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SHUFFLE Há 1 ano: Ceará Há 2 anos: Ceará

Fim do Caminho, Fim do Mergulho

Peru, Huaraz

Passagem pelo paso de 4.750 metros no último dia do trekking Santa Cruz, na Cordillera Blanca, região de Huaraz - Peru

Passagem pelo paso de 4.750 metros no último dia do trekking Santa Cruz, na Cordillera Blanca, região de Huaraz - Peru


Ontem a noite foi de despedidas. Nosso grupo se separaria. Afinal, todos os outros estão fazendo o trekking em quatro dias, enquanto nós optamos por três. A despedida foi ontem, mas a separação foi hoje. Eu e a Ana acordamos mais cedo e, junto com o Tiburço, partimos antes para já chegar ao final do percurso. O Tiburço deixou seus serviços de cozinheiro do grupo para hoje, pelo menos durante um período, ser nosso guia a também o arriero de uma mula que levaria nossa mochila e também a dele. Ele iria conosco até a última subida, quando voltaria para se encontrar com o grupo e nós continuaríamos, dessa vez com o peso, até a estrada em busca de transporte público para voltar à civilização.

A magnífica paisagem no início do último dia do trekking Santa Cruz, na Cordillera Blanca, região de Huaraz - Peru

A magnífica paisagem no início do último dia do trekking Santa Cruz, na Cordillera Blanca, região de Huaraz - Peru


A primeira etapa da caminhada de hoje era cruzar o paso de 4.750 metros de altitude. Com paciência e aproveitando cada minuto naquela paisagem grandiosa chegamos lá encima. Ali, além da vista, fomos recompensados com uma neve bem fina que caía. Foi apenas a nossa segunda neve da viagem, depois daquela neve noturna na Quebrada de Humahuaca, na Argentina. Para nós, brasileiros, é sempre um momento mágico ver esses flocos caindo do céu. Bem fininho, mas neve é neve, hehehe!

Lagunas com águas mais escuras do outro lado do paso, no último dia do trekking Santa Cruz, na Cordillera Blanca, região de Huaraz - Peru

Lagunas com águas mais escuras do outro lado do paso, no último dia do trekking Santa Cruz, na Cordillera Blanca, região de Huaraz - Peru


Passado esse obstáculo, aí só tínhamos descida à nossa frente. No caminho, paisagens fantásticas, lagunas com um tom de azul bem mais escuro e turistas que caminhavam no sentido contrário, rostos exaustos que não tinham idéia do quanto ainda teriam de subir. Para nós, descida, um verdadeiro passeio.

Belíssimas paisagens no alto do vale que conhecemos no último dia do trekking Santa Cruz, na Cordillera Blanca, região de Huaraz - Peru

Belíssimas paisagens no alto do vale que conhecemos no último dia do trekking Santa Cruz, na Cordillera Blanca, região de Huaraz - Peru


Atravessando bosque no último dia do trekking Santa Cruz, na Cordillera Blanca, região de Huaraz - Peru

Atravessando bosque no último dia do trekking Santa Cruz, na Cordillera Blanca, região de Huaraz - Peru


Cruzamos bosques, passamos por mais lagunas, pelo local do acampaneto da terceira noite e seguimos até a cidade no fundo do vale. Ali foi a vez de nos despedirmos do simpático Tiburço, assumirmos o peso da mochila e fazermos um último esforço para subir a encosta do lado de lá e chegarmos à Vaqueria, por onde passa a estrada.

Paisagem bucólica no último dia do trekking Santa Cruz, na Cordillera Blanca, região de Huaraz - Peru

Paisagem bucólica no último dia do trekking Santa Cruz, na Cordillera Blanca, região de Huaraz - Peru


Duas horas de espera e nada de transporte público, Aliás, quase nenhum movimento, dois ou três carros e um caminhão. Dormir por ali seria dureza, mas a sorte finalmente sorriu para nós e apareceu uma carona (paga). Foram duas horas de viagem numa estrada de terra cheia de buracos e chegamos à Yungay, a cidade que foi soterrada pelo Huscaran há 40 anos. No caminho, ainda passamos pela Laguna de Llanganuco, a mais famosa e visitada da região, a única que eu tinha conhecido quando estive por aqui em 1990.

Com o Tiburço, cozinheiro e nosso guia e companheiro no último dia do trekking Santa Cruz, na Cordillera Blanca, região de Huaraz - Peru

Com o Tiburço, cozinheiro e nosso guia e companheiro no último dia do trekking Santa Cruz, na Cordillera Blanca, região de Huaraz - Peru


Em Yungay pegamos uma van para Huaraz. De parada em parada ela foi se abarrotando, mas ao final chegamos em Huaraz. Ainda antes do hotel, uma parada estratégica num restaurante do centro, pois a fome apertava. Depois, o chuveiro quente há tanto aguardado. Final do dia, final de trekking fantástico e queríamos estar prontos para a maratona de amanhã, um passeio de carro atré as ruínas de Chavin e de lá para a cidade de Trujillo, no litoral norte do país. Essa corrida toda para chegar à tempo em Guayaquil para pegar nosso avião para Galápagos.

Agora, sem as mulas, carregando o peso no último dia do trekking Santa Cruz, na Cordillera Blanca, região de Huaraz - Peru

Agora, sem as mulas, carregando o peso no último dia do trekking Santa Cruz, na Cordillera Blanca, região de Huaraz - Peru


Mas foi chegarmos na civilização para sermos recebidos pela triste notícia: nosso barco de mergulho em Galápagos não tinha ficado pronto e o nosso tour tinha sido cancelado! Ainda precisamos decidir o que fazer, mas uma coisa é certa: já não há tanta pressa de se chegar no Equador e amanhã poderemos dormir um pouco mais, viajar a Chavin com calma e dormir novamente em Huaraz. Trujillo pode esperar mais um dia...

A laguna llanganuco, último dia do trekking Santa Cruz, na Cordillera Blanca, região de Huaraz - Peru

A laguna llanganuco, último dia do trekking Santa Cruz, na Cordillera Blanca, região de Huaraz - Peru

Peru, Huaraz, Cordillera Blanca, Santa Cruz, trilha

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Cenário de Cinema

Estados Unidos, Arizona, Monument Valley

As incríveis paisagens do Monument Valley, no Arizona, nos Estados Unidos

As incríveis paisagens do Monument Valley, no Arizona, nos Estados Unidos


Hoje foi o dia de visitar a paisagem mais cinematográfica, literalmente, dos Estados Unidos. Estou falando do Monument Valley, que tantas vezes apareceu em filmes de Hollywood, propagandas de TV e até mesmo em desenhos animados. Quem não gostava de assistir, na infância, ao velocíssimo Papaléguas dando um baile no pobre coiote? Pois é, era aqui o cenário em que essas duas personagens travavam sua eterna luta de perseguição que terminava sempre com o coiote caindo de algum precipício ou sendo atropelado por algum trem. O coiote não tinha muita sorte, mas ao menos, tinha o dom da imortalidade!

Chegando ao Monument Valley, no Arizona, nos Estados Unidos

Chegando ao Monument Valley, no Arizona, nos Estados Unidos


Chegando ao Monument Valley, no Arizona, nos Estados Unidos

Chegando ao Monument Valley, no Arizona, nos Estados Unidos


Quanto à Hollywood, esse era o cenário clássico dos filmes de faroeste. John Wayne, solitário, cavalgando em sua montaria ou acampado ao lado de uma fogueira, o céu estrelado iluminando as enormes formações rochosas do Monument Valley. Aliás, era sempre preciso tomar cuidado pois, de trás de alguma delas, poderia aparecer um bando de índios selvagens e sanguinários.

Cartaz do famoso filme 'No Tempo das Diligências', em exposição no Museu Navajo, no Monument Valley, no Arizona, nos Estados Unidos

Cartaz do famoso filme "No Tempo das Diligências", em exposição no Museu Navajo, no Monument Valley, no Arizona, nos Estados Unidos


Enfim, mesmo que inconscientemente, todos crescemos com esse cenário em nossas mentes. Eu já tinha passado por aqui uma vez, há 18 anos, bem rapidamente. Mas a Ana e a Fiona não conheciam e a gente jamais cogitou sair dos Estados Unidos sem passarmos por aqui. No ano passado, passamos pertinho, um pouco mais para o sul, na nossa corrida para atravessar o país. Agora, na nossa volta ao Arizona, já apontando nossos narizes para o México, era chegada a hora de atravessarmos o famoso Monument Valley.

Muita neve nessa época do ano no Monument Valley, no Arizona, nos Estados Unidos

Muita neve nessa época do ano no Monument Valley, no Arizona, nos Estados Unidos


Formação conhecida como 'Three Sisters', no Monument Valley, no Arizona, nos Estados Unidos

Formação conhecida como "Three Sisters", no Monument Valley, no Arizona, nos Estados Unidos


Conforme expliquei no post anterior, o Monument Valley fica em pleno território Navajo e é por eles administrado. Eles tem vivido na área há mais de 600 anos e era justamente esse vale a área mais sagrada de seu vasto território. Hoje, é possível admirar essa grandiosidade toda da estrada de asfalto que corta a região, mas é quando nos aproximamos mais e entramos na área administrada pelos Navajo é que temos a visão mais clássica e bela dessa terra grandiosa. Vários mirantes e uma estrada de terra em forma de loop nos levam a pontos privilegiados para melhor admirar o maior estúdio a céu aberto de Hollywwod.

A visão clássica do Monument Valley, nessa época com neve, no Arizona, nos Estados Unidos

A visão clássica do Monument Valley, nessa época com neve, no Arizona, nos Estados Unidos


As belas paisagens do Monument Valley, no Arizona, nos Estados Unidos

As belas paisagens do Monument Valley, no Arizona, nos Estados Unidos


Embora a imagem que tenhamos desse lugar seja de um grande deserto avermelhado, nessa época do ano a neve também se faz presente. Pois é, até aqui! E como em todos os outros lugares que estivemos desde que saímos de Los Angeles, ela só faz a paisagem ficar ainda mais bonita, adicionando cores e reflexos ao cenário. A temperatura próxima de zero grau e a data logo em seguida ao natal faz com que poucos turistas estejam por aqui, tão longe de qualquer cidade grande.

A Fiona visita o Monument Valley, no Arizona, nos Estados Unidos

A Fiona visita o Monument Valley, no Arizona, nos Estados Unidos


A Fiona visita o Monument Valley, no Arizona, nos Estados Unidos

A Fiona visita o Monument Valley, no Arizona, nos Estados Unidos


Depois da nossa interessante visita ao Museu da Nação Navajo, de que trato no post anterior, passamos cerca de duas horas dando a volta de 27 quilômetros ao redor do parque. Até por estar sob administração indígena e não do governo americano, a estrada é bem mais rudimentar do que estamos acostumados aqui nos EUA. É de terra ou areia, cheia de buracos e seu estado torna o passeio bem mais autêntico. Diante de tanta beleza e grandiosidade, a gente nem percebe as dificuldades da estrada e, quando percebemos, já estamos em outro mirante fotografando as formações à nossa frente.

Visitando o cinematográfico Monument Valley, no Arizona, nos Estados Unidos

Visitando o cinematográfico Monument Valley, no Arizona, nos Estados Unidos


Fruto do trabalho de dezenas de milhares de anos de erosão pela água, gelo e ar sobre um solo que se formou ao longo de milhões de anos de sedimentação, camada geológica sobre camada geológica, essas formações rochosas são a marca do Monument Valley. O Mexican Hat, as Three Sisters, o Elephant Butte ou qualquer uma das dezenas de formações, todas elas fruto da imaginação humana em tentar descrever as caprichosas formas da natureza, são como um ímã para os nossos olhos e um mistério para o nossos cérebro. Conforme vamos dando a volta na estrada, nós as vemos de diferentes ângulos, cada um deles digno de muitas fotografias.

Admirando a beleza cênica do Monument Valley, no Arizona, nos Estados Unidos

Admirando a beleza cênica do Monument Valley, no Arizona, nos Estados Unidos


Basta alguns minutos por lá para entendermos porque os Navajos consideram aquilo uma área sagrada. Afinal, não há melhor maneira de descrevê-la do que como um jardim dos deuses, dado o gigantismo de tudo o que vemos por ali, a altura dos monumentos variando de 30 até quase 500 metros de altura. Essa região é o sonho de qualquer rock climber!

1000dias no Monument Valley, no Arizona, nos Estados Unidos

1000dias no Monument Valley, no Arizona, nos Estados Unidos


Depois de muitas e muitas dezenas de fotos, algumas das quais certamente se tornarão emblemáticas da nossa jornada de 1000dias, era a hora de partir. Mais uma vez eu deixaria o Monument Valley para trás. Mas não vai demorar muito para nos revermos. Tenho certeza que, muito em breve, ele figurará em algum novo filme de cinema. Quem não quer filmar por aqui? Que o digam Tom Cruise ou Tom Hanks e até o almirante Kirk. Ou então, na próxima vez que eu passar casualmente na frente de uma TV sintonizada no Cartoon, alguma criança hipnotizada por aquele “bip-bip” tão característico do Papaléguas. Não será apenas a criança a ficar hipnotizada...

Dirigindo nas estradas do Colorado, nos Estados Unidos, durante o pôr-do-sol

Dirigindo nas estradas do Colorado, nos Estados Unidos, durante o pôr-do-sol


Dirigindo nas estradas do Colorado, nos Estados Unidos, durante o pôr-do-sol

Dirigindo nas estradas do Colorado, nos Estados Unidos, durante o pôr-do-sol


Fomos nos afastando, o sol se pondo no nosso retrovisor, as gigantescas formações rochosas ficando menores e menores. Cena típica de um road movie, o que tem sido a nossa vida nesses últimos anos. Felizmente, esse nosso filme tem vários capítulos e, enquanto esse do Monument Valley se acabava, um outro começava à nossa frente. Eram as montanhas conhecidas como Mesa Verde, já no estado do Colorado, que cresciam no horizonte.

Chegando ao Mesa Verde National Park, no Colorado, nos Estados Unidos

Chegando ao Mesa Verde National Park, no Colorado, nos Estados Unidos

Estados Unidos, Arizona, Monument Valley, Parque

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O Salto Yacumá

Brasil, Rio Grande Do Sul, Salto Yucumã

Foto aérea do Salto Yucumã, na fronteira entre Rio Grande do Sul e Argentina, no rio Uruguai. É o maior salto do mundo em extensão horizontal, mas hoje, estava completamente tapado pelo rio cheio. (foto retirada da internet)

Foto aérea do Salto Yucumã, na fronteira entre Rio Grande do Sul e Argentina, no rio Uruguai. É o maior salto do mundo em extensão horizontal, mas hoje, estava completamente tapado pelo rio cheio. (foto retirada da internet)


Há muitos anos, um amigo do antigo emprego em Curitiba fez uma longa viagem pelo sul do país. Na volta, interessado que sou em viagens, quis saber detalhes do seu roteiro. Entre tantas atrações visitadas, uma que eu nunca havia ouvido falar, um tal de “Salto Yacumã”. “O que é isso? Onde fica?” – quis logo saber. A resposta, com um sorriso maroto na boca e um tom de gozação, veio logo: “Não conhece o Salto Yacumã? Justo você que se acha o mais viajado? Que vergonha! Fica na fronteira do Brasil com a Argentina, lá no noroeste do Rio Grande do Sul. É a maior cachoeira horizontal do mundo!”.

