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Karina (27/09)
Olá, também estou buscando o contato do barqueiro Tatu para uma viagem ...
ozcarfranco (30/08)
hola estimado, muy lindas fotos de sus recuerdos de viaje. yo como muchos...
Flávia (14/07)
Você conseguiu entrar na Guiana? Onde continua essa história?...
Martha Aulete (27/06)
Precisamos disso: belezas! Cultura genuína é de que se precisa. Não d...
Caio Monticelli (11/06)
Ótimo texto! Nos permite uma visão um pouco mais panorâmica a respeito...
Praia em Mancora, no litoral norte do Peru
Dia de sol na praia, bem tranquilo. Estávamos completamente desacostumados com essa combinação perfeita, hehehe. Ficamos bem folgados no nosso hotel, demos uma caminhada na praia, compramos uma canga tamanho casal, tomei cerveja na beira da piscina (A Ana ainda está de molho!), enfim, tudo o que pessoas normais fazem nessa situação.
Nosso hotel em Mancora, no litoral norte do Peru
A praia foi, até agora, a melhor em que já estivemos aqui no Oceano Pacífico. Praia de areia, boa para caminhar, água fria mas bem suportável. Até que enfim um Oceano Pacífico mais "amigável". Mas, para quem está acostumado com as maravilhosas praias brasileiras, a beleza dessa aqui é bem mais ou menos. Tudo questão de referência, claro.
Dia de sol em Mancora, no litoral norte do Peru
Bonito mesmo foi o fim de tarde e o pôr-do-sol. Uma festa para quem estava com máquina fotográfica, caso da Ana. Difícil é escolher as melhores
Caminhando na praia em Mancora, no litoral norte do Peru
De noite, fomos dar uma volta no centrinho. Bem movimentado, afinal, hoje é sábado. Muito parecido com o centrinho de praias badaladas do Brasil, cheio de barzinhos com música alta, gente com pinta de surfista, cabelo desarrumado, pouca roupa, cara de malandro. Achamos um restaurante gostoso longe da balbúrdia e comemos uma comida gostosa. A Ana segue melhorando e já pode comer coisas além do frango...
Inca Cola, o famoso refrigerante nacional do Peru, com gosto de Tutti-Frutti (em Mancora, no litoral norte do país)
Hoje foi nossa última noite no Peru por um bom tempo. Agora, só quando chegarmos em Cusco, vindos do Acre, daqui a um ano. Muita água para rolar embaixo da ponte, muito asfalto para passar embaixo da Fiona.
Belo pôr-do-sol no Oceano Pacífico, em Mancora, no litoral norte do Peru
Amanhã, vamos para o Equador, nosso vigésimo-quarto país e o décimo da Fiona. O plano é chegar até Guayaquil, a maior cidade do país. Para mim, território completamente novo, pois só tinha chegado até o Peru anteriormente. Aos poucos a ansiedade, típica de quem parte para o desconhecido, toma conta de mim. Sensação ótima, diga-se!
Nosso "escritório" em Mancora, no litoral norte do Peru
Aliás, não tinha dito ainda mas conseguimos re-acertar nossa viagem para Galápagos. Viva! Agora será no dia 25 de Setembro, voando de Quito, e embarcando num barco diferente do original, que não ficou pronto. Mesmo esquema: live aboard de 8 dias/7 noites, mergulhando sem parar. Depois, mais dois dias em terra, tentando ver o que for possível dessas ilhas maravilhosas. Nossos padrinhos Rafa e Laura estarão conosco, os mesmos que nos encontraram em Itaúnas, ano passado, no meu aniversário. Dessa vez, vão passar o aniversário da Ana conosco, dia 20 desse mês. Isso porque estão chegando 10 dias antes do live aboard para viajarem conosco pelo Equador. Vamos encontrá-los em Quito no dia 15. O que sobrou de chato dessa mudança de barco e de datas é que o primo Haroldo, o mesmo que esteve conosco em Fernando de Noronha não virá mais nos encontrar. Para ele, a mudança de datas foi fatal. Uma pena! Bem, se não foi por aqui, certamente será em outro lugar especial desse nosso continente. É esperar para ver...
O céu colorido do final de tarde em Mancora, no litoral norte do Peru
Chegando aos pilares de South Pier, no sul de Bonaire
Com tantos pontos de mergulho ao redor da ilha e com apenas alguns dias de explorações pela frente, tínhamos a difícil tarefa de escolher onde mergulhar. Normalmente, quando se mergulha através de uma agência, essa escolha fica com eles que são os conhecedores da área. Mas nós estamos mergulhando de forma independente por aqui e assim, dessa vez, a escolha era nossa.
Nosso carro em Bonaire (no South Pier, no sul da ilha)
Uma boa conversa com o francês que é dono do nosso hotel foi o melhor caminho. Ele nos explicou que os mergulhos no norte são um pouco diferentes dos do sul, que não valia o trabalho de se deslocar até Klein Bonaie pelos poucos dias que tínhamos e, enfim, fez uma lista de lugares que gostava. Dessa lista, escolhemos ao mesmo tempo mergulhos variados entre si (sul, norte, naufrágio, pier, profundo, raso, etc...) e que nos dessem a oportunidade de rodar por toda a ilha.
Placa sinalizadora de ponto de mergulho em South Pier, no sul de Bonaire
Hoje, partimos para o sul da ilha. O primeiro mergulho foi no extremo sul de Bonaire, bem ao lado de um farol. No caminho, sempre beirando o mar, pudemos ver e localizar as dezenas de pontos de mergulho, sempre bem marcados com as famosas pedras amarelas. As praias são sempre muito estreitas. São de coral, e não de areia. A gente percebe facilmente uma faixa mais clara de água (a parte rasa) e, a menos de 100 metros de distância, a parte escura, onde estão os recifes e corais. Em quase todos os pontos já há camionetes estacionadas, sinal de que alguém já está mergulhando por ali. Uma coisa que chamou muito nossa atenção é a quantidade de idosos mergulhando. Casais e amigos com mais de 70 anos de idade aproveitando a "melhor idade" para praticar essa saudável atividade que é o mergulho. Preferem Bonaire porque aqui não há os normalmente incômodos trechos de barco.
Mergulhando em South Pier, no sul de Bonaire
Esse mergulho foi bem tranquilo e relaxante. Com a experiência do mergulho do dia anterior, já resolvemos fazer este sem roupa de mergulho, apenas uma camiseta. Com uma temperatura de água acima dos 30 graus, qualquer peso a menos torna o mergulho ainda mais gostoso. Sem roupa e, consequentemente, com menos lastro, a gente se locomove muito mais fácil lá embaixo. Uma delícia!
Extração de sal em South Pier, no sul de Bonaire
Voltamos para Kralendijk pelo outro lado da ilha, completando o loop sul de Bonaire (o mapa está no post anterior), região cheia de salinas e lagos, quase sem elevações. Almoçamos na nossa casinha, pegamos nossos tanques que já haviam sido "reenchidos" e voltamos para o sul, dessa vez para mergulhar em South Pier, um dos mergulhos mais interessantes de Bonaire.
Os pilares submersos parecem troncos de uma floresta em South Pier, no sul de Bonaire
Passando por entre os pilares submersos de South Pier, no sul de Bonaire
Aqui, mergulhamos por entre os pilares de um grande pier onde atracam navios para o carregamento de sal. Além das centenas de peixes coloridos e do verdadeiro jardim de corais, o que mais chama a atenção é a verdadira "floresta" de pilares. Parecem grandes troncos de árvores submersas e, com a transparência da água, o efeito é mesmo impressionante. Uma floresta frequentada por peixes, e não por pássaros e mamíferos. Os mergulhadores ficam diminutos perto daquelas colunas que chegam a vinte metros de profundidade e se erguem outros dez metros acima d'água, para sustentar construções e pequenas cabinas lá encima.
