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Hoje fomos passear em dois dos principais pontos do litoral norte potigua...
Hoje não teve desculpa(s): enfrentamos a Trilha do Bonete! E que belo pr...
Hoje, finalmente, criamos vergonha na cara e fomos fazer algo que sempre ...
Ana Christ (27/07)
Rodrigo, muito obrigada pelas dicas! Queria muito ficar 5 dias em Mamirau...
mabel (25/07)
Agora vi a maior colônia de pinguins!!! rsrsrsrs Sem palavras, são lind...
mabel (25/07)
Reynaldo (24/07)
Cara, muito legal seu post. com muitos detalhes. Vocês precisaram utiliz...
CARLOS DIOGNES (21/07)
Rodrigo e Ana, Obrigado pela resposta e prestimosa atenção. Então, eu...
Nossa casa na Punta del Diablo, no litoral do Uruguai
Na manhã de hoje, partimos de Cabo Polonio rumo ao norte, sempre em direção ao Brasil. Nosso compromisso é estar em Porto Alegre até o dia 27 de manhã, de onde embarcam meus pais, de avião, de volta a São Paulo. Isso nos dá, então, cinco dias mais. Fazendo nossas contas e considerando que queremos dirigir pela Praia do Cassino, já no Rio Grande do Sul, chegamos à conclusão que ainda tínhamos tempo para duas noites no Uruguai. Faltava decidir aonde, mas essa não foi uma decisão difícil. Afinal, já a menos de 50 quilômetros de distância da fronteira, está Punta del Diablo, provavelmente a praia uruguaia que ganhou mais fama nos últimos anos entre os viajantes descolados.
O Joca sob o portal que dá acesso á praia de La Esmeralda, entre Valizas e Punta del Diablo, no litoral do Uruguai
Tanta fama que nosso medo era não encontrar algum lugar decente para ficarmos por lá. Por isso, já bem próximos do nosso destino, resolvemos dar uma olhada em outra cidade, bem menos famosa. Com o simpático nome de La Esmeralda, essa praia era nosso plano B e fomos ver de perto para dar uma olhada nos hotéis e na praia. Se encontrássemos, poderíamos voltar mais tarde caso os hotéis em Punta del Diablo estivessem realmente lotados.
Serviço de entrega de leite em La Esmeralda, ao sul de Punta del Diablo, no litoral do Uruguai
Rodrigo e seu pai em sorveteria em La Esmeralda, cidade ao sul de Punta del Diablo, no litoral do Uruguai
A cidade é uma gracinha, bem tranquila mesmo. Olhamos a praia, pousadas e até paramos em uma suculenta sorveteria. Era mesmo um bom plano B, mas o que desejávamos mesmo era o Plano A. Então, de volta para a Fiona, para o norte e avante! Apenas 20 km depois e já entrávamos na atual estrela do litoral uruguaio. Sempre de olho nas opções de hospedagem, principalmente depois de ver com os próprios olhos o movimento da cidade.
Café da manhã na nossa casa em Punta del Diablo, no litoral do Uruguai
Café da manhã na nossa casa em Punta del Diablo, no litoral do Uruguai
Depois de meia hora procurando, as opções eram hotéis sem graça e mais baratos, longe da praia, e hotéis charmosos e bem caros, próximos da praia. As opções intermediárias estavam lotadas. Foi quando nos rendemos à enorme quantidade de anúncios de casas para alugar. Por que não? E aí, logo na primeira tentativa, achamos uma casa de três andares a um quarteirão da praia e com preço super em conta. Ele acomodaria umas 12 pessoas, mas o proprietário resolveu cobrar apenas de cinco. Então, resolvido, não só tínhamos um lugar para ficar, mas, muito melhor do que isso, tínhamos um lar em Punta del Diablo. Não demorou para percebermos que essa é a melhor alternativa na cidade, alugar casas ao invés de hospedar-se em pousadas. Muito mais oferta, quantidade e qualidade!
O Joca acena de sua janela na nossa casa na Punta del Diablo, no litoral do Uruguai
Jantar caseiro na nossa casinha na Punta del Diablo, no litoral do Uruguai
Depois de nos instalarmos, o próximo passo foi nos abastecer de víveres. Sem problema, tinha padaria, mercado e quitanda ali do lado. Assim, compramos frutas, iogurte, massa, temperos e bebidas. Nossa casa estava abastecida e nosso “acampamento” seria de alto nível!
Registrando nossa café da manhã em nossa casa na Punta del Diablo, no litoral do Uruguai
Café da manhã em nossa casa em Punta del Diablo, no litoral do Uruguai
E assim foi, pelos próximos dois dias, até partirmos. Jantares e cafés da manhã em casa, almoço na rua. A Fiona tinha até uma garagem, nós tínhamos um jardim e uma vista linda das nossas janelas, no 2º e 3º andares da casa, diretamente para o oceano onde nasce o sol. No 1º andar, nossa sala de jantar. Na varanda, a churrasqueira e nosso espaço para café da manhã. Que hotel que nada, casa própria é muito melhor!
Kombi de viajantes instalada estrategicamente em falésia na Punta del Diablo, no litoral do Uruguai. Todos os dias, acordam com esse espetáculo!
Agora, para quem quiser uma opção ainda mais barata e mais perto da praia (com alguns confortos a mesmo, claro!), logo ali do nosso lado tinha uma Kombi de viajantes muito bem instalada. Estacionada sobre uma falésia, o sol nascia na sua cara. Um verdadeiro espetáculo a cada manhã, o mar aos seus pés, a padaria logo atrás e o sol a lhe dar bom dia. Banho? De mar, oras! Prefere água doce? Bem... aí, é só alugar uma casinha como a nossa!
A Ana com a Ixa em frente à nossa casa em Punta del Diablo, no litoral do Uruguai
Praia em Key West
Madrugamos hoje, para dar conta do recado e da extensa programação. Às cinco estávamos de pé e às seis pegando estrada (que, na verdade, era mais uma avenida, cheia de irritantes semáforos). Nosso objetivo era chegar em Key Largo às 07:30 para mergulhar com a Ocean Divers por lá. Como tínhamos perdido o horário no dia anterior para fazer a reserva, tínhamos de chegar assim que a loja abrisse, para garantir um lugar no barco.
