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CARLOS DIOGNES (11/11)
Olá Rodrigo e Ana, Se eu for para o salar de Uyuni com o meu próprio c...
Sheila Moralles (11/11)
Fizeram video com a GoPro da descida e subida da caverna?!...
Camila (10/11)
Olá, Rodrigo! Vou passar 21 dias em Cuba em fevereiro/15, chegando na qu...
Gilson Medeiro (05/11)
Ana, vi algumas fotos suas da estrada Manaus/Porto Velho. Fiquei indignad...
geisa (01/11)
#esse lugar lindo maravilhoso pena que não morro ai mais.mais não sai d...
Rodrigo e Ana na barca para a Ilha do Mel
Três semanas antes do início da viagem, fui com a Ana à estação ferroviária de Curitiba. Fomos comprar nossas passagens para Morretes. Nosso plano era iniciar os 1000 dias com uma viagem de trem. Desceríamos na estação do Marumbi e subiríamos o Monte Olimpo. Depois, desceríamos até Morretes, mataríamos a fome com um Barreado e dormiríamos em Paranaguá. No dia seguinte, cedinho, barca para Superagui.
Passagens compradas, tudo certo, era o que pensávamos. Nada disso! São Pedro não ajudou e subir o Olimpo com chuva não é tarefa fácil. Além disso, não conseguimos fazer a mudança do apartamento a tempo. E, a pá de cal nos nossos planos, descobrimos que não tinha barca de Paranaguá para Superagui no sábado. Perdemos as passagens compradas com tanto zelo e antecedência e o Marumbi ficou para depois.
O plano B, feito às pressas, não ficou devendo nada ao plano inicial. Decidimos partir no dia 28 cedinho, a bordo da Fiona, para a Ilha do Mel e de lá para Superagui. Desta maneira, faríamos duas homenagens que consideramos muito importantes. Primeiro, à Fiona, o carro que vai nos levar por toda América. Nada mais justo que iniciar a viagem com ela. Segundo, à Ilha do Mel. Foi lá que eu me apaixonei pelo Paraná, foi lá que eu comecei a namorar a Ana, foi lá que escolhemos nos casar (http://www.icasei.com.br/roana).
Justas homenagens feitas, não ficamos muito tempo na Ilha nâo. Vinte minutos depois de chegarmos, chegou o nosso "taxi" para Superagui: uma voadeira pilotada pelo Flavinho que, já com 19 anos, agora deveria ser o Flavião. Em tempo: em dois dias voltamos para a Ilha do Mel para, aí sim, curtir esse lugar tão especial.
Praia de Fora, vista do alto do Farol
Vinte minutos de voadeira e chegamos à Pousada Sobre as Ondas, dos sempre atenciosos Carioca e Denise. Um casal admirável, que parece ter a metade da idade que tem e que sempre faz a gente se sentir em casa.
Superagui, pelo menos o que eu conheço, é sempre aquela calma danada. Depois do nosso stress da última semana, alguns minutos por lá logo nos faz lembrar que o tempo pode passar muito mais devagar, de forma muito mais saborosa e real. Acredito ser este o tempo de verdade, não o que estamos acostumados, na nossa atribulada vida de cidade grande.
Atravessando de voadeira, da Ilha do Mel para Superagui
Pôr-do-sol maravilhoso no alto do Mauna Kea, a 4.200 metros de altitude a temperaturas próximas de zero, na Big island, no Hawaii
Como eu já expliquei no meu primeiro post sobre o Havaí, a formação do arquipélago é vulcânica. Sob um fundo do Oceano Pacífico, a mais de seis quilômetros de profundidade, a Terra cospe fogo há alguns milhões de anos. É um chamado “hotspot”. Por meio do processo de convecção, material incandescente sobe diretamente do manto terrestre, muitos quilômetros abaixo da crosta. É como se fosse uma válvula de pressão.
Aproximando-se do Mauna Kea, a maior montanha da Big island, do Hawaii e do mundo!
Quando finalmente esse material escapa da crosta, ainda encontra seis quilômetros de água sobre sua cabeça. Não tem problema. Com uma paciência milenar, a lava vai se acumulando sobre a erupção anterior, construindo uma montanha de pouco em pouco. Muito tempo depois, essa montanha ultrapassa a superfície do oceano. Nasce uma nova ilha! O vulcão continua entrando em erupção, a ilha vai aumentando de tamanho e a montanha vai aumentando sua altura. Ao mesmo tempo, a placa tectônica do Pacífico vai se deslocando, levando a nova ilha para longe da hotspot. Quanto mais longe, mais fracas e intermitentes ficam as erupções, até que o vulcão se “desliga” por completo. Vira um vulcão extinto. A essa altura, já está muitos quilômetros acima do nível do mar. Agora, é a vez da erosão pelo ar e pela água desmanchar a montanha. Dê tempo ao tempo (algumas centenas de milhares de anos) e aquela altíssima montanha será toda “levada” de volta para o mar.
A Big Island, embaixo, e Maui e suas “companheiras”, no alto
Nós chegamos à Big Island, no Havaí, bem no meio desse processo. O Mauna Kea é o mais antigo dos vulcões da ilha. Desde que foi criado, a placa tectônica já levou a ilha dezenas de quilômetros para o noroeste, afastando a montanha do hot spot. Ele já está praticamente extinto. Outros vulcões nasceram sobre a hotspot e acabaram por se juntar ao Mauna Kea, criando a maior ilha do arquipélago, a junção de cinco grandes vulcões. No futuro, quando a erosão fizer seu trabalho, os vulcões vão se separar novamente e a Big island se quebrará em várias ilhas menores. Foi o que aconteceu com a ilha de Maui, que já é um pouco mais velha.
Vista do Mauna Loa, durante a subida do Mauna Kea, na Big island, no Hawaii
Enquanto isso não acontece, temos duas das maiores montanhas da Terra unidas. O Mauna Kea e o Mauna Loa. As duas com mais de 4 mil metros de altitude sobre o mar e outros seis mil sob o mar. As duas tem, portanto, mais de 10 mil metros de altura, superando o Everest, com 8.850. Na verdade, o Everest só se ergue cerca de 3.500 metros sobre sua base, que já é bem alta, ou seja, esses dois vulcões são três vezes maiores que aquela que é considerada a mais alta montanha da Terra. E, a rigor, elas ainda são maiores! Desde que começaram a ser “construídas”, o seu enorme peso começou a afundar o terreno sobre o qual se ergueram. Hoje, os cientistas calculam que esse terreno está a mais de seis quilômetros soterrado abaixo do ponto inicial, sob o enorme peso da montanha que cresceu sobre ele. Assim, a altura real desses dois vulcões é de incríveis 16 quilômetros!!! Mais um pouquinho e chegaríamos à altura da maior montanha conhecida do Sistema Solar, o Monte Olimpus, em Marte, com 20 quilômetros...
Vans levam turistas ao cume do Mauna Kea, na Big island, no Hawaii
Estrada precária para chegar no alto do Mauna Kea, na Big island, no Hawaii
Quis o destino que essas mega montanhas estivessem nos Estados Unidos. Assim, claro, existe uma estrada para chegar até lá encima! Fico imaginado se o Everest também fosse dentro desse país, até que altura chegaria a estrada? Bom, no Mauna Kea, a estrada chega até poucos metros do cume. Então, fica bem fácil sairmos do nível do mar, depois de um banho refrescante à temperatura tropical, entramos no nosso carro com ar condicionado e dirigirmos menos de duas horas para ultrapassarmos os 4 mil metros de altura. Foi exatamente o que fizemos hoje, nesse nosso primeiro dia no Havaí!
