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Karina (27/09)
Olá, também estou buscando o contato do barqueiro Tatu para uma viagem ...
ozcarfranco (30/08)
hola estimado, muy lindas fotos de sus recuerdos de viaje. yo como muchos...
Flávia (14/07)
Você conseguiu entrar na Guiana? Onde continua essa história?...
Martha Aulete (27/06)
Precisamos disso: belezas! Cultura genuína é de que se precisa. Não d...
Caio Monticelli (11/06)
Ótimo texto! Nos permite uma visão um pouco mais panorâmica a respeito...
As encostas do Mt. St. Helens, no estado de Washington, oeste dos Estados Unidos
Colombo ainda tentava convencer os reis espanhóis a financiar seu “estranho projeto” de chegar às Índias pelo lado leste quando, em 1480, um vulcão ainda sem nome (pelo menos, para o mundo ocidental), no lado oeste de um continente desconhecido, explode com fúria incomum. Haviam sido 700 anos de descanso e apenas antigas lendas indígenas alertavam sobre o perigo da montanha. Do outro lado do mundo, a rainha Izabel e o navegante genovês perceberam que o pôr-do-sol ficou mais avermelhado e bonito pelos próximos meses, mas aceitaram aquilo como um fenômeno natural, sem necessidade de maiores explicações.
Chegando ao Mt. St. Helens, a estrada cruza as árvores mortas pela erupção de 1980, no estado de Washington, oeste dos Estados Unidos
Trezentos anos mais tarde, a América já está descoberta, colonizada e começa a se libertar do antigo continente. A mais nova nação do mundo, os Estados Unidos, começa a se expandir para o oeste, rumo ao Pacífico. Essa região do continente havia escapado dos impulsos exploratórios e colonizadores dos últimos séculos, mas chegava agora a sua vez. Os americanos disputavam a região com espanhóis, russos e, principalmente, ingleses. Foram esses que enviaram àquela costa ainda desconhecida do mundo o grande explorador George Vancouver. Foi ele o primeiro europeu a reconhecer as grandes montanhas da região (na verdade, vulcões!) e a batizá-las com o sobrenome de amigos seus. Foi assim que o Rainier ganhou o seu nome. E também aquele desconhecido vulcão que explodira em 1480. Vancouver chamou a “mais bela” das montanhas de Saint Helens, ou Santa Helena, em português.
As árvores mortas pela erupção do Santa Helena, em 1980 (estado de Washington, oeste dos Estados Unidos)
Foi um curto intervalo de apenas 10 anos entre a passagem de Vancouver e a chegada ali, por terra, dos grandes exploradores americanos, Lewis e Clark. Eles lideravam uma expedição comissionada pelo presidente iluminista Thomas Jefferson e tinham a missão de mapear todo o oeste americano, para a futura expansão territorial do país. Ingleses e americanos viviam uma corrida para a ocupação do vasto território conhecido como Oregon, onde hoje estão os estados do noroeste dos EUA e sudoeste do Canadá. Ao chegarem aos pés do Saint Helens, Lewis e Clark não tiveram dúvidas em afirmar que aquela era a mais bela e, provavelmente, a mais alta montanha da América. A primeira parte da afirmação era, provavelmente, correta, mas a segunda, pura empolgação diante daquela montanha em forma de cone perfeito, refletida no lindo lago aos seus pés, o Lake Spirit. Com seu cume permanentemente nevado, não demorou muito para que ela fosse apelidada de “o Monte Fuji das Américas”.
