acima até a pequena cruz de madeira que há no topo, razão do nome do tal morro. Cheguei bem a tempo de ver a beleza do fim de tarde, as últimas luzes iluminando a pequena cidade totalmente arborizada ali embaixo.
Do alto do cruzeiro, o final de tarde na arborizada San Marcos Sierra, na Argentina
Do alto do cruzeiro, o final de tarde na arborizada San Marcos Sierra, na Argentina
No dia seguinte, já de saída para Córdoba, ainda passamos em outra atração famosa da cidade, o único Museu Hippie do mundo. Aí se pode ver roupas da época, as capas dos discos mais famosos e painéis explicativos sobre o modo de vida desses amantes da paz. Infelizmente para nós, hoje era o dia de descanso deles e ficamos só na vontade. Como também ficamos na vontade de passar mais uns dias tranquilos por ali, mas o nosso compromisso em Buenos Aires não pode esperar. De qualquer forma, saímos felizes por ter conhecido mais esse pedacinho tão bonito dessa outra Argentina, justamente a que mais queremos conhecer!
O famoso Museu Hippie de San Marcos Sierra, na Argentina
Admirando a grandiosa paisagem do Shennandoah National Park, na Virginia, nos Estados Unidos
Depois da nossa visita à colossal ponte de pedra de Natural Bridge, seguimos no nosso rumo norte. Mas abandonamos a Blue Ridge Parkway para seguir por uma autoestrada paralela, infinitamente mais rápida. Só por umas poucas dezenas de quilômetros. Em breve reencontramos a famosa estrada cênica, justamente no ponto em que ela termina, na entrada do Parque Nacional de Shenandoah. Na verdade, ela acaba apenas no nome, pois o caminho segue sobre os Apalaches, agora batizado de Skyline Drive. Foi por ele que entramos nesse belíssimo Parque Nacional criado para proteger esse setor da cordilheira dos Apalaches.
A bela paisagem dos Apalaches no Shennandoah National Park, na Virginia, Estados Unidos
Na entrada do parque recebemos um mapa da região, mostrando as principais atrações e infraestrutura de Shenandoah. Os guarda-parques sempre nos tratam muito bem, principalmente quando veem nosso passe anual de parques nacionais, uma das melhores compras que fizemos nessa viagem. O guarda também me explicou onde encontrar hotéis, já que queríamos dormir o mais perto do parque, para poder aproveitar o dia seguinte também.
O belo cenário dos Apalaches no Shennandoah National Park, na Virginia, Estados Unidos
A própria estrada já é uma das atrações do parque, cheia de mirantes o tempo todo, nos oferecendo vistas dos dois lados da cordilheira, sempre aquela miríade de vales e montanhas verdejantes. Quase toda a vegetação é mata secundária, a natureza se recuperando depois da destruição causada nos séculos XIX e início do XX.
Caminhando na "Apalachian Trail" no Shennandoah National Park, na Virginia, Estados Unidos. A trilha, com centenas de milhas, cruza toda a cordilheira dos Apalaches
Em um dos mirantes, um simpático americano veio conversar conosco, atraído pela Fiona. Afinal, ele trabalhava com revenda de Toyotas e nunca tinha visto um carro como o nosso. Aproveitamos para perguntar sobre o parque e ele nos indicou uma pequena trilha ali perto, para subir no alto das Black Rocks. Além da bela vista, a curiosidade desse monte de pedras quase todo tomado por fungos e líquens que lhe dão essa cor escura.
No alto das Black Rocks, no Shennandoah National Park, na Virginia, Estados Unidos
Para lá seguimos, aproveitando para caminhar num pequeno trecho de uma das maiores trilhas dos Estados Unidos, a Apalachian Trail, que atravessa toda a cordilheira, de norte a sul, num percurso de centenas de milhas. Até deu aquela pontadinha de vontade de seguir adiante na trilha. Mas, para completá-la, são precisos meses e não horas... Uma viagem só para isso e não para ver todos os países do continente.
Fungos cobrem as "Black Rocks", no Shennandoah National Park, na Virginia, Estados Unidos
Chegamos no amontoado de pedras escuras, uma verdadeiro jardim negro de líquens. Do alto, uma magnífica vista para as montanhas que nos cercavam por todos os lados. Na volta para o carro, depois de todo o verde das florestas, o azul do céu e o negro das dark rocks, foi a vez do colorido das flores. Agora, em plena primavera, os Apalaches são um verdadeiro jardim, um paraíso para quem gosta dos “órgãos reprodutores das plantas”. Tem de todas as formas, cores e tamanhos. Um espetáculo da natureza.
Muitas flores na primavera do Shennandoah National Park, na Virginia, Estados Unidos, região dos Apalaches
Muitas flores na primavera do Shennandoah National Park, na Virginia, Estados Unidos, região dos Apalaches
O dia estava terminando e nós seguimos em frente. Pelo avançado da hora, até desistimos de descer algumas centenas de metros num caminho que nos levaria até uma cachoeira. O problema seria ter de subir essas mesmas centenas de metros já no escuro. Ao invés disso, seguimos lentamente de carro, tomando cuidado para não atropelar os diversos veados que vivem soltos por ali, quase não temem humanos e muito menos estradas.
É comum encontrar veados no Shennandoah National Park, na Virginia, nos Estados Unidos
Restaurante com uma belíssima vista no Shennandoah National Park, na Virginia, nos Estados Unidos
Chegamos em tempo a um restaurante construído estrategicamente no alto da cordilheira, parede com janelas grandes voltadas para o oeste, lugar ideal para uma refeição com direito à vista. Especialmente na hora do pôr-do-sol! A gente não sabe se come ou se fica de boca aberta admirando o espetáculo.
Pôr-do-sol no Shennandoah National Park, na Virginia - Estados Unidos
Agora, já no escuro, pegamos uma pequena estrada perpendicular à Skyline para sair do parque em direção à pequena cidade de Sperryville. Era a nossa melhor opção para um hotel menos caro. Dito e feito! Achamos um bed&breakfast bem simpático, de uma senhora muito amável, ex-hippe mochileira e amante das viagens. A empatia foi tão grande que decidimos fazer daí a nossa casa por duas noites!
Nossa Guest House em Sperryville, perto do Shennandoah National Park, na Virginia - Estados Unidos
Nosso quarto na acolhedora pousada de Sperryville, perto do Shennandoah National Park, na Virginia - Estados Unidos
Isso porque ainda queríamos voltar ao parque hoje, para fazer a mais famosa e desafiadora caminhada de Shenandoah, a subida de Rag Mountain. Mas, infelizmente, o dia amanheceu chovendo hoje. Chuva e neblina nas montanhas. Que beleza!
