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Karina (27/09)
Olá, também estou buscando o contato do barqueiro Tatu para uma viagem ...
ozcarfranco (30/08)
hola estimado, muy lindas fotos de sus recuerdos de viaje. yo como muchos...
Flávia (14/07)
Você conseguiu entrar na Guiana? Onde continua essa história?...
Martha Aulete (27/06)
Precisamos disso: belezas! Cultura genuÃna é de que se precisa. Não d...
Caio Monticelli (11/06)
Ótimo texto! Nos permite uma visão um pouco mais panorâmica a respeito...
Ilha de Amantani, no lago Titicaca, no Peru
Ao visitarmos as Islas Flotantes ontem, tivemos nosso primeiro contato com o lago Titicaca. Mas foi só um pequeno aperitivo. As ilhas dos Uros estão localizadas logo no inÃcio da baÃa de Puno, bem próximas da costa. É apenas o inÃcio do Titicaca, essa enorme massa d’água localizada em pleno altiplano, a mais de 3.800 metros de altitude, na fronteira entre Peru e BolÃvia.
O lago Titicaca, visto da ilha de Amantani, no Peru
O lago Titicaca tem quase 15 milhões de anos e muitos o consideram o maior lago da América do Sul. Na verdade, esse posto pertence ao lago Maracaibo, na Venezuela, mas como este está no mesmo nÃvel do mar e é separado do oceano apenas por um canal, muitos argumentam que ele não passa de uma grande baÃa. Já o Titicaca, no alto dos Andes, sua condição de lago é indiscutÃvel. Na verdade, ele nem tem ligação com o oceano. Alimentado por cerca de 40 rios, suas águas desaguam por apenas um, exatamente o Rio Desaguadero. As águas correm para outro lago mais ao sul, na BolÃvia, chamado Poopo, e aà permanecem até evaporarem. Apenas em anos de chuva excepcional, as águas podem chegar até o Salar de Coipasa e de Uyuni.
Montanhas nevadas no lado boliviano do lago Titicaca, vistas da ilha de Amantani, no Peru
Com apenas um rio para vazar suas águas enquanto é alimentado por mais de quarenta, o equilÃbrio do Titicaca é mantido pela altÃssima taxa de evaporação. Pela grande altitude e alta taxa de sol incidente, essa evaporação é enorme e corresponde a 90% da água perdida pelo lago. Já a água que entra, boa parte dela vem do derretimento de geleiras de montanhas vizinhas. Com a mudança do clima nas últimas décadas, essas geleiras vem diminuindo e, como consequência, o nÃvel de águas no Titicaca também, baixando a nÃveis nunca vistos no último século. Estudos feitos nos sedimentos do lago e também em suas margens mostra que o nÃvel sempre variou ao longo dos séculos e milênios, sempre acompanhando o tamanho das geleiras e as eras glaciais do planeta.
Mapa do Titicaca mostrando as principais ilhas e caracterÃsticas do lago que faz fronteira entre Peru e BolÃvia (Islas Flotantes, perto de Puno, no Peru)
Atravessando o lago Titicaca, a caminho da ilha de Amantani, no Peru
Bem, mesmo com a recente diminuição, o lago continua enorme, chegando a 190 km de comprimento e 80 km de largura, no seu ponto mais largo. A profundidade máxima chega quase aos 300 metros, o que garante uma temperatura relativamente constante ao longo do ano, perto dos 12 graus. Com tanta água assim, vinda principalmente das geleiras, a água é doce, ao contrário do que ocorre com o Poopo que, mesmo alimentado pelas águas do Titicaca, devido a altÃssima taxa de evaporação e profundidade de poucos metros, tem uma grande salinidade.
