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Fábio Costa (09/04)
O Ceará eu conheço bem e adoro. O Chile ainda ñ. Mas é um dos meus pr...
Claudia Acassia (08/04)
Que legal. Adoro o Ceará e vou conhecer o Chile esse ano. No Chile irei ...
Helder Ribeiro (07/04)
Rapaz, Fico muito contente em saber que os planos das hidrelétricas fo...
Helder Ribeiro (07/04)
Aê meu grande amigo, Agora sim estou de volta à vida normal e enfim v...
Roberta (04/04)
Olá! Ao procurar informações da cidade de Philadelphia, encontrei o si...
Aproveitando o dia de sol no teto do catamaran de Ilha Grande para Angra dos Reis - RJ
Há cinco anos, numa tarde ensolarada na Ilha do Mel, depois de um dia muito gostoso pelas praias da ilha, eu e a Ana demos nosso primeiro beijo. Era o pontapé inicial numa bela história que hoje faz aniversário num dia frio e nublado aqui em Curitiba. Dois anos mais tarde, aproveitando a mesma data, demos um passo adiante e nos tornamos noivos. O "evento" foi num restaurante especializado em fondues aqui em Curitiba, com a presença da família dela e também da minha, via telefone. Hoje, três anos depois, voltamos ao mesmo restaurante para celebrar, um verdadeiro banquete de fondues variados e vinho francês. O duplo aniversário merecia!!!
Também hoje, numa bela coicidência, chegou nosso novo passaporte. Azul, moderno e com chip. Não vou ficar com o meu por muito tempo. Na segunda-feira ele segue para São Paulo, para o consulado canadense. A produção do "dossiê" está em fase final. Depois, falo mais disso. Além do passaporte, pegamos a Nikon também, novinha em folha e pronta para mais 20 mil fotografias, com o devido cuidado com a areia das praias e desertos...
A homenagem no post de hoje não poderia ser outra, né? Algumas fotos do casal nesses primeiros 450 dias de viagem:
Início da viagem, apaixonados em Miami
Balada no Nikki - South Beach
Primeira vez no Caribe, já entrando no clima praiano
Felizes na praia - Harbour Island - Bahamas
Enfrentando juntos o friozinho das montanhas do sul de Minas
Pôr-do-sol no Pico do Gavião em Andradas - MG
Sempre à procura de belas cachoeiras!
A bela Cachoeira do Bicame, na Lapinha, região da Serra do Cipó - MG
Juntos até embaixo d'água!
Mergulhando na Laje de Santos - SP
Devidamente abençoados!
Tradicional foto com o Cristo Redentor, no Rio de Janeiro - RJ
A hora certa, no lugar certo, com a pessoa certa!
Felizes da vida, no Riacho Doce, fronteira da Bahia com Itaúnas - ES
O clima inspirador do sul da Bahia...
Pôr-do-sol em Caravelas - BA
Como diz a música: "Almoça junto todo dia..."
Almoçando no Daniel, na ilha de Boipeba - BA
Sem conforto, mas com muuuita vista!
No nosso local de acampamento, ao lado da queda da Fumaça, próxima à vila do Capão, na Chapada Diamantina - BA
Olha só a devoção!
Viva a Serra da Capivara, próximo à São Raimundo Nonato - PI
Admirando, juntos, ao espetáculo diário da natureza. De cadeira cativa!
Autofoto assistindo ao pôr-do-dol em Jericoacoara - CE
Maravilhado com a natureza grandiosa que circunda Choquequirao, no Peru
Acordamos preparados psicologicamente para a pirambeira que nos aguardava do outro lado do rio. Ali, do lado do rio Apurimac, estávamos a 1.600 metros de altitude. Do lado de lá, a trilha sobe ininterruptamente até os 3 mil metros, um ziguezague sem fim que vai nos proporcionado vistas cada vez mais bonitas da paisagem grandiosa que nos cerca. Um pouco antes da metade da subida há algumas fazendas e restaurantes simples, até onde eu deveria subir ontem em busca das mulas. Felizmente, consegui resolver tudo lá embaixo mesmo. Mas, se escapei ontem, hoje não tinha remédio. Afinal, Choquequirao fica lá no alto e para lá vamos!
Nosso acampamento ao lado do rio Apurimac, a caminho das ruínas de Choquequirao, no Peru
Num pequeno teleférico, a Ana cruza o rio Apurimac, na trilha para Choquequirao, no Peru
Logo cedinho chegou nosso arriero do lado de lá. Com a ajuda do arriero do lado de cá, embalaram toda a bagagem, passaram ela pelo teleférico e arrumaram as mulas do lado de lá. Ao mesmo tempo, nós passamos pelo rio também. Entramos num pequeno carrinho suspenso e a gravidade nos leva até a metade do caminho. Depois, algum simpático do lado oposto do rio nos puxa pela corda. A Ana passou primeiro, junto com umas mercadorias e depois, até ajudou a nos puxar. Já do lado de lá, enquanto as mulas sentiam o peso da nossa bagagem, já colocamos o pé na trilha.
Com o Gustavo, atravessando de teleférico o rio Apurimac, a caminho das ruínas de Choquequirao, no Peru
Cruzando o rio Apurimac, a caminho de Choquequirao, no Peru
O segredo, aqui, é começar o mais cedo possível, para poder subir na sombra. Depois, com o sol, a tarefa fica vinte vezes mais difícil. Nós começamos juntos, mas logo eu me distanciei, seguindo diretamente até o acampamento na metade do caminho. Aí esperei até que chegasse o arriero com as mulas. Ele me disse que estava tudo bem com os dois e eu segui viagem morro acima, outra sequência de ziguezagues. A gente não consegue ver o fim, mas consegue acompanhar a nossa subida olhando o outro lado do vale, por onde descemos ontem. Fixamos algum ponto de referência mais alto e vamos acompanhando enquanto nós o ultrapassamos e ele vai ficando para baixo. Enfim, é um jogo psicológico e, quanto mais conseguimos pensar em outras coisas, mais rápido passa o esforço. Por fim, o sol começou a bater na trilha e tudo ficou mais difícil. Mas aí, já estava quase lá no alto e foram apenas mais uns 15 minutos. Quando menos eu esperava, depois de uma curva, atrás de mais uma lombada, lá estava a placa anunciando que havia chegado em Marampata, o nome da pequena vila que serve de acampamento. Um banquinho na sombra, um mirante com uma vista sensacional e o ar puro das montanhas, o lugar perfeito para parar e esperar a Ana e o Gustavo. Para completar, lá estava Choquequirao, uns cinco quilômetros adiante e praticamente na mesma altura em que eu estava.
A trilha serpenteia monranha acima, do outro lado do rio Apurimac, na trilha de Choquequirao, no Peru
Ao longe, uma grande cachoeira embeleza a paisagem da trilha para Choquequirao, no Peru
Meia hora depois chegou o arriero, que já seguiu com nossas mulas até a entrada do parque arqueológico. Outra meia hora e apareceram a Ana e o Gustavo, ele bem baqueado da subida. O sol tinha apertado no final e o ziguezague não terminava nunca, reclamou. Mas quinze minutos de descanso naquele oásis o revitalizaram e pouco depois, retomamos o caminho. Não demorou muito e chegamos à portaria, onde passamos por uma pequena burocracia. O guarda nos disse que éramos os primeiros de hoje e que apenas um casal estava lá dentro. O acampamento que dormiríamos fica em um dos terraços agrícolas das ruínas e estávamos a apenas 45 minutos de lá! A visão das ruínas já era estupenda deste posto de controle. Como não poderia deixar de ser, inúmeros terraços agrícolas construídos nas encostas íngremes, quase na beira do precipício, ficando a parte principal das ruínas no platô formado no alto das montanhas. O local onde ficam as barracas fica no meio do caminho entre esses terraços mais baixos e os templos acima.
Chegando ao acampamento de Marampata, a 2.900 metros de altitude, pouco antes de Choquequirao, no Peru
Ao final da interminável subida, o Gustavo está meio baqueado, na trilha para as ruínas de Choquequirao, no Peru
Com toda a calma do mundo, fizemos a última parte da caminhada. Apesar do ponto inicial (posto de controle) e final (acampamento) estarem na mesma altitude, isso não quer dizer que não descemos e subimos um bocado entre eles. Mas nada que se compare com a subida da manhã. Chegamos e, logo depois, vieram as mulas. Armamos nossas barracas e ficamos curtindo o visual das nossas barracas, defronte a um vale 1.500 metros mais baixo do que nós, montanhas cobertas de neve de um lado e outras mais baixas do outro. Era de tirar o fôlego!