Trilha no Shennandoah National Park, na Virginia, nos Estados Unidos
Esperamos, esperamos, esperamos e foi ficando cada vez mais tarde para iniciar uma caminhada em que a propaganda diz ser necessário 8 horas para fazer o circuito. Pois é, perto das 11 horas, com a chuva já bem fininha, decidimos que eu iria e a Ana ficaria. Tinha conseguido um programa bem mais interessante: uma sessão de massagem com a Elizabeth, a dona do B&B e terapeuta holística e corporal de mão cheia. Enfim, tudo o que a Ana procurava fazia tempo!
Trilha para subir a Old Rag Mountain, no Shennandoah National Park, na Virginia, nos Estados Unidos
Quanto à mim, parti mesmo para o programa de índio. Programa de índio no melhor sentido da expressão, afinal, estava saindo para caminhar no mato e com chuva, Sempre entendi a expressão como um elogio, hehehe!
Muitas flores entre nuvens no topo de pedra da Old Rag Mountain, no Shennandoah National Park, na Virginia, nos Estados Unidos
O mapa da Elizabeth me levou direitinho até o início da trilha. Ali, dois mochileiros que já conheciam o caminho me disseram que, fazendo acelerado, era bem possível fazer todo o caminho em 4 horas. Ótimo, pois já era quase uma da tarde! E assim saí apressado montanha acima, numa trilha muito bem feita no meio da floresta, ziguezagueando gentilmente para o alto.
Muita neblina no caminho para a Old Rag Mountain, no Shennandoah National Park, na Virginia, nos Estados Unidos
Pouco menos de uma hora depois, finalmente deixei a mata para trás e cheguei à parte de pedras. O manto negro da neblina cobria quase tudo e eu não tinha a menor noção da distância até o cume verdadeiro. Na verdade, com a visão restringida a uns 20 metros, acho que devo ter passado nuns 20 “cumes”, hehehe! Mas sempre havia um mais alto um pouco adiante.
Marcas azuis nos guiam no labirinto entre pedras no caminho para a Old Rag Mountain, no Shennandoah National Park, na Virginia, nos Estados Unidos
O caminho era um verdadeiro labirinto entre as pedras, por baixo delaa e, às vezes, por cima delas. Se eu tivesse de desbravá-lo, naquelas condições de nebulosidade, certamente demoraria um dia para achar o caminho correto. No meio daquele branco todo, as pedras bem parecidas, não dá para saber que direção seguir. Mas, felizmente, sitas azuis pintadas nas pedras me levavam elegantemente pelo emaranhado de pedras. Cada sinal azul avistado lá na frente se tornava um novo objetivo a ser alcançado, além de atiçar a curiosidade em descobrir o que haveria mais adiante.
Passagem estreita no caminho para a Old Rag Mountain, no Shennandoah National Park, na Virginia, nos Estados Unidos
E assim fui, escalaminhando atrás das setas azuis até chegar no cume verdadeiro. A falta de uma visão ampla da paisagem foi mais do que recompensada pelo prazer da caminhada e do desafio conquistado. O silêncio e a solidão lá de cima também eram maravilhosos, dignos de momentos de contemplação. E de refeição também, devorando meu sanduíche e frutas carregadas até lá.
No alto da Old Rag Mountain, no Shennandoah National Park, na Virginia, nos Estados Unidos
A descida foi par o outro lado, para completar o circuito circular. Para baixo, todo santo ajuda. Principalmente para aquele lado, que não tinha trecho de escalaminhada. Passei por dois refúgios simpáticos no meio da mata e cheguei à estrada de incêndio. Por ela, pude fazer uma deliciosa corrida de poucos quilômetros, sempre morro abaixo e no meio daquela floresta encantada e inspiradora, até o estacionamento onde iniciei a trilha. Tempo total: 03h:45min, com direito à lanche e paradas para fotos. A trilha perfeita!
Refúgio na trilha da Old Rag Mountain, no Shennandoah National Park, na Virginia, nos Estados Unidos
Estrada de incêndio no Shennandoah National Park, na Virginia, nos Estados Unidos
Não pude deixar de registrar, ainda no meio da mata onde encontrei a estrada de incêndio, a placa informativa sobre as belezas do parque. Entre as informações, a lei nacional criada na década de 60 para proteger as áreas de belezas naturais do país. É de tirar o chapéu como esses americanos sabem cuidar do que é seu. Parques muito bem cuidados, trilhas que permitem acesso à todos os lugares e leis muito bem escritas que procuram proteger esse patrimônio natural mundial para as gerações vindouras. Parabéns!
A lei que protege o meio ambiente nos Estados Unidos (placa no Shennandoah National Park, na Virginia)
Entre os muitos novos amigos a bordo do Sea Spirit, já no coquetel de despedidas da viagem
Infelizmente, o tempo passa. Para mim então, um nostálgico convicto, quase doentio, é mais triste ainda. Enfim, temos de lidar com isso e nos preparar para o que vem e não para o que já se foi. Nessa nossa longa viagem de 1000dias por Toda América estamos constantemente encerrando ciclos e etapas e iniciando os próximos passos que, ao final, completarão nosso grande sonho de conhecer todo o continente. Agora, por exemplo, estamos terminando uma das mais empolgantes e antecipadas etapas de nossa grande aventura: a viagem à Antártida. Três semanas de júbilo total conhecendo regiões do nosso planeta com as quais eu sonhava desde criança. Foi simplesmente espetacular! Mas está terminando e temos de nos preparar e nos alegrar com o que vem pela frente: Argentina de norte a sul, Chile de sul a norte, nosso simpático vizinho Uruguai e o litoral sul do Brasil. Não dá para reclamar do que nos espera, certo?
Com nossa amiga Kim na nossa última tarde a bordo do Sea Spirit, já bem próximos da América do Sul
No caminho de volta para a América do Sul, cozinheiro prepara deliciosas guloseimas para os passageiros do Sea Spirit
Enfim, antes de começar esses novos ciclos, temos de finalizar o último, a nossa viagem à Antártida. Por incrível que pareça, Malvinas, Geórgia do Sul, a península antártica e até mesmo a Drake Passage já estão no nosso retrovisor. Nesse longo caminho, aprendemos muito, nos extasiamos com paisagens inesquecíveis e também fizemos dezenas de novos amigos. Amigos que seguirão, cada um, os seus caminhos. Gente que durante 3 semanas convivia conosco 24 horas por dia e que, provavelmente, nunca mais veremos nessa nossa curta passagem pela vida. Então, durante esses últimos momentos navegando em alto-mar no confortável e cada vez mais querido Sea Spirit, nossa casa flutuante nesses 20 dias, foi o tempo que tivemos para muitas despedidas. Animadas, intensas e tristes despedidas.