Key Largo é a primeira das Keys, uma sequência de ilhotas ao sul da Flórida que avançam pelo Mar do Caribe, formando a terceira maior barreira de corais do mundo (depois da australiana e da de Belize). Já foram cenário de vários filmes americanos. Uma das coisas que as faz famosas é exatamente a estrada que as liga ao continente, ponte por ponte, sempre cruzando o lindo mar esmeralda logo abaixo. Coisa de americano! Fiquei imaginando que se eles conquistassem o Brasil, logo fariam uma estrada ligando Paranaguá à Ilha do Mel e de lá para a Ilha das Peças, Superagui, Ilha do Cardoso, Ilha Cumprida e de volta para o continente. Uffff, prefiro do jeito que é hoje! Mas, aqui nas Keys, não posso reclamar não. A estrada (depois de uns 30 km de avenida irritante cheia de semáforos, a US-1 vira mesmo uma estrada) é linda, super cênica. Uma atração em si mesma.
Estrada para Key West
Pois bem, a estrada fica bonita mesmo depois de Key Largo, no trecho que vai até a última e mais famosa das Keys, Key West. Mas isso, só vimos de tarde. Lá em Key Largo conseguimos entrar no barco da Ocean Divers, que parece ser a principal operadora do local. O mergulho principal da manhã foi no Duane. Na velocíssima lancha da operadora, em meia hora já estávamos no local do mergulho. Eu e a Ana ainda nos batíamos com o equipamento recém comprado, ainda não batizado. Entre configurá-los para um mergulho recreacional, ajustá-los ao nosso tamanho e a Ana lutar contra o enjôo do barco, todos os outros mergulhadores já tinham pulado do barco e só restava a gente lá em cima. Na verdade, nós e o Marcos, o dive master que descobrimos ser meio brasileiro. Ele nos ajudou bastante e, mesmo atrasados, saltamos também para o nosso mergulho inicial da viagem.
O mergulho, depois de alguns minutos para nos ajustarmos, agora em baixo d'água, ao nosso equipamento e à corrente, foi muito jóia. É um enorme naufrágio artificial, perto dos 40 m de profundidade. A visibilidade devia ser de uns 25 m, talvez. Com tão poucos mergulhadores no local, e num barco tão grande, acabamos fazendo nosso mergulho totalmente sozinhos. E assim, vamos nos acostumando a nossa nova realidade: mergulhos sem guias. O naufrágio tem muitos peixes, mas o mais legal são as diversas penetrações possíveis. Numa delas, o ponto alto do mergulho: eu vinha atrás da Ana e ela passou sem olhar para o lado, num quarto mais escuro. Quando eu passei, apontei a lanterna e vi um monstro: um enorme Mero de mais de 200 kg, dentro de um quartinho 3x3. Visão incrível! Ele ficou lá, me olhando, meio paradão, como geralmente ficam os Meros. Chamei rapidamente a Ana para ver, mas não entrei no quarto não. Fiquei meio cabreiro com a possível reação dele. Já vi outros Meros grandes em Noronha, mas de tão perto e num espaço tão pequeno, foi a primeira vez. Valeu o mergulho!
O segundo mergulho foi de "desintoxicação", num recife rasinho. Agora, bem mais senhores dos equipamentos e da situação, aproveitamos bem o que parecia ser uma visita a um aquário.
De volta a Key Largo, após confabularmos, decidimos deixar nossas coisas num típíco hotel americano de estrada, desses que aparecem em tantos filmes e seguir para o fim das Keys, Key West. Um longa e linda viagem de 2 horas voando sobre o oceano. Seria corrido, afinal teríamos de voltar no mesmo dia, mas estávamos tão perto desse cenário maravilhoso que tínhamos de ir. Depois de tantos dias trabalhando dentro de um apartamento, decidimos que era bom para desenferrujar!
Bar na praia, em Key West
Passamos um fim de tarde bem gostoso numa prainha tranquila, bebericando num bar cheio de figuras engraçadas e interessantes, a começar pelo casal que tocava no bar. Tenho a impressão que Key West é um centro para americanos alternativos. E também para aqueles que querem uma boa vida, na cidade mais tropícal que o país deles oferece. Na hora do pôr-do-sol, resolvemos ir para o lado oeste da ilha. Já idealizei um cenário idílico, só eu, a Ana, a praia de areias brancas, o mar verde esmeralda e um coqueiro solitário. Doce ilusão. A torcida do Flamengo e a do Corinthias pensaram a mesma coisa. O centro comercial de Key West está nesta parte da ilha. São dezenas e dezenas de barzinhos sempre lotados, com música ao vivo e turistas de todas as partes. Plena quarta-feira e tudo lotado. Acho que é a vida normal da cidade. E na hora do pôr-do-sol, todos se dirigem aos piers estrategicamente construidos para este evento diário. Com estrutura para receber shows, artistas performáticos e turistas ávidos para consumir. Enfim, não foi o cenário que imaginei, mas foi bem legal. O clima é ótimo, de festa, todo mundo feliz. O pôr-do-sol é aplaudido de pé e acompanhado por toda sorte de shows, de jazz a pirofagia, de mágicos a palhaços, de dança à pura reflexão. Não poderia ter uma vibração melhor.
Pôr-do-Sol em Key West
Logo após o pôr-do-sol e após passearmos na praça dos shows, fomos disputar um lugar num dos incontáveis restaurantes. Todos servidos com a já comentada eficiência capitalista americana. Bem alimentados, enfrentamos mais 2 horas de volta para Key Largo para mais um mergulho, dessa vez no rei dos naufrágios, o Spiegel Grove.
A menina e o mar, na Praia do Sono, em Parati - RJ
As praias mais famosas da região de Parati são Laranjeiras e Trindade. Ambas belíssimas, cada uma à sua maneira. As duas estão a uns 20 km de distância do centro histórico, na direção de São Paulo. Descobertas para o turismo a cerca de 30 anos, cada uma seguiu um caminho diferente mas, ao mesmo tempo, as duas perderam parte do encanto inicial que as caracterizava.
Chegando na Praia do Sono, em Parati - RJ
Laranjeiras tornou-se uma praia fechada, quase particular. Um condomínio de gente muito bacana, mais paulistas que cariocas, que costumam chegar em seus carrões e mesmo helicópteros, diretamente para suas belas casas ou barcos chiques, ancorados na marina particular. O acesso por terra é fechado e o acesso por barco é "dificultado". Mas, como diz a lei, a praia é pública. Pelo menos até onde vai a fina faixa de areia. A pequena baía continua linda, apesar das obras de engenharia que mudaram a estrutura da praia, para garantir um pouso seguro para os barcos. As casas e os jardins do condomínio são de muito bom gosto e um deleite visual para quem pode visitá-lo.
