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Perrengues e Confusões

Brasil, Piauí, Caracol (P.N. Serra das Confusões), São Raimundo Nonato (P.N. Serra da Capivara)

Céu cor de rosa na cidade de Caracol, próximo ao Parque Nacional das Confusões - PI

Céu cor de rosa na cidade de Caracol, próximo ao Parque Nacional das Confusões - PI


Hoje cedinho, conforme nossos planos, voltamos ao Parque Nacional da Serra das Confusões acompanhado do Naldo. Nossos objetivos do dia: Toca do Capim e Toca do Enoque.

Chegando na Toca do Capim, no Parque Nacional da Serra das Confusões, no sul do Piauí

Chegando na Toca do Capim, no Parque Nacional da Serra das Confusões, no sul do Piauí


Mais uma vez, passamos pela descida escabrosa, mas desta vez até o fim. Lá embaixo a estrada melhora um pouco e avançamos parque adentro, pela parte baixa da Serra das Confusões. Passamos por pequenas comunidades ainda dentro do parque. No futuro, deverão sair todos de lá, mas o parque ainda está em processo de estruturação.

Moradia dentro do Parque Nacional da Serra das Confusões, no sul do Piauí

Moradia dentro do Parque Nacional da Serra das Confusões, no sul do Piauí


Passada a comunidade de Barreiras, seguimos para a Toca do Enoque e, um pouco antes de lá chegar, pegamos um desvio para a Toca do Capim, pouco mais de dois quilômetros de um areial através da caatinga. Fácil fácil para a Fiona. Quer dizer, nem tanto. Ouvi um barulho estranho no meio do caminho, desci do carro e não identifiquei nada. Uns minutos mais tarde, já estacionando na Toca do Capim, os olhos mais atentos da Ana perceberam "algo errado". Um galho tinha conseguido se enfiar no pneu esquerdo traseiro da Fiona e o ar jorrava lá de dentro. Já sabia que o mato da caatinga era duro, mas assim...

Pneu furado no Parque Nacional da Serra das Confusões, no sul do Piauí

Pneu furado no Parque Nacional da Serra das Confusões, no sul do Piauí


Começamos a sondar todas as nossas ferramentas e apetrechos. O spray para o pneu só deve ser usado se formos colocar o carro em movimento logo em seguida. As ferramentas para furar o pneu e colocar uma borracha vulcanizante (um "chicletão") lá dentro já estavam na mão, mas e a coragem de usar isso pela primeira vez? Testamos o compressor de ar e ele estava funcionando! E o estepe, ai, ai, ai... Pois é, a trava que colocamos para evitar o roubo do estepe (que fica dependurado embaixo do carro) travou, e nós não conseguimos tirá-lo. A trava é tão boa que impede não só o ladrão mas nós também de usarmos o estepe!

Pinturas na Toca do Capim, no Parque Nacional da Serra das Confusões, no sul do Piauí

Pinturas na Toca do Capim, no Parque Nacional da Serra das Confusões, no sul do Piauí


Não sobrou alternativa. Furamos o pneu e enfiamos o chicletão lá dentro. O furo era lateral e o chicletão funcionou bem meia boca. Botamos outro chicletão e o vazamento diminuiu bastante. Enchemos o pneu com o compressor e deixamos o ar ficar vazando enquanto visitamos a Toca do Capim. Cenário lindo, uma pequena toca logo acima do mar de caatinga verde abaixo de nós. Na toca, algumas pinturas rupestres de alguns milênios de anos e restos de escavações que descobriram esqueletos de paleoíndios, já levados dali.

Toca do Enoque no Parque Nacional da Serra das Confusões, no sul do Piauí

Toca do Enoque no Parque Nacional da Serra das Confusões, no sul do Piauí


Voltamos para o pneu, demos mais uma enchida e seguimos para a Toca do Enoque. Um enorme paredão com algumas pinturas e pictografias. Logo ao lado, um olho d'água no fundo de um pequeno e estreito canyon. Belo visual, mas nada convidativo para nadar. Uma trilha seguia para a direita do paredão, mas preocupado com o pneu, nem animei de explorá-la. Mais tarde descobrimos que aquela trilha nos levaria, a poucos minutos dali, à verdadeira Toca do Enoque, com bem mais pinturas do que o paredão que conhecemos. Confusão do Naldo, que estava estreando sua carreira de guia conosco. Ele bem que tinha avisado que não era guia. Bem, para nós ficou explicado o porquê do nome do parque, hehehe.

Enchendo o pneu da Fiona no Parque Nacional da Serra das Confusões, no sul do Piauí

Enchendo o pneu da Fiona no Parque Nacional da Serra das Confusões, no sul do Piauí


Voltamos para a Fiona, enchemos novamente o pneu e viemos voltando cuidadosamente. O maior medo era a descida escabrosa. No povoado de Capim acionamos o compressor novamente e mais uma outra vez antes da descida (agora subida!) escabrosa. A Fiona e seu pneu manco tiraram de letra!. E assim, acabamos chegando de volta à Caracol. Lá, o Adão, um borracheiro, consertou o pneu ferido. E pelejou, pelejou, pelejou mas não conseguiu destravar a trava do estepe. Pelo menos, deixou tudo limpinho lá embaixo. Coitado, ficou com o pó de uns cinco estados por todo o corpo...

Tentando consertar a trava do estepe em Caracol, próximo ao Parque Nacional das Confusões - PI

Tentando consertar a trava do estepe em Caracol, próximo ao Parque Nacional das Confusões - PI


Com a trava travada mesmo, deixamos Caracol no início da noite e seguimos para São Raimundo Nonato, principal porta de entrada da Serra da Capivara, um dos mais incríveis e bem estruturados Parques Nacionais do país. Queríamos dormir por lá para poder começar nossas explorações já de manhã! E deu tudo certo, a Fiona não nos deixou na mão. Instalamo-nos no Hotel Capivara e já contatamos nosso guia dos próximos três dias, o Rafael. Agora, é só esperar o dia amanhecer...

Brasil, Piauí, Caracol (P.N. Serra das Confusões), São Raimundo Nonato (P.N. Serra da Capivara), Estrada, Parque, Serra da Capivara, Serra das Confusões, trilha

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Canyons, Dunas e a Badwater

Estados Unidos, Califórnia, Death Valley

Death Valley National Park, na Califórnia - EUA

Death Valley National Park, na Califórnia - EUA


Acordamos meio quebrados hoje, da noite mal dormida na Fiona. Além do desconforto de não se estar numa cama, passamos frio. Tudo pela preguiça de não termos armado a barraca ontem e de nem termos pego os sleepings na parte de trás do carro. No deserto, a noite é fria e esta noite aprendemos isso na prática. Nem que seja no deserto mais quente das américas...

A caminho do Mosaic Canyon, no Death Valley National Park, na Califórnia - EUA

A caminho do Mosaic Canyon, no Death Valley National Park, na Califórnia - EUA


Mas bastou acordarmos, ficarmos alguns minutos no sol e admirarmos aquela beleza cinematográfica que nos rodeava que já ficamos novinhos em folha! Não demorou muito e já estávamos prontos para o longo dia de explorações que nos esperava. A vantagem de termos dormido na Fiona foi que não tivermos de arrumar quase nada para podermos botar o pé na estrada novamente!

Caminhando através do incrível Mosaic Canyon, no Death Valley National Park, na Califórnia - EUA

Caminhando através do incrível Mosaic Canyon, no Death Valley National Park, na Califórnia - EUA


O Death Valley é um enorme e extenso vale com mais de 100 km de comprimento e quase vinte de largura, nas suas partes mais largas. Nas suas laterais, duas cadeias de montanhas que estão se afastando, criando essa enorme falha geológica que é o vale. Conforme se afastam, mais profundo tende a ficar o Death Valley mas, ao mesmo tempo, as forças da erosão (vento e chuva) tendem a trazer o material do alto das montanhas para o fundo do vale. Essas forças contrárias se contrabalançam ao longo do tempo, placas tectônicas levantando e afastando as montanhas, chuvas erodindo as mesmas montanhas. Até hoje, o resultado dessa “gangorra” foi, além das paisagens magníficas aqui criadas e do clima infernalmente quente no verão, o ponto mais baixo das Américas, a 86 metros abaixo do nível do mar.

Mosaic Cannyon, no Death Valley National Park, na Califórnia - EUA

Mosaic Cannyon, no Death Valley National Park, na Califórnia - EUA


Pois é, um futuro inexorável aguarda o Vale da Morte. As cadeias de montanhas continuarão a se afastar. Eventualmente, todo o oeste da Califórnia vai se separar do continente, formando uma nova ilha. E o Mar de Cortez vai se encontrar com o Death Valley, numa espetacular e titânica invasão das águas, uma espécie de dilúvio bíblico do futuro.

