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Passamos a manhã de hoje mergulhando. Finalmente, o vento parou de nos a...
Quando eu era criança, assim como tantas outras crianças no Brasil e no...
Um pouco de rotina para variar a rotina da falta de rotina. Esse foi o es...
buenopj (15/09)
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Paulinha Ribas (14/09)
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Paulinha Ribas (14/09)
Queria ir até aí para ver e entender melhor todo ese processo! Que luga...
mabel (13/09)
Maravilhoso!!!!!Quanto vocês subiram para ver o lago do alto?...
SAMUEL (13/09)
Rodrigo, Sim, pretendo dormir uma noite em Salta, no dia seguinte preten...
Dunas avançam sobre lagoa nos Pequenos Lençóis, região de Paulino Neves - MA
Deixamos Parnaíba para trás hoje rumo a mais um estado na nossa jornada pelo Brasil e Américas: o Maranhão. Na verdade, técnicamente, já tínhamos estado nele ontem, quando visitamos o Delta do Parnaíba ou Delta das Américas, como preferem os maranhenses. A belíssima enseada do Feijão Bravo, por exemplo, fica no Maranhão.
Ponte do Pirangi, sobre o rio Parnaíba, que liga o Piauí ao Maranhão
Mas, para a Fiona, foi a primeira vez. Cruzamos a ponte do Pirangi, sobre o rio Parnaíba e cá estávamos no nosso 16o estado, o último do nordeste. Lembro-me das aulas de geografia, ainda no ginásio, quando os livros e professores nos explicavam que, na verdade, o Maranhão é um estado de transição entre o nordeste e o norte do Brasil, apresentando características dessas duas regiões. Chegou a hora de conferir essa história!
Dunas e lagoas nos Pequenos Lençóis, região de Paulino Neves - MA
Um pouco depois de entrar no estado, a estrada se bifurca. Para a esquerda, seguimos para São Luís, a capital. É o caminho asfaltado, próprio para carros de passeio. Para a direita também se chega à São Luís. Mas só carros altos e tracionados. Esse caminho passa pela pela famosa região dos Lençóis Maranhenses, a mais extensa região de dunas do Brasil. Adivinhem qual a rota tomamos!
Fim de tarde nos Pequenos Lençóis, região de Paulino Neves - MA
A estrada nos leva até Tutoia, no extremo oeste do Delta das Américas. Até pouco tempo atrás, aqui começava a "aventura" para quem se dirigia aos Lençóis, vindos do Piauí. Mas a estrada para Paulino Neves foi asfaltada recentemente, e ficou fácil dirigir mais 30 km em direção a oeste. Da outra vez que estive aqui, até tentei seguir para Paulino Neves com a Maria (a pampa 4x4). Mas a passagem por um rio profundo me fez desistir logo da ideia. A Maria ficou me esperando em Tutoia e eu fiz o que a maioria dos turistas fazia: seguia na Toyota que fazia o transporte para Paulino Neves e de lá para Barreirinhas. Depois de explorar os Lençóis, voltávamos para Tutoia e pegávamos a rota mais longa para São Luís.
Dunas nos Pequenos Lençóis, região de Paulino Neves - MA
Pois bem, agora os carros chegam até a pequena Paulino Neves. A maioria das pessoas passa direto por aqui, em direção à Barreirinhas. É só o tempo de estacionar e pegar a tal Toyota. Mas há um tesouro secreto aqui também, que muito vale uma visita: os Pequenos Lençóis.
Explorando as dunas dos Pequenos Lençóis, região de Paulino Neves - MA
Nas dunas dos Pequenos Lençóis, com o oceano ao fundo, região de Paulino Neves - MA
Como o próprio nome diz, são os Lençóis Maranhenses em menor escala. Basta vinte minutos de caminhada para se chegar lá. Eu e a Ana, depois de nos instalarmos na famosa Pousada da Dona Mazé, conhecida de todos os aventureiros que passaram por aqui, fizemos essa caminhada. Era final de tarde e a luz estava fantástica. Já estamos ficando craques em dunas e essas foram as mais imponentes que já vimos até agora, entrecortadas por lagoas que refletiam o sol de fim de tarde. Maravilhoso!
Magnífico pôr-do-sol nos Pequenos Lençóis, região de Paulino Neves - MA
Foi ótimo para a gente já ir entrando "no clima". Amanhã pela manhã, devemos seguir para Barreirinhas. O caminho passa através de grandes areais e campos alagados. A dica é seguir a Toyota de linha que faz esse caminho todos os dias. O motorista sabe por onde é mais raso passar. E vamos que vamos, rumo ao nosso Saara, o Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses.
Assistindo ao pôr-do-sol nos Pequenos Lençóis, região de Paulino Neves - MA
Saborosa degustação de vinho tinto no Okanagan Valley, no sul da British Columbia, no Canadá
Como vocês já devem ter notado pelas fotos desse blog, eu e a Ana gostamos de tomar um bom vinho. Aliás, quem não gosta? Brasileiros que somos, entendemos mais dos vinhos chilenos e argentinos, nossos vizinhos aí na América do Sul. Mas o mundo dos vinhos é muito maior do que isso e essa é uma das belas surpresas que temos tido nesses 1000dias de viagem pelo continente. O mundo inteiro está se sofisticando nesse setor e hoje achamos bons vinhos em países que, antes, nem uva tinham. Além do Brasil, cujos vinhos mais e mais se aproximam em qualidade dos nossos vizinhos do cone sul, encontramos excelentes vinhos em países como a Bolívia, Peru e México.
Nessa época do ano, encontramos abóboras em várias lojas de estrada (Okanagan Valley, no sul da British Columbia, no Canadá)
Outros lugares para se refestelar nessa deliciosa bebida são os países que foram (ou são!) parte da França. A produção não é local, mas os vinhos vem direto da antiga metrópole, sempre com preços bem razoáveis. É o casa de Guadaloupe e Martinica, no Caribe, e até da Guiana Francesa, na América do Sul. Sem esquecer, claro, da região de Quebec, aqui no Canadá. Depois de passar por todos esses lugares, até começamos a entender um pouco mais dos vinhos franceses, também.
Maçãs! Além das uvas, outras frutas também são cultivadas no Okanagan Valley, no sul da British Columbia, no Canadá
Outro país de referência nesses setor são os Estados Unidos, principalmente na região conhecida como Napa Valley, na California. Ainda não passamos por lá, mas ela está certamente no nosso roteiro! E mesmo sem termos chegado lá ainda, os vinhos da região já chegaram às nossas mesas! Afinal, já viajamos por alguns meses pelo país e sempre procuramos a bebida nacional, quando bebemos vinho.
As pitorescas paisagens dos vinhedos do Okanagan Valley, no sul da British Columbia, no Canadá
E assim foi no Canadá! Procuramos o bom vinho nacional, perguntando à garçons, maitres e sommelies, nas ocasiões especiais em que uma boa garrafa de vinho de faz necessária. Por exemplo, no meu aniversário! Em todas essas vezes, o vinho sugerido e escolhido vinha da mesma região produtora, o Okanagan Valley. Nossa curiosidade foi se atiçando e, depois da segunda vez, fomos descobrir aonde era esse vale dos vinhos canadenses. Para a nossa surpresa e felicidade, descobrimos que era aqui na Columbia Britânica, a meio caminho de Alberta, bem próximo da fronteira com os Estados Unidos. Não demorou muito para decidirmos que a gente poderia colocar o tal vale no nosso roteiro, a nossa especial despedida desse lindo e gigantesco país, o Canadá. Apenas quatro horas de viagem de Vancouver e, melhor ainda, passando por Chilliwack, onde moram nossos novos amigos. Juntamos o útil ao agradável ao saboroso e aqui estamos, no Okanagan Valley!
Os parreirais estão carregados nessa época do ano no Okanagan Valley, no sul da British Columbia, no Canadá
Visitando os vinhedos do Okanagan Valley, no sul da British Columbia, no Canadá. Já até compramos um vinho!