Foto de divulgação do Salto Yucumã, a maior queda d'-agua em extensão horizontal do mundo, na fronteira entre Brasil e Argentina, no município de Derrubadas, no Rio Grande do Sul

Foto de divulgação do Salto Yucumã, a maior queda d'-agua em extensão horizontal do mundo, na fronteira entre Brasil e Argentina, no município de Derrubadas, no Rio Grande do Sul


Eu não tinha a menor ideia do que significava “cachoeira horizontal”, mas aquela história de ser a maior do mundo logo me interessou. Uma rápida pesquisa na internet e logo entendi: cachoeira horizontal quer dizer largura e esta tinha quase dois quilômetros de ponta a ponta. Fica no Rio Uruguai, mas vendo as fotos, entendi que não era que o rio fosse tão largo assim, mas que toda a sua água cai sobre uma enorme fenda que há dentro de seu próprio leito. Difícil explicar, mas é fácil de entender quando se vê as fotos. Tão impressionante como esse fenômeno é o fato dele ser tão pouco conhecido em nosso país. Os nossos hermanos, que dividem conosco o Salto Yacumã (assim como as Cataratas do Iguaçu) sabem valorizá-las muito mais!

Uma linda foto do Salto Yucumã, na fronteira entre Brasil e Argentina, no município de Derrubadas, no Rio Grande do Sul

Uma linda foto do Salto Yucumã, na fronteira entre Brasil e Argentina, no município de Derrubadas, no Rio Grande do Sul


Bom, identificada a minha ignorância, tratei de viajar até lá no mesmo ano. Dirigi até o pequeno município de Derrubadas, onde fica o Parque Estadual que protege essa maravilha e me deslumbrei com o que vi. A queda tinha pouco menos de 10 metros, mas se estendia por 1,8 quilômetros. Ao contrário das intermináveis filas de turistas que se vê em Iguaçu, aqui era apenas eu, por mais de uma hora. Não sabia se ficava mais boquiaberto com o que via a minha frente, o maior salto horizontal do mundo, ou com o que não via, turistas!

Centro de visitantes do Parque Estadual do Turvo, na fronteira entre Brasil e Argentina, no município de Derrubadas, no Rio Grande do Sul

Centro de visitantes do Parque Estadual do Turvo, na fronteira entre Brasil e Argentina, no município de Derrubadas, no Rio Grande do Sul


A fiona na estrada que corta o parque do Turvo, na fronteira entre Brasil e Argentina, no município de Derrubadas, no Rio Grande do Sul

A fiona na estrada que corta o parque do Turvo, na fronteira entre Brasil e Argentina, no município de Derrubadas, no Rio Grande do Sul


Bom, muitos anos depois e estamos iniciando a fase final dos 1000dias, indo ao sul do continente. O Salto Yacumã não poderia faltar nesse roteiro, claro! Tinha de mostrar ele para a Ana e documentá-lo no site. Assim, saímos de Treze Tílias rumo à pequena Derrubadas, fronteira com a Argentina. Mas, antes de chegarmos lá, ainda em Santa Catarina, passamos por outra surpresa entre as tantas que esse nosso Brasil tem: a segunda maior cratera de meteoro do país.

O Domo do Vargeão, a segunda maior cratera de meteoro no Brasil, no oeste de Santa Catarina

O Domo do Vargeão, a segunda maior cratera de meteoro no Brasil, no oeste de Santa Catarina


Outra vez, foi uma surpresa total. Um cartaz, no meio da estrada, nos alertou para ela. É a cratera do Vargeão, com 12 quilômetros de diâmetro e mais de 200 metros de profundidade. Formada há cerca de 50 milhões de anos, já está totalmente tomada pela vegetação e, aos olhos menos atentos, passa despercebida. Mas quando se sabe que está lá e a vislumbramos do alto de um mirante construído em um posto de gasolina, pode-se ver claramente seus contornos. Chega a ser emocionante. Por quê essas coisas não são propagandeadas? Fico só imaginado o tanto de coisas que ainda estão por aí, esperando ser descobertas... Fosse nos EUA, haveria um museu por aqui e dezenas de painéis explicativos, ônibus de turistas e estudantes, lojinhas, restaurantes, dinheiro movimentando a economia, etc, etc... Mas aqui, há um só cartaz na estrada, colocado apenas para quem estiver prestando atenção. E um posto de gasolina que resolveu fazer uma torre de madeira com uns quinze metros de altura. Viva o posto de gasolina!

Nosso acampamento em um pesque-pague no município de Derrubadas, no Rio Grande do Sul

Nosso acampamento em um pesque-pague no município de Derrubadas, no Rio Grande do Sul


Bom, depois dessa mega descoberta geológica, retomamos o caminho para Derrubadas, onde chegamos já no final da tarde. Imagina, o turismo é tão desenvolvido por lá que já não há mais pousadas. Aquela que eu tinha ficado na década passada já não existe. O que há são dois pesqueiros, onde se pode acampar ou alugar quartos rústicos. Nós, de barraca quase nova, não pensamos duas vezes a armamos nossa casinha em frente ao lago de pescaria. Não havia mais ninguém por lá e foi uma delícia, um lago só para nós, bem na nossa varanda!

O rio Uruguai transbordando, com suas águas passando sobre o Salto Yucumã, na fronteira entre Brasil e Argentina, no município de Derrubadas, no Rio Grande do Sul

O rio Uruguai transbordando, com suas águas passando sobre o Salto Yucumã, na fronteira entre Brasil e Argentina, no município de Derrubadas, no Rio Grande do Sul


O rio Uruguai transbordando, com suas águas passando sobre o Salto Yucumã, na fronteira entre Brasil e Argentina, no município de Derrubadas, no Rio Grande do Sul

O rio Uruguai transbordando, com suas águas passando sobre o Salto Yucumã, na fronteira entre Brasil e Argentina, no município de Derrubadas, no Rio Grande do Sul


Hoje cedo, finalmente, fomos lá ver o Salto. A intenção era boa, mas a época não! Estamos no período de cheias, que agora já não seguem a ordem natural, mas o humor das diversas hidrelétricas rio acima. O fato é que o rio está cheio por aqui e a água, simplesmente, engole o Salto Yacumã. Resumindo, tudo embaixo d’água, só podemos ver as fotos e tentar imaginar como seria no período de secas. Para mim, que já estive aqui antes, não é difícil, mas para a Ana, ainda bem que as fotos estão lá, no pequeno Centro de Visitantes.

cascata no Parque do Turvo, na fronteira entre Brasil e Argentina, no município de Derrubadas, no Rio Grande do Sul

cascata no Parque do Turvo, na fronteira entre Brasil e Argentina, no município de Derrubadas, no Rio Grande do Sul


muitas flores no Parque do Turvo, na fronteira entre Brasil e Argentina, no município de Derrubadas, no Rio Grande do Sul

muitas flores no Parque do Turvo, na fronteira entre Brasil e Argentina, no município de Derrubadas, no Rio Grande do Sul


Fotos e explicações para o fenômeno. Toda a água de um rio com cerca de 200 metros de largura escorre para uma fenda com menos de 20 metros de largura. Na época de seca, as quedas chegam a 15 metros de altura, mas o mais impressionante não é a altura acima da água, mas a profundidade abaixo dela! A tal fenda chega a ter 170 metros de profundidade! Tudo escondido embaixo d’água. Só de imaginar aquele buraco todo já dá calafrios! Isso explica como cabe toda aquela água lá dentro! Para nós, hoje, foi só um exercício de imaginação, pois tudo o que víamos era um rio bem largo com suas águas invadindo as bordas e alagando a floresta ao seu lado. Lá no meio, bem acima da fenda, redemoinhos e espuma mostravam que algo se escondia. Pedras? Não, uma fenda com 170 metros de profundidade!

Com o Sérgio, nosso guia no Parque do Turvo, onde está o Salto Yucumã, na fronteira entre Brasil e Argentina, no município de Derrubadas, no Rio Grande do Sul

Com o Sérgio, nosso guia no Parque do Turvo, onde está o Salto Yucumã, na fronteira entre Brasil e Argentina, no município de Derrubadas, no Rio Grande do Sul


Uma das muitas espécies de pássaros que vive na região do Salto Yucumã, na fronteira entre Brasil e Argentina, no município de Derrubadas, no Rio Grande do Sul

Uma das muitas espécies de pássaros que vive na região do Salto Yucumã, na fronteira entre Brasil e Argentina, no município de Derrubadas, no Rio Grande do Sul


Bom, não se podia ver o Yacumã, mas o parque estadual não é só isso. Há uma grande área de mata ao redor do rio que também é protegida. No lado argentino, ainda é muito maior e, com tanto verde, uma rica fauna vive por lá, inclusive pumas. Infelizmente, ainda não foi dessa vez que vimos esses animais. O que vimos foram suas fezes e pegadas. Nas fezes, pelos e unhas da sua última refeição, alguma paca ou porco do mato.

Fezes de onça pintada no meio da estrada que atravessa o Parque do Turvo, na fronteira entre Brasil e Argentina, no município de Derrubadas, no Rio Grande do Sul

Fezes de onça pintada no meio da estrada que atravessa o Parque do Turvo, na fronteira entre Brasil e Argentina, no município de Derrubadas, no Rio Grande do Sul


Pelos e ossos, tudo o que sobrou da última vítima de uma onça pintada no Parque do Turvo, onde está o Salto Yucumá, na fronteira do rio Grande do Sul com a Argentina

Pelos e ossos, tudo o que sobrou da última vítima de uma onça pintada no Parque do Turvo, onde está o Salto Yucumá, na fronteira do rio Grande do Sul com a Argentina


Quem nos disse onde procurar os rastros da onça e também nos levou para caminhar na mata até uma pequena cascata foi o simpático Sergio, um guarda-parque do Parque Estadual do Turvo. Ele discorreu sobre a história do Turvo, a fauna que lá vive e até sobre o lado argentino do parque, muito mais desenvolvido. Os hermanos chegaram a construir, por três vezes, passarelas sobre o rio, para dar acesso ao Salto, mas o rio Uruguai foi mais forte e, durante as cheias, destruiu seguidamente as tais passarelas. Então, a melhor visão que se tem do Yacumá ainda é mesmo do Brasil, hehehe.

Antigas fotos de balseiros no rio uruguai, onde está o Salto Yucumã, na fronteira entre Brasil e Argentina, no município de Derrubadas, no Rio Grande do Sul

Antigas fotos de balseiros no rio uruguai, onde está o Salto Yucumã, na fronteira entre Brasil e Argentina, no município de Derrubadas, no Rio Grande do Sul


Mas é do lado argentino que se pode tomar barcos que se arriscam dentro da fenda, quando não há muita água por lá. Do lado brasileiro, famosos foram os barcos e barcaças que levavam madeira pelo rio, na metade do século passado. Foi nessa época que se cunhou o termo “ponto de balsa”, que é o nome que se dá ao rio quando se encontra da maneira que o vimos hoje. Ou seja, quando os saltos estão submersos e uma balsa pode passar tranquilamente por cima deles. Essa foi a grande atividade econômica da região naqueles tempos, corte de madeira e seu transporte pelo rio Uruguai até o Rio da Prata. Felizmente, um trecho da mata foi salvo, justamente esse que visitamos hoje.

cascata no Parque do Turvo, na fronteira entre Brasil e Argentina, no município de Derrubadas, no Rio Grande do Sul

cascata no Parque do Turvo, na fronteira entre Brasil e Argentina, no município de Derrubadas, no Rio Grande do Sul


Bom, depois da verdadeira aula do Sergio, do agradável passeio na mata, da visita à cascata, do cocô de onça e do Salto e da fenda que não vimos, mas que muito imaginamos, era hora de seguirmos viagem. O destino agora é São Miguel das Missões, o coração da região missioneira brasileira, conhecida como Sete Povos das Missões. Será nossa última escala no Brasil antes de entrarmos na Argentina rumo ao sul do continente. Chega de natureza, agora vamos atrás de cultura, hehehe.


Nossa viagem rumo à Argentina e Ushuaia. De Curitba (A) para Treze Tílias (C), já em Santa Catarina, passando pela Lapa (B). Depois, rumo à Derrubadas (D), já no Rio Grande do Sul, onde está a maior cachoeira em extensão horizontal do mundo. Por fim, uma passada em São Miguel das Missões (E)

Brasil, Rio Grande Do Sul, Salto Yucumã, cachoeira, cratera, Derrubadas, meteoro, Parque, Parque Estadual do Turvo, Vargeão

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A Laguna Colorada

Chile, San Pedro de Atacama, Bolívia, Salar de Uyuni

Flamingos se alimentam nas águas vermelhas da Laguna Colorada, no sudoeste da Bolívia

Flamingos se alimentam nas águas vermelhas da Laguna Colorada, no sudoeste da Bolívia


Conforme combinado ontem o Cristóbal e a Krasna apareceram logo cedo no nosso hotel para partirmos juntos rumo à Bolívia. Já tínhamos enchido o tanque da Fiona e comprado comida e agora só faltava a burocracia da alfãndega de saída, o que deve ser feito ainda en San Pedro de Atacama.

Com a Cristóbal e a Krasna, nossos caronas na travessia até o Salar de Uyuni (na fronteira entre Chile e Bolívia, a caminho da Laguna Colorada)

Com a Cristóbal e a Krasna, nossos caronas na travessia até o Salar de Uyuni (na fronteira entre Chile e Bolívia, a caminho da Laguna Colorada)


De volta à Bolívia, a caminho da Laguna Colorada

De volta à Bolívia, a caminho da Laguna Colorada


Feito isso, estávamos prontos! A Fiona, pela primeira vez, carregava quatro pessoas e suas respectivas bagagens para uma viagem de vários dias. Subimos a nossa ladeira velha conhecida de 30 km, que nos leva dos 2.400m para 4.700m e, lá no alto, tomamos o desvio para a Bolívia, que é exatamente ali do lado. Um pouco antes dos diversos tours que saem diariamente do Chile para a Bolívia, chegamos à fronteira. Ali encontramos os muitos jipes bolivianos que vem encontrar os tours que vem do Chile para pegar seus passageiros e levá-los até o Salar de Uyuni. Esses mesmos jipes trazem os turistas que vem no sentido contrário e ali trocam de condução, para chegarem à San Pedro, tudo muito bem combinadinho, horário e local, para que nenhuma van ou jipe faça algum trecho sem passageiros. É a chamada "otimização". Melhor do que isso, só quem faz tudo de Fiona, sem ter de trocar de veículo na fronteira, hehehe.