Última atividade do grupo de caiaque, a lavagem de todo o nosso equipamento antes de guardá-lo para o próximo grupo, a bordo do Sea Spirit, já a caminho da América do Sul
Última atividade do grupo de caiaque, a lavagem de todo o nosso equipamento antes de guardá-lo para o próximo grupo, a bordo do Sea Spirit, já a caminho da América do Sul
O processo já começou ainda antes de entrarmos na Drake Passage, com os últimos icebergs da Antártida na nossa alça de mira. Pouco depois de voltarmos da praia de Brown Bluff, no dia 20, foi a hora do grupo de caiaque se reunir pela penúltima vez. Todos trouxemos nossos equipamentos, as roupas e o colete, e fizemos uma sessão conjunta de “lavação”. A ideia era tirar toda a água salgada, secar os equipamentos e deixá-los prontos para a próxima turma de passageiros do Sea Spirit que vão embarcar no navio dia 23, em Ushuaia. Estranho deixar para trás roupas que estiveram conosco nas nossas cabines por tanto tempo.
A Anna coloca suas roupas de caiaque para secar, depois de uma lavada geral, a bordo do Sea Spirit, já a caminho da América do Sul
Depois de lavadas, nossas roupas de caiaque secam no varal a bordo do Sea Spirit, já a caminho da América do Sul
No dia seguinte foi a vez da última reunião. A Val, eficiente como sempre, já tinha preparado um vídeo com os melhores momentos da nossa convivência, desde as primeiras aulas sobre como usar o equipamento e o próprio caiaque até a hora da lavação das roupas, na véspera, passando por cada uma das nossas sete saídas. Foi emocionante ver e rever nossas imagens remando entre focas e pinguins, icebergs e paisagens deslumbrantes. Adicione a isso uma trilha sonora emocionante e o clima de despedida e temos a receita perfeita para muitas lágrimas. Parabéns à nossa guia por conseguir montar e editar esse vídeo com tanta presteza!
Visitando a sala de comando da casa de máquinas do Sea Spirit, durante nossa travessia da Drake Passage
Visitando a Sala de Máquinas do Sea Spirit e seus possantes motores, durante nossa travessia da Drake Passage
A nossa navegação pela Drake Passage foi, como dizem os americanos, um “piece of cake”, o que nos permitiu aproveitar ao máximo as últimas horas no Sea Spirit. Eu e a Ana até pudemos fazer um tour pela impressionante Casa de Máquinas do navio. Essa não era uma atividade oferecida aos passageiros, mas nada que uma boa conversa não possa solucionar. Assim, guiados pelo vice-comandante do navio, um simpático ucraniano, passamos uma hora passeando pelo porão do Sea Spirit por entre potentes motores, geradores e maquinaria pesada. Ver aquilo tudo de perto nos ajuda a entender a força desse navio que nos levou com tanta segurança e conforto através dos mares mais imprevisíveis do planeta.
Visitando a Sala de Máquinas do Sea Spirit e seus possantes motores, durante nossa travessia da Drake Passage
Visitando a Sala de Máquinas do Sea Spirit e seus possantes motores, durante nossa travessia da Drake Passage
O Sea Spirit foi construído em 1991, na Itália, e hoje navega com bandeira das Bahamas. Tem pouco mais de 90 metros de comprimento por 15 metros de largura e pesa 4.200 toneladas. Convertido para navio polar no início desse século, ganhou reforço nos cascos e estabilizadores que o ajudam a navegar de forma mais suave em águas bravias. Comporta até 114 passageiros (na nossa viagem, éramos pouco mais de 70) e um número um pouco menor de tripulantes. Os possantes motores que vimos hoje levam toda essa massa a uma velocidade próxima dos 15 nós. Para quem não sabe, um nó equivale a uma milha náutica por hora. A milha náutica tem 1.852 metros, portanto 15 nós = 15 x 1,852 = 27,8 km/h. Para um barco desse tamanho, não deixa de ser impressionante. Para quem ficou curioso sobre esse número esdrúxulo da milha náutica, ele equivale à extensão de um minuto de arco (minutos são a divisão de 1 grau, que tem 60 minutos) da Linha do Equador ou dos meridianos da Terra. Conta rápida: a linha do Equador tem aproximadamente 40 mil km (uma volta na Terra!). Divida isso por 360 (número de graus de uma circunferência) e depois por 60 (número de minutos em cada grau) e (bingo!) vc vai chegar ao valor da milha náutica!
Uma espécie de leilão de ítens de viagem é realizado no Sea Spirit durante nossa tranquila passagem pela Drake Passage
Preparativos para mais um coquetel a bordo do Sea Spirit no nosso caminho entre a Antártida e a América do Sul
Último dia para visitar a lojinha do Sea Spirit, antes de chegarmos à América do Sul
Bom, além dessa nossa visita à sala de máquinas, o resto do tempo foi dedicado à leitura, contemplação e muita socialização no navio em diversos eventos. Um dos mais animados foi um leilão de “memorabilia” da viagem, itens simples como adesivos, bonés e camisas até os mais valiosos, como o mapa em que o comandante do navio foi marcando toda a nossa rota ao longo do caminho. O dinheiro arrecadado foi todo doado para causas sociais e ambientais e os valores pagos chegaram a 1.500 dólares! Foi uma diversão para todos e muito difícil nos conter de também fazer lances. Ao final, me arrependi de não ter comprado ao menos algum dos itens mais baratos, que saíram por 50 dólares, mas que valiam mais do que isso, computado o valor sentimental. Para quem não comprou nada, sempre havia a chance de uma última visita à lojinha do navio, claro!
O valente capitão do Sea Spirit se prepara para um discurso durante coquetel de despedidas
Com a sulafricana Kim e a neozelandesa Cheli durante coquetel de despedida no Sea Spirit
A Ana e a Kim fazem em merecido agrado na Cheli, a líder da nossa expedição à Antártida
Tão animado como o leilão foram os coquetéis. Com direito a discurso de despedida do capitão do navio e também da nossa querida e eficiente Cheli, a neozelandesa líder da expedição. Depois muita bebida para os convivas e a chance de, uma vez mais, conversar e dar risadas com nossos guias que se tornaram grandes amigos. Faço especial menção ao Damien, nosso guia de história, e ao Jim, nosso ornitólogo, que tanto nos ensinou e inspirou sobre os pássaros antárticos.