Placa informativa na ilha de Amantani, no lago Titicaca, no Peru
Chegando à ilha de Amantani, no lago Titicaca, no Peru
Além das muitas espécies de pássaros, três ou quatro espécies de peixes tinham uma boa vida no lago até que, há pouco menos de 100 anos, as trutas foram introduzidas pelo homem. O resultado foi catastrófico para as espécies nativas, já que as trutas, sem inimigos naturais, as devoraram. A única sobrevivente foi uma espécie com muitos espinhos, indigesta até para as trutas. Essas se tornaram o prato principal das pessoas que viviam no lago, mas o excesso de pesca também dizimou a população de trutas nas áreas próximas à s grandes cidades, como Puno e Copacabana. Além disso, com a introdução de outro peixe, o king fish, as trutas também se tronaram presas, tornando a sua vida ainda mais difÃcil.
Ovelhas pastam tranquilas na belÃssima ilha de Amantani, no lago Titicaca, no Peru
Ovelhas pastam tranquilas na belÃssima ilha de Amantani, no lago Titicaca, no Peru
O Titicaca pode ser dividido em três partes: a pequena baÃa de Puno, onde estão as Islas Flotantes, o grande lago do norte e o pequeno lago do sul. Esses dois últimos são ligados por um canal mais estreito, de apenas 800 metros. Por aà vamos passar de Fiona, em poucos dias, no nosso caminho entre Peru e BolÃvia, entre Puno e Copacabana. Nessa viagem, vamos margear boa parte do lago e ter algumas das mais belas vistas que se pode ter do Titicaca desde terra firme, principalmente na área de Copacabana, já na BolÃvia.
Nossa simpática hospedagem na ilha de Amantani, no lago Titicaca, no Peru
Outros turistas observam nossa hospedagem na ilha de Amantani, no lago Titicaca, no Peru
A outra maneira de ver esse magnÃfico lago é de suas ilhas. As principais são Amantani e Taquile, no lado peruano, e a maior de todas, Isla del Sol, no lado boliviano. Nossa ideia é visitar as três, começando por Amantani. Esse foi exatamente nosso passeio de hoje, quando deixamos nosso hotel de Puno para ir dormir na própria ilha, na casa dos moradores. Amantani é a menos turÃsticas das ilhas e quem a visita, geralmente dorme por lá.
Almoçando no pátio interno da nossa hospedagem na ilha de Amantani, no lago Titicaca, no Peru
Almoçando no pátio interno da nossa hospedagem na ilha de Amantani, no lago Titicaca, no Peru
O passeio pode ser através das agências, normalmente mais caros, ou com o barco da comunidade, que foi a maneira que escolhemos. O barco sai bem cedo de Puno, faz uma parada nas Islas Flotantes (como disse no post anterior) e segue para fora da BaÃa de Puno, para a parte principal do Titicaca, onde estão Amantani e Taquile. Como todos os barcos no lago são muito lentos, é uma viagem longa, mais de três horas de navegação, fora o tempo que ficamos parados nas Islas Flotantes. Tempo mais do que suficiente para admirar o belo lago à nossa volta.
Ervas para o nosso chá na hospedagem na ilha de Amantani, no lago Titicaca, no Peru
Nosso delicioso e sadio almoço na ilha de Amantani, no lago Titicaca, no Peru
Ainda no barco, o capitão divide os passageiros em pequenos grupos, para poder acomodá-los em diversas casas em uma das dez comunidades existentes em Amantani. Assim como nas Islas Flotantes, as famÃlias se revezam para receber os visitantes, para que todos possam se beneficiar do turismo. Quando chegamos na ilha, essas famÃlias vem nos receber e nos levar para suas casas, onde teremos abrigo e refeições.