Escalando uma parede no Mosaic Canyon, no Death Valley National Park, na Califórnia - EUA

Escalando uma parede no Mosaic Canyon, no Death Valley National Park, na Califórnia - EUA


Enquanto isso não acontece, nós saímos a explorar a região e ver de perto os efeitos dessas enormes forças que agem por aqui. A primeira atração para onde fomos foi o Mosaic Canyon. Deixamos a área de camping que fica na faixa central do vale e rumamos para a encosta ocidental do vale. Chegando às montanhas, já estamos bem longe e bem mais altos que o centro do vale, apesar de que, numa área gigantesca como essa, a gente perca completamente a noção de distância. Lá do alto, o pequeno hotel, o restaurante, a loja e as vans e traillers estacionados ficam completamente minúsculos no meio daquela vastidão. Quem fica bem pequeno também é o campo de dunas Mesquite Dunes, onde estivemos ontem de noite e voltamos hoje. Pareciam uns míseros montinhos de areia perto das enormes montanhas do outro lado do vale.

A bela vista do alto do Mosaic Canyon, no Death Valley National Park, na Califórnia - EUA

A bela vista do alto do Mosaic Canyon, no Death Valley National Park, na Califórnia - EUA


Ali na encosta ocidental, vários canyons se formaram depois de dezenas de milhares de anos de ação da chuva. Quase não chove no Death Valley, pois as montanhas bloqueiam a umidade do lado de lá, mas quando as poucas nuvens que passam chegam aqui, é um grande aguaceiro que logo forma torrentes de água. Elas aproveitam os antigos caminhos cavados em outras épocas, quando a região era mais úmida, e os alargam, trazendo pedras e deixando detritos em seu caminho. Essas verdadeiras avenidas cavadas no meio da rocha hoje podem ser percorridas a pé.

O belíssimo Mosaic Canyon, no Death Valley National Park, na Califórnia - EUA

O belíssimo Mosaic Canyon, no Death Valley National Park, na Califórnia - EUA


Nós percorremos todo o canyon, passando por um incrível cenário de Indiana Jones, as vezes com as paredes quase se encostando, outras num espaço bem amplo. As cores são avermelhadas ou amareladas, em infinitos tons e camadas de diversas eras geológicas. O canyon termina numa parede que já foi uma antiga cachoeira. Aí se pode subir nas encostas ao lado e ter mais uma bela vista do vale que ficou lá para trás.

Mesquite Dunes, no Death Valley National Park, na Califórnia - EUA

Mesquite Dunes, no Death Valley National Park, na Califórnia - EUA


Crianças se divertem em duna nas Mesquite Dunes, no Death Valley National Park, na Califórnia - EUA

Crianças se divertem em duna nas Mesquite Dunes, no Death Valley National Park, na Califórnia - EUA


Voltamos para a Fiona atravessando o canyon novamente, dessa vez com mais luz do sol, o que muda completamente as cores. Descemos de carro para as Mesquite Dunes e fomos caminhar por elas novamente, dessa vez com a luz do sol. O cenário de deserto africano só era quebrado pela presença dos outros turistas, a maioria deles crianças e adolescentes.

Caminhando nas Mesquite Dunes, no Death Valley National Park, na Califórnia - EUA

Caminhando nas Mesquite Dunes, no Death Valley National Park, na Califórnia - EUA


Dessa vez, fomos até a mais alta das dunas. E carregamos duas cervejas geladinhas para tomar lá encima, para surpresa dos outros presentes. Novamente, o cenário africano em pleno coração da América é bem “inusitado”. Nossas últimas dunas tinham sido no Peru e já estávamos com saudades! Por isso lá ficamos por mais de uma hora, caminhando pelas crestas, correndo pelas ladeiras e, enfim, aproveitando o visual.

A Fiona bate seu recorde de altitude negativa na Badwater Basin, ponto mais baixo das américas, no Death Valley National Park, na Califórnia - EUA

A Fiona bate seu recorde de altitude negativa na Badwater Basin, ponto mais baixo das américas, no Death Valley National Park, na Califórnia - EUA


Enfim, era hora de seguirmos em frente. Em frente e para baixo! Já estávamos ao nível do mar e, seguindo para o sul do vale, começamos a dirigir em altitudes negativas. Experiência nova para a Fiona e para a Ana!

Badwater Basin, a - 86 m de altitude, no Death Valley National Park, na Califórnia - EUA

Badwater Basin, a - 86 m de altitude, no Death Valley National Park, na Califórnia - EUA


E assim fomos seguindo, passando por Furnace Creek, onde vamos dormir hoje, passando por mais encostas e canyons coloridos até chegar em Badwater Basin, o ponto mais baixo das Américas. O nome vem de quando chegaram aqui os primeiros exploradores europeus, montados em seus cavalos sedentos. Ao ver a água que se acumula lá embaixo, os cavalos se animaram! Apenas para descobrir que ela é muito salgada e imprestável para o consumo.

Ponto mais baixo das américas, a Badwater Basin, no Death Valley National Park, na Califórnia - EUA

Ponto mais baixo das américas, a Badwater Basin, no Death Valley National Park, na Califórnia - EUA


Junto com os outros turistas, lá fomos nós caminhar sobre o porão do continente. Lá encima, na encosta ao nosso lado, 85 metros sobre nossas cabeças, um letreiro marca a altura do oceano. Imaginar uma lâmina de água de quase 100 metros sobre nossas cabeças é meio claustrofóbico...

Muito sal na Badwater Basin, a - 86 m de altitude,  no Death Valley National Park, na Califórnia - EUA

Muito sal na Badwater Basin, a - 86 m de altitude, no Death Valley National Park, na Califórnia - EUA


Lá embaixo, o piso é todo de sal, o resíduo deixado para trás por um antigo lago alimentado por rios que traziam esse mineral das rochas das encostas. A água evaporou e o sal ficou por ali. Durante a última era glacial, há uns 12 mil anos, as geleiras chegavam até aqui e o fluxo constante de água que nascia sobre os enormes blocos de gelo alimentavam um gigantesco lago que preenchia todo o vale. As encostas das montanhas deveriam sustentar uma rica vegetação que não tinha problemas em encontrar água. Tempos idos e passados que hoje só podem ser imaginados. Assim como os tempos futuros, quando o oceano efetivamente chegar até aqui, criando praias e um novo ecossistema. Mas hoje, que é o que podemos realmente ver, lá está uma enorme planície de sal, uma paisagem pitoresca que pode nos parecer eterna, mas que em tempos geológicos, sobrevive apenas por um piscar de olhos.

A 'Natural Bridge', ou Ponte Natural, no Death Valley National Park, na Califórnia - EUA

A "Natural Bridge", ou Ponte Natural, no Death Valley National Park, na Califórnia - EUA


Caminhando pelo sal e ouvindo todas as línguas possíveis (muitos franceses e japoneses por aqui!), comentei com a Ana que só faltava o português. Pois não é que, 15 minutos mais tarde, alguém se aproximou de nós e pediu em alto e bom português que tirássemos uma foto para ele! ?! E olha que o cara não era brasileiro não, mas um legítimo americano. Morou muitos anos em Curitiba há algumas décadas e fala a nossa língua sem sotaque! Tiramos a foto para ele e aproveitamos para tirar uma nossa também!

Com cuidado e esforço, é possível escalar a Natural Bridge, no Death Valley National Park, na Califórnia - EUA

Com cuidado e esforço, é possível escalar a Natural Bridge, no Death Valley National Park, na Califórnia - EUA


Já no fim de tarde, voltando da Badwater Basin, ainda fomos visitar um outro canyon, dessa vez na encosta oriental do vale. A grande atração é uma enorme ponte natural, fruto de milhares de anos da água cavando um túnel através de uma parede. Um incrível monumento natural para admirado, fotografado e até escalado, com o devido cuidado. O terreno é bem instável e escorregadio, mas a vontade de uma boa foto supera o medo de uma escorregada perigosa.

Magnífica vista da Badwater Basin, ponto mais baixo do continente, no Death Valley National Park, na Califórnia - EUA

Magnífica vista da Badwater Basin, ponto mais baixo do continente, no Death Valley National Park, na Califórnia - EUA


Da mesma maneira que tivemos uma bela visão das dunas lá do Mosaic Canyon, aqui pudemos admirar foi a planície branca de sal da Badwater Basin lá embaixo. O cenário tem uma grandiosidade de tirar a respiração. A luz do fim de tarde ainda consegue fazer tudo mais bonito. Que privilégio estar ali, àquela hora!