Jipes levam turistas para a Laguna Colorada, na Bolívia

Jipes levam turistas para a Laguna Colorada, na Bolívia


Bem, nada é perfeito e, para quem vem de Fiona, os passaportes são carimbados ali, mas a documentação do carro deve ser feita em outro lugar, um pequeno desvio mais à frente, na saída do Parque Nacional Abaroa. A entrada desse parque fica uns poucos quilômetros depois da fronteira, mais uma rápida parada nesse nosso primeiro dia de viagem rumo ao Salar de Uyuni.

A Laguna Verde, a primeira de muitas lagoas altiplânicas na rota para a Laguna Colorada e o Salar de Uyuni, na Bolívia

A Laguna Verde, a primeira de muitas lagoas altiplânicas na rota para a Laguna Colorada e o Salar de Uyuni, na Bolívia


A Laguna Verde, a primeira de muitas lagoas altiplânicas na rota para a Laguna Colorada e o Salar de Uyuni, na Bolívia

A Laguna Verde, a primeira de muitas lagoas altiplânicas na rota para a Laguna Colorada e o Salar de Uyuni, na Bolívia


Depois da entrada no parque, as primeiras atrações são as Lagunas Verde e Blanca. Já tínhamos visto essas lagunas no dia que chegamos pelo Paso de Jama, de longe, da estrada. Vimos também durante a nossa subida ao Cerro Toco. Agora era hora de vê-las de perto. Bem de perto! Tanto que, na Laguna Blanca, pude até caminhar sobre ela, já que estava completamente congelada. Apesar de ser uma cena comum em filmes, para mim foi a primeira oportunidade na vida de se caminhar sobre uma lagoa. Muito legal!

Filmando a congelada Laguna Blanca, no caminho para a Laguna Colorada, no sudoeste da Bolívia

Filmando a congelada Laguna Blanca, no caminho para a Laguna Colorada, no sudoeste da Bolívia


Caminhando sobre o gelo da Laguna Blanca, no caminho para a Laguna Colorada, no sudoeste da Bolívia

Caminhando sobre o gelo da Laguna Blanca, no caminho para a Laguna Colorada, no sudoeste da Bolívia


Outra grande atração do parque é a vista do Licancabur. Do lado boliviano ele é bem menos íngrime e é por aqui que a maioria das pessoas tentam subi-lo. Para nós, foi só a visão. E agora, é um motivo a mais para voltar para essa região tão linda, para se chegar aos seus 6 mil metros de altura.

O magnífico cenário no caminho para a Laguna Colorada, na Bolívia

O magnífico cenário no caminho para a Laguna Colorada, na Bolívia


Maravilhosa piscina de águas quentes a quase 4.500 metros de altitude e temperatura externa próxima do 0 graus, no caminho para a Laguna Colorada, na Bolívia

Maravilhosa piscina de águas quentes a quase 4.500 metros de altitude e temperatura externa próxima do 0 graus, no caminho para a Laguna Colorada, na Bolívia


A próxima lagoa no caminho guardava uma magnífica surpresa: águas termais! Uma pequena barragem formou uma piscina e a tentação de entrar nela foi tão grande que, apesar do frio que fazia fora, eu não me acanhei de estar sem calção. Afinal, cueca serve para quê? A sensação de nadar a esta altitude, naquele frio e com aquela paisagem ao redor é indescritível. Um dos momentos mágicos dessa viagem que não esquecerei jamais! A Ana, que estava na dúvida se entrava ou não, depois de ver o meu prazer e desobrir que aquela seria a única água quente nas próximas 48 horas, tambem não titubeou. Aí, já com duas pessoas dentro d'água, as pessoas foram se animando e, quando resolvemos sair, já eram mais de dez na piscina. Muito melhor do que aquela nos Geisers El Tatio, diga-se!

Novo recorde da Fiona, enfim acima dos 5 mil metros de altura, na aduna boliviana da região da Laguna Colorada

Novo recorde da Fiona, enfim acima dos 5 mil metros de altura, na aduna boliviana da região da Laguna Colorada


Em seguida, saímos da estrada principal rumo ao ponto onde devemos fazer a alfândega da Fiona. Nesse caminho, duas surpresas: primeiro, ultrapassamos a marca dos 5 mil metros de altitude. É o recorde absoluto da Fiona! A segunda foi, ao chegarmos no ponto dessa alfândega, uma das mais altas do mundo, vermos um campo de futebol! Isso mesmo, um campo de futebol acima dos 5 mil metros! Imagino que seria aqui que a Bolívia gostaria de mandar seus jogos, se a FIFA permitisse, hehehe.

Campo de futebol a 5 mil metros de altura!!! (na aduana Boliviana da região da Laguna Colorada)

Campo de futebol a 5 mil metros de altura!!! (na aduana Boliviana da região da Laguna Colorada)


Nem tudo são flores e também passamos nossas "dificuldades". O cara da alfândega era meio ruim da cabeça e ficou nos enrolando um tempão. Antes de nós, enrolou também um casal de poloneses que trouxe seu carro da Polônia para fazer 20 dias de viagem na América do Sul, do Uyuni à Patagônia. Isso é que é disposição! E dinheiro! Na nossa vez, ele nos fez assistir um filme de uns 20 min de quando nevou por ali, há 3 semanas. Como ele tinha a faca, o queijo e o poder nas mãos, aguentamos tudo pacientemente. No fim, nos deu o documento e estávamos, enfim, todos legalizados mais uma vez em terras bolivianas.

Chegando à fantástica Laguna Colorada, no sudoeste da Bolívia

Chegando à fantástica Laguna Colorada, no sudoeste da Bolívia


De lá seguimos para a fantástica Laguna Colorada. Que coisa mais maravilhosa! Incrível o poder e a classe da natureza em inventar coisas novas. Coisas que nossos olhos não querem acreditar!. O normal é que essas lagoas altiplânicas sejam meio prateadas. As vezes brancas, por causa do gelo. Quando são azuis ou esmeralda, já é uma benção, um colírio para os olhos. Mas essa é diferente de todas as outras! É colorada mesmo! A cor vem de um microorganismo que, não sei porque, só atingiu grande concentração nessa lagoa. Uma coisa absolutamente mágica, bem no meio do altiplano boliviano, rodeada por montanhas nevadas e vulcões.

Visitando a Laguna Colorada, no sudoeste da Bolívia, no caminho para o Salar de Uyuni

Visitando a Laguna Colorada, no sudoeste da Bolívia, no caminho para o Salar de Uyuni


E mais! Habitada por centenas de flamingos, colorados também, por causa dos camarões de que se alimentam. A gente viu esse cenário de fábula meio de longe e fomos diretamente para nosso refúgio. Ali conseguimos quartos privados com banheiro coletivo, água fria, por supuesto. Banho, nem pensar! O Cristóbal e a Krasna ficaram por lá e eu e a Ana seguimos para perto da laguna maravilhosa.

As incríveis águas vermelhas da Laguna Colorada, a mais de 4 mil metros de altitude, no sudoeste da Bolívia

As incríveis águas vermelhas da Laguna Colorada, a mais de 4 mil metros de altitude, no sudoeste da Bolívia


Mais fotos. Muitas fotos. Muito linda e diferente para ser verdade! Então, na dúvida, o negócio é fotografar mesmo! A lagoa e os flamingos. Depois, de volta ao refúgio, para socializarmos com nossos companheiros de viagem e também com os outros, que chegaram lá em tours ou em bicicleta. No primeiro grupo, tinha até brasileiros, um casal e um solteiro. Todos gente boníssima, ótimos de conversa e amantes de vinho e cerveja. Quanto aos ciclistas, eram alemães e vinham no sentido contrário. Tinham começado em Uyuni, já há vários dias, e demorariam mais 3 dias para chegar até San Pedro. Nossa, que disposição em enfrentar aquele frio, aquele vento e aquelas estradas. E tinham acampado vários dias. Hoje sim, estavam "diretoria", dormindo no refúgio!

Paisagem da Laguna Colorada, no sudoeste da Bolívia

Paisagem da Laguna Colorada, no sudoeste da Bolívia


E assim foi nossa noite, todo mundo tentando se aquecer ao lado do fogareiro do refúgio, até que ele se apagasse, Aí, todos para os quartos, embaixo de várias camadas de cobertas para enfrentar o frio que, de madrugada, deve ter chegado perto dos 15 graus negativos. Brrrrrrrr, coitada da Fiona. Vamos ver se amanhã ela pega... Tem de pegar, pois temos um longo caminho até o famoso Salar de Uyuni...

Nosso refúgio na Laguna Colorada, no sul da Bolívia

Nosso refúgio na Laguna Colorada, no sul da Bolívia

Chile, San Pedro de Atacama, Bolívia, Salar de Uyuni, Laguna Colorada

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Yellowstone e os Super Vulcões

Estados Unidos, Wyoming, Yellowstone National Park, Montana, West Yellowstone

Admirados com a beleza hipnótica da Grand Prismatic Pool, no Yellowstone National Park, em Wyoming, nos Estados Unidos

Admirados com a beleza hipnótica da Grand Prismatic Pool, no Yellowstone National Park, em Wyoming, nos Estados Unidos


A humanidade está há muito pouco tempo sobre a Terra. A nossa espécie tem uns 250 mil anos de idade. Comparando com a idade geológica do planeta, isso é o mesmo que nada, cerca de 0,06% do tempo total. Se pensarmos, então, apenas no período em que conhecemos a nossa história, cerca de 5 mil anos, aí é que percebemos o quanto somos novos por aqui.

Grand Prismatic Pool escondida por seus próprios vapores, no Yellowstone National Park, em Wyoming, nos Estados Unidos

Grand Prismatic Pool escondida por seus próprios vapores, no Yellowstone National Park, em Wyoming, nos Estados Unidos


Isso quer dizer que, enquanto espécie, não vivenciamos quase nada do que pode se passar no nosso planeta. A criação de grandes cadeias de montanhas, a separação e colisão de continentes, mudanças radicais climáticas, colisões com outros corpos celestes, tudo isso só conhecemos por registros geológicos e teorias criadas por cientistas, e não como testemunhas.

A fabulosa Grand Prismatic Pool, no Yellowstone National Park, em Wyoming, nos Estados Unidos

A fabulosa Grand Prismatic Pool, no Yellowstone National Park, em Wyoming, nos Estados Unidos


Pois bem, um dos principais eventos geológicos na Terra são as erupções vulcânicas. Ao mesmo tempo em que destroem tudo por perto, são elas também que constroem novas ilhas, novas planícies, novas penínsulas. É a maneira do planeta se renovar. Esse é um evento bem normal na história do planeta, ocorre o tempo todo e até nós, humanos, presenciamos isso no decorrer de nossas ínfimas vidas.

A fabulosa Grand Prismatic Pool, no Yellowstone National Park, em Wyoming, nos Estados Unidos

A fabulosa Grand Prismatic Pool, no Yellowstone National Park, em Wyoming, nos Estados Unidos


Mas existem as erupções e as “super erupções”. Essas sim são raras, porém colossais e devastadoras. Nada que tenhamos visto por aqui nos últimos 50 mil anos chegou perto do que poderíamos classificar como uma super erupção. Pinatubo, Krakatoa, Santa Helena, Vesúvio, todos eles tiveram suas erupções, mas as proporções são realmente outras. Para se ter uma ideia, a força de um super vulcão é mais de 1000 (Mil!) vezes maior do que a desses vulcões que conhecemos.

Enorme piscina de água azul e fervente, na área da Grand Prismatic Pool, no Yellowstone National Park, em Wyoming, nos Estados Unidos

Enorme piscina de água azul e fervente, na área da Grand Prismatic Pool, no Yellowstone National Park, em Wyoming, nos Estados Unidos


A única vez que a humanidade viu algo próximo foi há 70 mil anos, quando o vulcão do Lake Toba, em Sumatra, explodiu. O resultado foi a quase extinção total da espécie humana. Das muitas dezenas de milhares de indivíduos que existiam então, na África e talvez Ásia, sobraram apenas poucas dezenas de pessoas. Provavelmente, em apenas um grupo, que durante anos sobreviveu a invernos mais fortes, luminosidade solar prejudicada por espessas nuvens e escassez de alimentos. Esse é o evento conhecido como “gargalho genético” e o anônimo líder desse grupo, que conseguiu evitar a extinção da nossa raça, é a pessoa mais importante que já existiu na nossa história pois, sem ele, não teríamos sequer existido, gregos, romanos, egípcios, judeus, índios, chineses ou quem quer que seja...

Terraços de calcita na área da Grand Prismatic Pool, no Yellowstone National Park, em Wyoming, nos Estados Unidos

Terraços de calcita na área da Grand Prismatic Pool, no Yellowstone National Park, em Wyoming, nos Estados Unidos


Toda essa história para contar que o parque de Yellowstone está localizado sobre o mais bem estudado super vulcão do planeta. Registros nas rochas mostram que ele entrou em (super) erupção, pela primeira vez, há 2,1 milhões de anos. Desde então, outras duas mega erupções, a intervalos mais ou menos regulares de 650 mil anos. Não demora muito para fazermos a conta e percebermos que está na hora de mais uma. Mas, será que vai mesmo? A quantidade de gêiseres e fontes termais por aqui nos indica que há algo muito vivo abaixo de nós. Cientistas afirmam que sim, que ele explodirá novamente. Pode ser daqui a seis meses, 60 anos ou 60 mil anos. É tudo uma questão de “quando”, e não de “se”.

Visitando a Grand Prismatic Pool, no Yellowstone National Park, em Wyoming, nos Estados Unidos

Visitando a Grand Prismatic Pool, no Yellowstone National Park, em Wyoming, nos Estados Unidos


A explosão mandaria um bom pedaço dos Estados Unidos pelos ares. O que sobrasse, ficaria um bom tempo sem ver a luz do sol. O evento não seria catastrófico, mas cataclísmico. Tudo para, umas poucas centenas de anos depois (uma piscada geológica), a natureza “reconstruir” paisagens tão maravilhosas como as que vimos hoje, aqui no parque. Se, para essa renovação, tiverem de morrer algumas centenas de milhares de pessoas, o vulcão não dá, sinceramente, a menor bola.