Nosso jipão nos levou traquilamente até os 4.200 metros de altitude do Mauna Kea, ponto mais alto da Big island e do Hawaii
A ideia é chegar lá encima perto da hora do pôr-do-sol. Assim, podermos assistir a um verdadeiro espetáculo e, logo depois, podemos admirar um dos céus noturnos mais belos do planeta. Tudo isso antes que a altitude comece a afetar nosso organismo, principalmente com dores de cabeça. Afinal, a essa altura, o oxigênio já é bem mais escasso e nosso corpo reage produzindo mais glóbulos vermelhos, para poder aproveitar todo o parco oxigênio disponível. O efeito colateral dessa mudança é que o sangue engrossa e passa com mais dificuldade nos estreitos vasos capilares de nossa cabeça. Resultado: dor de cabeça. Para não passar por isso, ou passamos por um longo período de aclimatação à altitude, que chega a demorar uma semana, ou vamos ao pico e voltamos rapidinho. Claro que a nossa opção foi a segunda!
Caminhada até o pico verdadeiro do Mauna Kea, longe das multidões, na Big island, no Hawaii
Começamos nossa viagem para a montanha meio desanimados, pois o céu estava completamente nublado. A gente nem conseguia ver o Mauna Kea. Estávamos até meio arrependidos de não ter subido pela manhã, quando o tempo estava mais claro. Perderíamos o entardecer e a noite estrelada, mas pelo menos teríamos a vista lá de cima.
Assistindo a um inesquecível pôr-do-sol a mais de 4.200 metros de altura, no topo do Mauna Kea, na Big island, no Hawaii
Pois é, pura inocência, a minha. Já conhecia a teoria, mas faltava acreditar de verdade. Como já disse acima, o Mauna Kea é conhecido pelo seu céu estrelado. Tanto que no seu topo está um dos mais importantes observatórios astronômicos do mundo. Ninguém vai investir milhões de dólares num observatório astronômico para ficar vendo nuvens... O que acontece é que, em 99% dos casos, o topo da montanha está bem acima das nuvens. O céu do Mauna Kea é sempre de brigadeiro! Ainda mais que a atmosfera já é bem rala naquela altitude, sem poluição e sem luzes de cidades para atrapalhar. Além disso, com toda a umidade para baixo, o céu fica ainda mais claro para observações astronômicas, já que o vapor d’água absorve um bom pedaço da luz das estrelas.
A luz mágica do fim de tarde no alto do Mauna Kea, na Big island, no Hawaii
Vimos isso com os próprios olhos quando, após um intenso nevoeiro, chegamos ao céu completamente limpo, um pouco acima dos 2 mil metros de altitude. Dali, também podíamos admirar os dois gigantes, um de cada lado, o Mauna Kea e o Mauna Loa. Que maravilha!
A sombra do Mauna Kea se projeta sobre as nuvens até quase o infinito! (Big island, no Hawaii)
Chegamos à entrada do parque nacional, perto dos 3 mil metros, e lá encontramos muita gente, a grande parte delas trazida em vans de agências de turismo. Param por ali para fazer uma rápida aclimatação. Nós também fizemos nossa parada, mas não por muito tempo. Queríamos subir antes da turba. São poucas as pessoas que seguem com o próprio carro. Depois da entrada do parque, o asfalto acaba e começa uma estrada de terra bem precária, para padrões americanos. A recomendação é que só subam carros tracionados. É o caso do nosso jipão, então, não titubeamos! Nessa época do ano, ainda sem gelo ou neve (pois é, neva no Havaí!), um carro 4x2 também subiria. Devagarzinho, enfrentando as costelas de vaca, mas sobe sim.
Explorando o cume do Mauna Kea, com o Mauna Loa ao fundo, na Big island, no Hawaii
Os últimos minutos de luz do sol no topo da maior montanha do Hawaii, o Mauna Kea, na Big island
A montanha não tem grandes paredões ou inclinações. É uma enorme rampa, desde os seis mil metros abaixo do mar até aqui em cima, aos 4.200 metros de altitude. Seria uma caminhada tranquila até o pico. Longa, mas tranquila. De carro, então, mamão com açúcar! Interessante é ver a mudança na vegetação. As árvores acabam, depois se acabam os arbustos e, por fim, se acabam as gramíneas também. Uma estranha planta, endêmica da região, chamada Silversword, é que domina a paisagem. Longilínea e com as folhas duras, parece de outro planeta. Aliás, toda a paisagem parece de outro planeta. É só estando lá encima para compreender.
Um delicioso beijo a 4.200 metros de altitude, no topo do Mauna Kea, ponto mais alto da Big island e do Hawaii
A estrada chega até o observatório e aí ficam as centenas de pessoas que chegam até o alto. Alguns poucos se arriscam a pegar uma trilha de cerca de 500 metros até o cume verdadeiro. Para chegar lá, épreciso descer um pouco e depois subir novamente. Àquela altitude, qualquer esforço é multiplicado por dez, principalmente para quem não está aclimatado. Mas, para quem se arrisca, a recompensa é estar praticamente sozinho no ponto mais alto num raio de mais de 3 mil quilômetros!
Observando os telescopios construídos no topo do Mauna Kea, na Big island, no Hawaii
Obviamente que eu e a Ana seguimos para lá. O pôr-do-sol foi absolutamente magnífico, o céu se enchendo de cores dignas de cinema, de um lado, enquanto do outro a sombra do vulcão se estendia até o infinito, sobre o lençol de nuvens abaixo de nós. Acima das nuvens, apenas a montanha em que estávamos e o Mauna Loa, quase na nossa frente, parecendo flutuar no céu. Foi emocionante!
Pôr-do-sol maravilhoso no alto do Mauna Kea, a 4.200 metros de altitude a temperaturas próximas de zero, na Big island, no Hawaii
A poucas centenas de metros dali, a silhueta dos observatórios astronômicos contra o céu azul eram uma imagem que eu guardava desde a adolescência, de fotos que tinha visto em livros. Abaixo dos observatórios, centenas de turistas com suas máquinas fotográficas tentavam registrar esse momento mágico.
Uma multidão observa e fotografa a lua nascendo por detrás das nuvens, no topo do Mauna Kea, na Big island, no Hawaii
Depois do sol se pôr, nasce uma lua cheia, amarela e incrível, no topo do Mauna Kea, na Big island, no Hawaii
Mas hoje, era um dia ainda mais especial. Foi o sol se pôr de um lado do horizonte que, do outro, nascia uma gigantesca bola amarela. Era a lua cheia, mais linda do que nunca. A multidão que fotografava para um lado, agora se virava para o outro. E nós, acompanhados de apenas outras duas pessoas, lá no pico verdadeiro, já não sabíamos se nossa falta de ar era pela altitude ou pelo excesso de emoções.
As portas se abrem para o telescópio iniciar suas observações noturnas, no topo do Mauna Kea, na Big island, no Hawaii
Enfim, com a temperatura chegando perto de zero grau, os turistas debandaram para suas vans e de lá para baixo. Nós voltamos para perto dos observatórios e, junto com outros poucos corajosos, esperamos para que as estrelas tomassem conta do céu. Mesmo com o forte luar, a quantidade de pontos luminosos no firmamento era impressionante. De repente, todos os observatórios ganharam vida: abriram seus “telhados” para que os telescópios pudessem vasculhar o universo. Mais um momento mágico no dia.