O luz do fim de tarde faz as cores do deserto ficarem ainda mais marcantes, no Death Valley National Park, na Califórnia - EUA

O luz do fim de tarde faz as cores do deserto ficarem ainda mais marcantes, no Death Valley National Park, na Califórnia - EUA


Ainda tivemos tempo para uma última atração, no nosso caminho de volta para Furnace Creek. Passamos por uma região da encosta conhecida como “Paleta do Artista”. O nome vem da quantidade de cores que se encontra nas encostas, minerais oriundos de antigas formações vulcânicas. Além dos já tradicionais tons de vermelho e amarelo, aqui também se encontra o verde! Parece até que foi pintado! E foi, pela natureza, que resolveu caprichar no seu trabalho, aqui no Death Valley. A gente simplesmente não se cansa de nos impressionar!

Este barranco é completamente verde, na Paleta dos Artistas, no Death Valley National Park, na Califórnia - EUA

Este barranco é completamente verde, na Paleta dos Artistas, no Death Valley National Park, na Califórnia - EUA


Chegamos já no escuro no acampamento e seguimos diretamente para o caro hotel, onde não pagamos por um quarto, mas pela piscina e chuveiros (só 5 dólares!). Bom para relaxar do intenso dia e para nos lavar da poeira acumulada por milênios por aqui, mesclada ao nosso suor não tão antigo assim. Depois, uma comida quente já nos minutos finais do restaurante. Por fim, fomos ao local onde dormiríamos. Aí, a Ana teimou comigo e cumpriu sua promessa de armar a barraca, ao lado da Fiona. Eu ainda preferi o desconforto dos bancos do nosso carro, enquanto ela se aboletou na barraca mesmo. Vamos ver quem acorda melhor amanhã...

O sol se põe no Death Valley National Park, na Califórnia - EUA

O sol se põe no Death Valley National Park, na Califórnia - EUA

Estados Unidos, Califórnia, Death Valley, Death Valley National Park, deserto, Dunas, Parque, trilha

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De Volta ao Pacífico

Costa Rica, Arenal, Manuel Antonio

Curtindo o mar em Manuel Antonio, no litoral do Oceano Pacífico, na Costa Rica

Curtindo o mar em Manuel Antonio, no litoral do Oceano Pacífico, na Costa Rica


Os dois oceanos que cercam nosso continente, o Atlântico e o Pacífico, sempre são uma referência para mim. Nessa nossa longa viagem pelas Américas, estamos sempre zanzando de um lado ao outro, de um oceano à outro, as vezes mais do lado de cá, as vezes mais do lado de lá. A cada vez que deixamos o mar para trás, fico imaginado quando vamos nos encontrar novamente, em que condições e em que país. Enfim, para mim os encontros com o mar são uma maneira de ver que o tempo está passando, que etapas foram vencidas ou que ainda temos muito chão pela frente.

Fazendo compras antes de sair de La Fortuna, região da Laguna Arenal, na Costa Rica

Fazendo compras antes de sair de La Fortuna, região da Laguna Arenal, na Costa Rica


Por exemplo, no dia 15 de Dezembro do ano passado, passamos uma deliciosa tarde em Venice Beach, em Los Angeles. Caminhamos pela praia e colocamos os pés na água fria. Vínhamos de uma temporada no Hawaii e estávamos “íntimos” do Oceano Pacífico. Aquela caminhada era uma despedida, um até logo para esse majestoso oceano. Fiquei imaginado quando seria a próxima vez... sabia que seria na Costa Rica, mas não sabia em quanto tempo. Antes disso, passaríamos pelo Oceano Atlântico, um outro mar, um outro mundo. Mas voltaríamos ao Pacífico...

Encontro com um simpático casal (um carioca e uma peruana que vive no Brasil) que reconheceram na rua a expedição 1000dias! Estamos ficando famosos, hehehe, (em La Fortuna, na Costa Rica)

Encontro com um simpático casal (um carioca e uma peruana que vive no Brasil) que reconheceram na rua a expedição 1000dias! Estamos ficando famosos, hehehe, (em La Fortuna, na Costa Rica)


Esse dia chegou. Hoje! Mas antes de lá chegar, tínhamos de deixar para trás as montanhas do país, percorrer a estrada cheia de curvas, reconhecer alguns trechos de estrada que percorremos há mais de 15 meses e, enfim, chegar ao mar querido. Para enfrentar o longo caminho, começamos com uma parada na quitanda, ainda na cidade de La Fortuna. De volta ao mundo tropical, frutas são boas, baratas, abundantes e irresistíveis!

Comprando um delicioso queijo local, ainda pertos de La Fortuna, na Costa Rica

Comprando um delicioso queijo local, ainda pertos de La Fortuna, na Costa Rica


A Ana foi fazer as rápidas compras enquanto eu e a Fiona aguardávamos. Esses poucos minutos na rua foram o suficiente para sermos reconhecidos por dois outros viajantes, um casal formado por um carioca e uma peruana que mora no Brasil. Simpaticíssimos, eles reconheceram a Fiona, pois são leitores do nosso site! Que legal! Disseram até ter usado algumas das nossas dicas de posts antigos. Que gostoso ter nossos 15 segundos de fama, hehehe.

Chegando às praias da região de Manuel Antonio, no litoral do Oceano Pacífico, na Costa Rica

Chegando às praias da região de Manuel Antonio, no litoral do Oceano Pacífico, na Costa Rica


Depois da “glória”, a estrada. Região montanhosa, lindas paisagens, muita neblina e também deliciosos queijos. Não resistimos e nos abastecemos, quijo parecido com aquele que tem no sul de Minas, de fazer nó. Junto com as frutas e algumas bolachas, foram nosso alimento pelas próximas horas, até que chegássemos na costa e na pequena cidade de Manuel Antonio.

Caminhando em praia de Manuel Antonio, no litoral do Oceano Pacífico, na Costa Rica

Caminhando em praia de Manuel Antonio, no litoral do Oceano Pacífico, na Costa Rica


A cidade fica na entrada de um pequeno parque nacional com o mesmo nome. É um dos menores, porém mais bonitos parques desse país repleto de áreas de conservação. Protege uma área de mata cheia de vida, como macacos, pássaros e bichos-preguiça, além de praias cinematográficas. Não fosse pelo parque, certamente teriam sido tomadas por condomínios ou hotéis. Felizmente, estão ali, quase virgens, seu aspecto natural quase intocado. O parque vai ser nosso programa de amanhã.

Praia de areia escura em Manuel Antonio, no litoral do Oceano Pacífico, na Costa Rica

Praia de areia escura em Manuel Antonio, no litoral do Oceano Pacífico, na Costa Rica


Hoje a gente se satisfez com as praias do lado de fora mesmo. Areias claras, águas quentes, orla cercada pela vegetação. Resumindo: uma maravilha! O Oceano Pacífico em todo o seu esplendor! Cada vez mais gosto desse Oceano, eu que sempre fui tão “Atlântico”. Mas, em um lugar como esse, difícil não se apaixonar.

Lindo entardecer em Manuel Antonio, no litoral do Oceano Pacífico, na Costa Rica

Lindo entardecer em Manuel Antonio, no litoral do Oceano Pacífico, na Costa Rica


Ainda mais com o fim de tarde que tivemos, o sol reaparecendo sob as nuvens nos minutos finais, uma bola de fogo avermelhada afundando vagarosamente no mar. Foi cinematográfico! Bastou um mergulho para nos sentirmos em casa novamente. Ainda bem que a “temporada pacífica” vai ser longa pois, depois de Manuel Antonio, seguimos para a Península de Osa, também desse lado do continente.

Fantástico pôr-do-sol em Manuel Antonio, no litoral do Oceano Pacífico, na Costa Rica

Fantástico pôr-do-sol em Manuel Antonio, no litoral do Oceano Pacífico, na Costa Rica


Para celebrar o reencontro, ainda teve um jantar especial em um lugar meio “diferente”. Um antigo avião militar destinado à guerrilha dos Contras, que durante a década de 80 lutou contra o governo sandinista da Nicarágua e que tinha diversas bases na Costa Rica, foi transformado em um restaurante. Sem dúvida, um papel muito mais nobre que a do passado! Assim, tivemos a nossa melhor refeição em um avião desde o início dos 1000dias e voltamos para nossa hotel ansiosos pelo dia de amanhã, entre praias e animais silvestres, a cara desse belo país!