Pelo seu clima ameno, principalmente para padrões canadenses, a região já faz sucesso há muito tempo entre aqueles que procuram lugares para suas férias de verão. O vale é repleto de lagos com extensas praias, um paraíso para esportes náuticos ou simplesmente para um bom mergulho. No verão, claro! No resto do ano, são bons para fotografias. Pois bem, de tanto passar as férias por aqui, muita gente acabou se mudando em definitivo, principalmente os aposentados. Que melhor lugar haveria para descansar no final da vida? Tranquilo, clima ameno e o constante cheiro de pomares.
Admirando a bela praia lacustre em Petincton, no Okanagan Valley, no sul da British Columbia, no Canadá
A praia de Petincton, no Okanagan Valley, no sul da British Columbia, no Canadá
Pois é, o mesmo clima que atrai as pessoas também é o ideal para o cultivo de frutas. Maçãs, peras, pêssegos, entre outros, todas elas vemos nas plantações, tornando ainda mais idílica a paisagem. Mas foi outra fruta que começou a ganhar destaque há poucas décadas: a uva!
Bucólico passeio de bicicletas pelos vinhedos do Okanagan Valley, no sul da British Columbia, no Canadá
O Okanagan Valley se tornou a meca dos enólogos canadenses. São dezenas e dezenas de vinícolas ao longo das encostas e terraços que cercam os lagos do vale. A região é chamada de “o Napa Valley do Canadá”. Como disse, ainda não conhecemos o original, mas se ele for parecido com esse aqui, vamos gostar muito, hehehe!
São dezenas e dezenas de vinículas al longo do Okanagan Valley, no sul da British Columbia, no Canadá
Nós chegamos meio fora de estação, o que traz vantagens e desvantagens. A vantagem é que não há multidões. A desvantagem é que algumas vinícolas não estão recebendo visitantes, fechadas para a estação. Quando chegamos ontem, já no final da tarde, tivemos a chance de admirar uma belíssima paisagem, os parreirais ao redor do lago e as montanhas de vegetação baixa, pois o clima seco não é propício para matas. Mas tivemos de procurar bastante até achar uma vinícola aberta, a maioria delas fechando entre as quatro e cinco da tarde. Mas achamos! Experimentamos vinhos brancos e tintos e fomos “compelidos” a comprar uma garrafa, hehehe.
As pitorescas paisagens dos vinhedos do Okanagan Valley, no sul da British Columbia, no Canadá
A noite passamos em Petincton, uma das melhores bases para se explorar o longo vale de mais de 150 km de extensão. Primeiro, porque está exatamente na orla do Okanagan Lake, o lago que dá nome a todo o vale. Em frente ao nosso hotel, uma longa e simpática praia de areia. Só faltou tempo (e um pouco de coragem!) para darmos ao menos um mergulho. Também, nós viemos para cá para beber, e não para nadar, hehehe! Segundo, porque já é uma cidade um pouco maior e com mais estrutura. De noite, achamos um magnífico restaurante italiano, onde pudemos comemorar o aniversário de um familiar próximo com um bom vinho e um bom prato. E, por último, porque daqui sai uma pequena estrada em direção à vila de Naramata. São cerca de 15 quilômetros cercados de parreirais bucólicos e algumas das melhoras e mais charmosas vinícolas do vale, afastadas do movimento da estrada principal que atravessa o vale.
Pronto e ansioso para mais uma degustação de vinhos no Okanagan Valley, no sul da British Columbia, no Canadá
Degustação de vinhos em vinícula do Okanagan Valley, no sul da British Columbia, no Canadá
Foi nessa pequena estrada que passamos memoráveis momentos hoje, nossos últimos aqui no Canadá. Um verdadeiro deleite para os sentidos da visão, olfato e paladar! Para quem tem mais tempo, o ideal é fazer a trilha de bicicleta, como vimos alguns afortunados fazendo. De vinícola em vinícola, sempre “abastecendo” o espírito para ter forças e ganas para seguir até a próxima. Deve ser uma delícia! Nós fizemos de Fiona mesmo, tirando fotos admirando a paisagem e escolhendo uma das vinícolas para testar seus vinhos. Foi muito joia!
Degustação de vinho branco no Okanagan Valley, no sul da British Columbia, no Canadá
Daqui seguimos para o sul, para os Estados Unidos que estavam logo ali, a cerca de uma hora de viagem. Nossa viagem chega a uma nova e triste fase. Estamos definitivamente deixando os países para trás. Antes, enquanto subíamos o continente, sempre sabíamos que, na volta, passaríamos outra vez por aquele país. Agora não, a despedida é definitiva, pelo menos nesses 1000dias. E o Canadá foi o primeiro a ficar para trás. Vai deixar muitas saudades. Mas também levamos muitas memórias. Memórias, experiências, fotografias, amigos, uma garrafa de vinho e dois potes de geleia, presente do Len e da Irmi que vamos saborear aos poucos ao longo dos próximos dias. Enfim, o Canadá fica para trás, mas trazemos um pedaço dele conosco! Agora, é hora de mudar o canal interno da nossa cabeça para os Estados Unidos!
Degustação de vinho tinto no Okanagan Valley, no sul da British Columbia, no Canadá
O lago Titicaca, visto de Copacabana, na Bolívia
Poucos caminhos e fronteiras são tão bem conhecidos dos viajantes da América do Sul como o trecho entre Puno, no Peru, e Copacabana, na Bolívia. São dezenas de milhares de viajantes todos os anos, na rota La Paz- Cusco, ou vice-versa, quase sempre na orla do lago Titicaca, cruzando o altiplano andino a quase 4 mil metros de altitude. As fotos no arco de pedra que marca a passagem entre os dois países já se tornou uma tradição entre viajantes de todo o mundo.
Viajando do Peru para a Bolívia, de Puno (A) para Copacabana (B), já bem próxima da Isla del Sol
Foi assim comigo em 1990 e com a Ana em 2006. E hoje, seria a vez da Fiona! Para tanto, saímos pela manhã de Puno e logo estávamos margeando o Titicaca para o sul. Agora sim, dirigindo mais de cem quilômetros nesse sentido é que temos uma noção do tamanho desse imenso lago. Tamanho e beleza! Dos pontos mais altos, espécies de mirantes naturais, podemos sempre observar as montanhas nevadas dos andes bolivianos, lá do outro lado do lago e sua principal fonte de água.
Viagem entre Puno, no Peru, e Copacabana, na Bolívia, sempre ao lado do lago Titicaca
Viagem entre Puno, no Peru, e Copacabana, na Bolívia, sempre ao lado do lago Titicaca
Nem tão longe assim, aliás, bem pertinho, patos e flamingos se alimentam na parte rasa do lago. São o prenúncio que estamos perto da fronteira, de Copacabana e da parte mais estreita do lago, por onde passaremos com a Fiona para o lado de lá do lago após deixarmos Copacabana em alguns dias, rumo à La Paz.
Flamingos e patos se alimentam no lago Titicaca, na estrada entre Puno, no Peru, e Copacabana, na Bolívia
Chegando à movimentada fronteira Peru-Bolívia, já bem perto de Copacabana
Na famosa fronteira, tiramos as fotos tradicionais e tivemos um rápido processo. Pelo menos, do lado peruano. Já no lado da Bolívia, tivemos que esperar que a Aduana abrisse depois do almoço para, finalmente, continuarmos nossa viagem. Seriam apenas mais uns 15 quilômetros até Copacabana. Estávamos, definitivamente, de volta à Bolívia!
Fronteira Peru-Bolívia, região de Copacabana. Mais uma para a lista da Fiona
Atravessando a fronteira Peru-Bolívia na região de Copacabana
Para mim, Copacabana foi uma surpresa. Está muito maior que a pequena cidade que eu conheci há duas décadas e muito mais movimentada também. Principalmente nessa época do ano, festa da padroeira local e de toda a Bolívia, Nossa Senhora de Copacabana. São muitos peregrinos e festividades e, entre elas, destaca-se a “benção” de carros, uma cerimônia em que um sacerdote faz votos para que o carro fique protegido de acidentes e roubos. Enquanto o carro é abençoado, ele é todo coberto por flores e assim fica por algumas semanas. Lá em Puno, vimos dezenas desses carros abençoados. Os peruanos que vivem na região do Titicaca são muito devotos da Virgem de Copacabana e acorrem em massa para cá, nesses primeiros dias de Agosto. O resultado é uma fronteira movimentada e vagarosa. Felizmente para nós, o maior da festa já tinha passado. Mesmo assim, ainda vimos vários carros sendo abençoados por aqui.