A visão do pier acima d'água visto de 20 metros de profundidade, no South Pier, no sul de Bonaire
A visão do pier acima d'água visto de 20 metros de profundidade, no South Pier, no sul de Bonaire
Aliás, essa foi a mais bela visão do mergulho. Conseguir observar essas pequenas casas acima da linha d'água, mesmo estando a 20 metros de profundidade. Parece que estamos em outro mundo, uma mistura de Avatar e de Waterwold. Impressionante! Um dos mais belos e interessantes mergulhos dessa viagem!
Peixe-anjo em mergulho no South Pier, no sul de Bonaire
Cardume em mergulho em South Pier, no sul de Bonaire
Amanhã é dia de seguirmos para a parte norte da ilha, onde o recife é mais inclinado e as profundidades são maiores. É lá também que está o Parque Nacional que protege boa parte da flora e fauna da ilha. Vamos conferir!
Saino da água após mergulho em South Pier, no sul de Bonaire
Início oficial da rodovia Transpantaneira, entre Poconé e Porto Jofre, no Mato Grosso
Ainda no final da tarde de ontem, deixamos a Chapada dos Guimarães para trás, seguindo para o sul. Foram pouco mais de 60 quilômetros até a capital Cuiabá, a qual apenas cruzamos mais uma vez, e outros 120 quilômetros até Poconé, portal de acesso ao Pantanal Norte. Será apenas quando voltarmos do Pantanal, em dois dias, que vamos parar na capital, na nossa terceira passagem pela cidade, já na nossa rota para o Mato Grosso do Sul.
O roteiro da Transpantaneira, saindo de Poconé (A), ao sul de Cuiabá e chegando à Porto Jofre (B). A ideia original era que a estrada chegasse à Corumbá, no Mato Grosso do Sul
A pequena e pacata cidade de Poconé está no meu radar desde meados da década de 90, por causa do grupo mineiro Skank e seu hit “Samba Poconé”. Desde então, meu imaginário criou uma cidadezinha meio nordestina em pleno Pantanal, cheia de bares onde se dançava forró e onde a noite ia longe. Pura imaginação pois, como disse, a Poconé de verdade é bem pacata. Nós dormimos por aqui duas vezes, na ida e na volta e, na segunda noite, fiz questão de sair para uma cerveja, mas realmente, por mais que eu tivesse idealizado, essa não é uma Itaúnas pantaneira.
Portal de entrada de Poconé, no Mato Grosso
Igreja matriz de Poconé, no início da rodovia transpantaneira, no Mato Grosso
Não, a fama real de Poconé não vem de seu forró ou samba. Vem do fato dela ser o ponto inicial de uma das mais singulares rodovias brasileiras, a Transpantaneira. Essa estrada foi mais uma tentativa do governo militar nos anos 70, assim como a Transamazônica, de colonizar e levar o “progresso” aos mais isolados rincões do território brasileiro. A ideia original era atravessar todo o Pantanal, ligando Poconé à Corumbá, na época parte de um mesmo e único Mato Grosso. Mas a rodovia parou pela metade, nas margens do rio Cuiabá, no que viria a ser a fronteira do Mato Grosso e Mato grosso do Sul, assim que o estado foi desmembrado, alguns anos depois.
A Fiona passa sobre uma das mais de cem pontes da rodovia Transpantaneira, entre Poconé e Porto Jofre, no Mato Grosso
A Fiona passa sobre uma das mais de cem pontes da rodovia Transpantaneira, entre Poconé e Porto Jofre, no Mato Grosso
Dizem que os construtores da estrada não esperavam tantas dificuldades, principalmente na época das cheias. São cerca de 140 km de estradas de terra e quase 120 pontes, quase todas de madeira. A construção parou exatamente na travessia do mais largo rio da jornada, o que requeria investimentos maiores. Que sorte para a flora e fauna desse lugar de características únicas no mundo, a maior planície alagável do planeta.
Fiona atravessa ponte na rodovia Transpantaneira, entre Poconé e Porto Jofre, no Mato Grosso
A Fiona se enche de pó ao cruzar a Transpantaneira, região de Poconé, no Mato Grosso
Sorte da natureza, sorte nossa também. A parte construída da estrada é nosso melhor acesso às belezas e segredos do Pantanal, dando-nos a chance de chegar mais perto dessa região sem depender de passeios caros e demorados. Na época da seca, justamente agora, é possível a qualquer carro percorrer essa estrada, desde que se tenha paciência por dirigir por longos trechos de estrada reta e poeirenta. A recompensa será a visão de diversas espécies de animais, entre aves e peixes, mamíferos e répteis, todos em seu ambiente natural, vivendo como viviam já há milhares de anos nessas mesmas planícies alagadas.
Pássaros bloqueiam a rodovia Transpantaneira, entre Poconé e Porto Jofre, no Mato Grosso
A Ana filma revoada de pássaros na rodovia Transpantaneira, entre Poconé e Porto Jofre, no Mato Grosso
Para nós, o ideal seria mesmo podermos seguir diretamente até Corumbá, sem ter de dar a longa volta rodeando o Pantanal. Fizemos várias pesquisas na internet para saber se isso era possível, mas quase não há informações. O rio Cuiabá pode ser cruzado de balsa, mas isso deve ser agendado com antecedência e não é muito barato. Depois, do lado de lá, há uma rede de pequenas estradas de fazendas e, acompanhados de um guia ou com muita raça, coragem, GPS e mantimentos, é possível seguir para o sul e, eventualmente, chegar à região de Corumbá. Tem de ser feito na época da seca, mas foi só quando chegamos aqui que conseguimos um pouco mais informações sobre esse incrível e desconhecido roteiro. Mas aí, nossa programação já era outra. Essa grande aventura, a chance de conhecer um Pantanal que poucos conhecem, vai ter de esperar...
Gaviões nos esptreitam na rodovia Transpantaneira, entre Poconé e Porto Jofre, no Mato Grosso
Um tucano nos observa enquanto dirigimos pela Transpantaneira, região de Poconé, no Mato Grosso
Um lindo pássaro nos observa em Porto Jofre, no final da rodovia Transpantaneira, no Mato Grosso
Enfim, só a chance de percorrer a Transpantaneira ida e volta já foi um presente. Como disse acima, essa é uma das melhores maneiras de se ver o Pantanal de forma independente, para quem não tem um bom barco de pesca. Ao longo da estrada, são inúmeras as chances de ser ver pássaros como o famoso tuiuiú, os milhares de jacarés que disputam espaço nas praias e lagoas, as simpáticas capivaras e até animais como búfalos, veados, antas e as enormes emas. Para quem tem muita sorte, até onças são avistadas na estrada, embora esse seja um encontro mais raro. Mas, para quem gosta de pássaros, não é preciso nenhuma sorte: são dezenas de espécies e elas estão por todos os lados.
O belo cenário da rodovia Transpantaneira, entre Poconé e Porto Jofre, no Mato Grosso
Fim de tarde na rodovia Transpantaneira, entre Poconé e Porto Jofre, no Mato Grosso
Já a paisagem, ela é mais bela na época das cheias, quando a água ocupa boa parte da planície. Mas aí, a própria estrada pode ser interrompida e apenas veículos grandes e/ou tracionados que costumam percorrer esses quilômetros enlameados. Além disso, com tanta água por ali, fica mais difícil avistar a vida selvagem, que não precisa mais se acumular em poucos pontos de água, como é agora.
