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Helder Maia Moço (16/06)
Muito bom ler o seu relato, Eu fiz esse viagem em 1985, também estive e...
Helder Maia Moço (16/06)
Muito bom ler o seu relato, Eu fiz esse viagem em 1985, também estive e...
Helder Maia Moço (16/06)
Muito bom ler o seu relato, Eu fiz esse viagem em 1985, também estive e...
nilton de souza moraes (13/06)
Amanda (29/05)
Nossa tava pesquisando aqui sobre o Haiti e acbei seu blog. Amei os relat...
Caiaque em meio ao mar semi-congelado de Kinnes Cove, na Antártida
Finalmente deixamos as ilhas do arquipélago de South Shetland para trás e rumamos para a península antártica, a pouco mais de 100 quilômetros de distância. Enfim hoje, dia 20 de Novembro, seria o grande dia de pisarmos em solo antártico pela primeira vez. Os passageiros já estavam ansiosos e não paravam de atormentar a Sheli, nossa líder de expedição, se esse momento não chegaria. A Sheli, conjuntamente com o capitão do barco, tem de administrar uma complexa agenda que leva em conta as condições climáticas e o itinerário de outros navios turísticos que, por ventura, estejam na área. Dois navios não devem estar no mesmo ponto de desembarque ao mesmo tempo. Essas áreas turísticas da Antártida tem um limite de visitantes diários estipulado por cientistas, burocratas e operadoras de turismo. Tanto que, algumas vezes, quando os navios são de grande porte, nem todos os passageiros podem descer. Essa é uma das vantagens de se viajar em um navio como o Sea Spirit que tem capacidade para apenas 100 passageiros. Nessa nossa viagem, que abre a temporada, somos menos de 70.
Iceberg flutua em Kinnes Cove, na Antártida
Kinnes Cove, na Antártida, local do nosso caiaque
Um iceberg flutua em Kinnes Cove, na Antártida (foto de Steve Denver)
Enfim, para os guias e tripulantes do nosso navio, tanto faz desembarcar em uma ilha ou no próprio continente. O cenário é muito parecido, assim como a flora e a fauna. Para eles que já estiveram aqui outras vezes, realmente não faz diferença. Mas para nós, marinheiros de primeira viagem, principalmente nesses mares gelados do sul, é questão de honra botar os pés no continente. E ontem de noite veio a boa notícia: desembarcaríamos hoje na Antártida, em um lugar chamado Brown Bluff, na pontinha da península. Poderíamos dormir tranquilos. Tranquilos e felizes!
Icebergs e o Sea Spirit flutuam Kinnes Cove, na Antártida, local do nosso caiaque
De volta à água, agora para remar entre o gelo de Kinnes Cove, na Antártida
Um grande iceberg flutua em Kinnes Cove, na Antártida
E assim acordamos todos ansiosos hoje. Pelo menos até checar os céus e verificar que estava tudo bem. Então, nada mais nos impediria de colocar nossos pés na Antártida! Mas ainda não seria pela manhã. Ainda havia uma última parada programada antes do continente. Faríamos um tour de zodiacs em uma pequena baía chamada Kinnes Cove que fica em uma ilha a poucos quilômetros da ponta de península. Quando digo “faríamos”, na verdade estou me referindo à maioria dos passageiros do Sea Spirit, mas não a nós, o pequeno grupo do caiaque. Para nós, a aventura seria maior. Teríamos mais uma chance de remar nossos caiaques. Mas, diferente das outras vezes, agora remaríamos em águas realmente congeladas. Kinnes Cove, mesmo nessa época do ano, tem muito gelo flutuante. Uma chance imperdível de fazer caiaque entre icebergs, água congelada e plataformas de gelo frequentadas por pinguins e focas. Então, a Antártida que esperasse mais algumas horas! Tínhamos mais o que fazer!
Um iceberg, gelo fora e dentro d'água, em Kinnes Cove, na Antártida
Remando nos mares gelados da Antártida, Kinnes Cove
A Ana rema seu caiaque na gelada Kinnes Cove, na Antártida
Caiaques na água, lá fomos nós levados por um zodiac rumo ao ponto de embarque em nossos pequenos barcos. Ainda no zodiac, já ficamos maravilhados com o cenários a nossa volta. Icebergs de todas as formas e tamanhos, alguns com o gelo bem azul. Sinal da idade que o gelo foi formado, alguns milênios de anos atrás! Tem de admirar e respeitar! Tiramos nossas fotos, mas queríamos mesmo era remar entre o gelo! E não demorou muito e tivemos nossa chance.
A Ana rema seu caiaque na gelada Kinnes Cove, na Antártida
Fazendo caiaque em Kinnes Cove, na Antártida
Nosso grupo rema no gelo de Kinnes Cove, na Antártida
Foi o mais espetacular caiaque que já fizemos nessa viagem. Na verdade, não remamos apenas entre o gelo, mas também sobre ele! Foi mesmo incrível. Os blocos de gelo vão se quebrando e batendo uns nos outros. As vezes o mar se fecha, outras ele se abre à nossa frente. É um verdadeiro labirinto de canais de água em constante transformação e mutação. Nosso grupo tentava achar seu caminho em meio a este caos, principalmente quando tinha um objetivo mais a frente. Podia seu um bloco de gelo mais azul, um grupo de pinguins ou alguma foca solitária. Algumas vezes nos separávamos, cada um por um lado do bloco de gelo. Depois, mais a frente, nos juntávamos novamente. Ou então, alguém dava com os burros n’água (ou no gelo!) e tinha de dar meia volta. Enfim, diversão pura! Sempre acompanhados pelos olhos atentos da Val, nossa guia de caiaque, ou pelo guia que dirigia o zodiac. Com o barco a motor, algumas vezes ele podia passar sobre o gelo ou abrir caminho entre ele para fazer uma trilha para nós.
A Ana enfrenta o gelo enquanto o Rodrigo posa para uma foto em Kinnes Cove, na Antártida
Cada vez mais gelo em nosso caminho em Kinnes Cove, na Antártida
A Ana nas águas geladas de Kinnes Cove, na Antártida (foto de Vladimir Seliverstov)
Realmente, foi uma grande experiência. Com um pouco de força e jeito, é mesmo possível passar por blocos de gelo menores. Outros, maiores, não tem jeito, eles fecham mesmo nosso caminho. E aí, a volta para contorna-lo pode ser enorme. Por exemplo, a gente tentou se aproximar de um bloco de gelo incrivelmente azul. Conseguimos chegar até poucas dezenas de metros de distância. Mais que isso, pelejamos, pelejamos, mas o mar e o gelo nos venceram. Quando finalmente encontramos um caminho para dar a volta num bloco mais enjoado, o tal gelo azul já ia longe. Felizmente, ele não era a única coisa que queríamos ver de perto...
Muito gelo na água nos impede de chegar mais perto do bloco de gelo azul em Kinnes Cove, na Antártida
Remando rumo ao bloco de gelo azul em Kinnes Cove, na Antártida
Bloco de gelo azul em Kinnes Cove, na Antártida (foto de Alison Metherell)
Não, tivemos a chance de ver coisas ainda mais interessantes. A começar por pinguins adelie, aquele menorzinho e com a cara toda preta. Eles adoram ficar nessas plataformas de gelo flutuantes. E poder chegar bem perto deles, a gente no caiaque e eles no gelo, foi muito legal! Eles nos olhavam bem curiosos. Estão mais acostumados com humanos em terra firme, mas não aqui, no meio do mar gelado. E a sensação que tivemos foi de estar vendo eles no seu ambiente natural. Em terra firme, são meio desengonçados. Mas aqui não, desengonçados somos nós!
Pinguins adelie em bloco de gelo que flutua em Kinnes Cove, na Antártida
Encontro com pinguins adelie em Kinnes Cove, na Antártida
Pinguins adelie em bloco de gelo que flutua em Kinnes Cove, na Antártida
Alguns deles posavam para fotos, outros se aproximavam desses estranhos barcos que passeavam entre o gelo, outros não davam bola para nós. Tivemos a chance também de vê-los mergulhar na água para nadar entre um bloco e outro. Essa água absolutamente gelada e eles a fazem parecer uma banheira. Isso sim é adaptação! Depois, para subir em outro bloco de gelo, eles mergulham, aceleram, ganham impulso e pulam de dentro da água para o alto da plataforma. Um show de habilidade!