Fim da pirambeira entre as praias do Sono e do Antigo, em Parati - RJ
Trindade foi a meca dos "descolados" no início da década de 80. Era de difícil acesso, por uma estrada de terra que em tempos de chuva ficava quase intrafegável. Tempos idos e passados, hoje uma estrada de asfalto a liga à Rio-Santos e ela está ao alcance de todos. Urbanizou-se. Continua bela, mas perdeu o charme e qualquer senso de aventura.
Praia do Antiguinho, em Parati - RJ
Mas, para felicidade dos aventureiros, "apareceu" uma bela alternativa: a Praia do Sono, que não deve nada à Trindade dos anos 80. O acesso é por trilha (ou barco), à partir da parte "pobre" de Laranjeiras, que é onde está uma vila onde moram boa parte dos funcionários da Laranjeiras "rica". Pouco mais de uma hora de caminhada, quase sempre na sombra, nos levam a essa praiona de águas claras, linda. Ali existe uma comunidade que me lembrou bastante o Bonete, na Ilha Bela. Há restaurantes e campings.
Pensativo, na Praia do Antiguinho, em Parati - RJ
Para quem quer ainda mais sossego, basta seguir em frente. É só subir um morro (uma pirambeira!) e descer do lado de lá que chegamos à belíssima Praia do Antigo. Sinal de civilização, só as pegadas na areia. Cinco minutos mais nos levam a Praia do Antiguinho, com a água mais limpa ainda, se é que isso é possível.
Final de tarde na Praia do Sono, em Parati - RJ, com a Jane e o Fergal
Foi esse o passeio que fiz com a Ana hoje. Junto comos amigos Fergal e Jane, fomos de carro para Laranjeiras e seguimos à pé para a Praia do Sono. Lá, os dois ficaram e eu e a Ana seguimos para o Antigo e depois para o Antiguinho. Voltamos para o Sono e, de barco agora, voltamos todos para Laranjeiras. Assim que chegamos ao cais, um carro da segurança "gentilmente" nos dá "carona" para fora do condomínio. Aí, uma corrida de pouco mais de um quilômetro me leva até à Fiona e voltamos juntos para Parati.
Na pontinha da Praia do Antigo, em Parati - RJ
Um dia gostoso, saldável, com muito sol e água. Interessante também foi cruzar e socializar com dois casais que encontramos na Praia do Antigo. Vinham caminhando, com mochilas e barracas, desde o Pouso da Cajaíba, nosso próximo destino aqui nessa região. Um casal de capixabas e outro de catalães de Barcelona. Ambos maravilhados com a beleza das praias e das trilhas da região. Gente descolada, aventureira, de bem com a vida! Até demos carona para os espanhóis mais tarde, de Laranjeiras para a rodoviária de Parati, de onde voltariam para São Paulo e para Barcelona.
Nas águas verde-transparentes da Praia do Antiguinho, em Parati - RJ
Foi muito legal para nós praticar inglês e espanhol nas praias paradisíacas aqui de Parati. Um luxo! A versatilidade linguística da minha querida esposa, que transitava entre as três línguas com a maior tranquilidade é admirável. Ganhou muitos elogios, tanto do Fergal e Jane como do Xavier. Muito chique, a minha linda!
Chegando a Achao, pequena cidade em isla Quinchao, no arquipélago de Chiloé, no sul do Chile
A população de Chiloé é de pouco mais de 160 mil habitantes. Desses, cerca da metade vive nas duas maiores cidades da ilha, Castro e Ancud, cada uma delas com aproximadamente 40 mil pessoas. As outras 80 mil pessoas se espalham por dezenas de pequenos povoados e centenas propriedades rurais, não só na própria ilha de Chiloé, mas em muitas outras, bem menores, que também compõe o arquipélago.
Praia concorrida em Isla Quichao, ao lado da ilha de Chiloé, no sul do Chile
Chiloé, na verdade, é o nome de um arquipélago cuja maior ilha é a Isla Grande de Chiloé. A segunda maior é a Isla Quinchao, que visitamos hoje
Isso mesmo, o nome “Chiloé” se refere, na verdade, a um arquipélago de ilhas. Dessas, a maior disparada é a Isla Grande de Chiloé. Aí estão 8.400 km2 dos pouco mais de 9.100 km2 da área total do arquipélago. Nela estão Ancud, Castro, Quellón e quase todas as cidades e povoados de maior importância do arquipélago. Quase todas as outras ilhas estão ao longo da costa leste da Isla Grande, entre ela e o continente. Formam um emaranhado de canais que têm sua origem nas eras glaciais, quando gigantescas geleiras vindas do alto dos Andes chegavam até aqui e abriam caminho entre o relevo. Com o retrocesso do gelo, o mar ocupou seu espaço e várias ilhas foram formadas. Várias delas são habitadas desde a época pré-colonial e hoje formam importante parte do acervo cultural e turístico do arquipélago.
Percorrendo as estradas de Isla Quinchao, uma pequena ilha do arquipélago de Chiloé, no sul do Chile
Mapa aproximado do nosso roteiro entre Ancud e Castro, passando por diversas vilas e igrejas no caminho e até na ilha de Quinchao, com a ajuda de um ferry!
Hoje nós viajamos entre as duas “metrópoles” do arquipélago, Ancud e Castro. Uma estrada de asfalto de 80 quilômetros liga as duas cidades, mas não foi esse o caminho que fizemos. As mais belas paisagens e atrações turísticas de Chiloé não estão nas duas cidades e nem ao longo da estrada que as liga. Estão no interior, nos pequenos povoados e também nas pequenas ilhas do arquipélago. É aí que se encontram as igrejas que fizeram a fama internacional de Chiloé, muitas das quais declaradas Patrimônio Mundial Cultural pela UNESCO.
Venda de mariscos no mercado de Quemchi, na costa leste da ilha de Chiloé, no sul do Chile
Venda de ouriços no mercado de Quemchi, na costa leste da ilha de Chiloé, no sul do Chile
Vou falar das igrejas em outro post, mas não são só elas que fazem a beleza do interior do arquipélago. Há mercados típicos, festas tradicionais, ilhas pitorescas, praias com enormes variações de marés, a arquitetura típica das palafitas e a paisagem de tirar o fôlego. Da costa de Chiloé se enxerga a cordilheira andina do outro lado do mar, lá nos Andes, com seus picos nevados e vulcões em forma de cone, quase como se tivessem sido desenhados no horizonte, especialmente em dias de céu azul como tivemos hoje.