Na trilha para as ruínas de Choquequirao, no Peru, finalmente o final da subida de 1.400 metros de altitude
Trilha para Choquequirao, no Peru, já na metade do 2o dia
Por falar em fôlego, depois de um tempo de descanso, animamo-nos para subir até as ruínas principais, aquelas que estão fazendo a fama desse lugar crescer e ser chamado de “a nova Machu Picchu”. Queríamos ir antes que chegasse mais gente e assim foi. Escolhemos um caminho mais longo, que passou primeiro por outro setor de ruínas secundárias. Depois, diretamente para o coração de Choquequirao, a praça que já está no alto do platô.
Trecho final da trilha para Choquequirao, no Peru
Os primeiros terraços agrícolas de Choquequirao, no Peru, sempre em encostas íngrimes
Difícil descrever a emoção de lá chegarmos, depois de tantas horas de esforço árduo. Como é que construíram tudo aquilo aqui em cima? Todas aquelas pedras? Quem as carregou? A gente costuma se esquecer, mas não haviam mulas, cavalos ou bois por aqui. Lhamas não carregam pedras! Não usavam a roda! Então, veio tudo nas costas, mesmo. É incrível! Mais incrível ainda é a vista que se tem lá de cima. Acho que tinham fixação por lugares altos e inacessíveis. Agora, quando já está tudo pronto, aí não dá para reclamar, aquela vista toda, um mundo infinito à nossa volta e uma casinha confortável para podermos nos abrigar. Espetacular!
Chegando na praça central de Choquequirao, no Peru
As ruínas incas de Choquequirao, no Peru
Não é tão grande como Macchu Picchu, mas dizem que ainda falta muito para ser escavado. As paisagens ao redor são comparáveis sim, mas achei aqui mais alto e mais impressionante. As praças de Machu Picchu são mais amplas e há mais construções para se ver. Enfim, acho que são bem comparáveis, mas tem essa “pequena” diferença...
Explorando as ruínas de Choquequirao, no Peru
As ruínas incas de Choquequirao, no Peru
Chegamos aqui e não havia absolutamente ninguém! As ruínas eram nossas! Depois de uma hora de explorações, chegou um outro grupo, umas oito pessoas. Mas as ruínas são grandes o bastante para cada um explorá-la de um lado. Aqui também podemos ir aonde queremos, já que está tudo aberto. Em Machu Picchu, as praças foram fechadas e temos de seguir um circuito. Qualquer pisadinha do lado de lá da cerca e aparece um guarda apitando. Aqui, é o nosso bom senso que manda. Enquanto o tal teleférico não ficar pronto, funciona. Quando milhares de pessoas passarem a chegar, não tem jeito: regras tem de ser impostas pela preservação das ruínas. É o que acontece em Machu Picchu, onde chegam 2.500 pessoas por dia. Tem de organizar.
As incríveis ruínas de Choquequirao, no Peru
Maravilhado com a natureza grandiosa que circunda Choquequirao, no Peru
É claro que temos que pagar um preço por essa tranquilidade toda. E o preço são os dois dias de caminhada até aqui (e outros dois de volta!). A única alternativa é alugar uma mula para vencer a subida no lombo dela, o que também não é muito confortável. Nada que se compare com os trens com ar condicionado que levam os turistas à Machu Picchu.
Placa indicativa nas ruínas de Choquequirao, no Peru
Completamente a sós, observando as ruínas de Choquequirao, no Peru
Bem, nós exploramos as ruínas principais de alto a baixo, o fim da tarde se aproximando. Eu resolvi aproveitar os últimos minutos de luz direta do sol para descer do outro lado das ruínas, de onde vinha o sol. Quase uns duzentos metros abaixo das ruínas principais, desse outro lado, estão vários terraços agrícolas, uma vez mais dependurados em precipícios. Mas tem uma coisa que os torna especiais em todo o mundo inca. É o único lugar onde foram encontrados pictografias de lhamas, pedras brancas colocadas nos muros de pedra dos terraços formando o desenho dos animais. Sem ter planejado isso, acabei chegando lá exatamente no melhor horário do dia para observá-las, quando o sol está incidindo sobre elas de frente, com aquela luz mágica do final do dia. Um verdadeiro presente inesperado.
Passeando nas ruínas incas de Choquequirao, no Peru
Merecido descanso nas ruínas da cidade inca de Choquequirao, no Peru
Voltei ao topo da montanha e lá, nós três, em plena praça central de Choquequirao, paisagem sublime para todos os lados, sol se pondo atrás das montanhas, resolvemos que era chegada a hora. A hora da celebração por termos chegado em lugar tão especial. Foi para isso que carregamos uma deliciosa garrafa de vinho até lá encima. Com todas as honras, nós a abrimos e brindamos. Aos incas, à natureza e à oportunidade de estramos no lugar certo, na hora certa. E os deuses ainda nos brindaram com um céu aberto e uma temperatura agradável. De longe, os outros poucos turistas que ali se encontravam nos olhavam com uma cara de: “como foi que não pensamos nisso também?”. É, em Machu Picchu, não teríamos tido essa chance...
As famosas e fabulosas pictografias de lhamas, nas paredes de Choquequirao, no Peru
As famosas e fabulosas pictografias de lhamas, nas paredes de Choquequirao, no Peru
Vinho tomado e todos os brindes feitos, hora de voltar às barracas. Já bem escuro, com a ajuda de nossas lanternas, cruzamos outro setor de ruínas incas, que no escuro ficaram ainda mais mágicas e misteriosas. Depois, 15 minutos de trilha até o acampamento. Muita gente havia chegado, umas quinze pessoas talvez, mas deixaram para seguir até as ruínas amanhã cedo. É um grupo grande, sem guias, que está seguindo até Machu Picchu. Nós, meio com dor no coração, seguimos no sentido contrário, pois a tentação de continuar era grande. Alguma outra vez, quem sabe... Já recebemos muito mais do que esperávamos aqui de Choquequirao e só podemos agradecer por isso. E descansar também, pois 30 km de trilhas nos esperam.
Um mágico fim de tarde nas ruínas incas de Choquequirao, no Peru
1000dias nas ruínas incas de Choquequirao, no Peru
Admirando a bela cachoeira de Misol-Ha, próxima à Palenque, em Chiapas, no sul do México
Saímos cedo de Ocosingo para enfrentar os pouco mais de 100 km de estradas até Palenque, mais para o norte. O problema não era a distância, mas as centenas de curvas e os incontáveis “topes” (as lombadas daqui) na estrada. Além disso, duas belas cachoeiras no trajeto. Planejamos uma para a ida e outra para a volta, já que nossa intenção era dormir novamente em Ocosingo. Ou seja, considerando a ida e a volta, os cem quilômetros se tornariam duzentos, as centenas de curvas se aproximariam do milhar e os incontáveis topes se transformariam em infinitos.
Nosso roteiro no México, das Lagunas de Montebello à Palenque
Esses eram os obstáculos planejados do dia. Havia também o inesperado, para nos atrasar um pouco mais. Vinte minutos depois da nossa saída, um controle do exército. Depois de termos passados incólumes por toda a Guatemala e também na viagem de ontem, hoje foi a nossa vez. Pararam a gente e, apesar do interesse na nossa viagem, cumpriram a sua obrigação e deram uma bela geral na Fiona, abrindo até a caixa da impressora que ganhamos de brinde na compra do computador em San Salvador. Bom, quase meia hora de “experiência” para nós e pudemos seguir viagem.
A cachoeira de Misol-Ha, próxima à Palenque, em Chiapas, no sul do México
Controles do exército são muito comuns nas estradas mexicanas. Em quase todo o país, a razão está no duro combate, uma guerra na verdade, que se trava entre o estado mexicano e o narcotráfico. Mas aqui em Chiapas há um segundo motivo. Afinal, essa é a área de atuação do EZLN, o Exército Zapatista de Liberação Nacional.
Passando por trás da cachoeira de Misol-Ha, próxima à Palenque, em Chiapas, no sul do México
Quando mais eu leio e vejo coisas aqui do México, mais eu percebo o quanto era ignorante sobre o país. Cidades e atrações lindíssimas das quais eu nunca tinha ouvido falar. Meu conhecimento se limitava à capital, Cancun e Cozumel, Guadalajara por causa da Copa de 70, Tijuana e Ciudad Juarez por causa da fronteira americana, Acapulco pelos filmes do Elvis e um pouco da história dos astecas e mayas. Além disso, um pouco de Chiapas por causa do ELZN.