Em busca da imigração boliviana na fronteira Peru-Bolívia, para carimbarmos nossos passaportes
A orla de Copacabana, na Bolívia, na orla do lago Titicaca
Esfomeados, a primeira coisa que fizemos ao chegar na cidade foi achar um bom restaurante. Não é uma tarefa difícil, pois Copacabana vem se tornando uma cidade cada vez mais internacional, muitos gringos vindo morar à beira do Titicaca. Com exceção dessas duas semanas de festa, a cidade continua muito tranquila. Encontramos um italiano, de uma boliviana descendente de italianos casada com um brasileiro de Curitiba. Uma delícia, com direito à uma sobremesa de salame de chocolate, para alegria da Ana
Nosso primeiro e delicioso restaurante em Copacabana, na Bolívia
Salame de chocolate, sobremesa especial em restaurante de Copacabana, na Bolívia
Depois, aí sim, fomos encontrar um hotel com vista para o lago, de onde assistimos um belo entardecer, assim como a lua, estrelas e planetas que vinham atrás do sol. Aproveitamos também para conseguir informações e decidir sobre nosso programa de amanhã. Vamos para a famosa e sagrada Isla del Sol, a maior do Titicaca. Também por ela eu passei batido da outra vez que aqui estive. Mas não a Ana, que fez um belo trekking pela ilha e, pelas suas descrições, já me deixou bastante ansioso para conhecer. Passaremos o dia por lá e voltamos à simpática Copacabana para dormir. No dia seguinte, seguimos viagem, rumo à Tiahuanaco e La Paz.
Carros "batizados" em Copacabana, na Bolívia
Um belo fim de tarde na orla do Titicaca, em Copacabana, na Bolívia
Meio de transporte em Camaguey, em Cuba
A principal estrada de Cuba é a que corta todo o país, de leste a oeste, ligando as duas maiores cidades da ilha: Havana e Santiago de Cuba. Nesses últimos dias, ficamos um pouco afastados desse eixo rodoviário, já que Cienfuegos e Trinidad estão ao sul da estrada, que corta o país mais ou menos pelo seu centro. Outras das principais cidades do país também estão ao longo desta estrada. Santa Clara, local da mais famosa batalha de Che Guevara e onde foi enterrado seu corpo depois de ser encontrado na Bolívia e Camaguey, terra do mais famoso carnaval de Cuba. Segundo o Pepe, que nos ajudou a organizar a viagem pelo país, reservar Casas de Hóspedes e decidir o roteiro, essas são duas cidades “de passagem”, na rota que leva à Santiago.
Nosso café da manhã de despedida de Trinidad, em Cuba
Esperando o trem passar, na viagem entre Trinidad e Camaguey, em Cuba
Mas eu guardava muitas boas lembranças de Camaguey, da viagem que fiz pelo país há dez anos com um amigo. Passamos em Santa Clara também, para ver o memorial de Che, mas isso sim achei meio sem graça. Já em Camaguey, tivemos a sorte de passar aí justo na época do carnaval. Cidade em festa e cheia de brasileiros, frequentadores assíduos dos cursos universitários da cidade. Talvez até por isso que o carnaval seja tão animado por lá! Bom, deixando as memórias de lado, foi aí que planejamos ficar por uma noite, para cortar a longa viagem rumo à Playa Santa Lucía, já na costa norte da ilha.
Charretes de passageiros, visão comum nas estradas de Cuba (viagem entre Trinidad e Camaguey)
O cartaz que nos esperava no andar de baixo da Casa de Hóspedes em Camaguey, em Cuba
Depois do último café da manhã em Trinidad, servido no telhado da nossa Casa de Hóspedes, botamos o pé na estrada novamente, primeiro por caminhos vicinais e depois pela principal estrada do país. Em comum, o pouco movimento de carros e o “muito movimento” de carroças e bicicletas. Dessa vez, até um trem do precário serviço ferroviário do país encontramos. Obstáculos vencidos, chegamos à Camaguey e localizamos nossa Casa de Hóspedes, meio afastada do centro histórico da cidade. O problema é que não havia ninguém por lá, a casa fechada. E no vizinho de baixo, um “simpático” cartaz nos desencorajava a pedir ajuda por lá. Mas o Rafa tem celular e localizamos a dona da nossa casa. O que aconteceu foi que o dono da Casa de Hóspedes em Santiago, depois de não entender direito os nossos planos, resolveu “avisar” seus colegas de Camaguey e de Santiago que não passaríamos mais por esses lugares, cancelando nossas reservas. Ao tentar ajudar seus companheiros, acabou atrapalhando nossa vida.
Compras no mercado de Camaguey, em Cuba
O motorista do nosso bicitáxi nos leva pelas ruas de Camaguey, em Cuba
Bom, ao menos aqui em Camaguey, tudo se resolveu e nos instalamos ali mesmo. Depois, o Rafa que anda meio mal do estômago, foi comprar vegetais para preparar uma sopa num mercado ali perto. Enquanto ele fazia a sopa, eu e a Ana já seguimos para o centro histórico, com a promessa de nos encontrarmos mais tarde. Um pouco longe para seguirmos à pé, a solução foi tomarmos um bicitáxi, meio de transporte muito comum na cidade. Oportunidade de fotos e muita diversão para nós!
Belo fim de tarde nas ruas do charmoso centro histórico de Camaguey, em Cuba
Fachada bem conservada no centro histórico de Camaguey, em Cuba
Já no centro da cidade, passamos a usar nossas pernas novamente. Apesar de bem menos turística que Trinidad, a cidade é linda, cheia de prédios históricos de arquitetura interessantes e ruas charmosas. A nossa corrida era contra o tempo, pois o sol se abaixava rapidamente e a luz estava maravilhosa para fotos. A Ana, morrendo de saudades da nossa Nikon, tirou o máximo da nossa pequena Lumix, conseguindo fotos incríveis da cidade e do entardecer.
Rua de Camaguey, em Cuba
Nossa caminhada atingiu o ápice na magnífica praça Juan de Dios, onde parecia que tínhamos nos teletransportado para o séc XIX, por causa das construções e do clima pacato de cidade pequena. Uma delícia! Melhor ainda porque quem se “teletransportou” junto conosco foi uma cerveja geladíssima. Assim, muito bem acompanhados, assistimos a noite chegar de camarote. Um dos momentos mais especiais da nossa viagem pelo país até agora. Eu sempre soube que Camaguey não me decepcionaria, hehehe!
Entardecer na Plaza Juan de Dios, em Camaguey - Cuba
Feliz da vida no fim de tarde na magnífica praça Juan de Dios, em Camaguey - Cuba
Além da noite, chegaram também o Rafa e a Laura, infelizmente já sem aquela luz maravilhosa para a Laura tirar suas tradicionais fotos maravilhosas com sua Canon poderosa. Juntos, passeamos mais um pouco pelas ruas semi-iluminadas do centro, mas sempre com a sensação de segurança total que caracteriza este país. Neste caminho, um encontro e conversa muito interessante com um casal que faz uma longa viagem de bicicleta dupla por vários continentes. Ele belga e ela chinesa, puxam com um reboque a mala deles, muito menor do que as nossas. Bom, é que a gente tem a Fiona para nos ajudar, né?
Um belga e uma chinesa. Encontro com o casal que está dando a volta em vários continentes de bicicleta! (em Camaguey - Cuba)
Depois das fotos para registrar o encontro (os cubanos também estavam interessadíssimos neles), voltamos para casa. Dessa vez, conseguimos encaixar o Rafa, a Laura e a Ana no mesmo bicitáxi, enquanto eu ía do lado, correndo, apostando corrida com o motorista deles. Foi bem divertido!
A Ana, Rafa e Laura voltam para casa de bicitáxi, pelas ruas de Camaguey, em Cuba
Amanhã, chegamos à costa norte da ilha para ver como é o mar “do lado de lá”. Passamos algumas horas ali e seguimos para Santiago, outra vez na costa sul, onde devemos chegar já de noite. Fim da nossa jornada através desse incrível país. Quer dizer, mais ou menos... Eu e a Ana voltaremos para Havana de ônibus. Depois, teremos mais alguns dias para ver o lado oeste da ilha, enquanto o Rafa e a Laura voltam para a vida dura no Brasil.