A lua soberana no topo da maior montanha do mundo, o Mauna kea, na Big island, no Hawaii
A cabeça fervilhava com tantas informações, pensamentos e emoção. Mas também começava a dor pela altitude. As mãos também, já não aguentavam o frio ao manusear as máquinas fotográficas. Essas, aliás, ficaram sem bateria, consumidas pelo frio. Era a hora de voltar... Dos quatro mil metros para o nível do mar em apenas uma hora. Dali para o sul da ilha, para a cidade de Volcano. Com um nome desse, já dá para imaginar, né? Saímos do maior e mais antigo vulcão da ilha, hoje praticamente extinto, para o mais novo e ativo deles, o Kilauea. Amanhã, é dia de ver um vulcão ativo!
Felicidade pura de estar no lugar certo na hora certa! (pôr-do-sol no topo do Mauna Kea, maior montanha da Big island, no Hawaii)
A Ana, sempre feliz por chegar à Ilha do Mel, no litoral do Paraná
No dia 4 de manhã, anteontem, acordamos cedinho lá no refúgio San Martín, ao lado do lago Jakob, no meio das montanhas andinas da região de Bariloche. Tínhamos caminhado mais de 20 km no dia anterior, mas uma boa noite de sono nos deixou prontos para outro dia cheio. Ainda mais quando saímos do quarto e demos de cara com a natureza exuberante que nos cercava, ar puríssimo e gelado da manhã nos deixando ainda mais despertos.
Atravessando bosque no caminho de volta do refúgio San Martín, região de Bariloche, na Argentina
Bebendo água do rio na volta do refúgio Jakob, região de Bariloche, na Argentina
Logo arrumamos e devoramos nosso café da manhã, deixando nossas mochilas mais leves. Ótima notícia, pois aqueles mesmos 18 km que percorremos ontem para chegar até aqui em 5 horas, hoje teríamos de enfrentar novamente, só que agora em muito menos tempo. Para nos ajudar, além de mochilas mais leves, estávamos indo para baixo! Além disso, já conhecíamos o caminho. A corrida era porque nossa amiga Rowan estava com voo marcado para o começo da tarde, lá no aeroporto de Bariloche. Então, sem mais delongas, pé na trilha!
Atravessando rio no retorno do refúgio Jakob, região de Bariloche, na Argentina
Iniciamos o caminho, mas logo paramos na pedra sobre o lago de onde temos uma vista privilegiada do Jakob e do refúgio. Lindo! Com certeza saímos com o desejo de voltar. Na próxima vez, daqui seguiremos adiante, rumo ao próximo refúgio. É possível fazer um circuito por essas montanhas, três ou quatro dias sempre com paradas em refúgios ou campings. Mas, aparentemente, o mais bonito é mesmo esse aqui.. Bom, depois da despedida, pernas, para que te quero! Passamos rapidamente pela cachoeira onde ontem passamos mais de meia hora e descemos quase correndo a encosta íngreme que é a parte mais dura do caminho de vinda.
Tempo para rearrumar a mochila no retorno do refúgio Jakob, região de Bariloche, na Argentina
Depois, passamos pelo bosque onde almoçamos ontem e, sempre acelerados, chegamos mais perto do rio. Aí sim fizemos uma parada, a única da caminhada de hoje. Pausa para beber água e refrescar nossas faces e nucas na água gelada, além de encher nossas garrafas d’água. Mais uma maçã no estômago, menos peso na mochila, nossas últimas fotos e a próxima parada já foi na Fiona. Tempo total do percurso: 3 horas e 15 minutos!
Descanso ao lado do rio na trilha de volta do Refúgio San Martín, no lago Jakob, na região de Bariloche, na Argentina
Descanso e lanche ao lado do rio na trilha de volta do Refúgio San Martín, no lago Jakob, na região de Bariloche, na Argentina
Agora, já a bordo da nossa fiel companheira, seguimos para o centro da cidade. Antes de seguirmos para o aeroporto ainda deu tempo de passar no hostel que a Rowan tinha ficado dias atrás e tomar um banho pagando uma pequena taxa. O nosso voo era só de noite, mas fomos levá-la até lá com a ideia de voltar para a cidade depois. Mas eis que, ao chegar lá, conseguimos antecipar nosso voo e como já estávamos com a bagagem no carro, só tivemos que nos apressar para re-arrumar nossas malas. Muita coisa ficaria aqui e apenas um mínimo seguiria conosco. Em poucos dias estaremos de volta e, enquanto isso, a Fiona vai ficar no estacionamento do aeroporto com o resto da nossa bagagem. Foi uma correria danada, mas conseguimos embarcar para chegar em Buenos Aires muito antes do planejado.
Nossa rota aérea, voando no dia 4 de tarde entre Bariloche e Buenos Aires, e no dia 5, entre a capital argentina e Curitiba, no Paraná
Já tínhamos comprado essas passagens antes mesmo da nossa viagem à Antártida. Estamos voltando para o Brasil para irmos a um casamento na Ilha do Mel. Viagem bem rápida para logo retomarmos os 1000dias. Naquela época, pouco mais de um mês atrás, calculamos que estaríamos em Bariloche, então compramos a passagem daí para Curitiba, com pernoite em Buenos Aires. Na volta para a Argentina, não precisaremos dormir na metrópole portenha, seguindo no mesmo dia para Bariloche. Enfim, já deixamos também reservado uma noite num hostel da cidade e o transporte para o distante aeroporto de Ezeiza.
No aeroporto internacional de Buenos Aires, esperando a hora de embarque para Curitiba, rumo ao casamento dos padrinhos na Ilha do Mel
No aeroporto internacional de Buenos Aires, esperando a hora de embarque para Curitiba, rumo ao casamento dos padrinhos na Ilha do Mel
Chegamos à Buenos Aires perto das 6 da tarde e ainda reencontramos por uma última vez a Rowan. Depois de tantas despedidas, parece que essa foi a última. Vai deixar saudades, essa energética escocesa! Daí, um táxi para o albergue. O Aeroparque, aeroporto regional de Buenos Aires, está do lado do centro, super mão na roda. Em poucos minutos estávamos instalados novamente num quarto com dois beliches, mas ocupado apenas por nós.
Já encontramos vários outros convidados do casamento na barca para a Ilha do Mel, no litoral do Paraná
A família da Laura (a noiva!) veio no mesmo barco que a gente para a Ilha do Mel, no litoral do Paraná
Dia 5, ontem, despertamos cedo, tomamos nosso café e seguimos de metrô até o hotel de onde sairia o transporte para Ezeiza. Por coincidência, quase ao lado do hotel em que ficamos na véspera da saída à Antártida. Deu uma saudade! Bom, deixamos a saudade para trás e fomos para o aeroporto de onde embarcamos para Curitiba. Voo tranquilo, pelo menos até os minutos finais, onde tivemos de enfrentar muito vento e fortes chuvas. O avião tremia muito, justo no momento de aproximação do aeroporto. Deu aquele frio na barriga. Bem que a estatística diz de 80% dos acidentes ocorrem a 15 minutos de casa. A gente que foi até o Alaska e Patagônia, só faltava se estatelar justo em Curitiba! Mas não foi dessa vez... ufa!!!