Grupo de turistas sai de barco para passeio em rio ao lado da Transpantaneira, entre Poconé e Porto Jofre, no Mato Grosso
Excursão de turistas na rodovia Transpantaneira, entre Poconé e Porto Jofre, no Mato Grosso
A maior parte do turismo no Pantanal é feito na sua porção sul, do lado do Mato Grosso do Sul. Os turistas viajam para as fazendas localizadas na região e de lá, em excursões, percorrem os rios de barco ou as planícies de cavalo. Não é um turismo barato e quase sempre tudo é feito através de pacotes, que inclui transporte, acomodação e pensão completa. Difícil escapar de grupos e do “esquema”. Uma alternativa são as excursões de pesca, para quem gosta dessa atividade. Os barcos entram no coração do pantanal e, para quem tem disposição de passar alguns dias navegando e comendo peixe, pode ser uma boa alternativa.
Um jacaré nada solitário em lagoa ao lado da rodovia Transpantaneira, entre Poconé e Porto Jofre, no Mato Grosso
Um jacaré em meio a folhagens ao lado da rodovia Transpantaneira, entre Poconé e Porto Jofre, no Mato Grosso
Mas, para quem quer depender das próprias rodas, a melhor opção é mesmo a Transpantaneira, do lado norte do Pantanal. Mas dormir ao longo da estrada também não é barato. Diárias acima de 400 reais em hotéis que nem são luxuosos são a norma, a única alternativa sendo ir e voltar no mesmo dia ou então, enfrentar uma noite em uma barraca. Aqui, pelo menos, é mais fácil escapar dos pacotes, e como estamos com nossas próprias rodas, é possível nos programarmos para apenas uma noite mais cara, ao invés de termos de comprar pacotes de três, quatro ou até sete dias. Pagando quinhentos reais por dia, uma semana vai sair mesmo bem caro...
Uma das muitas revoadas de pássaros na nossa passagem pela Transpantaneira, região de Poconé, no Mato Grosso
São dezenas de espécies de pássaros ao longo da Transpantaneira, entre Poconé e Porto Jofre, no Mato Grosso
Enfim, aqui no Pantanal norte, acho que uma noite é o mínimo que se deveria ficar. Afinal, além de percorrer toda a estrada, certamente o ponto alto da viagem é um passeio de barco, o que costuma tomar várias horas. A maioria dos hotéis está localizada na primeira metade da estrada e esses passeios são realizados em um rio que está a meio caminho entre Poconé e Porto Jofre, no rio Cuiabá. Portanto, boa parte dos turistas só vai até aí. Mas, sinceramente, as maiores belezas estão mesmo na parte final da estrada e o passeio de barco no próprio rio Cuiabá é muito mais promissor. Há uns poucos hotéis ao redor do quilômetro 100, onde nós ficamos, e um hotel bem caro bem no final da estrada, em Porto Jofre. Daí, saem passeios de barco que percorrem o rio e seus afluentes e é onde as chances de se ver onças são maiores, principalmente nessa época do ano. Na verdade, é o melhor lugar do mundo para se ver onças e nós, que estamos percorrendo a América atrás delas, depois de 3 anos sem conseguir, estávamos colocando todas as fichas nessa oportunidade.
Um lindo pássaro voa sobre a Fiona na Transpantaneira, entre Poconé e Porto Jofre, no Mato Grosso
Tuiuius atravessam calmamente a rodovia Transpantaneira, entre Poconé e Porto Jofre, no Mato Grosso
Por isso, toda a nossa programação girou em torno disso. Tínhamos de fazer esse passeio de barco, portanto tínhamos de passar uma noite por ali. A melhor opção eram os hotéis mais próximos de Porto Jofre e, para chegarmos até lá, o melhor é fazer a estrada bem cedinho, quando as possibilidades de avistamento de animais são bem maiores. Ou então, no final da tarde e início da noite. Com esses horários e ideias em mente, montamos a programação: uma noite em Poconé, saímos bem cedinho para fazer a estrada, vamos até Porto Jofre para conhecer toda a Transpantaneira e retornamos um pouco, até nosso hotel. No dia seguinte, vamos cedinho para Porto Jofre e fazemos nosso passeio de barco de dia inteiro. Por fim, no final da tarde, já escurecendo, percorremos toda a estrada de volta, para chegarmos de volta à Poconé e aos preços civilizados novamente!
Um grupo de emas no início da Transpantaneira, entre Poconé e Porto Jofre, no Mato Grosso
Tuiuius sãos comuns ao longo da Transpantaneira, entre Poconé e Porto Jofre, no Mato Grosso
E assim foi. Logo cedo saímos de Poconé e, quanto mais nos afastamos da cidade e mais pontes atravessávamos, mais entrávamos no Pantanal, sensação de estarmos longe da civilização e em plena natureza. Logo de início, já vimos as gigantescas emas, os maiores pássaros das Américas e não demorou muito para começarmos a avistar os tuiuiús, os mais pesados pássaros do mundo a voar. Com sua grande mancha vermelha na altura do pescoço, são mesmo inconfundíveis, marca registrada do Pantanal, seja no Brasil, seja na Bolívia, onde já o tínhamos visto. É mesmo um pássaro enorme, principalmente quando está voando, com suas asas abertas. Ver um bicho desse tamanho, mas com destreza de levar pequenos ramos em sua boca para construir seus ninhos, trabalho sempre em equipe (casal!) foi mesmo emocionante!
Um tuiuiu constroi seu ninho ao lado da rodovia Transpantaneira, entre Poconé e Porto Jofre, no Mato Grosso
Um casal de tuiuius descansa em seu ninho na Transpantaneira, entre Poconé e Porto Jofre, no Mato Grosso
O lindo voo do tuiuii, na rodovia Transpantaneira, entre Poconé e Porto Jofre, no Mato Grosso
Além dos tuiuiús, são cegonhas, tucanos, araras, periquitos, gaviões, martins-pescador e um sem número de espécies que fazem a alegria de ornitólogos e bird-watchers do mundo inteiro. Mesmo para leigos como nós, ver uma revoada de andorinhas é uma coisa, mas uma revoada de enormes cegonhas é outra!
São milhares de jacarés ao longo da rodovia Transpantaneira, entre Poconé e Porto Jofre, no Mato Grosso
Capivara em meio a jacarés ao lado da Transpantaneira, entre Poconé e Porto Jofre, no Mato Grosso
Além dos pássaros, o que mais se vê são jacarés. Às centenas! Um verdadeiro congestionamento deles nas praias que se formam ao longo dos lagos ao lado da estrada. O interessante é que aqui no Pantanal, eles não estão no topo da cadeia alimentar. Eles são comida costumeira de onças, essas assim as rainhas do pedaço. Mesmo tuiuiús e capivaras não parecem temer esses répteis de cara feia, pois caminham entre eles tranquilamente. Por mais de uma vez, vimos capivaras descansando tranquilamente entre dezenas de jacarés. Acho que são tantos peixes no cardápio que eles nem olham para os mamíferos e aves.
Encontro com jacarés na Transpantaneira, entre Poconé e Porto Jofre, no Mato Grosso
Uma capivara nos observa na rodovia Transpantaneira, entre Poconé e Porto Jofre, no Mato Grosso
Falando em mamíferos, eu esperava ver mais capivaras, mas nem foram tantas assim. Ficamos muito mal acostumados com os llanos, na Venezuela, onde tínhamos visto milhares delas. Aliás, também influenciados pelos llanos, estávamos esperando ver uma infinita planície alagada por aqui, mas talvez pela época do ano, achamos tudo bem seco, uma lagoa aqui e outra ali. Foi só chegando mais Perto de Porto Jofre que começou a aparecer aquela paisagem mais clássica do Pantanal, mas ainda longe daquelas imagens cinematográficas que passavam na antiga novela da Rede Manchete, que marcou época na TV.