A Ana, Rafa e Laura voltam para casa de bicitáxi, pelas ruas de Camaguey, em Cuba
Um mamute nos recepciona na seção de História Natural do excelente Royal BC Museum, em Victoria, capital da British Columbia, no oeste do Canadá
Aproveitamos até o último minuto do tempo que tínhamos no nosso hotel (por aqui, as diárias sempre se encerram às 11 da manhã) e seguimos para uma das maiores atrações de Victoria, o Royal BC Museum. Tempo ainda meio chuvoso, nada melhor que uma boa visita a um museu, principalmente quando este é o melhor museu de toda a província. Nossa ideia era passar umas horas de explorações culturais e científicas e, no fim da tarde, pegar o ferry para Vancouver, finalmente voltando ao continente americano propriamente dito. Afinal, desde que saímos de Haines, no Alaska, há mais de duas semanas, que só temos andando por ilhas e por barcos, ao longo da Inside Passage.
Observando um gigantesco mapa da British Columbia no Royal BC Museum, em Victoria, capital da província, no oeste do Canadá
O museu daqui tem excelentes seções de história, cultura e história natural. Mas não foi por nenhuma delas que iniciamos nossa visita. O que nos atraiu primeiro foi um “cineminha” que estava passando no museu. O “cineminha”, na verdade, era um IMAX e o filme, um incrível documentário sobre o Ártico, suas belezas naturais, como ele está sofrendo com o aquecimento global e como a fauna que lá vive está lutando para se adaptar às novas condições. O foco principal do filme é a história de uma ursa polar e seus dois filhotes, na sua luta diária por alimento e tentando se manter longe da ameaça dos ursos machos, devoradores de filhotes.
Gigantescos carangueijos expostos no Royal BC Museum, em Victoria, capital da British Columbia, no oeste do Canadá
O filme é maravilhoso, imagens que nos levam às lágrimas. Para nós, que chegamos lá pertinho, mas estamos indo embora sem ter visto esses magníficos animais, não poderia ter sido mais emocionante. O lugar mais acessível para um viajante ver ursos polares na natureza é na cidade de Churchill, no norte de Manitoba, na Hudson Bay. Não se chega lá de carro, mas de trem. São quarenta horas partindo de Winnipeg. Nós não passamos por aí, tendo cruzando as planícies centrais do continente pelos Estados Unidos. Imaginávamos, inocentemente, que poderíamos ver esses ursos brancos no Alaska. Doce ilusão. Ali, para chegar até eles, é ainda mais complicado, uma cara combinação de aviões pequenos e barcos. Se soubéssemos disso antes, talvez tivéssemos tentado fazer o caminho do trem. Enfim, não vimos com os próprios olhos, mas hoje, com a ajuda do IMAX, nos sentimos bem perto deles. E torcemos juntos quando um dos ursos machos se aproxima perigosamente da mãe com seus dois filhotes, após uma longa perseguição entre blocos de gelo e mares gelados e a ursa, percebendo que os filhotes seriam alcançados, se vira e resolve enfrentar um animal mais de 50% maior do que ela. Não vou contar o final da história, pois vale a pena ver com os próprios olhos! O trailler do filme segue abaixo:
Depois do filme, voltamos nossas atenções ao excelente museu, começando pela seção de história natural, onde somos recebidos por um mamute em tamanho natural, inclusive com os sons que eles deveriam fazer quando viviam. Fósseis desses animais são constantemente descobertos, em toda a região norte do planeta. Alguns, em tão bom estado que parece terem morrido ontem. Ninguém conseguiu explicar como e por que esses animais foram extintos e atribuir isso aos nossos antepassados caçadores me parece bem exagerado. Por dezenas de milhares de anos as duas espécies conviveram e ninguém foi extinto. Os mamutes haviam superado várias mudanças climáticas anteriores também, o que torna meio simplório botar a culpa no fim da era glacial. Muito interessante também, e poucas pessoas sabem disso, os mamutes sobreviveram até bem recentemente, há cerca de 3.500 anos, em uma ilha ao norte da Sibéria. Enquanto os gregos invadiam Tróia e Moisés guiava os judeus pelo deserto do Sinai, esses primos do elefante vagavam em segredo alguns poucos milhares de quilômetros ao norte. Que pena não terem resistido um pouco mais...
A antiga exploração de baleias, em foto no Royal BC Museum, em Victoria, capital da British Columbia, no oeste do Canadá
A quarta maior pepita de ouro achada na British Columbia, exposta no Royal BC Museum, em Victoria, capital da província, no oeste do Canadá
Depois da História Natural, dos mamutes, ursos, caranguejos e os diversos ecossistemas da Colúmbia Britânica, seguimos para a parte de história do museu. Réplicas das antigas cidades da província em tamanho natural nos permite entrar em um antigo banco, em um sallon, na estação de trem, num hotel por onde perambulavam antigas dançarinas de um cabaré e até mesmo pela cabine de comando do navio Discovery, um dos primeiros a explorar a costa norte do Canadá. Talvez o mais legal seja a réplica de um antigo cinema da década de 30 onde passam continuamente os filmes de Charles Chaplin. Ali, pudemos assistir a um bom pedaço do filme “Gold Rush”. Como acabamos de acompanhar toda a história da Corrida do Ouro no Alaska e Yukon, o filme ficou ainda mais interessante!
Assistindo a filme em réplica de cinema antigo, no Royal BC Museum, em Victoria, capital da British Columbia, no oeste do Canadá
Antiga propaganda sobre viagens na Inside Passage, no Royal BC Museum, em Victoria, capital da British Columbia, no oeste do Canadá
Podemos também ver também objetos e fotos antigas das atividades econômicas daquela época, como a mineração, exploração de madeira, pesca de salmão e, de cortar o coração, caça a ursos e baleias. Felizmente, ao menos nessa parte do mundo, isso é coisa do passado. As baleias, que quase chegaram a ser extintas e fazer companhia aos mamutes, hoje vivem tranquilamente na Inside Passage, fazendo a alegria dos turistas e cientistas que ali passam ou vivem.
Máscaras indígenas expostas no Royal BC Museum, em Victoria, capital da British Columbia, no oeste do Canadá
Totens indígenas expostos no Royal BC Museum, em Victoria, capital da British Columbia, no oeste do Canadá
A parte final da nossa visita foi devotada à incrível coleção de arte, artefatos e informações sobre a população indígena da Columbia Britânica. Novamente, me impressionei com o grau de complexidade da sociedade que aqui vivia e da arte que desenvolveram. Também foi tocante ver como o contato com as sociedades europeias foi desastroso para eles. A população indígena no litoral, estimada em 80 mil pessoas no início do séc XIX, caiu para apenas um quarto disso ao final do século. Boa parte desse declínio foi devido às doenças trazidas pelo homem branco. Apenas uma epidemia de varíola, em 1860, matou vinte mil pessoas. A sociedade se desestruturou rapidamente, ainda mais com as medidas do governo que forçavam uma ocidentalização dos costumes. Por exemplo, as antigas línguas eram simplesmente proibidas de serem faladas. O “potlatch”, uma espécie de festa-cerimônia em que um grande chefe distribuía parte de seu patrimônio entre súditos e aliados, um costume central naquela cultura, também foi banido por força de lei. Enfim, tivemos uma verdadeira aula de história onde é quase impossível não sentir o peso das injustiças cometidas naquela época e que jamais serão sanadas ou corrigidas. Bom, ao menos, que nunca sejam esquecidas também...
Imagens dos antigos habitantes da província, expostas no Royal BC Museum, em Victoria, capital da British Columbia, no oeste do Canadá
Imagens dos antigos habitantes da província, expostas no Royal BC Museum, em Victoria, capital da British Columbia, no oeste do Canadá
Poderíamos ter passado dias ali dentro, mas o nosso destino nos chamava. E o nosso destino, agora, tinha um nome: Vancouver, a maior cidade desse lado do país. Aceleramos para o porto, mas perdemos o ferry das 17 horas. Não importa! Duas horas mais tarde e estávamos embarcados para uma viagem de 90 minutos através do canal no mais cheio ferry que pegamos nessas duas semanas cruzando os estreitos caminhos da Inside Passage. Chegamos à metrópole de quase 3 milhões de habitantes e o PriceLine nos ajudou a achar uma excelente acomodação bem no coração do West End, uma das melhores vizinhanças de Vancouver. A partir de amanhã, com sol ou com chuva, temos uma grande cidade para explorar. Estávamos com saudades, pois a última foi Chicago, há quase dois meses. Para nós, parecem dois anos. Acho que é a intensidade da vida que levamos...