Passando por trás da cachoeira de Misol-Ha, próxima à Palenque, em Chiapas, no sul do México
Em 1994, bem no dia do início da vigência do NAFTA e certamente não por coincidência, uma guerrilha até então desconhecida apareceu do nada para tomar várias cidades neste estado do sul do México, inclusive San Cristobal de Las Casas. Se tivesse sido alguns anos antes, certamente essa notícia teria sido suprimida e não chegaria aos meus ouvidos. Mas vivíamos a explosão da internet e isso fez que os guerrilheiros zapatistas ganhassem as manchetes do mundo inteiro. Uma guerrilha em pleno final do séc XX no México, ao lado dos EUA!!! Parecia inacreditável! O exército rapidamente retomou as cidades, mas o estrago havia sido feito. Os guerrilheiros voltaram para as montanhas e se engajaram numa guerra de marketing com o governo, a internet como sua principal arma. Seu rosto mais conhecido era a do Subcomandante Marcos, de balaclava, fuzil e charuto na boca. Ex-professor universitário, idealista e muito fluente, tornou-se ídolo rapidamente, atraindo gente do outro lado do mundo para a sua luta. Luta contra a globalização, FMI, EUA (aquelas coisas de sempre...) e à favor dos direitos indígenas.
A gruta ao lado da cachoeira de Misol-Ha, próxima à Palenque, em Chiapas, no sul do México
Houve muita negociação, o governo foi obrigado a ceder em vários pontos, os indígenas estão bem melhores hoje do que estavam naquela época, mas o EZLN perdeu um pouco do seu charme. Mas continua ativo, mais no marketing do que com as armas. De qualquer maneira, o exército está ali, sempre de olho.
A gruta ao lado da cachoeira de Misol-Ha, próxima à Palenque, em Chiapas, no sul do México
A imagem que fiquei de Chiapas do que via na TV naquela época se confirmou hoje. Uma terra montanhosa, sempre com matas impenetráveis e uma constante neblina entre as árvores e montanhas. Foi o que vimos hoje, na bela paisagem entre Ocosingo e Palenque. Subindo e descendo vales, as montanhas verdejantes e enevoadas estavam sempre lá, lugar ideal para esconder um misterioso exército zapatista. Imagens de filme que passavam ali, na nossa frente, ao vivo. Muito legal!
Mergulho na bela cachoeira de Misol-Ha, próxima à Palenque, em Chiapas, no sul do México
Passamos reto pela primeira cachoeira, Águas Azuis e paramos na segunda, com o curioso nome de Misol-Ha. Uma cachoeira bem cênica, formando um lago gostoso para um mergulho e uma trilha que passa atrás da queda d’água, possibilitando belas imagens. A trilha leva até uma gruta cavada por um rio subterrâneo que forma sua própria cachoeira. Tudo ali, bem pertinho. Cenário idílico, certamente frequentado já pelos mayas que construíram Palenque, quinze quilômetros adiante. Passamos uma boa hora por aí, eu meio aflito para seguirmos até as ruínas e podermos voltar com a luz do dia mas, ao mesmo tempo, sem ter forças para pressionar a Ana, que queria curtir aquele visual incrível. Afinal, como não aproveitar? Ela até nadou, enquanto eu me guardei para nadar na cachoeira da volta... Que ilusão! Eu tinha me “esquecido” que ainda tínhamos toda uma Palenque para explorar...
O Templo de La Calavera, nas ruínas mayas de Palenque, em Chiapas, no sul do México
Venerando a cachoeira do Buraco do Padre, próximo à Ponta Grossa - PR
Manhã gelada em Castro, aproveitamos para trabalhar um pouco no nosso quarto quentinho! Castro, uma das mais antigas cidades do Paraná, originou-se na metade do séc. XVIII, intimamente ligada à rota dos tropeiros, que traziam gado do Rio Grande do Sul para a cidade paulista de Sorocaba. Essas verdadeiras "caravanas" pousavam às margens do rio Iapó, onde logo surgiu uma pequena igreja e, posteriormente, uma pequena vila. Para homenagear sua origem, a cidade criou o primeiro museu do Tropeiro, contando a história desse movimento tão importante para a colonização e desenvolvimento do sul do Brasil.
Moinho, símbolo da holandês, em Castrolanda, distrito de Castro - PR
Já a partir de meados do séc XIX, a cidade começou a atrair sucessivas levas de imigrantes, como alemães, japoneses e holandeses. O último grande grupo de imigrantes holandeses chegou em 1951, fundando o distrito de Castrolanda, hoje muito importante para a economia da cidade, com sua cooperativa, produtos lácteos, artesanato e turismo. O cinquentenário da sua chegada, em 2001, foi comemorado com a construção do maior moinho de vento da América Latina, com mais de 30 metros de altura. Ali foi nossa primeira parada hoje, admirando a pacata vizinhança de arquitetura rural holandesa. Pena que, segunda-feira, restaurantes de comida típica e museus estavam fechados...
Admirando o Buraco do Padre, próximo à Ponta Grossa - PR
Em seguida rumamos para Ponta Grossa, mais precisamente para uma interessante formação geológica próxima à cidade que atende pelo estranho nome de "Buraco do Padre". Trata-se de uma cachoeira que despenca quase 40 metros sobre uma antiga caverna que teve seu teto desmoronado. A água cai em um grande salão e sai por uma pequena fresta no paredão. Para chegar até lá, caminhamos ao lado do rio e entramos por esta fresta na parede para dentro do salão, "teto solar" em formato de coração bem acima de nós. Uma beleza!!!
O famoso Buraco do Padre, próximo à Ponta Grossa - PR
A luz do sol só atinge diretamente o fundo do salão por volta do meio-dia e, mesmo assim, não durante todo o ano. O resultado dessa sombra toda é um ambiente frio e muito úmido, principalmente durante o inverno. Mas como não há muita água, é possível chegar até lá bem agasalhado e molhando-se apenas os pés. O visual vale cada suor (ou calafrio!) do esforço! E, se for no verão, o banho de cachoeira também será um prêmio!
Buraco do Padre, próximo à Ponta Grossa - PR
Também é possível ver o tal buraco pelo alto. Para isso, é preciso escalaminhar pela lateral. Falando nisso, há diversos paredões na região, com rotas já fixadas que fazem a festa de escaladores de Ponta Grossa e Curitiba.
Buraco do Padre visto por cima, próximo à Ponta Grossa - PR
Voltando ao estranho nome do local, sua origem está no fato de que um padre, há muito tempo atrás, costumava ficar lá no alto do buraco e admirar a paisagem magnífica como inspiração para suas reflexões. Faz sentido, né? O problema é que, inspirados por esse nome, foi dado um nome ainda mais capicioso para outra formação geológica logo ali do lado: a "Fenda da Freira". Bom, aí já virou esculhambação, hehehe
A bela região do Buraco do Padre, próximo à Ponta Grossa - PR
O visual gelado de Half Moon Island, na Antártida
Aproveitando que estamos na primavera do hemisfério sul e em altas latitudes (mais de 60 graus!), nossas atividades vão até bem tarde, enquanto ainda há luz no céu. Por aqui, nesses dias, só escurece mesmo depois das 10 da noite. Foi isso que possibilitou termos tido um dia tão longo hoje e só desembarcar em Half Moon Island, pelo menos nós do grupo de caiaque, depois das oito da noite. Ou oito da tarde, sendo mais preciso.
Desembarcando na gelada e pequena ilha de Half Moon Island, na Antártida
Caminhando em trilha demarcada em Half Moon Island, na Antártida
Localizada entre duas ilhas maiores, Livingston e Greenwich, do arquipélago de Shetland do Sul, a pequena Half Moon tem apenas 1,7 km2 de área, mas mesmo assim é muito popular entre os navios de turismo. Aqui há uma pequena trilha de quase um quilômetro que leva a uma colônia de pinguins chinstrap, além de possibilitar belas cenas de grandes rochedos e geleiras à distância, nas ilhas maiores.
Colônia de pinguins chinstrap em Half Moon Island, na Antártida
Pinguins chinstrap se reúnem em rochedo no alto de Half Moon Island, na Antártida
Uma enorme geleira na ilha em frente à Half Moon Island, na Antártida
Como ainda não estamos no verão, a trilha ainda está coberta de gelo e neve, o que não nos impede de caminhar sobre ela. Na verdade, para nós brasileiros, só faz ela ficar mais interessante! Se os pinguins conseguem caminhar por aqui, daquele jeito desajeitado que tem, nós também podemos!