Com a Val, nossa guia de caiaques, durante coquetel no Sea Spirit
Durante coquetel no Sea Spirit a caminho da América do Sul, entre nosso guia histórico, o Damien, e nosso ornitólogo, o Jim
Com o Collin, nosso guia de cetáceos e que treinou a famosa baleia Keiko (a Free Willy dos cinemas) a se readaptar à vida selvagem
Outra menção especial ao Collin, nosso guia de cetáceos. Com poucos dias de viagem descobri que ele tinha sido o treinador da Keiko, mas conhecida como Free Willy, astro dos cinemas. Foi ele que ensinou ela a se readaptar à vida selvagem, antes que ela fosse solta na Islândia, numa história emocionante e dramática muito mais incrível que a história fictícia do filme. Exemplo clássico da realidade superando a arte. Eu fiquei emocionado de ouvir a história dele sobre quando nadou com ela em águas abertas para se aproximar de um bando de orcas selvagens. Seu maior medo naquele momento não era estar no meio de orcas, mas o de ser atingido pelas centenas de pássaros que mergulhavam como balas no mar em busca de um cardume de peixes que por ali passava. Imagina só a cena! Também o Collin se emocionava com o meu interesse pelo assunto e com o tanto que eu já sabia de orcas e de vida marinha. Depois de muitos drinques, dizia para a Ana que estava impressionado pela quantidade e qualidade das minhas perguntas.
O Gunnar, nosso querido amigo brasileiro a bordo do Sea Spirit
Último jantar a bordo do Sea Spirit, quase chegando a Ushuaia, na Terra do Fogo
O australiano Lochi ganha mais um pouco de vinho no nosso último jantar no Sea Spirit
Bom, além dos nossos guias, também foi a hora de nossas últimas conversas com os outros passageiros. Kim, Brian, Anna, Anne, Lochi, Jeff, o brasileiro Gunnar, Sail, o escultor e artista Bart, entre outros, todos personagens marcantes dessas 3 semanas de viagem. Talvez ainda cruzemos com alguns deles em terra firme nesse dia que teremos em Ushuaia, mas tratamos de aproveitar esses últimos momentos em nosso lar comum, o Sea Spirit.
Um último e merecdido drinque de champagne a bordo do Sea Spirit, já quase chegando de volta à América do Sul
Aproveitamos também a tarde magnífica de céu azul, cada vez mais próximos da América do Sul, para fazer um último brinde em grande estilo, eu e a Ana, com champagne. Felizmente, entre nós não é o caso de uma despedida. Apenas o coroamento de mais uma etapa vencida e bem vivida, a realização de nosso sonho polar. Agora, é respirar fundo e partir para as próximas aventuras!
Um último e merecdido drinque de champagne a bordo do Sea Spirit, já quase chegando de volta à América do Sul
Fim de tarde com banda de música no Rick's Cafe, em West End, em Negril, na Jamaica
Ontem pela manhã, ainda em Montego Bay, fizemos o check-out do hotel e, com mala e cuia, fomos ao aeroporto. Não para pegar um avião, mas um carro que nos levasse ao redor da Jamaica. Entre as muitas opções, escolhemos a Island Rental. Como já ocorreu outras vezes nessa viagem, resolveram dizer que o seguro do meu cartão não era válido no país e que deveria contratar um seguro. Segundo eles, apenas cartões americanos e canadenses cobrem a Jamaica. Resolvi peitar dessa vez, dizendo que meu cartão era válido no mundo. Ela me deixou sentar num computador com internet para provar o meu ponto. Não demorou muito para eu lhe mostrar que o cartão era válido sim, em todo o planeta. Tudo devidamente traduzido no Google Translator. Mas aí, ela disse que queria ver o nome da Jamaica na lista de países. Apenas “mundo” não era suficiente. Consegui então um telefone gratuito da Mastercard na Jamaica. Aí, para surpresa dela, confirmaram: “Sim, o seguro oferecido pelo cartão é válido na Jamaica, por 31 dias!”. Pronto! Conseguimos economizar 12 dólares ao dia, pelos próximos 8 dias! E a moral dos cartões brasileiros aumentou um pouquinho aqui na Jamaica...
Alugando carro em Montego Bay, na Jamaica
Nosso carro na Jamaica, alugado em Montego Bay
Dirigindo do lado esquerdo na estrada (mão inglesa), atravessamos Montego Bay e pegamos a estrada para Negril, bem na pontinha oeste da ilha. Viagem curta, em menos de uma hora estávamos aqui. Ao contrário de Montego Bay, aqui só há uma e longa praia, no lado norte da cidade, chamada Long Bay. Todos os hotéis dividem irmãmente a praia, que é aberta e pública. Fica uma coisa muito mais natural e democrática que as pequenas praias fechadas de Mo-Bay. Atravessando a cidade, tem uma outra área de hotéis, mas ficam sobre pequenos penhascos, sem praia. Foi para lá que seguimos primeiro, para uma gostosa refeição no famoso Rockhouse Café, vista maravilhosa do mar azul. Hotel caríssimo, mas almoço bem em conta, ótima sugestão do guia.
O belo mar em frente ao Rockhouse, em Negril, na Jamaica
Voltamos para Long Bay e nos instalamos no Sea Splash, hotel recentemente comprado pelo muito simpático americano Jim, que o está reformando. Com um enorme deck bem em frente à praia, faixa de areia de uns poucos 10 metros, o mar estava sempre logo ali, bem apetitoso. Essa seria a nossa casa pelos próximos dois dias!
A praia de Long Bay, em frente ao nosso hotel em Negril, na Jamaica
Além da praia, outra coisa que melhorou bastante com relação à Montego Bay foi a trilha musical. Por aqui o reggae impera. A começar do hotel, onde um rastafári de quase dois metros de altura, o Winston, é o competente dj. Só música de primeira qualidade, desde os clássicos jamaicanos até a bossa brasileira, em nossa honra. Voltando à praia, aqui é possível fazer longas caminhadas – a praia tem 12 km de extensão. Areia bem fininha, parece uma manteiga em nossos pés. A quantidade de turistas impressiona, a grande maioria gente da melhor idade, americanos e canadenses, muitos “ligeiramente” acima do peso.