Totens indígenas expostos no Royal BC Museum, em Victoria, capital da British Columbia, no oeste do Canadá
Um dos mirantes no Parque Nacional Talampaya, na Argentina
Se ontem só começamos nosso programa no parque às duas da tarde, já que tivemos de dirigir 300 km para chegar lá, hoje já estávamos cedinho na entrada do Talampaya. Isto mesmo, mudamos de parque, do Ischigualasto para o Talampaya, mas os dois são vizinhos e protegem uma área contígua.
Mapa do Parque Nacional Talampaya, na Argentina. Nós fizemos todos esses circuitos a pé.
Com o nosso grupo, início da caminhada no Parque Nacional Talampaya, na Argentina
Os dois parques foram criados mais ou menos na mesma época, meados da década de 70, com o objetivo de proteger um dos principais sítios de fósseis do mundo, além da natureza belíssima. Inicialmente, ambos eram parques provinciais, mas no final da década de 90 Talampaya passou à administração federal. A linha que divide os dois parques é a mesma que divide as províncias de San Juan e La Rioja, mas mesmo estando assim, separados, juntos foram elevados a Patrimônio Natural Mundial pela UNESCO, em 2000.
Com o nosso grupo, início da caminhada no Parque Nacional Talampaya, na Argentina
Aproveitando a sombra para uma pausa na caminhada através do árido Parque Nacional Talampaya, na Argentina
Um aspecto importante que diferencia os dois parques é a maneira de visitação. Enquanto em Ischigualasto entramos em caravana de carros no parque e assim percorremos o circuito turístico lá dentro, as opções em Talampaya são mais variadas. Aqui, também podemos fazer um circuito de carro, mas tem de ser num veículo do próprio parque. Outra opção é fazer um percurso de bicicleta, o que nos dá um contato mais próximo com a natureza da região. Por fim, há um circuito que pode ser percorrido a pé, cerca de 13 km passando por lugares inacessíveis para quem opta pelo carro ou pela bicicleta.
Entrando em um dos canyons do Parque Nacional Talampaya, na Argentina
Entrando em um dos canyons do Parque Nacional Talampaya, na Argentina
Tudo isso aprendemos ali na portaria mesmo, pouco depois das 8 da manhã. Já havia uns cinquenta turistas esperando pela abertura dos portões, o que até nos assustou um pouco. Muita gente trazida de ônibus por agências de turismo de San Juan ou da capital de La Rioja. Só ficamos mais tranquilos quando descobrimos que a grande maioria optou pelo passeio no caminhão com ar condicionado. Sobrou um pequeno grupo que acabou se dividindo entre a bicicleta e a caminhada. Depois de conversar com um guia local, optamos pela segunda opção, pé no chão mesmo, o que percebemos ter sido uma opção acertadíssima ao final do dia.
Admirando os rochedos durante nossa caminhada no Parque Nacional Talampaya, na Argentina
Admirando os rochedos do Parque Nacional Talampaya, na Argentina
Para aqueles que optaram pela caminhada, nós e mais seis pessoas, pudemos entrar no parque com o nosso carro, ao menos pelos primeiros 13 km de estrada de terra, cortando uma árida planície. Já bem perto de um enorme rochedo, o tal do Talampaya, aí deixamos o carro numa base avançada do parque e começamos a caminhar, guiados pelo animado e inteligente Sergio. Junto conosco, apenas argentinos, uma turma de La Plata e outra de Quilmes, todos interessadíssimos em natureza e cheios de energia para gastar.
Nosso guia nos fotografa no Parque Nacional Talampaya, na Argentina
Nosso guia nos mostra e explica sobre inscrições rupestres no Parque Nacional Talampaya, na Argentina
O Sergio resolveu nos levar para fazer um circuito grande, entrando pela Quebrada Don Eduardo, nome que homenageia um antigo morador, e voltando pelo monumental Canyon Talampaya, delineado por gigantescas paredes avermelhadas com mais de 100 metros de altura. Um circuito com pouco mais de 13 km para fazermos em 6 horas de passeio, com tempo bastante para as explicações do Sergio, para as fotos, as paradas estratégicas nos lugares sombreados e para um lanche em um mirante. No caminho, muita geologia, vida selvagem e inscrições rupestres.
Caminhando no Parque Nacional Talampaya, na Argentina
Pequeno descanso durante caminhada no incrível Parque Nacional Talampaya, na Argentina
O único trecho mais difícil, justamente pelo calor, é caminharmos do local onde deixamos os carros até a encosta do rochedo e do canyon. A partir daí, vamos sempre na sombra e o visual que nos cerca é tão magnífico que ninguém pensa em cansaço. Mais cansativo ainda deve ter sido pelo pessoal da bicicleta, que passou por nós nesse trecho. O solo é formado por areia solta e deu para ver que eles estavam fazendo força!
Parque Nacional Talampaya, na Argentina
Paisagem rochosa e avermelhada do Parque Nacional Talampaya, na Argentina
Depois de descansarmos um pouco na sombra de uma frondosa árvore no início da Quebrada Don Eduardo, o Sergio passou a nos conduzir por trilhas estreitas em pequenos canyons e gargantas rochosas. Era aí que morava o Don Eduardo que se recusou a sair daí mesmo quando a área passou a ser protegida, tornando-se folclórico na região. Completamente isolado do mundo moderno, não deveria ser fácil sobreviver por ali. Até os filhos se foram, mas lar é lar!
Pequenos cactus no Parque Nacional Talampaya, na Argentina
Encontro com o Ñandú, equivalente à nossa ema, no Parque Nacional Talampaya, na Argentina
Muito antes de Don Eduardo, quem também viveu por ali foram os primeiros americanos, há milhares de anos. O clima deveria ser um pouco mais úmido, como atesta a erosão feita por rios e riachos bem mais caudalosos que os atuais. Esses povos deixaram suas marcas e sua arte inscrita nas rochas, o que o Sergio foi nos mostrando ao longo do caminho. Se os fósseis tão mais comuns em Ischigualasto, as marcas da antiga ocupação humana são bem mais comuns por aqui. Provavelmente pela proteção natural que os próprios rochedos e canyons forneciam.
Maras, um grande roedor que vive no Parque Nacional Talampaya, na Argentina
Encontro com guanacos durante caminhada no Parque Nacional Talampaya, na Argentina
Quem dividia este ambiente com esses antigos moradores era a mesma fauna que ainda observamos hoje. No ar se destacam os pássaros grandes, como condores e águias. Na terra, além de pequenos lagartos, vimos também raposas (os “zorros” aqui na Argentina), guanacos (primos das lhamas e vicunhas), maras (um grande roedor) e ñandús (que são as nossas emas). Não parecem ter muito medo de nós, humanos, já que faz tempo que a caça é proibida. Mas não deveria ser assim a uns poucos milhares de anos, quando todos esses animais faziam parte da dieta dos nossos antepassados.
O grupo sobe para um dos mirantes do Parque Nacional Talampaya, na Argentina
Os enormes paredões avermelhados do Parque Nacional Talampaya, na Argentina
Nós, depois de mais de uma hora seguindo por pequenos canyons bem estreitos e pitorescos, chegamos ao mirante onde fizemos nosso lanche, visão bem ampla dos vales abaixo para nos embalar. Ficamos só imaginado aquela paisagem toda quando havia mais água por aqui. O próprio caminho que percorremos, hoje completamente seco, deve ter sido cavado por uma água em fúria. Se bem que o Sergio nos disse que, embora quase nunca chova por aqui, quando chove, é muito intenso. Aí, por algumas poucas horas, riachos, corredeiras e cachoeiras ressuscitam, uma lembrança rápida de antigos tempos gloriosos.