Encontro com um veado ao lado da rodovia Transpantaneira, entre Poconé e Porto Jofre, no Mato Grosso
Encontro noturno com búfalos na rodovia Transpantaneira, entre Poconé e Porto Jofre, no Mato Grosso
Mas, voltando aos mamíferos, além das capivaras, também observamos uns poucos veados, duas enormes antas, alguns porcos do mato e os poderosos búfalos. Esses, vimos de noite, já na nossa viagem de volta, horário em que costumam ocupar a estrada. Aí, é preciso negociar com a manada a passagem da Fiona, sensação de estarmos na África. Levam boa vida por aqui, perto dos terrenos alagadiços que tanto amam e longe dos leões, seus únicos inimigos naturais. Já as antas, essas não, são arredias e tratam logo de correr para se esconder. Afinal, sua inimiga natural, a onça, pode estar ali por perto.
Encontro com uma anta na Transpantaneira, entre Poconé e Porto Jofre, no Mato Grosso
Encontro com coruja na Transpantaneira, entre Poconé e Porto Jofre, no Mato Grosso
Uma linda arara azul em nosso hotel na rodovia Transpantaneira, entre Poconé e Porto Jofre, no Mato Grosso
E assim foi nossa passagem por essa estrada, parte da nossa experiência pantaneira, cujo ponto alto seria mesmo o passeio de barco. A noite foi num hotel bem gostoso e simples, longe de tudo e de todos, céu estrelado e comida caseira. Bem cedinho, fomos acordados pelo canto estridente das araras azuis, que se reúnem àquela hora nas palmeiras do hotel. Não muito longe dali, a meio caminho do rio Cuiabá, foi onde encontramos a pesada e assustada anta e também uma enorme coruja, bem tranquila, no alto de sua árvore. Encontros bem especiais, mas que apenas antecipavam outro encontro ainda mais especial que nos aguardava ao longo dos barrancos do rio Cuiabá. Mas isso é outra história...
Chegando à Porto Jofre, no final da rodovia Transpantaneira, no Mato Grosso
Encontro com turistas espanhóis em Porto Jofre, no final da rodovia Transpantaneira, no Mato Grosso
Balada no Nikki - South Beach
Aproveitamos a manhã do nosso oitavo dia de viagem para tentar colocar nossas tarefas em dia. É claro que não conseguimos, mas demos uma adiantada nos textos e fotos. Mas como deixamos muita coisa acumular, está difícil de organizar tudo, principalmente as fotos e vídeos. A gente chega lá...
De tarde, voltamos para Miami. Trânsito infernal para sair de Key Biscayne, devido à final do torneio de tênis, feriado de páscoa e spring break. Resultado: uma hora e meia no taxi que deveria ter demorado de 15 a 20 minutos e 45 dólares mais pobres. Fomos para South Beach, ou Playa del Sur, como a Ana gosta de chamar. Lá, encontramos a Ju e o David no agitadíssimo Nikki Bar, na beira da praia, na rua 1. Um lounge bar que segue agitado do meio dia às 5 da manhã, principalmente nos domingos, como hoje. Novamente, pudemos observar uma verdadeira mistura de etnias e línguas. Aqui, o português também estava bem representado, com muitos brasileiros no bar. Engraçado, ou estranho, é que as etnias se misturam, pero no mucho. Cada um no seu grupinho. As mulheres aqui são mais, hmmmm... "assanhadas", eu diria. Principalmente as gordinhas. Dançam, mexem e remexem as suas gordurinhas, sempre à mostra, com muito orgulho. Já os homens, muitos bombados e meio abobalhados. E a gente vai se acostumando, aos poucos, com a fauna e flora locais...
Balada no Nikki - South Beach
Nós chegamos no Nikki lá pelas 5:30 da tarde. O sol se põe perto das 8. Um pouco depois disso, nos despedimos da Ju e do David, que voariam no dia seguinte, cedinho, de volta à vida séria em NY. Nós ainda ficamos no bar, agora na pista de dança, por algumas horas. Foi bem gostoso. Já de madrugada, comemos aquela junk food de lei (afinal, estamos no país das junk foods!) e voltamos para Key Biscayne. A esta hora, pista livre e em 15 minutos chegamos na nossa base em Miami. Ansiosos por uma longa noite de sono.
Um dos muitos lagos no Parc National de La Mauricie, província de Quebec, no Canadá
Depois de duas grandes cidades, agora queríamos conhecer um pouco da exuberante natureza do Canadá. O país é famoso pela beleza de seus Parques Nacionais e somente na província de Quebec são dezenas deles. Ficamos até tontos com tantas possibilidades, principalmente com o pouco tempo que temos por aqui. Era preciso fazer nossas escolhas...
Algumas folhas se adiantam e já tem a cor do Outono, no Parc National de La Mauricie, província de Quebec, no Canadá
Foi fácil eliminar de cara aqueles que só são acessíveis de avião e de barco. Apesar das belezas selvagens ali existentes, não estão ao nosso alcance, pelo menos não dessa vez. Pela grande distância, eliminamos vários outros. Como já disse algumas vezes, Quebec é do tamanho do estado do Amazonas e, para chegar ao outro lado da província, seriam necessários alguns dias de estrada.
Lendo informações sobre o processo de formação da maravilhosa paisagem no Parc National de La Mauricie, província de Quebec, no Canadá
A Ana começou a ler a descrição dos outros parques, alguns interessantíssimos, em ilhas, na beira do mar, com grandes canyons, com vida selvagem e por aí vai. A vontade e a dúvida só iam aumentando, até que ela chegou no Parc de La Mauricie. Esse tinha de tudo: montanhas, cachoeiras, rios, muitos lagos, vida selvagem e, melhor de tudo, estava na direção e distância corretas. É para lá que fomos hoje!
Fiona em frente ao nosso hotel em Quebec, no Canadá
Saímos já saudosos de Quebec, na direção oeste (que será o nosso sentido ao longo do próximo mês!), ligeiramente para o norte. Aliás, hoje foi o recorde de latitude norte da Fiona. Só será batido novamente depois de termos atravessado os Estados Unidos e entramos novamente no Canadá, em Alberta, aí sim na direção do Alaska. O recorde da viagem, mas sem a Fiona (ela não se conforma!), foi em Ilulissat, na Groelândia. Fomos acima do Círculo Polar Ártico. Recorde imbatível, pois nem no Alaska chegaremos tão “alto”...
Início de trilha no Parc National de La Mauricie, província de Quebec, no Canadá
Não demorou muito e atravessamos a zona rural da província, fazendas de trigo e milho espalhadas por uma grande área de planície e chegamos à região montanhosa, prenúncio de que o parque estava próximo. Outro sinal foi a quantidade de lagos, a marca registrada desse parque nacional.
Paisagem do Parc National de La Mauricie, província de Quebec, no Canadá, durante a trilha até o Lac Solitaire
Pois é, alguns minutos depois e chegamos à entrada do Parc National de La Mauricie. A primeira bela surpresa foi no centro de visitantes, onde uma atenciosa guarda-parque nos recebeu com todas as informações. Dissemos a ela o tempo que tínhamos e do que gostávamos e rapidamente ela já nos deu um mapa e nos sugeriu trilhas e caminhos pelo parque. Muito eficiente, sem nenhuma enrolação. Muito legal!