As cores sempre vivas da Grand Prismatic Pool, no Yellowstone National Park, em Wyoming, nos Estados Unidos

As cores sempre vivas da Grand Prismatic Pool, no Yellowstone National Park, em Wyoming, nos Estados Unidos


Bom, a gente tratou de aproveitar esse breve período em que ele cochila para conhecer o cenário maravilhoso que ele possibilitou que exista, exatamente sobre suas ventas. Começamos pela incrível e hipnótica Grand Prismatic Pool. Tínhamos estado lá ontem de tarde, mas hoje subimos um morro vizinho, de onde se tem a melhor vista do lago mágico. Lá de baixo, os vapores que ela mesmo emite praticamente a cobrem. Mas de cima, podemos ver sobre eles. O cenário é espetacular! Não parece real, mas algo saído do cinema para mostrar uma paisagem alienígena. Mas, ela é tão real como eu e você. Que coisa incrível!

Sapphire Pool, na área da Grand Prismatic, no Yellowstone National Park, em Wyoming, nos Estados Unidos

Sapphire Pool, na área da Grand Prismatic, no Yellowstone National Park, em Wyoming, nos Estados Unidos


Descemos e fomos vê-la de perto novamente. Apesar do lago ficar mesmo escondido entre os vapores, tudo o que está a sua volta não fica. Os líquidos que vazam da Prismatic Pool criam grandes terraços de calcita e alimentam um sem números de seres microscópicos, que se alimentam das substâncias químicas trazidas das entranhas da terra. São esses pequenos micróbios que pintam a paisagem com cores fortes e vivas, amarelo, laranja, vermelho, marrom, verde, azul, um verdadeiro arco-íris.

Mais uma cachoeira de águas geladas no Yellowstone National Park, em Wyoming, nos Estados Unidos

Mais uma cachoeira de águas geladas no Yellowstone National Park, em Wyoming, nos Estados Unidos


Além disso, outras piscinas, menores mas não menos bonitas, pontuam a área. Passarelas nos levam através de todo esse cenário e painéis explicativos nos ensinam o que se passa por lá. Uma verdadeira aula prática de geologia e biologia.

Fontes de águas termais se encontram com o enorme Yellowstone Lake, no Yellowstone National Park, em Wyoming, nos Estados Unidos

Fontes de águas termais se encontram com o enorme Yellowstone Lake, no Yellowstone National Park, em Wyoming, nos Estados Unidos


Maravilhosa piscina transparente e azulada, de água fervente, ao lado do Yellowstone Lake, no Yellowstone National Park, em Wyoming, nos Estados Unidos

Maravilhosa piscina transparente e azulada, de água fervente, ao lado do Yellowstone Lake, no Yellowstone National Park, em Wyoming, nos Estados Unidos


Partimos então para explorar outras áreas do parque, que ainda não havíamos visto ontem. No caminho, pelas estradas, basta ver carros parados e já sabemos do que se trata: grandes animais na pista ou perto dela. Hoje tivemos a oportunidade de ver veados, elks, bisões, águias e até um coiote, bem de longe.

Maravilhosa piscina transparente e esverdeada, de água fervente, ao lado do Yellowstone Lake, no Yellowstone National Park, em Wyoming, nos Estados Unidos

Maravilhosa piscina transparente e esverdeada, de água fervente, ao lado do Yellowstone Lake, no Yellowstone National Park, em Wyoming, nos Estados Unidos


Tão próximas e tão distintas (as duas fervem!), próximas oa Yellowstone Lake, no Yellowstone National Park, em Wyoming, nos Estados Unidos

Tão próximas e tão distintas (as duas fervem!), próximas oa Yellowstone Lake, no Yellowstone National Park, em Wyoming, nos Estados Unidos


A vegetação do parque se divide entre florestas de pinheiros e savanas, grandes campos abertos. Tudo entrecortado por rios, formam um cartão postal a cada curva. As florestas são a melhor pista de como o ecossistema daqui é dinâmico. Várias delas foram queimadas por incêndios, dentro do processo natural de renovação, e novas árvores, ainda pequenas, crescem por entre os troncos mortos da antiga geração.

A águia reina soberana nos céus do Yellowstone National Park, em Wyoming, nos Estados Unidos

A águia reina soberana nos céus do Yellowstone National Park, em Wyoming, nos Estados Unidos


Um furtivo coiote no Yellowstone National Park, em Wyoming, nos Estados Unidos

Um furtivo coiote no Yellowstone National Park, em Wyoming, nos Estados Unidos


É nas savanas que se pode ver com mais facilidade a fauna do parque. O mais incrível são as grandes manadas de bisões. Vê-los ali nos ajuda a imaginar como eram as grandes planícies americanas antes da chegada do homem branco. Era a visão que tinham os antigos “moradores”, os índios, que por 100 séculos conviveram em equilíbrio com os bisões, lobos e ursos.

Um veado passeia tranquilamente pelas estradas movimentadas do Yellowstone National Park, em Wyoming, nos Estados Unidos

Um veado passeia tranquilamente pelas estradas movimentadas do Yellowstone National Park, em Wyoming, nos Estados Unidos


Por falar nesses grandes predadores, ainda não foi hoje o “grande encontro”. Mas a esperança é a última que morre! Os lobos, por sinal, haviam sido extintos por aqui, devido à incansável caça dos rancheiros, preocupados com seus rebanhos. O animal foi reintroduzido há pouco mais de uma década e, rapidamente, se adaptou ao seu antigo ambiente, para alegria de turistas e ecologistas e tristeza de rancheiros, veados, bisões e elks, que achavam que tinham se livrado de seus inimigos para sempre. Que nada! Em Yellowstone, o “para sempre” nunca é para sempre!

O bisão selvagem, um dos símbolos do Yellowstone National Park, em Wyoming, nos Estados Unidos

O bisão selvagem, um dos símbolos do Yellowstone National Park, em Wyoming, nos Estados Unidos


Passamos também por outras cachoeiras, fontes termais, um dos maiores lagos de altitude do mundo, o Lake Yellowstone e vários conjuntos de piscinas coloridas e termais. Ao final, já estão até virando corriqueiras para nós: “Olha! Uma piscina verde transparente maravilhosa ali!” – um de nós exclama. “Outra? Que preguiça...” – o outro responde. Hehehe

Manada de bisões no Yellowstone National Park, em Wyoming, nos Estados Unidos

Manada de bisões no Yellowstone National Park, em Wyoming, nos Estados Unidos


Até a relva, com suas cores fortes,  é linda no Yellowstone National Park, em Wyoming, nos Estados Unidos

Até a relva, com suas cores fortes, é linda no Yellowstone National Park, em Wyoming, nos Estados Unidos


Já era o final da tarde quando chegamos a outro dos cenários que faz de Yellowstone um lugar tão conhecido no mundo: o fantástico “Grand Canyon of Yellowstone”. Foi aí que aprendi a razão do nome da região. O nome do parque vem do rio, esse que forma o Grand Canyon (não confundir com aquele do rio Colorado!!!). E o nome do rio vem exatamente desse trecho, onde o canyon foi cavado sobre um solo amarelo. Não é “amarelado”, é amarelo mesmo!

Yellowstone National Park, em Wyoming, nos Estados Unidos

Yellowstone National Park, em Wyoming, nos Estados Unidos


Os americanos fizeram estradas e trilhas que nos levam a diversos mirantes sobre o canyon. Sem dúvida, foi um dos mais belos cenários que já vi na minha vida. O canyon é bem fundo, mas de 300 metros de profundidade, inteiramente cavado desde a última era glacial, há 15 mil anos. É incrível imaginar que tudo tenha sido feito em tão pouco tempo, mas o solo vulcânico, rico em sulfatos (por isso é amarelo), não resistiu à força das águas. Duas enormes cachoeiras, a Lower Falls e a Upper Falls complementam o cenário perfeito.

Parece um quadro, mas é o inacreditável Grand Canyon de Yellowstone, no Yellowstone National Park, em Wyoming, nos Estados Unidos

Parece um quadro, mas é o inacreditável Grand Canyon de Yellowstone, no Yellowstone National Park, em Wyoming, nos Estados Unidos


Ao mesmo tempo em que aproveitávamos o horário com a luz mais bonita do dia, corríamos contra o tempo para ver o máximo possível, antes que escurecesse. Foi assim que descemos em disparada as dezenas de degraus até o ponto onde a Lower Falls desaba no vazio, e aceleramos a Fiona até o mirante que tem inspirado pintores e fotógrafos por várias gerações.

As impressionantes Lower Falls do Grand Canyon de Yellowstone, no Yellowstone National Park, em Wyoming, nos Estados Unidos

As impressionantes Lower Falls do Grand Canyon de Yellowstone, no Yellowstone National Park, em Wyoming, nos Estados Unidos


O nosso dia de hoje foi simplesmente fantástico. Chegamos a ficar até sem fôlego, tanto o corpo como a alma. A natureza realmente caprichou por aqui. E pensar que tudo isso, algum dia, vai se evaporar na explosão de uma super vulcão. O mesmo que destruiu o que havia aqui antes, mas lançou as bases para a nova paisagem que hoje vemos por aqui. Como será que era antes? Como será que ficará depois? Quem pode dizer, com tantas erupções e glaciações nos separando do passado e do futuro... Na dúvida, o melhor mesmo é aproveitar o presente. E que presente!

As impressionantes Lower Falls do Grand Canyon de Yellowstone, no Yellowstone National Park, em Wyoming, nos Estados Unidos

As impressionantes Lower Falls do Grand Canyon de Yellowstone, no Yellowstone National Park, em Wyoming, nos Estados Unidos

Estados Unidos, Wyoming, Yellowstone National Park, Montana, West Yellowstone, Bichos, Parque, vulcão

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Aconcágua 99: Preparativos e Aclimatação

Argentina, Aconcágua, Mendoza

A luz de fim de tarde ilumina a face noroeste do Aconcágua entre nuvens, visto a partir dos 5 mil metros de altitude do Pico do Bonete, em frente à montanha, na região de Mendoza, oeste da Argentina (temporada de 1998/99)

A luz de fim de tarde ilumina a face noroeste do Aconcágua entre nuvens, visto a partir dos 5 mil metros de altitude do Pico do Bonete, em frente à montanha, na região de Mendoza, oeste da Argentina (temporada de 1998/99)



Nós não subimos o Aconcágua durante os 1000dias. Esse post conta a história de minha outra viagem para cá, no final de 1998, início de 1999. Como não tivemos tempo de tentar subir a montanha dessa vez, achei interessante contar como foi chegar ao ponto mais alto das Américas, mesmo que tendo sido em outra viagem. A história virá em duas partes, com fotos da época. Meu companheiro daquela vez foi o Haroldo, um primo que também esteve conosco em diversas oportunidades durante os 1000dias. A última, quando subimos o vulcão Villarrica, conforme relatado nesse post

O ano de 1998, para mim, foi de altos e baixos. Ou, para ser mais exato, de baixos e altos. Cronologicamente, foi assim que funcionou, em sentido figurado e no literal também. Comecei o ano perdendo o emprego e o chão. Terminei o ano no meio de uma fantástica viagem que me levou pelos quatro cantos do mundo. Entre tantos lugares visitados, fui do ponto mais baixo da Terra, o Mar Morto, a 427 metros abaixo do nível do mar, ao ponto mais alto das Américas, o cume do Aconcágua, a 6.962 metros de altitude. Como disse, baixos e altos...

Mapa 3D da região do Aconcágua, na Argentina. Aí percebe´se claramente que a trilha se divide em Confluencia, à direita seguindo para Plaza Francia (nosso caminho de agora) e à esquerda para Plaza de Mulas (caminho que fiz em 1999)

Mapa 3D da região do Aconcágua, na Argentina. Aí percebe´se claramente que a trilha se divide em Confluencia, à direita seguindo para Plaza Francia (nosso caminho de agora) e à esquerda para Plaza de Mulas (caminho que fiz em 1999)


Mapa de trilhas e altitudes da região do Aconcágua, a maior montanha das Américas, nos Andes argentinos. Nós caminhamos de Horcones até Confluencia no 1o dia. No 2o dia, fomos até Plaza Francia, em frente à Parede Sul e retornamos à Confluencia. No 3o dia

Mapa de trilhas e altitudes da região do Aconcágua, a maior montanha das Américas, nos Andes argentinos. Nós caminhamos de Horcones até Confluencia no 1o dia. No 2o dia, fomos até Plaza Francia, em frente à Parede Sul e retornamos à Confluencia. No 3o dia


A crise econômica mundial causada pelo colapso da moeda da Tailândia, no final de 97, atingiu o Brasil com violência. Muitas empresas financeiras quebraram, inclusive aquela em que eu havia trabalhado por 3 anos. Fiquei sem emprego, mas com boas economias guardadas. Por algum tempo, fiquei na grande dúvida entre aplicar esse dinheiro em um MBA no exterior (cheguei a fazer provas e quase enviei as applications) ou dar uma bela de uma volta ao mundo. O sangue português dos grandes descobrimentos falou mais alto e optei pela segunda opção. Europa, Oceania, Ásia e norte da África, tudo isso em oito meses. O natal de 98 foi passado em Belém, cidade onde nasceu e cresceu Jesus, em Israel. No auge da détente entre israelenses e palestinos, Yasser Arafat passou a poucos metros de mim e outro bando de turistas. Poucos dias antes, eu havia visitado e nadado no Mar Morto, um antigo sonho de criança. Agora, meu objetivo era outro, quase inverso. Já há alguns meses, vinha combinando com um primo de nos encontrarmos na Argentina para subir o Aconcágua, a montanha que havíamos visto tão rapidamente sete anos antes, quando viajamos por Argentina e Chile. Daquela vez, só o vimos da janela do ônibus que nos levava de Mendoza a Santiago. Mas foi o bastante para nos prometermos voltar algum dia. Esse dia havia chegado!

Preenchendo papéis e registros na entrada do Parque Provincial Aconcágua, região de Mendoza, oeste da Argentina (temporada de 1998/99)

Preenchendo papéis e registros na entrada do Parque Provincial Aconcágua, região de Mendoza, oeste da Argentina (temporada de 1998/99)


Com o Haroldo, entrando no Parque Provincial Aconcágua, região de Mendoza, oeste da Argentina (temporada de 1998/99)

Com o Haroldo, entrando no Parque Provincial Aconcágua, região de Mendoza, oeste da Argentina (temporada de 1998/99)


O Haroldo, meu primo, já havia passado seu mês de férias viajando comigo na Nova Zelândia. Foi em Abril de 98. Agora, oito meses mais tarde, em 28 de Dezembro, a gente se reencontrava no aeroporto de Buenos Aires. Ele trazia cerca de 60 kg de bagagem do Brasil. Não só suas roupas e equipamentos para subir o Aconcágua, mas também boa parte dos meus. Afinal, eu não andava pelo mundo carregando esse peso todo. Ele também trazia uma parte da comida que levaríamos à montanha, aquela mais rica em energia, como frutas secas, chocolates e leite em pó. O resto, como macarrão e sopa, compramos juntos em Mendoza, para onde voamos, já reunidos, no mesmo dia. Foi em Mendoza também que alugamos nossas botas duplas e grampões, essenciais para enfrentar o frio e o gelo nas altas altitudes. Barraca e sacos de dormir também haviam sido trazidos pelo Haroldo. Por fim, em Mendoza pagamos pelo “permiso” para subir a montanha (na época, uns 70 dólares. Hoje, o preço é quase dez vezes maior!), compramos nossas passagens de ônibus para Puente del Inca (onde começava a caminhada) e contratamos mulas para levar boa parte do peso da nossa bagagem até Plaza de Mulas, o campo base para se subir o Aconcágua pela rota normal.

