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A Ilha Elefante

Antártida, Elephant Island

O cenário grandioso de Elephant Island, na Antártida (foto de Steve Denver)

O cenário grandioso de Elephant Island, na Antártida (foto de Steve Denver)


Pouco mais de 1.300 quilômetros de alto mar e de deixarmos a Geórgia do Sul para trás, a primeira terra firme apareceu no nosso horizonte. Nosso sentido era o sudoeste e o rumo era o continente antártico e aquelas primeiras montanhas no horizonte indicavam que estávamos cada vez mais perto do nosso objetivo. Ainda não era a própria Antártida, mas um arquipélago de ilhas conhecido como South Shetland Islands. As tais montanhas que víamos pertenciam à ilha mais ao norte desse arquipélago, com o sugestivo nome de “Ilha Elefante”, ou “Elephant Island” em inglês.

Nosso roteiro pelos mares do sul entre Falkland, Geórgia do Sul, Península Antártica e Ushuaia

Nosso roteiro pelos mares do sul entre Falkland, Geórgia do Sul, Península Antártica e Ushuaia


Nosso roteiro e pontos de parada na região da Península Antártica

Nosso roteiro e pontos de parada na região da Península Antártica


É claro que o nome da ilha não tem nada a ver com os simpáticos paquidermes africanos e indianos. Na verdade, é uma referência aos gigantescos pinípedes (as populares focas) que costumam aparecer nas poucas praias de pedra da ilha, os mesmos elefantes marinhos que tanto vimos na Geórgia do Sul. Eles não são tão comuns por aqui, mas chamaram a atenção dos primeiros exploradores há cerca de 200 anos. Esses intrépidos aventureiros não pararam por aqui, mas o apelido que deram para a ilha pegou e assim ela ficou conhecida.

A paisagem escarpada de Cape Lookout, em Elephant Island, na Antártida

A paisagem escarpada de Cape Lookout, em Elephant Island, na Antártida


A costa gelada de Point Wild, em Elephant island, na Antártida

A costa gelada de Point Wild, em Elephant island, na Antártida


O panorama de Point Wild, em Elephant island, na Antártida

O panorama de Point Wild, em Elephant island, na Antártida


Desde então, Inglaterra, Chile e Argentina têm reclamado soberania sobre ela e todo o arquipélago, mas o Tratado Antártico definiu que este é um território internacional, próprio a pesquisas científicas e livre de exploração comercial. Aqui tivemos nosso primeiro contato com ares e mares antárticos, a emocionante sensação de estar a menos de 250 km da ponta norte da Península Antártica. Ainda faltam esses quilômetros para chegar lá, mas a sensação já é a de estar no continente branco, uma paisagem dominada por montanhas nevadas, enormes geleiras, animais típicos da Antártida e a certeza de estar muito longe da civilização.

Guias prontos para os passeios de zodiacs, em Point Wild, Elephant Island, na Antártida (foto de Jeff orlowski)

Guias prontos para os passeios de zodiacs, em Point Wild, Elephant Island, na Antártida (foto de Jeff orlowski)


A escocesa Rowan e a americana Sara, felizes de estarem de volta ao mar, em Elephant Island, na Antártida (foto de Jeff orlowski)

A escocesa Rowan e a americana Sara, felizes de estarem de volta ao mar, em Elephant Island, na Antártida (foto de Jeff orlowski)


Um zodiac e seus passageiros quase desaparecem perto da imensidão gelada de Point Wild, em Elephant island, na Antártida

Um zodiac e seus passageiros quase desaparecem perto da imensidão gelada de Point Wild, em Elephant island, na Antártida


Ao longo do dia fomos conhecer dois pontos da ilha. De manhã, uma passeio de zodiac ao redor das encostas rochosas e dos icebergs que flutuam por aqui num local chamado “Point Wild”. De tarde, outro passeio de zodiac, mas agora com direito a desembarque numa praia rochosa de Cape Lookout, já na costa oeste da ilha. Nas duas oportunidades, muita chance de ver de perto parte da rica fauna antártica, como pinguins, focas e até um emocionante encontro com baleias. Vou falar desses encontros nos próximos posts (teve até nossa primeira foca leopardo!!!) porque agora quero falar de história e de gelo.

de zodiac, dando a volta em Cape Lookout, em Elephant Island, na Antártida

de zodiac, dando a volta em Cape Lookout, em Elephant Island, na Antártida


observando a beleza selvagem de Cape Lookout, em Elephant Island, na Antártida

observando a beleza selvagem de Cape Lookout, em Elephant Island, na Antártida


Caminhando na praia rochosa de Cape Lookout, em Elephant Island, na Antártida

Caminhando na praia rochosa de Cape Lookout, em Elephant Island, na Antártida


Foi em Point Wild que ocorreu um fato jamais esquecido na história das grandes aventuras de exploração do mundo e que tornou a isolada Elephant Island para sempre celebrada nos anais das grandes proezas humanas. Foi aqui que, após meses vagando sobre uma enorme plataforma de gelo flutuante, a tripulação do Endurance pode, pela primeira vez em mais de um ano, pisar em terra firme. Mas a aventura ainda estava muito longe de terminar...

Shackleton e sua tripulação presos em Elephant Island

Shackleton e sua tripulação presos em Elephant Island


Saída para a longa viagem entre Elephant Island, na Antártida, para a Geórgia do Sul

Saída para a longa viagem entre Elephant Island, na Antártida, para a Geórgia do Sul


Eu já contei essa história em outro post, quando visitamos o túmulo de Shackleton na Geórgia do Sul. Sir Ernest Shackleton era o líder da expedição exploratória inglesa que pretendia, entre 1915 e 1916, realizar a primeira travessia transantártica da história. O objetivo nunca foi atingido e, na verdade, a grande aventura (e o grande feito!) foi conseguir sobreviver durante tanto tempo neste ambiente inóspito que são as regiões polares do sul do planeta. Resumindo a história, o Endurance, o navio da expedição, ficou preso no gelo antártico muito antes de chegar ao continente e ficou ao sabor das correntes marinhas que carregavam a plataforma de gelo. Após algum tempo o movimento do gelo acabou destruindo e engolindo o Endurance e, muito tempo depois, acabou por trazer toda a tripulação do barco afundado até aqui, a Elephant Island.

O Sea Spirit ancora na baía de Point Wild, em Elephant island, na Antártida

O Sea Spirit ancora na baía de Point Wild, em Elephant island, na Antártida


A mar semi-congelado da baía de Point Wild, em Elephant island, na Antártida

A mar semi-congelado da baía de Point Wild, em Elephant island, na Antártida


Blocos de gelo são deixados pelo mar em pequena praia de Point Wild, em Elephant island, na Antártida

Blocos de gelo são deixados pelo mar em pequena praia de Point Wild, em Elephant island, na Antártida


Naquela época, há quase cem anos, as chances de resgate nessa ilha eram nulas. Em plena 1ª Guerra Mundial, o tráfego de navios por esta região era inexistente. Shackleton resolveu partir para o tudo ou nada e, junto com outros cinco tripulantes, a bordo de um pequeno bote salva-vidas, o James Caird, partiu em 24 de Abril de 1916 numa tentativa quase suicida de chegar até a Geórgia do Sul. Lá ele sabia que existia estações baleeiras que poderiam ajudar a organizar um resgate. Milagrosamente, duas semanas mais tarde e depois de cruzar mais de 1.200 km de mar aberto, além da épica travessia caminhando pelas montanhas da Geórgia do Sul, ele chegou à civilização. Mas seria apenas no dia 30 de Agosto de 1916 que ele conseguiria chegar de volta à Elephant Island com um barco de resgate para salvar sua tripulação.

Uma geleira encontra o mar em Point Wild, em Elephant Island, na Antártida

Uma geleira encontra o mar em Point Wild, em Elephant Island, na Antártida


A água do mar escorre de rochedo em Cape Lookout, em Elephant Island, na Antártida

A água do mar escorre de rochedo em Cape Lookout, em Elephant Island, na Antártida


Portanto, seus homens tiveram de sobreviver por aqui por mais de 4 meses! Só podemos dar o real valor à façanha conhecendo de perto o local onde eles sobreviveram. Difícil imaginar local mais inóspito. Era inverno e, por aqui, nessa época do ano, quase não há luz do sol, uma espécie de noite interminável. A temperatura está sempre muito abaixo de zero e os ventos não param. Obviamente, não há madeira na ilha para se construir um refúgio e tudo o que aqueles homens tinham eram o pouco que tinham salvo do Endurance além de dois outros botes salva-vidas que foram desmontados para se montar um abrigo mais rústico. A praia de pedra onde ficaram é minúscula e constantemente fustigada pela maré de águas geladas. É inacreditável que tenham sobrevivido por tanto tempo...

Nosso zodiac enfrenta um mar semi-congelado na baía de Point Wild, em Elephant island, na Antártida

Nosso zodiac enfrenta um mar semi-congelado na baía de Point Wild, em Elephant island, na Antártida


Início do desembarque nas águas geladas de Point Wild, em Elephant Island, na Antártida

Início do desembarque nas águas geladas de Point Wild, em Elephant Island, na Antártida


A comida vinha da caça dos poucos pinguins e focas que encontravam por aqui. Nessa época do ano, não são muitos os animais que dão a cara por essas bandas. A gordura das focas também servia de combustível para as poucas lamparinas que tinham para conviver com a escuridão interminável. O líder dos homens, muito bem escolhido por Shackleton, era Frank Wild. Por sua incrível competência e liderança (ninguém morreu e nunca houve brigas!), o local está batizado com o seu nome: Point Wild

Estátua que homenageia a tripulação do Endurance que sobreviveu alguns meses na baía de Point Wild, em Elephant island, na Antártida

Estátua que homenageia a tripulação do Endurance que sobreviveu alguns meses na baía de Point Wild, em Elephant island, na Antártida


Estátua em homenagem aos tripulantes do Endurance que passaram vários meses em Point Wild, em Elephant Island, na Antártida

Estátua em homenagem aos tripulantes do Endurance que passaram vários meses em Point Wild, em Elephant Island, na Antártida


Nós não desembarcamos ali, apenas demos a volta de zodiac. Do barco, além das pedras, pinguins, gelo e o pequeno espaço onde viveram esses valentes, também avistamos uma estátua, uma marca humana algo destoante em meio àquela natureza selvagem. Logo imaginei que o busto, hoje cercado apenas de pinguins chinstrap, era uma homenagem a Wild ou ao próprio Shackleton. Que nada! O homenageado é Luis Pardo, um capitão da marinha chilena. Foi ele que, enfim, conseguiu resgatar os náufragos em Elephant island. Shackleton já havia tentado 3 vezes com barcos da Geórgia do Sul, mas as condições do inverno dificultavam o resgate. Enfim, já em Punta Arenas, conseguiu apoio da marinha chilena. A bordo do Yelcho, ele guiou Pardo através do mar gelado e conseguiu salvar todos os homens de sua tripulação. O capitão chileno recusou um prêmio em dinheiro oferecido pela Inglaterra, dizendo que apenas cumprira uma tarefa designada pela marinha de seu país.