Pinguins adelie sobre iceberg em Kinnes Cove, na Antártida
O Rodrigo se aproxima de pinguins adelie durante caiaque em Kinnes Cove, na Antártida (foto de Vladimir Seliverstov)
Um pinguim adelie nada nas águas geladas de Kinnes Cove, na Antártida
Outro grande momento do caiaque dessa manhã foi quando avistamos, ao longe, uma foca crabeater. Ela descansava tranquilamente em um bloco de gelo em formato de sofá. Foi uma corrida e uma peripécia para chegar até lá, cada remador buscando o melhor caminho. Desde a Geórgia do Sul que eu e a Ana temos remado em caiaques simples, muito mais ágeis que os duplos. Além disso, eles nos dão a chance de fotografar e filmar um ao outro. Além da guia Val, nós somos os únicos do grupo a remar nesse tipo do caiaque. As outras oito pessoas preferiram se manter nos caiaques duplos.
Encontrando uma foca crabeater sobre bloco de gelo em Kinnes Cove, na Antártida
Felicidade ao encontrar uma foca crabeater sobre bloco de gelo em Kinnes Cove, na Antártida
Congestionamento para chegar perto da foca crabeater em Kines Cove, na Antártida
Assim, mais leve e escolhendo o melhor caminho, fui o primeiro a chegar perto da foca dorminhoca. A Ana, um pouco mais atrás, tirou umas fotos comigo perto da foca. Depois, era a vez de dar espaço para as outras pessoas. Nos estreitos canais e piscinas de água que se formam entre os blocos de gelo, não é muito fácil manobrar. Durante algum tempo, tivemos até um pequeno congestionamento. Mas, empurra o gelo daqui, rema dali, consegui sair e dar espaço para os próximos da fila. A foca, nessa confusão toda, nos olhava, pensava um pouco e voltava ao seu descanso.
A Ana se aproxima e fotografa a foca crabeater em Kinnes Cove, na Antártida (foto de Vladimir Seliverstov)
Uma foca crabeater sobre um bloco de gelo nos observa em Kinnes Cove, na Antártida
Uma foca crabeater descansa sobre um bloco de gelo em Kinnes Cove, na Antártida
Por fim, chegou a vez da Ana e ela se aproximou e tirou as mais bela fotos dessa foca crabeater. O problema é que ela se aproximou demais. Pelo menos, no entendimento da nossa guia, que ficava gritando para a Ana se afastar. Na aflição e luta para fazer isso, dar marcha ré num mar com tanto gelo, ela acabou se descuidando da nossa Canon que deu um mergulho na água gelada. Gelada e salgada. Sal é o maior veneno possível para aparelhos eletrônicos. Enfim, pobre canon, não resistiu...
A Ana se aproxima e fotografa a foca crabeater em Kinnes Cove, na Antártida (foto de Vladimir Seliverstov)
Uma foca crabeater sobre um bloco de gelo em Kinnes Cove, na Antártida
Uma foca crabeater sobre um bloco de gelo em Kinnes Cove, na Antártida
A câmera estava amarrada no pescoço da Ana, então ela não foi para o fundo. Ao voltarmos ao navio, tentamos uma operação de salvamento e ela até deu sinais de vida. Mas os sensores estavam irremediavelmente danificados. Felizmente, o chip não foi afetado e conseguimos recuperar todas as fotos que lá estavam, inclusive as últimas, que ela tinha tirado da foca crabeater. Enfim, as fotos desse post são as últimas da nossa querida canon. Ao menos, podemos pensar que ela teve um fim bem glorioso, nas águas geladas da Antártida!
Pinguins adelie observam nossos caiaques em Kinnes Cove, na Antártida
Remando, filmando e fotografando em Kinnes Cove, na Antártida
Quanto a nós, depois do fabuloso encontro com a foca, remamos para fora do labirinto de gelo e voltamos para o zodiac. De lá para o Sea Spirit e, com ele, para a Antártida, a poucos quilômetros dali. Chegava a hora de ver de perto o continente branco, mas esse último caiaque entre gelo, pinguins e foca ficará, para sempre, em nossa memória. E nas fotos da canon também!
Nosso grupo tenta achar um caminho em meio ao gelo nas águas de Kinnes Cove, na Antártida
Um pinguim adelie nos observa em Kinnes Cove, na Antártida
Pôr-do-sol em Harbour Island
Aproveitamos ao máximo nosso último dia por aqui. Praia com vento, cooper nas areias rosas, natação nas águas transparentes, frango com curry e conch apimentada regadas com Kalik com vista para o mar dos sonhos.
Pequena casa de praia,na Pink Sand Beach
Depois, sessão de fotos pela cidade e um pôr-do-sol inesquecível, com som ao vivo da melhor qualidade (reggae), mais Kalik e um curioso e simpático casal de Michigan, que decidiu se casar aqui amanhã. Simples assim!
Condução. em Harbour Island
Esquina típica de Harbour Island
Essa ilha, essa pousada, esse quarto da pousada e essa eficiente conexão de internet vão deixar saudades. Amanhã, partimos rumo a mais uma ilha desse país formado por ilhas. Long Island, via Nassau, onde passamos algumas horas. Saímos de uma pousada acolhedora e seguimos rumo a um resort.
Pôr-do-sol em Harbour Island
Músicos se apresentando no pôr-do-sol em Harbour Island
Músicos se apresentando no pôr-do-sol em Harbour Island
Pôr-do-sol em Harbour Island
Ficamos na torcida para que Long Island nos receba tão bem como Eleuthera...
Meditação na Peña de Bernal, no México
Nosso plano original, antes de voltarmos ao México, era de seguirmos por grandes cidades até a cidade de Puebla, já bem perto da Cidade do México. Daí, seguiríamos para o Yucatan, via Vera Cruz. Fizemos um roteiro passando por aquelas de relevância histórica, como San Luiz Potosi e Queretaro, além da própria Puebla.
Nosso caminho dos últimos dias, entre o Potrero Chico e a Peña de Bernal, passando por Real de Catorce e San Miguel de Allende. O Google não mostras as estradas pequenas, mas enfim...
Até começamos pela cidade planejada, Monterrey, a terceira maior do país. Foi quando os planos começaram a mudar. Conversando com o Gera, brasileiro que mora na Cidade do México e com outras pessoas que fomos conhecendo no caminho, as indicações eram de deixar as cidades grandes de lado e seguirmos para as pequenas e charmosas cidades espalhadas pelo país.. Não que as grandes também não fossem interessantes, mas com o tempo limitado e tendo de escolher, não restava dúvida.
Bernal, no México
Visitando o Pueblo Mágico de Bernal, no México
Além disso, foi só aqui que passamos a ter tempo novamente para ler sobre o país. Viagem apertada como a nossa acaba sendo assim: em vez de planejar a semana seguinte, só conseguimos nos preparar para o próximo dia. E olhe lá! Tem vezes que me pego planejando o dia de ontem, hehehe!
Bernal, no estado de Queretaro, com a famosa pedra ao fundo, no México
Igreja do Pueblo Mágico de Bernal, no México
Enfim, depois de passarmos por cidades como Real de Catorce e San Miguel de Allende, aí qualquer dúvida que havia se dissipou. No nosso atual “mood”, são mesmo as pequenas que nos atraem! Foi assim que viemos para mais uma pequena cidade, ela também um Pueblo Mágico, a pequena Bernal. No caminho, ficaram as famosas San Luiz Potosi, que passamos rapidamente pelo centro, e Querétaro, que só vimos mesmo da estrada. A vontade de conhecê-las continua, mas não será dessa vez...
O imenso monolito conhecido como Peña de Bernal, no México
A fama de Bernal vem do enorme monólito ao lado da cidade, conhecido como Peña de Bernal. Anunciado como o “terceiro maior monólito do planeta”, atrás apenas de Gibraltar e do Pão de Açúcar, essa enorme rocha com mais de 300 metros de altura já chama a atenção de longe. Essa história de “terceira maior” não é muito científica, já que o próprio conceito de monólito é meio difuso. A Pedra da Gávea, por exemplo, também poderia ser chamada de monólito e é maior que o Pão de Açúcar. Mas, definições e classificações à parte, a Peña de Bernal é linda, atraindo alpinistas e místicos à região, que seria um grande “centro de energia”, seja lá o que isso significa na prática.