Venda de algas no mercado de Quemchi, na costa leste da ilha de Chiloé, no sul do Chile
Criação de salmões na região de Quemchi, na costa leste da ilha de Chiloé, no sul do Chile
Fugindo da estrada principal, nós percorremos um emaranhado de estradas secundárias e rurais, muitas das quais nem aparecem no mapa do Google. Percorremos a chamada “Rota das igrejas”, buscando ver o maior número delas. Descemos ao longo da costa leste, a cordilheira andina do outro lado do mar sempre servindo como um referencial. Aproveitamos também para conhecer uma das ilhas do arquipélago, justamente a maior delas, depois da Isla Grande. Era a que tinha mais fácil acesso, um curta travessia de balsa nos levando para sua própria rede de estradas rurais, mais igrejas, mais praias, mais imagens bucólicas.
De Quemchi, na costa leste da ilha de Chiloé, é possível ver um dos vulcões do sul do Chile
A maré seca deixa os barcos na areia em Dalcahue, na costa leste da ilha de Chiloé, no sul do Chile
Nós começamos nossa rota seguindo, sempre pelas estradas menores, para o povoado de Quemchi, já na costa leste. Além da belíssima igreja de Colo, uma daquelas declaradas Patrimonio Mundial, a pequena cidade tem um agitado mercado de frutos do mar. Para quem gosta de mariscos frescos, ouriços e até algas, é o paraíso. Com um mar azul tão lindo bem em frente, não é de se estranhar que a cidade viva em função dele. Como quase todas as cidades dessa parte do Chile, as salmoneiras são muito comuns ao longo da costa. Do outro lado do canal, já no continente, as montanhas nevadas dos Andes capturam a nossa atenção. Foi a primeira vez que as vimos desde Chiloé e sua visão no horizonte nos acompanharia o resto do dia.
A maré seca deixa os barcos na areia em Dalcahue, na costa leste da ilha de Chiloé, no sul do Chile
Casa sobre palafitas, própria para as grandes variações de maré em Dalcahue, na costa leste da ilha de Chiloé, no sul do Chile
Daí seguimos para o sul, até a pequena cidade de Tenaún. Aqui se dá a maior maré da costa leste de Chiloé e o mar se afasta centenas de metros. Quando chegamos, dezenas de barcos repousavam tranquilamente sobre a areia das praias, apenas esperando que as águas do mar retornassem. A arquitetura das casas também se adaptou a este regime e elas são construídas sobre palafitas. Assim, enquanto na maré baixa parece haver espaço para mais um andar embaixo das casas, na maré alta a água do mar quase bate em suas portas.
Passeando no movimentado mercado de Dalcahue, na costa leste da ilha de Chiloé, no sul do Chile
Passeando no movimentado mercado de Dalcahue, na costa leste da ilha de Chiloé, no sul do Chile
De Tenaún saem os barcos que fazem a ligação com as ilhas Chauques, umas das mais interessantes do arquipélago de Chiloé. Elas formam uma espécie de Chiloé em miniatura, uma ótima oportunidade de se conhecer os vários aspectos da cultura e paisagem chilotas a pé, em um ou dois dias. A única dificuldade é chegar até elas. Não há barcos todos os dias e eles não levam carros. São seis ilhas “permanentes”. Quando a maré enche, o mar acaba separando algumas delas em ilhas ainda menores. Nós só pudemos vê-las de longe dessa vez e elas são um ótimo motivo para, algum dia, voltarmos para cá para conhecermos a “Chiloé de Chiloé”, como são, às vezes, chamadas.
Negociando preços no mercado de Dalcahue, na costa leste da ilha de Chiloé, no sul do Chile
Passeando no movimentado mercado de Dalcahue, na costa leste da ilha de Chiloé, no sul do Chile
Seguimos viagem e, muitos quilômetros e igrejas depois, chegamos a Dalcahue. A cidade com 5 mil habitantes é conhecida pelo seu mercado de artesanato e seus restaurantes beira-mar. Nós passamos quase uma hora nesse mercado, não só observando, mas também negociando e comprando. Já tão pertos do retorno ao Brasil, comprar umas lembranças para familiares nos pareceu uma ótima ideia por ali.
Passeando no movimentado mercado de Dalcahue, na costa leste da ilha de Chiloé, no sul do Chile
Chegando a Achao, pequena cidade em isla Quinchao, no arquipélago de Chiloé, no sul do Chile
De Dalcahue é possível tomar uma balsa para a Isla Quinchao, a segunda maior do arquipélago. Tem cerca de 120 km2, vários pequenos povoados interessantes e, claro, muitas igrejas históricas. A balsa demora apenas 5 minutos para atravessar os 750 metros de distância do canal que separa as duas ilhas. Dessa vez, não perdemos a chance de conhecer mais uma ilha do arquipélago e para lá seguimos de Fiona.
Criação de ovelhas em Isla Quinchao, uma des pequenas ilhas do arquipélago de Chiloé, no sul do Chile
Chegando a Achao, pequena cidade em isla Quinchao, no arquipélago de Chiloé, no sul do Chile
Rapidamente, já estávamos explorando suas estradas e paisagens bucólicas. Aí estão os povoados de Curaco de Velez, Achao e Quinchao, cada um com sua igreja. Se o clima já é tranquilo na Isla Grande, por aqui parece que o tempo não anda ou, se anda, é num ritmo bem diferente daquele que conhecemos. Ovelhas pastam tranquilamente nos campos verdes enquanto pessoas descansam na parta e janelas de casa, apenas vendo a vida passar. Ao longe, cada vez mais belos, os picos nevados e até um enorme vulcão parecem nos observar. Na praia,, as águas se afastam, mas uma família que aí descansa e brinca não se preocupa em segui-las, pois sabe que em breve voltarão.
A cordilheira dos Andes vista de Isla Quinchao, no arquipélago de Chiloé, no sul do Chile
Do outro lado do mar, mais um dos vulcões do sul do Chile (em Isla Quinchao, uma das ilhas do arquipélago de Chiloé)
Nossa vontade também foi ficar ali e ver a vida passar, bem devagar. Fizemos isso o quanto pudemos, mas tínhamos de continuar a viagem de hoje. Assim, dirigimos de volta para o porto e tomamos a balsa novamente para Dalcahue. Agora, já estávamos bem perto do destino final de hoje, a capital de Chiloé, Castro, mas ao chegar à estrada principal, tomamos o rumo norte ao invés do sul. O objetivo era a pequena Pid Pid.