Gaiola-armadilha para lagostas na praia de Long Bay, em Negril, na Jamaica
Vimos isso bem de perto, literalmente, hoje cedo. Isso porque resolvemos ir até o fim da praia, distante 6 km do nosso hotel. Quase chegando, de repente nos descobrimos no meio de um resort naturista, centenas de pelados a nossa volta. Mas aqui, ao contrário da simpática Tambaba, na Paraíba, ou Zipolite, no México, a densidade demográfica era enorme. O único trecho da praia que não é público. Nós, tão perto do nosso objetivo final, resolvemos seguir, mesmo depois que um segurança veio falar conosco. Seriam 150 dólares para comprar o passe para o dia. Nossa, não pagaria nem morto! Mesmo assim, deixou que visitássemos a área. Fomos e voltamos rapidinho, lugar esquisito para burro. Se eu fosse um naturista, gostaria de praias onde pudesse ter sossego, respirar, ter espaço. Definitivamente, não aqui!
Fim de tarde na praia de Long Bay, em Negril, na Jamaica
Fim de tarde na praia de Long Bay, em Negril, na Jamaica
Voltando ao dia de ontem, ao mesmo tempo em que o sol se punha de forma espetacular no mar do Caribe, falávamos por Skype com a família. Aniversário da mãe, que delícia poder ver os entes queridos, mesmo estando tão longe. Viva a internet! E olha que esse foi o único momento que ela funcionou aqui no hotel. Um presente!
Conversando por Skype com os pais no dia do aniversário materno, desde Negril, na Jamaica
Já mais de noite, fomos a um pequeno show de reggae. Caminhando pela praia mesmo, iluminada pela lua e estrelas num céu quase sem nuvens. Show bem mais ou menos. O que o fazia especial era que estávamos na Jamaica, ouvindo reggae. Uma das mil coisas a se fazer antes de morrer!
Winston, nosso amigo rasta, no pôr-do-sol na praia de Long Bay, em Negril, na Jamaica
O dia de hoje começou parecido com o de ontem. Mergulho no mar, banho de piscina, tranquilidade total no deck do hotel em frente à praia, só observando a fauna local (inclusive na caminhada que descrevi acima). Aí, já de tarde, fui trabalhar um pouco no quarto enquanto a Ana sentiu uma daquelas vontades incontroláveis de socializar e ficou no deck mesmo. Bendita decisão! Quase duas horas depois ela foi me chamar para apresentar seus novos amigos!
A maravilhosa praia de Long Bay, em Negril, na Jamaica
Conheceu um grupo de americanos totalmente figuras, que já frequentam Negril e a Jamaica há mais de uma década. Entre cinquentenários e sexagenários, tinha mais de 200 anos ali na nossa frente, nas figuras do Bert, Peter, Bob e Howard. Ficamos especialmente amigos dos dois primeiros, o Bert a cara e o jeito do meu primo Chico, quando tiver 62 anos.
Com nosso amigo amigo Bert, no Rick's Cafe, em West End, em Negril, na Jamaica
Bons conhecedores do país e de Negril, resolveram nos adotar pelo resto do dia. No final da tarde nos levaram ao Rick´s Café, segundo eles o mais famoso da cidade e o mais movimentado pôr-do-sol. Lá fomos no nosso carro, para o lado de West End, sobre os penhascos. A maior atração do Rick´s são exatamente esses penhascos, pontos perfeitos para um bom mergulho no mar. Enfim, uma espécie de Acapulco da Jamaica, só que com o mar bem azul. Centenas de pessoas vão para lá todos os dias, no fim de tarde, inclusive de barcos, para acompanhar os valentes que saltam fazendo piruetas de até 30 metros de altura. Aqui o mar é mais profundo que em Acapulco, assim como mais largo também. Mas a beleza do local e das águas torna o evento igualmente espetacular. O último saltador, um negão com percentual de gordura negativo no corpo, faz uma sessão de alongamento que anima as mulheres presentes, escala o trampolim mais alto, fica pendurado lá encima fazendo poses (mulherada vai ao delírio!) e depois dá um salto fantástico, salto mortal e tudo, entrando como um míssil na água. Espetacular!
Chegando ao famoso Rick's Cafe, em Negril, na Jamaica
Voltamos para o nosso hotel para descansar um pouco e nossos amigos nos levam então a um verdadeiro show de reggae, agora com cantores de primeira qualidade. O Chico, quer dizer, o Bert, nem nos deixa pagar. Diz que amigos são para isso! O show, o ambiente, as bandas, tudo é infinitamente melhor do que ontem. Agora sim nos sentíamos na Jamaica, Red Stripe na mão e reggae da melhor qualidade ali na frente, o palco a poucos metros de nós, espaço para todo mundo sem nenhum tipo de empurra-empurra. E nem sabíamos que o melhor ainda estava para acontecer...
Demonstração de coragem antes do incrível salto no Rick's Cafe, em West End, em Negril, na Jamaica
Pois é, a banda de encerramento do show era o Mighty Diamonds. Confesso que nunca tinha ouvido falar, ignorante que sou, mas a partir de hoje virei fã para sempre. É, talvez, a mais antiga banda de reggae em atividade, tendo sido formada no final da década de 60. Três velhinhos incríveis, um deles o arquétipo do jamaicano, bem negro, cabelos longos cheios de dreads. Todos com cabelos embranquecidos pelo tempo, aquela vibe boa do reggae. Eu e a Ana mal acreditávamos na experiência que estávamos tendo, a sorte de estarmos lá naquele momento mágico. Ficamos imaginando como vários dos nossos amigos adorariam estar ali, curtindo também, e tentamos aproveitar por todos eles ao mesmo tempo. O único porém da história foi que, justo antes de sairmos para o show, a máquina fotográfica reclamou da bateria e, enfim, ficamos sem fotos, apenas memórias que nos acompanharão para sempre, com toda a certeza.
Salto com piruetas de 30 metros de altura no Rick's Cafe, em West End, em Negril, na Jamaica
Sem dúvida, só este show já valeu nossa viagem à Jamaica. Mas ainda temos muito para ver e amanhã seguiremos viagem. Vamos para a costa sul do país, à praia conhecida como Treasure Beach, muito mais tranquila que as concorridas Mo-Bay e Negril. No caminho, passamos por uma das mais belas cachoeiras da Jamaica, que atende pelo curioso nome de Ys Falls.