Perfil da caminhada até Plaza de Mulas, campo base para a rota normal de ascenso do Aconcágua, nos Andes argentinos, região de Mendoza

Perfil da caminhada até Plaza de Mulas, campo base para a rota normal de ascenso do Aconcágua, nos Andes argentinos, região de Mendoza


Nós iríamos tentar o Aconcágua sem guias ou expedição organizada. Naquela época, isso era mais comum, embora já houvesse muitas expedições comerciais também. Nos últimos quinze anos, agências que oferecem esse serviço se multiplicaram e eu diria que hoje, a maioria das pessoas que tenta o Aconcágua está nesses grupos. Outra coisa que mudou foram os preços e as regras, tudo bem mais controlado. O aumento de preço veio para controlar a quantidade de acessos que aumentava sem parar. Tudo bastante concentrado nos meses entre Dezembro e Fevereiro, quando as condições climáticas na região são mais amenas. Naqule ano, foram cerca de 4 mil pessoas. Esse número chegou a dobrar até 2010, mas o aumento de preços funcionou. Agora, na temporada 2013/14, foram pouco mais de 5 mil pessoas. O “permiso” é mais caro para quem vai sem grupo organizado, um estímulo para que se siga com agências e guias. A razão disso é a segurança, guias experientes sabem cuidar melhor de nós do que nós próprios, especialmente em uma região onde o tempo muda tão rapidamente e que eles conhecem muito melhor do que nós. Além disso, agora, em cada acampamento, precisamos nos registrar e fazer exames médicos. Pessoas continuam a morrer no Aconcágua, mas tenho certeza que seria muito pior sem essas novas regulações.

Cruzando o rio Horcones a caminho de Confluencia, o primeiro acampamento na trilha normal do Aconcágua, no oeste da Argentina (temporada de 1998/99)

Cruzando o rio Horcones a caminho de Confluencia, o primeiro acampamento na trilha normal do Aconcágua, no oeste da Argentina (temporada de 1998/99)


Com o Haroldo, prontos para iniciar a caminhada rumo a Confluencia e Plaza de Mulas, no parque do Aconcágua, oeste da Argentina (temporada de 1998/99)

Com o Haroldo, prontos para iniciar a caminhada rumo a Confluencia e Plaza de Mulas, no parque do Aconcágua, oeste da Argentina (temporada de 1998/99)


Bom, seja pela aventura, pelo preço ou pela liberdade, eu e o Haroldo, naquela época, preferimos ir sozinhos. Lemos tudo o que pudemos sobre a montanha, conversamos com pessoas que já haviam estado lá e montamos nosso plano de ataque. Como estávamos sós, tínhamos a liberdade de mudar esses planos conforme íamos subindo a montanha e nos aclimatando, de acordo com nosso cansaço, adaptação à altitude, estado de ânimo e condições meteorológicas na montanha. De maneira geral, tudo isso concorreu para que acelerássemos nossos planos iniciais. Nossa adaptação foi mais rápida do que havíamos imaginado e não queríamos perder as chances de bom tempo que o Aconcágua estava nos fornecendo.

Primeiro dia de caminhada, quase chegando em Confluencia, no parque Provincial Aconcágua, região de Mendoza, oeste da Argentina (temporada de 1998/99)

Primeiro dia de caminhada, quase chegando em Confluencia, no parque Provincial Aconcágua, região de Mendoza, oeste da Argentina (temporada de 1998/99)


Nós havíamos feito todas as compras e burocracias na tarde do dia 28, em Mendoza. No dia 29, bem cedo, embarcamos para Puente del Inca, onde chegamos perto do meio dia. Aí encontramos nossa mula que seguiria, numa grande tropa, diretamente para Plaza de Mulas. Fizemos a divisão de bagagens e ficamos apenas com a barraca, sacos de dormir, um pouco de roupa e comida. O grosso seguiu com ela. Despachada a mula, caminhamos uns quatro quilômetros até a entrada do parque e outros dois até o posto de guarda-parques. Já estávamos ganhando altitude! Dos 2.800 metros de Puente del Inca até quase os 3 mil do posto de entrada da trilha, onde fizemos nossas últimas burocracias. Dia de céu azul, a tarde apenas começando, estávamos ansiosos para, finalmente botar o pé na trilha de verdade. E assim foi, viemos caminhando tranquilamente pelo vale do rio Horcones, esse mesmo trecho que eu e a Ana fizemos agora em 2014, até Confluencia. A diferença é que Confluencia era um pouco mais adiante, depois que as trilhas para Plaza Francia e Plaza de Mulas de dividem, logo após cruzarmos o rio Horcones novamente, agora para a margem esquerda de quem está subindo. A trilha havia sido tranquila e nós, agora, já estávamos acima dos 3.400 metros de altitude. Armamos nossa barraca, lanchamos e combatemos a dor de cabeça que se iniciava com dois excedrins cada um. Na época, não tínhamos neosaldina!

Acampado em Confluencia, a caminho de Plaza de Mulas e do Aconcágua, na região de Mendoza, oeste da Argentina (temporada de 1998/99)

Acampado em Confluencia, a caminho de Plaza de Mulas e do Aconcágua, na região de Mendoza, oeste da Argentina (temporada de 1998/99)


Acampamento de Confluencia, a caminho de Plaza de Mulas e do Aconcágua, na região de Mendoza, oeste da Argentina (temporada de 1998/99)

Acampamento de Confluencia, a caminho de Plaza de Mulas e do Aconcágua, na região de Mendoza, oeste da Argentina (temporada de 1998/99)


No dia seguinte, véspera de réveillon, seguimos em frente. Muita gente, já naqueles dias, preferia passar duas noites em Confluencia para ajudar no processo de aclimatação. Aproveitavam para fazer um bate-volta e ir conhecer Plaza Francia. Foi o que não fizemos e só agora, 15 anos mais tarde, é que tive a chance de chegar perto da majestosa face sul do Aconcágua e sua temida parede de mais de dois quilômetros de altura. Nós estávamos era com pressa de chegar em Plaza de Mulas e ver de perto o que nos esperava, a rota normal em direção a Nido de Condores, Berlin e o cume do Aconcágua. Esse segundo dia de caminhada é mais longo que o primeiro e mais chato também. Atravessamos a chamada “Playa Ancha”, um interminável vale formado pelo leito quase seco do rio Horcones, chão formado por pedras e mais pedras que requerem concentração par não cair. Além disso, temos de cruzar riachos o tempo todo. Vamos ganhando altura bem lentamente até que damos de cara com a “Encosta Brava”. O nome já dá uma pista do que se trata. Uma pirambeira que vamos vencendo com muita determinação e ziguezagues. Lá no alto, já estamos a 4.300 metros de altitude. De um lado, ao pé da montanha, o acampamento de Plaza de Mulas, já com algumas dezenas de barracas. Do outro, uns 25 minutos de caminhada, o Hotel Refugio, mais refúgio do que hotel, mas considerado o hotel mais alto do mundo. Para ele seguimos, pois nossa ideia era armar nossa barraca ali do lado.

Acampado ao lado do refúgio em Plaza de Mulas, 4.300 metros de altitude, aos pés do Aconcágua, no oeste da Argentina (temporada de 1998/99)

Acampado ao lado do refúgio em Plaza de Mulas, 4.300 metros de altitude, aos pés do Aconcágua, no oeste da Argentina (temporada de 1998/99)


O refúgio em Plaza de Mulas, o hotel mais alto do mundo, aos pés do Aconcágua, oeste da Argentina (temporada de 1998/99)

O refúgio em Plaza de Mulas, o hotel mais alto do mundo, aos pés do Aconcágua, oeste da Argentina (temporada de 1998/99)


Estar perto do hotel fazia parte da nossa estratégia para conquistar a montanha. A melhor maneira de adaptar nosso organismo às grandes altitudes é fazer a tática do sobe-desce. Subimos cada vez mais altos para nosso corpo tomar contato com o ar rarefeito e descemos em seguida para descansar em lugares mais baixos. Com isso o organismo começa a se adaptar biologicamente, por exemplo, começando a produzir mais glóbulos vermelhos para carregar com mais eficiência o oxigênio cada vez mais escasso. Em algum momento da nossa programação, devemos subir até um ponto mais alto, armar nossa barraca por lá e descer para ganhar energias para o ataque final. Depois, subimos novamente, agora com muito menos peso, pois a barraca já está no alto. Dormimos uma noite por lá e atacamos o cume. Estratégia perfeita, mas requer duas barracas, pelo menos para os dias em que a barraca estiver armada no alto e nós estivermos mais abaixo. Duas barracas ou uma barraca e um hotel! Bingo! Para quem vai de expedição paga, essa logística não é preocupação. Jamais vai ter de carregar barraca e sempre haverá alguma lhe esperando quando chegar em qualquer acampamento. Para quem vai sozinho como nós, ou carrega a barraca o tempo todo, ou leva duas barracas, ou conta com um hotel. Foi a nossa opção! Então, ainda em Mendoza, já compramos 3 noites de hotel e várias refeições. Por isso, além de ter de carregar menos comida aqui para cima, como éramos clientes deles, poderíamos usar o tempo todo suas instalações. Isso incluía a cozinha coletiva, as mesas do restaurante e o delicioso salão aquecido com um fogareiro. Foi aí que jogamos incontáveis partidas de crapô, um jogo de cartas, para passar o tempo. Também nos divertíamos na mesa de ping-pong, conhecíamos outras pessoas e, se pagássemos 10 dólares, tínhamos até direito a um rápido banho quente. Pequenos confortos como esses nos recompõe a energia e ajudam muito no desafio de subir a montanha.

Rumo ao Pico do Bonete, atravessando os gelos penitentes, nossa primeira caminhada de aclimatação na regiaõ de Plaza de Mulas, aos pés do Aconcágua, oeste da Argentina (temporada de 1998/99)

Rumo ao Pico do Bonete, atravessando os gelos penitentes, nossa primeira caminhada de aclimatação na regiaõ de Plaza de Mulas, aos pés do Aconcágua, oeste da Argentina (temporada de 1998/99)


Rumo ao Pico do Bonete, atravessando os gelos penitentes, nossa primeira caminhada de aclimatação na regiaõ de Plaza de Mulas, aos pés do Aconcágua, oeste da Argentina (temporada de 1998/99)

Rumo ao Pico do Bonete, atravessando os gelos penitentes, nossa primeira caminhada de aclimatação na regiaõ de Plaza de Mulas, aos pés do Aconcágua, oeste da Argentina (temporada de 1998/99)


Agora em 2014, descobrimos que esse hotel-refúgio foi desativado há alguns anos. Uma pena, pois a energia lá era muito boa, um pouco de conforto a 4.300 metros de altitude. Não tem preço! Em compensação, grandes agências montam seus próprios pequenos hotéis, sob lona, tanto em Plaza de Mulas como em Confluencia. Com chuveiro, cozinha e restaurante. Mas duvido que seja como era o hotel-refúgio. Espero, sinceramente, que ele seja reaberto nos próximos anos. Aparentemente, foi até dilapidado pelo último concessionário e a falta de manutenção vem mostrando seus efeitos. Mas a estrutura ainda está lá e um pequeno investimento o recuperaria. Ainda bem que não o vi nesse estado e minhas memórias são daquela doce temporada de 98/99.

Um pouco acima dos 5 mil metros, no cume do Pico do Bonete, na nossa primeira caminhada de aclimatação na região de Plaza de Mulas, parque do Aconcágua, oeste da Argentina (temporada de 1998/99)

Um pouco acima dos 5 mil metros, no cume do Pico do Bonete, na nossa primeira caminhada de aclimatação na região de Plaza de Mulas, parque do Aconcágua, oeste da Argentina (temporada de 1998/99)


Pois então, chegamos até ele, armamos nossa barraca e começamos a usufruir da mordomia, principalmente do calor acolhedor do fogareiro. A noite foi fria na barraca, mas tínhamos roupas o suficiente, nossa bagagem trazida pela mula já nos esperava por lá. Nem precisei tomar excedrin para dormir, mas o Haroldo tomou os seus. Na manhã do dia 31, acordamos bem e queríamos dar prosseguimento ao nosso processo de aclimatização. Para isso, precisávamos caminhar. A escolha óbvia, o que quase todos ali fazem, era subir em direção a Nido de Condores, o próximo acampamento no caminho até o cume. Nós conseguíamos ver a trilha de longe subindo a encosta do Aconcágua. Era amedrontadora, não por ser perigosa, mas pelo tamanho inacabável da tal encosta. Um infinito ziguezague segue encosta acima, as pessoas quase sumindo na distância, apenas pequenos pontinhos que mais pareciam formigas se movendo em câmara lenta. Saber que teríamos de subir aquela encosta várias vezes nos dava preguiça só de pensar. Saímos dos 4.350 metros de Plaza de Mulas para subir até os 5.550 metros de Nido. Tudo isso em um só ziguezague. É massacrante, só de ver.

Festa de reveillon no refúgio em Plaza de Mulas, o hotel mais alto do mundo, aos pés do Aconcágua, oeste da Argentina (temporada de 1998/99)

Festa de reveillon no refúgio em Plaza de Mulas, o hotel mais alto do mundo, aos pés do Aconcágua, oeste da Argentina (temporada de 1998/99)


Foi quando o Eduardo apareceu para nos salvar. Ele era a pessoas que estava tomando conta do hotel-refúgio naquela temporada e conhecia muito bem a região. Sugeriu que subíssemos outra montanha, para variar. O Pico do Bonete tem 5.100 metros de altura e fica atrás do refúgio e de frente para o Aconcágua. Pode-se caminhar até lá em cima, trilha razoavelmente bem marcada. Uma opção muito melhor que a encosta para Nido. Prontamente compramos a ideia e fomos para lá no início da tarde, com a ideia de voltar assim que ficássemos demasiado cansados ou que a dor de cabeça atrapalhasse. Mas, na verdade, não foi assim. Mal demos os primeiros passos e já resolvemos tomar nosso excedrin. Dor de cabeça, ninguém merece! Um pouco mais adiante, cruzamos com os gelos penitentes, uma das marcas registradas dessa região. São pequenas torres de gelo que parecem caminhar em uma procissão, em fila indiana. Daí o nome, “penitentes”. São uma pequena geleira e podemos caminhar entre eles. Esses que vimos não eram grandes, dois metros no máximo, mas em outros lugares eles podem ficar bem maiores. Mais uma hora de caminhada e chegamos ao pé da montanha. Depois, foi só subir, subir e subir. No fim da tarde, cheguei ao cume, feliz. De volta aos 5 mil metros, uma marca bem importante nesse nosso caminho para o topo do Aconcágua, quase dois quilômetros mais alto. O Haroldo chegou um pouco depois, quando o tempo já tinha fechado. Nossa primeira nevasca nas alturas. Bom para testar nossas roupas! Quando começamos a descer, o tempo voltou a abrir e o Aconcágua, grandioso e magnâmico, apareceu na nossa frente. Que lindo! Difícil acreditar que poderíamos chegar lá no alto daquele gigante!