Horário de maré seca em Isla Quinchao, pequena ilha do arquipélago de Chiloé, no sul do Chile
Criação de salmões em Isla Quinchao, uma das ilhas do arquipélago de Chiloé, no sul do Chile
É claro que havia mais uma pequena igreja por ali, mas estávamos mesmo procurando era uma festa “costumbrista”, ou tradicional. Há um calendário dessas festas pela ilha e hoje haveria uma em Pid Pid. Parecia uma espécie de festa junina, todos com roupas típicas rurais, muita comida e cerveja, grandes mesas para socialização e espaço para música e dança. No alto de uma colina, o melhor de tudo era a vista que tínhamos lá de cima, Castro para o sul e as montanhas nevadas para o leste, bem longe.
Palafitas, arquitetura típica da ilha de Chiloé, no sul do Chile
Chegando a festa típica em Pid Pid, ao norte de Castro, na ilha de Chiloé, no sul do Chile
Depois de comermos um pouco e tirarmos nossas fotos, o dia já quase terminando, achamos melhor seguir para Castro. Ainda tínhamos de encontrar alguma pousada para lá e a cidade é muito concorrida nessa época do ano. Além disso, a vontade de conhecer a capital do arquipélago não tinha apenas algumas horas ou poucos dias, mas 22 anos, desde que estive em Chiloé no início da década de 90. Era chagada a hora!
Festa típica em Pid Pid, ao norte de Castro, na ilha de Chiloé, no sul do Chile
De cara limpa após sessão em barbearia de Fredericksburg, no Texas, nos Estados Unidos
No início das nossas viagens pelos Estados Unidos, em Abril do ano passado, passamos rapidamente pelo Texas, o maior estado americano depois do Alaska. Foi uma passagem rápida, de raspão, lá pela ponta norte. Já contava nas nossas estatísticas, mas na prática, nem valia. Só tínhamos visto o estado pelas janelas da Fiona. Agora, chegou a hora de olhar um pouco mais de perto e com mais calma. Escolhemos o Texas para ser nosso último estado nessa passagem pelo Tio Sam. Daqui, bye bye, voltamos para o México e para o mundo latino.
Entardecer nas intermináveis planícies do Texas, nos Estados Unidos
O que lembrávamos daquela rápida passagem eram as intermináveis planícies e as longas retas na estrada. Assim, não foi difícil reconhecer o estado assim que entramos nele, as mesmas retas infinitas. Uma curiosidade: pelos mais de quarenta estados que passamos por no país, é aqui que o limite de velocidade é o mais alto. São 80 milhas, praticamente 130 quilômetros por hora. Jogue encima disso aquelas 10 milhas que os guardas dão de folga e podemos voar por aqui. Acho que é a maneira que encontraram para as retas passarem mais rápido...
Igreja de Fredericksburg, cidade de origem germânica no Texas, nos Estados Unidos
Nossa viagem era até Austin, a capital do estado. Mas no caminho, paramos também em Fredericksburg, a cidade que nos pareceu mais interessante na nossa rota. Apesar dos 1000dias serem “apenas” nas Américas, a gente se sente bem perto da Europa também, quase como se ela fizesse parte do caminho. Afinal, Portugal está presente no Brasil e a Espanha em toda a América Latina. A Inglaterra está em várias ilhas do Caribe além, é claro, de EUA e Canadá. A França também se faz presente no Caribe, na nossa vizinha Guiana Francesa, e em parte do Canadá. Aliás, no Caribe também estão presentes dinamarqueses e suecos (pouca gente sabe disso...), sem esquecer dos holandeses (Suriname e ilhotas do Caribe). Enfim, praticamente toda a Europa ocidental. Dos grandes países, faltam Itália e Alemanha.
A influência alemã continua forte em Fredericksburg, cidade de origem germânica no Texas, nos Estados Unidos
Faltam mesmo? Nem tanto. Italianos são tem muito bom gosto e sabem viver a vida. São donos de centenas de pousadas espalhadas em paraísos ao longo da costa do continente. Desde Jericoacoara ou Búzios até o México e Caribe. Sem falar dos restaurantes, que estão presentes em todo o continente. E os alemães? Bem, esses não têm muitos restaurantes ou pousadas. Mas eles fundam cidades inteiras! Em lugares insólitos como o interior do Brasil (Blumenau), do Chile, do Paraguay (Filadelfia) e também do Texas!
Uma deliciosa padaria alemã em Fredericksburg, cidade de origem germânica no Texas, nos Estados Unidos
O nome da cidade é uma homenagem ao famoso príncipe da Prússia e ela foi fundada e colonizada por alemães que fugiam das convulsões sociais que atormentavam a sua terra natal no meio do século XIX. Por aqui, mantiveram seus costumes, arquitetura e comida. Até a língua foi mantida, pelo menos durante as primeiras gerações. Hoje, caminhando pela cidade, é fácil ver sinais escritos em alemão, além de boas padarias, deliciosos apfel strudels e igrejas que parecem saídas da Baviera. Foi uma excelente ideia ter parado por lá e nossos estômagos agradecem!
Luta contra o controle de armas em Fredericksburg, cidade de origem germânica no Texas, nos Estados Unidos
Além disso, o que vimos também foi uma tradicional barbearia. Justamente o que eu estava procurando faz tempo. O simpático descendente direto de alemães, ainda com seu sotaque característico, me deixou de cara limpa, enquanto a Ana se divertia com os cartazes espalhados pela loja que defendiam o direito de carregar armas. Essa é uma questão sensível aqui no Texas, um estado conservador. Com a exceção de Austin, que parece ser de outro estado, apesar de ser a capital do Texas, um plebiscito aqui certamente teria como resultado a total liberdade de portar armas. Uma cultura que vem desde a época da guerra de independência do México. Todos assuntos muito interessantes que certamente tratarei nos posts durante a nossa estadia por aqui. Por hora, de cara limpa e cabeça leve, rumo à Austin!
Pronto para fazer barba e cabelo em barbearia tradicional de Fredericksburg, no Texas, nos Estados Unidos
A magnífica paisagem da estação de esqui de Portillo, próximo ao Paso Cristo Redentor, entre Argentina e Chile
Saímos hoje de Santiago rumo a Mendoza, na Argentina. No caminho, uma parada importante: a famosa estação de esqui de Portillo, já bem perto da fronteira, a quase 3 mil metros de altitude nos Andes, sonho de muitos brasileiros e cidadãos de outros continentes, principalmente na temporada de inverno.