A Nikon se esgueira para tirar boas fotos no Parc National de La Mauricie, na província de Quebec, no Canadá
Chegando ao belíssimo Lac Solitaire, no Parc National de La Mauricie, província de Quebec, no Canadá
A segunda surpresa foi a estrutura do parque. Dezenas de trilhas muito bem marcadas, uma estrada asfaltada que atravessa toda a parte sul do parque, abrigos bem construídos ao longo das trilhas mais longas, mapas detalhados e painéis explicativos com informações relevantes sobre fauna, flora, geologia e outros assuntos, espalhados pelo parque. Coisa de primeiro mundo.
O maravilhoso Lac Solitaire, no Parc National de La Mauricie, na província de Quebec, no Canadá
O maravilhoso Lac Solitaire, no Parc National de La Mauricie, na província de Quebec, no Canadá
O Parc de La Mauricie é frequentado no verão por amantes do trekking, ciclistas ou famílias em busca de um bom banho de lago. No inverno, são os esquiadores que procuram o parque para a prática do cross-country. Assim, para os amantes da natureza, há programas o ano todo!
Delicioso banho no Lac Solitaire, no Parc National de La Mauricie, província de Quebec, no Canadá
Nós, seguindo o roteiro traçado pela simpática guarda-parque, passamos por alguns mirantes, ainda de carro, para observar o rio e alguns lagos e chegamos ao início de uma trilha que nos levaria ao Lac Solitaire, no meio de montanhas. Uma agradável caminhada de poucos quilômetros e pouca inclinação, sempre na sombra agradável das matas nos levou até lá. Paisagem magnífica, bem a cara do Canadá do verão que vemos em filmes: um lago de águas cinematográfico de águas bem calmas cercado por uma mata verdejante que cresce sobre as montanhas (imagino que no inverno a paisagem mude completamente!).
Trilha no Parc National de La Mauricie, província de Quebec, no Canadá
Trilha no Parc National de La Mauricie, província de Quebec, no Canadá
No alto de uma pedra, bem no primeiro ponto de onde pudemos ver o lago lá embaixo pela primeira vez, aí paramos para a primeira metade do nosso piquenique, com aquele maravilhoso cenário na nossa frente. Os sanduíches ficaram até mais gostosos, hehehe!
Praia em um dos lagos do Parc National de La Mauricie, província de Quebec, no Canadá
Depois, foi descer até o lago para um mergulho inesquecível em suas águas quase virgens. O incrível é que, entre todas as pessoas que encontramos no caminho (umas dez), fomos os únicos a entrar no lago. Incrível mesmo, pois a água nem estava fria e a beleza era indescritível. Um pecado, não nadar ali. Vai entender esses canadenses...
Painel informativo sobre o processo de formação das paisagens do Parc National de La Mauricie, província de Quebec, no Canadá, durante a última era glacial
Depois do banho, outro pedaço de caminhada, mais mata e muitos mirantes para outros lagos no caminho. Poderíamos ter optado por trilhas mais longas, que nos levariam até a beira de outros lagos, quiçá para mais mergulhos. Mas ainda tínhamos muitas outras atrações pela frente, além de ainda ter de pegar estrada. Ficamos na trilha mais curta mesmo.
Os lagos e magníficas paisagens do Parc National de La Mauricie, província de Quebec, no Canadá
Novamente no carro, fomos percorrendo a estrada que atravessa o parque, parando aqui e ali nos diversos mirantes e atrações. Entre elas, uma praia de lago muito frequentada por famílias. Mas, depois do nosso banho privado no maravilhoso “Lago Solitário”, não animamos muito naquela praia cheia de gente. Seguimos em frente até o ponto mais alto da estrada, de onde se observa vários lagos e com diversos painéis explicativos de como as enormes geleiras da última era glacial moldaram o relevo da região, transformando rios em lagos e antigas passagens em vales fechados. Cada vez ais vamos nos impressionando com o “poder de ação” dessas geleiras. Nenhum lugar do Canadá e do norte dos Estados Unidos escapou de sua ação há 20 mil anos. Também, eram quilômetros de gelo passando sobre a mais alta das montanhas. Que força tem a natureza!
Cachoeira no Parc National de La Mauricie, província de Quebec, no Canadá
No meio do caminho, tinha uma cobra! (no Parc National de La Mauricie, província de Quebec, no Canadá)
Seguimos pela estrada e, muitos lagos depois, chegamos a um ponto para fazer nova trilha. O objetivo agora era chegar a uma cachoeira. Ela nem se mostrou muito bonita, mas o caminho até lá, esses sim valeu a pena. Lagos espelhados, pequenos riachos pelo meio da mata e até uma cobra no nosso caminho. Achamos um recanto bem agradável para a segunda parte do nosso piquenique, ao lado de um simpático riacho e, quem apareceu para nos acompanhar foi um pato desavergonhado, Vinha pedir comida como se fosse cachorro. Com tanta insistência, ganhou fotos e algumas migalhas...
Admirando paisagem do Parc National de La Mauricie, província de Quebec, no Canadá
O pato interesseiro que tentou ficar nosso "amigo" durante um piquenique no Parc National de La Mauricie, província de Quebec, no Canadá
Enfim, dia delicioso no parque. Se eu viesse morar em Quebec (o que não é má ideia!), seriam vários verões para conhecer cada trilha desse e dos outros parques da província. Programas de aventura não faltariam! Só iria precisar aprender a esquiar, para poder aproveitar no inverno também, hehehe
Fim de tarde e de caminhada no Parc National de La Mauricie, província de Quebec, no Canadá
Saímos do parque já nas últimas luzes do dia. Resolvemos seguir viagem até onde desse, o mais perto possível de outro parque nacional, já bem mais a oeste, o Mont-Tremblant. Famosíssimo pelas pistas de esqui, no inverno, o parque é o mais bem estruturado e frequentado do leste do Canadá também no verão. Conseguimos chegar até Rawdon, perto das 11 da noite. Vamos dormir felizes, não só pelo dia que tivemos, mas porque estamos bem mais perto do nosso destino de amanhã!
Nosso caminho no dia de hoje
Aproveitando o dia de sol no teto do catamaran de Ilha Grande para Angra dos Reis - RJ
Há cinco anos, numa tarde ensolarada na Ilha do Mel, depois de um dia muito gostoso pelas praias da ilha, eu e a Ana demos nosso primeiro beijo. Era o pontapé inicial numa bela história que hoje faz aniversário num dia frio e nublado aqui em Curitiba. Dois anos mais tarde, aproveitando a mesma data, demos um passo adiante e nos tornamos noivos. O "evento" foi num restaurante especializado em fondues aqui em Curitiba, com a presença da família dela e também da minha, via telefone. Hoje, três anos depois, voltamos ao mesmo restaurante para celebrar, um verdadeiro banquete de fondues variados e vinho francês. O duplo aniversário merecia!!!
Também hoje, numa bela coicidência, chegou nosso novo passaporte. Azul, moderno e com chip. Não vou ficar com o meu por muito tempo. Na segunda-feira ele segue para São Paulo, para o consulado canadense. A produção do "dossiê" está em fase final. Depois, falo mais disso. Além do passaporte, pegamos a Nikon também, novinha em folha e pronta para mais 20 mil fotografias, com o devido cuidado com a areia das praias e desertos...