Fim de tarde disputado e fotografado no Rick's Cafe, em West End, em Negril, na Jamaica
P.S Para quem se interessar, taí o link para a página oficial do Mighty Diamonds: http://www.themightydiamonds.net/
A enorme cobra Cazadora que encontramos nas estradas da Sierra de San Luis, região de Coro, no noroeste da Venezuela
Poucas dezenas de quilômetros ao sul de Coro, a Serra de San Luis se ergue rapidamente, saindo quase do nível do mar para altitudes superiores aos mil metros. Nas suas encostas, a umidade se condensa e o clima muda rapidamente, do seco para o úmido, do calor para o frio. Não é a toa que a vegetação se transforma radicalmente, dos cactos, gramíneas e cerrado lá de baixo para uma floresta verde e densa, típica dos trópicos. Rios correm por todos os lados, formando cachoeiras e quedas d’água, e as estradas têm de serpentear entre cristas e vales, curvas intermináveis sempre seguidas de paisagens de tirar o fôlego, quando as nuvens baixas davam uma chance.
O belíssimo entardecer na Sierra de San Luis, ao sul de Coro, no noroeste da Venezuela
Nosso hotel em Curimagua, na Sierra de San Luis, região de Coro, no noroeste da Venezuela
Para nós, que tínhamos passado a manhã nas dunas dos Médanos de Coro e nas planícies da península de Paraguaná, o contraste foi ainda mais forte. O esforço de chegar aqui ainda ontem foi recompensado com um entardecer inesquecível, mas logo escureceu e tudo o que podíamos “ver” era o clima frio à nossa volta. Dormimos na cidade de Curimagua, em um hotel que deve ter tido seus dias de glória antes da era Chávez, há uns 20 anos, e que agora, assim como boa parte da infraestrutura turística espalhada pelo país, é visivelmente super dimensionado para o número de visitantes atuais. Hotéis, estradas, parques, todos eles parecem pertencer a um país que já existiu, um forte clima de nostalgia e decadência no ar. O resultado disso são preços baratos, infraestrutura meio danificada e envelhecida, um certo charme decadente dos anos 70 e a sensação de que algo tem de mudar...
Painel informativo sobre o Haitón de Guarataro, com mais de 300 metros de profundidade, na Sierra de San Luis, região de Coro, no noroeste da Venezuela
Chegando ao Haitón de Guarataro, na Sierra de San Luis, região de Coro, no noroeste da Venezuela
Bom, de noite, aproveitamos para matar as saudades de um cobertor e, pela manhã, nos regozijamos com o ar de montanha, frio e úmido, nosso hotel cercado por montanhas, vegetação e muitas nuvens, uma fina garoa deixando tudo molhado. Nossa ideia era passar o dia explorando a região e, no final da tarde, voltar para o litoral, para a região do Parque Nacional de Morrocoy. Assim, agenda apertada com o sempre, com sol ou com chuva, não tínhamos tempo a perder!
O enorme buraco natural conhecido como Haitón de Guarataro, com mais de 300 metros de profundidade, na Sierra de San Luis, região de Coro, no noroeste da Venezuela
Deixamos Curimagua para trás em direção à San Luís, o mais charmoso povoado da serra, justamente aquele que dá nome à região. Bem no meio do caminho, uma parada para observar umas das mais estranhas atrações daqui, um gigantesco buraco no solo, uma espécie de caverna vertical em meio a uma floresta densa. Na verdade, existem diversas formações como essa espalhadas pela Serra de San Luis, conhecidas aqui como “Haitón”, e essa que paramos para conhecer é a maior delas, com pouco mais de 300 metros de profundidade!
Igreja da pequena cidade de san Luis, na Sierra de San Luis, região de Coro, no noroeste da Venezuela
O Haitón de Guarataro está no final de uma pequena trilha na mata e só percebemos o gigantesco buraco quando já estávamos em sua borda. Isso porque, apesar da profundidade, ele é bem estreito, doze metros de diâmetro. Mesmos sendo domingo, éramos os únicos visitantes, o que nos deu tranquilidade de pular a cerca de proteção e chegar mais perto dessa verdadeira imagem de pesadelo, um enorme buraco negro, aparentemente sem fundo, entrando nas entranhas da terra. De tão fundo, não consegui ouvir o barulho de nenhuma das pedras que joguei para baixo, apenas o som suave da água da chuva que escoava buraco adentro. Uma placa informativa nos dá os números exatos dessa caverna vertical, inclusive de algumas galerias horizontais que foram encontradas a mais de cem metros de profundidade. Nossa... quem será que desceu lá embaixo nesse lugar assustador?
Com a Morela e sua filha Rosa, na pequena cidade de San Luis, Sierra de San Luis, região de Coro, no noroeste da Venezuela
Depois da caminhada e do buraco, a fome aumentou ainda mais a vontade de chegarmos à San Luís. O tempo finalmente começou a abrir, tornando mais bela a chegada à pitoresca vila escondida no meio de montanhas e florestas. Fácil chegarmos até a igreja, sua torre alta a primeira coisa que vemos de longe, se erguendo sobre as árvores da floresta, mas nada de restaurantes à vista. Imagino que se estivéssemos nos Estados Unidos, seríamos recebidos num lugar lindo como esse com uma rua cheia de lojinhas, pousadas e restaurantes, turistas caminhando para lá e para cá. Aqui, uma simpática praça, mas bem vazia. Finalmente, encontramos um policial que, simpaticamente, nos ensinou como chegar ao único restaurante que estaria aberto, o Don Pepe.
A simpática Rosa, do restaurante onde comemos na pequena cidade de San Luis, Sierra de San Luis, região de Coro, no noroeste da Venezuela
Mas estava fechado. Insisto, bato palmas e, quase desistindo, eis que aparece a simpática Rosa, que logo chama sua mãe Morela. Estavam fechados porque ontem serviram um grupo maior de visitantes, todos venezuelanos, e a comida tinha acabado. Mas se compadeceram de nós e a Morela tratou de arrumar algo, uma simples e deliciosa comida caseira. Era tudo o que queríamos e ainda tivemos a chance de uma longa conversa com mãe e filha. A Morela faz um curso de “chef” em Coro, espírito empreendedor à espera de melhores tempos. A Rosa quer ser médica. Têm saudades do Chávez, que fez muitas coisas boas, como construir casas, de graça, para os mais necessitados. Desconfiam bastante do Maduro e sabem que algo tem de mudar no país. Mas não acreditam que seria com o Capriles...