O famoso quadro pintado pelo canadense Paul Kane, em 1847, retratando uma erupção noturna do Santa Helena (no estado de Washingtob, nos EUA)
Lewis e Clark não tinham ideia de que, apenas dois anos antes, aquela montanha paradisíaca explodira com força. Não tanto como em 1480, mas ainda forte o suficiente para relembrar aos índios da região o quão violenta ela poderia ser. Pela próxima metade de século, o Saint Helens fumegaria e, vez ou outra, derramaria fogo e lava pelas suas encostas, em pequenas erupções. Agora, o homem branco já habitava a região e um deles, um canadense, fez uma pintura de uma erupção noturna que ganhou notoriedade pela sua beleza e realismo. Poucos anos mais tarde, o vulcão se acalmaria de vez, EUA e Inglaterra assinariam o tratado de dizia ser aquela região um território americano e o pintor retornaria ao seu país, levando consigo a pintura famosa.
A paisagem idílica do Lake Spirit e vulcão Santa Helena, antes da erupção de 1980, no estado de Washington, nos EUA
Gerações foram se passando e a memória sobre uma montanha viva foi se perdendo. Setenta anos depois da última erupção, no final da década de 20, chegava aos pés da montanha o jovem Harry Trumann. Diante daquele cenário idílico e do turismo que começava a aumentar por ali, viu uma oportunidade de negócios: abrir um lodge na beira daquele lago maravilhoso para receber as pessoas que vinham de longe para conhecer a montanha mais bela do continente. De nada adiantou os avisos de um velho senhor que dizia que seu falecido avô sempre o alertara sobre os perigos daquela montanha. Trumann olhou para o cone nevado a sua frente, refletido com perfeição no lago e apenas calma e serenidade emanavam daquela linda paisagem.
Harry Truman poucas semanas antes da grande erupçãao do Santa Helena, em seu lodge aos pés da montanha, no estado de Washington, oeste dos Estados Unidos
Outros cinquenta anos se passaram e Trumann era a figura mais popular da região. Junto com sua esposa, administraram um lodge que, por décadas, recebeu e acomodou dezenas de milhares de pessoas, gerações de americanos que iam ali se esquecer das dificuldades da vida nas cidades e viver a beleza da natureza no seu estado mais puro. Trumann alugava botes para que as pessoas remassem pelas águas plácidas do Lake Spirit, ou cavalos, para passear pelas trilhas ao redor da montanha. Os mais aventureiros podiam até subir ao seu cume, um antigo vulcão, provavelmente adormecido por muitos séculos vindouros.
O vulcão Santa Helena, antes de sua erupção em Maio de 1980, no estado de Washington, nos EUA
Não era o que dizia um relatório assinado por alguns dos mais importantes geólogos americanos, naquele ano de 1978. Ali se dizia que a montanha estava bem viva e que uma grande erupção era muito provável nos próximos 100 anos. Na verdade, poderia ser muito antes disso, talvez até mesmo antes que terminasse o século XX. Não sabiam o quanto estavam certos... Mas o relatório foi recebido com grande ceticismo pela comunidade frequentadora do popular Spirit Lake, entre eles o agora viúvo Harry Trumann. Como aqueles cientistas poderiam saber mais do que ele, que ali viveu os últimos 50 anos, em perfeita harmonia com a mais bela e calma montanha do continente?
O vulcão Santa Helena, depois de sua erupção em Maio de 1980, no estado de Washington, nos EUA
Cinco de Março de 1980. Diversos pequenos tremores são sentidos na região. Podem ter passado desapercebidos para muitas pessoas, mas não aos sismógrafos ali instalados. O que era mais preocupante é que a origem deles estava bem abaixo da montanha. Aparentemente, após 150 anos, o Santa Helena parecia acordar. A notícia se espalha como um pavio entre a comunidade científica. Para lá correm especialistas de todo o país. Novos sismógrafos são instalados. Um dos primeiros a chegar é o jovem vulcanologista David Johnston, um cientista brilhante de apenas 30 anos de idade. De postura bastante proativa, ele logo passa a chefiar a equipe do departamento de geologia americano na área.