A homenagem no post de hoje não poderia ser outra, né? Algumas fotos do casal nesses primeiros 450 dias de viagem:
Início da viagem, apaixonados em Miami
Balada no Nikki - South Beach
Primeira vez no Caribe, já entrando no clima praiano
Felizes na praia - Harbour Island - Bahamas
Enfrentando juntos o friozinho das montanhas do sul de Minas
Pôr-do-sol no Pico do Gavião em Andradas - MG
Sempre à procura de belas cachoeiras!
A bela Cachoeira do Bicame, na Lapinha, região da Serra do Cipó - MG
Juntos até embaixo d'água!
Mergulhando na Laje de Santos - SP
Devidamente abençoados!
Tradicional foto com o Cristo Redentor, no Rio de Janeiro - RJ
A hora certa, no lugar certo, com a pessoa certa!
Felizes da vida, no Riacho Doce, fronteira da Bahia com Itaúnas - ES
O clima inspirador do sul da Bahia...
Pôr-do-sol em Caravelas - BA
Como diz a música: "Almoça junto todo dia..."
Almoçando no Daniel, na ilha de Boipeba - BA
Sem conforto, mas com muuuita vista!
No nosso local de acampamento, ao lado da queda da Fumaça, próxima à vila do Capão, na Chapada Diamantina - BA
Olha só a devoção!
Viva a Serra da Capivara, próximo à São Raimundo Nonato - PI
Admirando, juntos, ao espetáculo diário da natureza. De cadeira cativa!
Autofoto assistindo ao pôr-do-dol em Jericoacoara - CE
Pausa para leitura em Savannah, na Georgia - EUA
Deixamos a Flórida para trás e entramos logo cedo na Georgia, nosso 13º estado nos Estados Unidos.
Chegando à Georgia - EUA
Chegamos à Savannah, antiga capital do estado, terceira maior cidade da Georgia e o mais movimentado porto dessa parte do país. A cidade se tornou também um polo turístico nas últimas décadas, atraindo visitantes pela sua história, agradável centro histórico cheio de praças e alamedas e um movimentado passeio beira-rio, além de rica a variada culinária.
Savannah, na Georgia - EUA
A cidade foi fundada em 1733 pelo inglês Oglethorpe, um hábil planejador urbano. Sua função era assegurar o domínio inglês da região, ameaçado pela Flórida espanhola e pela Lousiana francesa. A cidade logo cresceu, primeiro porque Oglethorpe sabiamente se tornou amigo da população indígena local e segundo porque a liberdade de culto atraia imigrantes de toda a Europa.
Praça de Savannah, na Georgia - EUA
Tão estratégica era a cidade que se tornou um dos primeiros alvos dos ingleses durante a Revolução Americana. Eles logo a conquistaram e mantiveram seu controle até o fim da guerra. Cem anos mais tarde, na Guerra de Secessão, também tornou-se um importante bastião confederado. Tanto que, após botar fogo em Atlanta, foi para lá que o impiedoso General Sherman se dirigiu, conquistando a cidade durante o natal. Aliás, em correspondência para o presidente Lincoln, Sherman oferece a cidade como seu “presente de natal” para o líder dos Estados Unidos.
Caminhando em parque de Savannah, na Georgia - EUA
Hoje era o Dia das Mães, e encontramos o passeio beira-rio bem movimentado, turistas buscando os passeios de barco oferecidos por ali ou simplesmente caminhando no agradável calçadão repleto de restaurantes e lojas.
Casas em Savannah, na Georgia - EUA
A gente também deu uma caminhada, lemos as dezenas de painéis informativos que se espalham pela orla com informações históricas, geográficas e econômicas e seguimos pelo centro, em busca das praças que fazem a fama da cidade, assim como um bom restaurante. Acabamos num bem tradicional, o Pirate’s House (os americanos tem obsessão por piratas!), onde nos esbaldamos em comida sulista. Nós e mais muita gente, famílias inteiras propriamente vestidas para um domingo especial. Aliás, nessa nossa passagem pelo sul do país, estou aprendendo que os filmes que retratam os costumes e cultura daqui, como o sotaque, as vestimentas e a comida são mais reais do que nunca! No almoço de hoje, era essa a minha sensação, ao ver e ouvir as pessoas: estamos no meio de um filme!
Vestida para o domingo, em Savannah, na Georgia - EUA
Devidamente alimentados, pegamos estrada novamente. Ainda tinha um longo caminho para Atlanta. Mas essas estradonas americanas nos ajudam bastante e numa média acima de 120 km/h, ainda chegamos lá com a luz do dia. Amanhã é dia de aquário! E que aquário...
Carruagens para turistas em Savannah, na Georgia - EUA
Encontro com os viajantes argentinos dos projetos Travesia Wawamericu e Latinoamerica Sonrie, em Playa del Carmen, no litoral do Yucatán, no México
Quando começamos a cogitar em fazer essa longa viagem, há cerca de quatro anos, e iniciamos seu planejamento, uma das primeiras coisas que fiz foi procurar, na internet, outras pessoas que também fizessem viagens parecidas. Procura daqui, olha dali, fomos encontrando outros viajantes, seus relatos e fotos. Não demorou muito para ver que, em realidade, tem bastante gente fazendo isso, embora sejam poucos os brasileiros. Em matéria de longas viagens de carro intercontinentais, nossos hermanos nos dão de dez à zero.
Encontro com os viajantes argentinos dos projetos Travesia Wawamericu e Latinoamerica Sonrie, em Playa del Carmen, no litoral do Yucatán, no México
Muitos desses viajantes que encontramos ainda estavam em plena viagem e passamos a segui-los por internet. Aqueles com textos mais interessantes e inteligentes eram os que mais prendiam nossa atenção. Entre eles, se destacaram duas expedições, dois casais viajando pelo mundo em seus veículos. Um deles era brasileiro! O simpática casal carioca do Viagens Maneiras, que rodou boa parte do mundo em companhia de seu cachorro destrambelhado, um simpático labrador negro chamado Tapa. A bordo do Farofamovel, uma Hilux parecida com a Fiona, eles cruzaram a América do Sul, Estados Unidos, Europa, Marrocos, Turquia, Irã e Rússia, até Vladivostock. Quando iniciamos nossa própria viagem, eles ainda estavam na estrada e eu tinha o sonho de conseguir cruzar com eles em algum lugar. Infelizmente, os caminhos eram outros e isso não aconteceu. Mas serei eternamente grato pelo tanto que aprendi com suas aventuras, narradas de forma inteligente e divertida em seu site.
O Jorge e a Maria Belen, do Travesia Wawamericu, em Playa del Carmen, no litoral do Yucatán, no México
O outro casal é argentino, mas também com raízes espanholas. O Pablo e a Anna, do 4x4x4, estão rodando o mundo há mais de 10 anos! Não continuamente. De tempos em tempos, deixam o carro estacionado em algum lugar e passam um tempo trabalhando, para fazer dinheiro. Seus textos são muito inteligentes e foram quem me inspiraram a escrever textos mais longos e completos, ao invés de manter apenas uma página de facebook ou coisa parecida. Também eles sempre sonhei em encontrar na estrada e aqui, entre Tulum e Playa del Carmen, isso quase aconteceu.
O valente Renault do Travesia Wawamericu, em Playa del Carmen, no litoral do Yucatán, no México
Por internet, descobrimos que estávamos bem perto um dos outros. Mas eles já estavam de partida, voando para Buenos Aires para uma temporada por lá. Chegamos a rodar por Tulum, onde havia chegado há poucas horas, procurando seu carro, mas não encontramos. Fica para a próxima, quem sabe... Não foi dessa vez que os encontramos, mas o destino nos reservava encontros com outras expedições, argentinas também.