O hotel e a estação de esqui foram abertos ao público em 1949, a exatos 2.880 metros de altitude. Mas os teleféricos aí instalados levam os esquiadores bem mais alto, até os 3.300 metros. Daí, eles podem esquiar quase 800 metros para baixo, até os 2.550 metros, de onde um teleférico os leva de volta ao hotel ou ao alto da pista novamente.
Rumo ao Paso Cristo Redentor, sobre os Andes, entre Santiago (Chile) e Mendoza (Argentina)
O famoso hotel da estação de esqui de Portillo, próximo ao Paso Cristo Redentor, entre Argentina e Chile
A estação de Portillo ganhou fama internacional depois que foi sede de um campeonato mundial em 1966. Desde então, tornou-se um dos locais prediletos para treinos de diversas equipes de países do hemisfério norte, principalmente quando é verão por lá e inverno por aqui. Entre os fregueses costumeiros estão equipes dos Estados Unidos, Áustria e Itália.
Cadeirinhas desligadas na estação de esqui de Portillo, próximo ao Paso Cristo Redentor, entre Argentina e Chile
Agora, em plena primavera, a estação de esqui está fechada. Mesmo assim, parar por aqui é um colírio para os olhos. O hotel fica ao lado da Laguna del Inca, um lago alpino espremido entre várias montanhas cobertas de neve. É uma paisagem magnífica, um verdadeiro colírio para os olhos. Para quem se hospeda no hotel, pode até tomar banho de piscina aquecida no meio de todo esse visual. Para quem não é hóspede, a opção é comer no restaurante, que também tem suas janelas voltadas para esta paisagem deslumbrante. E se você não quiser ver as montanhas, pode ver os diversos quadros que adornam as paredes, mostrando todos os esquiadores famosos que já passaram por aqui.
A magnífica paisagem da estação de esqui de Portillo, próximo ao Paso Cristo Redentor, entre Argentina e Chile
A gente foi só conhecer o lugar, mas não comemos. Preferimos nos divertir com o enorme São Bernardo que recepciona os visitantes. Nesta época do ano, ele deve achar o movimento meio caído e fica fazendo cara de enfadado. Mas que é um cão que combina com aquela paisagem, isso ele é!
A magnífica paisagem da estação de esqui de Portillo, próximo ao Paso Cristo Redentor, entre Argentina e Chile
Bom, depois da nossa parada em Portillo (o hotel fica na beira da estrada!), seguimos mais uns poucos quilômetros e passamos pela aduana chilena. Nem precisamos nos deter ali, pois toda a aduana e burocracia, chilena e argentina, é feita do lado de lá, dentro de um acordo entre os dois países. Seguimos adiante, subimos mais um pouco até que, aos 3.200 metros, chegamos à fronteira propriamente dita, o Paso Cristo Redentor, também conhecido como Paso Los Libertadores.
Piscina do hotel da estação de esqui de Portillo, próximo ao Paso Cristo Redentor, entre Argentina e Chile
A curiosidade é que essa fronteira está dentro de um túnel com cerca de 3 quilômetros de extensão. Entramos no Chile e saímos na Argentina, assim, num passe de mágica. Essa é a fronteira mais utilizada entre os dois países, sempre com muito tráfego pesado, caminhões e ônibus. Do lado chileno, temos de vencer uma verdadeira ladeira inclinada, muitas idas e voltas num ziguezague interminável. Na verdade, termina sim, são pouco mais de 30 voltas no tal caracol que serpenteia montanha acima. Já no lado argentino, a descida é bem mais suave.
Algumas das equipes de esqui internacionais que já se hospedaram e treinaram na estação de esqui de Portillo, próximo ao Paso Cristo Redentor, entre Argentina e Chile
Mas não foi sempre assim. O túnel foi inaugurado em 1980 e, antes dele, a estrada subia muito mais alto, até os 3.800 metros, com mais 65 voltas no ziguezague. Lá encima estava (e continua lá!) uma estátua do Cristo Redentor, com 7 metros de altura sobre um pedestal com outros 6 metros. Daí vem o nome dessa importante ligação entre os dois países.
A Ana com o cão São Bernardo que é o mascote da estação de esqui de Portillo, próximo ao Paso Cristo Redentor, entre Argentina e Chile
Foi por aí que passaram as tropas do general argentino San Martin em 1817, na campanha militar que liberou o Chile do jugo espanhol. Essa estrada foi solenemente inaugurada em 1904, uma celebração entre os dois países que, pouco tempo antes, quase chegaram à guerra por questões fronteiriças. Ao invés da guerra, veio e paz e, com ela, essa estrada por onde já transitaram milhões de pessoas entre os dois países vizinhos, Primeiro, lá por cima, ao lado da estátua. Mais tarde, pelo túnel, por onde passamos eu, a Ana e a Fiona hoje, de volta ao país dos hermanos que tanto amamos! Começa mais uma etapa dos nossos 1000dias!
Chegando à fronteira entre Chile e Argentina no Paso Cristo Redentor, na estrada que liga Santiago a Mendoza
Igreja matriz em Natividade - TO
A ocupação de Tocantins iniciou-se, assim como várias outras regiões do país, com a busca pelo ouro. Na segunda metade do séc. XVIII, o vil metal foi descoberto nas serras no entorno do que é hoje a cidade de Natividade. Uma "corrida" se seguiu e, ao longo das próximas décadas, cerca de 40 mil escravos foram levados para lá, para trabalhar nas atividades de mineração. Foi um ciclo relativamente rápido, mas que deixou para trás a mais antiga cidade do estado que, ainda hoje, no seu centro histórico, preserva uma belo casario antigo, ainda com ar colonial.
A tranquila praça central de Natividade - TO
Nós chegamos na cidade no final da tarde, vindos de Taquaruçu. Instalamo-nos no hotel Serra Geral e corremos para passear no centro ainda com luz natural. A sensação foi a de se estar numa das antigas cidades mineiras ou baianas, exceto por uma tranquilidade ainda maior. Nas ruas centrais, o casario ainda está bem conservado (pelo menos nas fachadas!). Construída no pé da serra, o visual das casas antigas com as montanhas ao fundo é muito cativante.