A Ana e sua mãe na barca para a Ilha do Mel, no litoral do Paraná
Do aeroporto para o centro da cidade no eficiente transporte público. O problema foi daí para casa, pois todos os táxis tinham sumido. Aparentemente, a tal chuva que tinha nos assustado lá encima foi ainda mais forte aqui embaixo. Todos os táxis foram se esconder em casa enquanto árvores caídas interrompiam ruas. Só nos restou caminhar, carregando nossa bagagem. Com dois terços do caminho para trás, apareceu finalmente um táxi! Enfim, lar, doce lar! Mais tarde chegava o pai da Ana e juntos fomos jantar. É sempre bom voltarmos a nossa cidade!
Chegando na nossa querida Ilha do Mel, no litoral do Paraná
Chegando à Ilha do Mel, no litoral do Paraná
Hoje de manhã a Ana foi o cabelereiro, já nos preparativos para o casamento. E eu fui ao banco comprar o máximo de dólares possível. Não para o casamento, mas para nossa volta à Argentina. A economia do país de Cristina Kirchner vai de mal a pior, cheia de imperfeições e regulações esdrúxulas. Uma das consequências é que o dólar no câmbio negro, que lá eles chamam de “blue”, aquele que compramos ou vendemos nas ruas, tem uma taxa muito melhor que o câmbio oficial, que é a taxa que obtemos quando pagamos coisas no cartão ou sacamos do caixa automático. Resumindo, é mil vezes melhor viajar com dólares no bolso e trocar por lá do que usar o cartão. Os preços simplesmente caem pela metade! E como ainda vamos passar um bom tempo por lá, o negócio é levar dólares em cash. Um dos dois únicos países nesses 1000dias onde ocorre essa situação. O outro é a Venezuela. Qualquer semelhança certamente não é mera coincidência!
O Rafa (o noivo!) veio buscar a avó da Laura de limusine, na chegada à Ilha do Mel, no litoral do Paraná
A vó da Laura (a noiva) já instalada em sua limusine na Ilha do Mel, no litoral do Paraná
Enfim, a Ana de visual novo e eu com dólares no bolso, estava na hora de seguirmos para a nossa amada Ilha do Mel. Fomos com a Patrícia, mãe da Ana, que é médica da Laura (a noiva!) e também foi convidada para o casamento. Quando chegamos ao píer em Pontal do Sul, onde se pega o barco para a Ilha do Mel, tivemos aquela sensação maravilhosa de estar voltando para um dos nossos locais prediletos no planeta. Afinal, foi aí que ficamos pela primeira vez, foi o local que escolhemos para nos casar e foi onde começamos os nossos 1000dias. Difícil imaginar algum lugar mais importante na nossa história. E impossível não nos emocionar a cada vez que retornamos!
Nossa charmosa casinha na Ilha do Mel, no litoral do Paraná (a casa foi emprestada por uma amiga da Patricia, mãe da Ana)
No barco já encontramos diversos convidados para o casamento de amanhã. Entre eles a avó da Laura, uma fofa, e também o irmão dela, o Beto, com a namorada. Assim, já vamos sentindo o clima da cerimônia da qual seremos padrinhos amanhã. Na chegada à Ilha, lá estava o noivo, o Rafael, trazendo a “limusine” para buscar a vó da Laura. Na Ilha não há carros nem qualquer veículo motorizado, apenas bicicletas e carrinhos de mão. Esses últimos são mais usados para transportar carga pelas trilhas da ilha. Mas tem um carrinho de mão especial, até com poltrona e amortecedor, perfeito para levar pessoas. O mesmo que eu levava a Ana numa vez que ela machucou o pé e não podia mais andar. Nele o Rafa colocou a vó da Laura, a tal limusine, e se mandou correndo para a pousada. E nós seguimos para uma casinha bem simpática que uma amiga da Patrícia emprestou para ela. Para nos sentirmos ainda mais em casa nessa ilha que é a nossa casa. Só para ficar ainda um pouco mais emotivo: amanhã, o casamento será exatamente no mesmo lugar e no mesmo horário que casamos eu e a Ana, 5 anos e 7 meses atrás. Como diria o chato do Galvão: “Haaaaaja coração!”.
Sentados no mesmo banco do primeiro beijo, 7 anos, 5 meses e 2 semanas antes, na sempre amada Ilha do Mel, no litoral do Paraná
A famosa Pedra da Tartaruga, no Parque Nacional de Sete Cidades - PI
Amanhecemos na pequena Piripiri, bem ao lado do Parque Nacional de Sete Cidades. Logo cedo estávamos cruzando aquela mescla de cerrado e caatinga, vegetação bem verdinha nessa época de chuvas apesar do forte calor que sempre domina a região. Rapidinho vencemos os pouco mais de 20 km, no conforto da Fiona, para a sede do parque, criado em 1961.
Dirigindo no Parque Nacional de Sete Cidades - PI
Ali encontramos a Carminha, nossa guia para conhecer as trilhas e caminhos do parque. Apesar de estar tudo muito bem sinalizado, o acompanhamento de um guia é obrigatório. Isso ajuda a evitar o depredação que vinha ocorrendo antes desse "procedimento".
Formação rochosa no Parque Nacional de Sete Cidades - PI
O parque nos lembrou bastante o Parque Estadual de Vila Velha, no Paraná. Formações rochosas, fruto da erosão milenar do vento e da água e também de outra, que opera numa escala ainda maior, dos milhões de anos: os movimentos da crosta terrestre. O resultado são torres de pedra em diversos formatos e "cascas" de pedras que lembram tartarugas gigantes e tatus de aparência pré-histórica.
O Arco do Triunfo, no Parque Nacional de Sete Cidades - PI
Esse cenário singular vem atraindo gente há milênios de anos e, segundo alguns, povos de muito longe. Teorias um tanto "exóticas" afirmam ser as Sete Cidades resquícios da passagem de fenícios ou de vikings pelo interior do Piauí. Outros dizem que as pinturas rupestres mostram claramente a visita de seres de outros planetas pela região. O mais provável mesmo é que povos nômades que habitavam o nordeste brasileiro entre 10 e 5 mil anos atrás usavam as astranhas formações rochosas como ponto de apoio e local de rituais nas suas passagens por aqui. O mesmo povo que também frequentava a Serra da Capivara, das Confusões, do Catimbau, Lajedo do Pai Mateus e a Pedra do Ingá. Era uma região movimentada, esse interior nordestino nesse tempo...
Placa informativa, no Parque Nacional de Sete Cidades - PI
Pinturas rupestres no Parque Nacional de Sete Cidades - PI
Enfim, as formações rochosas estão divididas em sete áreas do parque, muitas delas bem próximas entre si. São as "Sete Cidades". Entre as formações mais famosas estão a Pedra da Tartaruga, os Mapas do Brasil, o Arco do Triunfo, o Dedo de Deus e a incrível Biblioteca, minha preferida. Por cerca de duas horas caminhamos entre e sobre elas. Entre uma "cidade" e outra, seguíamos no ar condicionado da Fiona. Dentro de cada cidade (visitamos cinco), enfrentávamos o calor de trinta e poucos graus.
Bela paisagem vista do alto do mirante no Parque Nacional de Sete Cidades - PI
Admirando a paisagem do Parque Nacional de Sete Cidades - PI
Tudo visitado e fotografado, voltamos para Piripiri, para nosso hotel California, onde tínhamos deixado nossas roupas para lavar. E assim, de roupas bem limpinhas, viajamos mais 160 km até a capital do estado, Teresina. É a décima quinta capital que passamos, aqui no Brasil.