O vulcanologista Dave Johnston na véspera da erupção do Santa Helena, em posto de observação em frente à montanha, no estado de Washington, oeste dos Estados Unidos
A quantidade de tremores aumenta e uma pequena coluna de fumaça começa a aparecer no topo da montanha. Os cientistas são unânimes em recomendar evacuação geral, pelo menos para fora de um limite de segurança. O governador do estado resiste, afinal, são muitos interesses econômicos em jogo. A região tem forte apelo turístico, além de ser importante polo de exploração de madeira. Mas os tremores aumentam, a fumaça no topo fica mais espessa e o governador é obrigado a ceder. Quem não cede é o simpático e teimoso Harry Trumann. Ele se recusa terminantemente a ser “evacuado”. “Aqui vivi, aqui está minha esposa, esse é o meu mundo. Daqui não saio, daqui ninguém me tira!”. Ele, que já era a figura mais popular entre os frequentadores da região, agora ganha fama nacional. Figura constante nos noticiários televisivos cobrindo a história que se desenrolava.
O vulcão Santa Helena, no estado de Washington, oeste dos Estados Unidos
Os meses passam e os tremores continuam. Mas, o mais alarmante é um “caroço” que apareceu no lado norte da montanha. Ele cresce a uma razão de um metro e meio por dia. Para termos geológicos, isso é impressionante. Razão mais do que suficiente para manter a ordem de evacuação. Mas a opinião pública esta ansiosa e insatisfeita. De certa maneira, já se acostumaram com os tremores e acham que não vai passar disso. Além disso, milhares de moradores evacuados querem voltar, ou pelo menos ter a chance de recuperar bens em suas propriedades. Isso sem falar das dezenas de milhares de turistas que querem a chance de chegar um pouco mais perto para ver o vulcão de verdade. Aqueles mais ricos fretam pequenos aviões para sobrevoar a montanha. Uma companhia de cervejas chega a pousar um helicóptero no cume para filmar um comercial de TV.
Spirit Lake e a planície formada pela erupção de 1980 do vulcão Santa Helena, no estado de Washington, oeste dos Estados Unidos
Contra a opinião dos cientistas, o governador cede. No dia 17 de Maio, uma grande caravana de antigos moradores entra na zona de exclusão. Por algumas horas, elas podem ir até suas casas recuperar o que pudessem. Voltam desalentados. A cinza acumulada nos telhados está quase derrubando as casas. O que era verde, nos jardins e terrenos, está tudo cinza. Enfim, até eles começam a acreditar que algo vai mal. Enquanto isso, Harry Trumann recebe milhares de cartas de crianças de todo o país, pedindo que saia de lá. Mas continua irredutível. Ele e seus dezessete gatos ficariam no lodge que construiu com sua esposa.
As árvores mortas na erupção de 1980 formam um tapete macabro no Spirit lake, aos pés da montanha, no estado de Washington, oeste dos Estados Unidos
Os cientistas, meio irritados com a liberação para a entrada da caravana, continuam seu trabalho. Johnston é levado até o alto da montanha onde arrisca sua vida para coletar gases expelidos pelo vulcão. Ele é de uma geração de cientistas que acha que seu trabalho deve ser no campo, às vezes se arriscando, com o objetivo maior de salvar vidas dos civis. Ele sabe que hoje terá uma dupla jornada. Além da arriscada coleta dos gases, terá que substituir um aluno seu, Harry Glicken, no posto de observação montado em Coldwater, dez quilômetros ao norte do vulcão. Glicken permaneceu por lá por duas semanas e agora precisaria se ausentar por um período. Seu substituto imediato tinha um compromisso inadiável para esse domingo e pediu que Johnston o substituísse. O energético vulcanologista aceitou de bom grado. No final da tarde do dia 17, um colega de trabalho se despede dele, risonho, em seu trailer em Coldwater. Tira uma fotografia daquele momento e parte, deixando Johnston sozinho no posto de observação.