Restaurante em antigo avião militar destinado aos Contras, da Nicarágua, em Manuel Antonio, no litoral da Costa Rica

Restaurante em antigo avião militar destinado aos Contras, da Nicarágua, em Manuel Antonio, no litoral da Costa Rica

Costa Rica, Arenal, Manuel Antonio, La Fortuna

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Atravessando a Sierra Nevada

Estados Unidos, Califórnia, Mount Shasta

A Fiona está cada vez mais craque para rodar na neve! (na região do Mount Shasta, na Califórnia, nos Estados Unidos)

A Fiona está cada vez mais craque para rodar na neve! (na região do Mount Shasta, na Califórnia, nos Estados Unidos)


Ontem pela manhã, depois de muito tentar por email, twitter e facebook, finalmente, conseguimos entrar em contato com o Luis, da Lost World Expedition, e marcamos para nos encontrar em um café na praça central de Arcata. Pois é, a simpática cidade estudantil, diferentemente de quase todas as cidades americanas, tem uma praça central, sinal de que estamos mais pertos da América Latina!

Encontro com o casal da expedição Lost World, em Arcata, na Califórnia, nos Estados Unidos

Encontro com o casal da expedição Lost World, em Arcata, na Califórnia, nos Estados Unidos


Foram quase duas horas de deliciosa conversa com o casal que iniciou sua viagem um pouco antes de nós. O interessante é que o Luis tem praticamente a minha idade e a Lace é da idade da Ana. Começaram pelos Estados Unidos e seguiram para o sul. Vão num ritmo mais lento que o nosso e, ao menos uma vez por ano, voam de volta para casa, preferencialmente para aproveitar as festas de Halloween e Thanksgiving. O carro deles os espera no Chile e, não vai demorar muito, chegarão ao Brasil. Trocamos muitas experiências e casos e deu para perceber que, por serem americanos dirigindo um carro americano, as coisas são bem mais complicadas para eles, especialmente em algumas fronteiras. E não é pela língua não, pois o Luis fala muito bem o espanhol. Já nós, seja pela sorte, seja por sermos brasileiros, o fato é que não tivemos dificuldade nenhuma nas fronteiras latinas. Vamos ver na volta...

Bela cachoeira no caminho entre o Mount Shasta e o Mount Lassen, ena Califórnia, nos Estados Unidos

Bela cachoeira no caminho entre o Mount Shasta e o Mount Lassen, ena Califórnia, nos Estados Unidos


Já era mais de uma da tarde quando pegamos estrada. Nosso destino, agora, era o interior da Califórnia. Íamos para a região da Sierra Nevada, uma cadeia de montanhas no sentido norte-sul, quase na fronteira com Nevada, onde se encontram algumas das mais belas paisagens americanas. Por exemplo, lá estão o Sequoia National Park, que já visitamos, o Yosemite, o segundo parque nacional do país, e o Lake Tahoe, o maior e mais alto lago alpino dos Estados Unidos, cercado de resorts de esqui e altas montanhas. Nossa ideia é dar uma boa rodada por lá antes de voltarmos ao litoral, para a cidade de San Francisco.

Cruzando a Sierra Nevada em direção à mount Shasta, na Califórnia, nos Estados Unidos

Cruzando a Sierra Nevada em direção à mount Shasta, na Califórnia, nos Estados Unidos


Mas, para chegar lá, tínhamos primeiro de cruzar a Sierra Nevada. Olhando no mapa, são várias as estradas que cruzam essas montanhas, mas isso só vale para o verão. Basta dar a primeira nevada da estação e as estradas começam a fechar, uma a uma. Quando mais perto do fim do ano, mais difícil cruzar a tal “Sierra” e maior a volta que tem de se dar, ou para o sul ou para o norte.

Por detrás das nuvens aparece o gigantesco Mount Shasta, com mais de 4.300 metros de altitude, na Califórnia, nos Estados Unidos

Por detrás das nuvens aparece o gigantesco Mount Shasta, com mais de 4.300 metros de altitude, na Califórnia, nos Estados Unidos


Por detrás das nuvens aparece o gigantesco Mount Shasta, com mais de 4.300 metros de altitude, na Califórnia, nos Estados Unidos

Por detrás das nuvens aparece o gigantesco Mount Shasta, com mais de 4.300 metros de altitude, na Califórnia, nos Estados Unidos


Bom, se já é difícil hoje, imagina na metade do século XIX! Pois foi exatamente nessa época que se deu a grande migração leste-oeste, dezenas de milhares de pioneiros tentando chegar ao Oregon e Califórnia. Foi o auge do chamado “Manifest Destiny”, uma doutrina que pregava um direito (ou obrigação) quase divino dos americanos ocuparem o continente do Atlântico ao Pacífico. O que estivesse no caminho, como índios, mexicanos ou bisões, eram meros pequenos obstáculos a serem superados, civilizados, conquistados ou extintos. A marcha inexorável da civilização não poderia ser detida!

As águas puras que saem de antigos túneis de lava e dão início ao rio Sacramento, em Mount Shasta, na Califórnia, nos Estados Unidos

As águas puras que saem de antigos túneis de lava e dão início ao rio Sacramento, em Mount Shasta, na Califórnia, nos Estados Unidos


Aqui nasce o rio Sacramento, em Mount Shasta, na Califórnia, nos Estados Unidos

Aqui nasce o rio Sacramento, em Mount Shasta, na Califórnia, nos Estados Unidos


Esse movimento acelerou-se mais ainda com a descoberta de ouro na California, dando início à primeira grande “gold rush” da América do Norte, cinquenta anos antes daquela outra de que já tanto falamos, a Klondike Gold Rush, em direção ao norte do Canadá e Alaska. A grande barreira à essa migração não eram os índios, mas exatamente a Sierra Nevada. Para evitar a perigosa travessia, a rota principal seguia pelo norte, acima da cordilheira e, já perto do litoral é que ela apontava para o sul. Quem descobrisse uma rota alternativa e mais direta certamente poderia ganhar muito dinheiro com esse “conhecimento”.

Impressão digital de um anjo, em Mount Shasta, na Califórnia, nos Estados Unidos

Impressão digital de um anjo, em Mount Shasta, na Califórnia, nos Estados Unidos


E foi o que aconteceu. Um dos pioneiros, viajando sozinho, conseguiu fazer uma rota mais direta. Escreveu um guia sobre ela e passou a propagandeá-lo. No verão seguinte, um grupo de mais de 80 pessoas, em suas grandes carroças e levando seus animais, resolveu cortar seu tempo de viagem em um mês e seguir pela nova rota. Era o “Donner Party”.

Trilha ao pés do Mount Shasta, na Califórnia, nos Estados Unidos

Trilha ao pés do Mount Shasta, na Califórnia, nos Estados Unidos


Os problemas começaram desde o início, com brigas entre as diversas famílias. Ao cruzarem o deserto na região de Salt Lake City, perderam boa parte do gado que levavam, seja pelos rigores do clima, seja por índios que os roubaram. Pior, seguindo lentamente em carroças, se atrasaram mais do que deviam e chegaram à Sierra Nevada já no início do inverno. São literalmente centenas de montanhas com altitude superior aos 3.700 metros e mesmo para quem conhece a região, é fácil se perder. Imagina para quem nunca havia estado lá, seguindo o guia de uma pessoa que só havia passado por lá uma vez. O resultado não poderia ter sido mais trágico...

Caminhando pela floresta nevada do Mount Shasta, na Califórnia, nos Estados Unidos

Caminhando pela floresta nevada do Mount Shasta, na Califórnia, nos Estados Unidos


A neve os pegou lá no alto e as carroças não saiam mais do lugar. Estavam presos em uma das passagens que hoje leva o nome de “Donner Pass”. Aí tiveram de passar o inverno. O gado morreu e a comida acabou. As pessoas começaram a morrer. Um grupo tentou seguir adiante, mais leve, para pedir ajuda. Perderam-se também. Enquanto isso, os ânimos se acirraram e, em uma briga, uma pessoa foi morta. Como julgar o culpado? Afinal, já tinham cruzado a “Continental Divide” (a linha imaginária que separa as águas que seguem para o Pacífico ou para o Atlântico) e ali era, ao menos em teoria, território mexicano. Foi só no ano seguinte que a guerra entre EUA e México aconteceria e toda aquela região, incluindo a Califórnia, passaria a ser americana. Alguns quilômetros antes e o culpado seria enforcado. Mas aqui... resolveram expulsá-lo do grupo, sem armas e sem comida, naquele território hostil.