Passageiros do Sea Spirit se aproximam de colônia de pinguins chinstrap em Half Moon Island, na Antártida
Passageiros do Sea Spirit se aproximam de colônia de pinguins chinstrap em Half Moon Island, na Antártida
O Bart, nosso passageiro artista, faz seus desenhos durante visita à Half Moon Island, na Antártida (foto de Marla Barker)
E assim, com todo o cuidado, chegamos até a colônia de pinguins chinstrap em uma das pontas da ilha. Ao contrário dos pinguins gentoo, que dividem com os chinstraps a pequena Half Moon Island e preferem ficar perto da praia, os chinstrap gostam mais do alto, perto dos rochedos. Devem apreciar a vista de lá, as geleiras ao longe e um grande rochedo coberto por liquens e fungos para lhes fazer sombra.
Pinguins da espécie gentoo e chinstrap se encontram em Half Moon Island, na Antártida
Um solitário pinguim chinstrap parece procurar seus amigos em meio ao gelo de Half Moon Island, na Antártida
Pinguim chinstrap atravessa campo de gelo em Half Moon Island, na Antártida
Interessante acompanhar a caminhada deles da praia até o alto, cruzando com os pinguins gentoo no caminho (será que conversam algo?) e um escorregadio campo de gelo. Depois, quando chegam à área rochosa, aproveitam para segurar uma pequena pedra no bico e, com todo o cuidado trazê-la para cima. É com elas que constroem seu ninho.
Com todo o cuidado, pinguim chinstrap carrega pequena pedra para fazer seu ninho em Half Moon Island, na Antártida
Com todo o cuidado, pinguim chinstrap carrega pequena pedra para fazer seu ninho em Half Moon Island, na Antártida
Além dos pinguins e do belíssimo e gelado visual polar, também tivemos a sorte de encontrar mais uma espécie de foca para a nossa coleção: a foca weddell. Estava lá tranquila, descansando sobre a neve e, só de vez em quando, nos dando a honra de um olhar ou outro.
Foca weddel, caracterizada por essas manchas na pelagem, descansa no gelo de Half Moon Island, na Antártida
Encontro com uma foca weddell em Half Moon Island, na Antártida
O nome dessa foca vem do nome do primeiro europeu a avistá-las, o inglês James Weddell, que também empresta seu nome a um dos mares que circunda a Antártida. Essa foca é o mamífero que vive mais ao sul do mundo, por isso ela demorou mais para ser “descoberta”. Vive ao redor de toda a Antártida e, ao contrário de sua primas, a foca crabeater e a ross, gosta mais de terra firme com gelo que o gelo que se forma sobre o mar.
Uma foca weddell descansa sobre o gelo em Half Moon Island, na Antártida
Um pouco maior que a crabeater, ela é facilmente distinguível pelas manchas arredondadas em sua pele e pelos. Os quase 1 milhão de indivíduos que se calcula existir se alimentam de krill, pequenos peixes e, eventualmente, até pinguins e filhotes de outras focas. Ao mesmo tempo, têm de fugir das focas leopardo e das orcas, seus únicos predadores naturais.
Colônia de pinguins chinstrap em Half Moon Island, na Antártida
Pinguim chinstrap aproveita o fim de tarde em Half Moon Island, na Antártida
Um pinguim chinstrap em Half Moon Island, na Antártida
E assim, com as últimas luzes do dia e depois de ver e fotografar duas espécies de pinguins e conhecer um novo tipo de foca, voltamos ao Sea Spirit para um merecido jantar. Amanhã, finalmente, será o grande dia de pisarmos em solo antártico de verdade, no próprio continente. Nada de ilhas, queremos o continente mesmo. Antártida, aí vamos nós!
O aspecto polar de Half Moon Island, na Antártida, no final de tarde
No fim de tarde durante visita à Half Moon Island, na Antártida
A imponente barragem do Hoover Dam, fronteira de Nevada com Arizona, nos Estados Unidos
Aproveitamos nossas manhãs livres em Las Vegas para organizar e operacionalizar nosso roteiro para os próximos meses. Serão dias corridos e intensos, cruzando todo o país de oeste à leste e depois, de sul à norte. No meio disso tudo, duas escapadas dos Estados Unidos. Primeiro, para a longínqua Groelândia, talvez a mais remota região do continente (e do mundo?), e depois para o Caribe, para percorrer todas as ilhas do lado leste do arquipélago, desde Antígua até Granada, passando por nove países no total. Por fim, por boa parte do mês de Julho, teremos a companhia da minha sobrinha e afilhada que vai explorar conosco o nordeste americano e, quem sabe, leste do Canadá.
O famoso Hoover Dam, em Nevada, nos Estados Unidos
Difícil encaixar isso tudo em datas e passagens, muita pesquisa de rotas e de preços. Compradas as passagens, passamos a ter os prazos para chegar às cidades de onde saem os voos e, com isso, ficou mais fácil definir o roteiro aqui em terras americanas. Enquanto eu decidi a data das passagens e as comprei, a Ana se encarregou de montar nossos roteiros daqui até Orlando e de lá até Nova Iorque. Enfim, nosso futuro parece mais claro, agora.
Cruzando os EUA, de Las Vegas à Orlando
Chega de blá blá blá e vamos à programação! De Las Vegas para Flagstaff, no Arizona, com parada num dos símbolos máximos do país, o famoso Hoover Dam. De lá para Santa Fé, no Novo México, uma das mais antigas cidades do país, fundada por espanhóis e com forte influência indígena. No caminho entre as duas, paradas na Cratera do Meteoro e no Parque Nacional da Floresta Petrificada. São duas escalas que prometem!
Ponte atravessa desfiladeiro e liga os estados de Nevada e Arizona, bem em frente ao Hoover Dam, nos Estados Unidos
De Santa Fé, uma longa viagem até Memphis, já no Tenessee. É a cidade do Blues e do Elvis Presley. Para chegar até lá, certamente teremos de parar no caminho, algum lugar entre Amarillo, no Texas e a fronteira entre Oklahoma e Arkansas. De Memphis, guinada para o sul em direção à New Orleans, já no Golfo do México. Antes de chegar lá, paradinha no Alabama (ou “Alabamba”, como gosta de dizer minha querida esposa), na cidade de Tuscaloosa, onde vive um amigo meu de longa data. Da capital do jazz e da Louisiana, seguimos para o norte da Flórida, para fazer mergulhos em cavernas (finalmente!!!). E de lá para Orlando, para conhecer algum dos famosos parques de diversão e, em seguida, embarcar para a Groelândia, via Islândia, no dia 25.
Ponte atravessa desfiladeiro e liga os estados de Nevada e Arizona, bem em frente ao Hoover Dam, nos Estados Unidos
Vai ser corrido e interessante! Bem variado, do jeito que gostamos, do deserto do Arizona até as geleiras da Groelândia, passando pela festa de New Orleans, visitando crateras, subindo montanhas e mergulhando em cavernas. Bem ao estilo Mildias, hehehe! E ainda esqueci de dizer que, em boa parte desse caminho, vamos percorrer a mais famosa estrada americana, a mitológica Rota 66!
Rio Colorado represado no Hoover Dam, fronteira de Nevada com Arizona, nos Estados Unidos
E começamos esse intenso roteiro hoje, deixando Las Vegas para trás e dirigindo até o Hoover Dam, na fronteira entre Nevada e Arizona. Essa obra foi e é uma das maravilhas da engenharia moderna, uma grande represa para “domar” as nervosas águas do rio Colorado (o mesmo do Grand Canyon) e produzir energia para todo o oeste americano, sendo a principal fonte para iluminar a cidade de Las Vagas, a mais “acesa” do mundo.
Visita ao famoso Hoover Dam, fronteira de Nevada com Arizona, nos Estados Unidos
Chegamos lá com chuva, mas o tempo melhorou um pouco depois. Assim, pudemos caminhar sobre a barragem, as águas da represa de um lado e um enorme precipício de concreto do outro, cenário de incontáveis filmes de Hollywood. Em plena depressão americana nos anos 30, Roosevelt mobilizou dezenas de milhares de pessoas para construir essa obra, uma barragem num canyon estreito, lugar ideal para se construir uma hidroelétrica aproveitando o enorme desnível natural que já existia. Só não sei como eles fizeram para desviar o rio enquanto construíam a enorme parede de concreto...