Trilha, pontos de parada e altitudes no caminho entre Plaza de Mulas e o cume do Aconcágua, na Argentina. Nós atacamos o cume desde Nido de Condores

Trilha, pontos de parada e altitudes no caminho entre Plaza de Mulas e o cume do Aconcágua, na Argentina. Nós atacamos o cume desde Nido de Condores


Um ótimo último dia do ano para nós, mas ele ainda não havia acabado e iria melhorar. O hotel organizou um grande churrasco-festa de réveillon e a gente se esbaldou! Que privilégio, passar a última noite do ano naquele lugar, naquela altitude e com aquela festa. Do lado de fora, céu estrelado e o Aconcágua a nos observar. Foi mágico! Nossa noite se esticou e resolvemos tirar o dia seguinte, o primeiro do ano de 1999, de folga. Estávamos merecendo. Tudo o que fizemos, além de jogar crapô e nos esquentar no fogareiro, foi caminhar os 25 minutos até o acampamento de Plaza de Mulas. Fomos vestindo (e estreando) nossas botas duplas alugadas em Mendoza. Nossa... que dificuldade! Nada como um calçado mais leve e ágil. Foi um bom exercício, mas imaginar ter de calçar aquilo e caminhar até o cume do Aconcágua foi desanimador. Tanto que, no dia seguinte, na primordial etapa do “porteio”, deixamos as botas duplas para trás e voltamos para as muito mais confortáveis botas simples.

Montanhas nevadas cercam Plaza de Mulas, acampamento aos pés do Aconcágua, no oeste da Argentina (temporada de 1998/99)

Montanhas nevadas cercam Plaza de Mulas, acampamento aos pés do Aconcágua, no oeste da Argentina (temporada de 1998/99)


De Plaza de Muilas, visão do vale do rio Horcones, no parque do Aconcágua, região de Mendoza, oeste da Argentina (temporada de 1998/99)

De Plaza de Muilas, visão do vale do rio Horcones, no parque do Aconcágua, região de Mendoza, oeste da Argentina (temporada de 1998/99)


Pois é, o dia 2 foi nosso dia de porteio. Carregamos nossa barraca, sacos de dormir, comida e fogareiro mais de 1.200 metros verticais para cima, até Nido de Condores. Vencer aquela encosta e os infinitos vai-e-vens da trilha foi um sufoco danado. Chegando em Cambio Pendiente, 250 metros abaixo de Nido de Condores, e justamente aonde a trilha deixa de ser tão inclinada, achei que não conseguiria dar mais nenhum passo. Era a altitude pesando no coração e no pulmão. Achei que já estava bem por não ter de tomar mais excedrin, mas estava enganado. Enfim, o Haroldo seguiu na frente e, quando finalmente cheguei lá, ele já estava montando nossa barraca. Estávamos um pouco adiantados na temporada, o maior número de pessoas só vem depois do réveillon. Assim, eram apenas outras dez barracas no acampamento. A ideia do Haroldo era montar a barraca e descer, mas eu queria passar a noite por lá, dar uma forçada no processo de aclimatação. Não chegávamos a um acordo, mas São Pedro estava do meu lado e enviou uma nevasca que convenceu o Haroldo a ficar. Tivemos uma noite duríssima, o excedrin nos salvando da dor de cabeça, mas nada ajudando contra a sensação de falta de ar que tínhamos durante o sono. Acordamos diversas vezes arfantes, mas tenho certeza que o esforço acelerou bastante as mudanças necessárias no nosso metabolismo.

Iniciando a caminhada rumo a Nido de Condores, acampamento avançado na encosta do Aconcágua, no oeste da Argentina (temporada de 1998/99)

Iniciando a caminhada rumo a Nido de Condores, acampamento avançado na encosta do Aconcágua, no oeste da Argentina (temporada de 1998/99)


Acordamos dia 3 bem cansados. Minha ideia na noite anterior era acordar e caminhar até Berlin, quase aos 6 mil metros, um último exercício de aclimatação. Depois, voltaríamos diretamente para Plaza de Mulas, para o conforto do hotel-refúgio. Mas a noite mal dormida nos fez mudar de ideia. Nada de Berlin, desceríamos imediatamente. A cada passo para baixo, era como se mergulhássemos no oxigênio renovador. Um belo sanduíche de hamburguesa e o calor do fogareiro do hotel ajudaram mais ainda na nossa recuperação. O resto do dia foi devotado ao crapô e ao descanso. Aliás, o dias seguinte também. Duas noites com cama e colchão completaram nosso processo de recuperação de energias. No dia 6, cedinho, estávamos prontos para subir novamente. Mas, dessa vez, iríamos mais para o alto. O cume era o limite e nossa maior preocupação era que a barraca, com todo o nosso material dentro, tivesse resistido à noite de ventos muito fortes que tínhamos passado. Isso, só iríamos descobrir quando chegássemos lá em cima...

Pausa para descanso na subida entre Plaza de Mulas e Nido de Condores, acampamentos ao longo da trilha normal para o cume do Aconcágua, no oeste da Argentina (temporada de 1998/99)

Pausa para descanso na subida entre Plaza de Mulas e Nido de Condores, acampamentos ao longo da trilha normal para o cume do Aconcágua, no oeste da Argentina (temporada de 1998/99)

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De Stromness Para Grytviken

Geórgia Do Sul, Stromness, Grytviken

O Dave traz mais passageiros de volta ao Sea Spirit, depois de visita a Stromness, na Geórgia do Sul

O Dave traz mais passageiros de volta ao Sea Spirit, depois de visita a Stromness, na Geórgia do Sul


Se alguém me dissesse, um mês atrás, que estava viajando de Stromness para Grytviken, eu iria imaginar que essa pessoa deveria estar em algum recanto da Dinamarca, Suécia ou Noruega, mas jamais na América do Sul! Pois é, vivendo e aprendendo... E olha que eu não estaria tão errado assim. Sim, os dois lugares ficam sim na América do Sul, mais precisamente, na pequena ilha chamada Geórgia do Sul. Uma ilha que pertence aos ingleses, mas que, na prática, foi colonizada por noruegueses! Bingo! Daí esses nomes nórdicos...

A antiga estação baleeira de Stromness, na Geórgia do Sul

A antiga estação baleeira de Stromness, na Geórgia do Sul


O Dave traz mais passageiros de volta ao Sea Spirit, depois de visita a Stromness, na Geórgia do Sul

O Dave traz mais passageiros de volta ao Sea Spirit, depois de visita a Stromness, na Geórgia do Sul


Nas primeiras décadas do séc. XX, o governo inglês vendeu licenças a várias companhias norueguesas para se instalarem na ilha e praticarem a pesca e processamento de baleias e focas. Essa foi a primeira ocupação efetiva dessa pequena ilha quase perdida no Atlântico Sul e, desde então, nomes noruegueses são comuns por lá, mesmo depois que as estações baleeiras foram fechadas em meados do século. E hoje, após repetir parte do caminho por terra de Shackleton até Stromness, nós embarcamos no Sea Spirit rumo a Grytviken, a “capital” da Geórgia do Sul.

Guindaste do Sea Spirit recolhe um zodiac no deck, em Stromness, na Geórgia do Sul

Guindaste do Sea Spirit recolhe um zodiac no deck, em Stromness, na Geórgia do Sul


A água gelada e azul da baía de Stromness, na Geórgia do Sul

A água gelada e azul da baía de Stromness, na Geórgia do Sul


O tempo havia estado fechado durante toda a manhã, enquanto fazíamos nossa caminhada. Mas na hora de embarcarmos no Sea Spirit, já em Stromness, o sol apareceu, assim como o céu azul. Quase sem vento, as águas da baía de Stromness estavam paradas, formando um grande espelho natural que só era desmanchado pelo vaivém dos zodiacs que transportavam os passageiros de terra firme para o navio.

O Bart limpa suas botas antes de entrar no Sea Spirit, em Stromness, na Geórgia do Sul

O Bart limpa suas botas antes de entrar no Sea Spirit, em Stromness, na Geórgia do Sul


Limpando os pés antes de entrar no Sea Spirit, em Grytviken, na Geórgia do Sul

Limpando os pés antes de entrar no Sea Spirit, em Grytviken, na Geórgia do Sul


Ao chegar no Sea Spirit, a rotina de sempre. Enquanto limpávamos e desinfetávamos nossas botas para poder entrar no interior do Sea Spirit, os marinheiros já nossos amigos se ocupavam em “guardar” os zodiacs no deck do navio. Faça frio, faça vento, faça neve, lá estão eles fazendo seu trabalho, sempre com a ajuda do guindaste do barco.

Os marinheiros do Sea Spirit que sempre nos auxiliam a entrar e sair dos zodiacs, em Stromness, na Geórgia do Sul

Os marinheiros do Sea Spirit que sempre nos auxiliam a entrar e sair dos zodiacs, em Stromness, na Geórgia do Sul


Navegando por um estreito canal perto de Stromness, na Geórgia do Sul

Navegando por um estreito canal perto de Stromness, na Geórgia do Sul


O Sea Spirit começou sua curta viagem de hoje e o almoço já estava servido para os famintos passageiros. Aproveitando o dia lindo que agora fazia, aproveitamos para comer do lado de fora, lá no deck superior, com direito à linda paisagem da ilha à nossa frente. Com o tempo limpo, quem apareceu o longe foi o Mount Paget, montanha mais alta da Geórgia do Sul. Com 2.935 metros de altura, realmente é uma montanha imponente, considerando que nós estávamos ao nível do mar. É como se fossem quatro Corcovados, um em cima do outro. Foi escalado pela primeira vez em 1964, por uma equipe militar britânica. É uma escalada técnica, com muito gelo e neve no caminho.

As mais altas montanhas da Geórgia do Sul, como o Mount Paget, na região de Stromness

As mais altas montanhas da Geórgia do Sul, como o Mount Paget, na região de Stromness


As mais altas montanhas da Geórgia do Sul, como o Mount Paget, na região de Stromness

As mais altas montanhas da Geórgia do Sul, como o Mount Paget, na região de Stromness


Depois do almoço e do Mount Paget ficar para trás, chegamos a baía de Grytviken, um punhado de casas espremidas entre o mar e montanhas majestosas. Essa é a tal “capital” da ilha, onde vivem poucas dezenas de pessoas de forma permanente e muitos pesquisadores durante o verão e primavera. Um pouco mais ao fundo, na mesma baía, as ruínas da antiga estação baleeira. Foi para lá que seguimos.

Navegando ao lado das mais altas montanhas da Geórgia do Sul, entre Stromness e Grytviken

Navegando ao lado das mais altas montanhas da Geórgia do Sul, entre Stromness e Grytviken


Aproveitando o sol para almoçar ao ar livre no deck do Sea Spirit, saindo de Stromness, na Geórgia do Sul

Aproveitando o sol para almoçar ao ar livre no deck do Sea Spirit, saindo de Stromness, na Geórgia do Sul


O primeiro programa foi visitarmos o cemitério para prestar nossas homenagens ao mais ilustre “hóspede” do local, Sir Ernest Shackleton. Vou falar disso no próximo post. Depois do cemitério, fomos caminhar pelas ruínas e alguns poucos prédios restaurados ou conservados.

Chegando a Grytviken, na Geórgia do Sul

Chegando a Grytviken, na Geórgia do Sul


Tarde de sol em Grytviken, na Geórgia do Sul

Tarde de sol em Grytviken, na Geórgia do Sul


Entre eles, destaca-se a bela igreja que já é centenária. Carl Larsen, o fundador do posto baleeiro mandou fazê-la lá na Noruega e trazê-la para cá. Imaginou que um pouco de religiosidade serviria para aplacar os ânimos de tantos homens vivendo juntos por tanto tempo em espaço tão pequeno e longe de suas mulheres e famílias. Eram poucos os que tinham o privilégio de trazer suas esposas e filhos para cá. Então, trouxeram a igreja que é o principal cartão postal da cidade.

A bela igreja construída pelos noruegueses em Grytviken, na Geórgia do Sul (foto de Brian Myers)

A bela igreja construída pelos noruegueses em Grytviken, na Geórgia do Sul (foto de Brian Myers)


Visitando a igreja norueguesa em Grytviken, na Geórgia do Sul

Visitando a igreja norueguesa em Grytviken, na Geórgia do Sul


A bela igreja construída por baleeiros noruegueses em Grytviken, na Geórgia do Sul

A bela igreja construída por baleeiros noruegueses em Grytviken, na Geórgia do Sul


Além da igreja, um pequeno museu e correio, que só abre quando chegam os navios com turistas. Receber uma correspondência da Geórgia do Sul não é para qualquer um! O museu conta a história e mostra artefatos da exploração baleeira da ilha e da breve ocupação argentina durante a Guerra das Malvinas. Mesmo para quem não admira a caça de baleias, é sempre interessante ver as fotos terríveis e ficar certo que aquilo realmente acontecia.

Interior da igreja norueguesa em Grytviken, na Geórgia do Sul

Interior da igreja norueguesa em Grytviken, na Geórgia do Sul


O museu e o correio de Grytviken, na Geórgia do Sul

O museu e o correio de Grytviken, na Geórgia do Sul


Felizmente, não acontece mais e hoje a paz reinava nesse lado esquecido do mundo. Elefantes-marinho dormiam na praia, pinguins passeavam ao lado de um antigo barco baleeiro encalhado, turistas caminhavam entre ruínas de uma antiga fábrica e a tarde se punha sobre um oceano de águas azuis. Era a hora de voltarmos a bordo porque o dia de amanhã também será longo, com direito a mais desembarques, caiaque, pinguins e elefantes. Sem contar o jantar com um prato especial: rena assada. Isso mesmo... renas, daquelas que puxam o carro do Papai Noel. Assunto para os próximos post, depois de falar da epopeia de Shackleton.