As pegadas servirão para acharmos o caminho de volta na floresta do Mount Shasta, na Califórnia, nos Estados Unidos

As pegadas servirão para acharmos o caminho de volta na floresta do Mount Shasta, na Califórnia, nos Estados Unidos


Bom, como eu tinha dito, esse era o menor dos problemas. Tanto o grupo que partiu em busca de ajuda como aquele que ficou esperando estavam em situação desesperadora, completamente sem comida. Com as pessoas morrendo, acabaram recorrendo ao canibalismo. De preferência, escolhiam aquelas pessoas com quem tinham desenvolvido desavenças durante a viagem. Aos amigos, o enterro, aos inimigos, a panela. Tudo pela sobrevivência. Quando finalmente foram salvos, já no início da primavera, apenas a metade das pessoas havia sobrevivido, em um dos episódios mais macabros da travessia da Sierra Nevada.

Caminhando pela floresta nevada do Mount Shasta, na Califórnia, nos Estados Unidos

Caminhando pela floresta nevada do Mount Shasta, na Califórnia, nos Estados Unidos


Ainda bem que hoje já não é tão complicado. Eu e a Ana enfrentamos a neve e a neblina, mas não precisamos recorrer à antropofagia. Vamos ver como será o caminho de volta, mais ao sul, onde as passagens são mais complicadas. Nós atravessamos na parte norte da Sierra nevada, em direção ao Mount Shasta. Antigo vulcão, é a segunda montanha mais alta dos Estados Unidos (sem contar o Alaska!) e nós ficamos na pequena cidade de mesmo nome, bem abaixo da montanha.

Inventando uma trilha pela neve da floresta do Mount Shasta, na Califórnia, nos Estados Unidos

Inventando uma trilha pela neve da floresta do Mount Shasta, na Califórnia, nos Estados Unidos


Nós chegamos lá de noite, sem conseguir ver a paisagem. Hoje cedo, o céu estava azul, mas o Mount Shasta coberto pela névoa. Nós fizemos uma rápida visita ao parque municipal da cidade, onde nasce uma água puríssima debaixo da rocha de granito. Ele vem pelos antigos túneis cavados pela lava. Segundo os cientistas, ele leva 50 anos entre cair como neve, lá no alto da montanha, e chegar ali na nascente. Cinquenta anos sendo filtrada, hmmmm, uma delícia! É a nascente do importante rio Sacramento.

A neve cai durante passeio pela floresta gelada do Mount Shasta, na Califórnia, nos Estados Unidos

A neve cai durante passeio pela floresta gelada do Mount Shasta, na Califórnia, nos Estados Unidos


Dali seguimos para a montanha, a Fiona cada vez mais craque nas estradas de gelo e neve. A estrada chega acima dos 2 mil metros de altitude, de onde sai a trilha para o alto da montanha. Nessa época do ano, com tanto gelo e neve, nem pensar! Mas podíamos caminhar por ali mesmo, em meio à floresta de pinheiros completamente branca pela nevasca dos últimos dias. Com tanta neve, nem se via a trilha. Mas, não tinha problema, fizemos nosso próprio caminho, serpenteando entre as árvores. Depois, para voltar, era só seguir nossas próprias pegadas. Sem dúvida, a Sierra Nevada, com a Fiona ali por perto e num dia de céu azul, estava muito menos hostil do que há 165 anos.

A Fiona está cada vez mais craque para rodar na neve! (na região do Mount Shasta, na Califórnia, nos Estados Unidos)

A Fiona está cada vez mais craque para rodar na neve! (na região do Mount Shasta, na Califórnia, nos Estados Unidos)

Estados Unidos, Califórnia, Mount Shasta, história, Sierra Nevada

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Um Dia na Estrada

Brasil, São Paulo, São Carlos, Carlos Botelho, Ribeirão Preto

Pôr-do-sol na Washington Luís, chegando em São Carlos - SP

Pôr-do-sol na Washington Luís, chegando em São Carlos - SP


Um longo, interessante e variado dia na estrada. Assim podemos resumir o dia de hoje. Chuva e sol, mar e rio, montanha e praia, Paraná e São Paulo. Mas, no fim, saímos da casa da família para chegar na casa da família também!

A idéia original era só dirigir até Cananéia, mas acabamos "esticando" até Ribeirão Preto. Deixamos Cananéia perto das 11 da manhã, ainda com tempo ruim (ver post abaixo). Resolvemos seguir para Ribeirão por um roteiro alternativo, passando por um parque estadual chamado Carlos Botelho. Existe uma estrada-parque que o atravessa de sul a norte e que estava bem na nossa direção.

Placa informativa no Parque Estadual de Carlos Botelho, núcleo Sete Barras, em São Paulo

Placa informativa no Parque Estadual de Carlos Botelho, núcleo Sete Barras, em São Paulo


O parque tem uma das porções de mata atlântica mais bem conservadas do estado. Basta entrar nela para se observar e sentir a abundância de vida desse ecossistema. Não é muita gente que sabe mas a diversidade de vida da Mata Atlântica supera em muito a da floresta amazônica.

Paisagem do Parque Carlos Botelho no estado de São Paulo

Paisagem do Parque Carlos Botelho no estado de São Paulo


O único porém do parque é que para se visitar várias de suas atrações é preciso agendar com bastante antecedência. Assim, não pudemos fazer as trilhas que levam à cachoeiras e a uma enorme figueira. Por um lado, estão protegendo o parque, mas por outro, acho um absurdo não podermos seguir uma trilha bem marcada com nossos próprios pés. De novo, fiz aquela promessa de, na próxima encarnação, ser um "pesquisador" com super-poderes e poder visitar todos os parques, reservas e cavernas do Brasil sem ninguém enchendo o saco.

Paisagem do Parque Carlos Botelho no estado de São Paulo

Paisagem do Parque Carlos Botelho no estado de São Paulo


Quando descemos a montanha do outro lado do parque o tempo já tinha melhorado. Sinal que já estávamos chegando em Ribeirão e se afastando de Curitiba! He he he. Mas antes, ainda tínhamos um pit-stop a fazer: São Carlos, uma quase tranquila cidade do interior paulista que ostenta duas das melhores universidades do país, a USP e a UFSCAR. Local perfeito para a vida estudantil, cidade jovem e progressista. Passamos lá para conhecer a casa da Lalau (minha irmã) e do Gêra, muito bem instalados que estão.

Casa da Lalau e do Gêra em São Carlos - SP

Casa da Lalau e do Gêra em São Carlos - SP


Depois de conhecer a gostosa casa e condomínio, demos carona para a Lalau até Ribeirão Preto, onde moram meus pais. Os próximos dias serão de muito sol, saúde e vida na fazenda. Aguardem notícias!

Brasil, São Paulo, São Carlos, Carlos Botelho, Ribeirão Preto,

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Fim de Uma Etapa...

Brasil, Paraná, Curitiba

Celebrando o aniversário do Mário na casa da Dani e Dudu

Celebrando o aniversário do Mário na casa da Dani e Dudu


Nossa chegada à Curitiba marcou o fim de mais uma etapa da viagem, a segunda. A primeira etapa tinha sido nossa ida ao Caribe, nos meses de Abril e Maio.

Jantar na casa da Karina e do Ricardo com Pasini e Fernanda

Jantar na casa da Karina e do Ricardo com Pasini e Fernanda


Essa segunda etapa foi de carro, aqui por perto mesmo. Sabíamos que não poderíamos ir longe já que tínhamos compromissos aqui em Curitiba, na terceira semana de Julho. O principal desses compromissos era conhecer a nossa sobrinha, a Luiza, que nasceu por esses dias. Mas tínhamos outros compromissos também, desde fazer o modem da Vivo funcionar e fazer alguns retoques na vedação da Fiona, até comparecer numa audiência judicial, sem esquecer da operação da Diana.

Diana pós-operatória

Diana pós-operatória


Essa semana por aqui foi bem produtiva e conseguimos resolver quase tudo, além de rever familiares e amigos. Em compensação, a viagem ficou meio parada. Ainda estamos na dúvida se esses dias aqui em Curitiba, tanto entre a 1a e a 2a etapa como esses agora devem ou não ser descontados da viagem, da contagem oficial dos dias. Vamos deixar para resolver mais à frente mas tenho a impressão que sim, que faltarão dias lá no final e vamos compensar com esses dias parados aqui.

Cassoulet na casa da Patrícia

Cassoulet na casa da Patrícia


Afinal, agora que já temos esses cento e poucos dias de viagem, ficou bem claro para nós que, por mais incrível que possa parecer, esses 1000 dias planejados são poucos para se conhecer um continente tão lindo e diverso como o nosso, principalmente pelo fato que nosso objetivo não é simplesmente conhecer ou passar pelas cidades grandes, as capitais. A gente gosta também, e principalmente, é do interior, das cidades pequenas, onde se pode ver a natureza intocada e as pessoas mais autênticas, que tanto tem para nos ensinar. Enfim, foram poucos os lugares que já estivemos nessa viagem nos quais não gostaríamos de ter ficados mais tempo, para ver e curtir outras coisas. Facilmente, esses cem dias poderiam ter sido duzentos e, portanto, os 1000 dias poderiam ser 2 mil. Assim, se esses dias curitibanos correndo atrá de compromissos faltarem lá na frente, vamos recuperá-los! É a vantagem de se estar fazendo uma viagem livre como a nossa...