A "Biblioteca", no Parque Nacional de Sete Cidades - PI
O sempre presente "Dedo de Deus", no Parque Nacional de Sete Cidades - PI
Para vir até aqui, fizemos um belo desvio no nosso rumo. Mas não queríamos deixar para trás a capital menos visitada por turistas no nordeste. É a única que não fica no litoral, cidade planejada e construída na metade do séc. XIX. Chegamos no finzinho do dia e deixamos para fazer turismo amanhã. Mas aproveitamos a noite de sábado para ver um pouco do seu agito.
Concurso de Rainha 3a idade do Carnaval , em Teresina - PI
Fomos jantar num dos restaurantes mais conhecidos, o Favorito, e de lá para um pub bem movimentado, o Planeta Diário. Entre um e outro, uma rápida passada no Jockey Club, onde acontecia o concurso de rainha do carnaval da terceira idade. Entre os jurados, a eterna Elke Maravilha. Foi divertido! Jóia mesmo foi o pub, onde duas bandas com vocalistas mulheres deram um verdadeiro show durante a noite e madrugada, nos propiciando lembranças e momentos que para sempre guardaremos na memória. Só a noite de de hoje já fez valer esse desvio de 160 km. Amanhã, durante o dia, o que vier é lucro!
No bar Planeta Diário, em Teresina - PI
Magnífico visual de final de tarde na Chapada das Mesas, região de Carolina - MA
Recentemente inaugurada, a tirolesa dos 1.200 metros é uma das grandes atrações do Complexo Turístico da Pedra Caída. O início é do alto de um morro de onde se tem uma visão panorâmica de boa parte da região da Chapada das Mesas e o percurso cruza todo o vale, inclusive passando por cima do canyon da Pedra Caída. São cerca de 1 min e 20 segundos de descida à toda velocidade, preso a dois cabos de aço, tempo suficiente para gritar bastante, admirar a paisagem e até tirar fotos ou filmar.
A famosa tirolesa dos 1.200 metros, na Chapada das Mesas, região de Carolina - MA
Tirolesa gigante (no alto, à direita) com o visual da Chapada das Mesas, região de Carolina - MA
Além da coragem de enfrentar a descida, o outro obstáculo é a coragem de enfrentar a subida. Um infindável ziguezague de rampas nos levam morro acima, num percurso que dura de 20 min a uma hora, dependendo do pique e disposição de quem sobe. No caminho, vários banquinhos colocados em locais estratégicos para quem quiser descansar e/ou admirar a paisagem que fica cada vez mais ampla. Depois de todo esse esforço e de um tempo lá encima para admirar as enormes "mesas", montanhas com o topo plano que caracterizam esta região, é hora da descida. A Ana foi primeiro, com a filmadora, gritando vale abaixo. Pouco depois foi a minha vez. O frio na barriga é logo substuído pela sensação de estar voando. A tensão só volta no final do percurso, na hora dos freios funcionarem. Eles funcionam e tudo acaba bem, hehehe!
A longa subida para o alto da tirolesa dos 1.200 metros, na Chapada das Mesas, região de Carolina - MA
Início da tirolesa dos 1.200 metros, na Chapada das Mesas, região de Carolina - MA
Terminado a nossa programação no complexo, tudo devidamente pago, aceleramos a Fiona em direção ao Portal Da Chapada, uma formação rochosa a meio caminho da cidade de Carolina. Era o finalzinho da tarde e queríamos chegar lá encima em tempo de assistir o pôr-do-sol e observar a Chapada das Mesas colorida pelas luzes do fim do dia.
Descendo a tirolesa dos 1.200 metros, na Chapada das Mesas, região de Carolina - MA
Chegando ao fim da tirolesa de 1.200 metros, em Carolina, região da Chapada das Mesas - MA
O acesso fica ao lado da estrada que liga Carolina à Imperatriz. Daí em diante, uma ladeira de quase 600 metros de areia fofa, mais uma trilha de 200 metros. A primeira parte, trabalho para a super Fiona, que também merecia sua parcela de divertimento neste dia inesquecível. Não foi fácil, mas ela chegou lá no alto, poupando-nos um bom tempo e esforço. Daí para o Portal, foram mais 5 minutos de caminhada. Chegamos na janela de pedra na hora certa para poder admirar o espetáculo do final de tarde.
Morro do Chapéu visto do alto do Portal da Chapada, na Chapada das Mesas, região de Carolina - MA
O Portal da Chapada, na Chapada das Mesas, região de Carolina - MA
Além de fotos de todos os ângulos, ainda pudemos praticar nossas "habilidades alpinísticas", escalando o Portal para termos uma vista ainda mais privilegiada. Foi o final de dia perfeiro para um dia perfeito! Deu um pouco de trabalho para desescalar, ou descer da pedra, mas nada que não tivesse valido à pena.
Admirando a paisagem do alto do Portal da Chapada, na Chapada das Mesas, região de Carolina - MA
Amanhã, seguimos para a cidade de Riachão, ainda na região da Chapada das Mesas. Sempre no rumo do Jalapão, vindos do norte, pela Chapada das Mangabeiras. Muita aventura pela frente, hehehe.
Pôr-do-dol na Chapada das Mesas, região de Carolina - MA
passeio de catamarã no rio São Francisco em Canindé do São Francisco, divisa de Sergipe e Alagoas
O primeiro programa do dia foi o famoso passeio de catamarã pelo canyon do São Francisco, acima da represa de Xingó. Mais famoso do que eu pensava. E, consequentemente, concorrido...
Nosso catamarã lotado no passeio de catamarã no rio São Francisco em Canindé do São Francisco, divisa de Sergipe e Alagoas
Quando estive por aqui há dez anos, fiz esse passeio num pequeno catamarã onde havia umas quinze pessoas, talvez. Hoje, semana entre natal e ano novo, são três saídas de catamarã, cada uma com umas 150 pessoas.
A gente zarpa do lado de Sergipe, município de Canindé do São Francisco. Fomos de carro até o restaurante Carrancas e partimos pouco depois das nove da manhã. Nós e a torcida do Corinthias. Pior estava o catamarã das 11 da manhã, que cruzamos na volta. Aí, vinha com a torcida do Flamengo...
passeio de catamarã no rio São Francisco em Canindé do São Francisco, divisa de Sergipe e Alagoas
Achamos um canto mais sossegado no segundo andar e fomos curtindo a paisagem. Deixamos o dique e a represa para trás e fomos entrando nos canyons. Água bem verde, convidativa.
Estátua de São Francisco durante passeio de catamarã no rio São Francisco em Canindé do São Francisco, divisa de Sergipe e Alagoas
Passamos pela estátua de São Francisco, colocada numa reentrância da rocha ao lado do rio e chegamos ao ponto onde se pode nadar, dentro de uma área delimitada, ao lado de altas paredes do rio. Na verdade, é um ponto que foi alagado, não faz parte do curso natural do rio. A água não corre e fica mais seguro para as pessoas nadarem.