Um pequeno pedaçõ da geleira desaba nas águas da baía de Point Wild, em Elephant Island, na Antártida, causando muito barulho, nuvens e ondas,

Um pequeno pedaçõ da geleira desaba nas águas da baía de Point Wild, em Elephant Island, na Antártida, causando muito barulho, nuvens e ondas,


Nosso guia nos ensina os segredos contados pelo gelo que flutua na baía de Point Wild, em Elephant island, na Antártida

Nosso guia nos ensina os segredos contados pelo gelo que flutua na baía de Point Wild, em Elephant island, na Antártida


Examinando um bloco de gelo que flutuava nas águas de Point Wild, em Elephant Island, na Antártida

Examinando um bloco de gelo que flutuava nas águas de Point Wild, em Elephant Island, na Antártida


O mar continua muito gelado ao redor de Point Wild. Mas agora, já em Novembro, as condições são muito melhores do que no auge do inverno, em Agosto. Mesmo assim, nossos zodiacs têm de driblar os blocos de gelo que flutuam pela baía. Quase todos eles são provenientes das enormes geleiras que escorrem das altas montanhas de Elephant island. Vimos e ouvimos vários “desabamentos” de gelo sobre o mar, algo que sempre nos causa calafrios na espinha. Nosso guia, um glaciologista, aproveitou a oportunidade para nos ensinar mais sobre o gelo, a história que ele conta, sua origem no alto das montanhas, processo de formação e final de vida no mar. Alguns pedaços são do tamanho de bolas de futebol enquanto outros, os maiores, chegam ao tamanho de pequenas casas.

Sol ilumina um enorme iceberg tabular nas costas de Elephant Island, na Antártida (foto de Melissa Bartlett)

Sol ilumina um enorme iceberg tabular nas costas de Elephant Island, na Antártida (foto de Melissa Bartlett)


Um belo e majestoso iceberg flutua na baía de Point Wild, em Elephant island, na Antártida

Um belo e majestoso iceberg flutua na baía de Point Wild, em Elephant island, na Antártida


Um belo e majestoso iceberg flutua na baía de Point Wild, em Elephant island, na Antártida

Um belo e majestoso iceberg flutua na baía de Point Wild, em Elephant island, na Antártida


Grandes? Não, grande é outra coisa, é aquilo que flutua na entrada da baía, um autêntico e gigantesco iceberg tabular, vindo diretamente das plataformas de gelo da Antártida. Com dezenas de metros de altura e centenas de metros de lado, isso é apenas a parte visível, já que a grande maioria de sua massa, cerca de 8/9 dela, está escondida abaixo da superfície do mar. Até o nosso Sea Spirit fica pequeno perto deles.

Um enorme iceberg tabular pouco antes de afundar na baía de Point Wild, em Elephant Island, na Antártida

Um enorme iceberg tabular pouco antes de afundar na baía de Point Wild, em Elephant Island, na Antártida


De volta ao Sea Spirit após passeio de zodiac em Point wild, Elephant Island, na Antártida

De volta ao Sea Spirit após passeio de zodiac em Point wild, Elephant Island, na Antártida


Iceberg tabular se vira, afunda e deixa apenas uma pequena parte de seu corpo fora da água na baía de Point Wild, em Elephant Island, na Antártida

Iceberg tabular se vira, afunda e deixa apenas uma pequena parte de seu corpo fora da água na baía de Point Wild, em Elephant Island, na Antártida


Passageiros observam incrédulos a iceberg que afundou na baía de Point Wild, em Elephant Island, na Antártida

Passageiros observam incrédulos a iceberg que afundou na baía de Point Wild, em Elephant Island, na Antártida


Pois bem, com nossos zodiacs, a gente chegou mais perto desses magníficos e belos gigantes. Não tanto como gostaríamos, mas perto o suficiente para admirar e fotografar a sua beleza. Não chegamos mais perto pelo risco que há deles se virarem e causarem grandes ondas. Pelo menos, foi o que disse nosso guia, embora não acreditássemos muito nesse perigo. Bem, nossa incredulidade não durou muito. Meia hora mais tarde, todo mundo já a bordo do Sea Spirit, eis que o gigantesco iceberg realmente se virou. Parece que de propósito, diante dos olhos atônitos de dezenas de turistas e tripulantes. Um verdadeiro espetáculo de proporções titânicas. Felizmente, nenhum zodiac por perto. Teria sido difícil escapar de um banho gelado, bem gelado! A visão desse enorme iceberg se virando foi apenas uma das muitas e incríveis surpresas que tivemos nesse dia. Houve muitas outras, devidamente relatadas nos posts seguintes...

O Sea Spirit fica pequeno quando comparado às encostas geladas de Point Wild, em Elephant island, na Antártida

O Sea Spirit fica pequeno quando comparado às encostas geladas de Point Wild, em Elephant island, na Antártida


O Sea Spirit fica pequeno perto dos enormes blocos de gelo na região de Point Wild, Elephant Island, na Antártida (foto de Jeff orlowski)

O Sea Spirit fica pequeno perto dos enormes blocos de gelo na região de Point Wild, Elephant Island, na Antártida (foto de Jeff orlowski)

Antártida, Elephant Island, história, Iceberg, Sea Spirit

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Em Busca do Fim do Continente

Chile, Punta Arenas

Apontando o fim do Chile e da América, região de Punta Arenas

Apontando o fim do Chile e da América, região de Punta Arenas


Qual é o ponto mais ao sul da América do Sul? Até onde se pode chegar de carro? As respostas para essas perguntas dependem de uma definição fundamental: ilhas valem? Por exemplo, todos sabemos que o ponto mais oriental do Brasil (e das Américas!) é a Ponta Seixas, na Paraíba. Nós até passamos lá nessa viagem e celebramos a marca. Mas, e Fernando de Noronha? Está muito mais a leste que Ponta Seixas, não está? E não faz parte do Brasil e da América do Sul? E, nesse caso, se ilhas “valerem”, então o ponto mais a leste das Américas é a costa oriental da Groelândia!

O mar e o céu do extremo sul do Chile e da América, região de Punta Arenas

O mar e o céu do extremo sul do Chile e da América, região de Punta Arenas


A caminho do extremo sul da América do Sul, na região de Punta Arenas, sul do Chile

A caminho do extremo sul da América do Sul, na região de Punta Arenas, sul do Chile


Alguém poderá argumentar: “mas elas não fazem parte da plataforma continental!”. Sei... Ilhas são ilhas. Podem fazer parte do continente em um sentido mais amplo, mas as verdadeiras terras continentais terminam onde o mar começa. Um continente nada mais é do que uma ilha bem grande. Se alguém quiser dar uma volta nessa ilha chamada América, vai passar com seu barco pelo Estreito de Magalhães. Ao norte, a América, ao sul, a Terra do Fogo, a maior ilha “ao largo” da América do Sul.

Praia na região de Fuerte Bulnes, ao sul de Punta Arenas, no extremo sul do Chile e da América

Praia na região de Fuerte Bulnes, ao sul de Punta Arenas, no extremo sul do Chile e da América


Barcos pesqueiros em baía próxima ao Fuerte Bulnes, ao sul de Punta Arenas, no extremo sul do Chile e da América

Barcos pesqueiros em baía próxima ao Fuerte Bulnes, ao sul de Punta Arenas, no extremo sul do Chile e da América


Tudo isso para dizer que hoje nós tentamos chegar o mais perto possível do fim da América do Sul. O extremo sul do continente, da mesma maneira que chegamos à Ponta Seixas (extremo leste) e à Punta Gallinas (extremo norte, na Colômbia), ou quando nos aproximamos de Prudhoe Bay, no Alaska. Depois, porque nós não temos nada contra as ilhas, também vamos à Terra do Fogo e à famosa Ushuaia, ainda mais ao sul do que onde estivemos hoje. Mas aí, já não serão “terras continentais puras”, pelo menos até a próxima era glacial!


Entrada do Fuerte Bulnes, ao sul de Punta Arenas, no extremo sul do Chile e da América. Nós não entramos, pois achamos muito caro

Entrada do Fuerte Bulnes, ao sul de Punta Arenas, no extremo sul do Chile e da América. Nós não entramos, pois achamos muito caro


Ainda ontem, viajamos de Puerto Natales para Punta Arenas, a maior metrópole dessa parte do mundo. Vou falar da cidade e da belíssima tarde que passamos por lá no próximo post. Esse é mesmo sobre a nossa busca do extremo sul da América, algo que já atiçava nossa curiosidade há algum tempo. Quando ontem descobrimos que o asfalto continuava ao sul de Punta Arenas, já decidimos: “É para lá que vamos amanhã!”. Pois é, hoje cedinho já era “amanhã” e nós partimos em busca do fim da estrada. O mapa indicava o local até onde seguia esse asfalto: Fuerte Bulnes. Já tínhamos um primeiro destino no dia.

Visita ao local do antigo povoado de Rey Felipe, 60 kms ao sul de Punta Arenas, no extremo sul do Chile

Visita ao local do antigo povoado de Rey Felipe, 60 kms ao sul de Punta Arenas, no extremo sul do Chile


Monumento em honra aos antigos colonizadores de Puerto Hambre, 60 kms ao sul de Punta Arenas, no extremo sul do Chile

Monumento em honra aos antigos colonizadores de Puerto Hambre, 60 kms ao sul de Punta Arenas, no extremo sul do Chile


São quase 60 kms até lá, de estrada boa e praticamente deserta. Chegamos a uma baía com o tétrico nome de Puerto Hambre (ou “porto da fome”). Está a dois quilômetros ao norte de Fuerte Bulnes e toda a região respira história. Em Puerto Hambre há ruínas de um pequeno povoamento com 430 anos de idade, a trágica Rey Don Felipe. A história é mais ou menos o seguinte: em 1520, Fernão de Magalhães foi o primeiro europeu a navegar por essas águas e descobrir o estreito que leva o seu nome e une o Oceano Atlântico ao Pacífico. Essa importante rota de navegação virou segredo de estado para os espanhóis que então começavam a explorar a costa ocidental do continente americano. Foi apenas pouco mais de meio século mais tarde, em 1578, que um navegador de outro país, o inglês Francis Drake, conseguiu repetir a rota, abrindo esse novo oceano para aventureiros de outras nacionalidades. Corsário, pirata ou herói, dependendo do ponto de vista, mas sem nenhuma dúvida um dos melhores navegantes de todos os tempos, Drake aproveitou a oportunidade para pilhar e destruir vários portos espanhóis, então completamente desprotegidos, na costa do Pacífico. Esse evento fez acender a luz amarela em Madrid.

O cemitério inglês em Puerto Hambre, 60 kms ao sul de Punta Arenas, no extremo sul do Chile

O cemitério inglês em Puerto Hambre, 60 kms ao sul de Punta Arenas, no extremo sul do Chile


Placa informativa sobre o capitão ingês Pringle Stokes que se suicidou em Puerto Hambre, 60 kms ao sul de Punta Arenas, no extremo sul do Chile, em 1828

Placa informativa sobre o capitão ingês Pringle Stokes que se suicidou em Puerto Hambre, 60 kms ao sul de Punta Arenas, no extremo sul do Chile, em 1828


Os espanhóis decidiram ocupar alguma enseada ao longo do Estreito de Magalhães e assim, proteger militarmente essa passagem tão estratégica. E foi assim que, em 1584, foram deixados ali 300 colonizadores para fundar o povoamento de Rey Don Felipe. Mas as condições climáticas terríveis e o pouco conhecimento desses europeus mediterrâneos sobre a vegetação e solo locais resultaram em tragédia. A fome e o frio mataram todos eles. Três anos mais tarde, quando o próximo navegador passou por ali, o inglês Thomas Cavendish, ele só encontrou ruínas e cadáveres esqueléticos. Prontamente, o “promissor” povoado foi rebatizado para “Port Famine” que traduzido ao espanhol, virou Puerto Hambre. Ruínas e túmulos desse malfadado empreendimento ainda estão ali para serem observados, mais de quatro séculos mais tarde.