Visita ao famoso Hoover Dam, fronteira de Nevada com Arizona, nos Estados Unidos
Hoje, além de produzir energia e criar um lago que fornece irrigação e diversão para milhares de pessoas, o Hoover Dam também atrai centenas de milhares de turistas anualmente. Além da barragem, para a qual existe um tour por suas instalações que não fizemos, também se pode caminhar pela belíssima ponte que cruza o desfiladeiro bem em frente ao dique, ligando os estados de Nevada e Arizona. Dali do alto se tem uma vista espetacular do canyon, da barragem e de todo o complexo do Hoover Dam.
Na ponte em frente ao Hoover Dam, sobre a fronteira dos estados de Nevada e Arizona, nos Estados Unidos
Daí seguimos viagem, já no estado do Arizona e ao longo da Rota 66. Vou falar dessa estrada em outro post, mas basicamente ela foi superposta, em boa parte do seu percurso, pela autoestrada I-40. Seguem praticamente em paralelo, do Arizona ao Oklahoma. A gente segue em alta velocidade pela I-40 e, de tempos em tempos, dá uma entradinha na Rota 66, especialmente na hora em que nos aproximamos de cidades históricas. Mas, como disse, fica para outro post...
Na ponte em frente ao Hoover Dam, sobre a fronteira dos estados de Nevada e Arizona, nos Estados Unidos
Viajamos até Flagstaff, já em pleno Arizona. Eu tinha uma deliciosa lembrança dessa cidade e por isso escolhemos ficar por lá. Em 1993, ainda em tempos de estudante, passei alguns meses nos EUA. O final da minha temporada por lá foi coroada com uma viagem de carro de costa à costa (ou quase!), de Nova Iorque até Phoenix, no Arizona.
Entrando no estado do Arizona, depois de visitar o Hoover Dam, nos Estados Unidos
Nos Estados Unidos tem um esquema bem interessante para quem gosta de viajar de carro, mas não tem dinheiro para alugar um, como era meu caso na época, ou que não trouxe seu carro do Brasil, como é nosso caso agora. Existem empresas que intermediam o contato entre pessoas que estão de mudança, de uma cidade à outra, e que não querem dirigir o carro ou pagar um caminhão para levá-lo e pessoas que se dispõem a levar o carro, dirigindo. Eu fui até uma dessas empresas e, entre muitas viagens possíveis, descobri essa de uma família se mudando de New Jersey para o Arizona. Bingo! Para quem dirige carro com marcha, então, é uma beleza! Americano só gosta de carro automático, então para carros não automáticos, quase não há concorrência entre motoristas.
Fiona nos leva através da famosa Rota 66 (em Seligman - Arizona, nos EUA)
A desvantagem desse esquema é que temos um tempo limite para fazer a viagem. Eu tive uns 10 dias, se não me falha a memória. A vantagem é que o combustível é pago para nós, se não exagerarmos na quilometragem. Assim, não pagamos nem aluguel nem gasolina. Comida e hospedagem é por nossa conta. Aliás, se estivermos levando um carro grande, nem hospedagem precisamos pagar. Foi o que fiz na Austrália, muitos anos depois, levando um carro de Perth até Sydney. Mas, enfim, aqui nessa travessia nos EUA, vim fazendo um ziguezague pelo país, passando no máximo de lugares possíveis, sempre no maior apuro. Já no finalzinho, consegui chegar numa manhã no Grand Canyon. Não pensei duas vezes e fiz um bate e volta até lá embaixo, para botar a mão no rio. Foi uma belíssima caminhada, mas muito cansativa. Cheguei exausto no carro e ainda segui viagem, pois meu prazo estava terminando. Consegui chegar até Flagstaff, já no escuro, e fiquei num hotelzinho bem simpático, sem ter a menor ideia da paisagem que me cercava.
O Humphrey Peak, em Flagstaff, no Arizona, Estados Unidos
Na manhã seguinte, a surpresa! Ao olhar pela janela, vi aquelas maravilhosas montanhas nevadas ao meu lado. Foi como um sonho, dormir num deserto e acordar no meio da neve! Emocionante mesmo! Pois é, voltando aos dias de hoje, assim que chegamos à Flagstaff, procurei desesperadamente esse mesmo hotel. Mas não achamos! Só lembrava que era fora da cidade, mas não sabia por qual saída. Assim, acabamos ficando num desses “chain hotels” mesmo, pois a fome e o sono batiam, e deixamos as explorações para amanhã. Quem sabe, o tal hotel não existiu apenas no meu sonho mesmo?
O maior iate do mundo, do bilionário russo dono do Chelsea, ancorado em St. Barth - Caribe
Ainda no porto de Saint Martin, cumprindo as burocracias para o embarque em direção à Saint Barth, ouvimos o familiar idioma português à nossa volta. Era algo que já não acontecia há um bom tempo! Pois é, um grupo de brasileiros seguia viagem no mesmo barco que a gente, guiados pelo simpático Koy, um catarinense surfista e velejador há muito radicado por aqui.
A cor da água em Gustavia, capital de St. Barth - Caribe
Ele foi uma ótima companhia de viagem, no deck superior do barco onde a Ana lutou bravamente contra o enjôo de mar. Essa viagem é notória em deixar as pessoas enjoadas já que balança bastante. Voltando ao Koy, ele já está aqui há uns vinte anos e nos deu muitas informações sobre as ilhas da região. Ele nos confirmou que o número de brasileiros viajando para cá vem aumentando bastante. Ele mora do lado holandês e quando voltarmos para lá, depois nosso tour pelas várias ilhas daqui, vamos procurá-lo.
A marina de Gustavia, vista do nosso hotel (St. Barth - Caribe)
Chegando em St. Barth, ele já foi logo nos mostrando alguns "barquinhos". Entre eles, o maior e mais caro iate do mundo, do bilionário russo dono do Chelsea, o Abramovich. Iate com mais de 100 metros de comprimento, custo de 1,2 bi de dólares. Tripulação de 80 pessoas, gasto mensal de combustível de 2 milhões de dólares. Tudo coisinha bem simples... E pensar que o cara só é três anos mais velho do que eu... Bem, perto dele, não sou só eu o pobre, não. Ali do lado, bem pequenininho, também estava o barco do Nelson Piquet. Ao lado do Abramovich, pobre de doer, hehehe
O Grand Cul-de-Sac, em St. Barth - Caribe
Nosso carro em St. Barth - Caribe
St. Barth é um refúgio dos ricos e famosos. O primeiro a chegar foi o Rockfeller, ainda na década de 50. Depois dele, não pararam mais. A quantidade de iates na marina realmente impressiona. Faz até parecer uma coisa normal, ter um iate de 30-40 metros. Bem em frente a esta marina estava o nosso hotel, o Sunset. Conseguimos pegar o último quarto disponível, o que nos deixou tranquilos para poder passar o dia e a noite explorando a ilha.
Típica estrada e visual em St. Barth - Caribe
St Barth foi inicialmente colonizada pelos franceses. Mas o solo e relevo da ilha não eram muito propícios às plantations e, por isso, ela nunca foi muito para frente, não. Tanto que, no final do séc. XVIII o rei francês decidiu dá-la de presente ao rei da Suécia. Pois é... vivendo e aprendendo, colonização sueca aqui no Caribe! Para combinar com os dinamarqueses nas Ilhas Virgens e os Courlanders em Tobago. Um Caribe bem loirinho... Os suecos ficaram por aqui por cem anos, trabalhando duro, ou fazendo seus escravos trabalharem duro. Mas, ao final, após um furação devastador e um grande incêndio, resolveram devolver o presente à França. Mas as suas marcas ficaram, na arquitetura e até no simpático nome da capital da ilha, Gustavia.
Chegando à praia da Grande Saline, em St. Barth - Caribe
Outra coisa que diferencia St. Barth das outras ilhas caribenhas é a pequena população de afrodescendentes. Com o fim da escravião e a ausência de plantations na ilha, faltou emprego por aqui e os negros libertos não tiveram outra chance senão imigrar para as ilhas vizinhas. O resultado é que a ilha, hoje, é a mais européia do Caribe.
Refrescando-se na praia da Grande Saline, em St. Barth - Caribe
Eu e a Ana alugamos logo um carro para dar a volta na ilha e conhecer suas praias. O mar é belíssimo, aquela cor de piscina que começamos a nos acostumar novamente. Como a ilha é bem pequena, não demorou muito para que déssemos a volta, subindo e descendo morros na estreita estrada que dá a volta em St. Barth. Paramos em duas das praias mais bonitas: a Grande Saline e a Anse du Gouverneur. A diferença com Anguilla é que aqui o mar é agitado, formando até ondas. Mesmo assim, a cor é azul. Impressionate!