Uma névoa entre as árvores mortas torna o cenário ainda mais mágico, no caminho para o Mt. St. Helens, no estado de Washington, oeste dos Estados Unidos
O domingo amanhece esplendoroso. Uma nova caravana se forma numa pequena cidade ao norte do Santa Helena. Se não houver uma surpresa, às 10 da manhã mais algumas centenas de pessoas serão liberadas para entrar na zona de exclusão e recuperar seus pertences. Em Coldwater, Johnston já está de pé e reporta suas primeiras observações do dia ao escritório central, na cidade de Vancouver (não no Canadá, mas na fronteira entre Washington e Oregon!). Tudo estava bem e, melhor ainda, o tal gigantesco caroço que crescia na montanha parecia estar diminuindo seu ritmo de crescimento.
Algumas das fotos tiradas por Gary Rosenquist da erupção do Santa Helena, em 1980 (estado de Washington, oeste dos Estados Unidos)
São 8:32. No lado sul da montanha, uma equipe de park rangers sente um forte tremor. Com o rádio na mão e olhando para a coluna de fumaça no alto da montanha, o líder exclama: “This is a big one! We are evacuating, NOW!”. Eles estavam do lado certo da montanha. No lado leste do Santa Helena, a 30 milhas de distância, no cume do Mount Adams, dois alpinistas que escalaram a tempo de ver o nascer-do-sol assistem, estatelados, ao Santa Helena se desfazer numa grande nuvem de fumaça. Eles estavam na distância certa da montanha.
Alpinista assiste, estatelado e incrédulo, a erupção do vulcão Santa Hehena, no estado de Washington, nos EUA
Na mesma direção, mas muito mais perto do vulcão, quase no limite da zona de exclusão, estavam Gary Rosenquist e dois amigos. Tinham chegado até ali de carro e acampado pela noite. Pela manhã, esperavam ver o Santa Helena e a pequena coluna de fumaça que saía dele. Num dia de sol como aquele domingo, certamente teriam boas fotos. Rosenquist aponta a máquina e tira uma foto. Algo parece estranho, a imagem treme um pouco, parece sem foco. Ele olha para baixo e tentar mudar as regulagens. É quando ouve o grito do amigo. Olha para frente e começa a fotografar aquilo que vê, mas que não acreditar estar vendo. Um desabamento de proporções colossais. Metade da montanha parece deslizar sobre si mesma. Em seguida, uma gigantesca explosão por detrás do desabamento e uma espessa coluna de fumaça avança rapidamente para o norte. Em menos de quarenta segundos, ele tira vinte fotografias. Até perceberem que estavam, eles mesmos, em perigo. Correm para o carro a fogem em disparada. Não demora muito e o céu fica negro. Pedras começam a cair no capô e, em seguida, cinzas cobrem o parabrisas. Com muito cuidado, chegam à cidade mais próxima. Suas fotos, reveladas no dia seguinte, ajudarão os cientistas a entender melhor a tragédia.
Sequência de fotos da erupção do vulcão Santa Hehena, em Maio de 1980, no estado de Washington, nos EUA
E no lado norte da montanha? Ali, Johnston, a dez quilômetros da montanha, pode ver com os próprios olhos o gigantesco caroço desabar e iniciar um desabamento ainda maior, levando toda a face norte do Santa Helena. A caldeira de lavas, logo abaixo, entra em contato com o mundo exterior e explode instantaneamente. O processo é o mesmo de uma garrafa de champagne ou coca-cola. Quando tiramos a tampa, a diferença de pressão tira do equilíbrio os gases que estavam dissolvidos no líquido e eles se expandem rapidamente, de forma explosiva. A mais de 300 km/h, rochas e gases incandescentes chegam ao Spirit Lake. Harry Trumann e seus dezessete gatos morrem incinerados, antes de serem soterrados por milhões de toneladas de material. Hoje, jazem sob uma camada de 100 metros de terra, abaixo de outros 40 metros de água do Spirit Lake, que mudou de configuração após a erupção. O lago, assim que foi atingido pelo colossal desabamento, formou uma onda com 150 metros de altura que varreu todas as encostas ao seu redor, destruindo as florestas que já haviam sido atingidas pelos gases ferventes. Quando a água retornou ao lago, trouxe consigo dezenas de milhares de troncos que até hoje continuam por lá, testemunhas da tragédia de três décadas atrás.