Amigos celebrando chá de cozinha da Paula e do Gusta

Amigos celebrando chá de cozinha da Paula e do Gusta


Tivemos a sorte de pegar essa semana de tempo ruim justamente aqui (da outra vez também foi assim!). E agora que o tempo ameaça melhorar, estamos prontos para iniciar nova etapa. Ainda bem, já que eu, a Ana e a Fiona estamos loucos para por o pé na estrada de novo. É uma nova etapa se iniciando, Viva! Falo dela no próximo post...

Com o Gusta e Paula, que se casam em Setembro

Com o Gusta e Paula, que se casam em Setembro

Brasil, Paraná, Curitiba,

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A Patagônia e a Conquista do Deserto

Argentina, El Bolsón

Tropas argentinas se preparam para mais uma batalha na Conquista do Deserto, nome dado à guerra conttra os indígenas pelo controle da Patagônia (imagem da Internet)

Tropas argentinas se preparam para mais uma batalha na Conquista do Deserto, nome dado à guerra conttra os indígenas pelo controle da Patagônia (imagem da Internet)


Deixando El Bolsón para trás e rumando para o sul, estamos mergulhando de vez na Patagônia. Na verdade, essa região geográfica de nome tão famoso se estende muito mais para o norte (veja no mapa abaixo!), ocupando praticamente metade do território argentino e uma boa parte do sul do Chile. Mas é apenas ao sul de El Bolsón e de uma linha imaginária que liga essa cidade à Península Valdés, na costa atlântica, que o governo oferece subsídios para empreendedores e habitantes. Uma espécie de estímulo para que a região se desenvolva economicamente e seja ocupada por mais pessoas. Entre esses subsídios, até o combustível é mais barato. Bom para nós, turistas motorizados! Principalmente agora que os trechos de estrada serão muito mais longos cortando essa vasta região quase desabitada.

Mapa da Patagônia, ocupando boa parte da Argentina e do Chile. Mas é apenas ao sul da linha vermelha onde está El Bolsón que o combustível passa a ser subsidiado pelo governo

Mapa da Patagônia, ocupando boa parte da Argentina e do Chile. Mas é apenas ao sul da linha vermelha onde está El Bolsón que o combustível passa a ser subsidiado pelo governo


Para nós que nascemos no final do séc. XX, estamos acostumados com o mapa da Argentina mostrando esse grande país, o segundo maior da América do Sul e um dos maiores do mundo em extensão geográfica. Até imaginamos que foi sempre assim. Intuitivamente, pensamos que desde tempos coloniais, ainda sob domínio espanhol, os países que hoje conhecemos já existissem ali, pelo menos em seus contornos geográficos. Mas a intuição está errada. A América espanhola tinha outras divisões: Colômbia e Venezuela de um lado e todo o resto de outro, formando o vice-reinado do Perú. Foi apenas na segunda metade do séc. XVIII que foi criado o vice-reinado do Prata, embrião não só de Argentina, mas também de Uruguay e Paraguay, além de partes da Bolívia e Chile.

Mapa francês de 1862 mostra a Patagônia como terra de ninguém, apesar de reinvidicada pela Argentina. A Terra do fogo e extremo sul tem a mesma cor das Falkland e parecem pertencer à inglaterra (imagem da Internet)

Mapa francês de 1862 mostra a Patagônia como terra de ninguém, apesar de reinvidicada pela Argentina. A Terra do fogo e extremo sul tem a mesma cor das Falkland e parecem pertencer à inglaterra (imagem da Internet)


Quando veio o processo de independência no início do séc. XIX, os países, ao menos em teoria, tomaram suas formas mais ou menos parecidas com o que vemos hoje. Mas na prática, não era assim. Toda a região patagônica, tanto no lado argentino como chileno, nunca havia sido ocupada de fato pelos espanhóis. Pela pouca atratividade econômica dessas terras, assim como por uma resistência ferrenha dos povos nativos, eles permaneceram virtualmente independentes ao longo de todo o período colonial. E assim continuaram também por boa parte do séc. XIX. Nosso “enorme” país vizinho, a Argentina, se compunha apenas das regiões vizinhas a Buenos Aires e do norte do país, região que se desenvolveu em épocas coloniais para fornecer alimentos à Potosí, na Bolívia, principal centro econômico da América espanhola ao longo de séculos. Toda a metade sul do país era território desconhecido e habitado por indígenas gigantes (os “patagones”) e hostis.

Antes do tratado de 1881 o Chile ainda reinvidicava o controle de boa parte da Patagônia, incluindo todo o cone sul do continente (imagem da Internet)

Antes do tratado de 1881 o Chile ainda reinvidicava o controle de boa parte da Patagônia, incluindo todo o cone sul do continente (imagem da Internet)


No papel, eram terras argentinas. Pelo menos, nos “papéis argentinos”. Para os chilenos, era território chileno, como mostram mapas históricos daquele país. O Chile se imaginava dono de toda a “patagônia oriental”, correspondente ao sul argentino de hoje, do Atlântico ao Pacífico. Só faltava combinar isso também com os europeus. Um mapa francês de 1862 mostra toda a Patagônia como terra de ninguém, embora o próprio mapa admita que a área fosse reivindicada pelos argentinos. A Terra do Fogo, nesse mesmo mapa, parece pertencer à Inglaterra ou ao Chile, talvez. Sinal claro de que, assim como temiam argentinos e chilenos naquela época, as potências europeias estavam sim interessadas no sul do nosso continente.

Vestido com roupas mapuches, o advogado e auto-proclamado imperador do Reino da Araucania e Patagônia, o francês Orélie Antoine de Tounens (imagem da Internet)

Vestido com roupas mapuches, o advogado e auto-proclamado imperador do Reino da Araucania e Patagônia, o francês Orélie Antoine de Tounens (imagem da Internet)


Tanto é assim que, em 1860, um advogado (e aparentemente louco) francês, Orélie Antoine de Tounens, já há alguns anos radicado no Chile, decidiu declarar o “Reino da Araucania e Patagonia” tendo ele como rei, claro! Ele se entendeu com alguns índios mapuches, vestiu-se como eles e se imaginou imperador. O seu país nunca foi reconhecido por nenhum outro, mas ele fez tanto barulho que acabou incomodando as autoridades chilenas que acabaram por prendê-lo, dois anos mais tarde, e um manicômio. Solto com a ajuda do cônsul francês, voltou a seu país para procurar apoio. Por duas vezes voltou a seu reino, tentando ressuscitá-lo. Acabou morrendo e deixou o trono para um amigo. Por mais incrível que possa parecer, até hoje os descendentes desse amigo, que montaram um “governo de exílio na França”, reivindicam o trono perdido.

Território do 'Reino da Araucania e Patagônia', proclamado pelo francês Orélie de Tounens em 1860 (imagem da Internet)

Território do "Reino da Araucania e Patagônia", proclamado pelo francês Orélie de Tounens em 1860 (imagem da Internet)


Por mais pitoresca que possa parecer essa história, ela ajudava a assustar os governos chileno e argentino da época. Daí a estratégia chilena de criar a cidade de Punta Arenas no sul do continente, a fim de consolidar suas pretensões territoriais. Foi o único povoamento que realmente se desenvolveu naquela parte remota do mundo naqueles tempos. Outra ideia chilena foi a de estimular a ocupação patagônica pelos índios mapuche, da Araucania (região no sul do Chile). Notavelmente guerreiros, eles foram o único povo capaz de resistir ao avanço do império inca a também aos colonizadores espanhóis. Agora seriam usados para legitimar as pretensões territoriais do Chile sobre a tal “patagônia oriental”.

Um grupo de índios mapuche posa para foto ao final do século XIX (imagem da Internet)

Um grupo de índios mapuche posa para foto ao final do século XIX (imagem da Internet)


Desde tempos imemoriais, essa região já era ocupada pelos índios tehuelches, um povo nômade e de grande estatura (o que levou a criação da lenda dos patagones, os “gigantes” avistados pelos primeiros exploradores europeus). Povo pacífico e que vivia da caça de guanacos e emas, não foram páreo para os aguerridos mapuches. Na primeira metade do séc. XIX, a patagônia central sofreu um rápido e muitas vezes violento processo de “araucanização”, enquanto os tehuelches que não eram assimilados eram empurrados mais para o sul. Mas os tehuelches não eram as únicas vítimas do avanço mapuche.