Estrada rústica na praia 70 km ao sul de Punta Arenas, no extremo sul do Chile e da América

Estrada rústica na praia 70 km ao sul de Punta Arenas, no extremo sul do Chile e da América


Um riacho e uma cascata no extremo sul do Chile e da América, região de Punta Arenas

Um riacho e uma cascata no extremo sul do Chile e da América, região de Punta Arenas


Diante desse insucesso, os homens resolveram deixar esse trecho do continente apenas para os olhos curiosos dos eventuais navegadores que ali passavam pelos próximos dois séculos e meio. Foi só no início do séc. XIX que a marinha da Inglaterra passou a usar a área para seus navios. Aí foi a base de exploração do navio Beagle (aquele em que viajava o jovem Charles Darwin) durante muito tempo. Mas aparentemente os fantasmas de Port Famine continuavam em atividade. O capitão do navio, Pringle Stokes, entrou em depressão severa e se matou com um tiro na cabeça. Ele está enterrado em um pequeno cemitério inglês da região. Foi sua morte que abriu o espaço no comando do Beagle para outro inglês, Fitz Roy, aquele que foi homenageado por Perito Moreno ao batizar com seu nome a montanha mais bela do mundo, no Parque Nacional Los Glaciares.


Aproximando-se do  extremo sul do Chile e da América, região de Punta Arenas

Aproximando-se do extremo sul do Chile e da América, região de Punta Arenas


O último farol e o extremo sul do Chile e da América, região de Punta Arenas

O último farol e o extremo sul do Chile e da América, região de Punta Arenas


Alguns anos mais tarde, em 1843, foi a vez do Chile, agora uma nação soberana, resolver ocupar militarmente a área para reforçar suas pretensões territoriais sobre o extremo sul do continente. Foi quando construíram o Fuerte Bulnes, um pouco ao sul de Puerto Hambre. Mas mesmo em pleno séc. XIX, as condições naturais se mostraram demasiadamente severas para os novos colonizadores. Em 1848, o governo chileno fundou Punta Arenas, 60 kms ao norte e em um local muito mais aprazível. Fuerte Bulnes foi abandonado. Um século mais tarde, agora como curiosidade histórica, o forte foi reconstruído e transformado em atração turística. Infelizmente, cara demais para nós. Quando descobrimos o preço de 25 dólares por pessoa para poder ver alguns casebres de madeira e canhões enferrujados, decidimos não entrar. A visita à praia e às ruínas de Rey Felipe já havia saciado nossa curiosidade histórica. Agora, voltávamos novamente o foco à curiosidade geográfica mesmo. Até onde seguiria a estrada?

Um 'morador' do extremo sul do Chile e da América, ao sul de Punta Arenas

Um "morador" do extremo sul do Chile e da América, ao sul de Punta Arenas


Patos voam para o norte vindos da ponta sul do Chile e do continente, região de Punta Arenas

Patos voam para o norte vindos da ponta sul do Chile e do continente, região de Punta Arenas


Encontrando uma pata de crustáceo gigante durante caminhada no extremo sul do Chile e da América, região de Punta Arenas

Encontrando uma pata de crustáceo gigante durante caminhada no extremo sul do Chile e da América, região de Punta Arenas


Logo depois do Fuerte Bulnes, o asfalto acaba. O asfalto, mas não a estrada, que segue adiante, agora de rípio. Desde a saída para o Bulnes, são mais quinze quilômetros, agora até o fim do rípio. Fim da estrada? Não, apenas do rípio. Dessa vez, a rota continua sobre a praia de pedras mesmo. É possível ver a marca dos pneus e a gente segue em frente!

Fim de estrada para a Fiona no caminho para o extremo sul do Chile e da América, região de Punta Arenas

Fim de estrada para a Fiona no caminho para o extremo sul do Chile e da América, região de Punta Arenas


Fim de estrada para a Fiona no caminho para o extremo sul do Chile e da América, região de Punta Arenas

Fim de estrada para a Fiona no caminho para o extremo sul do Chile e da América, região de Punta Arenas


Felizes e destemidos, seguimos adiante. Com o devido cuidado, passamos por alguns riachos pequenos que chegam até a praia. Tudo está ficando mais estreito, a praia, o caminho. Não à toa, afinal, este é o estreito de Magalhães.

A caminho do extremo sul da América do Sul, na região de Punta Arenas, sul do Chile

A caminho do extremo sul da América do Sul, na região de Punta Arenas, sul do Chile


1000dias no extremo sul do Chile e da América, região de Punta Arenas

1000dias no extremo sul do Chile e da América, região de Punta Arenas


Bem lentamente, acho que avançamos mais uns quatro quilômetros. Agora sim, é o fim do caminho para a Fiona. Muitas pedras grandes e rochedos na praia. Nossa companheira não pode seguir mais, mas nós sim. Deixamos ela estacionada ali, tão perto do fim do mundo, e seguimos caminhando.

Litoral no extremo sul do Chile e da América, região de Punta Arenas

Litoral no extremo sul do Chile e da América, região de Punta Arenas


Com o fim da estrada, seguimos caminhando pela praia rumo no extremo sul do Chile e da América, região de Punta Arenas

Com o fim da estrada, seguimos caminhando pela praia rumo no extremo sul do Chile e da América, região de Punta Arenas


Com o fim da estrada, seguimos caminhando pela praia rumo no extremo sul do Chile e da América, região de Punta Arenas

Com o fim da estrada, seguimos caminhando pela praia rumo no extremo sul do Chile e da América, região de Punta Arenas


Apenas um solitário cavalo e alguns patos que passam voando são testemunhas do nosso esforço naquela praia tão isolada. A água é transparente e calma. Tem ares de lago. Mas é o mar, o finzinho do Atlântico. Uns poucos quilômetros a mais e já seria o Pacífico. Nunca, nesses mais de três anos de viagem, estivemos tão próximos do encontro desses oceanos gigantes. Que interessante seria poder voltar no tempo quase meio milênio e observar dali, tão de perto, a passagem de Fernão de Magalhães.

As águas claras e geladas do mar no extremo sul do Chile e da América, região de Punta Arenas

As águas claras e geladas do mar no extremo sul do Chile e da América, região de Punta Arenas


Extremo sul do Chile e da América, farol de San Isidro ao fundo, região de Punta Arenas

Extremo sul do Chile e da América, farol de San Isidro ao fundo, região de Punta Arenas


Mas não foi ele ou seu barco que apareceram na próxima curva. Foi o Farol de San Isidro, o último do continente. A partir daí, a costa faz uma curva em direção a oeste. Quase já não avança mais ao sul. Mas aquele ponto mágico, o mais ao sul, está mesmo naquela direção. É chamado de Cabo Froward e há uma cruz de madeira para marcá-lo. Para chegar até lá, seriam dois dias de caminhada por território completamente isolado. São pouquíssimas as pessoas que fazem essa trilha, mas parece ser um caminho lindo. O mais comum é que pessoas cheguem lá de barco, em excursões organizadas em Punta Arenas.

Extremo sul do Chile e da América, farol de San Isidro ao fundo, região de Punta Arenas

Extremo sul do Chile e da América, farol de San Isidro ao fundo, região de Punta Arenas


San isidro, o último farol do continente, região de Punta Arenas, sul do Chile

San isidro, o último farol do continente, região de Punta Arenas, sul do Chile


Mas para nós, San Isidro é o suficiente. Nossa curiosidade geográfica está satisfeita. Do outro lado do canal, vemos bastante terra. É a Terra do Fogo. Daqui, claramente se percebe que ela avança muito mais para o sul. É para lá que seguiremos amanhã. Para quem acompanha nossa viagem, sabe que já passamos por Ushuaia. Mas estávamos sem a Fiona, então temos de voltar lá. Esse “temos” é com muito prazer, claro!

A maior latitude sul da Fiona no continente americano, região de Punta Arenas, sul do Chile

A maior latitude sul da Fiona no continente americano, região de Punta Arenas, sul do Chile


Quase na pontinha sul da América do Sul, região de Punta Arenas, sul do Chile

Quase na pontinha sul da América do Sul, região de Punta Arenas, sul do Chile


A Fiona chega ao sul da América do Sul, região de Punta Arenas, sul do Chile

A Fiona chega ao sul da América do Sul, região de Punta Arenas, sul do Chile


Lanchamos ali, olhando para a geografia e história diante dos nossos olhos. Depois, hora de voltar para a Fiona. Seu GPS nos traduziu ainda melhor aonde tínhamos chegado. Não só o número da latitude sul, 53 graus e 44,873 minutos, mas também a representação geográfica disso, uma visão do satélite lá de cima. Foi um momento de emoção, pois não muito tempo atrás, vimos um mapa parecido, mas oposto. Estávamos no norte do norte do Alaska, a Rússia ali do lado. Do extremo norte ao extremo sul do continente, por terra, em quatro rodas. É... essa ilha chamada América não é tão grande assim. Pelo menos, não tão grande quanto nossos sonhos.

Quase no extremo sul do Chile e da América, região de Punta Arenas

Quase no extremo sul do Chile e da América, região de Punta Arenas

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Como Antigamente

Brasil, Maranhão, Ilha de Lençóis

No barco durante a viagem entre Apicum Açu e a Ilha de Lençóis, nas Reentrâncias Maranhenses - MA

No barco durante a viagem entre Apicum Açu e a Ilha de Lençóis, nas Reentrâncias Maranhenses - MA


Viajar hoje pelo Brasil é infinitamente mais fácil que antigamente. As estradas chegam em quase todos os lugares, assim como os ônibus e barcos regulares. As cidades e vilas já tem infraestrutura para receber os turistas, como pousadas, restaurantes e guias. A CVC e pacotes turísticos já cobrem boa parte do Brasil.

Difícil caminhanda chegando na Ilha de Lençóis, nas Reentrâncias Maranhenses - MA

Difícil caminhanda chegando na Ilha de Lençóis, nas Reentrâncias Maranhenses - MA


Essa mudança trouxe muitas facilidades, mas algo se perdeu no caminho. Aquele senso de aventura, de se estar descobrindo algo novo, de estar em um lugar onde a chegada de um forasteiro é coisa rara, aquele contato com pessoas diferentes, que vivem num mundo diferente do nosso, isso não é mais nem sombra do que já foi um dia.

Festa com as crianças no Bar do Martins, na Ilha de Lençóis, nas Reentrâncias Maranhenses - MA

Festa com as crianças no Bar do Martins, na Ilha de Lençóis, nas Reentrâncias Maranhenses - MA


Na minha visão idealizada, a época de ouro dessas viagens de descobrimento foi na década de 70, quando hippies esquadrinharam o litoral brasileiro (o interior em menor escala), descobrindo paraísos então intocados, como Trancoso, na Bahia, Canoa Quebrada, no Ceará, ou São Tomé das Letras, em Minas Gerais. Eles chegavam na raça à esses lugares, na base da carona ou caminhando mesmo. Hospedavam-se na casa de pescadores, participavam da pesca local e comiam a comida produzida ali mesmo.