O valente Renault do Travesia Wawamericu, em Playa del Carmen, no litoral do Yucatán, no México
O Pablo e a Anna vinham de Playa del Carmen, onde estavam reunidos com esses outros dois casais de argentinos, que também chegaram aqui de carro. As duas expedições estão passando um tempo maior nessa cidade, trabalhando também. Trocamos informações por internet e fomos lá, visitá-los. Dessa vez, com endereço em mãos, não houve chance de desencontro e, de longe, já avistamos os carros dos “viajeros”.
O Maxi e a Marianela, da expedição Latinoamerica Sonrie, em Playa del Carmen, no litoral do Yucatán, no México
Estacionados quase lado à lado, lá estavam o pequeno e valente Renault (o Flecha Negra!) do Travesia Wawamericu e o jipe do Latinoamerica Sonrie. Encontramo-nos os seis, para uma deliciosa sessão de fotos e troca de ideias e experiências. Foi muito legal!
O jipe do Latinoamerica Sonrie, em Playa del Carmen, no litoral do Yucatán, no México
Para começar, já tiramos o chapéu para eles, que chegaram até aqui nesses carros menores e mais antigos. De Fiona, é fácil! Mas, com paciência, chegaram. O casal do Wawamericu, a Maria Belen e o Jorge, viajam fazendo apresentação de fantoches para crianças. O cenário é o próprio e simpático carro. Não cobram nada por isso, mas acabam recebendo doações ou acomodações em diversos lugares. Ver um vídeo de suas apresentações e da cara de felicidade das crianças é emocionante. Que lindo trabalho, fazem!
Com o Maxi, a Marianela e o cachorrinho equatoriano da expedição Latinoamerica Sonrie, em Playa del Carmen, no litoral do Yucatán, no México
Já o Maxi e a Marianela são dentistas. Como o nome do projeto deles indica, viajam fazendo um trabalho de educação preventiva na sua área, ensinado crianças e comunidades carentes a como tratar dos dentes, ajudando a todos a ter um sorriso mais sadio e bonito. Viajam juntos com um simpático cachorrinho que recolheram no Equador, onde era muito mal tratado. Muito legais!
Com o Maxi e a Marianela, da expedição Latinoamerica Sonrie, em Playa del Carmen, no litoral do Yucatán, no México
Apesar de dois projetos tão bonitos, nos chamou a atenção o tanto de dificuldades que encontraram nas fronteiras e também na Bolívia, para poder abastecer seus carros. Os donos de postos simplesmente se recusavam a vender gasolina para eles. Brasileiros realmente viajam menos que argentinos mas, temos notado, somos mais populares. Ou é o sorriso da Ana que abre tantas portas? Pelo menos até hoje, sempre fomos muito bem tratados, incluindo os postos bolivianos. Mas, vamos ver, ainda tem o caminho de volta. Aparentemente, o maior problema é na região de La paz, aonde ainda vamos passar. Mas, estou desviando do assunto. O que queria dizer é que adoramos encontrar esses nossos novos amigos, gente que largou tudo para viver um sonho. E, no caso deles, junto com a realização do sonho, ainda ajudam e divertem pessoas espalhadas pelo nosso continente. Inspirador!
Os carros das expedições argentinas em Playa del Carmen, no litoral do Yucatán, no México
Foto de despedida do Douglas, em seu apartamento em Bogotá - Colômbia, um pouco antes de partirmos para o norte do país
Dia de deixar Bogotá em definitivo, mas não foi fácil. A Clarita foi trabalhar logo cedo, depois das difíceis despedidas. A esta altura, eu já tinha levantado e carregado toda a Fiona. Trabalho duro, pois tínhamos tirado toda a bagagem para ela tomar um merecido banho antes de irmos para Villa de Leyva.
Depois, foi a vez do Douglas acordar, após a grande performance de ontem. Juntos, fomos à casa da sogra dele, para nos despedir da energética Amelie, que ficou muito amiga da Ana. Voltamos para casa a tempo dele ser pego pela van da banda. Tinham novo show hoje, desta vez como atração principal. Mais uma dura e emocionada despedida.
Depois de tantas lágrimas, foi a vez de São pedro mandar as suas, sob a forma de pedras de gelo. Uma tempestade de granizo como há muito Bogotá não conhecia. Os gramados ficaram brancos! Por fim, mais uma meia hora de espera na loja onde deixamos algumas mochilas para serem consertadas e, finalmente, estávamos na estrada novamente, rumo ao Alaska!
Exibir mapa ampliado
Bem, não vamos diretamente, claro! Aqui mesmo na Colômbia ainda temos algumas paradas. A primeira delas foi, depois de muitas horas de viagem e chegada já de noite, numa das mais belas cidades coloniais do país, a pequena e pacata Barichara. Daqui seguimos amanhã para Bucaramanga, metrópole moderna no centro do país, bem ao lado do impressionante canyon de Chicamocha. No caminho, a pequena San Gil, principal base de uma região que oferece todo tipo de esporte de aventura. De Bucaramanga seguimos para Mompós, ao lado do rio Magdalena, a cidade que inspirou Gabriel Garcia Marques no seu clássico "Cem Anos de Solidão". Finalmente, dali seguimos para Cartagena, na costa do Caribe, nosso porto de embarque para a América Central. Enfim, se ainda há tanto por fazer aqui na Colômbia, imagina até o Alaska. De vez em quando ainda bate aquela dúvida se vamos mesmo chegar (e voltar!)...
Foto de despedida do Douglas, em seu apartamento em Bogotá - Colômbia, um pouco antes de partirmos para o norte do país
Bom, pelo menos até Barichara chegamos. Bem de noite, ruas estreitas e de pedra, sem viva alma nas ruas (se desconsiderarmos os gatos). Parecia uma cidade fantasma. Com jeito, achamos um hotel. E também um restaurante, espanhol. Um verdadeiro deleite! Um delicioso jantar, o primeiro do resto das nossas vidas. De barriga cheia e com cama limpa, estamos prontos para o longo dia de amanhã!
O maravilhoso mergulho noturno com arraias manta, em Kona, na Big Island, no Havaí
Depois do passeio pela região da Green Sand Beach, chegamos à Kona com tempo contadíssimo para nossos compromissos. Um engarrafamento na entrada sul da cidade quase colocou nossa apertada programação a perder, mas no final deu tudo certo. Passamos rapidamente pelo nosso excelente Bed & Breakfast, com uma vista maravilhosa do litoral, deixamos a bagagem por lá e seguimos diretamente para a empresa de mergulho, no lado norte de Kona.
Ainda chegamos a tempo de fazer o check-in para o mergulho com as arraias, mas tivemos a triste notícia de que nosso mergulho com as criaturas abissais seria cancelado. Éramos os únicos clientes e o barco só sai com um mínimo de três mergulhadores. Após muito conversar com instrutores da empresa e sobre os aspectos que tornam esse mergulho tão especial, possibilidade única no mundo, resolvemos “bancar” o terceiro mergulhador. Comovidos com a nossa insistência, o pessoal da Big Island Divers aumentou ainda mais o nosso desconto (iríamos fazer os dois mergulhos com eles) e o tal “terceiro mergulhador” até que saiu barato. Melhor assim: nossos dois mergulhos ficavam dessa maneira garantidos, o segundo deles praticamente particular.
A caminho do nosso mergulho com as arraias manta, em Kona, na Big Island, no Havaí
Pois é, apenas nós dois no segundo mergulho, mas barco lotado para o primeiro. Não só o nosso barco, mas vários outros que se encaminhavam para o mesmo lugar, a baía das arraias mantas. Todos os dias, são dezenas de pessoas mergulhando e fazendo snorkel com esses graciosos animais da família dos tubarões, a maior espécie de arraias que habita os oceanos. Pior, todos caem na água no mesmo horário, um pouco depois de escurecer.