Peña de Bernal, no México
Chegamos no fim da tarde do dia 22 e deixamos a nossa visita à enorme pedra para o dia seguinte. Aproveitamos as últimas horas do dia para conhecer a pequena cidade. Muito simpática e pacata, mas mal acostumados que estávamos com Real de Catorce e San Miguel de Allende, ficamos um pouco decepcionados. Tudo depende mesmo das expectativas...
Caminhada na famosa Peña de Bernal, no México
Hoje cedo, partimos para a principal atração da pequena Bernal, a famosa Peña. É possível caminhar, ao início sobre uma trilha e depois, sobre a própria rocha, até pouco mais da metade da altura do enorme rochedo. Quanto mais alto, mas bela a vista dos arredores, a cidade ficando cada vez menor aos pés da montanhas. Ao longo desse caminho, várias paredes que fazem a alegria de escaladores, com diversas rotas possíveis.
Subindo o imenso monolito conhecido como Peña de Bernal, no México
Por fim, chegamos a um ponto onde, daí para frente, só com cordas mesmo. Ou então, com muita coragem para enfrentar os grampos de ferro cravados na parede de pedra. Eu até segui mais uns 40 metros para o alto, evitando olhar para baixo. À diferença de Potrero Chico, aqui não tinha nenhuma corda de segurança e um erro qualquer poderia ser, literalmente, fatal. A Ana, sem um calçado adequado, ficou lá embaixo mesmo.
Pausa na subida da Peña de Bernal, no México
Eu desci para ver se ela queira ajuda ou incentivo, mas ela já estava decidida a ficar por ali mesmo. Aproveitei a chance e fiquei lá também, curtindo a vista que já era espetacular. A pequena cruz que nos esperava no alto da montanha teve de ficar solitária mesmo. Pelo menos, no dia de hoje.
Do alto da Peña, avistando a cidade de Bernal, no México
Para nós, foi uma delícia de caminhada e nosso primeiro dia de treinamento de uma longa sequência planejada até o Pico Orizaba, a mais alta montanha do país. Finalmente, já estamos com tudo planejado, inclusive nossos encontros com o Gera e com a Val. Aliás, a Val chegou hoje à Cidade do México e vamos todos nos encontrar amanhã, no final do dia, em Toluca. Ela vai para lá de carona com o Gera e nós quatro juntos subiremos o belo Nevado de Toluca. Será nossa primeira montanha de grande altitude e 3ª etapa de nossa preparação. Terceira? Pois é, ainda não falei da segunda! Fica na cidade de Tepoztlan, ao sul da capital federal e para lá seguimos ainda hoje, para nossa caminhada de amanhã. Assunto para o próximo post!
Vegetação semidesértica ao redor da Peña de Bernal, no México
Feliz da vida, com o sol, o mar, a vida...
Acordamos cedo hoje, dessa vez para ver outra das atrações turísticas de North caicos: Flamingos! Até onde sei, o único lugar em que vivem naturalmente, fora da África. Para vê-los, só mais cedo, quando o sol ainda não está tão forte e eles vem se refrescar e pescar numa das lagoas daqui. Mas, acabamos descobrindo, para vê-los realmente, só com potentes binóculos. A olho nu, não passam de pequenos pontos rosas no meio do lago. E não dá para chegar mais perto. Por isso é mais fácil ser um fish watcher que um bird watcher.
Flamingos vistos bem de longe, em North Caicos
Feito isso e após um reforçado café da manhã no hotel, na conta do cartão de crédito, rumamos para Middle Caicos, no nosso carrinho japonês e direção inglêsa. Uma pequena ponte e uma longa causeway ligam as duas ilhas. Se North já é despovoada (só umas 5 mil pessoas), imagina a Middle, que é maior e tem 10 vezes menos pessoas. Isso mesmo, moram lá umas 400 pessoas! O número de turistas também é pequeno. Acho que 1% das pessoas que vem a Provo seguem para lá. Com isso, ailha se mantém bem intocada, sua natureza e suas poucas vilas.
Vista de Dragon Cay, em Middle Caicos
Água transparente em Middle Caicos
E, falando em natureza, que natureza!!! Que água de mar! Que praias! Uma delas, onde está a Dragon Cay, me lembrou muito Fernando de Noronha. Só que com a água ainda mais bonita, se é que isso é possível. E é, acreditem! Well, como já dizia o Friedman, there's no free lunch e zilhões de pernilongos nos azucrinaram em boa parte do tempo. Não fosse a insistência da Ana em comprar um Off logo de manhã e estaríamos fritos! Armados do Off, até que nos viramos bem. Nas praias, com o vento, até que eles ficavam mais longes, mas um pouco mais para dentro, só com Off mesmo.
Caminhada entre várias praias, em Middle Caicos
Começamos com uma caminhada pelas colinas e falésias ao lado das praias. Vistas sublimes! Ótima temperatura. Até mesmo um outro lago com flamingos. E pernilongos enchendo o saco. Depois, um bom tempo se refrescando em Dragon Cay, talvez o ponto mais bonito do país (acima d'água!). Depois, uma passada rápida na Indian Cave, local de achados arqueológicos dos Tainos, a pobre tribo pacífica completamente extinta pelos espanhóis em apenas uma geração, através da escravidão e doenças. A Ana nem consegiu descer, por causa dos pernilongos. Eu os enfrentei, matei algumas dezenas (número completamente irrelevante perto do exército que me atacava) e tirei fotos do belo e fedegoso lugar. Fiquei imaginando como os Tainos lidavam com os pernilongos. Teriam algum Off natural? Ou, na verdade, teriam eles se transformados nesses mortíferos pernilongos, atacando inclementemente todos os forasteiros? Eram as minhas dúvidas enquanto fotografava o local, bêbado de Off (aqui, ele tem um cheiro bom!).
Pequeno istmo de areia que serve de ponte até Dragon Cay
Pequeno istmo de areia que serve de ponte até Dragon Cay
Indian Cave, em Middle Caicos. Milhões de mosquitos!!!
Seguimos então para Banbarra Beach, uma praia com um quilômetro de largura e que se mantém rasa, entre o joelho e a cintura, mar adentro, por mais de 500 metros, até se encontrar com uma ilha. Não aceitamos o desafio de caminhar até a ilha e ficamos ali, de barriga para cima, aproveitando a brisa e a água mais quentinha.
Nosso carro alugado nas Caicos
Na volta, ainda em Middle Caicos, paramos no Daniel's, um café que pertence a um casal que é uma lenda na ilha. Ela, canadense e ele, local. Organizam a comunidade em cooperativa para produzir artesanato tradicional (que de outra forma, se extinguiria), só produzem alimentos orgânicos e são ótimas pessoas. Conversamos longamente, regados a Presidente, uma popular cerveja dominicana por aqui. Falamos dos projetos deles na ilha e dos nossos, dos 1000 dias. Adoraram! Ela, nos anos 70 e 80, viajou muito pelo mundo, mochila nas costas. Foi ótimo ter estado com eles (foto jóia no blog da Ana)! Tão legal quanto conhecer essas paisagens lindas que temos conhecido, é poder conversar e interagir com esses personagens interessantíssimos que temos conhecido!
Barco que faz a ligação entre Provo e North Caico
Depois, aceleramos na volta, para não perder nosso barco, o último do dia. Nos despedimos do Cliff e da Suzan, sua esposa e das funcionárias dominicanas, Maqui e Jaqueline, todos tão simpáticos e interessados nos 100dias. Depois, de volta ao rápido barco e a um táxi de haitianos e já estávamos no nosso hotel em Provo. Aqui chegando, fomos recebidos e batemos um longo papo com uma das funcionárias, também do Haiti. Ela adorou quando lhe disse que íamos ao seu país. Foi muito simpática conosco e até nos deu seu e-mail e contato por lá para, eventualmente, nos comunicarmos.
De noite, já readaptados à Disneylândia, fomos aproveitar o que ela nos oferece de bom: um belo jantar com música ao vivo da melhor qualidade: jazz. Conforto, classe, estilo. Que diferença da noite anterior. Cada uma com seus encantos, mas tão distintas entre si, ambas num mesmo país, menor que muitos municípios brasileiros. São as ambiguidades de um páís que tem a sua disneylandia, mas que também tem a sua alma. É o que o faz ficar mais interessante. E olha que só estou falando da parte em cima d'água porque se falar da parte embaixo d'água, aí vira uma covardia! By the way, amanhã é dia de mergulho!!!