Trabalhando no quarto da pousada na Ilha de Lençóis, nas Reentrâncias Maranhenses - MA

Trabalhando no quarto da pousada na Ilha de Lençóis, nas Reentrâncias Maranhenses - MA


Na temporada seguinte, a notícia da descoberta de um novo paraíso se espalhava e mais gente chegava por ali. Alguns anos depois, já havia pousadas, restaurantes e até uma estrada para facilitar a vida de quem fosse visitar esse "novo" lugar. Mas agora, quem ali chegasse, não seria mais recebido por um pescador, mas por um menino se apresentando como guia.

Nossa pousada na Ilha de Lençóis, nas Reentrâncias Maranhenses - MA

Nossa pousada na Ilha de Lençóis, nas Reentrâncias Maranhenses - MA


Eu, que comecei minhas andanças em fins da década de 80 e início de 90, peguei a rabeira da rabeira dessa época. Algo sobrou para mim, mais no interior que no litoral. Ainda cheguei a dormir em casa de pescador (alugada!) em Jericoacoara, em 92. Ou conhecer pessoas que não tinham a menor idéia de quem era o presidente do Brasil (Getúlio?). Foi só um gostinho...

Visitando o Memorial de Dom Sebastião, na Ilha de Lençóis, nas Reentrâncias Maranhenses - MA

Visitando o Memorial de Dom Sebastião, na Ilha de Lençóis, nas Reentrâncias Maranhenses - MA


Bom, aqui na Ilha de Lençóis, desde a chegada e estadia até a convivência com as pessoas do local, foi o que mais perto tivemos do que teria sido essa época de viagens que tanto admiro. A carona com o barco de pescador na vinda, a pousada com teto de folhas de babaçu, os banhos de balde, a dificuldade técnica de ir embora, a ausência de telefone e internet e a sinceridade e autenticidade das pessoas com quem convivemos por aqui fez dessa ilha um lugar realmente especial na nossa viagem. De verdade.

Tomando banho de balde na pousada na Ilha de Lençóis, nas Reentrâncias Maranhenses - MA

Tomando banho de balde na pousada na Ilha de Lençóis, nas Reentrâncias Maranhenses - MA

Brasil, Maranhão, Ilha de Lençóis, Dunas, Praia, Reentrâncias Maranhenses

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A Serenidade de La Serena

Chile, La Serena

Até s pelicano admira o fantástico pôr-do-sol na praia de Totoralillo, na região de La Serena, no Chile

Até s pelicano admira o fantástico pôr-do-sol na praia de Totoralillo, na região de La Serena, no Chile


Depois de dois dias intensos cruzando a paisagem maravilhosa do Paso San Francisco, nada como a serenidade de um lugar chamado “La Serena”! Um pouco menos de 500 km ao norte da capital Santiago, essa é a segunda cidade mais antiga do Chile, com mais de 460 anos de idade, embora tenha sido destruída duas vezes em sua história, a última delas por um sanguinário pirata inglês, em 1680. Desde então, ela fez jus ao nome, atraindo santiaguinos e os hermanos do outro lado da fronteira para relaxarem em suas belas e tranquilas praias. Como nós, hoje.

Reencontro com o Oceano Pacífico na cidade de La Serena, no Chile

Reencontro com o Oceano Pacífico na cidade de La Serena, no Chile


Reencontro com o Oceano Pacífico na cidade de La Serena, no Chile

Reencontro com o Oceano Pacífico na cidade de La Serena, no Chile


Nos meses de verão, a cidade é provavelmente o principal destino turístico no litoral ao norte de Viña del Mar, mas fora de temporada é mesmo bem serena. O frio da água do mar ajuda a explicar isso, mas não a torna menos atrativa aos visitantes. Além das praias, a cidade tem uma bela arquitetura, fruto do investimento de um antigo presidente que muito protegeu a sua cidade natal. Além disso, um pouco mais ao sul está a vizinha Coquimbo, um pitoresco porto cheio de bares, restaurantes e ruas charmosas ao redor de um morro que dá vista para toda a região.

Caminhando na praia de La Serena, no Chile

Caminhando na praia de La Serena, no Chile


La Serena, no Chile

La Serena, no Chile


Com uma agenda apertada para chegarmos até Santiago e voarmos para a Ilha de Páscoa (nossas passagens são para o dia 10 pela manhã, em menos de uma semana!), começamos o dia bem cedo. Nossa ideia era conhecer La Serena e Coquimbo hoje e seguir para o sul amanhã cedo, rumo a Valparaiso. Assim, logo depois do café da manhã, já estávamos caminhando na praia. Não poderia ser diferente, tínhamos de começar pela atração mais conhecida da cidade e, além do mais, morríamos de saudades do Oceano Pacífico.

O mar de La Serena, no Chile. Ao fundo, a Cruz do Milênio

O mar de La Serena, no Chile. Ao fundo, a Cruz do Milênio


O ímpeto de um mergulho terminou assim que pusemos os pés na água gelada e o remédio foi só mesmo caminhar pela areia, não molhando mais do que as canelas. Os raios de sol compensavam o frio da brisa e nossos únicos companheiros de praia eram gaivotas que não pareciam se importar com a temperatura. Lá no fundo, sobre o morro de Coquimbo, uma enorme torre de concreto marcava o horizonte. Para lá seguiríamos de tarde, mas agora caminhamos no sentido oposto, para um farol que já não mais funciona, mas que continua sendo o principal marco arquitetônico da orla da cidade.

Caminhando na praia de La Serena, no Chile

Caminhando na praia de La Serena, no Chile


Observando o farol de La Serena, no Chile

Observando o farol de La Serena, no Chile


O farol rendeu boas fotos, mas a fome apertou e voltamos para o hotel onde nos esperava a Fiona. Agora motorizados, seguimos para o sul, ainda na orla de La Serena, para encontrar um bom restaurante para almoçar. Protegidos do vento pelo vidro do restaurante, mas ao mesmo tempo admirando a bela vista oceânica, almoçamos como reis. A fome é sempre o melhor tempero. O vinho e um bom azeite disputam a segunda colocação!

Restaurante do nosso delicioso almoço em frente à praia de La Serena, no Chile

Restaurante do nosso delicioso almoço em frente à praia de La Serena, no Chile


Nosso suculento almoço, acompanhado de legítimo vinho nacional, em frente à praia de La Serena, no norte do Chile

Nosso suculento almoço, acompanhado de legítimo vinho nacional, em frente à praia de La Serena, no norte do Chile


Depois do almoço, devidamente saciados, seguimos para Coquimbo. As luzes e o clima do meio da tarde tornaram ainda mais pitoresco esse movimentado porto de pescadores que mais se parece um bairro de La Serena do que uma cidade. Para quem procura charme ou vida noturna, as ruas de Coquimbo me pareceram bem mais interessantes que as de La Serena para algumas horas exploratórias ou de diversão.

Vista de Coquimbo e de La Serena, do alto da cruz do Milênio, no Chile

Vista de Coquimbo e de La Serena, do alto da cruz do Milênio, no Chile


A gigantesca Cruz do Milênio, em La Serena, no Chile

A gigantesca Cruz do Milênio, em La Serena, no Chile


Nós caminhamos um pouco por essas ruas mais movimentadas e seguimos para o alto do morro, em busca de vistas mais amplas e também da tal cruz de concreto. Esse enorme monumento que abriga um museu e uma torre de observação é chamada de “Cruz do Terceiro Milênio” e, desde a sua inauguração, há pouco mais de uma década, se converteu em uma das principais atrações turísticas da região. O museu é quase todo sobre o Papa (e agora santo!) João Paulo II e a vista que se tem do alto de seus braços, a mais de 200 metros de altura sobre o mar, é espetacular.

Admirando a vista do alto da Cruz do Milênio, em Coquimbo, região de La Serena, no Chile

Admirando a vista do alto da Cruz do Milênio, em Coquimbo, região de La Serena, no Chile


Admirando a vista do alto da Cruz do Milênio, em Coquimbo, região de La Serena, no Chile

Admirando a vista do alto da Cruz do Milênio, em Coquimbo, região de La Serena, no Chile


Aí ficamos por um bom tempo, admirando a paisagem de 360 graus ao nosso redor. Acabamos por ficar amigos de um dos guardas do local que, muito simpático, nos sugeriu ir a uma praia um pouco mais ao sul, bem pequena e charmosa, chamada Totoralillo. Quando descemos da cruz, o sol se aproximava da linha do horizonte e achamos a ideia de assistir ao belo pôr-do-sol em uma praia pequena e pitoresca irresistível. Tratamos de acelerar para lá!

A pequen a pacata praia de Totoralillo, na região de La Serena, no Chile

A pequen a pacata praia de Totoralillo, na região de La Serena, no Chile


Admirando a praia de Totoralillo, na região de La Serena, no Chile

Admirando a praia de Totoralillo, na região de La Serena, no Chile


Não demorou muito e, quinze minutos mais tarde chegamos a essa praia quase deserta, apenas uns poucos carros estacionados no final da estrada, uma centena de metros antes da areia e do mar. Estacionamos, pegamos a máquina fotográfica e, já quando iniciávamos nossa caminhada, resolvemos voltar para pegar nossos passaportes. Pouco depois já estávamos na areia, admirando o sempre belo entardecer sobre o Oceano Pacífico, o sol mergulhando calmamente nas águas do mar (quase dá para ouvir aquele “ssshhhhhh”...) e o céu se pintando de vermelho. Foi magnífico! Valeu o esforço e a pressa para chegarmos até lá. Mas, enquanto saboreávamos cada segundo desse final de tarde fantástico, ali perto, a apenas uma centena de metros, um triste acontecimento quebraria um encanto da nossa viagem de mais de três anos: nossa aura de proteção, de intocabilidade, estava sendo estilhaçada. Assunto para o próximo post...

Admirando o pôr-do-sol na praia de Totoralillo, na região de La Serena, no Chile

Admirando o pôr-do-sol na praia de Totoralillo, na região de La Serena, no Chile


O pelicano, agora com uma namorada,  admira o sol se pôr 'quadrado' na praia de Totoralillo, na região de La Serena, no Chile

O pelicano, agora com uma namorada, admira o sol se pôr "quadrado" na praia de Totoralillo, na região de La Serena, no Chile

Chile, La Serena, Arquitetura, Coquimbo, Cruz del Tercer Milenio, Praia, Totoralillo

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A Volta aos Grandes Espaços

Estados Unidos, Califórnia, Mojave

No alto das Kelso Dunes, maravilhado com a paisagem desértica de Mojave, na Califórnia, nos Estados Unidos

No alto das Kelso Dunes, maravilhado com a paisagem desértica de Mojave, na Califórnia, nos Estados Unidos


Uma das coisas que mais gosto nos Estados Unidos são os grandes espaços vazios, paisagens grandiosas, quase sem sinal da civilização. Apesar de estarmos em um dos países mais urbanizados do mundo, essa terra é tão vasta que ainda restam lugares que se pode dirigir por horas sem ver nenhuma cidade, pouquíssimos carros e raras pessoas. O melhor é que quase sempre se pode chegar lá no conforto do seu carro, pois as estradas cruzam o país de sul a norte e de leste a oeste. Mas a estrada pode estar completamente vazia, apenas você e esse mundão lindo sem porteiras.