Passeando em Natividade - TO
Uma das mais antigas construções é a igreja inacabada de Nossa Senhora dos Pretos. É aquela que existe em quase todas as cidades coloniais brasileiras, uma igreja construída por escravos e negros libertos para poderem, eles também, realizarem seus cultos, já que não eram aceitos em outras igrejas, as dos "brancos". Confesso que isso sempre me intriga: como é que eles tão devotamente abraçaram uma fé que, de maneira geral, os relegava? Aparentemente, a resposta é que era somente ali que tinham espaço para escapar, por alguns momentos que fossem, da dura e cruel vida que levavam. Pelo menos no mundo espiritual poderiam ter esperanças... E a única saída para o mundo espiritual que lhes era permitido professar era a fé católica.
A igreja incompleta de Nossa Senhora dos Pretos, em Natividade - TO
Hoje, felizmente, o mundo não é tão cruel. Para escapar um pouco das agruras diárias, as pessoas podem, por exemplo, tomar um refrescante banho de rio. Em Natividade, as pessoas vão para os "poções", piscinas naturais a um quilômetro do centro. Foi nossa última atividade do dia, admirar esses recantos verdes tão próximos da vida urbana. Amanhã, a viagem continua, para o "menor rio do mundo", ainda em Tocantins, e para o norte de Goiás, parque estadual da Terra Ronca.
Os "poções", piscinas naturais em Natividade - TO
Quito vista do alto do teleférico, no Equador
Hoje, sem muita pressa, Rafa e Laura arrumaram suas malas, desocuparam seu quarto, guardaram suas coisas no nosso quarto e saímos todos para o cada vez mais famoso teleférico de Quito, de táxi. Essa atração relativamente nova da cidade leva turistas e cidadãos da capital para mais de 4 mil metros de altitude, a meio caminho do cume do vulcão Pichincha, um dos muitos que cercam a cidade. Lá encima, muitos restaurantes com vistas fabulosas em dias de céu azul, além de diversas trilhas para os mais saudáveis e energéticos, inclusive uma que segue diretamente para o cume do Pichincha, aos 4.700 metros de altitude.
Observando uma Quito bem nublada no teleférico da capital, no Equador
Nós não tivemos muita sorte com o tempo. Ao contrário, de nublado passou a chuvoso, e de chuva passou a granizo. O nosso bondinho enfrentou tudo isso, gelo batendo em seus vidros. Até uma certa altura ainda tivemos a vista da cidade, mas depois ficou tudo branco. Branco também estava o chão, quando finalmente chegamos lá encima. Branco de gelo acumulado pela chuva de granizo.
Laura e Rafa no teleférico em Quito, no Equador
Passamos quase uma hora por lá, esperando o tempo melhorar um pouco. Até que as nuvens abriram um pouco, deu para ver Quito meio embaçada, lá embaixo, e também o cume do Pichinca, um pouco mais claro, lá no alto. Mas a chuva fina foi persistente e chegou a nossa hora de descer, pois nossos padrinhos tinham horário marcado no aeroporto.
Muita chuva e granizo no teleférico em Quito, no Equador
E assim voltamos juntos pela última vez para nosso hotel. Eles pegaram suas coisas, chamaram um táxi e se foram, depois de emocionante e rápida despedida. Como um ppiscar de olhos, se passarm os 20 dias deles conosco. Muitas histórias para contar e relembrar, de vulcões a mergulhos, de salmonelas a deliciosos jantares, de tubarões-baleia a bromélias que só vivem sobre os 4 mil metros.
Foto de despedida dos padrinhos Rafa e Laura, no hotel Eugenia, em Quito, no Equador
Pois é... adeus, queridos padrinhos e companheiros. Esperamos ansiosamente nosso próximo encontro, em Cuba, em Cocos, no Canadá ou em todos eles! E enquanto isso não chega, vamos é nos encontrar com nossa amiga em comum, a sueca Maria, que está aqui em Quito e será nossa companheira de passeios pelos próximos dois dias.
Laura e Rafa pegando o táxi para o aeroporto em Quito, no Equador
Na duna do pôr-do-sol, em Jericoacoara - CE
Hoje foi mais uma daquelas raras ocasiões da viagem em que eu e a Ana nos separamos. Infelizmente, algo que ela tomou ou comeu não lhe fez muito bem. Aparentemente, é a mesma coisa que pegou muita gente daqui. Ontem de noite, ela jásaiu meio no sacrifício. Tudo por um bom vinho e um brinde à sogra querida. Mas hoje, melhor ficar na pousada descansando.
Longa praia no caminho para o Mangue Seco, em Jericoacoara - CE
Assim, enquanto ela repousava, eu fui caminhando até Mangue Seco, uma pequena comunidade próxima à Jericoacoara. São uns 6 km pela praia, mais 1,5 km trilha adentro. Eu tinha feito este caminho na minha última vez por aqui, há sete anos.
AS dunas e os serrotes de Jericoacoara - CE
A praia estava magnífica. Maré baixa, dia ensolarado, brisa agradável. Vinte minutos de caminhada e as pessoas já ficaram para trás. Estou só naquela praia linda toda rodeada de enormes dunas de areias brancas. Mas a solidão é momentânea. De quando em quando passam bugues indo ou voltando de Tatajuba. Com uma hora de caminhada, com direito à pausas para fotos, cheguei à pequena e simpática barraca na praia que marca o ponto onde deve-se entrar para o interior, mangue adentro. Na barraca, ótima conversa, sombra e cerveja gelada. Quem pode pedir mais? É, na verdade eu posso. Fico o tempo todo imaginando que a Ana adoraria estar lá, participando da conversa com Seu Manuelzinho, dono da barraca e sábio pescador. Ele me conta coisas sobre o mar, as dunas e a antiga Jericoacoara. Comigo dando pilha com minha curiosidade infinita, a conversa vai longe.
A lagoa de Mangue Seco está quase seca! (em Jericoacoara - CE)
Mas eu deixo um pouco para a volta. Sigo a trilha, passo pela ponte que agora possibilita o acesso de carros e nos evita pisar na lama e chego na comunidade. A deliciosa lagoa, onde eu havia nadado quando estive aqui, está quase seca. Começa a encher agora, com as chuvas. Não me animo e deixo meu mergulho para o mar, que estava bem mais apetitoso.
Subindo a duna do pôr-do-sol no fim de tarde em Jericoacoara - CE
Subindo a duna do pôr-do-sol no fim de tarde em Jericoacoara - CE
Trilha de volta, mais cerveja e conversa das boas e agora a caminhada é em direção à Jeri, observando a duna do pôr-do-sol, suas irmãs e os serrotes logo atrás. Visual maravilhoso e inspirador. Dessa vez, ao invés de caminhar, corro. Assim, logo chego na pousada para encontrar minha amada recém-levantada, escrevendo. Recebe-me com um sorriso, Poucas horas já são o suficiente para nos causar saudades!