Caminhada no Cerro Toco, na região de San Pedro de Atacama, no Chile
O Atacama é um paraíso para os amantes da natureza e aventura. Oferece todo tipo de programas, de caminhadas no deserto à visitas a lagoas e geisers, de escaladas em montanhas e vulcões à explorações de vales e cavernas, de pedaladas em 4 mil metros de altitude à sandboarding em dunas gigantescas.
Caminhada acima dos 5 mil metros no Cerro Toco, na região de San Pedro de Atacama, no Chile
Hoje eu e a Ana resolvemos investir nas montanhas. São várias as possibilidades de trekking em montanhas na região de San Pedro, a mais famosa a subida do imponente Licancabur. Esse é aquele clássico vulcão de filmes ou desenhos animados, com a forma cônica e o cume branco de neve. Sua altura beira os 6 mil metros e a trilha mais acessível é a partir do lado Boliviano, já que o vulcão fica na fronteira dos dois países.
Caminhando com o Cristobal na magnífica região do Cerro Toco, na região de San Pedro de Atacama, no Chile
O que nos ajudou a decidir qual montanha tentar subir foi a duração do trekking. Queríamos um que pudéssemos subir e descer no mesmo dia. Com isso, o Licancabur ficou de fora, assim como outras montanhas e acabamos escolhendo o Cerro Toco, outro vulcão extinto que chega aos 5.600 metros de altitude. Contratamos o simpático e falante Cristóbal como guia, um chileno que também já trabalhou muito tempo na região de Torres del Paine, no extremo sul do Chile.
Caminhando com o Cristobal na magnífica região do Cerro Toco, na região de San Pedro de Atacama, no Chile
Em condições normais de temperatura e pressão o carro (a Fiona!) nos leva até 5.300 metros de altura. De lá, em cerca de duas horas, vamos ziguezagueando montanha acima, caminhando lentamente até o cume. Estávamos super ansiosos para ver como a nossa Fiona se comportaria acima dos 5 mil metros, seu novo recorde.
Aos 5.300 metros, ao lado das antigas minas de Enxofre no Cerro Toco, na região de San Pedro de Atacama, no Chile
Então, carregando água, frutas e chocolates, encontramos com o Cristóbal logo cedo e partimos para a longa "ladeira" de quase 30 km que nos leva da altitude de 2.400 metros de San Pedro para os 4.500 metros lá de cima, no caminho para o Paso de Jama. Lá chegando, na hora de deixar o asfalto para trás e pegar a trilha para a montanha, percebemos a enorme quantidade de neve espalhada pela base do Cerro Toco. Com jeito, fomos driblando a neve e o gelo, às vezes passando pelo lado, às vezes passando por cima deles. A Fiona e o motorista já estão ficando profissionais em lidar com água na forma sólida! Mesmo assim, chegou um ponto em que a Fiona não passaria, muito gelo à frente, nós ainda bem longe de onde começaria a trilha para se seguir à pé.
Um dos três cumes do Cerro Toco, na região de San Pedro de Atacama, no Chile
Orientados pelo Cristóbal, resolvemos tentar caminhos alternativos, por outros lados da montanha. Voltamos para o asfalto e fomos circundando o Cerro Toco, analisando as possibilidades. Enfim, decidimos por uma rota e lá foi a Fiona novamente enfrentando um terreno descampado, por entre pedras e gelo. Com muita paciência, conseguimos chegar numa pequena estrada de acesso às antigas minas de enxofre e por ela seguimos, de novo encima de neve e gelo. Tanto insistimos que o carro acabou atolado sobre neve. Aí, foi a vez de usar a pá que sempre carregamos no porta-malas. Deu trabalho, mas a Fiona consegiu avançar mais um pouco e conseguimos chegar aos 4.800 metros, recorde dela mas ainda longe dos simbólicos 5 mil metros.
Descendo o Cerro Toco, na região de San Pedro de Atacama, no Chile
Daí começou nossa caminhada, sem esperanças de chegar ao distante pico, mas dispostos a aproveitar a beleza da região e esticar um pouco as pernas. Para cima e avante, como diria o superhomem! Fomos subindo e fotografando, enfrentando um vento que ficava cada vez mais forte e frio conforme subíamos. O esforço era recompensado pela beleza do local, que também aumentava com a altura.
Descendo o Cerro Toco, na região de San Pedro de Atacama, no Chile
Nós dois, já acostumados com a altitude, caminhávamos bem. Até a metade do caminho o Cristóbal seguia na frente, buscando o melhor rumo num terreno em que não havia trilhas enquanto eu seguia com a Ana, fotografando e filmando. Na segunda metade a Ana ficou com o Cristóbal enquanto eu tomei a frente, já determinando um ponto no alto de uma crista, que nos brindaria com uma bela vista para o "outro lado", como nosso objetivo final.
Muita neve no Cerro Toco, na região de San Pedro de Atacama, no Chile
Lá pelas tantas percebi que os dois tinham ficado para trás. O vento cada vez mais gelado não fazia esperar uma boa idéia e, já estando tão perto da tal crista, continuava subindo devagar. Cem metros atrás, a Ana foi se enraivecendo de eu não esperá-la no meio do caminho, mesmo tendo o Cristóbal ao seu lado. Eu cheguei lá encima, nos 5.300 metros de altitude e fui recompensado com a visão maravilhosa das antigas minas da montanha, um terreno ainda hoje amarelo-alaranjado, cenário de outro mundo. Cinco minutos mais tarde chegaram os dois. Antes de mais nada, a Ana me passou uma bela descompostura em altos brados, superando até a força do vento. Fiquei impressionado com a energia que ela ainda tinha, mesmo depois da caminhada de duas horas e ascensão de 500 metros, o que naquela altitude não é para qualquer um!
Cerro Toco, na região de San Pedro de Atacama, no Chile
Passado e descontada a raiva, também ela passou a admirar a paisagem magnífica. Ali do nosso lado, estava um dos três picos do Cerro Toco, justamente o mais baixo deles, quase 250 metros mais alto do que nós. Mas a gente já estava satisfeito de até onde tínhamos ido. Além disso, o vento e o frio nos castigavam e era hora de voltar. A descida foi bem mais fácil e demorou metade do tempo para chegarmos à Fiona, mesmo com as muitas paradas para fotos. Chegamos os dois inteiraços, enquanto o Cristóbal tinha dor de cabeça pela altitude.
Chegando de volta à Fiona, após caminhada no Cerro Toco, na região de San Pedro de Atacama, no Chile
A Fiona enfrentou mais uma vez o gelo e a neve, dessa vez seguindo pelos trilhos que ela já tinha cavado na subida e logo chegamos ao asfalto. De lá, foi um pulo até a ladeira de 30 km com a incrível visão da planície desértica dois quilômetros abaixo de nós.
Dirigindo entre o gelo e o abismo, no Cerro Toco, na região de San Pedro de Atacama, no Chile
Foi uma ótima experiência de montanhas e de altitude para nós. A visão daquela paisagem lá de cima, do Licancabur ao nosso lado e das centenas de quilômetros de visibilidade que se tem nessa altura são inesquecíveis. Para mim, foi o primeiro retorno aos 5 mil metros desde que subi o Aconcágua há mais de dez anos. Foi extremamente reconfortante me sentir bem lá encima novamente! Além disso, a performance da minha amada esposa me surpreendeu e agora tenho certeza que, num bom dia, subimos os dois o Aconcágua ou, melhor ainda, o Ojos del Salado, a segunda maior montanha do continente, que eu ainda não conheço. Ela que nos espere, no final do ano que vem! Até lá, eu e a Ana vamos aprender a deixar tudo combinadinho antes das nossas subidas para que não haja mais desencontros como o de hoje.
Aos 5.300 metros, ao lado das antigas minas de Enxofre no Cerro Toco, na região de San Pedro de Atacama, no Chile
Um belo visual de Mérida, na Venezuela, e das montanhas que a cercam, as mais altas do país
Mérida é a principal cidade na região dos Andes venezuelanos, uma posição geográfica com profundas consequências históricas e que continua influenciando a vida da cidade até hoje. Ela foi fundada em 1558 por uma expedição vinda de Nova Granada, hoje Colômbia, e permaneceu ligada àquela capitania até o final do século XVIII, quando foi finalmente transferida para a jurisdição da futura Venezuela. Na verdade, sua fundação foi ilegal, já que feita sem a autorização da coroa. Por esse “crime”, seu fundador foi preso e condenado à morte. Mas um bom suborno salvou-lhe a vida enquanto que a cidade que fundara foi movida alguns quilômetros vale acima, apenas para fazer valer a autoridade real.