De volta aos grandes espaços abertos, no deserto de Mojave, na Califórnia, nos Estados Unidos

De volta aos grandes espaços abertos, no deserto de Mojave, na Califórnia, nos Estados Unidos


O lugar mais fácil de encontrar essas paisagens maravilhosas e com aparência de intocadas é no sudoeste do país, por onde passamos no começo da viagem, em Abril do ano passado. Quando se chega à região central do país, as grandes planícies férteis tomam conta e aí, são plantações atrás de plantações, fazendas atrás de fazendas. Mais para o leste, as cidades se tornam mais numerosas até que, perto da costa, é praticamente uma cidade só, uma grande mancha urbana que cobre quase toda a costa atlântica. Embora não tanto assim, o mesmo pode ser dito da região dos Grandes Lagos e da costa oeste. O centro norte, perto de Yellowstone, também tem paisagens fantásticas, mas passamos lá na época de férias daqui, então sempre havia mais movimento de carros.

Uma das entradas da área de preservação do deserto de Mojave, na Califórnia, nos Estados Unidos

Uma das entradas da área de preservação do deserto de Mojave, na Califórnia, nos Estados Unidos


Enfim, estava morrendo de saudades de poder dirigir só, no meio da natureza majestosa e esse momento finalmente chegou. Deixamos a megalópole de Los Angeles para trás rumo aos estados do Arizona, Utah e Colorado, onde meia dúzia de parques nacionais nos esperam, todos eles com seus cenários de cinema. Melhor ainda, entre eles, apesar de estarmos fora de parques, a paisagem também é sensacional. São semanas que prometem!


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Nosso único problema é conseguir fazer um roteiro que inclua todos esses parques que queremos passar. Vai ter de ser um ziguezague, e com tempo contado, pois o nosso prazo de saída do país está contando, no meio de Janeiro. Grand Canyon, Zion, Bryce, Arches, Mesa Verde, Canyonlands, Monument Valley, todos eles tem de estar no nosso caminho entre Los Angeles e Aspen, no Colorado. Quem deve dançar nesse roteiro é a bela cidade de Salt Lake City, um desvio muito grande para o norte, infelizmente. Não se pode ter tudo...

Chegando às dunas de Kelso, no deserto de Mojave, na Califórnia, nos Estados Unidos

Chegando às dunas de Kelso, no deserto de Mojave, na Califórnia, nos Estados Unidos


Caminhada até as dunas de Kelso, no deserto de Mojave, na Califórnia, nos Estados Unidos

Caminhada até as dunas de Kelso, no deserto de Mojave, na Califórnia, nos Estados Unidos


Nós saímos já bem de noite de Los Angeles, depois de assistir ao jogo do Lakers, e dirigimos até a cidade de Ludlow, já bem perto do deserto de Mojave, nosso velho conhecido. Hoje, tínhamos pela frente o maior trecho da viagem, até o Grand Canyon, no Arizona. Mas acordar já em uma cidadezinha perdida no meio do nada, horizontes a perder de vista, nos atiçou. Estávamos de volta aos grandes espaços vazios, região que pouco mudou desde que os primeiros colonizadores passaram por aqui. A vontade de explorar estava fervilhando no sangue.

Área de dunas no deserto de Mojave, na Califórnia, nos Estados Unidos

Área de dunas no deserto de Mojave, na Califórnia, nos Estados Unidos


As enormes Kelso Dunes, no deserto de Mojave, na Califórnia, nos Estados Unidos

As enormes Kelso Dunes, no deserto de Mojave, na Califórnia, nos Estados Unidos


Pois é, isso não poderia acontecer em um local mais apropriado! Uma hora à frente, de carro, chegávamos à entrada da reserva de Mojave, uma das regiões mais belas e conservadas desse famoso deserto. Nossa primeira ideia era dar só uma olhadinha, pois tínhamos muita estrada pela frente. Que nada!

Subindo as Kelso Dunes, no deserto de Mojave, na Califórnia, nos Estados Unidos

Subindo as Kelso Dunes, no deserto de Mojave, na Califórnia, nos Estados Unidos


O lugar era muito mais belo (e vazio!) do que pensávamos. A primeira parada foi num grande campo de dunas, chamadas de Kelso Sand Dunes. Imponentes, elas dominavam aquela parte do deserto. Resolvemos nos aproximar, para fotografar melhor. Aí, umas fotos e painéis explicativos convidavam: subam! Vejam tudo lá de cima! Quem pode resistir a um pedido desses?

As belas Kelso Dunes, num dia ensolarado e gelado no deserto de Mojave, na Califórnia, nos Estados Unidos

As belas Kelso Dunes, num dia ensolarado e gelado no deserto de Mojave, na Califórnia, nos Estados Unidos


Quase no alto das Kelso Dunes, no deserto de Mojave, na Califórnia, nos Estados Unidos

Quase no alto das Kelso Dunes, no deserto de Mojave, na Califórnia, nos Estados Unidos


No deserto, as distâncias enganam. Elas pareciam perto, mas não estavam. Mas quanto mais caminhávamos, mais belas ficavam. E mais alto podia-se ouvir o seu chamado. Para melhorar, o dia tinha céu azul mas, mesmo estando em um deserto, a temperatura deveria ser de uns 8 graus. Assim, não passávamos calor enquanto nossos casacos nos protegiam do frio.

Quase no alto das Kelso Dunes, no deserto de Mojave, na Califórnia, nos Estados Unidos

Quase no alto das Kelso Dunes, no deserto de Mojave, na Califórnia, nos Estados Unidos


Na crista das Kelso Dunes, no deserto de Mojave, na Califórnia, nos Estados Unidos

Na crista das Kelso Dunes, no deserto de Mojave, na Califórnia, nos Estados Unidos


De pouco em pouco fomos chegando, fomos subindo, fomos chegando. Uma hora mais tarde e duzentos metros mais altos, chegávamos ao topo das imponentes montanhas de areia. A recompensa da vista lá de cima pagava cinco caminhadas daquela que tínhamos feito. Lá longe, perdida no meio do deserto, estava a Fiona. E mais atrás, montanhas de pedra ainda mais altas do que nós. Outras pessoas? Nem sombra! Sinal de civilização? Lá lá lá longe, quase no horizonte, uma fumacinha. Era o lugar que eu queria estar e tanto ansiava. Apenas nós e o horizonte infinito.

No meio do deserto, minúscula, a Fiona nos espera! (em Mojave, na Califórnia, nos Estados Unidos

No meio do deserto, minúscula, a Fiona nos espera! (em Mojave, na Califórnia, nos Estados Unidos


Caminhada pelas dunas de Kelso, no deserto de Mojave, na Califórnia, nos Estados Unidos

Caminhada pelas dunas de Kelso, no deserto de Mojave, na Califórnia, nos Estados Unidos


O passeio pelo deserto continuou. Como já tínhamos perdido a hora mesmo e não havia mais chance de chegar ao Grand Canyon de dia, não tínhamos mais porque correr. Demos uma longa volta pelo deserto, no conforto da Fiona. Deserto gelado, pois seguimos para a parte mais alta, onde a neve e o gelo cobriam a areia e as pedras. Surreal.

Vegetação que aguenta os rigores do frio e do deserto em Mojave, na Califórnia, nos Estados Unidos

Vegetação que aguenta os rigores do frio e do deserto em Mojave, na Califórnia, nos Estados Unidos


Estradas cobertas de neve na parte alta do belíssimo deserto de Mojave, na Califórnia, nos Estados Unidos

Estradas cobertas de neve na parte alta do belíssimo deserto de Mojave, na Califórnia, nos Estados Unidos


Passamos por uma cidade fantasma, da época em que havia mineração por aqui. Passamos por estradas de terra secundárias e terciárias, tomadas pela neve e gelo. A Fiona também estava com saudades de aventura! Lugares que, em outras épocas do ano, recebem turistas e aventureiros, mas que agora, só recebem o vento. Canions secos por onde, há milhares de anos, passava um rio, mas que hoje, pertencem a um passado longínquo. As formações de pedra parecem fantasmas. Um filme de faroeste? De ficção científica ? Não, é apenas a Fiona nos levando para dar uma volta num deserto de areia congelado, nada de mais...

Estradas cobertas de neve na parte alta do belíssimo deserto de Mojave, na Califórnia, nos Estados Unidos

Estradas cobertas de neve na parte alta do belíssimo deserto de Mojave, na Califórnia, nos Estados Unidos


Vegetação que aguenta os rigores do frio e do deserto em Mojave, na Califórnia, nos Estados Unidos

Vegetação que aguenta os rigores do frio e do deserto em Mojave, na Califórnia, nos Estados Unidos


Enfim, o Grand Canyon ficou para amanhã. Mas nós começamos com chave de ouro esse nosso retorno aos grandes espaços vazios. Mas, depois do sonho, a dura realidade. Ali, não poderíamos dormir. Muitas horas de estrada nos esperavam até o Arizona. Mãos à obra!

Dirigindo através de estrada secundária no deserto de Mojave, na Califórnia, nos Estados Unidos

Dirigindo através de estrada secundária no deserto de Mojave, na Califórnia, nos Estados Unidos

Estados Unidos, Califórnia, Mojave, deserto

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A Mãe de Todas as Cachoeiras

Brasil, Minas Gerais, Tabuleiro (P.E. Serra do Intendente), Serra do Cipó (P.N da Serra do Cipó)

Admirando a Cachoeira do Tabuleiro, no Parque Estadual da Serra do Intendente, em Tabuleiro - MG

Admirando a Cachoeira do Tabuleiro, no Parque Estadual da Serra do Intendente, em Tabuleiro - MG


Bingo! Dois dias de nossa maratona na região do Cipó já se foram, com sucesso. E o terceiro já está encaminhado, aqui na Serra do Cipó, do outro lado da Serra do Intendente.

Cachoeira Congonhas, no Parque Estadual da Serra do Intendente, em Tabuleiro - MG

Cachoeira Congonhas, no Parque Estadual da Serra do Intendente, em Tabuleiro - MG


Neste segundo dia, começamos esquentando os motores na Cachoeira Congonhas. Dessa vez, a Fiona mal teve trabalho: uns quatro quilômetros de estrada de terra. Depois, uma caminhada por colinas e margeando um rio até entrar num canyon. Aí, uma rápida caminhada pelas pedras e seixos num rio e chegamos à cachoeira. Mais um lugar mágico, mais um poço de águas geladas. Desta vez, uma das raras vezes, a Ana não quis entrar e eu fui só, enfrentar o frio e o "banho de chuveiro" para lavar a alma. Uma delícia!

Enfrentando as águas geladas da Cachoeira Congonhas, no Parque Estadual da Serra do Intendente, em Tabuleiro - MG

Enfrentando as águas geladas da Cachoeira Congonhas, no Parque Estadual da Serra do Intendente, em Tabuleiro - MG


Enfrentando as águas geladas da Cachoeira Congonhas, no Parque Estadual da Serra do Intendente, em Tabuleiro - MG

Enfrentando as águas geladas da Cachoeira Congonhas, no Parque Estadual da Serra do Intendente, em Tabuleiro - MG


De lá para a Cachoeira do Tabuleiro, a mais alta das Minas Gerais. Com mais de dez anos de espera, finalmente fui conhecer este patrimõnio mineiro! Uma beleza! Que imponência e majestade! Ficamos lá no mirante por um bom tempo admirando e fotografando a principal atração turística do parque, razão da viagem de muita gente para cá. Eles vem da Serra do Cipó, visitam a cachoeira e voltam sem ver as outras belas atrações do parque estadual.