O sol de fim de tarde esquenta o Sea Spirit ao lado de Grytviken, na Geórgia do Sul

O sol de fim de tarde esquenta o Sea Spirit ao lado de Grytviken, na Geórgia do Sul

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A Deliciosa Zipolite

México, Zipolite

O tradicional futebol de fim de tarde em Zipolite, no litoral Pacífico do México

O tradicional futebol de fim de tarde em Zipolite, no litoral Pacífico do México


No dia 18 de noite, vindos de Monte Albán e Oaxaca, chegamos na pequena Zipolite e nos instalamos na Pousada México, bem em frente à praia. Uma verdadeira pérola, quartos em forma de bangalô, tudo em madeira, camas com mosquiteiro e rede na varanda, brisa do mar constante. Restaurante com o pé na areia, café da manhã em frente ao mar, vontade nenhuma de sair daqui...

Pura saúde no café da manhã na praia em Zipolite, no litoral Pacífico do México

Pura saúde no café da manhã na praia em Zipolite, no litoral Pacífico do México


Aproveitando a sombra em dia ensolarado em Zipolite, no litoral Pacífico do México

Aproveitando a sombra em dia ensolarado em Zipolite, no litoral Pacífico do México


Zipolite é uma típica surf town, duas ruas principais e mais algumas travessas, um monte de restaurantes gostosos e pousadinhas charmosas. Gente andando de bermuda, chinelos e sem camisa, mercadinho saudável na esquina, sol e céu azul o dia inteiro. Praia de areias amareladas, pouco mais de um quilômetro de comprimento e uns 50 metros de largura, vários barzinhos com cadeiras na areia. Mar meio nervoso, alguns dias mais do que outros, ondas boas para o surf e também para quem sabe nadar. Ou então, tem sempre a opção de ficar no rasinho...

Mar meio perigoso em Zipolite, no México

Mar meio perigoso em Zipolite, no México


Enfrentando as ondas de Zipolite, no México

Enfrentando as ondas de Zipolite, no México


Enfim, o paraíso que estávamos procurando. Passamos dois dias inteiros por aqui, nossa rotina dividida entre o sol da praia e a sombra da pousada. Caminhamos na areia, brincamos de tomar cachote nas ondas, comemos muito bem a começar pelo café da manhã com frutas, iogurte e granola e assistimos a dois espetaculares entardeceres na praia.

Nossa deliciosa pousada em Zipolite, no litoral Pacífico do México

Nossa deliciosa pousada em Zipolite, no litoral Pacífico do México


Fim de tarde na praia de Zipolite, no litoral Pacífico do México

Fim de tarde na praia de Zipolite, no litoral Pacífico do México


O sol se põe no mar, justamente entre duas montanhas. É quase possível ouvi-lo tocar na água, céu bem avermelhado, todo mundo parado, admirando aquele espetáculo diário. Até o pessoal do tradicional futebol de fim de tarde para, nesses últimos momentos de luz. Muito joia mesmo!

Curtindo o pôr-do-sol em Zipolite, no litoral Pacífico do México

Curtindo o pôr-do-sol em Zipolite, no litoral Pacífico do México


De noite, buscávamos algum restaurante italiano (são donos de muita coisa em Zipolite) e depois, algum barzinho na praia com fogueira armada na areia. Após contar muitas estrelas, voltávamos para nosso quarto aconchegante, chuveiro com água quase morna e com paredes vazadas para o jardim, Sensação de natureza total.

Platéia para o espetáculo do pôr-do-sol em Zipolite, no litoral Pacífico do México

Platéia para o espetáculo do pôr-do-sol em Zipolite, no litoral Pacífico do México


Falando nisso, Zipolite é uma praia onde muita gente pratica o nudismo. Não são a maioria, mas são bem comuns. Rapidamente nos acostumamos com gente pelada passando a nossa frente na praia, geralmente gente mais idosa, de outra geração. Parece que é a única praia do México onde a prática ocorre.

Nosso bungalô em Zipolite, no México

Nosso bungalô em Zipolite, no México


Por aqui, além dos gringos, encontramos conhecemos vários mexicanos, alguns de muito longe. Todos unânimes em dizer que escolhemos a melhor praia do México. Bom, aos poucos vamos poder confirmar isso, mas que ela é mesmo espetacular, isso é!

Nosso delicioso quarto na posada em Zipolite, no México

Nosso delicioso quarto na posada em Zipolite, no México


Amanhã, a dura partida. Vamos passar o dia e dormir em outra praia famosa aqui da região, Puerto Escondido, já bem maior que a pequena Zipolite. No dia seguinte, longa viagem para Acapulco, por muito tempo o balneário mais famoso do continente. E da lá para a Cidade do México, que disputa com a nossa São Paulo o título de maior megalópole das Américas. Finalmente, no dia 26, voamos para o Caribe, mais um mês explorando suas ilhas paradisíacas. Dessa vez, passamos por Jamaica, ilhas Cayman e Cuba. Enfim, muita coisa nos espera...

A charmosa iluminação de praia da nossa pousada em Zipolite, no litoral Pacífico do México

A charmosa iluminação de praia da nossa pousada em Zipolite, no litoral Pacífico do México

México, Zipolite, Praia

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Baleias, Final Feliz?

Antártida, Elephant Island

Um emocionante encontro com baleias ao largo de Elephant Island, na Antártida

Um emocionante encontro com baleias ao largo de Elephant Island, na Antártida


Houve uma época, não muito tempo atrás, em que os mares do sul eram um verdadeiro jardim do éden para as baleias. Testemunhas relatam que eram dezenas de milhares delas, das mais variadas espécies, levando uma vida pacata e tranquila por aqui. Uma verdadeira abundância de comida, do fitoplancton e zooplancton ao krill e pequenos peixes, toda uma cadeia alimentar era sustentada em equilíbrio durante as últimas centenas de milhares de anos. Essa cadeia alimentar, criada por uma complexa combinação de correntes marítimas oriundas das diferenças de temperatura entre as águas polares e equatoriais, começava no menor dos organismos e terminava no maior deles. A baleia azul não era apenas o maior ser vivo daqueles tempos, mas com suas quase 200 toneladas, era o maior ser vivo de toda a história do planeta.

Esguichos no horizonte, sinal claro da presença de baleias na costa de Elephant Island, na Antártida

Esguichos no horizonte, sinal claro da presença de baleias na costa de Elephant Island, na Antártida


A primeira baleia aparece na superfície, para delírio dos passageiros e tripulação do Sea Spirit, na costa de Elephant Island, na Antártida

A primeira baleia aparece na superfície, para delírio dos passageiros e tripulação do Sea Spirit, na costa de Elephant Island, na Antártida


As grandes espécies de baleias não tinham inimigo natural. Além da azul, outras gigantes como a “sei”, a “fin” e a “humpback” só tinham que se preocupar em achar alimento. E isso nunca foi problema por aqui. A única exceção, talvez, eram as orcas. Algumas poucas vezes, em grupos, elas atacam os filhotes dessas grandes baleias. Ataques a indivíduos adultos são ainda mais raros e normalmente resultam mais em stress do que em morte. Enfim, era uma ameaça numericamente insignificante frente ao enorme número de baleias que nadavam por esses mares.

Um grupo de baleias Minke nada na costa de Elephant Island, na Antártida

Um grupo de baleias Minke nada na costa de Elephant Island, na Antártida


Infelizmente, após um tempo tão grande que parecia uma eternidade, a vida pacata estava terminando. A 15 mil quilômetros dali, nos mares do norte, um perigo estava nascendo. A era industrial de caça às baleias estava começando, a espécie humana aprendendo novas táticas de matar com eficiência esses belos e pacíficos gigantes. Os derivados da baleia, como a sua carne e seu óleo, ganhavam mercados e movimentavam cada vez mais dinheiro. Com o dinheiro veio o desenvolvimento tecnológico. Um arpão acoplado a uma granada mostrou ser a mais letal das armas contra os grandes cetáceos. Barcos com propulsão a vapor finalmente deram a velocidade necessária para se aproximar e arpoar as baleias mais rápidas. De repente, animais que nunca tiveram predadores naturais passaram a ser presas fáceis do mais sanguinário e voraz deles: nós, humanos.

As baleias se aproximam cada vez mais do Sea Spirit na costa de Elephant Island, na Antártida

As baleias se aproximam cada vez mais do Sea Spirit na costa de Elephant Island, na Antártida


Em poucas décadas de caça desenfreada as baleias praticamente sumiram dos mares do norte. Os mais habilidosos caçadores eram os noruegueses, mas isso não impediu que um deles, ainda inexperiente, arpoasse uma pequena baleia achando que era uma baleia azul. Seus companheiros não perderam a chance de fazer graça com ele e começaram a chamar essa espécie de pequenas baleias com o sobrenome do inexperiente arpoador: Minke. O nome pegou, o pobre espécime arpoado por engano morreu, mas a espécie agora batizada de Minke ainda teria algumas décadas de sossego, pelo menos enquanto as espécies gigantes não desaparecessem dos mares.

As baleias se aproximam cada vez mais do Sea Spirit na costa de Elephant Island, na Antártida

As baleias se aproximam cada vez mais do Sea Spirit na costa de Elephant Island, na Antártida


Pois é, já no início do séc. XX, os mares do norte já estavam vazios e expedições “científicas” vieram dar uma olhada aqui no sul. Ficaram encantadas com o que viram, baleias aos milhares vivendo na mesma tranquilidade em que viviam desde os tempos imemoriais. Em 1905 um norueguês desbravador e pioneiro abriu a primeira estação baleeira do hemisfério na Geórgia do Sul. Seu nome era Larsen e já contei sua história quando passamos por lá (veja o link aqui). O fato é que durante os primeiros anos de operação os baleeiros nem tinham de ir até alto mar: bastava um passeio pelas baías próximas que já era o suficiente para capturar e matar dezenas de baleias. Os lucros foram enormes e logo muito mais gente veio se estabelecer por aqui também. O que havia começado com dezenas e centenas de baleias por ano logo atingiu milhares e dezenas de milhares de mortes anuais.

A enorme nadadeira de uma baleia em Elephant Island, na Antártida

A enorme nadadeira de uma baleia em Elephant Island, na Antártida


As primeiras a sumirem do mapa foram as baleias azuis, já que eram as mais caçadas. Animais magníficos com mais de um século de idade, 30 metros de comprimento e 180 toneladas de peso sendo transformados em carne enlatada, óleo de lamparina e nitroglicerina para a guerra. Quando elas começaram a escassear, passaram a perseguir as fin (27 metros e 75 toneladas), as sei (20 metros e 30 toneladas) e as humpback, nossas conhecidas jubarte (15 metros e 30 toneladas). No início da matança, a abundância era tanta que apenas o “filé” era aproveitado, descartando-se ossos e músculos. Com a escassez das baleias, a produtividade aumentou e cada centímetro cúbico do animal era moído e espremido para não se perder mais nada. Por isso os ossos que ainda hoje vemos nas praias da Geórgia do Sul e Antártida são centenários, ainda do início da exploração.

Um enorme rabo de baleia ao lado do Sea Spirit, em Elephant Island, na Antártida

Um enorme rabo de baleia ao lado do Sea Spirit, em Elephant Island, na Antártida


Por fim, já na metade do séc. XX, com as grandes baleias praticamente extintas, os baleeiros e o mercado se viraram para as espécies menores. Tinha chegado a vez da minke, que agora não era mais morta por engano. Nessa época, os próprios navios já haviam se transformado em fábricas a as baleias eram mortas e processadas ali mesmo, em alto mar. A perseguição aos cetáceos foi tão grande que a própria indústria baleeira começou a se preocupar. Claro que não tinham considerações ecológicas, mas temiam estar matando sua galinha dos ovos de ouro. Mas a preocupação veio tarde demais e as cotas auto impostas de nada adiantaram para que as espécies se recuperassem. Na verdade, simplesmente mudaram a mira de seus canhões para as baleias menores. Estas, em breve, teriam o mesmo destino das primas grandes.

Uma nadadeira de baleia que mais parece uma vela de barco, em Elephant Island, na Antártida

Uma nadadeira de baleia que mais parece uma vela de barco, em Elephant Island, na Antártida


Foi apenas em 1966 que a comunidade internacional resolveu decretar uma moratória da caça às baleias. Desde então as espécies vêm se recuperando lentamente, o que fez com que países de tradição baleeira, como Japão, Islândia e Noruega voltassem a caçá-las. Algumas vezes, usam o ridículo argumento da “caça científica”, como o Japão, que pesca baleias minke e humpback. Outras nações, como os países nórdicos, simplesmente ignoram os apelos internacionais e caçam “parcimoniosamente”, segundo eles.

Um emocionante encontro com baleias ao largo de Elephant Island, na Antártida

Um emocionante encontro com baleias ao largo de Elephant Island, na Antártida


Os números desse século de matança são absolutamente aterradores. Foram cerca de 200 mil humpbacks, 150 mil seis, 700 mil fins e 300 mil baleias azuis apenas nos mares antárticos. Mais de 90% da população original de humpbacks foi eliminada. No caso da baleia azul, foram mais de 99%!!! Os números são tão grandes que é difícil compreender o que eles realmente significam, mas há duas maneiras de termos uma ideia. A primeira, é pela porcentagem da espécie que foi caçada. Por exemplo, no caso das humpbacks, é como se alienígenas chegassem ao nosso planeta e matassem 6,3 bilhões de seres humanos. Se consideramos as baleias azuis, é como se fosse 6,95 bilhões. Ou seja, infinitamente mais do que todas as guerras somadas, mais os grandes massacres perpetrados por ditaduras sanguinárias, mais os mortos por todas as epidemias, desde a peste negra até as doenças trazidas ao novo mundo. Tudo isso em apenas 60 anos de massacre.

Encontrando humpback whales na costa de Elephant Island, na Antártida

Encontrando humpback whales na costa de Elephant Island, na Antártida


Outra forma de contabilizar, igualmente impressionante, é pela “massa biológica”. Intuitivamente, sabemos que a morte de uma baleia é pior que a morte de um cachorro que é pior que a morte de uma formiga que é pior que a morte de uma bactéria. A razão disso é que há muito mais vida em um cachorro do que em uma formiga e muito mais ainda numa baleia. Uma conta rápida ajuda a traduzir: uma baleia azul adulta pesa, em média, 140 toneladas. Um ser humano, 70 kg. É preciso somar a massa biológica de duas mil pessoas para se chegar à massa de uma baleia azul. Por esse ponto de vista, matar 300 mil baleias azuis equivale a matar 600 milhões de pessoas! Soma-se a isso as outras baleias e vamos chegar a resultados parecidos com a primeira conta, quando praticamente toda a população humana da Terra seria morta.