Bando de mapuches ataca povoado argentino na fronteira dos Pampas e da Patagônia (imagem da Internet)

Bando de mapuches ataca povoado argentino na fronteira dos Pampas e da Patagônia (imagem da Internet)


Nos pampas orientais, fronteira de ocupação argentina de então, criollos (miscigenação de espanhóis e indígenas) e os primeiros imigrantes europeus estabeleciam seus ranchos e povoados. Estes eram continuamente atacados por guerreiros mapuches em busca de gado e cavalos que eram revendidos no Chile. Aí, os mapuches adquiriam de comerciantes chilenos e ingleses armas para continuar sua guerra no leste. Muito comum também nesses ataques era a captura de crianças e mulheres que serviriam de esposas ou escravos dos guerreiros mapuches. São inúmeros os relatos escritos dessa época de europeus escravizados nas planícies patagônicas. Esses ataques indígenas na fronteira aumentaram muito de escala durante a Guerra do Paraguay, entre 1864 e 1870, o maior conflito armado já ocorrido nesse continente e que manteve as tropas argentinas ocupadas no norte do país.

Julio Roca, comandante das tropas argentinas na conquista da Patagônia. Mais tarde, seria duas vezes presidente do país (imagem da Internet)

Julio Roca, comandante das tropas argentinas na conquista da Patagônia. Mais tarde, seria duas vezes presidente do país (imagem da Internet)


Com o fim da guerra, políticos argentinos pressionavam para resolver de uma vez por todas os problemas na fronteira sul do país. Aos poucos e depois de muitos debates parlamentares, foi organizada uma expedição militar liderada pelo general Julio Rocca, futuro presidente do país por duas vezes. O primeiro alvo foi a região dos pampas orientais, rico em pastagens e ainda bem próximo do centro de poder. Na época, a campanha foi vista como uma batalha entre a civilização e a barbárie e o objetivo era a total submissão dos índios, senão a sua aniquilação. Afinal, diziam os políticos e jornais da época, a tentativa de assimilação feita durante décadas não dera nenhum resultado. Com mais armamentos e estratégia militar muito superior, as forças indígenas pouco puderam resistir, centenas de guerreiros mortos e milhares de mulheres e crianças capturadas. Sem os pampas, os indígenas perderam o seu melhor território, o único mais propício para a criação de gado e cavalos.

O cacique Pincén, conhecido como o ''terror dos fortes militares' (imagem da Internet)

O cacique Pincén, conhecido como o ""terror dos fortes militares" (imagem da Internet)


O passo seguinte seria a conquista de toda a Patagônia. Mas aí a dificuldade seria maior, pois o Chile também reivindicava aquela área. Mas uma excelente oportunidade histórica foi muito bem aproveitada pelos argentinos. O Chile se envolvia no final da década de 70 em outra guerra, a segunda mais sangrenta do continente. De um lado, os chilenos, do outro a aliança de peruanos e bolivianos. A chamada Guerra do Pacífico, entre 1879 e 1883 tinha por maior objetivo as quase inesgotáveis minas de cobre no norte do Atacama. O Chile venceu a guerra e, de quebra, privou a Bolívia de seu litoral e chegou a ocupar Lima, a capital peruana, por alguns anos. Mas enquanto a guerra corria na sua fronteira norte, sua fronteira leste, com a Argentina, ficou desguarnecida. Os chilenos temiam que os argentinos se juntassem à aliança de Perú e Bolívia e quiseram negociar com o vizinho antecipadamente. Os argentinos souberam aproveitar o momento e negociaram um tratado que fixava a fronteira entre os dois países ao longo da cordilheira dos Andes. Sem saída no momento, o Chile aceitou e a Argentina garantiu para si a posse da “patagônia oriental” chilena.

Expansão territorial argentina após a Guerra do Paraguay. Até então, o governo central controlava apenas a área em azul claro. A 'Conquista do Deserto' expandiu as fronteiras do país rumo ao sul do continente (imagem da Internet)

Expansão territorial argentina após a Guerra do Paraguay. Até então, o governo central controlava apenas a área em azul claro. A "Conquista do Deserto" expandiu as fronteiras do país rumo ao sul do continente (imagem da Internet)


Livres do Chile, nossos vizinhos partiram para a ocupação do território na campanha chamada de “Conquista do Deserto”. Os índios resistiram o quanto puderam, mas ao final da campanha boa parte tinha sido morta ou capturada. Poucas décadas depois, os tehuelches estavam extintos e os mapuches sobreviveram apenas no Chile. Ao mesmo tempo, em menos de uma década, a Argentina tinha praticamente duplicado seu território de fato. E assim chegamos, finalmente, ao final do séc. XIX, nas fronteiras dos países como conhecemos hoje, a Bolívia sem mar, o Chile uma longa e estreita faixa de terra entre os Andes e o Pacífico e a Argentina como segundo mais extenso país da América do Sul, um dos maiores do mundo. A Patagônia na qual mergulhamos a partir de hoje praticamente toda “hermana” e seus antigos habitantes, apenas fantasmas do passado.

Pequeno grupo de índios tehuelches em fotografia de 1897, depois da conquista do deserto. Algumas décadas mais tarde e eles estariam extintos. (imagem da Internet)

Pequeno grupo de índios tehuelches em fotografia de 1897, depois da conquista do deserto. Algumas décadas mais tarde e eles estariam extintos. (imagem da Internet)


Realmente, é difícil imaginar um fim tão triste para uma raça que por milhares de anos vagou livre e orgulhosa pelas infinitas planícies patagônicas. Os mais de dez mil prisioneiros foram forçados a caminhar até Buenos Aires, muitos morrendo na dura marcha. Na capital, homens e mulheres foram imediatamente separados. Não deveriam ter mais a chance de “se reproduzir”. Os pouco menos de dois mil guerreiros ainda vivos foram enviados para uma prisão em uma ilha no Rio da Prata de onde pouquíssimos conseguiriam sair vivos. As mulheres também foram separadas de seus filhos e enviadas para trabalharem como servas nas casas de famílias mais abastadas e de classe média da capital. As crianças aprenderam um novo idioma e esqueceram o antigo. Na sua maioria, também viveriam como servos. Alguns poucos grupos restantes ainda vagaram livres, por poucas décadas, no extremo sul do continente. Eram uma curiosidade histórica perseguida por estudiosos e sociólogos do início do séc. XX. Poucas vezes na história a civilização havia se imposto de forma tão rápida e efetiva sobre a barbárie...

Argentina, El Bolsón, história

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De Volta ao Ponto de Partida

Brasil, Paraná, Curitiba

Dani e Dudu, no apartamento novo em Curitiba

Dani e Dudu, no apartamento novo em Curitiba


Voltamos à estaca zero: Curitiba. Hmmm... não é bem assim, estaca zero. Na verdade, temos 35 dias de Caribe nas costas, ótimas lembranças e uma experiência que vai ajudar bastante daqui para frente. A começar pelas malas! Deu para perceber que precisamos de muito menos roupas do que havíamos imaginado. Isso significa menos peso, menos volume. Ótimo!

Gostaria muito de chegar aqui e já poder partir no dia seguinte. Mas ainda temos algumas coisa para resolver. Nossos planos são saírmos até segunda, daqui a seis dias. Nesse meio tempo, além de resolver pendências, pretendemos fazer passeios, não só pela cidade mas também pelas redondezas.

Bom, vamos aos fatos. O Mário, pai da Ana, foi nos buscar no aeroporto. Antes disso, em Guarulhos, após passarmos incólumes pela alfândega, não passamos pela TAM. Por mais que chorasse e esperneasse, mesmo vindo de vôo internacional, nos cobraram excesso de bagagem. Paciência. Já o querido sogro, não cobrou! Nada como a família...

Patrícia, mãe da Ana, em frente à sua casa, em Curitiba

Patrícia, mãe da Ana, em frente à sua casa, em Curitiba


Fomos recebidos na casa da Patrícia, mãe da Ana, com comida típica brasileira. Uma delícia! Depois do almoço, já partimos para os afazeres. Na Acquanauta, local de todos os nossos cursos de mergulho, o Carol e o Rafa nos ajudaram a configurar nosso equipamento de mergulho. Na Race, empresa que desenvolve nosso site, tivemos uma produtiva reunião que, esperamos, vai agilizar bastante a colocação do site no ar. E de noite, fomos recebidos pela Dani, pelo Dudu e pela futura Luiza, em seu novo apartamento, para uma comida mexicana caseira e umas Bohemias. Algumas horas de conversa para tentar botar o papo em dia entre os cunhados (a Dani é a irmã mais nova da Ana).