Beijo inspirado pela Cachoeira do Tabuleiro, no Parque Estadual da Serra do Intendente, em Tabuleiro - MG

Beijo inspirado pela Cachoeira do Tabuleiro, no Parque Estadual da Serra do Intendente, em Tabuleiro - MG


Bem, não foi o nosso caso. Deixamos a maior das cachoeiras, a mãe de todas elas para o último passeio. Valeu a pena! Essa é a única cachoeira que devemos pagar para ver neste parque. Bem diferente de Delfinópolis, Carrancas, Brotas ou Bonito. Por quanto tempo? Do mirante, seguimos para o poço por uma trilha que segue pirambeira abaixo. Na volta, é preciso fôlego...

Cachoeira do Tabuleiro vista por baixo, no Parque Estadual da Serra do Intendente, em Tabuleiro - MG

Cachoeira do Tabuleiro vista por baixo, no Parque Estadual da Serra do Intendente, em Tabuleiro - MG


O poço é enorme, apesar de não parecer. No meio daquelas enormes paredes de 300 metros de altura, ele fica pequenininho mesmo. Mas, quando a gente o atravessa nadando, vê que a história é outra... O cenário é tão grandioso, tão arrebatador, que até esquecemos que a água é fria. Temos outras coisas para "nos preocupar". Uma delas é querer aproveitar cada minuto, cada segundo naquele lugar tão especial.

Tomando banho na Cachoeira do Tabuleiro, no Parque Estadual da Serra do Intendente, em Tabuleiro - MG

Tomando banho na Cachoeira do Tabuleiro, no Parque Estadual da Serra do Intendente, em Tabuleiro - MG


E foi isso que fizemos, eu e a Ana. Não havia muita água na cachoeira, o que fazia o poço bem mais tranquilo de se nadar. Quando há muita água, o cenário muda completamente. Vimos uma reportagem com a cachoeira cheia e é outra coisa, completamente diferente. Admirar, só de longe.

Rodrigo e Ana nadando no poço da Cachoeira do Tabuleiro, no Parque Estadual da Serra do Intendente, em Tabuleiro - MG

Rodrigo e Ana nadando no poço da Cachoeira do Tabuleiro, no Parque Estadual da Serra do Intendente, em Tabuleiro - MG


Depois da cachoeira, ainda almoçamos mais uma vez a deliciosa comida da Lelé,no hostel. Comida muito saborosa, principalmente para quem anda o dia inteiro. Saboroso também é o queijo que compramos em Serro e devoramos nesses dois dias de cachoeiras em Tabuleiro. Considerado o melhor de Minas (portanto, do Brasil!), está mais que aprovado! Despedimo-nos também do Gustavo, que montou esse hostel muito legal e que nos recebeu tão bem.

Com a Lelé e o Gustavo, que nos receberam tão bem no Eco Hostel do Tabuleiro - MG

Com a Lelé e o Gustavo, que nos receberam tão bem no Eco Hostel do Tabuleiro - MG


Finalmente, viagem noturna para a Serra do Cipó onde já nos encontramos com o Pretinho, que será o nosso guia na caminhada de 20 km amanhã, pela parte alta do Parque Nacional. Caminhada recomendada pelo Gustavo, da Estrada Real, com quem conversamos longamente nas duas noites em Tabuleiro. Foi ele que montou o roteiro da nossa maratona aqui na região. Os primeiros dois dias estão aprovadíssimos e os próximos dois prometem. Somos muito gratos à ele por nos ajudar a conhecer essa região maravilhosa. Valeu Gustavo!

Curtindo o céu do Parque Estadual da Serra do Intendente, em Tabuleiro - MG

Curtindo o céu do Parque Estadual da Serra do Intendente, em Tabuleiro - MG

Brasil, Minas Gerais, Tabuleiro (P.E. Serra do Intendente), Serra do Cipó (P.N da Serra do Cipó), cachoeira, Cachoeira do Tabuleiro, Parque, Serra do Intendente, trilha

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Na Boca da Pedra

Brasil, Rio Grande Do Norte, Passa e Fica (Pedra da Boca)

Visual à partir da boca da pedra, no Parque Estadual da Pedra da Boca, na Paraíba, fronteira com Passa e Fica - RN

Visual à partir da boca da pedra, no Parque Estadual da Pedra da Boca, na Paraíba, fronteira com Passa e Fica - RN


No nosso planejamento da viagem pelo nordeste, além das óbvias atrações no litoral, sempre procuramos saber e conhecer regiões do interior, do sertão. Afinal, tínhamos uma "forte desconfiança" que o nordeste era muito mais do que um punhado de praias bonitas.

A Pedra da Boca, na fronteira do Rio Grande do Norte com Paraíba, próximo à Passa e Fica

A Pedra da Boca, na fronteira do Rio Grande do Norte com Paraíba, próximo à Passa e Fica


Lugares como a Chapada Diamantina e a Serra da Capivara já tem luz própria, até internacionalmente. Mas outros lugares, como a Serra do Catimbau e o Lajeado do Pai Mateus não são assim tão conhecidos e precisamos fazer uma certa pesquisa para chegar até eles. E assim fomos fazendo, descobrindo lugares interessantes no interior de todos os estados nordestinos. Na verdade, todos não. Faltava o Rio Grande do Norte.

Pronta para a caminhada até a boca da pedra, no Parque Estadual da Pedra da Boca, na Paraíba, fronteira com Passa e Fica - RN

Pronta para a caminhada até a boca da pedra, no Parque Estadual da Pedra da Boca, na Paraíba, fronteira com Passa e Fica - RN


Foi quando começamos a receber dicas de outros viajantes pelo caminho. Falavam de uma tal de "Passa e Fica". Eu entendia "Pacifica", procurava no mapa, e nada. Depois da terceira vez que me indicaram, decidi achar de qualquer maneira. Google, internet, mapas, até que a ficha caiu. Pronto, achei a famosa Passa e Fica, fronteira de Rio Grande do Norte e Paraíba, do lado potiguar.

Subindo a Pedra da Boca, no Parque Estadual da Pedra da Boca, na Paraíba, fronteira com Passa e Fica - RN

Subindo a Pedra da Boca, no Parque Estadual da Pedra da Boca, na Paraíba, fronteira com Passa e Fica - RN


E aqui chegamos hoje. Passamos diretamente pela cidade e fomos direto ao Parque Estadual, pertinho do centro. Mas, ironia, esse "pertinho" foi o bastante para cruzarmos a fronteira. O belo Parque da Pedra da Boca fica na Paraíba, apesar de estar colado em Passa e Fica. "Paci e Ência"...

Pedra da Caveira, no Parque Estadual da Pedra da Boca, na Paraíba, fronteira com Passa e Fica - RN

Pedra da Caveira, no Parque Estadual da Pedra da Boca, na Paraíba, fronteira com Passa e Fica - RN


Lá chegando, fomos recebidos pelo Seu Tico, que vai nos guiar amanhã por uma trilha cheia de grutas e tocas, cenário incrível, dizem. Hoje, ele mandou que o filho nos levasse até a enorme boca na rocha que dá nome ao parque. A gente já vê ela bem de longe, afastando qualquer dúvida sobre o porquê do nome da pedra e do parque. Só falta um batonzinho.

Vista do caminho para a Pedra da Boca, no Parque Estadual da Pedra da Boca, na Paraíba, fronteira com Passa e Fica - RN

Vista do caminho para a Pedra da Boca, no Parque Estadual da Pedra da Boca, na Paraíba, fronteira com Passa e Fica - RN


Em meia hora subimos os quase 200 metros de desnível que nos separavam da boca. Ela, que parecia pequenina lá de longe, é gigantesca lá de perto. Uns 80 metros de largura, 30 m de altura e uns 20 m de profundidade. Outra formação geológica incrível da mamãe natureza. Quando achamos que já vimos de tudo, ficamos de boca caída com o tamanho da boca da pedra.

Visual à partir da boca da pedra, no Parque Estadual da Pedra da Boca, na Paraíba, fronteira com Passa e Fica - RN

Visual à partir da boca da pedra, no Parque Estadual da Pedra da Boca, na Paraíba, fronteira com Passa e Fica - RN


Lá ficamos por uma boa meia hora, tirando fotos, venerando a paisagem, tentando entender aquela coisa. Até o teto do lugar lembra, adivinhem... o céu da boca! Pois bem, lá de dentro da boca ficamos admirando o parque, que tem várias outras pedras mais baixas, inclusive uma com a cara de uma caveira. Observamos também o Rio Grande do Norte, ali do lado, literalmente a "um tirinho de espingarda" de distância.

Dentro da enorme 'boca', no Parque Estadual da Pedra da Boca, na Paraíba, fronteira com Passa e Fica - RN

Dentro da enorme "boca", no Parque Estadual da Pedra da Boca, na Paraíba, fronteira com Passa e Fica - RN


Que belo dia foi esse, amanhecer vendo as praionas da Pipa e entardecer vendo essas pedras gigantes em Passa e Fica. Amanhã, será o contrário: vamos amanhecer com as pedras e cavernas daqui e entardecer com as praias de Natal. E assim seguimos até onde o fôlego aguentar...

Descendo da Pedra da Boca, no Parque Estadual da Pedra da Boca, na Paraíba, fronteira com Passa e Fica - RN

Descendo da Pedra da Boca, no Parque Estadual da Pedra da Boca, na Paraíba, fronteira com Passa e Fica - RN

Brasil, Rio Grande Do Norte, Passa e Fica (Pedra da Boca), alpinismo, Parque, Pedra da Boca, trilha

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Igreja matriz em Natividade - TO

Igreja matriz em Natividade - TO


A ocupação de Tocantins iniciou-se, assim como várias outras regiões do país, com a busca pelo ouro. Na segunda metade do séc. XVIII, o vil metal foi descoberto nas serras no entorno do que é hoje a cidade de Natividade. Uma "corrida" se seguiu e, ao longo das próximas décadas, cerca de 40 mil escravos foram levados para lá, para trabalhar nas atividades de mineração. Foi um ciclo relativamente rápido, mas que deixou para trás a mais antiga cidade do estado que, ainda hoje, no seu centro histórico, preserva uma belo casario antigo, ainda com ar colonial.

A tranquila praça central de Natividade - TO

A tranquila praça central de Natividade - TO


Nós chegamos na cidade no final da tarde, vindos de Taquaruçu. Instalamo-nos no hotel Serra Geral e corremos para passear no centro ainda com luz natural. A sensação foi a de se estar numa das antigas cidades mineiras ou baianas, exceto por uma tranquilidade ainda maior. Nas ruas centrais, o casario ainda está bem conservado (pelo menos nas fachadas!). Construída no pé da serra, o visual das casas antigas com as montanhas ao fundo é muito cativante.

Passeando em Natividade - TO

Passeando em Natividade - TO


Uma das mais antigas construções é a igreja inacabada de Nossa Senhora dos Pretos. É aquela que existe em quase todas as cidades coloniais brasileiras, uma igreja construída por escravos e negros libertos para poderem, eles também, realizarem seus cultos, já que não eram aceitos em outras igrejas, as dos "brancos". Confesso que isso sempre me intriga: como é que eles tão devotamente abraçaram uma fé que, de maneira geral, os relegava? Aparentemente, a resposta é que era somente ali que tinham espaço para escapar, por alguns momentos que fossem, da dura e cruel vida que levavam. Pelo menos no mundo espiritual poderiam ter esperanças... E a única saída para o mundo espiritual que lhes era permitido professar era a fé católica.