Rua no centro de Mérida, na Venezuela
Mas, independente desses poucos quilômetros, a nova cidade permaneceu isolada, tanto das terras colombianas como venezuelanas, pelos próximos três séculos. Cercada por gigantescas montanhas por todos os lados, incluindo os dois mais altos picos da Venezuela, Mérida era praticamente inacessível. Foi isso que a manteve incólume às décadas de guerra civil que se seguiram à independência da Venezuela. Na verdade, a cidade até cresceu abrigando os refugiados das mais diferentes facções que buscavam um pouco de paz e segurança naqueles anos sangrentos.
Vendo a vida passar, em uma praça de Mérida, na Venezuela
A simpática Plaza Milla, na região central de Mérida, na Venezuela
Por fim, esse isolamento foi vencido 90 anos trás, com a construção da primeira estrada transandina. Pavimentada nas décadas seguintes, a estrada sobe até os 4 mil metros de altitude para superar a barreira dos Andes, ligando finalmente a cidade ao resto do país. Mérida começava a se desenvolver.
Passeando na Plaza Milla, na região central de Mérida, na Venezuela
Localizada em meio à paisagens tão belas, não demorou para descobrir sua vocação para o turismo, passando a atrair cada vez mais visitantes nacionais e estrangeiros. Tendo os Andes no seu “quintal” e os picos Bolívar e Humboldt (que com 5 mil e 4.950 metros, respectivamente, são os mais altos da Venezuela) logo ali na esquina, a cidade atrai trekkers, montanhistas e mesmo aqueles que não querem fazer muito esforço, mas apenas admirar as magníficas paisagens. Para eles, foi construído o mais alto e mais longo teleférico do mundo que, com seus 12,5 km de extensão, parte quase do centro de Mérida, pouco abaixo dos 1.600 metros de altitude, para atingir os 4.800 metros de altura, no topo do Pico Espelho. Ele seria, sem dúvida, a maior atração turística da cidade.
O mais longo e mais alto teleférico do mundo, em Mérida, na Venezuela. Pena que não está funcionando...
Digo “seria” porque, infelizmente, está em uma eterna reforma, ou seja, não funciona. Parte da “idiossincrasia” do chavismo. Sem ele, tivemos que nos contentar em passear pelo agradável centro da cidade. Na verdade, as grandes atrações de Mérida são as paisagens e montanhas que estão fora da cidade, justamente onde havíamos passado os últimos dois dias. No centro mesmo, o que se faz é caminhar por praças e ruas, visitar igrejas e prestar homenagem aos inúmeros monumentos à Bolívar. Aliás, Mérida tem o mérito de ter sido a primeira cidade a homenagear o grande libertador, ainda em 1842, pouco mais de uma década após a sua morte.
Uma das infinitas homenagens ao libertador Bolívar, em Mérida, na Venezuela
Um gigantesco pedestal para um pequeno busto de Bolívar, em Mérida, na Venezuela
Aproveitamos nosso dia na cidade também para trocar dólares (o melhor lugar para fazer isso é nos hotéis e agências de viagem) e para definir nosso roteiro pelos Llanos, a versão venezuelana do nosso Pantanal. A melhor maneira de vivenciar essas planícies alagadas e repletas de vida animal é visitar suas fazendas turísticas. Haviam várias delas anos atrás, mas seus proprietários privados não se adaptaram muito bem à era chavista e elas foram fechadas uma à uma, tomadas pelo governo. Felizmente, ainda há uma aberta, o Hato El Cedral, e para lá seguiremos depois de mais uma visita às terras altas dos Andes, amanhã.
A fachada da Catedral de Mérida, na Venezuela
O belo interior da Catedral de Mérida, na Venezuela
Por fim, uma outra coisa que nos chamou a atenção por aqui foi a ausência de turistas estrangeiros, em um destino que costumava ser tão popular. Não é a toa que, dentre as grandes cidades do país, esta costuma ser uma das mais anti-chavistas. Afinal, numa cidade tão ligada ao turismo, é fácil perceber que algo não está funcionando bem...
Admirando o vale de um dos rios que contornam Mérida, na Venezuela
Chegada ao aeroporto de Port of Spain, em Trinidad e Tobago
Duas horas de sono e o nosso telefone já tocou. Era a portaria do hotel nos acordando, conforme combinado, para que não perdêssemos o ônibus para o aeroporto. Trinta minutos mais tarde, uma última olhada na Fiona que ficava e estávamos entrando no microônibus, cara de sono, não muito diferente dos outros passageiros. Ainda passamos em outros dois hotéis para depois seguirmos ao aeroporto, uma hora de viagem onde ganhamos mais uma hora para dormir.
Todo esse esforço para lá chegar e descobrir que o avião da Surinam Airlines estava com problemas técnicos, sem previsão de horário para partida. Saudades instantâneas da Fiona e da liberdade que ela nos proporciona. Bem, muita reclamação, enrolação e enfim vem a informação do novo horário de decolagem: 10:00.
Longa espera no aeroporto de Paramaribo, no Suriname. Deu até para dormir ou trabalhar...
Era seis e meia quando conseguimos fazer o check-in e entrar na área de embarque do pouco movimentado aeroporto. Ali, boa parte dos passageiros se aboleta nos bancos e dorme. Alguns, como a Ana, profundamente. Eu também durmo um pouco. Mas também consigo trabalhar um pouco tentando aproveitar o tempo perdido.
O avião decola um pouco antes das onze. Deixamos a América do Sul para trás em direção ao Caribe. Por coincidência, quase um ano mais tarde, iniciamos nosso segundo tour por essas ilhas entre as américas. O engraçado é que lembro que no meu atlas das aulas de geografia do ginásio, Trinidad e Tobago fazia parte da América do Sul. Nunca entendi porque, talvez pela proximidade, mas o fato é que estavam no nosso continente. Bom, tecnicamente, até podem ser, mas na prática, são tão Caribe como Bahamas ou Martinica.
Decoração de carnaval no aeroporto de Port of Spain, em Trinidad e Tobago
Pouco mais de uma hora depois, aterrisamos no aeroporto internacional de Port of Spain, capital do país. Trinidad, a maior das duas ilhas, foi colônia espanhola até o finalzinho do século XVIII. Daí o nome do país e da capital também. Aí, foi tomada pelos ingleses que permaneceram por aqui até a década de 60. Por isso, a língua falada no país é o inglês, e náo o espanhol.
No aeroporto, muitas estátuas carnavalescas. A cidade tem o carnaval mais agitado do Caribe e nós chegamos com duas semanas de atraso. Bom, teria sido muito mais difícil e caro achar um hotel... Viemos para o Monique's Guest House. No caminho, o taxista afirma que estamos na estação seca, que não há perigo de chuva. É, ele não nos conhece... Chove a tarde inteira. Tempo ideal para dormirmos um pouco, sono atrasado de alguns dias.
Decoração de carnaval no aeroporto de Port of Spain, em Trinidad e Tobago
De noite, aqui perto, com muita fome, vamos comer num lugar com Karaokê. A gente só ouve os profissionais. Incrível a voz desse povo. A melanina faz muito bem às cordas vocais, isso é indiscutível! Amanhã é dia de explorar a cidade e planejar nossos dez dias por aqui, entre Trinidad e Tobago. E, aos poucos, vamos nos acostumar com o sotaque deles. Por enquanto, não está muito fácil entender esse inglês pela metade...
Vista da Cidade do Panamá, a capital do país, do alto do nosso hotel na cidade
Na noite em chegamos à Península de Osa, na Costa Rica, e dormimos no simpático hostal do colombiano, na cidade de Puerto Jimenez, passamos algumas horas tentando definir as datas de nossas viagens para a ilha de Hispaniola (República Dominicana e Haiti) e também para a Colômbia. Essa última envolvia a sempre complicada passagem da Fiona de um continente à outro.