Maravilhosa praia do Gouverneur, em St. Barth - Caribe
"Bordeauzinho" básico na Shell Beach em Gustavia, capital de St. Barth - Caribe
No final da tarde, de volta à Gustavia, fomos à praia da cidade, a Shell Beach. Lá está um bar que atende pelo singelo nome de "Do Brazil" e é uma das atrações de St. Barth. No menu, tem até muqueca"! Preços exorbitantes, mas um ótimo lugar para se passar o final de um dia. Para não passar em branco, tomamos um vinhozinho básico. Nacional, claro! Aliás, isso é a única coisa barata por aqui: queijos e vinhos da melhor qualidade. Dá para fazer a festa, num supermercado. Vinhos muito bons por 4-5 euros. Uma tentação!
O famoso bar "Do Brazil" na Shell Beach em Gustavia, capital de St. Barth - Caribe
Saímos de lá correndo para ainda pegar o pôr-do-sol no alto do farol de Gustavia. Aqui se diz que são os mais belos pores-do-sol do Caribe. E não sou eu que vou duvidar! Ainda mais depois do espetáculo que foi o de hoje.
Vista de Gustavia, capital de St. Barth - Caribe
De noite, fomos comer na Creperia. Conselho do Koy, para fugir dos altos preços da ilha. Aqui, qualquer prato simples pode custar vinte, trinta euros. Os mais refinados, então, nem se fala... Depois, fomos tomar uma cerveja num dos mais famosos bares de todo o caribe, o Le Select. Bar de marinheiro! Fez 60 anos em 2009 e por ele já passaram os mais famosos marinheiros e velejadores dessas águas. Foi muito legal! Tem aparência de bar de filme de pirata.
Magnífico pôr-do-sol em St. Barth - Caribe
O esquema do carro foi tão bom que resolvemos ficar mais um dia com ele. Sem carro (ou barco) por aqui, não se faz nada. Transporte público, nem pensar. Amanhã, nos planos, tem até uma caminhada até uma praia isolada. E, no final de tarde, de volta para St. Martin. Mesmo antes de irmos embora, já estamos com saudades. Não é á tôa que esses bilionários todos vem para cá...
Magnífico pôr-do-sol em St. Barth - Caribe
A estreita e longa estrada de areia corta o cerrado no sul do Maranhão, região de Alto Parnaíba - MA
Chegou o dia da travessia pela pouco conhecida rota norte do Jalapão, atravessando o Parque Nacional das Nascentes do Parnaíba. Nós acordamos cedo e fomos encontrar uma pessoa no posto da cidade que nos daria dicas do caminho, comprar alguma comida e mexer um pouco na internet numa Lan House. Aproveitamos também para ir até o rio Parnaíba, que já conhecíamos do delta e também de Teresina. Como não poderia deixar de ser, aqui ele é bem menor, e lá do outro lado da margem está o nosso querido estado do Piuaí.
O rio Parnaíba, em Alto Parnaíba - MA. Do lado de lá é o Piauí!
No posto, o Zé Batista, que uma vez por mês vai no seu caminhão até umas comunidades bem isoladas fazer um comécio nos deu dicas valiosas. Teríamos de pegar a estrada para Lizarda, já no Tocantins. Aliás, ele aconselhou que fôssemos até lá e depois, para São Félix. É uma estrada toda de terra e areia, mas bastante usada. Mas essa estrada dá uma grande volta e não passa no parque, que era o que queríamos. Então ele nos ensinou que deveríamos ir nesta estrada até a pequena comunidade de Morrinhos e, de lá, pegar uma trilha para Riozinho, outra comunidade uns 40 km à frente. Lá, deveríamos nos informar sobre os outros 100 km até São Félix
Delegacia e igreja, lado a lado, em Alto Parnaíba - MA
Okay, com água, bolachas, amendoim, bananas e maçãs, partimos. Os primeiros 35 km foram de estradão, passando por grandes fazendas de soja e algodão. Praticamente nenhum tráfego. Passadas as fazendas, a estrada foi piorando e a areia ficando mais pesada. Nenhum problema para a Fiona, mas para carros baixos é outra história...
Plantação de soja à perder de vista, na estrada para Lizarda, região de Alto Parnaíba - MA
Pois é, topamos com um Fiat Strada preso na areia há mais de uma hora e o pessoal, de pá, tentando tirá-lo de lá. Encostamos a Fiona, amarramos uma corda e começamos a puxá-lo, de ré. O carro saiu, mas quem ficou foi toda a frente do carro, que desmontou como se fosse de papel, agarrada na areia. Isso não tirou o ânimo das simpáticas pessoas no carro, pai e filho pela primeira vez naquela estrada, e de um amigo que os acompanhava num pequeno caminhão. Eles colocaram a frente do carro desmontada na caçamba e resolveram seguir viagem. A gente se despediu com aquela sensação de que nos veríamos novamente.
Momento em que o Fiat Strada perde toda a frente, presa na areia (na região de Alto Parnaíba - MA)
No quilômetro 57 o GPS mandou que mudássemos de estrada, entrando numa pequena trilha. Estávamos quase em Morrinhos (o Zé Batista disse que eram 60 km) e resolvemos "obedecê-lo". Muita areia na trilha mas a Fiona passava bem. Até que chegamos numa erosão mais cabeluda onde tivemos de pelejar por uns 20 minutos para passar. Passamos e essa trilha nos levou para bem próximo da estrada principal novamente, de onde começava a se afastar logo depois. Mas, quando chegamos neste ponto, percebemos as casas de Morrinhos e, numa delas, os carros dos nossos amigos. Fomos lá bater um papo e fizeram a maior festa. Melhor ainda, pudemos conversar com o dono da casa, que nos disse que essa estrada apontada pelo GPS não era mais usada e que deveríamos pegar outra, um pouco mais adiante, para chegar até Riozinho.
Fiat Strada sem a frente o carro, na região de Alto Parnaíba - MA
Assim fizemos, para pegar uma trilha com bastante areia novamente, mas sem muitas erosões. Uma hora mais tarde chegávamos à Riozinho, uma comunidade com sete ou oito casas. Logo na primeira, um menino nos orientou sobre o caminho à frente, uma ladeira meio complicada e uma tal bifurcação à direita. Andamos mais um pouco e vimos uma casinha simples, mas muito arrumadinha. Resolvemos fotografá-la, para postar no site como são as casas daqui.
Casa na comunidade de Riozinho. AInda não sabíamos que era exatamente ali que iríamos dormir! (região de Alto Parnaíba - MA)
Poucos quilômetros à frente a tal ladeira apareceu. Nos trechos mais erodidos haviam desvios e, com carro alto e traçado, passamos sem problemas. Lá em cima, já observando todo o chapadão e aquela linda vastidão, ficamos com a impressão que o pior já tinha passado. Doce ilusão...
A Chapada das Mangabeiras, no P.N. das Nascentes do Parnaíba, extremo sul do Maranhão
Quando apareceu a bifurcação, o GPS foi enfático: à esquerda! A estrada para lá aparentava mesmo ser melhor e eu desconfiei que a tal bifurcação que o menino falou era mais à frente. E assim, seguimos à esquerda. Andamos por uns quarenta minutos, sempre com muita areia e alguma erosão até um lugar onde a estrada entrou numa mata. Mais adiante, ela simplesmente acabou! Voltamos um pouco e achamos uma variante, que contornava a mata. Aí, felizmente, apareceu uma casa com uma senhora. A única alma viva em quilômetros! Ela nos informou que aquela estrada que estávamos, que aparecia no GPS, era para Porto Alegre, outra minúscula comunidade. De lá, até seria possível seguir para São Félix, mas ela nos aconselhou retornar e, logo depois da mata, pegar um atalho que nos levaria de volta à estrada correta. Ou então, voltar até a bifurcação, lá atrás.
A estrada vai ficando mais rústica, próximo à comunidade de Morrinhos, região de Alto Parnaíba - MA
Resolvemos pegar o atalho. Nunca o quebra-mato da Fiona foi tão usado. Acho que já não passava carro lá há meses. Mas, com bastante paciência, cruzando o meio do cerrado e vendo araras e siriemas, conseguimos chegar à outra estrada, bem na altura de uma cancela. Pela lógica, viramos à esquerda, atravessamos a cancela e, numa primeira bifurcação, seguimos à esquerda novamente. Isso porque essa estrada parecia seguir na direção da outra que o GPS nos mostrava, lá longe, que ía de Porto Alegra para São Félix. Essa estrada cruzou um charco e muitas erosões até que chegou numa grande ponte de madeira com uma outra cancela. Crizamos a ponte, andamos mais um quilômetro e chegamos numa erosão mais cabeluda. Com aquela dúvida atroz sobre se estávamos ou não na estrada certa, resolvemos voltar...