Placa mostra como o vulcão Santa Helena perdeu mais de 400 metros de altura na grande erupção de 1980, no estado de Washington, oeste dos Estados Unidos
Tudo isso assistiu Johnston, nos poucos segundos mais fascinantes de sua vida. Sua mente treinada e científica observava os rápidos acontecimentos tentando entender tudo o que via. Após o susto inicial, correu para o rádio para dizer suas últimas célebres palavras: “Vancouver! Vancouver! This is it!” Já não tinha dúvidas que sua morte era iminente. Os dez quilômetros que o separavam da montanha foram cobertos pelas nuvens destruidoras em menos de dois minutos. Elas não tiveram nenhuma dificuldade em vencer o lago, os vales e a densa floresta de pinheiros para chegar em Coldwater.
A floresta de árvores mortas, chegando ao Mt. St. Helens, no estado de Washington, oeste dos Estados Unidos
Duas milhas adiante, no limite da zona de exclusão, o fotógrafo Reid Blackburn, da National Geographic, tirou as melhores fotos de sua vida. Profundo conhecedor daquela montanha que já havia subido várias vezes, ele havia se voluntariado para cobrir aquela história. Com terror, ele observou as nuvens assassinas engolfarem Coldwater. Correu para o seu carro e observou que a nuvem já quase o alcançava. Era inútil tentar ligar o veículo. Ele certificou-se que as janelas estavam bem fechadas. Ganhou com isso mais uns poucos segundos de vida. Tudo ficou escuro. Os vidros se estilhaçaram. Ele, sua máquina e suas fotos se perderam para sempre.
As árvores mortas na erupção de 1980 formam um tapete macabro no Spirit lake, aos pés da montanha, no estado de Washington, oeste dos Estados Unidos
Quem viu isso tudo foi o operador de rádio-amador Gerry Martin. Trabalhando como voluntário para o Serviço Nacional de Emergências, ele tinha seu posto cerca de 3 milhas ao norte de Coldwater. Conforme a tragédia foi se desenrolando em frente à seus olhos atentos, ele foi descrevendo o que via pelo rádio. Era esse o seu trabalho. Suas últimas palavras: “Gentleman, the camper and the car sitting over to the South of me is covered. It´s gonna get me too. I can´t get out of here”.
Por essas encostas, uma onda de 150 metros avançou, destruindo todas as árvores que aí existiam (estado de Washington, oeste dos Estados Unidos)
Prontamente, as equipes de socorro começam a trabalhar. Graças ao trabalho dos cientistas liderados por Johnston, poucas pessoas se encontravam perto da montanha. Pouco mais de cinquenta morrem. Poderiam ter sido milhares. Os pilotos de helicóptero que vinham voando sobre a região há semanas se impressionam com o tamanho da destruição. Eles simplesmente não reconhecem mais a paisagem abaixo. A montanha estava quatrocentos metros mais baixa. Spirit Lake tinha mudado de lugar, seu azul profundo substituído por um marrom acinzentado com cheiro de morte. Florestas desapareceram. Assim como vales e colinas. No seu lugar, uma paisagem lunar, sem vida. Seus pontos de referência simplesmente não mais existiam. A bordo dos helicópteros, o estudante Harry Glicken, aquele que havia ocupado Coldwater por duas semanas e saído na véspera, tomado de injusto sentimento de culpa, procurava desesperadamente seu antigo mestre. Johnston foi o primeiro dos dois únicos vulcanologistas americanos a morrer no cumprimento da profissão. O segundo, por ironia macabra do destino, seria exatamente o próprio Glicken, numa erupção vulcânica no Japão, onze anos mais tarde.