Atravessando a Ponte das Américas, sobre o Canal do Panamá, na chegada à Cidade do Panamá, a capital do país
Por fim, achamos uma passagem com bom preço da Cidade do Panamá para Santo Domingo, capital da República Dominicana, e compramos. Nossa derradeira ida ao Caribe nesses 1000dias. Ida no dia 19 e volta no dia 9 de Maio. Motivo para comemorar, mas a celebração só durou até a manhã seguinte. Foi quando recebemos a informação de que os navios para levar a Fiona até Cartagena só saem aos domingos e que, para realizar a burocracia necessária, deveríamos estar na cidade na quinta cedo. Nossa volta estava marcada para quinta à tarde. Na corrida que estamos, perder uma semana por aqui seria uma bomba. Mas já tínhamos comprado as passagens...
Rua da Cidade do Panamá, a capital do país
Foi quando a Ana se lembrou que o site de compras prometia que a viagem poderia ser cancelada sem custos até 24 horas depois da compra! Ufa! Corremos ao site, cancelamos a viagem e compramos novas passagens, agora para o dia 18 e volta na quarta-feira, bem cedinho, dia 8. Resolvido! Quer dizer, mais ou menos...
Vista da Cidade do Panamá, a capital do país, do alto do nosso hotel na cidade
Descobrimos também que, por ter entrado no Panamá com nosso carro, só podemos sair daqui depois de enviar o carro para fora do país. Ou seja, pelo menos em teoria, seríamos barrados no aeroporto e perderíamos nossa passagem. Nova correria para resolver essa situação absurda...
Vista da Cidade do Panamá, a capital do país, do alto do nosso hotel na cidade
Nossa única chance: guardar a Fiona em um “Bond”, uma espécie de porto seco, dentro da Cidade do Panamá. Por isso, antecipamos nossa chegada à capital do país para hoje cedo, para ter tempo de fazer isso. Lá se foram algumas horas de espera, correria entre o tal Bond e o prédio da Aduana Central, cinquenta dólares para “comprar” uma vaga e outros 7,5 dólares por dia de estacionamento. O pior, para mim, foi ter de ganhar novo carimbo em meu passaporte, agora para dizer que meu carro estava devidamente guardado. Estou num sufoco danado tentando guardar o exíguo espaço que ainda tenho no meu passaporte para todos os carimbos que ainda faltam nessa viagem (para não ter de fazer um novo, processo chato e caro) e agora essa: carimbos de entrada e saída da Fiona e, quando voltar de Santo Domingo, outra vez, os dois carimbos de novo.
Preparando a bagagem para deixar a Fiona na Cidade do Panamá, a capital do país
Enfim, burocracia vencida, tudo pronto para embarcar amanhã. Antes de ir ao Bond, ainda deixamos a nossa amiga Elise no “casco antíguo”, o bairro colonial da cidade. Dessa vez, devidamente registrado. Vamos ver aonde vamos nos encontrar novamente. Ela adora a América Latina e quer muito voltar para cá. Nós nos instalamos no centro mesmo, mais perto das burocracias que precisávamos fazer. Quando voltarmos para cá, no dia 8, começa a corrida para tirar a Fiona do Bond, passar por um dia de burocracias aqui e outro em Colón, para finalmente colocarmos ela em um contêiner. Espero esquecer um pouco desse assunto chato enquanto viajarmos por Hispaniola, mas ao mesmo tempo estaremos cruzando os dedos para que apareça algum outro carro para repartir o contêiner conosco. O custo, para nós, baixaria de 1.400 dólares para 900 dólares. Uma boa economia! Viajantes das Américas, apareçam!!!
Despedida da Elise, nossa amiga de Luxemburgo, na Cidade do Panamá, a capital do país
Na Lagoa da Conceição, o mais conhecido cartão postal de Florianópolis, em Santa Catarina
Acordamos no dia 17 decididos a ir ao principal cartão postal de Florianópolis, a Lagoa da Conceição, e às praias ao seu redor, como a Joaquina e a Praia Mole. A lagoa, tecnicamente uma laguna, com pouco mais de 15 km2 de área, fica na parte central da Ilha de Santa Catarina, poucos quilômetros a leste do centro da cidade. Junto com a lagoa do Peri, mais ao sul, são os principais corpos d’água no interior da ilha, mas a Conceição é a mais conhecida, movimentada e badalada. Para que vem do centro e a vê pela primeira vez do alto do morro que a separa da cidade, é uma visão de perder o fôlego, não só a mais bela de Florianópolis, mas também uma das mais lindas de todas as capitais brasileiras. Aliás, se há alguma capital brasileira que pode desafiar o Rio de Janeiro no quesito belezas naturais, bem-vindo a Florianópolis!
Foto de satélite da Ilha de Santa Catarina (Florianópolis). Estão apontados os dois maiores lagos; a lagoa do Peri, no sul da ilha, e a Lagoa da Conceição, a maior deles, na região central
A região da lagoa da Conceição, em Florianópolis. O Canto da Lagoa fica ao sul e as principais praias são a Joaquina (surfe), Mole (badalação), Galheta (nudismo) e Barra da Lagoa (mochileiros)
Não sei se a beleza do local influenciou, mas foi aqui que foi instalada uma das mais antigas freguesias da ilha, em 1750. “Freguesias” eram os antigos povoados, ainda na época colonial, que não tinham tamanho suficiente para serem considerados “vilas”. A administração portuguesa havia decidido, poucos anos antes, ocupar a Ilha de Santa Catarina, antes que os espanhóis o fizessem. Essa área do país era disputada pelas duas nações. Para isso, foram trazidos milhares de habitantes das Ilhas Açores, no Atlântico, que foram distribuídos por diversas freguesias ao longo de todo o litoral de Santa Catarina, incluindo a região da atual Florianópolis. Na ilha, eles se instalaram primeiramente na região da lagoa da Conceição e de Santo Antônio de Lisboa, na costa oeste. Essa origem açoriana deixou fortes marcas na cidade, como no sotaque cantado, na arquitetura de algumas igrejas, na comida ligada ao mar e na renda de bilro. É aqui na Conceição e na sua famosa “avenida das Rendeiras” que se pode melhor encontrar esse artesanato de tradição e técnicas centenárias.
Lagoa da Conceição, cartão postal de Florianópolis, em Santa Catarina
O Canto da Lagoa, parte sul da Lagoa da Conceição, leste de Florianópolis, em Santa Catarina
Admiradores que somos dessa cidade, já viemos à Conceição dezenas de vezes. Mas nunca nos cansamos de admirar o visual que se tem do alto do morro. Dali se vê quase toda a lagoa, seu enorme lado norte, que se estica até onde a vista alcança, seu pequeno e exclusivo lado sul, o Canto da Lagoa. Separando as duas partes, uma pequena ponte por onde se estrangula o pesado trânsito que vem das praias, principalmente nos finais de tarde na época da temporada. Tão belo e tão infernal, não é incomum perder mais de uma hora para se percorrer uns poucos quilômetros. É o lugar certo, mas na hora errada!
Restaurante na Lagoa da Conceição, em Florianópolis, capital de Santa Catarina
Em restaurante na Lagoa da Conceição, em Florianópolis, capital de Santa Catarina
Foi quase o que aconteceu conosco na noite de ontem, quando voltamos por aqui vindos da praia dos Ingleses, no norte da ilha. Deu um belo trabalho passar pela Praia Mole e chegar até a Avenida das Rendeiras. O trânsito ainda estava pesadíssimo até a ponte sobre a lagoa, mas nós paramos antes disso em um dos bons restaurantes da avenida e nos esbaldamos num delicioso jantar. A região da lagoa é conhecida pelas excelentes opções culinárias e, um pouco mais tarde, pelas baladas movimentas no chamado “centrinho da lagoa”. Depois do jantar, o trânsito já estava bem mais leve e retomamos nosso caminho para a Beira-mar, no centro.