Pausa para fotos e lanche do nosso grupo no Parque Nacional Talampaya, na Argentina
Um dos vales do Parque Nacional Talampaya, na Argentina
Depois do lanche, descemos para o outro lado do vale e começamos a voltar pelo imponente Canyon de Talampaya. O que havia de estreito na Quebrada Don Eduardo, havia de amplidão nesse canyon delimitado por paredes altíssimas. Até cruzamos um pequeno riacho por aí e brincamos muito com o eco das nossas vozes. As paredes reverberavam nossos gritos ainda mais altos do que o original! Incrível!
Curtindo a beleza do cenário do Parque Nacional Talampaya, na Argentina
Um dos mirantes no Parque Nacional Talampaya, na Argentina
Aí também encontramos muito da fauna que vimos nesse passeio e também o caminhão que faz o tour com os turistas. Passam lá longe, eles descem, tiram umas fotos e seguem em frente. Foi quando tivemos certeza que a nossa opção pela caminhada tinha sido muito melhor, poder caminhar até as imensas paredes, olhar para cima e ter consciência da nossa insignificância na paisagem. É sempre bom nos colocar em perspectiva, hehehe!
Entrando em um vale seco cercado por gigantescas paredes no Parque Nacional Talampaya, na Argentina
Encontro com um raro riacho no Parque Nacional Talampaya, na Argentina
Quando finalmente saímos desse canyon e voltamos ao vale onde havíamos começado nossa caminhada, muitas horas mais cedo, aí era o lugar conhecido como Porta de Talampaya, as paredes do canyon formando uma entrada digna de gigantes. Mesmo os antigos dinossauros iriam se apequenar por aqui. Se bem que, é bom lembrar, os dinossauros são mais antigos do que essa paisagem!
As gigantescas pareds avermelhadas da Puerta de Talampaya, no Parque Nacional Talampaya, na Argentina
As gigantescas pareds avermelhadas da Puerta de Talampaya, no Parque Nacional Talampaya, na Argentina
Falando em dinossauros, eles ainda estariam no nosso caminho. Após caminharmos de volta aos nossos carros e dirigirmos até a saída do parque, ali do lado da portaria existe um pequeno museu, ou exposição ao ar livre. É o chamado “Parque Triássico”, onde podemos caminhar por entre esses antigos seres que dominaram a Terra por tanto tempo. Várias espécies que viviam por aqui foram reconstruídas em maquetes tamanho natural e muito bem feitas. Só é estranho vê-los no meio de uma paisagem desértica, pois não era assim quando viviam. Mas, enfim, é muito legal vê-los tão de perto!
As gigantescas pareds avermelhadas da Puerta de Talampaya, no Parque Nacional Talampaya, na Argentina
Entrada para a "Trilha do Triássico", no Parque Nacional Talampaya, na Argentina
E com isso, terminamos nossa visita a esses incríveis parques perdidos aqui no deserto do meio oeste argentino, uma atração ainda tão pouco conhecida dos brasileiros. Aliás, sobre isso vou falar no próximo post, essa “outra” Argentina, tão incrível e ainda tão desconhecida de seus vizinhos (nós!), que preferem se manter no eixo Buenos Aires – Bariloche.
Dinossauros encontrados no Parque Nacional Talampaya, na Argentina
Dinossauros encontrados no Parque Nacional Talampaya, na Argentina
A Ruta 40, na região de El Bolsón, na patagônia argentina
Ontem, dia 9, voamos de Curitiba para Bariloche com uma rápida parada em Buenos Aires. Nem saímos do aeroporto. Em Bariloche, no estacionamento do próprio aeroporto nos esperava a Fiona. Com carro próprio e já na nossa terceira chegada à cidade em menos de 10 dias, foi como chegar em casa. Já sabemos os caminhos, já conhecemos os hotéis e restaurantes, até já conhecemos algumas pessoas.
As paisagens maravilhosas da patagônia andina argentina, na Ruta 40, região de El Bolsón
Voltamos para o mesmo hotel da primeira vez e o jantar, para celebrar o início da nossa longa jornada rumo ao sul do continente, foi um delicioso fondue. São especialistas nisso por aqui. Hoje de manhã, antes de pegarmos estrada, foi a vez de ir fazer câmbio nas ruas. Também já estou ficando craque nessa atividade. Em todas as cidades grandes ou turísticas do país a gente encontra no centro os “arbolitos”, nome carinhoso dado aos cambistas. Ficam parados em frente às casas de câmbio ou bancos e não são incomodados pela polícia, desde que não falem alto nas ruas. Quando demonstramos interesse, eles nos levam para dentro de uma loja e fazemos o câmbio. A taxa atual chega perto dos 14 pesos por dólar, praticamente o dobro da taxa oficial. Aqui em Bariloche, eles já estão acostumados em fazer câmbio para brasileiros e já falam até em português conosco. Eu troquei a quantidade que imagino que vamos usar até chegarmos à próxima cidade grande e pronto, não faltava mais nada para pegarmos estrada.
As paisagens maravilhosas da patagônia andina argentina, na Ruta 40, região de El Bolsón
Nosso rumo agora é o sul. Vamos descer a famosa ruta 40, a estrada que vai de norte ao sul do país sempre ao lado dos Andes, sendo considerada uma das mais cênicas do continente. Daqui para o norte, ela é toda asfaltada. Mas para o sul, com muito menos movimento, ainda há longos trechos de rípio. Aos poucos, está sendo tudo asfaltado e não duvido que em poucos anos seja possível cruzar toda a patagônia andina sem poeira.
Serão mais de 2.500 km até Ushuaia, no sul da Terra do Fogo. Mas não vamos diretamente. A primeira parada, onde dormiremos por uns dias, será El Bolsón, uma espécie de prima alternativa de Bariloche. De lá para a belíssima El Chaltén, passando no caminho por mais cidades de colonização galesa e também pela inacreditável Cueva de Las Manos. Em El Chaltén deveremos passar alguns dias explorando o parque que há por lá, muitas caminhadas no cardápio. Depois, El Calafate, onde está o mais famoso glaciar das Américas, o Perito Moreno.
As paisagens maravilhosas da patagônia andina argentina, na Ruta 40, região de El Bolsón
Para seguir ainda mais ao sul ao lado dos Andes, só do lado chileno. E é para lá que seguiremos, justo naquele que é considerado o mais belo Parque Nacional desse lado do mundo, o Torres del Paine. Finalmente, ainda do lado chileno, vamos até Punta Arenas de onde, de balsa, poderemos cruzar para a Terra do Fogo. Daí para Ushuaia será um pulinho e aí sim teremos levado a Fiona até a ponta sul do continente. Desde que saímos do Alaska, lá na outra ponta, terão sido 15 meses muito bem vividos!
A Ruta 40, na região de El Bolsón, na patagônia argentina
Bom, é isso então, belos planos para o próximo mês! É mais uma corrida se iniciando, pois temos de estar em Santiago no final de Janeiro, de onde voaremos outra vez para o Brasil, agora para o aniversário da minha mãe. Temos, então, cerca de 50 dias para chegarmos à Ushuaia e retornarmos à Santiago, subindo todo o Chile pela famosa Carretera Austral, forte concorrente da ruta 40 na competição de estrada mais bela da América do Sul. Daqui a dois meses poderemos dar o nosso veredicto!
Chegando em El Bolsón, na Argentina
Enfim, toda grande jornada começa com o primeiro passo. E o nosso foi dirigir de Bariloche a El Bolsón. Esse pequeno trecho já é mais do que o suficiente para entender a fama que a ruta 40 tem. A Carretera Austral vai ter de se esforçar!
Vista do Pico do Papagaio no Vale do Matutu - MG
Céu azul em Curitiba, um ar meio frio, meio seco. Clima típico do alto de montanhas. Como bom mineiro, sempre as estou procurando no horizonte, seja em Curitiba, em Minas ou no Amazonas. São um ponto de referência, tanto na geografia como no espírito. Sem nada muito interessante para relatar sobre hoje, passo logo a elas, companheiras de viagens e de sonhos, tema da retrospectiva que tenho feito durante esses dias parados na cidade.
Acordando acima das nuvens!
Ana saindo da barraca durante o nascer-do-sol na Pedra da Mina em Passa Quatro - MG
Inspiração logo pela manhã...