Testando o equipamento,na Acquanauta

Testando o equipamento,na Acquanauta


Só faltou falar da Fiona. Já estamos com ela! Agradecemos muito ao Cláudio e à Rosina por terem cuidado tão bem da nossa companheira. Ela, depois de 40 dias paradas, ainda está mais ansiosa do que nós para esticar as pernas. E sem demora!

Dani e a Luiza, que está chegando!

Dani e a Luiza, que está chegando!

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Da Primeira à Quinta

Brasil, Bahia, Morro de São Paulo

Quarta praia em Morro de São Paulo - BA

Quarta praia em Morro de São Paulo - BA


As praias em Morro de São Paulo são conhecidas pelo seu número: Prmeira, Segunda, Terceira e Quarta. A vila histórica aqui fica encima do morro e se estende pela Primeira e Segunda Praias. Morro já é conhecida dos gringos e turistas há mais de uma década e hoje é o terceiro destino turístico do estado da Bahia, após Salvador e Porto Seguro.

Segunda Praia, em Morro de São Paulo - BA

Segunda Praia, em Morro de São Paulo - BA


Eu e a Ana, diferentes que gostamos de ser, saímos em caminhada hoje em direção à distante Quinta Praia, longe do alcançe da maioria dos turistas. Passamos pela urbana Primeira Praia, pela badalada Segunda Praia, pela em processo de desenvolvimento Terceira Praia e pela longa Quarta Praia, com a mais famosa piscina natural da ilha.

Mergulhando na piscina natural na Quarta Praia, em Morro de São Paulo - BA

Mergulhando na piscina natural na Quarta Praia, em Morro de São Paulo - BA


Caminhando na Quarta Praia, em Morro de São Paulo - BA

Caminhando na Quarta Praia, em Morro de São Paulo - BA


Tudo isso à caminho da pouca conhecida, selvagem e bela Quinta Praia, a quase cinco quilômetros do centro. Na maré baixa, uma enorme planície de areia cortada por um riacho de mangue e aquele marzão verde esmeralda. Incrível que num destino tão turístico ainda seja possível achar um lugar onde se possa esquecer as marcas humanas e imaginar-se num mundo selvagem, só com praias, mar e coqueiros.

Riacho da Quinta Praia, em Morro de São Paulo - BA

Riacho da Quinta Praia, em Morro de São Paulo - BA


Só na imaginação mesmo porque, apesar da vila e do movimento estarem longe, há várias pousadas ali perto. Se não podemos vencê-las, vamos aproveitá-las, e tivemos uma deliciosa água de coco e uma refeição de peixe inesquecível.

Água de coco na Quarta Praia em Morro de São Paulo - BA

Água de coco na Quarta Praia em Morro de São Paulo - BA


De lá voltamos para a vila e para o morro do farol. A intenção original eram fotos da vila e do astro-rei mas a Ana animou de usar a mais alta tirolesa das Américas (é o que diz a propaganda), descendo de 75 metros direto para o mar. Ela desceu e eu fiquei lá encima para fotos do pôr do sol e da igreja, na descida.

A famosa Tirolesa da Primeira Praia em Morro de São Paulo - BA

A famosa Tirolesa da Primeira Praia em Morro de São Paulo - BA


Pôr-do-sol em Morro de São Paulo - BA

Pôr-do-sol em Morro de São Paulo - BA


É duro ser o mais velho, preocupado com nossas parcas economias. Tudo bem, um dia mando isso tudo para os ares... A noite foi jóa, lual com nossos amigos belgas (eles ficaram de nos mandar as fotos) na Segunda Praia. Daqui para Salvador e depois, aquela dúvida: litoral norte baiano ou Chapada Diamantina... Tenho a impressão que, de qualquer maneira, vamos nos dar bem...

Nossos amigos belgas em Morro de São Paulo - BA

Nossos amigos belgas em Morro de São Paulo - BA

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Bichos

Brasil, Paraná, Curitiba

Cervos no Parque da Serra da Canastra - MG

Cervos no Parque da Serra da Canastra - MG


Mais um dia levando coisas para consertar, conversando com o agente de seguros, com a despachante e socializando pela noite, dessa vez com meus antigos colegas de trabalho. Já estou com os formulários para o visto do Canadá agora é preenchê-los da melhor forma possível. A partir de amanhã, segunda, começamos a recolher tudo o que deixamos para consertar.

Hoje, na retrospectiva que estou fazendo, homenageio os seres que dividem conosco esse belo continente. Difícil esolher entre tantas fotos, entre tantos bichos. Ficaram de fora gatos e cachorros, companheiros frequentes em pousadas e caminhadas, verdadeiros amigos que repartirarm conosco dias incríveis que tivemos. Quem sabe num outro post...

Essa belezinha aí, coral verdadeira, encontramos no meio da praia, na Ilha do Mel. Por pouco não morde a Ana, avisada no último momento por um grito meu. Linda e valente!

Cobra coral na praia - volta à Ilha

Cobra coral na praia - volta à Ilha


Animal maravilhoso, tecnicamente um golfinho, mas para todos nós uma baleia. Já no final da apresentação, olhou nos nossos olhos e, na volta seguinte, nos deu um belo banho!

Show da orca

Show da orca


Ave africana em terras brasileiras, essa galinha gigante me confundiu com algum rival e ficou, por 15 min exibindo seus passos e penas para mim. Foi incrível...

Avestruz na fazenda do Aroldo e Ana Elisa, em Perdões - MG

Avestruz na fazenda do Aroldo e Ana Elisa, em Perdões - MG


A famosa foto do tubarão. Será que, naquele momento, ele me avaliava como comida?

Mergulho com tubarões feito em Nassau - Bahamas

Mergulho com tubarões feito em Nassau - Bahamas


Mamãe e filhinho Muriquis, naqueles 15 minutos barulhentos que foram dos mais emocionantes da nossa viagem , encontro com um grupo dos maiores macacos das américas.

Visão próxima dos Muriquis, maior primata das Américas, na RPPN Feliciano Abdalla, Reserva dos Muriquis, em Ipanema, próximo a Caratinga - MG

Visão próxima dos Muriquis, maior primata das Américas, na RPPN Feliciano Abdalla, Reserva dos Muriquis, em Ipanema, próximo a Caratinga - MG


Depois de observar seus rastros por parques em todo o Brasil, finalmente nos deparamos, frente à frente, com os Catitus. Foi na Serra da Capivara - CE.

Catitus (porcos selvagens) na Serra da Capivara, próximo à São Raimundo Nonato - PI

Catitus (porcos selvagens) na Serra da Capivara, próximo à São Raimundo Nonato - PI


Golfinhos nos acompanham e dão as boas vindas na costa de Noronha. Encontrar esses animais é sempre emocionante. Embaixo d'água, então...

Golfinhos acompanham nosso barco em Fernando de Noronha - PE

Golfinhos acompanham nosso barco em Fernando de Noronha - PE


Vimos carangueijos, siris e assemelhados por toda a costa do continente. Mas poucos tão belos e valentes como esse invocado aí, lá no litoral do Pará

Um dos muitos carangueijos corajosos que nos enfrentaram no nosso caminho pela praia até Fortalezinha, na região de Algodoal - PA

Um dos muitos carangueijos corajosos que nos enfrentaram no nosso caminho pela praia até Fortalezinha, na região de Algodoal - PA


Búfalos já foram africanos. Mas hoje, são mais marajoaras do que muita gente! Ao contrário dos primos bravos africanos, aqui eles são mansos e formam a base da alimentação na ilha.

Manada de búfalos em estrada da Ilha de Marajó - PA

Manada de búfalos em estrada da Ilha de Marajó - PA


Desse tamanho, mas o mais pacato de todos os mamíferos. Por ser tão inofensivo, está perto da extinção, pela caça ilegal. Salvem os peixes-boi!!!

Peixe-boi no Centro de Pesquisas de Animais, em Balbina - AM

Peixe-boi no Centro de Pesquisas de Animais, em Balbina - AM


Boto cor-de-rosa, golfinho de água doce. Experiência inesquecível interagir com um animal tão esperto e brincalhão. E com fome também!

Interagindo com o Boto Cor de Rosa, em Novo Airão - AM

Interagindo com o Boto Cor de Rosa, em Novo Airão - AM


Um dragão? Um dinossauro? Um ser de outras eras? Não, é só um camaleão curioso por nós...

Camaleão vem nos fazer companhia no café da manhã na Pousada Bela Vista, em Novo Airão - AM

Camaleão vem nos fazer companhia no café da manhã na Pousada Bela Vista, em Novo Airão - AM

Brasil, Paraná, Curitiba,

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