Nadando nas águas verdes do rio durante passeio de catamarã no rio São Francisco em Canindé do São Francisco, divisa de Sergipe e Alagoas
Para nós, a graça foi ficar brincando de mergulhar, tentar chegar ao fundo, que chega aos 20-25 metros neste ponto. Embaixo, o esqueleto de antigas árvores que não tiveram tempo de se mudar morro acima... Nós levamos máscaras e foi bem divertido. Acho que até uns 20 metros eu consegui chegar. Mas lá embaixo, água mais fria, visibilidade de poucos metros e aquela aparência fantasmagórica esverdeada das árvores mortas não era muito hospitaleira não. Mais agradável era ficar bem patrão no alto do catamarã observando aquela multidão nadando com suas bóias e tomar uma cerveja gelada.
Nosso catamarã no passeio pelo rio São Francisco em Canindé do São Francisco, divisa de Sergipe e Alagoas
Na volta, ficamos amigos de uma simpática família campineira. O filho quer estudar na Unicamp e os pais gostam muito de viajar também. Mas concordaram que, 1000dias, só sem filhos...
Amizade com família campineira durante passeio de catamarã no rio São Francisco em Canindé do São Francisco, divisa de Sergipe e Alagoas
Fim do passeio, primeira etapa do dia vencida. Agora, o rumo era rio abaixo, em direção à Grota do Angico!
Um belo iceberg proveniente das gigantescas plataformas de gelo da Antártida cruza nosso caminho na entrada do Drygalski Fjord, na Geórgia do Sul
A tarde de hoje foi a nossa última nas costas da Geórgia do Sul, essa incrível ilha perdida no meio das imensidões geladas do Atlântico meridional. Depois de tantos desembarques ao longo da costa norte da ilha, agora foi a vez de ficarmos admirando a paisagem de dentro do conforto do Sea Spirit, enquanto o barco percorria toda a extensão do Drygalski Fjord, o maior fiorde da Geórgia do Sul.
Nosso roteiro e pontos de parada na Geórgia do Sul
Navegando no Drygalski Fjord, na Geórgia do Sul
Navegando por entre as montanhas e geleiras do Drygalski Fjord, na Geórgia do Sul
Fiordes são formações geológicas deixadas para trás pelas grandes geleiras das épocas glaciais. Esses enormes e poderosos rios de gelo abriram caminho por entre as montanhas, formando vales profundos em forma de “U” na sua rota para o mar. Naquela época, com tanta água na forma de gelo no norte, sul e grandes montanhas do planeta, o nível dos oceanos era bem mais baixo do que é hoje. Com o clima se aquecendo, as geleiras foram derretendo e o nível dos mares subindo, passando a ocupar os enormes vales formados pelos rios de gelo que retrocediam. Essas formações são muito comuns nas costas do Noruega, Groelândia, Islândia e Chile, mas também são encontradas em menor número no Canadá, Dinamarca, Alaska, Nova Zelândia e aqui, na pequena Geórgia do Sul. O Drygalski é o maior deles, um estreito e comprido braço de mar ladeado por altas montanhas, penhascos e inúmeras geleiras reminiscentes daquela antiga e gigantesca geleira que abriu caminho por entre essas montanhas na última era glacial. O cenário é simplesmente grandioso e espetacular.
O primeiro iceberg tabular, vindo diretamente da Antártida, a gente nunca esquece! (pouco antes de entramos no Drygalski Fjord, na Geórgia do Sul)
Os passageiros do Sea Spirit correm a fotografar os primeiros icebergs da nossa viagem, pouco antes de entrarmos no Drygalski Fjord, na Geórgia do Sul
Mas antes de entramos nesse fiorde, tivemos um outro encontro não menos emocionante. Pela primeira vez nessa viagem, encontramos os gigantescos icebergs vindos diretamente das grandes plataformas de gelo da Antártida. São os chamados icebergs “tabulares”, em formato de mesa, com centenas de metros de lado formando um grande platô no seu topo. Eles são diferentes (e muito maiores!) do que qualquer outro iceberg que já tenhamos visto, aqui na Geórgia do Sul e mesmo ao redor da Groelândia, por onde também viajamos nesses 1000dias.
Avistando os primeiros grandes icebergs da viagem, pouco antes de entrar no Drygalski Fjord, na Geórgia do Sul
Blocos de gelo provenientes das geleiras do Drygalski Fjord, na Geórgia do Sul
Blocos de gelo se soltam das geleiras aqui da Geórgia do Sul (e também na Islândia, Groelândia e Alaska) formando pequenos icebergs que já conhecíamos. Claro, alguns deles são bem grandes também e um deles chegou mesmo a afundar o Titanic. Mas tamanho é relativo e o que nos parecia grande antes, agora, comparado a esses colossais icebergs tabulares, viraram pequenos “cubos de gelo”. Aqueles tem um formato mais quebrado, pontiagudo. Esses, vindos diretamente da Antártida, são mais quadrados. Os maiores, formados quando um grande pedaço de plataforma de gelo se rompe, chegam a ter o tamanho de estados como Alagoas e Sergipe. Enfim, são mesmo colossais. Assim que se desprendem do gelo continental, as correntes marinhas os levam lentamente para o norte. Aos poucos, vão derretendo e se partindo em icebergs menores. Existe uma linha imaginária no Atlântico Sul (na verdade, ao redor de todo o continente antártico) que marca o ponto máximo aonde essas enormes massas de gelo chegam antes de derreter completamente. A Geórgia do Sul se encontra dentro dos limites dessa linha imaginária e por isso já começamos a vê-los por aqui enquanto as Falkland situam-se ao norte dessa linha.
A vistosa parede de gelo de um iceberg que flutua a frente do Sea Spirit, pouco antes de entrarmos no Drygalski Fjord, na Geórgia do Sul
A paisagem geleda e montanhosa do Drygalski Fjord, na Geórgia do Sul
Navegando no Drygalski Fjord, na Geórgia do Sul
O que vimos hoje foi o mesmo que viram os primeiros navegadores e exploradores dessa região há poucos séculos atrás. Ao se depararem com esses enormes icebergs, logo concluíram que só poderiam vir de alguma enorme massa de terra mais ao sul. Muito provavelmente, um novo continente! Por isso, muito antes de qualquer pessoa ver a Antártida com seus próprios olhos, a existência do continente já era conhecida (ou deduzida...). Com pistas desse tamanho, não é de se admirar! E olha que passaram-se mais de dois séculos entre os primeiros encontros com os icebergs tabulares e o momento em que, finalmente, alguém encontrou a verdadeira “terra firme” do último continente.
Uma das muitas geleiras ao longo do Drygalski Fjord, na Geórgia do Sul
Mais uma das geleiras do Drygalski Fjord, na Geórgia do Sul
Geleiras e montanhas do Drygalski Fjord, na Geórgia do Sul
Enfim, muitos icebergs tabulares e a história da exploração da Antártida nos esperam nos próximos dias. Hoje foi só para abrir o apetite! A atração principal dessa tarde foi mesmo a navegação pelo Drygalki Fjord. Logo na entrada do fiorde, um zodiac levou para terra firme dois dos nossos guias enquanto nós continuávamos nossa navegação. Os guias foram fazer um trabalho científico de observação de animais em uma baía mais isolada. É uma espécie de favor que fazem aos pesquisadores dessa ilha, algo muito comum entre cientistas e as companhias de turismo, unindo o útil ao agradável. Na volta, após irmos até o fim do fiorde e voltarmos, recolhemos eles de volta, já com seus preciosos dados para serem enviados às bases científicas aqui da Geórgia do Sul.