As belas cataratas de Hueque, na Sierra de San Luis, região de Coro, no noroeste da Venezuela
As belas cataratas de Hueque, na Sierra de San Luis, região de Coro, no noroeste da Venezuela
Saímos de San Luís alimentados, com duas novas amigas e preocupados com o futuro desse país e desse povo que admiramos cada vez mais. Nosso destino são as Cataratas de Hueque, as mais populares cachoeiras dessa região serrana. Finalmente, pleno domingão, encontramos movimento, várias famílias que vieram fazer seu piquenique e farofa ao lado do rio. Para nós, turistas estrangeiros com acesso ao câmbio paralelo, o preço de entrada beira o ridículo, cerca de 30 centavos para os dois. Lá dentro, ao longo de um mesmo rio, inúmeras cachoeiras e cascatas, água bem fria e trilhas mal conservadas.
Visitando as cataratas de Hueque, na Sierra de San Luis, região de Coro, no noroeste da Venezuela
As belas cataratas de Hueque, na Sierra de San Luis, região de Coro, no noroeste da Venezuela
Tiramos nossas fotos, mas não nos animamos para um mergulho. O céu nublado e o longo caminho que nos esperava não são estimulantes. Melhor seguir em frente e deixar o banho de cachoeira para quando chegarmos à Gran Sabana. Voltamos para a Fiona e iniciamos as horas de viagem que ainda nos esperam, crentes que tínhamos terminado as “atrações” do dia.
As belas cataratas de Hueque, na Sierra de San Luis, região de Coro, no noroeste da Venezuela
Que nada! Alguns minutos na estrada esburacada e vemos algo estranho se movendo no asfalto, bem à nossa frente. É uma cobra! Enorme! Uma “cazadora”, espécie perigosa comum na região. Essa aí, tinha tido o azar de cruzar uma estrada e estava meio perdida entre os carros que passavam. Na verdade, furiosa, pois tinham atropelado a sua calda, coitada. Tentava morder qualquer coisa que se aproximasse, inclusive a Fiona, ao invés de correr logo para o acostamento e para a mata salvadora. Nós só podíamos torcer, além de tirar fotos (claro!), para que ela fizesse isso e não fosse atropelada novamente. Nessa hora, queria ser um daqueles apresentadores do Discovery Channel, que não tem medo desses animais e logo os pegam com as mãos, para poder salvá-la. Mas ela não queria conversa não e eu, desajeitado que sou, só pude chegar a poucos metros de distância. Infelizmente, acho que ela não duraria muito tempo, animal magnífico. Partimos antes de assistir o seu fim.
Uma enorme cobra Cazadora que encontramos em uma estrada da Sierra de San Luis, região de Coro, no noroeste da Venezuela
Agora sim, partimos para Morrocoy. Algumas horas de estrada e muitos assuntos na cabeça, desde nossos medos primitivos de buracos sem fundo e serpentes vorazes até um país com paisagens magníficas e um povo vibrante, mas que parece meio perdido, ideologia e incompetência no caminho de um futuro que tinha (e tem!) tudo para ser promissor.
Uma enorme cobra Cazadora que encontramos em uma estrada da Sierra de San Luis, região de Coro, no noroeste da Venezuela
Com os sobrinhos Antonio e Bebel no Beach Park, em Fortaleza, capital do Ceará
Há três anos, em janeiro de 2011, nós viajávamos pelo Ceará, já dentro do projeto 1000dias. Aliás, naquela época, estávamos impressionados com o quão longe a Fiona já tinha nos levado, hehehe. Hoje, para nós, o Ceará é quase como se fosse a esquina de casa! Enfim, passamos mais de duas semanas de explorações nesse estado maravilhoso, da capital ao interior, do litoral ao sertão, do calor das praias ao frescor das serras.
Sem o GPS da Fiona, foi o mapa do ipad que nos ajudou a dirigir de Fortim, no litoral leste cearense, até o Beach park, na capital Fortaleza
Com a bebel e o Antonio, chegando ao Beach Park, em Fortaleza, capital do Ceará
Entre tantos lugares visitados, um deles foi o Beach Park, na região metropolitana de Fortaleza. Foram horas e horas descendo e se divertindo em seus escorregadores (veja o post aqui) num dia nublado e sem muita concorrência no parque. Um dia para voltar a ser criança e realizar um sonho de muito tempo, desde quando essas parques aquáticos nem existiam no Brasil.
O sempre movimentado Beach Park, em Fortaleza, capital do Ceará
O sempre movimentado Beach Park, em Fortaleza, capital do Ceará
O Beach Park é hoje o maior desses parques aquáticos em toda a América Latina. Além das piscinas e tobogãs, também tem hotéis, restaurantes, lojas e uma grande área de praia. Apenas em seus tobogãs, são quase 1 milhão de visitantes por ano, capacidade de receber 8 mil turistas em um único dia. Mas ele começou bem menorzinho! Em 1985, era apenas um restaurante na beira da praia. O primeiro brinquedo aquático foi criado em 1988 e o parque aquático, inaugurado com três toboáguas no ano seguinte. E aí, de atração em atração, de hotel em hotel, ele acabou se transformando nessa máquina de fazer dinheiro que conhecemos hoje.
Com os sobrinhos Antonio e Bebel no Beach Park, em Fortaleza, capital do Ceará
A Bebel em brinquedo do Beach Park, em Fortaleza, capital do Ceará
Pois bem, estamos passando essa semana em Fortim, litoral leste do estado, numa grande reunião familiar. Meus sobrinhos mais jovens, a Bebel e o Antonio, ambos com 14 anos, queriam muito conhecer o famoso parque aquático. Desde que a família decidiu que o encontro seria no Ceará, eles vem fazendo planos para se divertir nos tobogãs gigantes. Só faltava alguém para levá-los até lá. Eu e a Ana, os tios relapsos que passaram os últimos quatro anos longe da família, nos candidatamos para a tarefa. Assim, enquanto “tomássemos conta” deles, também teríamos nossa chance de voltar a ter 14 anos! Estávamos de volta à máquina do tempo!
O Antonio desce acelerado um dos grandes escorregadores do Beach Park, em Fortaleza, capital do Ceará
Essa nuvem de água é a chegada do Antonio depois de descer um dos escorregadores do Beach Park, em Fortaleza, capital do Ceará
Assim, a bordo de um dos carros alugados pela família para ir de Fortaleza até o hotel em Fortim, tomamos o sentido inverso, agora em direção à capital. Resolvemos sentir ao menos o gostinho desses viajantes que saem por aí dirigindo seus carros até outros países em companhia de seus filhos. No nosso caso, sobrinhos! Já entrando no clima e voltando a ser adolescente, passei quase toda a viagem de carro atazanando eles, fazendo terrorismo de que o parque estaria fechado por causa da chuva. Realmente, São Pedro tinha mandado nuvens bem carregadas o perigo de chuva era real, o que colaborava com minhas ameaças.