Fiona enfrenta estrada de areia no P.N das Nascentes do Parnaíba, no extremo sul do Maranhão
De volta à primeira cancela, seguimos no sentido oposto, na esperança de logo encontrar a estrada de verdade, aquela da primeira bifurcação à direita. Que nada! Apenas meia hora depois chegamos à própria bifurcação. Ou seja, aquela era mesmo a estrada correta. Só não sabíamos se deveríamos virar a esquerda ou direita naquela bifurcação logo depois da cancela.
Feliz em ter uma casa no final do dia, na comunidade de Riozinho, região de Alto Parnaíba - MA
Agora já eram mais de quatro da tarde. O juízo bateu na cabeça e resolvemos voltar mais um pouco, descer a ladeira e ir até Riozinho. O melhor seria dormir por lá e obter melhores informações sobre a estrada adiante. Lá, numa casa bem em frente àquela que fotografamos, encontramos o Nilvan. Ele nos deu dicas valiosas da estrada adiante e confirmou que o caminho certo seria passar pela ponte com a cancela e por aquela erosão que não tínhamos passado. Disse também que estávamos bem na metade do caminho: 100 km para Alto Parnaíba, 100 km para São Félix do Tocantins. Quando perguntamos se havia ali algum lugar onde pudéssemos dormir, ele não titubeou: poderíamos dormir na casa em frente, aquela arrumadinha que fotografamos! Era do seu irmão que não estava ali esses dias!
Com o Jaime, qie nos recebeu na comunidade de Riozinho, região de Alto Parnaíba - MA
E assim, ganhamos uma casa só para nós. Com um rio no quintal, para tomarmos um belo banho! Inacreditável! Depois do banho, quando já tinha escurecido, a gente com luz de velas (o Luz Para Todos não chegou em Riozinho!!!), apareceu o Jaime, outro irmão do Nilvan. A única coisa que poderíamos oferecer para eles era uma pinga deliciosa que a gente vem carregando desde a Bahia, na Chapada Diamantina. Está há meses no carro, "curtindo" dentro de uma garrafa pet. Foi conosco até as Guianas, cruzou a Amazônia, tem história para contar.
Dedo de prosa com o Jaime e o Nilvan, que nos receberam tão bem na comunidade de Riozinho, região de Alto Parnaíba - MA
Pois bem, não poderia haver melhor hora e local para ser consumida. Nós quatro, dentro da casa do Nilvan, com luz de velas, comendo um arroz com abóboras, matamos a pinga. Com um dedo de prosa maravilhoso. Experiência para levar para o resto da vida! Dois mundos completamente diferentes se encontrando ali, ao redor de uma vela regada à pinga baiana da melhor qualidade, empatia total. Muito, muito legal!
Hora de se recolher na "nossa" casa, na comunidade de Riozinho, região de Alto Parnaíba - MA
Depois, nos recolhemos à nossa casa. Uma simpatia, dois quartos, sala e uma grande cozinha. No quintal, porcos, galinhas e gado. Além do Rambo, o cachorro protetor. E um gato, devorador de ratos e cobras. Dormimos felizes e cansados. O dia de amanhã promete...
Dedo de prosa com o Jaime e o Nilvan, que nos receberam tão bem na comunidade de Riozinho, região de Alto Parnaíba - MA
Noivos felizes durante casamento na Praia Grande, na Ilha do Mel, no litoral do Paraná
Hoje foi dia de mais um casamento aqui na Ilha do Mel. Não o nosso, já muito bem casados, aqui mesmo, há mais de 5 anos, mas de duas pessoas muito especiais para nós, dos poucos que fariam a gente abrir um parêntesis nos nossos 1000dias, deixar a Fiona lá no estrangeiro e bater de avião para cá. O Rafa e a Laura foram nossos padrinhos de casamento também, já naquele distante 9 de Maio de 2009, e agora nos retribuem a honraria, transformando-nos nos seus padrinhos. Agora sim podemos nos chamar de comadre e compadre!
Preparativos para o casamento da Laura e do Rafa na Ilha do Mel, no litoral do Paraná
Preparativos para o casamento da Laura e do Rafa na Ilha do Mel, no litoral do Paraná
Altar do casamento na praia da Ilha do Mel, no litoral do Paraná
Pois é, apesar da pressa danada que estamos para viajar até o sul da Patagônia e depois voltar pelo Chile (estamos com dias contados para terminar nossos 1000dias), não tinha como não estarmos aqui, trocando dias preciosos por lá por dias imperdíveis nessa ilha tão importante na nossa história homenageando amigos tão importantes na nossa vida. Os dois quase já haviam se casado lá no Havaí, quando viajamos juntos naquele arquipélago, e agora, finalmente, resolveram oficializar a união que já havia começado em vidas passadas.
Há pouco mais de 5 anos, éramos nós que casávamos na Praia Grande, Ilha do Mel, litoral do Paraná
Em 2009, o Rafa e a Laura foram padrinhos do nosso casamento na Praia Grande, Ilha do Mel, litoral do Paraná
Rafa e Laura, nossos padrinhos de casamento na Praia Grande, ILha do Mel, litoral do Paraná
Mesmo com quase 40 graus de febre, lá estava a Laura na nossa festa de casamento na Praia Grande, Ilha do Mel, litoral do Paraná
Para tornar tudo ainda mais imperdível para nós, eles resolveram se casar na mesma ilha e na mesma praia que nós casamos. Na mesma pousada e no mesmo horário. E não só nos convidaram para ser padrinhos como também para fazer um discurso importante durante a cerimônia. Foi o xeque-mate, teríamos mesmo de vir!
Com os padrinhos Rafa e Laura na praia de Paúba em São Sebastião - SP
Despedida da Laura e Rafa em Itaúnas - ES
Caminhada no Parque Nacional Cajas, na região de Cuenca, no Equador
A Ana já conhecia os dois há mais tempo, da época da faculdade, mas eu os conheci no réveillon de 2006, lá em Bombinhas. Já formavam em belo casal e, desde então, a amizade entre os dois casais só foi estreitando. Várias viagens e mergulhos juntos. Tanto que não titubeamos em convidá-los para serem nossos padrinhos, selando assim nosso vínculo para sempre, gentileza que eles retribuem agora.
Prontos e felizes para o primeiro mergulho em Wolf, em Galápagos
Embarcando no avião que nos levaria de Havana à Nueva Gerona, na Isla de la Juvendud, em Cuba
Rafa e Laura no barco na Isla de la Juventud, em Cuba
Quando começamos nossos 1000dias nos lançando de cara e peito Américas à fora, imaginamos que essa e outras amizades se tornariam mais virtuais. Afinal, estávamos saindo para ficar mais de 3 anos fora de casa, sem endereço fixo.. Mas na verdade, com eles, essa viagem e nossa “ausência” só fez a amizade se fortalecer. Isso porque eles se tornaram nossos mais fiéis seguidores. Não estou falando de seguidores no Facebook ou twitter, não. Estou usando a palavra no seu sentido literal. Eles também são super viajadores acharam o 1000dias a melhor desculpa para viajar pela América. Na fase brasileira da expedição, foram nos encontrar em Maresias, litoral norte de São Paulo, e em Itaúnas, um paraíso praiano no norte do Espírito Santo. Até aí, tudo bem, nem é tão longe assim. Mas eles não se contentaram com isso e trataram de ir nos encontrar também no exterior.
Após o nascer-do-sol, fazendo festa a mais de 3 mil metros de altitude, no cume do vulcão Haleakala, em Maui, no Havaí
A bordo do helicóptero, durante sobrevoo da ilha de Kauai, no Havaí
Delicioso fim de tarde na praia de Kalalau, na Na'Pali Coast, costa norte de Kauai, no Havaí
Aparentemente, tem uma queda por ilhas, esse casal. Tanto que não deixaram escapara a oportunidade de nos encontrar em Galápagos, no Havaí e em Cuba. Sem esquecer os muitos quilômetros rodados pelo Equador, quando também deram a honra da companhia à Fiona. Todos esses encontros, como não viríamos então para a nossa Ilha do Mel???