Na duna do pôr-do-sol, em Jericoacoara - CE
Na duna do pôr-do-sol, em Jericoacoara - CE
De tardezinha, seguimos para o topo da "duna". Há mais de uma nas redondezas, mas "a duna" é uma só. Para lá, todo santo dia, dezenas de pessoas seguem neste horário. Ali, além do pôr-do-sol, a gente vê o mar, pessoas do mundo inteiro, línguas diferentes e os rapazes locais se exibindo com suas técnicas de sand board. A tranquilidade paira no ar. Misturada com felicidade e simplicidade. Uma delícia!
Fim de tarde em Jericoacoara - CE
Manobra radical na duna do pôr-do-sol em Jericoacoara - CE
A Ana até se animou para um banho de mar. Ótimo sinal! Afinal, amanhã ela tem de estar inteira para nosso novo desafio: uma longa caminhada pela praia até a vizinha Tatajuba, onde vamos dormir. Pouco peso para enfrentar os mais de 20 km até lá. Internet e notícias, só quando voltarmos. Isso tuco, claro, se ela acordar bem...
Pôr-do-sol em Jericoacoara - CE
Pôr-do-sol na praia de Jericoacoara - CE
No catmaran de Angra dos Reis para Ilha Grande - RJ
Deixamos a Fiona guardadinha numa vaga que só a Ana consegue manobrar, na casa em frente ao nosso hotel em Angra e partimos para a Ilha Grande, de catamaran. Para a nossa felicidade, o dia amanheceu com céu azul, contra nossas expectativas e previsões. Com sol, tudo fica mais bonito, o mar, as montanhas, a água e até a feia cidade de Angra. Depois da sutileza de Parati, a dureza de Angra machuca um pouco os sentidos. Mas na manhã de sol, olhando do cais, ela pareceu bem simpática...
O cais de Santa Luzia, em Angra dos Reis - RJ
Agora, muito mais que simpática, muito linda mesmo é a travessia da baía. Quarenta minutos de visões que são um colírio para os olhos. Na chegada à Abraão somos recebidos pelos enviados de várias pousadas, brigando por hóspedes. A pequena vila é formada quase que na sua totalidade por pousadas, restaurantes e lojas que vivem em função dos turistas. Nesta época do ano, fora de temporada, a oferta supera em muito a demanda e os preços caem lá embaixo. Nenhuma vez na nossa viagem tivemos tanta qualidade por tão pouco. Vai ser difícil não ficar mal acostumado...
Fotografando a baía de Angra dos Reis, a caminho de Ilha Grande - RJ
Travessia de Angra dos Reis para Ilha Grande - RJ
Depois de descobrirmos que o tempo deve virar amanhã novamente, resolvemos aproveitar o sol de hoje para caminhar até a praia de Lopes Mendes, considerada uma das mais bonitas do Brasil. São pouco mais de seis quilômetros subindo e descendo morros, passando por praias e cruzando a mata atlântica. Para ajudar na trilha, nossa mais nova aquisição: uma eficiente bolsa térmica para manter até quatro latas de cerveja geladas! Muito prática de carregar, maravilha da tecnologia! Hehehe
Feliz da vida com a nova sacola térmica de cervejas, na trilha para Lopes Mendes, na Ilha Grande - RJ
No caminho, uma constatação e uma surpresa. A surpresa é que há jacarés na lha Grande! Não, não vimos nenhum, mas vimos várias placas de sinalização. A constatação é que quase todos os turistas na Ilha, numa sexta-feira de trabalho, são gringos. Ingleses, franceses, alemães, israelenses, tem de tudo por aqui. Até brasileiros, mas em menor número.
Jacarés na Ilha Grande - RJ ?
Chegamos à linda Lopes Mendes mais ou menos junto com as nuvens que começaram a cobrir o sol. Mesmo assim, a praia é linda, Praia de mar aberto, ondas para surfistas. Areias branquinhas, águas verde azuladas, nenhuma construção à vista, só a vegetação e as montanhas. Realmente, uma beleza!
A famosa praia de Lopes Mendes, na Ilha Grande - RJ
Uma hora mais tarde e já era tempo de voltar. A Ana de barco e eu correndo. Fomos juntos até a praia do Pouso, de onde saem os barcos e lá nos separamos. Para incredulidade dos barqueiros, disse que chegaria antes do barco, que faz o percurso em 45 minutos. Saímos juntos e eu iniciei minha corrida pela praia e depois pela trilha. Nas partes mais íngremes, descanso em caminhada acelerada. Nas outras subidas, trote. Nos trechos planos e de descida, pé na tábua. Para mim, é sempre uma diversão correr em trilhas com raízes, pedras e trechos escorregadios. Nossos olhos seguem atentos, calculando os próximos passos. O pé tem de pisar exatamente em cima de uma pedra x, ou entre aquelas duas raízes. O engraçado é que, quando finalmente vou pisar aonde tinha calculado, os olhos já estão olhando bem à frente, dois ou três passos adiante. Na descida, sigo naquele limite entre o ritmo controlado e a descida desembestada. Quando há uma reta logo abaixo, posso perder o controle, pois sei que vou ter espaço para recuperá-lo. Se não houver uma reta e eu erra o cálculo e perder o controle, procuro alguma árvore para frear. Nas muitas trilhas em que já saí correndo, em algumas já tive tombos. Alguns, memoráveis. O maior dano foi um dedo quebrado, na Chapada Diamantina. Normalmente, é só o susto e alguns arranhões. Mas, a maioria das vezes não tem tombo não, é só a adrenalina.
Enfrentando o mar agitado de Lopes Mendes, na Ilha Grande - RJ
Bom, tudo isso ia pensando no caminho, junto com a extrema atenção para não cair. E nem vi a trilha passar. Quando percebi, entrava na praia do Abraão, exatamente quando o barco fazia a curva da baía. Chegamos quase juntos, eu um pouco antes, em tempo de sentar num banco na frente do píer e observar os passageiros e a orgulhosa esposa desembarcarem.
A famosa praia de Lopes Mendes, na Ilha Grande - RJ
Para amanhã, mesmo com previsão de chuvas, a programa é ambicioso: ir e voltar à pé (não há opção de barco) de Parnaioca, do outro lado da ilha. Quase uma maratona. Depois dou notícias...
A famosa praia de Lopes Mendes, na Ilha Grande - RJ
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