Lindo entardecer no barco a caminho do mergulho com as arraias manta, em Kona, na Big Island, no Havaí
Ao saber de toda essa multidão, fiquei meio decepcionado. Como quase todos os mergulhadores, não gosto de muvuca lá embaixo. Quanto mais gente, mais sujeira e menos peixes. Essa costuma ser a regra. Mas não nesse caso! Bastaram alguns minutos lá embaixo para eu aprender que esse é mesmo um mergulho diferente. Inclusive pelo fato que mais gente por ali só torna o mergulho ainda mais interessante!
A caminho do nosso mergulho com as arraias manta, em Kona, na Big Island, no Havaí
Tudo funciona da seguinte maneira: praticamente 75% das pessoas que vão ali só fazem snorkel. Eles ficam reunidos ao redor de boias apontando suas lanternas para baixo, imóveis. Nós, os mergulhadores, mergulhamos a uma profundidade de cerca de 12 metros, num grande campo de areia. Ali, encontramos alguma pedra, seguramos nela e ficamos imóveis também, lanternas apontadas para cima. Tantas luzes assim, no fundo e na superfície, fazem o mar parecer uma discoteca. Mas o melhor vem em seguida! As luzes das lanternas atraem os minúsculos seres marinhos, o plâncton. Atrás do plâncton vêm as enormes arraias. Batendo suas asas, elas nadam entre nós, em busca do alimento fácil que se reúne sobre nossas lanternas.
Lindo entardecer no barco a caminho do mergulho com as arraias manta, em Kona, na Big Island, no Havaí
E assim passamos meia hora lá embaixo, admirando esses animais maravilhosos. Eles dão verdadeiras rasantes sobre nós e, em seguida, já de ponta cabeça, atacam os plânctons do “andar de cima”, nas luzes das lanternas dos que fazem snorkel. Num verdadeiro balé subaquático, as arraias se alimentam ao mesmo tempo em que se desviam com perfeição de nós e das outras arraias. Um sentido apurado para o campo elétrico emitido por todos os seres vivos as faz desviar de nós com perfeição, ao mesmo tempo que podemos admirá-las bem de perto. Apesar da enorme boca, são absolutamente inofensivas.
Nessa noite, eram sete delas, nadando para lá e para cá. Para nós, que não as conhecíamos, pareciam dezenas, tamanho o alvoroço que faziam. Mas nosso instrutor é especialista em reconhecê-las. Cada uma delas tem suas manchas dorsais características, como se fosse uma impressão digital. São pouco menos de cem arraias na população local e nosso instrutor conhece quase todas elas, inclusive pelo nome. E eu que achei que elas migravam, que nada! Pelo menos essas daqui da Big Island, talvez contentes com a refeição fácil de todas as noites, daqui não saem. E não deixam a notícia correr os oceanos, para evitar a concorrência, hehehe! A gente até que tentou fotografar esse espetáculo, mas fotografia submarina noturna em movimento não é nossa especialidade. Fizemos filmagens também, que ficaram bem melhores, Mas ainda não tivemos tempo de fazer uma edição básica (um dia...). Então, melhor do que mil palavras, coloquei uma filme da internet. Só posso dizer que nossa sessão foi ainda mais legal que essa retratada pelo filme, pois havia mais arraias.
Depois desse inesquecível mergulho, o barco voltou para a marina, onde todos os outros passageiros desceram. Aí, apenas conosco e o instrutor, ele rumou para alto mar, para nosso próximo mergulho. Alto mar, no Havaí, significa apenas 3 milhas. Aì, a profundidade do mar já é abissal, chegando aos três mil metros! Afinal, a ilha em que estamos é apenas a ponta de uma enorme montanha submarina. É por isso que esse tipo de mergulho não pode ser feito no continente, cercado pela plataforma continental, sempre rasa. É preciso estar sobre grandes profundidades, pois é de lá que vem os seres vivos que queremos observar. Todas as noites, na maior migração de matéria orgânica existente no planeta, cem milhões de toneladas de seres vivos nadam das produndezas escuras para perto da superfície, onde se encontram para se alimentar e procriar. Antes do sol nascer, voltam lá para baixo.
Mergulhando com seres luminescentes abissais, em Kona, na Big Island, no Havaí
São esses os seres que queremos ver. Completamente diferentes dos que conhecemos, de dia ou de noite, nos corais. Ou, se comparados com o que vemos em terra, aí sim estamos em outro mundo! Como bem definiu um pesquisador, o mundo extraterrestre mais perto de nós não está em alguma estrela distante, mas bem aqui no nosso quintal, a poucos metros de nós, escondidos sob as águas dos oceanos. Se pensarmos bem, em terra, somos todos parentes próximos. Um crocodilo, um macaco, um sapo ou uma gavião, todos tem cabeça, tronco e quatro patas (ou duas patas e duas asas, no caso dos pássaros). Sinal que que somos muito próximos! Os peixes são um pouco mais diferentes, mas lá está a coluna vertebral que nos une a todos. Mesmo insetos, com suas muitas patas, olhos e boca, cérebro, também nos são familiares. Mas, como definir uma água-viva? Ou qualquer outra daquelas incríveis criaturas que vemos flutuando pelas águas escuras que nos rodeiam?
O estranho mergulho funciona de um modo diferente do que estamos habituados. O barco nos leva para um local de grande profundidade, o que no Havaí é bem perto da costa. Aí, ele desliga os motores e simplesmente segue junto com a corrente, silenciosamente. Os mergulhadores são presos a cordas nas extremidades do barco, um em cada canto. A corda tem um peso, para ficar esticada para baixo. Todos temos nossas lanternas e ficamos variando nossa profundidade entre 10 e 15 metros, sempre ao redor de nossas respectivas cordas. Iluminando para um lado e para o outro, logo achamos esses seres de outro planeta, ou bioluminescentes ou com grande capacidade de refletir luz (no caso, a luz de nossa lanternas). Normalmente, são seres pequenos, com até 15 centímetros. Mas podem se reunir em grandes colônias, chegando a atingir vários metros.
Ficamos ali, por uns quarenta minutos, em meio à escuridão total do oceano, apenas nossas lanternas a iluminar estreitas faixas de água, observando esses exóticos animais que dividem conosco o mesmo planeta. Como se locomovem sem membros? Como enxergam sem olhos? Como tomam decisões sem cérebros? Que mundo estranho! E tão perto de nós! Talvez, 0,1% da população humana já tenha feito algum mergulho e observado peixes em seu habitat. É uma minoria absoluta que passou a saber que o mundo é muito maior que nosso quintal. Pois bem, dentro dessa minoria, talvez outros 0,1% tenham feito esse mergulho noturno com seres abissais. É bom lembrar que a superfície da Terra tem ¾ de sua área coberta pelos Oceanos, a enorme maioria disso em grandes profundidades. Esse planeta em que vivemos não é nosso, é deles! Dos seres abissais. E apenas 0,1% de 0,1% das pessoas já deu uma olhadinha nos verdadeiros terráqueos. É... temos todos muito o que aprender... Por falar em aprender, nossas fotos dos verdadeiros terráqueos ficaram um desastre. Os filmes, nem tanto. Mas, de novo, precisam daquela ediçãozinha básica. Enquanto isso, outro vídeo do YouTube, pelo menos para ajudar a ter uma ideia do que vimos hoje. Sem dúvida nenhuma, o mais estranho mergulho que já fizemos. Inesquecível!
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