Preparativos para o casamento da Laura e do Rafa na Ilha do Mel, no litoral do Paraná
Pousada Grajagan, local do casamento da Laura e do Rafa na Ilha do Mel, no litoral do Paraná
Pousada Grajagan, local do casamento da Laura e do Rafa na Ilha do Mel, no litoral do Paraná
Pois bem, cá estamos e hoje, dia 7 pela manhã, passamos eu e a Ana escrevendo nosso discurso. Nossa ideia era ter feito isso durante a viagem à Antártida, nas horas monótonas em alto-mar. Quem disse que foram monótonas? Então, acabamos por seguir aquele sábio ditado: “Não deixe para amanhã aquilo que você pode deixar para depois de amanhã!”. Pois é... o “depois de amanhã” acabou caindo na manhã de hoje!. Mas deu tudo certo e estávamos prontos e ansiosos para a cerimônia e para a festa.
Tudo pronto para começar o casamento do Rafa e da Laura na praia Grande, na Ilha do Mel, no litoral do Paraná
Tudo pronto para começar o casamento do Rafa e da Laura na praia Grande, na Ilha do Mel, no litoral do Paraná
O noivo já espera a noiva para a cerimônia de casamento na Praia Grande, na Ilha do Mel, no litoral do Paraná
O Beto (irmão da Laura) e a Beta (irmã do Rafa) trazem a avó Ruth para a cerimônia de casamento na Praia Grande, na Ilha do Mel, no litoral do Paraná
Exatamente como no nosso próprio casamento por aqui, a ansiedade se transformava em tensão. Será que iria chover ou não? Esse é o perigo de se querer casar na praia. Difícil combinar com São Pedro de antemão. Mas o bom velhinho foi muito generoso com eles, como havia sido conosco. Apesar do susto, nada de chuva!
A Beth e o Eduardo trazem a filha para seu casamento na praia Grande na Ilha do Mel, no litoral do Paraná
A Beth e o Eduardo trazem a filha para seu casamento na praia Grande na Ilha do Mel, no litoral do Paraná
Os padrinhos (o casal 1000dias!!!) leem um texto em homenagem aos noivos durante a cerimônia de casamento na Praia Grande, na Ilha do Mel, no litoral do Paraná
Os padrinhos (o casal 1000dias!!!) leem um texto em homenagem aos noivos durante a cerimônia de casamento na Praia Grande, na Ilha do Mel, no litoral do Paraná
A cerimônia foi linda, cheia de amigos e o cenário maravilhoso da Praia Grande, na Ilha do Mel. O barulho do mar ao fundo dá um charme especial, assim como o pé na areia. O noivo disfarçava bem o nervosismo e a noiva, trazida ao altar pelos pais, estava deslumbrante. Os discursos foram emocionantes, assim como a trilha sonora do casamento, muito bem escolhida pelos noivos.
O esperado beijo do casamento, na Praia Grande, na Ilha do Mel, no litoral do Paraná
"Casei, vivaaaa!!!" (Ilha do Mel, no litoral do Paraná)
Feliz, assistino ao casamento dos padrinhos na Ilha do Mel, no litoral do Paraná
Depois da cerimônia, a festa na pousada Grajagan, do nosso amigo Zeco. Bebida, comida e muita dança se estendendo por toda a madrugada, mais um capítulo da história que nos liga tanto a essa ilha. Só podemos agradecer pela chance de , mais uma vez, ter estado aqui. Dessa vez para testemunhar a união formal desse casal que, para nós, sempre foi um. Então, um brinde e felicidades eternas a vocês, Laura e Rafa. Desejamos muitas viagens para vocês, sempre para esses lugares maravilhosos que costumam visitar. E, quem sabe, em muitos deles estaremos juntos novamente!
Um brinde aos noivos! (Praia Grande, Ilha do Mel, no litoral do Paraná)
Abraço apertado nos amigos, padrinhos e noivos durante a cerimônia de casamento na Praia Grande, na Ilha do Mel, no litoral do Paraná
Um brinde aos noivos! (Praia Grande, Ilha do Mel, no litoral do Paraná)
Sobrevoando a magnífica Kaiteur Falls, na Guiana
Sem dúvida nenhuma, a maior atração natural da Guiana atende pelo nome de Kaiteur Falls. É uma incrível cachoeira bem no meio de uma região montanhosa, em plena amazônia guianesa. Centenas de milhares de litros de água despencando a cada segundo num precipício com cerca de 250 metros de altura são uma visão que merece todo o esforço para se chegar até lá e que poucas pessoas conseguirão esquecer. Muitos, até, acham essa cachoeira ainda mais impressionante que Niagara Falls, nos EUA/Canadá, Vitória, na África e Iguaçu, no Brasil/Argentina.
Sobrevoando Georgetown e seu cinturão verde, na Guiana
Há duas formas de se chegar à esta maravilha da natureza. A primeira, com mais aventura, é indo por terra e caminhando e subindo rios numa excursão que leva de quatro a cinco dias. A volta, inclusive, é de avião. A outra é pegar um aviaozinho em Georgetown, voar por cerca de uma hora e pousar logo ao lado de Kaiteur Falls, com direito a sobrevôo da cachoeira. As duas maneiras são organizadas por agências, e ficamos sempre à mercê de um grupo. Infelizmente, não se chega lá de forma independente.
No pequeno avião, à caminho de Kaiteur Falls, na Guiana
Nós, já tão atrasados na nossa programação, escolhemos a forma mais rápida e prática: de avião. O problema é que ficamos completamente dependentes da agência e da companhia aérea. A primeira tem de conseguir encher o avião, senão ele não sai. A segunda, como todas as companhias aéreas, tem todo o poder na mão. Saem se e quando quiserem. Um inferno!
O avião que nos levou à Kaiteur Falls, na Guiana
Assim, o nosso vôo que era para ter saído à uma da tarde, foi atrasando, atrasando até que, finalmente, saiu um pouco antes das três. Graças à Deus. Porque se fosse adiado para amanhã, e quase foi, vários dos outros viajantes teriam desistido e aí, duvido que haveria clientes o suficiente. E nós teríamos de deixar a Guiana sem conhecer essa maravilha. Por falar em outros viajantes, os únicos estrangeiros de hoje éramos eu e a Ana. Aliás, nos nossos dois dias em Georgetown, não vimos mais nenhum estrangeiro. Bem diferente do Suriname, cheio de holandeses, e do Caribe, onde se vê mais estrangeiros do que locais...
Maravilhados com o esplendor de Kaiteur Falls, na Guiana
Bom, depois de muita reza forte, a companhia aérea arrumou um avião e partimos os treze turistas para a cachoeira. No caminho, um belo sobrevôo de Georgetown e do interior da Guiana. Típica paisagem amazônica, uma mata de se perder de vista e muitos rios, largos e caudalosos. Chegando perto do nosso destino, as montanhas aparecem, majestosas, sobre e infinita planície. Também elas verdes, cobertas pela mata.
Visitando Kaiteur Falls, na Guiana
E aí, no meio delas, aparece a incrível cachoeira! Kaiteur Falls, um nome que já andava pela minha cabeça desde que comecei a ler sobre as Guianas, no início da viagem. Finalmente estava ali, na minha frente, poderosa, cinematográfica. O nosso avião ainda fez dois sobrevôos dela, para delírio dos passageiros. Depois, pousou numa pequena pista de pouso quase ao lado dela.
Observando de perto Kaiteur Falls, na Guiana
Fomos recebidos por um guia local que, sem mais delongas, nos conduziu à três mirantes para se observar a cachoeira. Todos possibilitam visões incríveis e cada vez mais próximas dessa impressionante queda d'água. Infelizmente, pelo atraso do vôo, tivemos de fazer tudo às pressas. Mas deu para tirar muitas fotos e se deixar maravilhar pela cachoeira e a natureza ao seu redor.
O vasto canyon formado pela kaiteur Falls, na Guiana
Decolamos de volta para casa no último minuto possível. O avião não pode viajar de noite. Na volta, observando aquela vastidão lá embaixo, não pude deixar de lembrar que, amanhã, estaremos cruzando tudo isso de carro, com nossa querida Fiona. A estrada que liga Georgetown ao Brasil atravessa boa parte do país, em direção sudoeste, cruzando florestas e savanas. A maior parte da estrada é de terra e dizem que são 16 horas de viagem. Nós devemos começar um pouco depois das cinco e nossa idéia é dormir um pouco depois da metade do caminho, perto de uma reserva natural. No dia seguinte, sexta, chegamos à Lethem, onde está haveno um grande rodeio, e cruzamos para o Brasil. Será que vai dar certo nossa programação? Veremos... Internet, no caminho, nem pensar. Combustível, melhor levar todo daqui. Assim com água e comida, para alguma emergência. E vamos que vamos...
Região de kaiteur Falls, na Guiana
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