Uma imponente geleira do Drygalski Fjord, na Geórgia do Sul
Blocos de gelo se desprendem de geleira no Drygalski Fjord, na Geórgia do Sul
Uma das inúmeras geleiras ao longo do Drygalski Fjord, na Geórgia do Sul
Quanto a nós, navegamos tranquilamente por esse fotogênico braço de mar. A quantidade de pequenas geleiras no seu entorno realmente impressiona. Digo “pequenas” só porque estou comparando-as com a geleira inicial, aquela que deu origem ao fiorde por onde hoje navegamos. Porque, se esquecermos do tamanho colossal desta, essas outras que vimos hoje também são enormes. Descem das altíssimas montanhas ao fundo trazendo consigo milhões de toneladas de gelo e rocha arrancada das montanhas. Isso mesmo, ainda hoje essas geleiras continuam a abrir caminho e formar novos vales, moldando a geologia do local.
Observando o final do Drygalski Fjord, na Geórgia do Sul
Admirando a beleza grandiosa do Drygalski Fjord, na Geórgia do Sul
Navegando por entre as montanhas e geleiras do Drygalski Fjord, na Geórgia do Sul
O fiorde não é largo e o Sea Spirit está sempre próximo dos penhascos e geleiras, ora de um lado do antigo vale, ora do outro. Cada geleira, cada visão, cada cenário mais impressionante que o anterior. Por fim, chegamos ao fim do fiorde, o ponto para onde retrocedeu a antiga geleira formadora de toda essa maravilha. Ainda hoje, ela continua bem maior do que as geleiras laterais, suas antigas “afluentes”. Aí o Sea Spirit para, faz meia volta, nos dá um tempo para nossas fotos e momentos de admiração e veneração e inicia o longo caminho de retorno.
Com a Kim na piscina de água quente do Sea Spirit, deixando a gelada Gold Harbour, na Geórgia do Sul
Com a Kin e o Brian na piscina de água quente do Sea Spirit, deixando para trás a gelada Gold Harbour, na Geórgia do Sul
No caminho de volta, aproveitamos para admirar a paisagem de “outro ângulo”: de dentro da nossa piscina de água quente! A situação era quase surreal: circundados por montanhas geladas e cachoeiras de gelo que despencavam de dezenas de metros sobre uma mar com águas de 2 graus de temperatura, lá estávamos nós em nossos trajes de banho e ao ar livre, mais felizes do que nunca, uma lata de cerveja em uma mão e uma máquina fotográfica em outra. A tática era ficarmos até o pescoço dentro da água quente e alternar corridas ao convés gelado para tirarmos fotos, com mergulhos de cabeça para reaquecermos nossas faces geladas. Foi uma delícia, assistida pelos incrédulos velhinhos que formam a maioria dos nossos colegas de viagem. Enfim, quem está na chuva é para se molhar e lá estávamos nós, mais molhados do que nunca. Uma despedida à altura dos dias inesquecíveis que passamos nessa fantástica ilha chamada Geórgia do Sul!
Aproveitando a piscina de água quente no convés do Sea Spirit enquanto navegamos nos ares gelados do Drygalski Fjord, na Geórgia do Sul
Aproveitando a piscina de água quente no convés do Sea Spirit enquanto navegamos nos ares gelados do Drygalski Fjord, na Geórgia do Sul
AS Baianas, em festa de rua em Cachoeira, no Recôncavo Baiano - BA
Para alegria nossa e dela própria, o dia começou bem cedo com um super banho da Fiona. Ele estava precisando, depois de tanta terra, areia e principalmente maresia. Banho por dentro e por fora, com direito à vaselina por baixo do carro, para proteger um pouco as borrachas e metais do mar e ar inclementes.
Merecido banho completo da Fiona em Salvador - BA
Duas horas e meia de banho mais tarde, voltei para casa para encontrar a Ana, a Livia e o Wilson para juntos seguirmos ao Recôncavo, para as cidades vizinhas de Cachoera e São Félix e, no caminho, ainda passar em Santo Amaro, terra de Dona Canô e seus dois filhos famosos.
Com a Livia e o Wilson na Igreja Matriz em Santo Amaro, no Recôncavo Baiano - BA
Recôncavo é o nome que se dá à toda área ao redor da Baía de Todos os Santos. Essa foi a primeira fronteira agrícola do Brasil, ocupada há mais de 450 anos. Cresceu para abastecer a então capital do Brasil colônia, Salvador e de lá, exportar seu excelente tabaco e também o açúcar para todo o mundo. A mais conhecida cidade da região é a pequena Cachoeira, que ainda preserva dezenas de prédios históricos com 200, 300 e até 400 anos de história. A cidade foi fundada pelos filhos do lendário Caramuru, o Robison Crusoé português que foi salvo pelos índios e acabou se casando com a filha do chefe, a bela Paraguaçu. Pois é, como forma de "agradecer" os índios, os filhos do casal praticamente extinguiram a população indígena, criaram as primeiras plantações de cana-de-açúcar e fundaram Cachoeira.
Prédio histórico em Cachoeira, no Recôncavo Baiano - BA
A cidade me lembrou bastante as cidades históricas mineiras. Com a diferença que, enquanto as mineiras estavam apenas começando, Cachoeira já tinha quase 200 anos de história e tradição. As ruas são de paralelepípedo, as casas são coloridas e prédios históricos como igrejas e a antiga cadeia pública se destacam. Entre eles, há um antigo convento do séc XVIII, agora transformado em pousada e restaurante mas que mantém todo o charme de outrora. Ali comemos o mais famoso prato típico da região, a manissoba. É uma espécie de feijoada sem feijão, que é substituído pelas folhas do pé de mandioca. É preciso saber fazer e cozinhar porque essas folhas, em seu estado natural, são venenosas. Achamos todos uma delícia!
Almoçando no antigo Convento, em Cachoeira, no Recôncavo Baiano - BA
A cidade fica na beira do rio Paraguaçu, já quase na baía de Todos os Santos. Do outro lado do rio, a vzinha São Félix, também cheia de construções históricas. Para chegar lá, uma enorme ponte de ferro, atração turística por si só, construída pelos ingleses há mais de 130 anos! De lá se tem a mais bela vista de Cachoeira e também se pode visitar a charutaria, cuja matéria-prima é o melhor tabaco do Brasil, ali do Recôncavo mesmo.
A famosa charutaria de São Félix, no Recôncavo Baiano - BA
Infelizmente para nós, estava fechada hoje, por causa do feriado. Em compensação, tivemos a sorte de presenciar uma festa de rua na cidade de Cachoeira, a festa de Nossa senhora da Ajuda, primeiro nome da cidade. A festa segue pelas ruas até a igreja do mesmo nome, a mais antiga da cidade, de 1595. É o que eles chamam por aqui de "Lavagem". Foi jóia ver as baianas em seus trajes típicos andando e dançando, acompanhadas de uma multidão bem eclética e animada. Não poderíamos ter deixado a Bahia sem ter visto uma festa assim!
Vestidos em movimento, durante festa de rua em Cachoeira, no Recôncavo Baiano - BA
Só faltou falar que na ida demos uma parada em Santo Amaro, maior e mais movimentada que Cachoeira. Logo na entrada, uma enome foto da centenária, lúcida e lulista Dona Canô. Difícil imaginar uma imagem mais digna.