São e salvo depois de mais uma descida nos escorregadores do Beach Park, em Fortaleza, capital do Ceará
Chegando perto do parque, não vimos nenhum movimento em seus brinquedos. Os dois realmente começaram a temer pelo programa. Mas a explicação para a falta de movimento não era a ameaça de chuva, mas o horário. Chegamos ali justamente na hora de abertura do parque, ao meio-dia. Bastaram alguns minutos para todos as atrações ganharem vida. Na verdade, a ameaça de chuva foi até positiva para nós. Exatamente como há três anos, o tempo nublado nos proporcionou um parque um pouco mais vazio e com menos filas, dando mais tempo para que a gente curtisse as atrações.
A Bebel desce acelerada um dos grandes escorregadores do Beach Park, em Fortaleza, capital do Ceará
Sã e salva depois de mais uma descida nos escorregadores do Beach Park, em Fortaleza, capital do Ceará
Já que o terrorismo da chuva e do parque fechado tinha perdido a sua credibilidade, passei a investir na ideia de que eles não teriam coragem de descer o “Insano”, o mais alto e famoso tobogã do Beach Park. Com 41 metros de altura, o equivalente a um prédio de 14 andares, esse brinquedo não é mesmo para qualquer um. Ao menos o coração deve estar em ordem! A gente literalmente despenca lá de cima, atinge velocidades acima dos 100 km/h, percorre os 41 metros de altura em apenas 5 segundos e se esbolacha na piscina lá embaixo.
Preparando-se para descer de boia com o Antonio mais um dos escorregadores do Beach Park, em Fortaleza, capital do Ceará
Preparando-se para descer de boia com o Antonio mais um dos escorregadores do Beach Park, em Fortaleza, capital do Ceará
É claro que eles não deixariam de ir no Insano. Sentia um certo nervosismo e tensão nos tons de voz, mas o medo não os impediria. Ao contrário, seria um estimulante a mais! De qualquer maneira, a gente resolveu “esquentar” nos tobogãs menores e outras atrações do parque. Aliás, houve uma renovação desde que estivemos aqui em 2011 e a nova atração do parque é um brinquedo chamado Arrepius. Nós subimos em uma torre com quase 30 metros de altura e lá entramos em uma espécie de cápsula com portas de vidro, para que possam nos ver do lado de fora. Aí começa uma tensa contagem regressiva, como se um foguete fosse ser lançado. Mas quando ela chega no zero e as sirenes disparam, ao invés de nós decolarmos, o chão simplesmente se abre sob nossos pés e nós caímos em queda livre. O coração vem na boca quando não sentimos mais nossos pés e nossos rostos não escondem o enorme susto, para delírio de quem nos assiste. Depois de uns poucos metros de queda, chegamos a um tobogã e por ele seguimos até a piscina lá embaixo. Muito legal!!!
O mar visto do alto de um dos escorregadores do Beach Park, em Fortaleza, capital do Ceará
Com os sobrinhos Antônio e Bebel, no alto de um dos escorregadores do Beach Park, em Fortaleza, capital do Ceará
Além desse, a gente também se divertiu muito no Ramubrinká, um tobogã em curvas e túneis em que descemos em boias duplas e quádruplas. Não é muito veloz, mas tem a graça de estarmos juntos e podermos fazer bagunça ao mesmo tempo. Quando queríamos competição, descíamos em um escorregador mais largo, onde várias pessoas descem ao mesmo tempo e apostam corrida para ver quem chega em primeiro lugar.
O temido Insano, o mais alto escorregador do Beach Park, em Fortaleza, capital do Ceará
O Antonio "despenca" pelo Insano, o maior escorregador do Beach Park, em Fortaleza, capital do Ceará
Mas a maior atração continua mesmo sendo o Insano. Depois de algumas escorregadas nas outras atrações, não teve mais como segurar e fomos todos à torre do Insano. Subir até o alto já dá tanto trabalho que, depois de um esforço desses, não descer pelo tobogã deixa de ser uma alternativa. Quando muito, podemos passar um tempo lá em cima aproveitando a bela vista da região, enquanto recuperamos o ar nos pulmões e ganhamos coragem. Quando chega a vez delas na fila, muita gente resolve deixar as pessoas que vem atrás passarem na frente. Alguns ficam lá por meia hora, só se concentrando. É uma questão de vida ou morte para eles, pois se não descerem, vão aguentar gozações dos amigos pelo resto da vida. Esse não foi o nosso caso, claro, por mais que eu tentasse instigar o medo neles. Que nada! Chegou a vez de cada um, muito sérios e compenetrados foram para o ponto de lançamento e se jogaram no abismo, deixando o tiozão muito orgulhoso dos sobrinhos!
A bebel enfrenta sem medo o Insano, o mais alto escorregador do Beach Park, em Fortaleza, capital do Ceará
Ainda vivos, depois de passar pelo Insano, o mais alto escorregador do Beach Park, em Fortaleza, capital do Ceará
Depois da primeira vez, o medo quase sumiu e muitas outras descidas se seguiram. O rosto tenso no momento da partida agora era um sorriso de orelha à orelha. O tio mesmo só foi duas vezes. A experiência de três anos atrás me ensinou que, mais tarde, as dores nas costas cobram o seu preço. Então, melhor não abusar!
Com os sobrinhos Bebel e Antonio, depois de mais uma escorregada no famoso Insano, no Beach Park, em Fortaleza, capital do Ceará
E assim foi nosso retorno ao Beach Park. Em 2011, teve o charme da primeira vez. Mas agora, teve a companhia e a graça dos sobrinhos, alegria compartilhada entre quatro pessoas e não mais apenas duas. Teve o orgulho de tio e teve o deleite do brinquedo novo, aquele do piso que se abre sob nossos pés. E teve também o prazer de compartilhar um pedacinho dos 1000dias com essas duas figuras, Bebel e Antonio. Nem preciso ser mais explícito, então, para dizer qual das duas vezes gostei mais. Ou preciso?
Com os sobrinhos Antônio e Bebel, no alto de um dos escorregadores do Beach Park, em Fortaleza, capital do Ceará
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