A igreja incompleta de Nossa Senhora dos Pretos, em Natividade - TO

A igreja incompleta de Nossa Senhora dos Pretos, em Natividade - TO


Hoje, felizmente, o mundo não é tão cruel. Para escapar um pouco das agruras diárias, as pessoas podem, por exemplo, tomar um refrescante banho de rio. Em Natividade, as pessoas vão para os "poções", piscinas naturais a um quilômetro do centro. Foi nossa última atividade do dia, admirar esses recantos verdes tão próximos da vida urbana. Amanhã, a viagem continua, para o "menor rio do mundo", ainda em Tocantins, e para o norte de Goiás, parque estadual da Terra Ronca.

Os 'poções', piscinas naturais em Natividade - TO

Os "poções", piscinas naturais em Natividade - TO

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Coleção de Igrejas

Chile, CastroChiloé, Isla Quinchao

Igreja de Colo, na ilha de Chiloé, no sul do Chile

Igreja de Colo, na ilha de Chiloé, no sul do Chile


Entre tantas e tantas belezas e atrações turísticas de Chiloé, certamente uma merece destaque sobre todas as demais: o conjunto arquitetônico representado pelas centenas de igrejas espalhadas pelas ilhas do arquipélago. São elas e especialmente aquelas dezesseis que foram declaradas Patrimônio Histórico Mundial pela UNESCO que atraem a maioria das dezenas de milhares de turistas nacionais e internacionais que chegam anualmente a este arquipélago no sul do Chile.

Mais uma igreja da Rota das igrejas, na costa leste da ilha de Chiloé, no sul do Chile

Mais uma igreja da Rota das igrejas, na costa leste da ilha de Chiloé, no sul do Chile


Igreja de Pid Pid, na ilha de Chiloé, no sul do Chile

Igreja de Pid Pid, na ilha de Chiloé, no sul do Chile


A história das igrejas de Chiloé começa com a chegada dos jesuítas à ilha no início de século XVII. Os membros dessa ordem religiosa se espalharam por todo o imenso território da América espanhola com o objetivo de evangelizar e arrebatar novos súditos para o papa e para o rei de Espanha. Antes deles chegaram as doenças trazidas pelos conquistadores e que praticamente dizimaram as populações locais que já não tinham forças para resistir à invasão militar e cultural. Em poucas gerações, a população miscigenada já era muito maior do que as populações puras de outrora.

Igreja de Quemchi, na ilha de Chiloé, no sul do Chile

Igreja de Quemchi, na ilha de Chiloé, no sul do Chile


Igreja na região do Parque Nacional de Chiloé, na costa oeste da ilha, no sul do Chile

Igreja na região do Parque Nacional de Chiloé, na costa oeste da ilha, no sul do Chile


A primeira igreja de Chiloé foi construída pelos jesuítas em 1612 e muitas outras se seguiram. Mas eram muito poucos padres para um território muito grande a ser coberto. Os padres viviam viajam de uma área a outra e de uma igreja a outra, onde pouco ficavam. Eram igrejas rústicas, quase temporárias. A Ordem pediu autorização para a coroa espanhola para enviar religiosos de outros países da Europa para auxiliar no trabalho de evangelização de Chiloé. O rei concordou e jesuítas da Baviera (sul da Alemanha), Hungria e Transilvânia foram enviados ao arquipélago.

Igreja de Achao, em Isla Quinchao, no arquipélago de Chiloé, no sul do Chile

Igreja de Achao, em Isla Quinchao, no arquipélago de Chiloé, no sul do Chile


Mais uma igreja no interior de Chiloé, no caminho entre Castro e Ancud, no sul do Chile

Mais uma igreja no interior de Chiloé, no caminho entre Castro e Ancud, no sul do Chile


Foram esses sacerdotes estrangeiros que deram impulso à construção de igrejas mais sólidas e duradouras. O desenho e parte das técnicas de construção foram trazidos de seus países de origem, mas a mão-de-obra e os materiais de construção eram chilotas, assim como parte das técnicas de construção, baseada na construção de barcos de madeira, na qual os habitantes locais tinham bastante experiência. O resultado dessa união de forças resultou em uma nova escola de arquitetura, hoje chamada de “escola chilota de arquitetura religiosa em madeira”.

Igreja de Colo, na ilha de Chiloé, no sul do Chile

Igreja de Colo, na ilha de Chiloé, no sul do Chile


Torre da Igreja de Colo, na ilha de Chiloé, no sul do Chile

Torre da Igreja de Colo, na ilha de Chiloé, no sul do Chile


Com uma técnica mais apurada e madeiras bem mais resistentes, apropriadas para o clima úmido da ilha, as igrejas se tornaram muito mais duradouras. Algumas delas estão em pé até hoje, com mais de 250 anos de idade, e estão entre as construções de madeira mais antigas de toda a América. Quando a ordem jesuíta foi expulsa dos domínios espanhóis nas Américas em 1767, já eram 79 igrejas em Chiloé. As construções continuaram no mesmo estilo, agora sob tutela dos franciscanos, e não pararam de aumentar. Hoje em dia, são cerca de 200 igrejas espalhadas por todo arquipélago.

Indicação para a igreja, sempre uma das atrações turísticas (em Achao, na ilha Quinchao,no arquipélago de Chiloé, no sul do Chile)

Indicação para a igreja, sempre uma das atrações turísticas (em Achao, na ilha Quinchao,no arquipélago de Chiloé, no sul do Chile)


Placa informativa sobre a igreja de Nercon, ao sul de Castro, na Ilha de Chiloé, no sul do Chile

Placa informativa sobre a igreja de Nercon, ao sul de Castro, na Ilha de Chiloé, no sul do Chile


O plano arquitetônico das igrejas segue um padrão básico, com pequenas variações. São construções retangulares com telhados em duas águas, algumas poucas vezes três. A fachada quase sempre aponta para o leste, de onde vem o sol, e conserva em sua frente um grande espaço, próprio para procissões. Quando pequenos povoados se desenvolveram ao redor das igrejas, esse espaço foi transformado na praça central da cidade. A fachada da igreja é composta de um pórtico adornado com arcos falsos e uma única torre com campanário. O número de arcos falsos mais comum é cinco, mas também se encontram igrejas com sete, nove ou simplesmente nenhum.. Entre o pórtico e a porta da igreja, sempre há uma área para se proteger da chuva, uma espécie de varanda.

Igreja de Dalcahue, na ilha de Chiloé, no sul do Chile

Igreja de Dalcahue, na ilha de Chiloé, no sul do Chile


Igreja de Pid Pid, na ilha de Chiloé, no sul do Chile

Igreja de Pid Pid, na ilha de Chiloé, no sul do Chile


O interior, quase sempre a parte mais elegante das igrejas chilotas, é formado por três naves, separadas pelos pilares ou colunas que sustentam a construção. Sobre o pórtico, há um espaço para o coral. A nave central quase sempre tem o teto côncavo, a semelhança do fundo de um bote. Quase não se usavam parafusos ou pregos na construção, a madeira sendo talhada para um encaixe sólido e quase perfeito.

Mais uma igreja em Isla Quinchao, uma das ilhas do arquipélago de Chiloé, no sul do Chile

Mais uma igreja em Isla Quinchao, uma das ilhas do arquipélago de Chiloé, no sul do Chile


Mais uma igreja da Rota das igrejas, na costa leste da ilha de Chiloé, no sul do Chile

Mais uma igreja da Rota das igrejas, na costa leste da ilha de Chiloé, no sul do Chile


Várias dessas igrejas resistiram por séculos aos efeitos do tempo, mas muitas tiveram de ser reconstruídas ou necessitam de cuidados especiais de preservação. Muitas, hoje, se encontram em reforma. A UNESCO escolheu dezesseis das mais belas e representativas como Patrimônio da Humanidade. Esse título garante o acesso a fundos de conservação. Todas as escolhidas se encontram na costa leste da ilha, na região de Castro, ou nas pequenas ilhas adjacentes. Isso não quer dizer que não existam outras belas igrejas no restante do arquipélago. Sim, elas existem e muitas são consideradas Patrimônios Nacionais.

Das mais de 200 igrejas do arquipélago de Chiloé, 16 são Patrimônio Histórico Mundial da UNESCO. Nove estão na costa oriental da Isla Grande, duas em Isla Quinchao e as outras 5 em ilhas menores

Das mais de 200 igrejas do arquipélago de Chiloé, 16 são Patrimônio Histórico Mundial da UNESCO. Nove estão na costa oriental da Isla Grande, duas em Isla Quinchao e as outras 5 em ilhas menores


Teoricamente, existe hoje a “Rota das Igrejas”, uma estrada que dá acessos a todos esses tesouros arquitetônicos. Mas, na prática, descobrimos hoje, isso não é bem assim. As indicações nas estradas e caminhos são escassas e o acesso àquelas que se encontram nas ilhas menores é ainda mais complicado. Sem transporte próprio, dificilmente será possível ver muitas delas em um mesmo dia. Afinal, somente para se encontrar a maioria delas já é uma pequena aventura.

Visitando a torre de uma igreja ao sul de Castro, na Ilha de Chiloé, no sul do Chile

Visitando a torre de uma igreja ao sul de Castro, na Ilha de Chiloé, no sul do Chile


Interior da igreja de Nercon, ao sul de Castro, na Ilha de Chiloé, no sul do Chile

Interior da igreja de Nercon, ao sul de Castro, na Ilha de Chiloé, no sul do Chile


Talvez, o melhor seja entrar em algum tour privado. Mas para nós, parte da graça estava justamente em encontrar os caminhos. As paisagens bucólicas que cercam a maioria das igrejas já vale o passeio e a sensação de se conseguir encontrar cada uma delas era um gostoso sentimento de vitória. Para nós, foi quase como preencher um álbum de figurinhas. Das dezesseis listadas pela UNESCO, encontramos quase todas aquelas na ilha principal e também na ilha de Quinchao, para onde fomos de balsa. Mas as outras cinco localizadas em ilhas menores permaneceram inacessíveis para nós...

A grande igreja de Castro, a capital e maior cidade da ilha de Chiloé, no sul do Chile

A grande igreja de Castro, a capital e maior cidade da ilha de Chiloé, no sul do Chile


Fachada da igreja de Castro, a capital e maior cidade da ilha de Chiloé, no sul do Chile

Fachada da igreja de Castro, a capital e maior cidade da ilha de Chiloé, no sul do Chile


Algumas estão permanentemente abertas ao público, outras estão em reforma, outras estão fechadas, mas alguém na vizinhança tem as chaves. Muitas vezes, a gente se satisfazia apenas com a visão exterior, o cenário ao redor da igreja já tão belo que aquilo era o suficiente para nós. outras vezes, tivemos a chance de entrar, admirar o belo interior e até subir no campanário. A maioria das vezes, estávamos sós, nenhum outro turista a vista. Isso ocorria principalmente quando a igreja estava no meio do campo, isolada. Aquelas no centro de cidades e povoados eram, logicamente, mais movimentadas.