Encontrando humpback whales na costa de Elephant Island, na Antártida

Encontrando humpback whales na costa de Elephant Island, na Antártida


Enfim, esse é o massacre que cometemos. Ao quase terminar com as baleias, os baleeiros se viraram para elefantes e lobos marinhos. Essas duas espécies também foram terrivelmente perseguidas, mas desde que proibiu-se sua comercialização, as espécies se recuperam e hoje vivem até em maior número do que antigamente. A razão disso é que hoje há muito mais alimento para eles do que em 1900. Por quê? Porque já não há mais baleias para competir pelo mesmo tipo de alimento. Enfim, também elas estão se recuperando, mas muito mais lentamente. A razão é simples: seu ciclo reprodutivo e de vida é muito mais longo. Ainda hoje se encontram baleias nadando por aí com pontas de arpão que só eram produzidas no século XIX! Assim, elas têm de ter muito mais de 100 anos! Além disso, uma baleia azul fêmea só tem um filhote a cada três anos. A gestação dura um ano e o filhote mama por outros dois anos. Calcula-se a população atual dessa espécie em 15 mil indivíduos. Ainda muito longe das centenas de milhares que viviam há um século...

Uma hunpback whale na costa de Elephant Island, na Antártida

Uma hunpback whale na costa de Elephant Island, na Antártida


Para finalizar o post com um pouco mais de otimismo, hoje foi um dia muito feliz a bordo do Sea Spirit. Ao navegar ao largo de Elephant Island, pudemos avistar dezenas de baleias de várias espécies: humpback, sei, fin e minke. Infelizmente, não avistamos as azuis (um de meus maiores sonhos...). Nadavam tranquilas, mãe e filha ou em pequenos grupos. Espécies interagiam, assim como faziam antigamente. De longe, no horizonte, avistamos o esguicho que sai por trás das cabeças. O comandante do barco nos avisou e fomos todos para o convés. Aí, foram duas horas de observação, fotos e muita emoção. Aos poucos, elas se aproximaram de nós. Com exceção de uns poucos baleeiros japoneses, elas já não têm de se preocupar com os barcos de hoje. Pelo menos, não com os daqui, que sempre tomam cuidado com elas. Nas rotas comerciais entre EUA, Ásia e Europa, o atropelamento de baleias por grandes cargueiros é hoje uma das principais causas de morte desses cetáceos. Mas aqui na Antártida, estão protegidas. E vê-las nadar assim, livremente, despreocupadas, nos faz ter uma ideia de como eram vivas essas águas há um século. Deve ter sido incrível! Quem sabe, não voltará a ser?

Uma baleia se alimenta nas águas geladas de Elephant Island, na Antártida

Uma baleia se alimenta nas águas geladas de Elephant Island, na Antártida

Antártida, Elephant Island, Baleia, Bichos

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Passagem por Governador Celso Ramos

Brasil, Santa Catarina, Governador Celso Ramos

Muitas canoas e barcos na enseada de Gancho de Fora, em Governador Celso Ramos, litoral de Santa Catarina

Muitas canoas e barcos na enseada de Gancho de Fora, em Governador Celso Ramos, litoral de Santa Catarina


Finalmente, depois de 10 dias baseados em Florianópolis e explorando as belezas da região, retomamos nossa rota rumo ao norte. Aqui no litoral de Santa Catarina, já tão próximos de Curitiba, com tantas opções de praias para ver, rever e explorar, decidimos dar preferência àquelas onde temos lugar para ficar para não termos de pagar hotel. Assim foi, por exemplo, em Florianópolis, onde ficamos muito bem hospedados no apartamento do tio Walter. Daqui para o norte, também poderemos ficar em Bombinhas e em São Francisco do Sul, onde a Ana tem tias com apartamentos ou casas. Famílias paranaenses gostam do litoral catarinense! Não é difícil entender o porquê!

Nosso trajeto na manhã do dia 24/03, saindo de Florianópolis e indo até Governador Celso Ramos, dando a volta na península no sentido horário. Daí seguimos para Bombinhas, um pouco mais ao norte

Nosso trajeto na manhã do dia 24/03, saindo de Florianópolis e indo até Governador Celso Ramos, dando a volta na península no sentido horário. Daí seguimos para Bombinhas, um pouco mais ao norte


Mapa da península de Governador Celso Ramos, com suas praias e atrações. Nós demos a volta nela de carro, no sentido horário

Mapa da península de Governador Celso Ramos, com suas praias e atrações. Nós demos a volta nela de carro, no sentido horário


Isso não quer dizer que não passaremos por outras praias. Hoje, por exemplo, no nossa caminho para a península de Bombinhas, fizemos uma longa parada na região de Governador Celso Ramos. A cidade ficou famosa na TV brasileira há uns 20 anos por causa da infame “Farra do Boi”, por ser ali um dos redutos mais fortes dessa tradição de inspiração açoriana. Mas ela é muito mais do que isso. Suas praias são lindas e ainda menos exploradas que as praias de Florianópolis e Bombinhas, suas vizinhas do sul e do norte. A cidade, nascida da exploração da pesca da baleia, é super pitoresca, na orla de uma baía de águas tranquilas, e em uma de suas praias está a mais antiga igreja de Santa Catarina, datada de 1745.

A trnquila enseada de Gancho do Meio, onde está a sede do município de Governador Celso Ramos, litoral de Santa Catarina

A trnquila enseada de Gancho do Meio, onde está a sede do município de Governador Celso Ramos, litoral de Santa Catarina


A trnquila enseada de Gancho do Meio, onde está a sede do município de Governador Celso Ramos, litoral de Santa Catarina

A trnquila enseada de Gancho do Meio, onde está a sede do município de Governador Celso Ramos, litoral de Santa Catarina


O nome da cidade é uma homenagem a um político catarinense que foi governador do estado entre 1961 e 1966. No ano seguinte, para sua homenagem, o município que acabava de se desmembrar de Biguaçu, ganhou o seu nome. O interessante é que não foi uma homenagem póstuma, pois o ex-governador ainda vivia. Aliás, viveu mais trinta anos, até o final da década de 90. Deve ter sido um político muito querido no estado, pois um outro município catarinense, no interior, também ganhou o seu nome!

Barcos ancorados em Gancho do Meio, sede do município de Governador Celso Ramos, litoral de Santa Catarina

Barcos ancorados em Gancho do Meio, sede do município de Governador Celso Ramos, litoral de Santa Catarina


As águas calmas ad enseada de Gancho do Meio, em Governador Celso Ramos, litoral de Santa Catarina

As águas calmas ad enseada de Gancho do Meio, em Governador Celso Ramos, litoral de Santa Catarina


Pesca, atividade comum em Gancho de Fora, em Governador Celso Ramos, litoral de Santa Catarina

Pesca, atividade comum em Gancho de Fora, em Governador Celso Ramos, litoral de Santa Catarina


Celso Ramos vem de uma família de tradição política. Seu pai também foi governador do estado quando esse cargo ainda levava o nome de “presidente”, entre os anos de 1910 e 1914. Mas o político mais famoso da família não é nenhum dos dois, mas o irmão de Celso, Nereu Ramos. Esse foi o único político catarinense a ser presidente do país. Não foi exatamente pelo voto direto, mas ele conduziu o país em um de seus momentos de maior tensão política. Getúlio Vargas havia se suicidado e os próximos na linha sucessória, o vice-presidente Café Filho e o presidente da Câmara dos Deputados, Carlos Luz, foram impedidos de assumir pelas forças políticas de então. O próximo da lista, então, era Nereu Ramos, que governou o país pelos próximos dois meses sob estado de sítio, até as próximas eleições. Nereu Ramos já era um político experiente, tendo sido governador de seu estado, presidente da Câmara dos Deputados, senador da república, ministro da Justiça e da Educação e vice-presidente do país de 1946 a 1951.

Chegando à praia de Palmas, a mais longa de Governador Celso Ramos, litoral de Santa Catarina

Chegando à praia de Palmas, a mais longa de Governador Celso Ramos, litoral de Santa Catarina


Praia de Palmas, quase uma nova Jurerê Internacional, em Governador Celso Ramos, litoral de Santa Catarina

Praia de Palmas, quase uma nova Jurerê Internacional, em Governador Celso Ramos, litoral de Santa Catarina


Enfim, a bela Governador Celso Ramos está bem próxima de Florianópolis. Só temos de cruzar a ponte e contornar a baía norte para chegar até lá. Isso para quem vai por terra, pois muitos turistas seguem de barco, para passar o dia, saindo de Canasvieiras, no norte da ilha de Florianópolis. Não foi o nosso caso, que seguimos por terra mesmo. Demoramos mais tempo para dar a volta na península onde está a cidade, conhecendo rapidamente suas praias, do que para chegar até lá propriamente.

Praia da Armação da Piedade, em Governador Celso Ramos, litoral de Santa Catarina

Praia da Armação da Piedade, em Governador Celso Ramos, litoral de Santa Catarina


Praia da Armação da Piedade, em Governador Celso Ramos, litoral de Santa Catarina

Praia da Armação da Piedade, em Governador Celso Ramos, litoral de Santa Catarina


A Ana caminha na praia da Armação da Piedade, em Governador Celso Ramos, litoral de Santa Catarina

A Ana caminha na praia da Armação da Piedade, em Governador Celso Ramos, litoral de Santa Catarina


A estrada principal de acesso à cidade entra pelo norte da península. Foi por aí que chegamos, indo diretamente para a sede do município. Depois, sem muita pressa, fomos fazendo o contorno da península no sentido horário, até chegarmos à BR-101 novamente, para seguir nossa viagem até Bombinhas.

Praia da Armação da Piedade, a primeira a ser ocupada no município de Governador Celso Ramos, litoral de Santa Catarina

Praia da Armação da Piedade, a primeira a ser ocupada no município de Governador Celso Ramos, litoral de Santa Catarina


A igreja e a praia da Armação de Piedade, em Governador Celso Ramos, litoral de Santa Catarina

A igreja e a praia da Armação de Piedade, em Governador Celso Ramos, litoral de Santa Catarina


A sede do município fica na praia ou enseada de Ganchos. Baía bem tranquila, muito mais frequentada por barcos e canoas do que por banhistas. O gostoso aqui não é caminhar na areia e dar um mergulho, mas andar pela orla da baía e admirar o cenário pitoresco à nossa volta, barcos na baía, restaurantes na calçada, pessoas conversando, se divertindo e vendo a vida passar na sombra das árvores.

Capela Nossa Senhora da Piedade, construída em 1745, a mais antiga do estado, em Governador Celso Ramos, litoral de Santa Catarina

Capela Nossa Senhora da Piedade, construída em 1745, a mais antiga do estado, em Governador Celso Ramos, litoral de Santa Catarina


Capela Nossa Senhora da Piedade, construída em 1745, a mais antiga do estado, em Governador Celso Ramos, litoral de Santa Catarina

Capela Nossa Senhora da Piedade, construída em 1745, a mais antiga do estado, em Governador Celso Ramos, litoral de Santa Catarina


Tiramos nossa fotos por aí, respiramos fundo o ar para nos inspirar e, de carro, começamos a explorar as mais de 20 praias da península. Tem as mais isoladas e as mais movimentadas, as grandes e as pequenas, as de mar tranquilo e de mar revolto. Enfim, para todo gosto. Nós fomos primeiro para a maior e mais movimentada delas, a praia de Palmas, do outro lado do morro. É uma espécie de nova Jurerê Internacional, bairro planejado com muitos condomínios, terra de gente bacana. Visto lá do alto, é uma belíssima visão, praia cumprida e mar bem azul. Fico só imaginando como ela vai estar daqui a alguns anos, já que as construções novas não param.

Muitas garças na praia da Costeira, em Governador Celso Ramos, litoral de Santa Catarina

Muitas garças na praia da Costeira, em Governador Celso Ramos, litoral de Santa Catarina


Muitas garças na praia da Costeira, em Governador Celso Ramos, litoral de Santa Catarina

Muitas garças na praia da Costeira, em Governador Celso Ramos, litoral de Santa Catarina


Daí seguimos para o sul, passando por várias praias menores até chegar à Armação da Piedade. Aqui nasceu a cidade e, como o próprio nome indica, “Armação”, o motivo era a exploração das baleias. Sem nenhuma piedade, apesar de estar no nome. A colonização foi açoriana, como em boa parte do litoral catarinense. Mas foi aqui que eles chegaram primeiro e por isso foi nessa praia que foi erigida a primeira igreja do estado. Quase com o pé na areia, ela é simples e bela, um colírio para os olhos. No ano que vem completa 270 anos!

Praia da Fazenda da Armação, em Governador Celso Ramos, litoral de Santa Catarina

Praia da Fazenda da Armação, em Governador Celso Ramos, litoral de Santa Catarina


Chegando à praia do Antenor, em Governador Celso Ramos, litoral de Santa Catarina

Chegando à praia do Antenor, em Governador Celso Ramos, litoral de Santa Catarina


Mais praias pequenas no caminho, onde víamos mais garças do que pessoas, até chegar à praia do Antenor, uma pequena e tranquila enseada escondida no meio da vegetação. Para quem está acostumado com o litoral de São Paulo, até parece até alguma praia de Ubatuba! Do alto da estrada, vendo um restaurante na ponta da praia, foi onde decidimos almoçar.

Restaurante na praia do Antenor, em Governador Celso Ramos, litoral de Santa Catarina

Restaurante na praia do Antenor, em Governador Celso Ramos, litoral de Santa Catarina


Escunas trazem turistas de Canasvieiras, em Florianópolis, para a fortaleza de Anhatomirim e para a praia do Antenor, em Governador Celso Ramos, litoral de Santa Catarina

Escunas trazem turistas de Canasvieiras, em Florianópolis, para a fortaleza de Anhatomirim e para a praia do Antenor, em Governador Celso Ramos, litoral de Santa Catarina


Tudo estava bem tranquilo até que uma escuna cheia de turistas chegou à praia. Vem de Canasvieiras em passeio que passa pela histórica fortaleza de Anhatomirim, aqui do lado, e almoça por aqui. Nossa tranquilidade acabou, mas a praia continuava linda. Quando foi dado o toque de recolher e todos voltaram aos barcos, a tranquilidade voltou a reinar. Mas também já era a nossa hora de retomarmos nossa viagem. Uma outra península, a de Bombinhas, também com muitas praias e segredos, nos espera!

Da praia do Antenor, em Governador Celso Ramos, litoral de Santa Catarina, é possível ver, ao longe, os prédios da Av. Beira-mar, no centro de Florianópolis

Da praia do Antenor, em Governador Celso Ramos, litoral de Santa Catarina, é possível ver, ao longe, os prédios da Av. Beira-mar, no centro de Florianópolis

Brasil, Santa Catarina, Governador Celso Ramos, Arquitetura, história, Praia

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