1000dias na Lagoa da Conceição, o mais conhecido cartão postal de Florianópolis, em Santa Catarina
A ponte da Lagoa e a Avenida das Rendeiras, na Lagoa da Conceição, leste de Florianópolis, em Santa Catarina
A Lagoa da Conceição e o mar ao fundo, leste de Florianópolis, em Santa Catarina
Hoje, cá estávamos de volta, agora com a luz do dia para poder aproveitar o visual e tirar fotos. Do alto do mirante, além da lagoa, também podemos ver a costa leste da ilha, as famosas praias da Joaquina, Mole e Barra da Lagoa, o azul do oceano ao fundo. Bastante marcante também é o lençol de dunas que se estende da Avenida das rendeiras até a Joaca, apelido carinhoso da Praia da Joaquina. Aliás, antes de ter esse nome (e apelido), a Joaquina era conhecida como Para das Dunas, pois a única forma de chegar até lá era através de uma longa caminhada pelas dunas. Deveria ser incrível! Mas a estrada chegou até lá há meio século e a praia ganhou o novo nome, esse que ficou famoso no mundo inteiro, pelo menos dentro da comunidade surfística.
Praias na região da Lagoa da Conceição, leste Florianópolis, em Santa Catarina
Praia da Joaquina, costa leste de Florianópolis, em Santa Catarina
Praia da Joaquina, costa leste de Florianópolis, em Santa Catarina
Assim como a Praia Mole, um pouco mais ao norte, a Joaquina é completamente voltada para mar aberto, para o oceano. A rebentação chega com força e a praia virou point de surfistas desde a década de 70. Passou a fazer parte do calendário de competições nacional e internacional e junto com a fama e esses eventos veio (e vem!) gente jovem, bonita e sarada. Se além de azarar, você também quiser entrar no mar, vai ter de saber nadar e não ter medo de água fria, talvez a mais gelada da ilha. Mas se quiser apenas caminhar na areia, a praia vai longe. Mais de 3 quilômetros até o Campeche, as duas praias na mesma faixa de areia. A divisão é apenas por convenção. E aí, são outros tantos quilômetros de praia. Se não estiver se sentindo tão atlético assim, são muitas opções para boa comida e cerveja gelada. Só torça para não estar ventando muito, que também é muito comum por aqui.
Surfista toma vaca na praia da Joaquina, costa leste de Florianópolis, em Santa Catarina
Surfistas de long board na praia da Joaquina, costa leste de Florianópolis, em Santa Catarina
Nesse caso, afaste-se do mar e caminhe pelas dunas. São belíssimas e dizem que foi por aqui que nasceu o “sand board”, o surfe na areia, descendo a duna sobre uma prancha mais parecida com a de skate do que com a de surfe original. Várias tendas têm as pequenas pranchas para alugar e no verão as dunas são quase tão movimentadas como a própria praia.
Caminhando nas dunas da praia da Joaquina, em Florianópolis, em Santa Catarina
Caminhando nas dunas da praia da Joaquina, em Florianópolis, em Santa Catarina
A Joaquina foi nosso destino depois de algum tempo no mirante do morro, fotografando a bela paisagem sobre nossos pés. Cruzamos o centrinho da lagoa, cruzamos a ponte e atravessamos toda a Avenida das Rendeiras, na orla sul da parte norte da Conceição. Daí se pode admirar as pessoas fazendo esporte nas águas salobras da lagoa, como o Wind surf e o kite. Tem até alguns banhistas também, embora nessa parte da lagoa, muitas vezes o banho não seja recomendado por causa da sujeira na água (que pecado!!!). No fim da avenida, seguimos para a Joaquina e nos afastamos da muvuca inicial caminhando para o sul.
Fim de tarde na Praia da Joaquina, em Florianópolis, capital de Santa Catarina
Aproveitando a tarde na praia da Joaquina, costa leste de Florianópolis, em Santa Catarina
O dia estava lindo e arriscamos até alguns mergulhos. Mas o vento chegou e não demorou muito para a praia ficar bem vazia. A gente se refugiou em algum dos restaurantes e depois foi passear nas dunas. Já no meio da tarde, foi a vez de irmos explorar o belo costão na parte norte da praia. Do alto das pedras se tem a melhor visão dos surfistas que se arriscam nas enormes ondas ali do lado. Foi aqui que vi a Joaquina pela primeira vez, um quarto de século atrás. Em 1989 ela já era famosíssima no país e lembro-me de ter ficado emocionado aqui nessas mesmas pedras. Hoje as ondas não estavam tão grandes, mas o fim de tarde estava lindo como sempre!
Fim de tarde na Praia Mole, em Florianópolis, Santa Catarina
Fim de tarde na Praia Mole, em Florianópolis, Santa Catarina
Saciada a nostalgia, voltamos para o carro e seguimos para o norte. O destino era a vizinha Praia Mole, do outro lado do costão de pedra. Além do mar cheio de ondas, essa praia é famosa por sua badalação e azaração durante o dia. Muita gente bonita mesmo. No verão, parece até desfile. Nesse dia, chegamos meio tarde e os bares em frente à praia já começavam a esvaziar. Tomamos nosso “drinque” e prometemos voltar outro dia, mais cedo. Cumprimos apenas metade da promessa. Voltamos sim, vindos da Barra da Lagoa, mas acabamos por chegar tarde novamente. Enfim, outras oportunidades não faltarão.
Praia da Barra da Lagoa, costa leste de Florianópois, em Santa Catarina
Ponte sobre a barra da lagoa da Conceição, em Florianópolis, Santa Catarina
Ao lado da Praia Mole, numa curta caminhada na areia entre grandes pedras, no seu lado norte, está outra famosa praia da cidade, a Galheta. A fama vem do fato de ser uma praia de nudismo, a única da ilha. Na temporada, está todo mundo nu por ali, mesmo. Mas já viemos aqui em outras épocas e pudemos chegar até lá vestidos. A praia é linda e só podemos dizer que esses naturalistas tem muito bom gosto! Nesse dia, com o vento que estava, imagino que ela estivesse bem deserta, mas nós não fomos até lá. Quase sem luz, preferimos mesmo o drinque em frente a Mole, uma conversa (mole) com uns gringos que ali estavam e o retorno para casa, no centro.
A Barra da Lagoa, em Florianópois, em Santa Catarina
A barra da Lagoa da Conceição, em Florianópolis, Santa Catarina
No dia 22, voltamos à carga nesse lado da ilha. Dessa vez, o destino foi a Barra da Lagoa, ainda um pouco mais para o norte. Eu adoro esse “bairro” da cidade e muitas vezes fiquei em pousadas por aqui. O nome vem do fato que aqui está o canal que liga a Conceição com o mar. Água bem clarinha, muitos barcos e canoas ancorados, um charme só. Alguns bares na beira do canal, uma praia de ondas mais tranquilas, um pequeno farol e uma ponte para pedestres atravessarem o canal completa o cenário quase idílico. O clima é muito mais relaxado que na vizinha Praia Mole, as pessoas menos preocupadas em verem e serem vistas, apenas curtindo a bela natureza ao seu redor.
Arte nos becos da Barra da Lagoa, em Florianópolis, Santa Catarina
Arte nos becos da Barra da Lagoa, em Florianópolis, Santa Catarina
Caminhando nos becos da Barra da Lagoa, em Florianópolis, Santa Catarina
Talvez por isso o bairro atraia tantos mochileiros. Atravessando a ponte, nos becos do outro lado do canal onde não se chega de carro, há vários albergues e pousadas para este tipo de público. É também por aí que passamos para pagar a trilha que dá a volta em toda a península. Não tínhamos tempo para fazer todo o caminho (e voltar, pois a Fiona nos esperava por ali), mas resolvemos ir até umas pedras que formam piscinas naturais no mar e propiciam uma bela vista da Barra da Lagoa e do oceano à frente.
Prainha da Barra da Lagoa, costa leste de Florianópolis, em Santa Catarina
Trilha na região da Barra da Lagoa, em Florianópolis, Santa Catarina
Trilha na região da Barra da Lagoa, em Florianópolis, Santa Catarina
No caminho, passamos pela Prainha da Barra Da Lagoa, com algumas poucas dezenas de metros, mas famosa pelo movimento de fim de tarde, um pequeno futebol e um bar conhecido por seu churrasco. Não paramos na ida, preocupados em chegar às tais pedras. Mas na volta, foi aí que nos enrolamos bastante, felizes em acompanhar o movimento, mas perdendo a chance de chegar à Praia Mole antes do final da tarde. Enfim, porque trocar o certo pelo duvidoso, se ali já estava bom demais?
Caminhada na Barra da Lagoa, em Florianópolis, capital de Santa Catarina
Caminhada na Barra da Lagoa, em Florianópolis, capital de Santa Catarina
Aliás, bom demais é esta parte da ilha, desde que você não caia em algum congestionamento. Boas praias, gente bonita, visual maravilhoso, excelente oferta de comida, recantos charmosos e baladas concorridas. Uma visita à Florianópolis nunca é completa sem pelo menos uma passadinha no seu mais famoso cartão postal!
