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Karina (27/09)
Olá, também estou buscando o contato do barqueiro Tatu para uma viagem ...
ozcarfranco (30/08)
hola estimado, muy lindas fotos de sus recuerdos de viaje. yo como muchos...
Flávia (14/07)
Você conseguiu entrar na Guiana? Onde continua essa história?...
Martha Aulete (27/06)
Precisamos disso: belezas! Cultura genuína é de que se precisa. Não d...
Caio Monticelli (11/06)
Ótimo texto! Nos permite uma visão um pouco mais panorâmica a respeito...
Admirando a bela cachoeira de Misol-Ha, próxima à Palenque, em Chiapas, no sul do México
Saímos cedo de Ocosingo para enfrentar os pouco mais de 100 km de estradas até Palenque, mais para o norte. O problema não era a distância, mas as centenas de curvas e os incontáveis “topes” (as lombadas daqui) na estrada. Além disso, duas belas cachoeiras no trajeto. Planejamos uma para a ida e outra para a volta, já que nossa intenção era dormir novamente em Ocosingo. Ou seja, considerando a ida e a volta, os cem quilômetros se tornariam duzentos, as centenas de curvas se aproximariam do milhar e os incontáveis topes se transformariam em infinitos.
Nosso roteiro no México, das Lagunas de Montebello à Palenque
Esses eram os obstáculos planejados do dia. Havia também o inesperado, para nos atrasar um pouco mais. Vinte minutos depois da nossa saída, um controle do exército. Depois de termos passados incólumes por toda a Guatemala e também na viagem de ontem, hoje foi a nossa vez. Pararam a gente e, apesar do interesse na nossa viagem, cumpriram a sua obrigação e deram uma bela geral na Fiona, abrindo até a caixa da impressora que ganhamos de brinde na compra do computador em San Salvador. Bom, quase meia hora de “experiência” para nós e pudemos seguir viagem.
A cachoeira de Misol-Ha, próxima à Palenque, em Chiapas, no sul do México
Controles do exército são muito comuns nas estradas mexicanas. Em quase todo o país, a razão está no duro combate, uma guerra na verdade, que se trava entre o estado mexicano e o narcotráfico. Mas aqui em Chiapas há um segundo motivo. Afinal, essa é a área de atuação do EZLN, o Exército Zapatista de Liberação Nacional.
Passando por trás da cachoeira de Misol-Ha, próxima à Palenque, em Chiapas, no sul do México
Quando mais eu leio e vejo coisas aqui do México, mais eu percebo o quanto era ignorante sobre o país. Cidades e atrações lindíssimas das quais eu nunca tinha ouvido falar. Meu conhecimento se limitava à capital, Cancun e Cozumel, Guadalajara por causa da Copa de 70, Tijuana e Ciudad Juarez por causa da fronteira americana, Acapulco pelos filmes do Elvis e um pouco da história dos astecas e mayas. Além disso, um pouco de Chiapas por causa do ELZN.
Passando por trás da cachoeira de Misol-Ha, próxima à Palenque, em Chiapas, no sul do México
Em 1994, bem no dia do início da vigência do NAFTA e certamente não por coincidência, uma guerrilha até então desconhecida apareceu do nada para tomar várias cidades neste estado do sul do México, inclusive San Cristobal de Las Casas. Se tivesse sido alguns anos antes, certamente essa notícia teria sido suprimida e não chegaria aos meus ouvidos. Mas vivíamos a explosão da internet e isso fez que os guerrilheiros zapatistas ganhassem as manchetes do mundo inteiro. Uma guerrilha em pleno final do séc XX no México, ao lado dos EUA!!! Parecia inacreditável! O exército rapidamente retomou as cidades, mas o estrago havia sido feito. Os guerrilheiros voltaram para as montanhas e se engajaram numa guerra de marketing com o governo, a internet como sua principal arma. Seu rosto mais conhecido era a do Subcomandante Marcos, de balaclava, fuzil e charuto na boca. Ex-professor universitário, idealista e muito fluente, tornou-se ídolo rapidamente, atraindo gente do outro lado do mundo para a sua luta. Luta contra a globalização, FMI, EUA (aquelas coisas de sempre...) e à favor dos direitos indígenas.
A gruta ao lado da cachoeira de Misol-Ha, próxima à Palenque, em Chiapas, no sul do México
Houve muita negociação, o governo foi obrigado a ceder em vários pontos, os indígenas estão bem melhores hoje do que estavam naquela época, mas o EZLN perdeu um pouco do seu charme. Mas continua ativo, mais no marketing do que com as armas. De qualquer maneira, o exército está ali, sempre de olho.
A gruta ao lado da cachoeira de Misol-Ha, próxima à Palenque, em Chiapas, no sul do México
A imagem que fiquei de Chiapas do que via na TV naquela época se confirmou hoje. Uma terra montanhosa, sempre com matas impenetráveis e uma constante neblina entre as árvores e montanhas. Foi o que vimos hoje, na bela paisagem entre Ocosingo e Palenque. Subindo e descendo vales, as montanhas verdejantes e enevoadas estavam sempre lá, lugar ideal para esconder um misterioso exército zapatista. Imagens de filme que passavam ali, na nossa frente, ao vivo. Muito legal!
Mergulho na bela cachoeira de Misol-Ha, próxima à Palenque, em Chiapas, no sul do México
Passamos reto pela primeira cachoeira, Águas Azuis e paramos na segunda, com o curioso nome de Misol-Ha. Uma cachoeira bem cênica, formando um lago gostoso para um mergulho e uma trilha que passa atrás da queda d’água, possibilitando belas imagens. A trilha leva até uma gruta cavada por um rio subterrâneo que forma sua própria cachoeira. Tudo ali, bem pertinho. Cenário idílico, certamente frequentado já pelos mayas que construíram Palenque, quinze quilômetros adiante. Passamos uma boa hora por aí, eu meio aflito para seguirmos até as ruínas e podermos voltar com a luz do dia mas, ao mesmo tempo, sem ter forças para pressionar a Ana, que queria curtir aquele visual incrível. Afinal, como não aproveitar? Ela até nadou, enquanto eu me guardei para nadar na cachoeira da volta... Que ilusão! Eu tinha me “esquecido” que ainda tínhamos toda uma Palenque para explorar...
O Templo de La Calavera, nas ruínas mayas de Palenque, em Chiapas, no sul do México
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