Paisagem maravilhosa no alto da Pedra da Mina em Passa Quatro - MG
Além de nós, também as nuvens adoram as montanhas...
Pausa para admirar a bela paisagem, na descida do Pico do Itambé, na região de Capivari - MG
Enfrentando o frio e a chuva para chegar ao alto do Paraná
Neblina total no Pico Paraná - PR
Serra do Caparaó, em Minas. Lugar abençoado!
Vista das montanhas e nuvens do mirante da Cachoeira do Aurélio, na trilha capixaba de acesso ao Pico da Bandeira, no Parque Nacional do Caparaó - MG/ES
A mais famosa das enormes rochas que brotam do solo no Espírito Santo
Gigantesco monolito em Pedra Azul, região de Domingos Martins - ES
O mais conhecido cenário da Chapada Diamantina, na Bahia
A Chapada Diamantina, vista do alto do Pai Inácio, próximo à Lençóis - BA
Medo de altura não combina com montanhas!
Equilibrando-se num dos mirantes do Cachoeirão, no Vale do Pati, na Chapada Diamantina - BA
Prontos para a escalada, na fronteira de Rio Grande do Norte e Paraíba
Em frente à Pedra do Lagarto com o Julio, nosso guia montanhista na região de Passa e Fica - RN
O Brasil não tem vulcões, mas o Caribe...
Como dois irmãos, o The Quill, em Sint Statius e o Liamuiga, em St. Kitts (Caribe)
Reverência natural, diante de tanta beleza...
Visitando as dunas do Jalapão - TO, com a Serra do Espírito Santo ao fundo
Formações rochosas no arenito de Vila Velha - Paraná
O tempo mudou hoje! Ainda está frio, mas o céu azul muda a cara de tudo. Continuamos andando com nossos afazeres pré-viagem por aqui, mas conseguimos tirar algumas horas para ir conhecer o Parque de Vila Velha, uma das principais atrações turísticas do Paraná. Fica no município de Ponta Grossa, a cerca de uma hora de carro daqui, em direção ao interior.
Placa explicativa do Parque de Vila Velha,no Paraná
Eu, tão viajador, já morando no Paraná há mais de sete anos, ainda não conhecia. Uma vergonha! A Ana já havia estado lá algumas vezes, mas já há bastante tempo. Quando eu cheguei no Paraná, em 2002, nos primeiros seis meses, viajava quase todos os finais de semana, para conhecer as praias, parques, cachoeiras e cidades históricas aqui perto. Mas este parque, naquela época, estava fechado. E assim ficou por dois anos. Quando reabriu, estava cheio de regras para visitação. Isso me deixou meio irritado e fui sempre adiando uma ida para lá.
Formações rochosas no arenito de Vila Velha - Paraná
Finalmente, hoje foi esse dia. O parque está muito bem estruturado. Aventura, absolutamente nenhuma. Mas não se pode reclamar dos visuais. Incríveis. É só dar 400 milhões de anos para a natureza e, com certeza, ela vai nos presentear com algo. Nesse caso, enormes torres de arenito, com formas variadas, fruto do trabalho de geleiras (pois é, geleiras por aqui!), água e muito vento. As torres formam labirintos, mas não se pode mais caminhar entre elas. Há uma trilha demarcada, de cimento, que devemos percorrer, sempre acompanhados de um monitor. É o preço que se paga pelo vandalismo anterior à reforma do parque quando, em poucos anos, as pessoas estavam destruindo o que a natureza havia feito com aquela paciência toda. As torres tinham sobrevivido aos dinossauros, mas não sobreviveriam a nós. Que beleza...
Garrafa de Coca-Cola, em Vila Velha - Paraná
O caminho de cimento nos leva à várias das formações. Além da mais famosa de todas, a "Taça", fiquei muito impressionado com outra, a "Garrafa de Coca-Cola". Incrível, a semelhança. Difícil acreditar que é natural. Bom, tirando as pichações que sobraram dos tempos dos vândalos e o tal caminho de cimento, tudo é natural sim. Algumas coisas com 400 milhões de anos (as torres) e outras com 10 anos (o mato nativo que cresceu novamente onde antes se caminhava). A Ana, que conheceu o parque quando havia mais liberdade de deslocamento, ficou meio decepcionada. Mas entende a necessidade de se controlar o acesso dos vândalos.
A Taça, símbolo do Parque de Vila Velha, no Paraná
Além das "torres", o parque também tem as "furnas". São fenômenos geológicos em que a água se infiltra pelo solo, cria grandes cavernas, o piso fica oco e acaba desabando sobre essa cavernas. Assim, são enormes buracos no solo, parcialmente preenchidos pela água. A mais bonita delas, Furnas I, tem mais de 100 metros de profundidade, 50 deles inundados, formando um lago de águas escuras lindo de se ver, lá de cima. O buraco, em formato circular, paredes quase verticais, deve ter uma diâmetro de uns 60 metros. Nadar, nem pensar, infelizmente. Primeiro, porque é proibido. Segundo, porque não há como chegar lá embaixo, exceto pulando. O elevador que lá existe está fechado há 10 anos. Por fim, a água é gelada. A monitora disse que estava a 8 graus. Fiquei meio desconfiado. Talvez não fosse assim, tão gelada, mas que é bem fria, isso dá para sentir lá de cima.
Visão da Furna I, em Vila Velha - Paraná
A vantagem que tivemos indo lá hoje, plena quinta-feira, dia de trabalho para pessoas normais, é que só havíamos nós. Nos dias mais cheios, chega a dar mil pessoas. Soma-se a isso o caminho de cimento e certamente eu estaria bem decepcionado. Mas, sendo a visita VIP, foi ótimo. Primeiro, poder esticar as pernas, sair da cidade e chegar perto da natureza novamente. E depois, estar num lugar tão distinto como Vila Velha. Valeu!
Lagoa Dourada, em Vila Velha - Paraná
Encontro com jacaré em rio em frente à Pousada Uacari, na Reserva do Mamirauá, região de Tefé, no Amazonas
Não é fácil a vida de um bicho em Mamirauá. Em um ecossistema que muda tão radicalmente a cada seis meses, os animais têm de se adaptar. Como bem disse o gerente da nossa pousada logo na primeira palestra: “Bicho, por aqui, tem de saber voar, ou nadar ou subir em árvore. Melhor ainda se souber fazer tudo!”. Desde uma pequena aranha até uma grande onça, essa é a regra. Se não, melhor procurar outras bandas...
Macaco caminha na copa das árvores na floresta alagada na Reserva do Mamirauá, região de Tefé, no Amazonas
Macaco salta sobre nós durante passeio de canoa na floresta alagada na Reserva do Mamirauá, região de Tefé, no Amazonas
E assim, ao longo dos séculos, os animais foram se adaptando. Por aqui, até tatu sobe em árvore. Formigas mudam sua colônia para o alto das árvores a cada nova estação, lagartos caminham sobre a água e aranhas nadam muito melhor do que eu. Peixes saltam fora d’água para buscar sua refeição e onças se esguiam de jacarés para atravessar um rio de um lado a outro. É um mundo próprio com suas próprias leis.
Do alto da árvore, de ponta cabeça, macaco nos observa durante passeio na floresta alagada, na Reserva do Mamirauá, região de Tefé, no Amazonas
São inúmeras as espécies de pássaros que vivem na Reserva do Mamirauá, região de Tefé, no Amazonas
Como em vários dos parques que já estivemos do Yucatán para cá, sempre temos aquela pequena esperança de avistar o maior dos felinos americanos, a onça pintada. Mas, logo no início, já fomos advertidos: são quatro ou cinco avistamentos por ano! Quase como ganhar na loteria. Para nós, ainda não foi dessa vez, mas o Pantanal está chegando! Por aqui, num futuro próximo, será um pouco mais fácil, pois a ideia é desenvolver um turismo específico para isso, com ajuda de radiotransmissores. Mesmo com eles, não é tarefa fácil. No nosso primeiro dia por aqui, um grupo de visitantes acompanhou a “caçada” de um pesquisador que estava aqui presente. Foram mais de cinco horas de canoa para se chegar até a onça, quando boa parte das pessoas já tinha desistido e voltado à pousada. A gente tem mesmo é de se contentar em ver as “casas” preferidas desse lindo animal, uma árvore apelidada de “apuí de onça”. É uma árvore grande, mas cuja principal característica são os longos e fortes galhos quase horizontais, um excelente local para as onças descansarem enquanto as águas não baixam e o solo não aparece novamente. A cada vez que reconhecíamos uma dessas na floresta alagada, nossos olhos brilhavam na esperança de ver alguma onça descansando lá encima. Mas ainda não foi mesmo dessa vez...