A ilha de Amantani, no lago Titicaca, no Peru
Pequena plantação na ilha de Amantani, no lago Titicaca, no Peru
A ocupação de Amantani é pré-incaica e seus habitantes falam quéchua. Com a conquista espanhola, a ilha passou a ser do rei de Espanha que, em 1580, a vendeu a um nobre espanhol que se estabeleceu na América. Foram estabelecidas fazendas e estas foram herdadas por seus descendentes. Mas uma forte seca no inÃcio do século passado começou a afastar os grandes proprietários que passaram a vender suas propriedades aos habitantes originais, que nunca haviam saÃdo da ilha, formando sempre a sua classe trabalhadora. Aos poucos, toda a ilha foi vendida e hoje ela está dividida em muitas pequenas propriedades desses habitantes originais. O problema é que não há mais terras para serem vendidas ou cultivadas e as famÃlias continuam a crescer. As propriedades ficam cada vez menores, mas muitos dos descendentes, ao final, tem de deixar a ilha.
Loja na ilha de Amantani, no lago Titicaca, no Peru
Na divisão de grupos, acabamos ficando no maior deles, o que ficaria hospedado na casa do capitão do barco. Conosco, uma famÃlia de espanhóis (mãe, filha, filho e nora) e dois amigos, também espanhóis, o Alvaro e o Valentin. Os dois tornaram-se nossos companheiros de exploração, não só de Amantani, mas também Taquile, a outra ilha que visitarÃamos no dia seguinte.
Caminhando nas ruas de comunidade da ilha de Amantani, no lago Titicaca, no Peru
Nossa casa era uma delÃcia, combinando charme e simplicidade. Vista maravilhosa para o lago lá embaixo, em meio à pequenas plantações e ruas de pedra. Fomos recebidos com um almoço bem sadio, produtos da própria ilha, desde o queijo e chá até as batatas e o milho. Tudo servido no pátio interno da casa, numa grande mesa comunal. Foi muito joia!
Caminhando na ilha de Amantani, no lago Titicaca, no Peru
Praia na ilha de Amantani, no lago Titicaca, no Peru
Depois do almoço, um tempo para passear ao redor, sentir um pouco do clima campestre e rural de Amantani, o relevo todo aproveitado na forma de terraços agrÃcolas, pequenas trilhas ligando as diversas comunidades da ilha, algumas poucas lojas e centros comunais, mulheres, homens e crianças em seus trajes tÃpicos e ovelhas pastando tranquilamente. Aqui, não há dúvida, tudo é mais autêntico que nas Islas Flotantes, onde a economia gira completamente em torno do turismo. Em Amantani não, os visitantes ainda são incipientes e as pessoas estão mais preocupadas com sua própria vida e afazeres do que conosco. Aqui, podemos ser mais observadores do que clientes. Uma delÃcia!
Praia de pedras na ilha de Amantani, no lago Titicaca, no Peru
No final da tarde, todos nos reunimos novamente, os visitantes que vieram no barco. Juntos, seguirÃamos com o capitão para as duas montanhas da ilha, com cerca de 4.100 metros de altura, mais de 300 metros acima do nÃvel do lago. Além dos santuários que lá existem, é um lugar estratégico para se observar o fim de tarde sobre o lago. Tão espetacular foi essa experiência que vou dedicar o próximo post apenas a ela.
Despedindo-se da filha do dono de nossa hospedaria na ilha de Amantani, no lago Titicaca, no Peru
No dia seguinte, após um simples, mas delicioso café da manhã, foi hora de nos despedirmos de Amantani. Ainda tivemos tempo para umas fotografias e uma rápida caminhada em uma das praias de pedra da ilha. Depois, voltamos todos ao nosso barco, para seguirmos à ilha vizinha de Taquile, para uma visita de algumas horas. Foi com dor no coração que deixamos Amantani. Com sua paz, tranquilidade e beleza inspiradoras, é o tÃpico do lugar que eu gostaria de me refugiar para escrever um livro, passar uma temporada de alguns meses de vida bem simples, comida saudável, caminhadas pela manhã e no final da tarde, pores-do-sol inesquecÃveis e muitas garrafas de vinho (essas, eu teria de levar, hehehe). Quem sabe, um dia...
Curtindo o incrÃvel entardecer do alto do santuário Pachatata, na ilha Amantani, no lago Titicaca, no Peru
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