O mar da região da Barra da Lagoa, em Florianópolis, Santa Catarina
O Panteão dos Heróis, em Asunción - Paraguai
Hoje foi nosso primeiro dia de verdade em Asunción. Ontem, só estivemos no aeroporto e de lá viemos direto para o hotel, que fica longe do centro, num distrito de classe média alta. Quando aqui chegamos começou a chover e não parou mais. O máximo que fizemos foi assistir parte do jogo da semifinal no lobby do hotel, vendo o sufoco que os paraguaios passaram contra a Venezuela, tanto os jogadores como os torcedores aqui do nosso lado. Depois, nos pênaltis, a coisa virou. E a cidade explodiu em rojões, mesmo no meio da chuva insistente.
A sede do governo, em Asunción - Paraguai
Na manhã de hoje São Pedro nos deu uma folga e o céu azul apareceu, junto com um frio gostoso, daquele que esquenta no sol. Ideal para caminhar pelo cidade! Assim, fomos de Fiona para o centro e achamos uma vaguinha perfeita para ela, bem em frente ao prédio da Comisaría de Policia, na praça da catedral. Melhor impossível! Deixamos ela lá, bem segura, e fomos bater perna...
Favela à beira do rio Paraguay, em Asunción - Paraguai
Passamos pelos grandes prédios públicos da cidade, como a própria catedral, o Cabildo (sede da antiga administração espanhola), o palácio do governo (em obras) e o imponente Palácio Legislativo, todos bem próximos à orla do rio Paraguay. Entre os prédios e o rio, uma pequena área ocupada por favelas, ali, bem ao lado do centro do poder. Um ótimo lembrete das enormes diferenças sociais que existem por aqui, mais claras do que nunca na capital Asunción.
O imponente Palácio Legislativo, em Asunción - Paraguai
Do outro lado do rio, a Argentina. Deve ser por isso que, por um bom tempo no século XIX, os argentinos ainda consideravam o Paraguai como uma província rebelde. Bom, resta aos hermanos torcer pela antiga "província rebelde" na final da Copa América, hehehe.
ônibus circulando pelas ruas de Asunción - Paraguai
Também estivemos no Panteão dos Heróis, onde estão os restos mortais do Solano Lopez, o ditador paraguaio que achou que poderia vencer Brasil e Argentina, juntos, numa mesma guerra e acabou conduzindo seu país para uma verdadeira catástrofe. A Guerra do Paraguai sempre foi um assunto que me interessou e agora, andando pelo país, ela não me sai da cabeça. Cresci numa época em que a onda revisionista da história, com matiz de esquerda, estava no ápice. Falava-se que a guerra tinha sido arquitetada pela Inglaterra, a potência imperialista da época, usando Brasil e Argentina como massa de manobra para destruir o Paraguai, potência emergente que estaria se industrializando, tornando-se independente economicamente falando. Análise maniqueísta e simplória: os ingleses eram os maus, os paraguaios os bonzinhos e nós, os bobos da história. Ao final, os bonzinhos saíram destruídos e os bobos completamente endividados e dependentes da Inglaterra, que se deu bem duplamente na história.
A mais antiga estação de trem do continente, em Asunción - Paraguai
Essa versão vinha para substituir outra, que aprendi ainda na infância, em que o Duque da Caxias e o Conde D'Eu eram glorificados enquanto os paraguaios e Solano Lopez eram pintados como bandidos sem piedade. Pois é... duas versões típicas da época, ainda em plena Guerra Fria. É claro que os fatos são muito mais complexos que as duas versões pretendiam relatar e o que aconteceu, na verdade, foi uma situação que fugiu em muito do controle dos protagonistas, que imaginavam, à princípio, outros "caminhos" para a história. Solano, que foi quem iniciou a guerra, invadindo o Brasil e, alguns meses depois, a Argentina, achava que teria aliados na própria Argentina e também no Uruguai. Se deu mal, não soube reconhecer o erro de avaliação e levou seu país a um martírio do qual não se recuperaria durante o próximo século. Argentina e principalmente o Brasil imaginavam uma guerra rápida, mas acabaram se afundando em dívidas para sustentar uma guerra longa e impopular, que só terminaria com uma verdadeira canificina. E a Inglaterra fez o que ainda fazem os capitalistas de hoje: emprestou dnheiro, à juros, a quem lhe batesse às portas com as devidas garantias.
População indígena em paraça de Asunción - Paraguai
Chega de guerra e voltemos à paz! O Paraguai do pré-guerra realmente era um país mais desenvolvido socialmente que seus vizinhos, com baixos índices de analfabetismo e com redes pioneiras no continente de telégrafo e de trens. Aqui está a primeira estação de trens da América do Sul e um dos prédios mais belos da capital! Fica próximo à tradicional Faculdade de Direito e também do Café Literário, nossa última parada no tour que fizemos ao longo da tarde por lugares para comer e beber, entre um prédio histórico e outro.
Deliciosos pães em padaria alemã, em Asunción - Paraguai
O tour gastronômico começou pelo café do Centro Cultural, que oferece uma bela vista para o palácio do Governo e o rio Paraguay. Seguramos a fome e seguimos para uma deliciosa padaria alemã, a Michael Bock, onde compramos um típico pão preto, daqueles bem massudos, para nos alimentar na nossa passagem pelo Chaco. É surpreendente a influência alemã aqui no Paraguai, fruto da imigração no século passado. Não fazia idéia! Vivendo e aprendendo ou, no meu caso, viajando e aprendendo!
A deliciosa e tradicional confeitaria Bolsi, no centro de Asunción - Paraguai
O local do nosso almoço foi a tradicional Confiteria Bolsi, super charmosa, bem perto do Panteão dos Heróis. Ali comemos muito bem e ainda pudemos admirar a classe média da cidade transitando pelo local, para tomar um chá ou uma cerveja. Finalmente, a última parada da tarde foi no tal Café Literário, que citei logo acima. Tinha esperança de achar um bom livro sobre a Guerra do Paraguai, para ler enquanto bebericava uma última Pilsen, mas só achei um sobre a Guerra do Chaco, lutada contra a Bolívia na década de 30. Guerra completamente ignorada nas nossas aulas de história, mas não nas deles. Primeiro, porque ganharam e segundo, porque nela morreram mais de 80 mil pessoas dois dois países. Tudo pela promessa de um petróleo que nunca foi encontrado...
No Café Literário, em Asunción - Paraguai
De volta ao hotel, banho tomado, ainda tivemos forças para conhecer a night de Asunción. Através do Couch Surfing, a Ana conseguiu umas indicações de lugares para irmos, todos relativamente próximos do nosso hotel, indo de carro. Vários bares se concentram no Paseo Carmelita e para lá seguimos. Acabamos optando por algo bem típico paraguaio: um pub irlandês onde se apresentava uma banda cover do The Cure, hehehe. Tudo bem, não muito "típico", mas estava cheio de jovens rockeiros paraguaios e foi muito legal! No fim, acabamos encontrando e socializando foi com um casal de brasileiros mesmo, estudantes de mestrado aqui em Asunción. Aliás, isso foi outra coisa que aprendi (e me surpreendi!) por aqui, nessa viagem: os mestrados na cidade atraem cada vez mais brasileiros! O grande diferencial é a agenda dos cursos, pois eles são dados intensivamente durante as férias do Brasil. Assim, os estudantes conseguem continuar trabalhando em seus empregos e, nas férias, descolam um mestrado. Inclusive, muitos dos currículos são montados exatamente para atrairem brasileiros. Um belo nicho que eles descobriram e estão se dando muito bem!
Banda cover do The Cure, em pub irlandes no Paseo Carmelita, em Asunción - Paraguai
Voltamos para o hotel depois das duas, músicas do rock dark inglês da segunda metade da década de 80 na cabeça e muitos planos para amanhâ, quando deixamos a capital para trás e iniciamos nossa jornada de quase 800 km até a fronteira com a Bolívia, atravessando todo o Chaco paraguaio. Muita coisa pela frente... É assim que gostamos!
O Kilkenny, pub irlandes, estava lotado! (no Paseo Carmelita, em Asunción - Paraguai)
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