Um pequeno sapo vem nos visitar durante a noite na Pousada Uacari, na Reserva de Mamirauá, perto de Tefé, no Amazonas
Um carangueijo fluvial na Reserva do Mamirauá, região de Tefé, no Amazonas
Bom, ficamos sem a onça, mas não faltaram outros animais para observarmos e fotografarmos. Na própria pousada, especialmente de noite, eram eles que viam nos visitar. Entre eles, sapos de um verde quase brilhante, caranguejos fluviais e, claro, muitos jacarés. Esses, ficavam nadando sob as pontes que ligam as construções da pousada, quiçá na esperança de alguma refeição fácil, hehehe. Até por isso, o seu lugar predileto era embaixo da cozinha de onde, vira e mexe, lá vinha uma comidinha. Se eles comem, não sei, mas que gostam de ficar por ali, isso eles gostam!
Encontro com jacaré em rio em frente à Pousada Uacari, na Reserva do Mamirauá, região de Tefé, no Amazonas
Encontro com jacaré em rio em frente à Pousada Uacari, na Reserva do Mamirauá, região de Tefé, no Amazonas
Outro grande animal aquático que é muito comum de ser ver por aqui são os muito mais pacíficos botos-cor-de-rosa. Estivemos em três oportunidades com eles, aquela admiração e respeito genuínos que rolam de mamífero para mamífero. Mas não tivemos muita sorte com as fotografias, já que els saem a qualquer momento da água para logo retornarem. São segundos de jubilo para todos, mas é difícil apontar a câmera a tempo. Felizmente, já tivemos nossa chance de estar mais perto e por mais tempo deles, quando visitamos Novo Airão, na nossa outra temporada amazônica nesses 1000dias. Aí sim, tivemos a chance de tirar nossas fotos.. Dessa vez, foi só a alegria de revê-los.
Botos cor-de-rosa nadam em rio na Reserva de Mamirauá, perto de Tefé, no Amazonas
Botos cor-de-rosa nadam em rio na Reserva de Mamirauá, perto de Tefé, no Amazonas
O que mais vemos por aqui são pássaros, dezenas de espécies de cores, tamanhos e formas diferentes. Araras, tucanos, periquitos, gaviões, patos pica-paus e um sem números deles. Seus cantos e sons são um espetáculo a parte, mas é vê-los voar sobre a mata infinita, seus corpos refletidos na água, o que mais emociona.
Encontros com pássaros são corriqueiros na Reserva do Mamirauá, na região de Tefé, no Amazonas
São inúmeras as espécies de pássaros que vivem na Reserva do Mamirauá, região de Tefé, no Amazonas
Sempre que saíamos em passeio, levávamos um livro com fotos e desenhos de cada uma das espécies que vive ou frequenta o Mamirauá. Nossos guias, com seus olhos hábeis e treinados, os iam identificando e nos mostrando, tanto ao vivo como no próprio livro, e nós íamos preenchendo o nosso álbum. Muitas vezes, bem de longe, mas o zoom da máquina fotográfica ajuda bastante.
Passeio em canoa motorizada Reserva do Mamirauá, na região de Tefé, no Amazonas. No colo, livro para ajudar na identificação de pássaros
Livro com todas as espécies de pássaros da Reserva do Mamirauá, na região de Tefé, no Amazonas
Entre os insetos, além das vorazes formigas e perigosas vespas, o que mais se vê são aranhas. Elas praticamente invadem nossa canoa quando navegamos pelos galhos e folhagens da floresta alagada. Também devem ficar felizes de encontrar um pouco de “terra firme”, hehehe. A maioria é bem amistosa e basta um bom peteleco para fazê-las voltar ao seu mundo.
Durante passeio à floresta alagada, inofensivas aranhas invadem nossa canoa na Reserva do Mamirauá, região de Tefé, no Amazonas
Em cada canto da floresta, uma exuberância de vida na Reserva do Mamirauá, região de Tefé, no Amazonas
Dentre os mamíferos terrestres, como não poderia deixar de ser em um mundo onde as árvores são o único lugar seco que existe, são os macacos que se sobressaem. Mas há também os bichos-preguiça (um dos pratos prediletos das onças, coitados!) e os esquilos, que também se dão bem na arte de se dependurar. Outra vez, contávamos com os olhos treinados dos guias para nos ajudar a localizar esses animais normalmente silenciosos.
Bicho-preguiça passeia em árvore na Reserva de Mamirauá, perto de Tefé, no Amazonas
Um esquilo na Reserva de Mamirauá, perto de Tefé, no Amazonas
Já os macacos, eles mesmo se denunciam, pelo barulho que costumam fazer. São várias espécies, diurnas e noturnas, quase sempre de pequeno porte, os chamados “micos”, vários dos quais já conhecíamos de outros lugares. Mas tem também aqueles um pouco maiores como o bujão gritador, também nosso velho conhecido, desde a Ilha Grande até às florestas de Belize.
Encontro com macacos na Reserva do Mamirauá, na região de Tefé, no Amazonas
Encontro com macacos na Reserva do Mamirauá, na região de Tefé, no Amazonas
Mas havia um outro macaco, muito especial, que não se pode encontrar em nenhum outro lugar do mundo. Razão primeira para a criação desse reserva pelo primatólogo José Márcio Ayres, o Uacari é um macaco grande, de pelos bem claros e comportamento tímido. Seu rosto bem vermelho, sua principal característica, pode ser percebido de longe, em meio à folhagem verde. Esse era o principal objetivo (além da onça!) nos nossos passeios pela floresta alagada.
Encontro com o elusivo Uacari, a espécie de macaco de pelo branco e rosto vermelho que é símbolo da Reserva do Mamirauá, região de Tefé, no Amazonas
Encontro com o elusivo Uacari, a espécie de macaco de pelo branco e rosto vermelho que é símbolo da Reserva do Mamirauá, região de Tefé, no Amazonas
Ele primeiro apareceu para outras duplas de turistas, que voltaram felizes e com suas fotos. Mas nada de aparecer para nós, que já íamos ficando preocupados. Mas insistimos e o nosso guia cumpriu sua promessa e achou um bando deles, para a nossa alegria. Ficam lá no alto das árvores, incomodados com nossa estranha presença e tratam logo de se afastar. Nosso guia se embrenha na floresta alagada para segui-los, afastando-se da trilha. E nós, admirando e fotografando. Nessa época do ano, com o rio cheio, conseguimos ficar mais próximos das copas das árvores, mas mesmo assim, não é tão perto como gostaríamos. Enfim, só temos é que agradecer a oportunidade de star perto desses animais magníficos. A classe com que se movem de galho em galho, de árvore em árvore, é impressionante. Assim como o é a humanidade de seus gestos e olhares. Não dá para entender como a ciência demorou tanto tempo para descobrir que somos todos primos. Está na cara, nos dedos, no olhar, em tudo!
Ao longe, o macaco Uacari, símbolo da Reserva do Mamirauá, região de Tefé, no Amazonas
Entrando de canoa na floresta alagada, na Reserva do Mamirauá, região de Tefé, no Amazonas
Enfim, esse foi um dos grandes momentos dessa nossa semana em Mamirauá: o encontro com os Uacaris! Depois, deu um certo trabalho para o nosso simpático guia reencontrar seu caminho na floresta alagada, mas ele fez seu trabalho. Se dependesse de mim, teríamos levado séculos e morrido de fome antes de sair daquele labirinto de folhas e troncos. Ali embaixo, tudo é muito parecido, árvores para todos os lados. Não é a toa que só entramos na floresta acompanhados do guia. Isso ficou mais claro do que nunca dessa vez. Voltamos para a pousada mais felizes do que nunca. Até nos esquecemos da bendita onça...
Árvore serve de local de descanso durante a noite para pássaros na Reserva do Mamirauá, região de Tefé, no Amazonas
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