Com o Wilson, em Santo Amaro, no Recôncavo Baiano BA
Foi ótimo ter tido a companhia da Livia e do Wilson, dois soteropolitanos de carterinha. Foram horas e horas de conversa agradável, entre outras coisas sobre a Bahia e sua cultura, do futebol ao candomblé. Duas almas muito parecidas com as nossas, como outras que temos tido a sorte de encontrar nesse nosso continente tão diverso mas, ao mesmo tempo, com tantos pontos em comum.
Fotografando em São Félix, no Recôncavo Baiano - BA
Na orla do rio Paraguaçu, em São Félix, no Recôncavo Baiano - BA
Huaca de La Luna, em Trujillo - Peru
Bem ao lado de Trujillo (provavelmente embaixo também!) há tesouros arqueológicos inestimáveis. O mais famoso deles, há muito Patrimônio Mundial da Unesco, é a gigantesca cidade de Adobe de Chan Chan. Essa eu conheci há 21 anos atrás e amanhã estará no nosso roteiro. Outro, para mim ainda mais fascinante, são as ruínas da cultura Moche, que antecedeu Chan Chan em muitos séculos.
A Huaca del Sol, que só agora começa a ser escavada e estudada, em Trujillo - Peru
Para lá seguimos hoje, seguindo a recomendação do Andreas e da Vania que gostaram muito de lá. A escavação é relativamente recente, tanto que nem existia quando passei por aqui da outra vez. São dois enormes sítios, um ao lado do outro, a Huaca de La Luna, um centro religioso, e a Huaca del Sol, um centro administrativo. Por incrível que pareça, a Huaca del Sol ainda está praticamente intocada, coberta pela terra de séculos e séculos. As visitações não são permitidas e só se pode observá-la de longe. Imagina quantos segredos lá dentro? As escavações devem começar nos próximos meses.
A nossa excelente guia Milagro, que muito nos ensinou sobre a cultura Moche, na Huaca de La Luna, em Trujillo - Peru
Já a Huaca de La Luna, nessa as escavações andam a todo vapor e as visitações são um verdadeiro show, principalmente com um guia bom como o que tivemos a sorte de ter, a simpática, profissional e inteligente Milagro. Ela nos conduziu através do antigo templo e seus diversos níveis e nos ilustrou sobre a cultura Moche, que floresceu na primeira metade do primeiro milênio da nossa era. Ouviu e respondeu pacientemente nossas perguntas, tanto sobre o assunto que ali visitávamos, como sobre outras antigas culturas peruanas e arqueologia em geral. Uma verdadeira aula!
Placa informativa na Huaca de La Luna, em Trujillo - Peru
O espaço está muito bem organizado, cheio de painéis explicativos, desenhos e diagramas. Pode-se ver arqueólogos trabalhando, além de observar trabalhos de manutenção do sítio. Um dos painéis mostrava o número e a origem dos visitantes. Nós, brasileiros, ainda estamos lá atrás. Como também já disse em outro post, brasileiro vem ao Peru para ver Machu Pichu, mas o país tem muito mais coisa a mostrar, entre tesouros arqueológicos e belezas naturais.
Visita à ruína moche de Huaca de La Luna, em Trujillo - Peru
E aqui é um deles! Os moches, de tempos em tempos, provavelmente quando havia alguma mudança de poder, enterravam seu antigo templo e faziam outro encima, um pouco maior. Isso ajudou a preservar os templos antigos e hoje, ao serem desenterrados, mostram suas paredes pintadas ainda com todas as suas cores. Aliás, para mim isso foi inédito aqui no Peru: ver pinturas coloridas, mais vivas do que nunca. Parecem até as tumbas egípcias, mas com deuses diferentes.
Painel representando os sacrifícios humanos realizados na Huaca de La Luna, em Trujillo - Peru
Aliás, o deus principal daqui exigia sacrifícios humanos de tempos em tempos, características de quase todas as culturas pré-colombianas. Aqui, os sacrifícios eram raros, a cada 20 ou 30 anos, ao final de alguma grande seca ou enchente (coisa do El Niño...). O que foi diferente entre os Moches era que os sacrificados, todos homens, eram Moches também. Participavam de algum combate contra os próprios companheiros e, aos perdedores, o sacrifício. Para eles, tudo indica, deveria ser uma honra, tudo para aplacar a ira divina.
Trabalho de conservação na Huaca de La Luna, em Trujillo - Peru
Bom , por aqui ficamos algumas horas, extasiados com a arquiteura, pinturas e histórias do lugar. E também curiosíssimos sobre o que vai aparecer quando escavarem a vizinha Huaca del Sol. Um motivo a mais para voltar daqui a um tempo. Quanto aos moches, entraram em decadência depois do ano 500, mas não demorou muito para que, transfigurados, criassem a cultura Chan Chan ali do lado mesmo, um pouco mais ao norte. Para lá seguimos ainda hoje, mas só tivemos tempo de dar uma olhada no museu. A visita à famosa cidade de Adobe será mesmo amanhã, já a caminho de Mancora, no extremo norte do país.
Um belo, complexo e misterioso painel na Huaca de La Luna, em Trujillo - Peru
Jantar charmoso no restaurante Chicha, em Cusco, no Peru
Quando acordamos no dia 4, no nosso hotel em Cusco, o Gustavo já tinha partido. Depois da nossa noitada, ele teve só umas duas horas de descanso e seguiu para o aeroporto. Já nós, aproveitamos para dormir até mais tarde, a primeira vez depois de uma semana de correria intensa e muito poucas horas de sono.
O famoso restaurante Chicha, em Cusco, no Peru, local da nossa despedida dessa cidade inesquecível
A Ana não acordou muito bem. Logo botou a culpa na comida de rua que encontramos na madrugada. Não sei se foi isso mesmo, mas sabemos que ela aguentou firme todo o esforço que fizemos em Machu Picchu e Choquequirao, quando ela não tinha tempo nem chance de passar mal. Sabiamente, esperou chegarmos à Cusco, no conforto de um hotel, hehehe.
O famoso restaurante Chicha, em Cusco, no Peru, local da nossa despedida dessa cidade inesquecível
Então, passamos o dia bem tranquilo por aqui, mexendo um pouco no computador e descansando. Ao final da tarde, decidimos ficar em Cusco mais um dia, adiando nossa ida para a região do lago Titicaca para o dia 06. Pausa de descanso mais do que merecida!
Degustação de diversos tipos de batatas no restaurante Chicha, em Cusco, no Peru
Hoje, dia 05, ela já estava um pouco melhor. Passeamos aqui por perto mesmo e, para celebrar nossa última noite nessa cidade maravilhosa, resolvemos investir em um jantar em um dos restaurantes chiques da cidade. O Peru é cada vez mais famoso por sua culinária, fama bem justificada, aliás! Assim, seguimos a indicação da nossa amiga e madrinha Laura e reservamos lugar no restaurante Chicha.
Delicioso prato típico (quase um ensopado) no restaurante Chicha, em Cusco, no Peru
Foi um desbunde! Com direito a vinho, entradas, sobremesa e, claro, prato principal! A entrada foi uma amostra das mais variadas batatas, entre as dezenas que existem no país, cheia de molhos, queijos e condimentos. Depois, no principal, carnes, mais batatas e outras “guloseimas”. Enfim, fechamos nossa estadia em Cusco com o melhor da culinária do país. Para marcar bem e não esquecer nunca mais! Adios, Cusco, no te olvidaremos jamás!
Carne ao aolho de vinho no restaurante Chicha, em Cusco, no Peru
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