Floresta de milhares de árvores derrubada pela erupção do vulcão Santa Helena, no estado de Washington, nos EUA
Alheio a todos esses dramas pessoais, a quinze mil quilômetros de distância, um jovem garoto assistia ao noticiário pela TV, em Belo Horizonte, no Brasil. Com pouco mais de 10 anos de idade, o menino começava a se interessar pelos acontecimentos mundiais. A história do vulcão antes da erupção tinha perdido espaço no noticiário para a morte do Marechal Tito, na Iugoslávia e, principalmente, para a invasão da embaixada americana em Teerã, por estudantes radicais. Mas hoje, dia da erupção, foi o Santa Helena a principal notícia e assunto do Jornal Nacional, com suas grossas e espessas colunas de fumaça atingindo mais de vinte quilômetros de altura. As imagens de florestas inteiras derrubadas e rios carregando árvores e casas destruindo pontes pelo seu caminho também eram impressionantes. No dia seguinte, na escola, ele não teve dúvidas em dar um novo apelido ao menino mais forte da sala, dono de um incrível petardo de direita na hora de bater o tiro de meta, no futebol do recreio. O nome dele era Marcelo Vulcano. O novo apelido: Santa Helena. Felizmente, ele gostou da nova alcunha, senão “alguém” certamente teria sofrido as consequências por tal impertinência...
Mais de 30 anos depois, as árvores mortas pela erupção do Santa Helena continuam de pé (estado de Washington, oeste dos Estados Unidos)!
Trinta e dois anos mais tarde, chegou a hora daquele jovem garoto conhecer a área do vulcão que tinha visto pela TV, tanto tempo atrás e pelo qual arriscou levar um corretivo. Essa emocionante visita é assunto do próximo post...
Admirando o vulcão Santa Helena, no estado de Washington, oeste dos Estados Unidos
Uau!!! Parabéns pelo relato, me senti em 1980! huahauahuahu
Resposta:
Oi Sheila
Se vc se sentiu assim, então consegui o que eu queria ao escrever o relato! Joia!!!
Abs
Parabens Rodrigo pelo incrivel relato deste acontecimento espetacular e macabro. Acompanho vocês a quase dois anos ou desde os dias 260 de viagem pela América. Alucinante o seu relato!!! Seguindo vocês SIEMPRE!!!!
Resposta:
Olá Luiz
Puxa! Já nos acompanha há tanto tempo e ainda não enjoou? Vou tomar isso como um grande elogio, Hehehe! Vc pode ler também os posts do inicio da viagem, quando tiver tempo!
Essa passagem pelo St. Helena foi mesmo muito especial para mim e eu me esforcei em tentar fazer um post que refletisse isso. Que bom que vc gostou!
Um grande abraço
uau!
bjs, saudades
Resposta:
Olá, irmã querida
Muitas saudades também!!!
Fala, Rodrigo! Que relato, heim!!! Impressionante os dados e a sequência dos acontecimentos documentados. E vc ainda se lembra do fato quando do ocorrido em 1980. Eu recordava do Tito e da invasão da embaixada americana em Teerã, mas não da erupção do Santa Helena. Aliás, seus posts recheados de informações e emoções sobre erupções estão se tornando uma marca do 1000dias. Abraços, Guto
Resposta:
Oi Guto!!!
Pois é, pelo visto, eu tenho uma certa fixação por vulcões, hehehe
Então, eu me lembro bem dessa erupção. Talvez, por causa da história do meu colega, o Vulcano. Vc não se lembra dele? Uma vez, vc cruzou com ele no elevador do Loyola. Aí, de brincadeira, inchou o peito para parecer maior, com um olhar meio ameaçador para ele. O Vulcano, percebendo a brincadeira, se encolheu, fingindo-se ameaçado. Pelo menos, foi assim que vc me contou, na época, hehehe
Um grande abraço pra o grande brother
Impressionante história.
Resposta:
OI Mabel
Impressionante e emocionante!
E ver tudo de pertinho, onde realmente aconteceu, torna tudo ainda mais real!
Abs
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