Igreja nas cercanias de Castro, na Ilha de Chiloé, no sul do Chile

Igreja nas cercanias de Castro, na Ilha de Chiloé, no sul do Chile


Interior de igreja nas cercanias de Castro, na Ilha de Chiloé, no sul do Chile

Interior de igreja nas cercanias de Castro, na Ilha de Chiloé, no sul do Chile


Enfim, foi um prazer e tanto percorrer o interior da ilha em busca das famosas igrejas centenárias, singelas obras de arte construídas em madeira de cipreste. Após encontrar duas ou três, compreendemos logo a fama internacional que têm. E que delícia é poder chegar até elas e não ter de enfrentar longas filas ou lojas e restaurantes ao seu lado. Ao contrário, a maioria delas se encontra onde e como sempre estiveram, desde o século XVIII ou XIX: em meio a uma paisagem campestre, a arquitetura humana completamente integrada e combinada com a “arquitetura natural” ao seu redor. Um colírio para os olhos!

O cemitério e a igreja de Pid Pid, pequena vila ao norte de Castro, na ilha de Chiloé, no sul do Chile

O cemitério e a igreja de Pid Pid, pequena vila ao norte de Castro, na ilha de Chiloé, no sul do Chile

Chile, CastroChiloé, Isla Quinchao, Achao, Arquitetura, Chiloé, Dalcahue, história, Pid Pid, Quemchi

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O Tempo Não Para

Brasil, Paraná, Curitiba

Sanduíche de Luiza, em Curitiba, no Paraná

Sanduíche de Luiza, em Curitiba, no Paraná


Fazer longas viagens altera completamente a nossa percepção do tempo ou, mais especificamente, da passagem do tempo. A ausência de rotina nos tira referências com as quais nossa mente percebe que os dias e os meses estão passando. Quando uma segunda-feira é igual a um sábado que é igual a uma quinta-feira que é igual a um feriado, dias da semana e mesmo do mês perdem o sentido prático, se tornam apenas uma palavra a mais, pronta para ser esquecida na próxima esquina.

Buscando a Luiza na escola, em Curitiba, no Paraná

Buscando a Luiza na escola, em Curitiba, no Paraná


Buscando a Luiza na escola, em Curitiba, no Paraná

Buscando a Luiza na escola, em Curitiba, no Paraná


Outro fator que nos faz parecer que o tempo está parado são as notícias que chegam do Brasil. Francamente, sempre que abrimos algum dos portais de internet com notícias do nosso país ou mesmo do mundo, nada parece ter mudado. Algum escândalo político, alguma briga de futebol, guerra na Síria, réus do Mensalão, nada parece estar mudando. Quando se acompanha essas notícias diariamente, podem parecer que estão se movendo, como uma novela. Mas quando se dá uma olhada rápida, apenas umas poucas vezes por mês, sinceramente, parece tudo igual.

Voltando da escola, na cadeirinha, rm Curitiba, no Paraná

Voltando da escola, na cadeirinha, rm Curitiba, no Paraná


Brincando com a Luiza, em Curitiba, no Paraná

Brincando com a Luiza, em Curitiba, no Paraná


Paradoxalmente, a intensidade de nossa viagem, a quantidade e variedade de coisas que vemos e fazemos a cada dia, nos faz parecer que o tempo está voando. Em uma vida dita “normal”, são poucos os dias espetaculares que temos a cada ano, dos quais vamos guardar boas memórias pelas próximas décadas. Pois bem, na nossa vida de viagens, se passa ao contrário: são poucos os dias “normais” ou, na verdade, o normal para nós é ter um dia espetacular. Com isso, memórias incríveis e inesquecíveis vão se acumulando, disputando o espaço limitado de nossos neurônios. Quando visitamos um incrível vulcão e achamos que aquilo vai nos marcar para sempre, na semana seguinte já estamos caminhando sobre uma geleira e as memórias do vulcão já estão apertadinhas lá embaixo, junto com aquelas do mergulho, da cachoeira e do museu. A sensação é que já se passaram alguns meses desde o tal vulcão, apesar de ter sido apenas há alguns dias.

Com a Luiza na Fiona, em Curitiba, no Paraná

Com a Luiza na Fiona, em Curitiba, no Paraná


Com a Dani e a Luiza em Curitiba, no Paraná

Com a Dani e a Luiza em Curitiba, no Paraná


É claro que a memória não se perde, mas aquela emoção, o sentimento vívido de ter estado lá encima, isso foi, de certa forma, substituído por sentimento igualmente intenso e emocionante de se estar caminhando sobre um rio de gelo que desce da montanha. Felizmente, temos sempre muitas fotos e histórias para tentar reavivar um pouco a emoção e o sentimento de ter estado encima do vulcão, mas a percepção de que muito tempo passou, isso não muda.

Tentando ganhar a confiança da sobrinha, em Curitiba, no Paraná

Tentando ganhar a confiança da sobrinha, em Curitiba, no Paraná


Brincando com a Luiza, em Curitiba, no Paraná

Brincando com a Luiza, em Curitiba, no Paraná


Enfim, vivemos sempre nessa espécie de confusão mental sobre a passagem (ou não) do tempo. Tentando conciliar as duas percepções aparentemente opostas, a sensação é de ter vivido vários anos em apenas um ano verdadeiro, ao mesmo tempo em que esse tal ano verdadeiro não parece ter passado. Mas a realidade nua e crua é que ele passou sim. Uma olhada mais cuidadosa no espelho e uma contagem dos fios de cabelos brancos acaba rapidamente com o sonho do tempo parado. Não, ele está passando sim! A comparação das fotos do início e do fim da viagem é inclemente, hehehe Acho até que ter vivenciado tantos anos em apenas 3 anos dessa nossa viagem tão intensa teve também seus reflexos nos fios de cabelo. Aparentemente, eles também sentiram mais a passagem do tempo...

A Dani e a Luiza, em Curitiba, no Paraná

A Dani e a Luiza, em Curitiba, no Paraná


A Luiza, nossa linda sobrinha, em Curitiba, no Paraná

A Luiza, nossa linda sobrinha, em Curitiba, no Paraná


Agora, na nossa rápida passagem por Curitiba para recarregar as energias e fazer algumas das burocracias inadiáveis (ver post anterior) para podermos seguir viagem até o sul do continente, novamente as idiossincrasias da passagem do tempo apareceram. As mesmas ruas, as mesmas avenidas, as mesmas pessoas correndo para restaurantes para aproveitar seu intervalo de almoço nos respectivos empregos. Nada parece ter mudado, o tempo parece ter estado congelado nesses últimos quatros anos, ao mesmo tempo em que fomos e voltamos do Alaska, numa viagem aparente de 40 anos. Será que fomos mesmo? Não terá sido tudo um belo e longo sonho alimentado por imagens de lugares que queremos tanto conhecer? Será que se eu botar minhas antigas roupas sociais e seguir para o escritório que um dia trabalhei, terei mesmo alguma prova de que o tempo passou nesses últimos 4 anos?

Depois de mais de dois anos, reencontro com a mãe, a irmã e a sobrinha em Curitiba, no Paraná

Depois de mais de dois anos, reencontro com a mãe, a irmã e a sobrinha em Curitiba, no Paraná


Almoço com o pai, irmã e sobrinha, em Curitiba, no Paraná

Almoço com o pai, irmã e sobrinha, em Curitiba, no Paraná


A resposta para essa pergunta é um sonoro “sim”! Sim, aqui mesmo, em Curitiba, temos a prova viva de que o tempo está passando, que ele não para nunca e que, enquanto explorávamos os rincões do continente, também em Curitiba e na vida “normal” as coisas mudam. Essa prova viva tem até nome próprio: Luiza!

Sanduíche de Luiza, em Curitiba, no Paraná

Sanduíche de Luiza, em Curitiba, no Paraná


Na verdade, Luiza é o nome da nossa sobrinha, filha da irmã mais nova da Ana. Quando saímos de viagem, no final de Março de 2010, a Dani já estava grávida da Luiza e, pouco mais de três meses depois, ela veio ao mundo quando estávamos em Ilhabela, no litoral de São Paulo. Corremos de volta a Curitiba, para também lhe dar as boas-vindas a este mundo, e logo retomamos nossos 1000dias, subindo em direção aos estados do nordeste e do norte do país.

Brincando com a sobrinha em Curitiba, no Paraná

Brincando com a sobrinha em Curitiba, no Paraná


Embevecido! (em Curitiba, no Paraná)

Embevecido! (em Curitiba, no Paraná)


Depois, meio planejado, meio coincidência, passamos de volta em Curitiba no nosso caminho para o Paraguai e a etapa internacional da nossa viagem justamente quando a pequena Luiza fazia 1 ano de idade. Deu até para participar da primeira festa de aniversário.

Essa tinha sido nossa última vez, ao vivo, com nossa querida sobrinha. Desde então, contatos, só pelo Skype. Pela telinha do computador, fomos vendo ela crescendo, fazendo dois anos e depois, três. Ao mesmo tempo, para ela, nós viramos os tios que moravam dentro do computador. Fazia festa às vezes, mas em outras, achava meio entediante falar com aquelas pessoas de quem não se lembrava de ter estado. Para nós, ver aquela menina crescendo e ficando mais esperta a cada contato era a prova mais concreta de que o tempo estava, sim, passando e, pior, que nós estávamos perdendo coisas importantes aqui na nossa cidade.

A Luiza e o Alfred, em Curitiba, no Paraná

A Luiza e o Alfred, em Curitiba, no Paraná


Agora, no nosso caminho para o sul do continente, tínhamos de passar por aqui de qualquer maneira. A história de renovar o passaporte ou fazer a cirurgia do dente eram só boas desculpas para vermos nossa sobrinha outra vez. Estava mais do que na hora dela saber que nós também existíamos fora da tela do computador!

Reencontrando amigos em Curitiba, no Paraná

Reencontrando amigos em Curitiba, no Paraná


Brincando com a Luiza na piscina, em casa de amigos em Curitiba, no Paraná

Brincando com a Luiza na piscina, em casa de amigos em Curitiba, no Paraná


E assim, logo no nosso primeiro dia na cidade, já fomos buscar ela no colégio. Ela nos olhou meio desconfiada, olhos arregalados ao perceber que éramos de carne e osso. Depois, aos poucos, tratamos de ganhar sua confiança, um presentinho aqui, uma brincadeira ali. De pouco em pouco, encontros quase diários, fomos ficando mais e mais amigos. Tios de verdade!

Brincando com a Luiza na piscina, em casa de amigos em Curitiba, no Paraná

Brincando com a Luiza na piscina, em casa de amigos em Curitiba, no Paraná


Foram duas semanas aqui em Curitiba, revendo amigos e correndo atrás de papelada, planejando o resto da viagem e curtindo estar num mesmo lugar por tanto tempo. E o mais doce de toda a estadia: ver, rever e re-rever nossa querida sobrinha, a prova inconteste que estamos mesmo envelhecendo, que o tempo está passando e que o mundo e a vida podem ser tão divertidos em Curitiba como também no resto do continente! Logo estaremos na estrada novamente, mas agora, quando nos falarmos no Skype, não seremos mais apenas os tios do computador... Melhor assim!

A Luiza, nossa linda sobrinha, em Curitiba, no Paraná

A Luiza, nossa linda sobrinha, em Curitiba, no Paraná

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